Eleições 2014 - 17 de agosto de 2014

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Especial

Eleições 2014 MANAUS, DOMINGO, 17 DE AGOSTO DE 2014

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‘Efeito Tiririca’ na

eleição baré

Embalados pelo fenômeno na eleição de Tiririca, humoristas do Amazonas também começam a arriscar carreira na vida política, mas com promessa de levar o parlamento muito a sério o “endeusamento” devotado aos políticos brasileiros. “Não podemos ficar só assistindo, a necessidade de mudarmos a cara da política é evidente e o momento é agora. O trabalho na rádio e na televisão me fez acompanhar de perto a vida e descobrir as necessidades da população carente, e principalmente sua luta atrás de políticos que só aparecem nas vésperas d e

JOELMA MUNIZ Equipe EM TEMPO

“É

sério isso!”. É o que garante o humorista Carlos Portta, quanto a sua candidatura a uma vaga na Câmara Federal, nas eleições de outubro. Conhecido por pegar no pé dos políticos amazonenses, ele assegura que não quer ser mais um em meio à multidão,

e promete fazer um trabalho sério em Brasília, caso seja eleito. Quem também se aventura pela primeira vez na briga por uma das 24 vagas disponíveis na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) é Márcio Braga, conhecido humorista local. Os seguidores do “efeito Tiririca” na política local declaram que decidiram enfrentar o desafio para tentar mudar a cara da política brasileira. Mas, sem piadas. Defendendo a mudança nas casas legislativas, o agora integrante do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Portta, quer o voto de confiança dos eleitores. O candidato defende a necessidade de se extinguir

Humorista abriu as portas

IONE MORENO

Segundo o presidente da Action Pesquisa de Mercado, Afrânio Soares, o caso do Tiririca foi o que motivou outros humoristas a se arriscarem. De acordo com o especialista, os nomes Carlos Portta e Márcio Braga não passam batido nas pesquisas. Mas pelo fato de serem do meio de comunicação, existem prós e contras pois por estarem todos os dias em contato com a população ganham vantagem em não serem meros desconhecidos. Mas, o fato de trabalharem com o humor poderá lhes tirar votos porque tem muita gente que não os veem como competentes.

RAIMUNDO VALETIM

Portta decidiu se candidatar após ver a realidade da população na pele

Márcio Braga quer implantar projetos voltados para deficientes físicos

eleição. Precisamos mudar isso, quero que o meu mandato aconteça junto do povo”, comentou. Com projetos ousados, Portta, ressalta que uma das suas metas é levar as necessidades do Amazonas ao Congresso Nacional, por meio das novas ferramentas tecnológicas. Ele quer mostrar por meio de áudios e imagens os problemas vivenciados pelos caboclos da capital e do interior. “Nossa ideia é tornar o mandato uma espécie de reality show, vamos visitar as comunidades e documentar tudo aquilo que eles precisarem, seja uma creche, um posto de saúde. Vamos levar isso para Brasília e defender nossos projetos do início ao fim, embasados nesses depoimentos”, explicou.

Comprometido a não deixar o bom humor de lado, Portta, tem com lema: “Vamos quebrar o pau”, ele prepara uma série de programas que começarão a ser transmitidos pelas rádios e emissoras de televisão. A exemplo das tiradas do personagem, que já incomodou muito parlamentar, ele pretende relembrar velhos escândalos do mundo político, como o Mensalão, e o dinheiro guardado na cueca. “Nessa pegada faremos os eleitores relembrarem os atos da velha política. Os anos passam, as eleições acontecem e os eleitos continuam os mesmos. Além disso, e o que para mim é o mais grave, é que as bandeiras empunhadas também não mudam. Desde criança só escuto se falar de Zona Franca e sua prorrogação, problemas na saúde, educação, mobilidade urbana. Estamos atrasados pela falta de interesse desses homens em tornar o nosso Estado mais igual para todos, sem distinções”, reclamou. Há 20 anos escrevendo e trabalhando junto a produtoras durante os períodos eleitorais, o multifacetário Márcio Braga também se aventura pela primeira vez na briga por uma das 24 vagas disponíveis na Aleam. A ideia de conciliar os palcos com a tribuna instalada no plenário Ruy Araújo, segundo ele, vem da necessidade latente de se humanizar a forma de pensar e fazer política no Amazonas. O humorista diz que tem evitado misturar as velhas piadas com temas políticos e o trabalho junto aos eleitores, para não parecer debochado com as necessidades reais dos mais carentes. “Fazer piada neste momento é ter a certeza de ser sem graça. Levo meu bom humor para onde vou e sei que sou reconhecido por isso. Mas, a coisa é séria. Política nunca foi e nunca será brincadeira”, enfatizou.

Tiririca foi um fenômeno O ano de 2010 pode ficar lembrado como aquele em que o Brasil elegeu um palhaço - de verdade - para o Congresso Nacional. O palhaço Tiririca, codinome do cidadão Francisco Everardo Oliveira Silva, não só foi eleito como foi o candidato com a maior votação entre os postulantes a uma vaga na Câmara dos Deputados em todas as unidades da federação. Concorrendo pelo PR-SP, ele teve 1,35 milhão de votos. Ficou muito à frente do segundo mais votado do país, Anthony Garotinho (PRRJ), ex-governador do

Rio de Janeiro, que beirou 700 mil votos, e teve mais que o dobro do segundo mais votado em SP, Gabriel Chalita (PSB), escolhido por 560 mil eleitores. É a segunda maior votação da história para deputado no Brasil: Tiririca só fica atrás de Enéas Ferreira Carneiro (morto em 2007), presidente do extinto Prona e detentor dos votos de 1.573.112 eleitores para deputado federal no pleito de 2002. A campanha de Tiririca caracterizouse pelo deboche. Com essa receita, Tiririca conquistou eleitores - fica para os pesquisadores e analistas a tarefa de entender ou explicar se foi “voto de protesto”.


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