Especial Manaus - 24 de outubro de 2013

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Caderno E

Manaus 344 ANOS

MANAUS, QUINTA-FEIRA, 24 DE OUTUBRO DE 2013

diadia@emtempo.com.br

3090-1013

‘Mercadão’ de volta MÁRIO OLIVEIRA/SEMCOM

Com a presença de pelo menos 10 mil pessoas, mercado Adolpho Lisboa é reinaugurado após uma reforma que se arrastou por quase 7 anos

IVE RYLO Equipe EM TEMPO

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echado há mais de 6 anos para restauração, o mercado Adolpho Lisboa, construído no período áureo da borracha, foi reinaugurado na noite de ontem com a presença de cerca de 10 mil pessoas. Os cerca de 182 feirantes comemoraram a desocupação do anexo improvisado nos fundos do galpão e o retorno das atividades nos boxes do mercadão. Para a reestruturação foram investidos R$ 13 milhões, oriundo do convênio da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e Ministério da Cultura e contrapartida da prefeitura de Manaus. As obras iniciaram em novembro de 2006 e foram paralisadas por conta de dificuldades na contratação de empresas e embargos dos órgãos de controle. As fotografias dos feirantes mais antigos foram estampadas em banners gigantes no pavilhão central do mercado. Há 50 anos, o feirante Luiz

Francisco da Costa, 72, trabalha no local e se surpreendeu ao ver a fotografia no meio do mercadão. “Gostei muito da reforma. Está muito bonito. Cheguei a Manaus em 1963, com 22 anos e já vim trabalhar aqui. O mercadão é minha segunda casa. Só não gostei das grades que colocaram nos boxes, porque pelos buracos os ratos vão passar”, disse. Apesar de observar que os boxes estão cerca de dois me-

tros menores que os antigos, o vendedor de artesanato Américo Silva dos Santos, 33, aprovou a reforma. “Está ‘very good’. Quando estávamos no anexo nosso faturamento caiu uns 50% e tive que me virar como pintor fazendo bico na casa dos vizinhos e da família”, afirmou. Após descerrar a placa, o prefeito da cidade, Arthur Neto, em companhia do governador Omar Aziz e o senador Eduardo Braga, emocionou-se e disse que o foco da prefeitura agora é investir no shopping popular, na restauração da praça da Matriz, do Relógio e organizar o Centro. “Entregar o mercado é uma sensação de dever cumprido, mas temos muito ainda o que fazer pela nossa cidade. Tenho plano de Manaus para o futuro. Quero Manaus como uma cidade líder mundial”, disse. “No aniversário da cidade, Manaus está sendo presenteada com uma obra belíssima. Nós, que moramos aqui, sabemos da importância cultural e histórica que tem o mercado municipal”, destacou Omar Aziz. ALFREDO FERNANDES/AGECOM

Omar Aziz, ao lado de Arthur Neto, enfatizou a importância cultural e histórica do mercado

Um trabalho muito caprichado Para conservar a estrutura inspirada no estilo “art nouveau”, erguida pela firma “Backus & Brisbin” em 1882, o projeto de restauração buscou aliar um espaço que atenda as necessidades dos feirantes sem deixar de resgatar o estilo arquitetônico do século 19. Uma equipe de mais 130 profissionais brasileiros e estrangeiros foram contratados para a empreitada. Para restaurar parte do mobiliário antigo, foram contratados dois restauradores vindos da Bolívia e da Itália. O novo mercado irá comportar 176 boxes, divididos em cinco pavilhões. O pavilhão central é reservado aos boxes de frutas e artesanato. As lanchonetes e cafés estão nos pavilhões Pará e Amazonas. Já a área superior é reservada para dois restaurantes.

ESTRUTURA

O novo mercado Adolpho Lisboa irá comportar 176 boxes, divididos em cinco pavilhões, sendo que o pavilhão central é reservado aos boxes de frutas e artesanatos Todos os pavilhões receberam o emadeiramento (base colocada em madeira para a cobertura) para proteção da estrutura interna. Para o telhado foi utilizado telhas em formato de escama de peixe, réplicas das originais. Para o cliente identificar a mudança entre os compartimentos, foram utilizados azulejos de cores diferentes para sinalização. O pavilhão

do peixe ganhou azulejos azuis e brancos. Já no pavilhão da carne são nas cores amarelo e branco. Os blocos de arenito, ou “pedra-jacaré”, que integram a base das colunas de ferro fundido também foram recuperadas. Uma resina acrílica foi aplicada nas peças para preservar a cor original das peças, seja por interferências climáticas ou vandalismo. A estrutura metálica foi preservada e recuperada. Todos os espaços receberam iluminação especial. Nos fundos foi construído um sistema de tratamento de esgoto. O mercado foi inaugurado em 15 de julho de 1883, pelo presidente da então Província José Paranaguá. Pelo valor arquitetônico e cultural, foi tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1986. ALEXANDRE FONSECA

Arthur Neto, Eduardo Braga e Omar Aziz durante a reinauguração do mercado Adolpho Lisboa


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