Especial
Eleições 2014 MANAUS, SEXTA-FEIRA, 5 DE SETEMBRO DE 2014
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Fé e política: igrejas estão marcando posição no pleito Os templos, sejam eles católicos ou evangélicos, estão fazendo alertas aos eleitores sobre seus direitos na hora de votar JOELMA MUNIZ Equipe EM TEMPO
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arcando posição nas discussões que envolvem o processo eleitoral no país, a Igreja Católica Apostólica Romana direciona, por meio de iniciativas como o Grito dos Excluídos, a ética e cidadania à luz
do Evangelho na escolha do voto. Sinalizando que os templos não podem ser encarados como “currais eleitorais”, os líderes católicos pedem aos fiéis que se engajem em prol da
reforma política, e no próximo domingo (7) sairão às ruas para coletar ao menos 1,5 milhão de assinaturas para pressionar o Congresso Nacional a agilizar os debates sobreo tema. Em uma coletiva na manhã da última quarta-feira (3), o arcebispo metropolitano de Manaus, dom Sergio Castria-
ni, ressaltou a necessidade do fiel/eleitor avaliar a ficha dos candidatos escolhidos. “Assim, como na implantação das matérias contra a Corrupção Eleitoral (Lei 9.840/1999) e Ficha Limpa (Lei 135/2010), que só se transformaram em leis por conta das ações em conjunto com diversos movimentos sociais, a exemplo da Or-
dem dos Advogados do Brasil (OAB), vamos trabalhar pela consolidação da reforma política”, lembrando que os católicos interessados em participar do abaixo-assinado, proposto na 20ª edição do Grito dos Excluídos, devem apresentar o
título de eleitor. As ações de coleta acontecerão todas as terçasfeiras na Igreja Nossa Senhora de Aparecida. Integrantes das pastorais sócias e Um Grito Pela Vida também ficarão dispostos no entorno da Arena da Amazônia, realizando coleta nesse sábado (6).
Voto de cajado aproveitadas como palco eleitoral. Placas com imagens de candidatos, implantadas ao logo do percurso estabelecido para a peregrinação em Manaus no último dia 02 de agosto, e que foram registradas pelas câmeras do grupo, fortaleceram ainda mais a necessidade do trabalho da entidade, segundo Jossimar. “Iniciamos os trabalhos durante a 21ª Marcha para Jesus, distribuímos panfletos e empunhamos faixas com diversas mensagens. O que não foi surpresa foi o uso de material de propaganda de candidatos como Marcel Alexandre (PMDB) e Eduardo Braga (PMDB). Não concordamos com essas medidas, a igreja é formada em sua maioria de bons cristãos, pessoas de boa fé que não podem ser usadas por balcões de votos”, ponderou.
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M ov i m e n tos evangélicos também utilizam de mobilizações para evitar o chamado “voto de cajado”, como é conhecido o voto obtido por meio de ‘orientações’ dadas nos púlpitos, e acontece pela primeira vez na capital amazonense o movimento liderado pela organização sem fins lucrativos, conhecida como Rede Fale. A iniciativa de cristãos protestantes já acontece em diversos países e tem promovido, nos últimos dias, ações voltadas ao debate sobre a participação evangélica em pleitos eleitorais também no Amazonas. De acordo com um dos 15 integrantes da Rede em Manaus, Jossimar
Ferreira, pensando neste conceito, a ação tem servido para conscientizar o eleitor cristão a usar seu voto como instrumento de libertação e não de manipulação. “Um dos principais meios a serem utilizados por nós é a internet, pois por meio dela temos conseguido alcançar milhares de cristãos. Entendemos a importância do processo político, mas não concordamos com o que muitas igrejas e líderes amplamente conhecidos estão fazendo”, comentou. O administrador de empresas de 24 anos acredita que muitas das estruturas eclesiásticas, principalmente as utilizadas em grandes eventos como a Marcha para Jesus, que acontece anualmente em todas as capitas da federação, estão sendo
CNBB também se manifesta O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e cardeal arcebispo de Aparecida (SP), Dom Raymundo Damasceno, disse na semana passada que a Igreja Católica deve orientar fiéis no período de eleições, mas não deve fazer dos templos “curral eleitoral”. Segundo o arcebispo, a igreja não deve fazer “discriminação a nenhum candidato”. “Não fazemos nos nossos templos nenhum curral eleitoral. Nós orientamos, falamos, mas não fazemos comitês
eleitorais nos nossos templos”, disse Damasceno, sem detalhar que tipo de orientação é feita pela igreja. A declaração foi dada em entrevista coletiva na sede da CNBB, em Brasília. Questionado sobre a participação de dois evangélicos nas eleições para presidente da República (Marina Silva, do PSB, e Pastor Everaldo, do PSC), Dom Damasceno afirmou que o eleitor é livre para escolher seu candidato e que deve analisar o projeto de governo cada um. Apesar disso,
ele defendeu a participação de cristãos na política. “O eleitor é livre para escolher o seu candidato e ele deve, ao fazer a sua escolha, fundamentá-la no sentido de que ele está exercendo o seu direito de uma maneira consciente, conhecendo o candidato, sua experiência, seu passado, seu projeto de governo [...]. O cristão é como qualquer cidadão e, como tal, tem direitos e obrigações e deve também participar da vida política”, sugeriu o arcebispo de Aparecida. Bispo Sérgio Castriani ressaltou a importância dos eleitores escolherem bem os seus candidatos