Catalogo Jogos de Guerra

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CONFRONTOS E CONVERGÊNCIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

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apresenta

CONFRONTOS E CONVERGÊNCIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA


PRESIDENTA DA REPÚBLICA Dilma Vana Rousseff MINISTRO DA FAZENDA Guido Mantega PRESIDENTE DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Jorge Fontes Hereda


CONFRONTOS E CONVERGÊNCIAS NA ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

Curadoria Daniela Name

PRODUÇÃO

PATROCÍNIO


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Ao longo da História, a arte sempre teve o papel de espelho de seu próprio tempo. Refletiu, assim, desigualdades e desequilíbrios ao longo dos tempos, colaborando para sua clareza e o seu combate. Jogos de guerra – Confrontos e convergências na arte contemporânea brasileira reforça este importante papel político que o ato criador exerce na vida em sociedade. É com grande prazer que a CAIXA Cultural do Rio de Janeiro abre suas portas para alguns dos mais importantes artistas visuais em atividade no Brasil. Trabalhos emblemáticos criados nas últimas cinco décadas tomam conta destas galerias, e são ladeados pelo frescor de talentos emergentes de nossa produção. Na Idade Média, a guerra era simulada em tabuleiros de xadrez. O jogo foi criado como matriz fictícia dos campos de batalha, como um ensaio para os sangrentos combates com o exército inimigo. Na arte dos dois últimos séculos, jogar é um verbo corriqueiro. As analogias, o humor e a ironia são arma e estratégia para lidar com as coisas do mundo, inclusive todas as formas de conflito. Esta exposição destaca esta capacidade que a arte tem de denunciar e até de resolver injustiças e impasses através da negociação, da disputa ombro a ombro com o problema. Jogos de guerra se transforma, assim, em uma espécie de tabuleiro, que convida o visitante da CAIXA para uma partida com a arte. Caixa Econômica Federal


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No auge da Guerra Fria, David Lightman é um jovem hacker que usa a tecnologia de sua época, um computador com modem ligado à rede telefônica, para aplicar pequenos golpes. Com a ajuda de seu micro, muda as suas notas do colégio para garantir que passará de ano. Acidentalmente, ele se liga a um computador de uma base nuclear pensando se tratar de um servidor de jogos. Inocentemente, dispara um simulador criando um ataque a seu próprio país. Sem saber que se trata de uma simulação, o exército americano entra em estado de alerta. Pelo noticiário da televisão, o jovem Lightman percebe o seu erro e tenta consertá-lo. Começa o embate entre o jovem e a Máquina. Esse é o enredo de um filme da década de oitenta, de onde tirei o título para esta exposição. Com uma ideia inicial de apenas três artistas, não sabia que resultaria numa mostra desta grandeza. O filme segue com as inúmeras aventuras de Lightman, tentando reparar o seu erro. Na cena final, ele decide continuar o jogo com a Máquina. Esta realiza milhares de simulações da guerra nuclear, tentando encontrar a melhor forma de responder aos falsos ataques. Após inúmeras tentativas, a Máquina conclui que não há formas de ganhar a guerra e que a melhor solução é desistir e pergunta ao jovem: gostaria de um bom jogo de xadrez? Leo Ayres


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Tabuleiro e trincheira Daniela Name Da sala da esquerda, um barulho insistente quase tirava a concentração de quem entrava na galeria. Código Morse? Metralhadora? A Máquina #1, de Gabriela Mureb, era isso e um pouco mais, ditando uma cadência hostil, o ritmo da guerra. Incômodo, em certo sentido uma afronta ao visitante, o trabalho de Mureb foi montado como um pequeno pino em moto-contínuo, sonhando furar a parede. Marcial e masculino em uma de suas facetas, ele revelava aos poucos sua outra natureza, renitente como um câncer difícil de curar; incontornável como a sanha de todos os projetos que precisam acontecer. Água mole em pedra dura tanto bate... Da Máquina #1 era possível enxergar a porta da outra galeria, onde as esculturas de Raul Mourão se mexiam em outro balanço. Praça e jardim do território íntimo de “Jogos de guerra”, as peças se abriam para o corpo, para o toque e para o afeto, carregando novos sentidos à matéria-prima de que são feitas: o ferro seminal, memória reinventada da escultura contemporânea brasileira. Som e dança, Mureb e Mourão marcavam no espaço da CAIXA Cultural toda ambiguidade que a exposição pretendeu transmitir. E convidavam o espectador para o ato criativo anunciado por Duchamp, aquele que só se conclui com a presença de quem se deixa invadir pela obra de arte e participa dela. “Jogos de guerra” foi apresentada pela primeira vez em 2010, no Memorial da América Latina, em São Paulo. O nome da mostra surgiu de um projeto do artista carioca Leo Ayres, que pretendia fazer uma exposição com três nomes da produção recente brasileira e me convidou para ser a curadora. Disse prontamente que sim, mas com a condição que pudesse reformular e ampliar a ideia inicial, esgarçando sentidos – tanto o de guerra, para muito além dos exércitos; quanto o de jogos, cada vez mais próximo da arte. O resultado é um panorama bastante autônomo daquele que o artista havia imaginado, e fica aqui meu agradecimento por sua generosidade – pelo motor de uma ideia, mas, sobretudo, porque ela deixou de ser aquilo que ele imaginava ainda na fase de pré-elaboração. No Rio essa distância foi ampliada, já que trouxemos a ideia de jogo até mesmo para dentro dos conflitos. A guerra ainda foi uma base, como não poderia deixar de ser, mas o papel do jogo, como tática e como estratégia, foi bastante destacado. Em sua História da guerra, John Keegan nos ensina que o confronto foi e será algo irremediável através dos tempos. Somos selvagens e violentos. Desrespeitamos o limite do outro, somos inábeis na mesa de negociações. Civilizações antes pacíficas e cordiais puseram territórios 21


