Eleições 2014 - 7 de outubro de 2014

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Especial

Eleições 2014 MANAUS, TERÇA-FEIRA, 7 DE OUTUBRO DE 2014

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Fim de um ciclo Nesta nova legislatura parlamentares tradicionais do circulo político, como a família Souza e Castelo Branco, não conseguiram entrar para nos cargos que disputavam e ficarão sem mandato

LUANA DÁVILA Equipe EM TEMPO

A

s Eleições 2014 no Amazonas eliminaram candidatos fortes que estavam há mais de 20 anos na vida pública e nunca haviam perdido um pleito. Figuras políticas como o ex-senador e deputado federal João Pedro Gonçalves (PT), Francisco Praciano (PT), e as famílias Souza e Castelo Branco, tradicionalmente conhecidas pela atuação política em Manaus, saíram deste processo eleitoral sem nenhum mandato. Há 18 anos no poder, os irmãos Fausto e Carlos Souza (PSD) não conseguiram manter suas cadeiras na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e na Câmara dos Deputados, respectivamente. Ao lado do irmão, o ex-deputado estadual Wallace Souza, morto em 2010, os Souza alavancaram a carreira política depois de iniciarem nos anos 90 o programa de televisão “Espaço Livre”, que hoje já tem outro perfil identificado como ‘Programa Livre’. O declínio da família começou em 2008, quando o ex-deputado estadual Wallace Souza foi acusado de comandar um grupo de extermínio em Manaus. Nesta eleição, o deputado federal Carlos Souza (PSD), que está no poder desde 2003, teve 53 mil votos, mas não conseguiu avançar para o seu

quarto mandato. Souza considerou a eleição 2014 muito dura e difícil, mas disse que “vai continuar vivendo”. “A sabedoria do povo tem que ser cumprida, mas considero que enfrentei muitas instituições, e que isso pode ter contribuído para a minha não reeleição. Vou tocar minha vida e continuar vivendo. Não vou dizer que dessa água não beberei, mas confesso que estou desencantado com a política”, disse ontem ao EM TEMPO. O empresário e deputado estadual até o fim deste ano Fausto Souza (PSD) também não conseguiu seguir para o seu terceiro mandato. A hegemonia dos candidatos da família Castelo Branco, que estão no poder há 13 anos também não se firmou neste pleito. O deputado federal Sabino Castelo Branco (PTB), eleito vereador pela primeira vez no pleito de 2000 e reeleito em 2004, saltou da Câmara Municipal de Manaus (CMM) para o Congresso Nacional em 2006. Em 2010 conseguiu manter o seu mandato, mas não teve a mesma sorte neste pleito, e mesmo com 69 mil votos não conseguiu se reeleger. O mesmo aconteceu com a deputada estadual Vera Lúcia Castelo Branco (PFL), delegada de carreira e ex-esposa de Sabino, eleita em 2009 com 14.037 votos, não conseguiu a reeleição no pleito deste ano e também deixa em dezembro

o mandato eletivo. Vereador mais votado Já o filho do casal, Reizo Castelo Branco (PTB), vereador mais votado no último pleito municipal, apesar de não ter conseguido se eleger para deputado estadual continua na Câmara Municipal de Manaus (CMM), em seu segundo mandato. O EM TEMPO tentou contato com os três políticos da família Castelo Branco, mas eles permaneceram durante todo o dia com os telefones desligados. Outro parlamentar consagrado do meio, comunista Eron Bezerra, eleito por cinco vezes consecutivas como deputado estadual (1991 a 2010), atual secretário de Estado da Produção Rural (Sepror) por dois períodos (2007-2010; 2011-2013), não conseguiu garantir vaga no pleito de 2014. Questionado sobre como ficará sua atuação a partir de agora, Eron desclarou que é um homem político, independentemente de mandato. “Eu faço política 24 horas por dia, independentemente de mandatos ou não. A votação não foi o que nós queríamos, mas isso não é uma questão de vida ou morte. Para mim, não existe batalha final. Temos que respeitar o direito que o povo tem de escolher”, explicou Bezerra. O ex-senador da Repúbli-

ca e candidato a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, o parintinense João Pedro, com 32 anos de carreira política, também não teve sua candidatura aprovada pela maioria dos amazonenses e fica de fora da Câmara dos Deputados. João Pedro elegeu-se deputado estadual em 1982, pelo PC do B, e foi vereador em 1988. No ano de 1991 ingressou no PT e em 1998 foi candidato a deputado federal, obtendo a suplência. Em 2002 foi candidato a governador do Estado, levando a quinta posição, correspondente a 5,7% dos votos. Ele também chegou a ser superintendente do Instituto Nacional de Reforma Agrária do governo Lula. Em 2006 foi coordenador da campanha petista no Amazonas, elegendo-se como primeiro suplente de Alfredo Nascimento e senador no período de 2007 a 2011. Praciano ficou fora Outro político conceituado no meio que ficou fora da disputa foi o petista Francisco Praciano. Tradicional alavancador de votos, “Praça” decidiu mudar de estratégia e entrou na disputa para o Senado Federal, enfrentando nas urnas o ex-governador Omar Aziz (PSD). Com 27% dos votos, que representam mais de 500 mil votos, o candidato deverá ficar sem nenhum mandato eletivo até a próxima legislatura.

Novos nomes fizeram mudança Ao expressar desejo de mudança, os eleitores amazonenses protagonizaram neste domingo (5), uma página importante na história da política do norte do país, ao deixar fora do parlamento, clãs como os das famílias Castelo Branco, liderada pelo deputado federal Sabino Castelo Branco (PTB), e Souza, pelo também deputado federal Carlos Souza (PSD). O capítulo inesperado pode ser explicado, conforme analisou o cientista político Marcelo Seráfico, pelo surgimento de candidatos com novos motes políticos. Grupos políticos Para o cientista, é prematuro afirmar que os grupos políticos tenham sido alvo do desprezo dos eleitores. “É necessário uma análise comparativa entre os eleitores no passado e no presente. Mesmo porque, outras figuras que compõem esses grupos, conseguiram espaço no parlamento. Temos que nos perguntar se é uma negação às pessoas e suas práticas, ou mesmo da política na sua forma mais ampla”, comentou.

O presidente do Instituto Action, Marketing e Pesquisas, Afrânio Soares, sugere que o projeto de Sabino Castelo Branco, Vera Castelo Branco, Reizo Castelo Branco, Carlos Souza e Fausto Souza (PSD), não decolou, mas bateu na trave, lembrando que fora Fausto Souza -que lutava pela manutenção da sua cadeira na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), e que teve apenas 11.379 votos-, os demais citados registraram votações acima até de candidatos eleitos, e que foram puxados pelas coligações, a exemplo de Vera Castelo Branco 19.415, que teve mais votos que Sabá Reis (PR) 17.869 votos e Augusto Ferraz (DEM) 15.463. “Não descarto que o desgaste causado por algumas situações nas quais esses candidatos vêm se envolvendo ao logo dos mandatos, tenha influenciado na hora do voto, talvez isso tenha respingado. Entretanto, não creio que isso tenha sido um recado”, ressaltou. Colaborou: Joelma Muniz


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