Em Tempo - 12 de Agosto de 2018

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Manaus, sábado e domingo, 11 e 12 de agosto de 2018

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diadia@emtempo.com.br | Thiago Monteiro

Mirante Encontro das Águas segue no papel há 13 anos REPRODUÇÃO

Estimadas inicialmente em R$ 40 milhões, as obras deveriam ter sido entregues ainda em 2014 para o Fifa Fan Fest, da Copa do Mundo, mas, até hoje, o projeto não saiu do papel Luís Henrique Oliveira

J

á faz 13 anos que o renomado arquiteto Oscar Niemeyer rabiscou seus traços em um papel, projetando assim o Memorial Encontro das Águas. No entanto, mal sabia ele que seu projeto, tão bem executado e que ficaria às margens das confluências dos rios Negro e Solimões, na Zona Leste da capital amazonense, nem chegaria a ter suas obras iniciadas. Pensado para ser um ponto turístico na área do bairro Colônia Antônio Aleixo, na Zona Leste, conhecida como Mirante da Embratel, o projeto foi esquecido e segue sem conclusão. Embora tenha sido projetado em 2005, em 2011 o coordenador da Unidade Gestora da Copa (UGP Copa), Miguel Capobiango, informou que o Governo do Amazonas iniciaria as construções para que o local servisse como um dos locais definidos para as transmissões dos jogos da Copa do Mundo, o Fifa Fan Fest. “A nossa perspectiva era de que o Fan Fest fosse feito

no Memorial, até porque a estimativa de públicos em jogos do Brasil era de 20 mil pessoas”, explicou Miguel Capobiango. Para se ter uma ideia, somente o projeto de Oscar Niemeyer custou aos cofres públicos cerca de R$ 600 mil. Mas na mesma época em que as obras foram anunciadas, o valor das obras, como um todo, foi estimado em R$ 40 milhões, pois incluíam, ainda, a duplicação da avenida Cosme Ferreira, desde o Instituto Federal do Amazonas (Ifam), antiga Escola Agrotécnica Federal, até o memorial. A promessa do projeto contava ainda com um balneário com um mirante onde seria possível ver o fenômeno do Encontro das Águas, uma praia perene, um museu e a possibilidade da instalação de um teleférico. De lá para cá, a falta de interesse do governo em iniciar as construções tem deixado moradores do entorno desapontados. De acordo com a autônoma Nanci de Almeida, 43, que mora próximo ao atual Mirante da Embratel, caso o projeto fosse executado e entregue em dia, a renda em seu mercadinho seria dobrada. “É um projeto bonito, de um arquiteto super famoso. Por mais que a gente more praticamente ao lado do Encontro das Águas, o nosso bairro não possui nenhum ponto turístico para que as pessoas possam admirar o fenômeno natural. Se esse memorial fosse concluído e entregue, com certeza teríamos uma visibilidade positiva do bairro como um todo. Até a renda do meu mercadinho seria redobrada. Uma pena

esse projeto ter sido abandonado”, explicou. Outra pessoa que sonha com a construção do mirante é a dona de casa Antônia Figueiredo, 68. “O nosso bairro é praticamente esquecido. Se esse projeto fosse executado, teríamos mais segurança, que é o que mais queremos. Quando anunciaram que seria construído, ficamos muito felizes, mas hoje, depois de tanto tempo, nem acreditamos mais que isso (memorial) seja entregue”, lamentou. A reportagem procurou a Secretaria Estadual de Comunicação do Governo do Amazonas (Secom) para saber sobre o andamento de iniciação do projeto, mas não chegou a ter as respostas enviadas no tempo combinado. Projeto Inicialmente o memorial teria uma área de 9.383,33 m² de área construída. O conjunto arquitetônico seria composto por um pavilhão em formato de oca, com 35 metros de diâmetro na base e altura de 7 metros, elevado em relação ao piso da praça, proposta como espaço aberto à paisagem. A estrutura iria dispor também de um subsolo onde funcionaria o restaurante com visão panorâmica para o fenômeno do encontro das águas dos rios Amazonas e Negro. Tombamento Como o Encontro das Águas foi tombado em novembro de 2010, em uma decisão unânime dos 22 membros do Conse-

lho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Rio de Janeiro, foi decidido que ficariam protegidos os dez quilômetros contínuos do encontro das águas, além de 30 quilômetros quadrados em seu entorno, o que pode ter sido um dos fatores para que o projeto não fosse iniciado. O tombamento ocorreu após uma longa batalha que envolveu a Justiça, a empresa Lajes Logística, ambientalistas

Atualmente o local possui um pequeno mirante e abriga torres da empresa Embratel. Além disso, moradores do bairro lamentam a falta de interesse do governo pelas obras

e técnicos do Iphan. A empresa é responsável pela construção de um porto a 2,4 quilômetros do fenômeno e chegou a questionar judicialmente o tombamento, mas as ações foram negadas.


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