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e riquezas a perder depois que descobriram novas armas ou disputaram lavouras, terreiros e rebanhos. Foi assim com os zulus, que acabaram consigo mesmos e com boa parte da África depois que entraram em conflito. Já os habitantes da Ilha de Páscoa experimentaram uma espécie de paraíso perpétuo até descobrirem armas cortantes. A lança matava e subjugava o outro, em vez de apenas vencê-lo “no braço”, como ocorria antes. Os perigos da aniquilação de nosso adversário são o grande mote desta exposição. Sem o outro, não posso ser eu. Relações são o que há de mais humano – e nossa habilidade para o jogo e para a arte é uma prova contundente disso. No Ocidente, aprendemos a hostilizar e a ter medo de Satanás, o querubim que contrariou seu líder e foi expulso do Céu depois de liderar uma rebelião. Esse anjo caído da tradição judaico-cristã vem encarnando em parentes, amores, colegas de trabalho. Jogar com este pavor do outro e administrar esta dificuldade de lidar com ele têm sido os desafios de todas as linguagens que destacam nossa humanidade. A filosofia, a psicanálise e a arte identificam e demonstram a nossa selvageria, mas apenas para buscar caminhos marginais de escape. Quando entramos em campo e nos debatemos com os problemas, temos alguma chance de reencontrar a trilha para o que é humano. Freud, aliás, usou essa palavra, “trilha”, quando estava prestes a anunciar aquilo que seria a psicanálise. Há um caminho a percorrer, tanto no jogo quanto na batalha. E dificilmente ele será bem sucedido se estiver nas antigas estradas de padrões repetidos e de preconceitos. Todos esses saberes dependem de uma disposição para o jogo, para o embate e para a caminhada. Por tudo isso, “Jogos de guerra” pretendeu se configurar como um início de trincheira e de tabuleiro para cada um de seus visitantes. A própria montagem privilegiou a noção de mapa, apresentado como uma odisseia de mão dupla, que se transformava em um jogo de tabuleiro. Brinquedos como Banco Imobiliário, Monopólio, Detetive, Jogo da Vida e, é claro, War, marcaram a infância de quem tem hoje entre 20 e 50 anos. Apostar nessa memória foi criar um caminho compartilhado por artistas, visitantes e pela equipe do projeto. Comece a jogar Logo na entrada da mostra, o visitante-jogador via Guga Ferraz rendido. Podia pisar ou se curvar diante do autorretrato quase anônimo do artista, penetrando pela primeira vez nos domínios da ambiguidade. Iniciar a exposição com um trabalho que é visto de cima e sobre o qual se caminha foi um gesto deliberado. Ofereceu a possibilidade de se conciliar os papéis de algoz, desbravador e admirador em um só tempo.

