EM TEMPO - 4 de março de 2012

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Economia nomia

MANAUS, DOMINGO, 4 DE MARÇO DE 2012 ACERVO SUFRAMA

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‘Sinal vermelho’ para o setor produtivo do AM Mudanças na concessão de recursos do FNO reduzem de 49% para 20% o limite de recursos para projetos ANWAR ASSI Equipe EM TEMPO

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setor produtivo do Amazonas está em alerta vermelho com as mudanças na concessão de empréstimos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), do Banco da Amazônia. Aprovadas no final do ano passado, as novas regras podem resultar na perda de investimentos para o segmento, conforme as classes produtivas. Foco principal das reclamações, a redução de 49% para 20% no limite de recursos do FNO para projetos de grande porte é o que mais preocupa os produtores amazonenses, já que em 2012 a verba disponível para toda a região amazônica é da ordem de R$ 4,020 bilhões. “Essa limitação vai impactar no acesso aos recursos do FNO no momento que a economia do Estado precisa de disponibilidade de dinheiro, uma vez que o crédito é principal válvula de incentivos de desenvolvimento econômico da região”, destaca o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faeam), Muni Lourenço. As preocupações com as mudanças no FNO vieram à tona na semana passada, durante a última reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS), na sede da autarquia em Manaus. Na ocasião, Lourenço aproveitou a presença no evento do presi-

dente do Banco da Amazônia, Abidias José de Souza Junior, para expressar, em nome das classes produtoras, a insatisfação com as alterações e cobrar providências para reverter a situação. Segundo ele, historicamente, o FNO tem se apresentado como uma linha de crédito atrativa para os empreendedores rurais no Amazonas. Caso as regras não sejam revertidas, os investimentos no setor poderão ser prejudicados. De acordo com informações divulgadas pelo do Banco da Amazônia, em 2011, empresas do setor rural conseguiram empréstimos no valor de R$ 65 milhões.

Essa limitação vai impactar no acesso aos recursos no momento que a economia do Estado precisa de disponibilidade de dinheiro Muni Lourenço, presidente da Faeam

Grande parte dos empreendimentos pecuários desenvolvidos no sul do Estado é fruto dos investimentos provenientes do FNO ARQUIVO EM TEMPO/ALEXANDRE FONSECA

Mudanças atingem indústria As mudanças nas regras do FNO, além do setor primário, atingem também a indústria amazonense, conforme o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva. Ele e outras lideranças defendem que o Estado promova uma articulação para sensibilizar o governo federal para reavaliar a medida. O governador Omar Aziz afirma que o governo federal já foi alertado sobre as mudanças. “Já

avisamos o governo federal que essas mudanças prejudicam o Amazonas. É absurdo o que fazem com a região, que precisa de tratamento diferenciado”, pontua Aziz. “Entendemos a indignação, uma vez que em Manaus há um polo industrial com mais de 700 indústrias que demanda muito investimento e que vai ser cerceado dos recursos do FNO”, justifica o presidente do Banco da Amazônia, Abidias Junior.

Veto para capital de giro Além de reduzir para 20% o limite de empréstimos dos recursos do FNO destinados para grandes investimentos, o Banco da Amazônia também vetou a concessão de dinheiro para fazer capital de giro aos empreendedores que não apresentarem o projeto. “Agora, tem que ter um investimento para poder pegar o empréstimo. Já o investidor de médio porte só vai pegar o capital de giro se tiver uma operação vigente de investimento

em FNO”, diz o presidente do Banco da Amazônia, Abidias Junior. Segundo ele, as mudanças nas regras de concessão dos recursos do FNO são fruto da orquestração do governo federal, para otimizar a distribuição dos empréstimos. Por conta dessa estratégia, o FNO não poderá mais financiar projetos de energia, o que passará a ser feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Mudanças nas regras do fundo, além do setor primário, atingem também a indústria amazonense, de acordo com a Fieam

Ampliação de 6% nos recursos em 2012 Conforme a Superintendência Regional do Banco da Amazônia, a instituição bancária, em 2012, ampliou em 6,1% a quantidade de recursos para financiamentos, no Amazonas, frente a 2011.

O montante estimado para aplicação no Estado, este ano, será de R$ 886,3 milhões, sendo 86,18% desse total provenientes do FNO, que será de R$ 4,020 bilhões. Além do FNO, o Banco

da Amazônia opera com outras fontes de financiamento como o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA), BNDES, Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Fundo de Amparo

ao Trabalhador (FAT), Fundo da Marinha Mercante, Orçamento Geral da União e também recursos próprios. A instituição oferece prazos de pagamento de até 12 anos, com carência de quatro anos.


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