Especial
Eleições 2014 MANAUS, SEGUNDA-FEIRA, 25 DE AGOSTO DE 2014
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‘Marina não é 100%, mas agrada aos evangélicos’ Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas avaliam a candidata como opção para “os irmãos” EMERSON QUARESMA Equipe EM TEMPO
E
la não é 100% entre eles. Mas, a candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, deverá alcançar pelo menos a maioria dos votos da massa evangélica amazonense. A afirmação é do presidente interino da Ordem dos Ministros Evangélicos do Amazonas (Omeam), primeiro vice-presidente pastor Oberlan Reis, que justificou a sua afirmativa pelo fato de a candidata também ser evangélica. Presidente doMinistério Apostólico Peniel, localizado no bairro Novo Israel, Zona Norte, Reis disse acreditar que a partida de Eduardo Campos, ex-governador do Estado de Pernambuco, morto em acidente trágico, no último dia 13 de agosto, mexeu com o cenário político do país. Segundo ele, a maioria dos ministros das diversas congregações ligadas à Omeam já avaliava a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, como “um governo que não pudesse mais ajudar o povo brasileiro”. “O Brasil precisa de uma mudança. O Eduardo (Campos) seria uma boa opção. Agora com Marina fortaleceu esse pensamento. Ela não é 100%, mas é a maioria, 50 mais um, por conta de ela ser evangélica”, disse. Mesmo não sendo totalidade, Reis observou que a candidata representa o discurso evangélico em temas, como o aborto e a educação sexual. “São temas que mexem com a nossa doutrina”, apontou. Ele afirmou que nesse momento a Omeam é neutra. “Até porque nossas lideranças ainda têm seus próprios pensamentos. A Omeam nunca direcionou e não vai direcionar. Talvez num futuro, com uma unidade melhor que Marina poderá representar, desde que tenha o mesmo sentimento que nós, povo de Deus, temos”, avaliou. Para o pastor da Igreja Batista Emanuel, do bairro São José 1, Zona Leste, Sérgio Felizardo, a
tomada de Marina da cabeça de chapa do PSB, depois da morte de Campos, foi uma providência divina. “Vejo que a eleição de Marina Silva possa ser uma intervenção direta de Deus sobre a política brasileira”, sugeriu. Otimismo Felizardo, que disse não se posicionar contrário ao debate político junto com a religião, desde que um não interfira no outro, é mais otimista com relação à candidatura de Marina no
NUMEROSOS
1
MILHÃO
É a população evangélica pela Omeam em Manaus, com base nos dados da última Marcha para Jesus meio evangélico. “Acredito que pelo menos de 90% dos evangélicos, aqueles que não têm laços partidários, vão seguir com Marina. Até a morte de Eduardo não acreditava nisso, mas agora eu acredito”, sustentou. ‘Grata alegria’ O pastor Cristiano Costa do Mistério Apostólico Peniel, disse que a congregação recebeu a mudança no cenário político eleitoral “como uma grata alegria, não pela perda do irmão Eduardo, mas pela confirmação do nome de Marina”. “De certa forma ela se torna, além de uma representante do povo brasileiro, a liderança política do povo evangélico para defender as questões religiosas. Por isso estamos disponíveis a ajudá-la”, comentou o apóstolo.
Sem voto de cajado e país laico O administrado Jossimar Ferreira, 24, coordenador da Rede Fale, grupo que trabalha campanha contra o voto de cajado dentro das igrejas evangélicas do Amazonas, observou que, se Marina vencer o processo eleitoral ela deverá olhar o país por sua diversidade cultural, por um Estado laico. “Sendo evangélica ou não, precisamos de um país para todos. Uma pessoa que se coloca como candidato para o país precisa ser presidente não só dos evangélicos, mas de toda uma nação”, defendeu. A pouco mais de um ano no Amazonas, a Rede Fale que nasceu há 20 anos na Inglaterra e está no Brasil a mais de dez, conforme Jossimar, trabalha pelo voto consciente. “A nossa proposta é mostrar às pessoas que é considerado crime pedir voto dentro da Igreja e em locais públicos privados de grande movimentação. Na Marcha para Jesus, flagramos que a pessoa que dirigia a
palavra do trio elétrico da Omeam, falava que crente vota crente. Defendemos o voto coerente”, disse. O presidente interino da Omeam, Oberlan Reis, disse que hoje a Igreja se desenvolveu muito no seu aspecto de cidadania, e hoje ela pensa. “O cidadão de baixa renda era proibido de pensar. A igreja não pensava. Hoje a liderança pensa e posiciona os seus membros. É natural que isso aconteça para que possamos ter governantes sérios e responsáveis, éticos, que tenha pelos menos ética familiar”, defendeu. Já o pastor Felizardo contou que suas posições políticas são bem claras, mas não as leva para dentro Igreja. “Não falo mal de políticos e nem peço voto. Mas fora da igreja e na rede social, conversando os meus irmãos, eu defendo o meu candidato, porque fora da igreja eu sou um cidadão comum”, sustentou.
Tendências religiosas ficam de lado O sociólogo Marcelo Seráfico analisou que até agora Marina Silva apresenta coerência no seu posicionamento como candidata, ao não expressar nas suas falas e atitudes tendências religiosas. “Pelo que tenho visto na atitude da Marina ela em momento nenhum transforma as suas crenças como matéria-prima para aquisição de votos. O que parece é que a vinda dela para o pleito, a expressiva votação de mais de 20 milhões de votos da eleição passada se soma com uma pessoa que tem hoje uma pauta bem definida”, observou. Seráfico explicou que as pentecostais, que são as congregações mais tradicionais, mantêm certa distância da política partidária eleitoral. Já a posição das neopentecostais sobre Marina, merece uma análise. “Até onde consigo enxergar, as lideranças dessas igrejas já vinham fazendo campanha para Aécio
ou Dilma, e seus candidatos à Câmara dos Deputados e ao Senado. A inauguração do Templo de Salomão em São Paulo acendeu uma vela para Deus e outra para o Diabo, quando lá entraram representantes das mais diversas correntes”, disse. Para o sociólogo, outra observação interessante quanto a Marina, é que, como candidata à vice, aparentemente não vinha atraindo os votos da eleição passada. “Havia uma desconfiança, porque, tanto ele (Campos) quanto ela fizeram parte do governo Lula, de forma bastante ativa. O que mudou? Com a Marina na cabeça os números cresceram. Vivemos uma situação que, para o eleitor da Marina retome as tesas da Rede, mas agora com outro partido. E esse é o problema, porque dentro do PSB ela não era unanimidade, e do dia pra noite ela se torna um grande potencial de vencer essas eleições”, avaliou.