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A metáfora era a mandante do início do percurso. No hall estava a instalação sem título de Nino Cais, em que cadeiras se equilibram em copos de vidro. A situação aqui mais uma vez era dúbia, entre a elevação ao sublime e o risco profundo. O artista nos proporciona um estado de trégua, mas não há serenidade possível. Oferenda, de Sidney Philocreon, no mesmo ambiente, também usa vidro e sutilezas para comunicar o mesmo estado deslocado, suspenso: um barquinho de madeira lança ao mar da galeria inúmeras garrafas, todas com textos em seu interior. A embarcação à deriva fala de perdas e desconexão, mas também de uma nova tentativa de contato. “Just a castaway, an island lost in sea, oh”, como cantaria The Police. Mas aqui, como na canção clássica da banda inglesa, ao menos se manda “um SOS para o mundo”, mensagens na garrafa. O barco de Philocreon aportava próximo a Nino Cais – cujo sobrenome, percebo apenas agora, parece ter sido talhado para esse momento. Obras quase antitéticas, girando em sentidos inversos, as destes dois artistas: a de Nino é força centrífuga, introspectiva, lembrando outra canção, Panis et circenses: “Mas as pessoas na sala de jantar / Estão ocupadas em nascer e morrer”. Não há comunicação possível. A de Philocreon é centrípeta, se joga para o mundo com um pedido de socorro, garantia ao menos de alguma esperança: nenhum homem é uma ilha – e quem sabe Iemanjá possa lhe trazer companhia. Na inauguração, apresentamos trabalhos que eram festa, banquete e atração do público para nosso território. Na América pré-colombiana, os astecas esfolavam o inimigo vivo no altar do sacrifício e retiravam seu coração ainda pulsando do peito. Cozinhavam este coração em casa e o comiam com toda a família, como forma de respeito e reverência àquele que tinham enfrentado. Criar uma espécie de happening com o trabalho de Laura Lima e as performances de Alexandre Murucci, Cláudia Bakker, Coletivo Filé de Peixe, Luana Aguiar, Romano e Ronald Duarte foi reforçar o embate, mas também a trégua e a comunhão, coroada pelo chá da paz servido pelo OPAVIVARÁ! A arquitetura fragmentada do segundo andar da CAIXA Cultural oferecia entradas para as duas galerias que saem do hall. Criou-se aí a primeira encruzilhada para o visitantejogador. Cada direção oferecia experiências e gradações diversas de jogo e de guerra. Avance para um lado A escolha do caminho da esquerda recaía na guerra colonial, antropofágica e histórica. Antes dela, o Buraco negro de Cinthia Marcelle e Thiago Matta Machado, tão real e tão simbólico. O pó da criação, o pó da exaltação, a poeira das galáxias. Adiante, a foto Contingente, de Adriana Varejão, apresentava a mão da artista marcada por uma linha do Equador desenhada em vermelho-sangue, marca sintética de gigantescos territórios 24


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de conflito. A obra da artista sempre fundiu a História com as pequenas histórias; as batalhas sangrentas da colonização com as contradições do artista em seu ateliê; a limpeza do azulejo com o sangue e as vísceras; o tesão e a tensão no banquete dos índios antropófagos. Ao sangrar os dois hemisférios na própria pele, Varejão nos lembra a dolorosa descompensação entre Norte e Sul e dá corpo a nossa identidade ambivalente, que nem sempre cabe nos mapas escolares. Dela partia a síntese para as gravuras de Luiz Pizarro a respeito do canibalismo de caetés e tupinambás. O corpo e seus embates sempre foram uma inquietação do artista, que nestas imagens irônicas – quase peças de propaganda, quase cartazes de “Procura-se” do Velho Oeste – funde os dois sentidos do verbo “comer”. Há o real, ingerir alimento, e o simbólico, sexual, tão usado na língua portuguesa. De Pizarro, seguimos para Anna Bella Geiger, com seu Brasil nativo, Brasil alienígena. O jogo de espelhos é claro, o de poder também. Há algo que faz o gesto de uma valer mais do que o da outra? Quem é a outra, quem é a uma? No Fausto de Walter Goldfarb, descortinávamos o nazismo e o antissemitismo; enquanto o trabalho Frutos estranhos, de Luciano Figueiredo, redescobria os muitos disfarces que pode ter o racismo. Em Por que no te calas?, de Walton Hoffmann, rei e rainha do xadrez – jogo criado pelos persas para simular o campo de batalha – mudam de roupa, são sombra e ameaça um do outro. Assim como a Máquina #1 de Mureb, instalada ali perto, o xadrez de Hoffmann era um jogo com a própria montagem, perturbada e enfatizada pela sua presença. No trabalho de José Rufino, Bunker, os perigos dos arquivos, o poder da informação, nas máquinas de escrever kafkianas que escondem personalidades adormecidas e nos alertam para a vertigem da própria criação. Os disfarces da forma também aparecem em uma obra emblemática de Regina Silveira: em Encuentro, as maiores lideranças políticas do mundo no início da década de 1990, quando a obra foi feita, aparecem reunidas em uma conversa circunspecta e civilizada. Por trás delas, as sombras revelam armas apontadas umas para as outras. Silveira e Rufino, próximos um do outro, formavam na CAIXA um pêndulo entre real e imaginário, entre os objetos e suas distorções – duplo embate. O Projeto Coca-Cola, de Cildo Meireles, é guerra de guerrilhas. Divisor de águas na arte conceitual de todo o mundo, o trabalho de 1970 formava também uma grande encruzilhada da mostra. Em volta dele, além do Encuentro e seus espectros soturnos, arranjavam-se o Super-Homem de Alexandre Vogler e a bandeira americana feita de dólares de Lourival Cuquinha. Poder e economia e, mais do que isso, o poder de subverter, 26


