Especial
Eleições 2014 MANAUS, DOMINGO, 14 DE SETEMBRO DE 2014
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Zona rural sobre a falta de estímulos na política
Candidatos ao governo apresentam propostas para o setor primário. Área que ainda enfrenta carência de infraestrutura RICARDO OLIVEIRA
Os sete candidatos ao governo do Estado propõem projetos arrojados visando o resgate e a modernização de atividades como as da agroindústrias, bioindústria, fruticultura e artesanato JOELMA MUNIZ Equipe EM TEMPO
O
desafio de levar o Amazonas além da Zona Franca de Manaus, com a exploração de diferentes potenciais econômicos, tem feito parte dos planos de governo ao longo de muitas décadas eleitorais. Entretanto, sem êxitos relevantes, as intenções divulgadas por candidatos, de um modo especial pelos que concorrem ao governo do Estado, ainda deixam carente o setor primário, que sofre com a falta de estímulos e de políticas claras para o seu desenvolvimento. Somente a área rural do Estado abriga 2.755.490 habitantes, conforme dados do Censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010. Existência, que representou, em 2013, um montante de R$ 4 bilhões aos cofres do Estado, como divulgou para a imprensa o ex-secretário de Produção Rural do Amazonas, Eron Bezerra. Levando em conta o expressivo número de eleitores, em 2014, os sete candidatos à vaga, ocupada por José Melo (Pros), propõem projetos arrojados visando o resgate e a modernização de atividades como as da agroindústria; bioindústria; fruticultura; artesanato; mineração; madeira e mobiliário; pesca e piscicultura; turismo e cerâmica. Marcelo Ramos (PSB) aposta em seis ações para implementar novos modelos econômicos nas áreas rurais do Estado. O candidato socialista apresenta como urgente a formulação
e um zoneamento ecológico econômico do Amazonas. Para ele é fundamental identificar a vocação de cada região. “Esse será o primeiro passo do nosso governo. Somente com esse mapeamento, poderemos prestar assistência técnica e subsidiar financiamento para os produtores e pequenos empresários”, explicou. Agilizar os processos de regularização fundiária e a aprovação de planos de manejo, que permitam o trabalho dentro das regras ambientais vigentes, também fazem parte das propostas de Marcelo Ramos. “A última década foi perdida para o nosso setor primário. Já chegamos a representar 6,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Amazonas, atualmente um pouco mais de 5%. Sintonizar os trabalhos de órgãos como Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam) e Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam) também construirão nosso projeto para a economia do interior do Estado”, comentou. Na campanha defendida pelo peemedebista Eduardo Braga, que concorre ao cargo pela terceira vez, o tema é tratado como desafio, pela necessidade de alinhar consumo e produção com o uso sustentável dos recursos naturais. Em seu plano de governo, Eduardo Braga, remete os entraves do setor ao problema de gestão e de planejamento estratégico. Braga reconhece o baixo acesso do cidadão à regularização fundiária, a burocratização do licenciamento ambiental, a
reduzida prestação técnica de serviços de assistência técnica aos produtores, a baixa incorporação de tecnologia, além da deficiência na infraestrutura dos ramais de transporte. Como ações de governo, Eduardo Braga, sinaliza a aceleração da regularização fundiária e ambiental, implantado centros multifuncionais em áreas estratégicas do interior. Garantir a elevação do orçamento do setor produtivo, estabelecendo metas. Além de construir e priorizar a agricultura familiar nas compras regulares dos órgãos do governo esta-
CRESCIMENTO
Somente a área rural do Estado abriga 2.755.490 mil habitantes, conforme os dados do Censo em 2010. Existência que representou, em 2013, um montante de R$ 4 bilhões ao Estado dual. Priorizar a produção de milho, para reduzir a dependência da importação, fazem parte da lista de intenções do candidato, que contam com um total de 21 ações. Presente nas discussões, o deputado estadual e candidato ao governo pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN), Chico Preto, pontua a necessidade de aumentar o repasse orçamentário do setor em pelo menos 2,5%. A reestruturação dos ramais que servem para escoamento das cargas, uma gestão técnica e
não político/ partidária da Secretaria de Produção Rural são apontadas por ele como essenciais para o aquecimento da economia rural. “Tivemos a Sepror comandada durante anos por um partido, nesse período anterior não conseguimos transformar o Amazonas no maior exportador de peixes do país. No meu governo, pretendo mudar essa realidade, em 10 ou 15 anos isso vai acontecer, frisou. Responsável por administrar o Estado e visando a reeleição, José Melo (Pros), destaca que durante a gestão que fez ao lado de Omar Aziz (PSD), ampliou as linhas de crédito dos produtores rurais, com financiamentos na ordem de R$ 207 milhões. “Até o final do ano R$ 150 milhões estarão disponíveis 2,5 mil famílias foram beneficiadas com a regularização fundiária e outras 8,6 mil devem ter suas propriedades legalizadas. Expandimos o Programa de Regionalização da Merenda Escolar-Preme, de 39 para todos os 62 municípios. Implantamos nove unidades de produção de alevinos e um Centro de Tecnologia de Aquicultura”. Dentre as promessas para um novo governo, Melo salienta o programa Terra Produtiva, que visa expandir a produção de peixe, açaí e outras culturas. Transformar o lago de Balbina, área de produção de peixe em tanque rede; realizar concurso público em órgãos como o Ipaam.
Esquerda também tem proposta Pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), Luiz Navarro salienta que o modelo Zona Franca apenas tem enriquecido os industriais e nada tem colaborado para a formação de uma economia consolidada no interior. “É necessário que com conselhos de desenvolvimento econômico, nós possamos encontrar uma forma de fazer com que os empresários passem a pagar melhores salários, passem a contribuir com o desenvolvimento do Estado. Precisamos reforçar por meio da Agência de Fomento do Amazonas (Afeam), o setor primário. Voltarmos à vista para os nossos processos antigos de exportação de castanha, juta, borracha. Temos que nos voltar ao extrativismo, que é onde está nossa riqueza. Queremos incentivar a exploração do nióbio, que por sinal tem jazida incomensurável. Não entendo o porquê o governo não coloca isso às claras, parece até que o nióbio está sendo explorado as escondidas”, pontuando que no plano de governo comunista, é destaque a intenção de uma “reforma agrária radical no Estado”. A intensificação da reforma agrária, com a regula-
rização da legalização de terras, está incluso nos planos de Herbert Amazonas (PSTU). Com a pretensão de entregar o comando do Estado aos trabalhadores, o candidato de esquerda espera que ao criar um terminal pesqueiro os problemas com o escoamento do peixe pescado no Amazonas, seja resolvido. Amazonas visa ainda, a construção de feiras municipais, onde os produtores poderão ter a oportunidade de vender seus produtos sem intermediação. Candidato ao governo do Amazonas, pela primeira vez, Abel Alves (Psol) sustenta no slogan “O Amazonas soberano com o povo no comando”, seu desejo de fortalecer o interior. Reconhecendo que é difícil o desafio de levar o progresso econômico ao interior, o candidato promete desenvolver a agricultura, por meio da economia solidária. Alves pretende promover a produção agrícola regional. “Podemos ver que as festas regionais como a da banana, não existem mais, pois o produto agora está sendo importado de outros Estados”, reclamou em reunião com empresários da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL/Manaus).