Eleições 2014 - 21 de setembro de 2014

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Especial

Eleições 2014 MANAUS, DOMINGO, 21 DE SETEMBRO DE 2014

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Público gay no centro dos debates políticos RAIMUNDO VALENTIM

Candidatos ao governo do Estado debatem o tema e apresentam suas propostas para atender um público que está no centro

CASAMENTO GAY DO NORTE

Com o primeiro casamento homoafetivo realizado no Amazonas, o debate sobre a questão gay passa a ser tema nas discussões dos postulantes ao cargo de governador do AM JOELMA MUNIZ Equipe EM TEMPO

C

om as relações homoafetivas no centro das discussões da disputa presidencial, as cobranças por políticas públicas de inclusão do segmento eleitoral, tomam mais espaço e chegam ao Executivo e Legislativo Estadual. Mesmo não tendo atribuições jurídicas, para legislar diretamente sobre o tema, os candidatos ao cargo de governador do Amazonas, marcam posição é apresentam o que pensam e como pretendem inserir o público gay, em seus mandatos. Candidato pelo PMN, o deputado estadual, Chico Preto, afastou qualquer possibilidade de permitir que um dos agentes públicos participantes da sua gestão, imponha qualquer tipo de constrangimento a um homem ou mulher por conta da sua orientação sexual. “Não é a orientação sexual de uma pessoa que vai fazer com que

a prestação do serviço público seja diferente. Como governador afirmo isso, não tolero atos de homofobia, eu respeito convicções, mas não tolero atos de homofobia”, destacou. Governador do Estado e lutando pela reeleição, José Melo (PROS), ressaltou já no mandato que compartilhou com Omar Aziz (PSD), as diversidades foram tratadas com respeito e com o espaço. O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CEDDPH), segundo Melo, é o símbolo dessa preocupação e deve continuar a existir caso seja alçado ao cargo mais uma vez. “O CEDDPH é imprescindível para a promoção e divulgação do conteúdo e significado de cada um dos Direitos da Pessoa Humana, assim como para propor medidas destinadas a assegurar a proteção dos direitos humanos e sociais e as garantias das liberdades individuais e coletivas”, comentou.

Vulnerabilidade Marcelo Ramos, que representa o partido de Marina Silva (PSB), constantemente bombardeada, sob a acusação de permitir a influência de pastores da igreja Evangélica, nas diretrizes do seu plano de governo para o segmento, diz que o primeiro ponto a ser combatido em seu mandato, será a vulnerabilidade dos gays e lésbicas no Amazonas. Para o candidato, que também é deputado estadual, faltam políticas especiais para o público em setores como educação, saúde e segurança. “Admitindo que o segmento sofre e muito com a vulnerabilidades nesses três eixos, vamos pensar de modo diferenciado nos problemas dessas pessoas. Entendo que, falta tolerância e é essa tolerância que plantaremos em nosso governo. Vamos dialogar, com os representantes LGBT no Amazonas, fortaleceremos as atividades do núcleo que existe no Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. A ideia é fortalecer esses laços”.

Diálogo será ponto de partida Na vertente dos demais candidatos, o comunista Luiz Navarro (PCB), assegura que o diálogo será um dos pontos principais da relação de seu governo com os homossexuais. Navarro, diz que será por meio do Conselho Popular de Saúde, que integra o conjunto de propostas da sua campanha, que a relação será intensificada. “A escolha sexual é algo de cada um, e nós temos que aceitar. Mas, é lógico que determinadas doenças vem crescendo muito dentre o segmento, por isso temos que olhar de modo especial para a questão. No nosso governo, também vamos combater veementemente a violência e o preconceito contra eles”, ponderou.

A reportagem tentou contato com os candidatos Herbert Amazonas (PSTU) e Abel Alves (PSOL), mas até o fechamento da edição

NAVARRO

Para o candidato Navarro será por meio do Conselho Popular de Saúde, que integra o conjunto de propostas da sua campanha, que a relação homoafetiva será intensificada com o governo não teve as ligações atendidas. A demanda foi enviada ao candidato Eduardo Braga (PMDB), mas também não foi respondida.

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Presidenciáveis discutem o assunto

Um dia após lançar programa de governo em que defendia a aprovação de projetos e emendas constitucionais que assegurassem o casamento civil entre homossexuais, a campanha da candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) à Presidência da República, Marina Silva, recuou. Agora, a nova redação não defende alterações na legislação. Ressalta apenas a garantia “de direitos oriundo da união civil entre pessoas do mesmo sexo”, o que já

foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Também foi suprimido o trecho em que o PSB fazia menção à aprovação da PLC 122/06, que torna crime a homofobia. Em nota publicada, o PSB comunicou que o programa divulgado oficialmente “não retrata com fidelidade os resultados do processo de discussão sobre o tema durante as etapas de formulação do plano de governo”. O partido garante que, apesar da mo-

dificação, continua apoiando a causa. “Convém ressaltar que, apesar desse contratempo indesejável, tanto no texto com alguns equívocos como no correto, permanece irretocável o compromisso irrestrito com a defesa dos direitos civis dos grupos LGBT e com a promoção de ações que eduquem a população para o convívio respeitoso com a diferença e a capacidade de reconhecer os direitos civis de todos”. O pastor Silas Malafaia, da

Assembleia de Deus Vitória em Cristo, ameaçou fazer um discurso duro contra Marina Silva. O texto do programa de governo da candidata Dilma Rousseff (PT) protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) causou manifestações de descontentamento na comunidade gay. O motivo está na página 20 do documento, que trata da questão dos direitos humanos. O texto utiliza a expressão “opção sexual” ao se referir

a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. A expressão utilizada em organizações internacionais de direitos humanos é “orientação sexual”. Quem ainda recorre ao termo “opção” são sobretudo fundamentalistas religiosos, defensores da chamada “cura gay”. Já o presidenciável Aécio Neves disse: “Sou favorável ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Isso já está incorporado ao mundo moderno”, disse o político.


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