minar e ironizar a economia. Gestos simples, mas potentes, criam circuitos e adulteram hegemonias nesses três trabalhos. O mesmo ocorreu com o álbum Texto em branco, edição de gravuras feita por Carlos Vergara em 1971. Com dois desenhos, sempre alusivos à situação brasileira durante o governo militar, cada página trazia a área central em branco para ser preenchida pelo leitor. Síntese de dois embates – com a ditadura, com o espectador/leitor – o trabalho do artista era também uma camuflagem providencial para um período em que mostras eram proibidas e livros apreendidos e queimados, com seus autores presos. Camuflagem é o assunto de Leo Ayres. No vídeo Operação camuflagem, ele inscreve um trabalho – uma pintura de camuflagem em que as manchas são, na verdade, silhuetas de veados – no concurso de arte da Academia Militar das Agulhas Negras. Documenta todo o processo, da entrega à cerimônia de premiação, de onde sai com a menção honrosa, passando pela exposição em que sua pintura é ladeada por marinhas e naturezas-mortas mais tradicionais. Perturbador em seu nonsense, o vídeo iluminava o segmento de soldados e armas desta mostra. Os uniformes militares de Nazareno, delicadíssimos desenhos a nanquim, impressionam por descosturar patentes e enferrujar medalhas ao confrontar o garbo da roupa de guerra, condecorada, com frases singelas vindas da memória da infância do artista. Um trabalho inteligentíssimo em sua autofagia, uma batalha com ele mesmo, como frequentemente acontece com a produção de Nazareno. Duas grandes fotos de Rafael Assef dialogavam com esse conjunto. Elas se relacionam com a camuflagem de Ayres e a ambiguidade de Nazareno ao enganarem a vista sobre o que realmente são. De perto, descobria-se que são lâminas de faca e que elas se relacionam com os estabelecimentos que as possuem. Quanto menos marcadas, mais elegante é o dono; quanto mais usadas, maior a chance de terem vindo de lugares periféricos. Se nada é aquilo que parece ser, chegou então a hora de Vicente de Mello e Felipe Barbosa. O primeiro transforma a fotografia de duas luminárias em silhueta de múltipla interpretação. Na mostra, vigorou a de que se trata de dois prédios gêmeos, quase fantasmas das torres do World Trade Center. Já o Homem bomba de Barbosa é figura humana feita de explosivos usados em festa junina. O objeto criado pelo artista é aproximação muito peculiar do ready made, com um embaralhamento de forma e função ativado através do humor. O riso e a surpresa que vêm de seus trabalhos acabam sendo os moderadores dessa oscilação entre reconhecimento e repulsa que permeia a arte contemporânea brasileira.

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Com Homem bomba, chegamos pela primeira vez à redenção em nosso circuito. Se a arte chama para a batalha, ela também nos liberta dela. O humor e os desafios propostos por uma obra são os craques-generais dos “jogos” que também estão no título da mostra, junto com a guerra. As Montanhas top creme e a Patrulha de resgate de Laerte Ramos são muito emblemáticas nessa direção. Quase brinquedos para adulto, elas são também esculturas de muito labor, com uma das mais tradicionais matérias-primas desse suporte: a cerâmica. Frágil e viril, o trabalho do artista assinala mais uma vez a gangorra da dúvida, que percorreu toda a exposição. Corpo e batalha como tantos outros trabalhos, a patrulha de brinquedo aponta para outra peça-chave do tabuleiro: Stop, de Nelson Leirner, mostra um King Kong à frente de um grande engarrafamento de fuscas pretos. Como tudo do artista, a peça é um feixe de significados. O macaco pode tanto estar iniciando um ataque aos carros quanto assumindo o papel de um guarda de trânsito ou flanelinha. Desde 1933, quando ganhou sua primeira versão para o cinema, King Kong é a fera ameaçadora que encarna nossa aversão ao suposto “selvagem”, “exótico”, “periférico”. O mundo distante de onde ele vem tanto pode ser a África quanto o Oriente Médio. Pode ser também uma favela. Próximo a Stop começava o território da cidade, lugar de trincheiras e de soldados bem diferentes dos de Nazareno e Laerte Ramos. Tecidos por Geraldo Marcolini, os barões das drogas Marcinho VP e Elias Maluco enganam em sua falsa docilidade e esbofeteiam nossa tranquilidade com sua atmosfera doméstica, constituída por tapeçarias que poderiam ter sido feitas por uma avó. “A cidade é uma velha senhora, que hoje sorri e amanhã te devora”, cantarolavam os bichos da opereta Saltimbancos, de Chico Buarque. Gisela Milman nos mostra isso através de seus quebra-cabeças fotográficos, sempre com pessoas solitárias. Espalhados pela galeria, eles materializavam nossa desconexão globalizada, doída e melancólica. Bete Esteves e seu vídeo-crisálida, metamorfose lírica na aridez da paisagem urbana, são um contraponto para a cidade nada amiga de Marcolini e Milman. O Piratão jukevideo, máquina criada pelo Coletivo Filé de Peixe, era peça de transição entre essa cidade e um grupo de trabalhos sobre criação e autofagia. Jukebox de vídeos piratas de grandes nomes da arte brasileira e internacional, a máquina era acionada com moedas de R$ 1,00 e provocou uma discussão sobre direito autoral e necessidade de difusão desses trabalhos. Próximos à máquina, os cadernos de ateliê de Daniel Senise revelavam um pouco da gênese de trabalhos importantíssimos do artista, caso de O beijo do elo perdido e Retrato da mãe do artista. Próximo aos moleskines de Senise 28


