Eleições 2014 - 7 de setembro de 2014

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Especial

Eleições 2014 MANAUS, DOMINGO, 7 DE SETEMBRO DE 2014

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Eles nunca ganham, mas também jamais desistem RAPHAEL LOBATO Equipe EM TEMPO

H

á anos na política amazonense, eles não são equipados de grandes estruturas de campanha, não costumam receber apoios partidários, mas nunca desistem de tentar o tão sonhado mandato eletivo. Incansáveis, os candidatos ao governo Luiz Navarro (PCB), Herbet Amazonas (PSTU) e a candidata ao parlamento federal, Riogocelia Costa (PRP), a “Mulher de Branco”, são exemplos de políticos que levam, há anos, ideologias que não são respondidas com vitória nas urnas. Figura lendária da política amazonense, o falecido professor Raimundo de Freitas Barboza, que ficou conhecido como “Barbozão”, ilustra também o espírito incansável de políticos que não desistem das disputas. Sem grandes estruturas, “Barbozão” repetiu em suas diversas candidaturas ao parlamento a mesma fórmula pela qual ficou conhecido e respeitado: Um fusca branco e um boneco carnavalesco gigante. Às vezes, para ir até os ribeirinhos, usava uma canoa. Discípulos de “Barbozão”, a disputa pelo governo nestas eleições reúne dois candidatos que tentam um mandato eletivo há pelo menos nove anos. Luiz Manoel Navarro (PCB), conhecido apenas como “Navarro”, dissemina os seus ideais esquerdistas desde 1986. Em 2006, estreou nas disputas se candidatando ao Senado e continuou tentando em 2008, na disputa pela prefeitura, em 2010, pelo governo, e em 2012, novamente candidato à prefeitura. Em todas as disputas de que participou, Navarro nunca chegou nem ao terceiro lugar, tendo ficado em quinto (2008), quarto (2010) e oitavo (2012), sucessivamente. Presidente estadual do partido, o candidato, todos os dias, agenda reuniões com grupos comunitários e conversa com populares da capital. Neste ano, Navarro achou que precisava reforçar a campanha no interior e então fez um

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Veja as histórias dos tradicionais candidatos a cargos eletivos no Amazonas que estão há décadas na disputa eleitoral empréstimo de R$ 30 mil para enviar panfletos aos municípios. “Nesse ano resolvi fazer diferente, fiz esse empréstimo para levar os panfletos para o interior. Mas nós não temos recursos para ir às ruas, viajar ao interior, nos limitamos à campanha no interior”, disse. O candidato, no entanto, diz que parar de disputar eleições não está nos seus planos prioritários. Segundo ele, é necessário, primeiro, encontrar um talento na juventude do parti-

BARBOSÃO

Figura lendária da política amazonense, Barbosão ficou conhecido por atuar nas campanhas políticas sempre carregando um boneco de orelhas grandes na mala do seu carro pela cidade Luiz Navarro na primeira foto de campanha, feita em 1986

Herbert Amazonas diz que não deverá desistir dos seus ideais

do que possa substituí-lo. Também na disputa pelo governo, o funcionário dos Correios, Herbert Amazonas (PSTU), tem registros de candidaturas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM) desde 2006, quando foi candidato ao governo. Desde lá, o militante do movimento operário foi candidato a vereador (2008), não tendo figurado nem entre os 40 mais votados, ao governo novamente (2010), atingindo o quinto lugar e a prefeitura, em 2012. Parte da ala de políticos que não recebe financiamento para as campanhas, o militante, então, busca entre ativistas e operários do Polo Industrial de Manaus (PIM) as doações para manter as atividades. “Nossos amigos nos ajudam com R$ 100 ou R$ 50 reais, é o que eles podem”, afirma. Desistir das disputas também não está nos planos do candidato, mas, segundo ele, é hora de disputar “um cargo menor”.

Famoso por seu boneco, Barbozão nunca ganhou um pleito

Mulher de Branco ainda persiste Taxista há 46 anos, Riogocelia Costa (PRP), conhecida como a “Mulher de Branco”, por pouco não desistiu de novamente disputar estas eleições. Segundo ela, a candidatura a deputada federal só se tornou realidade por muita “insistência do partido”. Conhecida por ter adotado o exótico nome fictício, ela disputou por três vezes uma vaga no parlamento municipal: em 1996, 2000 e 2004, sem sucesso em todas as tentativas. A “Mulher de Branco” diz que o nome adotado não tem nada a ver com a lenda da mulher que assombra noites escuras. “Um dia eu simplesmente resolvi me vestir toda de branco e então todos os meus colegas taxistas resolveram me chamar assim, gritando esse nome na rua. Minha mãe dizia que esse meu gosto por roupas brancas é de família. Meu pai foi dentista e ele sempre só usava branco”, afirmou a candidata. Candidata à disputada vaga no parlamento federal, a taxista diz que, neste ano, está mais confiante na vitória. “Eu tenho o apoio dos taxistas, e estou muito confiante”, declarou. Mulher de Branco tenta agora, pela primeira vez, uma cadeira em Brasília e diz estar confiante


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