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estava Balada, de Nuno Ramos. Em 1995, o artista lançou comercialmente a série de 100 exemplares. Em todos eles, Ramos dava um tiro de revólver por volta da página 350 de um volume, com mais 800. Retrospectivamente, Balada ganha força com uma obra emblemática na fusão de duas bases para a obra do artista – a palavra e a morte –, além de ser uma grande reflexão sobre o ato criador. A pintura sem título, de Antonio Dias, e conjunto de fotos Poema, de Lenora de Barros, ampliam essa ideia do ato de criar como uma batalha de morte, mas também da “pequena morte”, nascida nos gozos e no prazer. A intimidade do artista com sua obra era ritual de passagem para a sala intermediária da mostra. Isso para quem começava pela galeria da esquerda, é claro. Havia outros caminhos. Em breve chegaremos ao outro lado... Enfrente a transição O espectador, como dissemos, era nosso parceiro nesta jornada, mas também nosso adversário. Na sala que dividia os dois mundos da nossa montagem, não oferecemos uma trégua e sim trabalhos que exigiam entrega e o máximo de atenção. Vindo dos trabalhos sobre a cidade, o visitante era convidado a assistir aos trabalhos da dupla Dias & Riedweg, entre eles Mera vista, gravado no camelódromo da Zona Leste de São Paulo. A dupla de artistas enfatizando, ao longo de toda a sua trajetória, a cidade como um ponto de encontro das alteridades, como o palco onde se dão batalhas abrangentes, de toda uma sociedade, mas também aquelas mais íntimas, homem a homem, olho no olho. Da cidade para as guerras mais íntimas. Os espelhos manchados de pó criado por Ricardo Becker, pintura-nuvem, identidade manchada, eram ladeados pelo balanço de agulhas e pelo Objeto-sangue de Nazareth Pacheco. A infância pode não ser cor de rosa, mesmo que a pintura o seja, como nos mostrou o conjunto de trabalhos Iniciação, de Marcelo Amorim. No trabalho do artista, a angústia causada por um perigo que é mais pressentido do que revelado. E que aparece sob mil disfarces na antologia que Rosana Palazyan criou para o seu trabalho. No vídeo-documentário editado e sonorizado com a ajuda de Fábio Carvalho, a artista apresentou ao público da CAIXA obras que hoje estão em coleções particulares fora do Brasil e que abordaram de maneira pioneira a violência – física e sexual – contra a criança. Palazyan borda para suturar dores: a sua, a alheia. Costura é cicatriz. Conquiste o outro lado Tatuagem também é cicatriz, mesmo quando é feita de batom. Marcado no corpo, o autorretrato em vermelho de Fernanda Figueiredo & Eduardo Mattos era um dos trabalhos da galeria da direita, ou galeria da metáfora. A escala íntima da guerra também 30


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apresentava o Chapeuzinho Vermelho de Bruno Vilela. Sem eufemismo, a personagem é retratada suja de sangue: seria o vestígio do Lobo morto? Da avó devorada? Ou da defloração da menina? Sonho e pesadelo neste nosso inferninho particular, mas sempre modulados pelo humor. Relação é partida – em mais de um sentido. Para chegar no Outro, despedimo-nos de nós, sobrepomos existências, como faz Marcos Chaves com os aparelhos de barbear simbióticos de Hommage aux mariage, sua minúscula escultura. O humor às vezes é substituído por certo cinismo e pela ironia, como acontece em E viveram... felizes para sempre, caixinha de joia onde Louise D. D. arranja duas pílulas de Viagra como a chave para alianças estáveis. A sobrevivência é garantida pela partida/partido, empatia e adesão, e pela partida, jogo. E você, para, vídeo com duas telas sincronizadas da dupla Leandro Lima & Gisela Motta, anda nessas duas direções, ao mostrar um casal alternando nos papéis de alvo e atirador. As esculturas de cartas da série Ás de espadas, de Cadu, reforçavam a carga simbólica desse segmento da exposição, além de apresentar a simplicidade engenhosa deste grande artista da nova geração. Se os trabalhos de Louise D. D. e Marcos Chaves poderiam ser espelhos um do outro, o mesmo ocorria com o 69 sexual entre as armas de fogo de Rafael Perpétuo e a verborragia lasciva e pictórica de Julia Debasse. Na tinta negra sobre o papel, a artista cria uma paisagem urbana feita de miúdas letras brancas. O discurso confessional amalgama portas e janelas, mostrando que se expor pode ser uma forma eficiente, ainda que arriscada, de aproximação. Confronto, sim, mas desejoso de trégua. Próximo a Debasse, Márcio Banfi cantava I feel love, hit retrô das pistas de dança, no trabalho formado por dois canais de vídeo. Os passarinhos retirados do peito do artista, filmado na tela de baixo da obra, criavam um combate entre visão e audição na sensação transmitida pelo trabalho. Se visualmente I feel love é conforto e lirismo, para o ouvido nem sempre chega como algo amistoso. Instalado na galeria com som aberto e em volume razoável, o trabalho duelava, propositadamente, com os outros e com o público. Nesta sala feita de espelhos, Analu Cunha é um duplo possível para Banfi. Com trabalhos distintos exibidos em duas pequenas telas, a artista também vibrava em duas faixas diferentes para o público da CAIXA, mas curiosamente em filmes cíclicos, que giram em um eixo de continuidade. Em Call me back, ela apresenta o desabamento iminente do anexo condenado do Hospital Universitário, na Ilha do Fundão. Em Sonhos com voo, o desejo latente de sair do próprio corpo e romper limites. 32


Ataque e armistício, como o jogo de mãos da grande parede de desenhos de Marcelo Cidade, em que cumprimentos e felicitações se alternam às hostilidades. Junto do muro de Cidade, a praça-jardim de Raul Mourão e a foto A pair of lungs, de Pontogor. Na imagem em preto e branco, presa precariamente à parede por pequenos pregos, o espelho em duas portas de armário, fechadas, reflete uma janela. “Belo porque é uma porta abrindose em mais saídas”, como escreveu João Cabral de Melo Neto em Morte e vida Severina. Um ciclo, uma indefinição, como os trabalhos de Sidney Philocreon e Nino Cais, que esperavam do outro lado da porta. E, se você leu até aqui... Volte para o começo.

Referências bibliográficas BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. ______. O mal-estar da pós-modernidade. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 1997. ______. Medo líquido. Tradução de Mauro Gama e Claudia Martinelli Gama. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. DUCHAMP, Marcel. O ato criador. In: BARTOCK, Gregory. A nova arte. Tradução de Cecília Prada e Vera de Campos Toledo. São Paulo: Perspectiva, 2004. FREUD, Sigmund. Análise do Eu. In: Psicologia das massas e Análise do Eu e outros textos (19201923). Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. ______. Considerações sobre a guerra. In: Ensaios de metapsicologia e outros textos (1914-1916). Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. ______. Introdução ao narcisismo. Op. cit. KEEGAN, John. Uma história da guerra. Tradução de Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. NIETZSCHE, Friedrich. Além do bem e do mal (edição de bolso). Tradução de Paulo Sérgio de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

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GUGA FERRAZ Rendido, 2008 Impressão s/linóleo 350x300cm Cortesia Gentil Carioca

32/33 NINO CAIS Sem título, 2007 Instalação com cadeiras e copos NF Medidas variáveis Coleção do artista 34/37 SIDNEY PHILOCREON Oferenda, 2008 Instalação com barco e garrafas Medidas variáveis Coleção Galeria Virgílio 39 ADRIANA VAREJÃO Contingente, 2000 Fotografia s/foam board 42x60,5cm Coleção da artista 40 ALEXANDRE VOGLER Superman-pau-rocha, 2009 Pedra e adesivo 27x20x4cm Coleção do artista

Coleção do artista 47 CILDO MEIRELES Inserções em circuitos ideológicos - Projeto CocaCola, 1970-2011 Impressão em serigrafia sobre garrafa de refrigerante Dimensões variáveis Coleção do artista 48 CINEMATA = CINTHIA MARCELLE + THIAGO MATTA MACHADO Buraco Negro, 2008 Video 4 min 41 s pxb, som Cortesia Box 4 e Cortesia Galeria Vermelho 49 COLETIVO FILÉ DE PEIXE Piratão Jukevideo, 2010 Objeto multimídia interativo 90x50x25cm tiragem 4/20 Coleção particular 50/51 DANIEL SENISE Sem título, 1987/2008 Escritos e desenhos s/papel Seleção de 8 cadernos medidas variaveis Coleção do artista

41 ANNA BELLA GEIGER Brasil Nativo, Brasil Alienígena, 1977 Fotografia e cartão-postal 170x55cm Coleção da artista

52 FELIPE BARBOSA Homem Bomba, 2002 Objeto construído com bombas 44x20x13 cm Tiragem de 7 Cortesia Cosmocopa Arte Contemporânea

43 ANTONIO DIAS Sem título, 1985 Grafite, madeira, borracha s/tela 195x130x106cm Coleção do artista

53 GABRIELA MUREB Máquina #1: batedor, 2011 Motor, circuito eletro-eletrônico, madeira 7cmx7cmx10,7cm Coleção da artista

44/45 BETE ESTEVES Asas do Desejo, 2008 Vídeo, 1 min 29 s Coleção do artista

54 GERALDO MARCOLINI Marcinho, série Celebridades, 2003 Bordado de lã em tela 70x60cm Coleção do artista

46 CARLOS VERGARA Livro de artista: texto em branco, 1971 Coletânea de desenhos 35x54,5cm

55 GERALDO MARCOLINI Elias, série Celebridades, 2003 Bordado de lã em tela

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75x60cm Coleção do artista

180cmx90cm Coleção Jones Bergamin

56/57 GISELA MILMAN Todas as pessoas do mundo, 2009/2011 Fotografias impressas sobre quebra-cabeças Dimensões variáveis Coleção do artista

68 LUCIANO FIGUEIREDO Frutas estranhas, 1986 Foto-objeto 30x50x72cm Coleção Lenora de Barros

58 JOSÉ RUFINO Deditio, 2010 Madeira, ferro, alpange de aço, máquinas de escrever 283x170x125cm Cortesia Galeria Milan

69 LUIZ PIZARRO Série Look for an angel, 1997/1998 Monotipia s/papel, 70x50cm cada Coleção do artista

59 JOSÉ TANNURI Banker - Um esconderijo na galeria subterrânea?, 2009 Terra, chapa de ferro, vidro, fio elétrico, lâmpada, tomada e plástico, 50x50x70cm Coleção do artista

70 MARCELO GANDHI Pinball, 2011 Acrílico, desenho s/papel 27x12,5x2cm Coleção Bertani

60/63 LAERTE RAMOS Patrulha de resgate, 2008 Cerâmica 27x15x15cm Montagem em dimensões variáveis Coleção do artista LAERTE RAMOS Montanhas topecreme, 2008 Instalação, cerâmica Montagem em dimensões variáveis Coleção do artista 64 LEONORA DE BARROS Poema, 1979 Fotografia 32,5x42cm Coleção da artista Registro fotográfico Fabiana de Barros 65 LEO AYRES Operação Camuflagem, 2006/2007 Video, 8 min Coleção do artista 66/67 LOURIVAL CUQUINHA Old Glory Financial Art Project, 2011 999 dólares em papel moeda costurados em linha de algodão e mastro de cobre

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71 NAZARENO Valentes, 2009 Nanquim s/papel 32x21cm cada Coleção do artista 72/73 NELSON LEIRNER Stop, 2006 técnica mista 150x15x25 cm Coleção Walton Hoffman 74 NUNO RAMOS Balada, 1995 Livro com 896 páginas atravessado por uma bala de revólver calibre 22 que se aloja na página 700 23x18cm Tiragem 100 exemplares Coleção Maneco Muller NUNO RAMOS Balada, 1995 Livro de 896 páginas atravessado por uma bala de revólver calibre 38 que se aloja na página 700 23x18cm Tiragem 100 exemplares Coleção Maneco Muller 75 RAFAEL ASSEF Sassi Grill Bar Ltda da Série Lâminas, 2005


Fotografia 168x134x6cm Cortesia Galeria Vermelho RAFAEL ASSEF Série Lâmina, 2005 Fotografia 168x134x6 cm Crédito Cortesia Galeria Vermelho 76 REGINA SILVEIRA Encuentro, 1991 Plotter Medidas variáveis Coleção da artista 77 VICENTE DE MELLO O Par, 2007 Fotografia 50x80cm Coleção do artista 78 WALTER GOLDFARB Fausto – Onde está Margarida?, 1999 Gobelin, têmpera, carvão, óleo, fogo e grafite s/tela 300x200cm Coleção do artista 79 WALTON HOFFMAN Por que no te callas?, 2007/2008 Madeira e ferro 81x60x34cm Coleção particular 80/81 MAURÍCIO DIAS & RIEDWEG Os Raimundos, os Severinos e os Franciscos vídeo 1998 Mera vista point vídeo 2002 Cão que ladra não morde vídeo 2009 Cortesia Galeria Vermelho 82/83 MARCELO AMORIM Educação para o amor, série Iniciação, 2011 Óleo s/tela 100x80cm, 40x50cm, 60x80cm Cortesia Galeria Oscar Cruz

Objeto Sangue, 2007 O RH +, acrílico e vidro 16x10x10cm Coleção da artista 85 NAZARETH PACHECO Sem Titulo, 1998 Acrílico, cristal e agulhas 400x54x26cm Coleção da artista 86/87 RICARDO BECKER Desfazer imagem, 2007 Vidro, espelho e talco 160x120cm Coleção do artista 88 ROSANA PALAZYAN, 1998/2011 Vídeo de Rosana Palazyan e Fabio Carvalho baseado em obras de Rosana Palazyan (1991 à 1998) Cor, estéreo, 11 min 38 s 89 ANALU CUNHA Call me back, 2011 Vídeo digital, looping Coleção do artista ANALU CUNHA Sonhos com vôo, 2007 Video digital, 4 min 40 s Coleção do artista 90 BRUNO VILELA Bibbdi bobbdi boo, 2009 Impressão jato de tinta s/papel 150x100cm Coleção do artista 91 CADU Ás de Espadas, Série Lisboa, 2010 Corte a laser s/cartas de baralho 9x6,5cm cada Coleção do artista 92/93 FERNANDA FIGUEIREDO & EDUARDO MATTOS Festim diabólico, 2010 Fotografia, moldura de madeira e vidro 150x100cm Coleção Walter Goldfarb

84 NAZARETH PACHECO

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94/95 JULIA DEBASSE Infernos particulares, 2011 Acrílica e caneta s/papel 40 kilos 68x95cm Coleção da artista

Dimensões variáveis Coleção do artista

96/97 GISELA MOTTA & LEANDRO LIMA Você Para (You Stop it), 2008 2 canais de vídeo sincronizados, loop, sonorizado Coleção do artista

108/109 ALEXANDRE MURUCCI

98 LOUISE D.D (...E viveram) Felizes para sempre, 2008 Caixinha de veludo e comprimidos de Viagra 3,5x6,5x5,5cm Tiragem de 5 Cortesia Cosmocopa Arte Contemporânea 99 MARCELO CIDADE Pequenos Delitos, 2007 Aquarela s/papel canson Caixa com 25 desenhos, 38x46cm cada Cortesia Galeria Vermelho 100 MÁRCIO BANFI I feel love, 2006 Vídeo instalação, 8 min 15 s Coleção do artista 101 MARCOS CHAVES Série Hommage aux Mariage, 1989/2011 Barbeadores de plástico e fio de nylon 11x3x2cm Coleção do artista 102 PONTOGOR A pair of lungs, 2009 Fotografia. Impressão digital sobre papel fotográfico 125x70cm Coleção do artista 103 RAFAEL PERPÉTUO Orientações, 2008 Nanquim e caneta permanente s/papel Fabriano Dimensões variáveis Coleção do artista 104/105 RAUL MOURÃO Sem título, 2011 Aço 1020

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AÇÕES

110/111 CLÁUDIA BAKKER 112/113 COLETIVO FILÉ DE PEIXE Piratão 114/115 LAURA LIMA Palhaço com buzina reta monte de irônicos, 2007 Performance Máscara de papel machê e lápis óleo, roupa de palhaço de tecido, colarinho de tule, sapatos de couro, buzina, tubos de pvc 116/117 LUANA AGUIAR Roleta Russa 118/119 OPAVIVARÁ Cerimônia do Chá 120/121 ROMANO 122/123 RONALD DUARTE Traçantes


EXPOSIÇÃO Curadoria Daniela Name PROJETO Leo Ayres Coordenação Geral Nara Reis | Amanda Bonan

CATÁLOGO COORDENAÇÃO EDITORIAL Raquel Silva | Izabel Ferreira PROJETO GRÁFICO Mauro Campello TEXTO Daniela Name FOTOS Paulo Jabur | Raquel Silva | Acervo artistas REVISÃO DE TEXTOS Rosalina Gouveia

Design de Montagem Bruno Castello ILUMINAÇÃO Kugler | Well Ribeiro Programação Visual Victor Aragão COMUNICAÇÃO Raquel Silva Museologia Roberta Leite ASSISTENTE DE CURADORIA Nice Maria Jourdan MontaGEM Pablo Vilar | Estúdio Guaiamum

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Antonio Dias Carlos Vergara Cildo Meireles Eduardo Brandão Equipe do Memorial da América Latina Lenora de Barros Maneco Muller Marcos Augusto Gonçalves Nelson Leirner Regina Silveira Walton Hoffmann

MONTADORES Alesandro Nicolau | Elvis Almeida Oliveira | Gustavo COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA & MONITORIA Rômulo Sales | Alessandra Caetano Seguro JMS Seguros Sinalização AJB Comunicação Visual | Wilson Brito Transporte Art Quality Produção Executiva Izabel Ferreira | Memória Visual Produção Cultural produção Coletiva Projetos Culturais PATROCÍNIO Caixa Econômica Federal

AGRADECIMENTOS A Gentil Carioca; Ana Buarque; Ana Fay; Ângela Barbour; Ateliê Adriana Varejão (Ana Buarque e Flávia Metzler); Ateliê Cildo Meireles (Bernardo Damasceno, Marisa Calage e Rubens Teixeira dos Santos); Ateliê Daniel Senise (Fernanda de Castro e Marianne Giuliano); Ateliê Raul Mourão (Quito); Bruna Lobo; Bruno Monnerat; Bolsa de Arte do Rio de Janeiro; Cesar Seabra; Cosmocopa Arte Contemporânea; Eduardo Brandão; Eduardo Mattos; Eduardo Simões; Emma Thomas; Galeria de Arte; Fábio Carvalho; Fernanda Figueiredo; Galeria Emma Thomas; Galeria Vermelho; Galeria Millan; Jean Meeran; Jorge Saldanha; Luciano Figueiredo; Lurixs Arte Contemporânea; Maneco Müller; Marcos Gallon; Mauro Saraiva; Mônica Rubinho; Multiplo – Espaço Arte; Nathália Cruz; Nelson Leirner; Roberta Alencastro; Thiago Mata Machado; Walter Goldfar e Walton Hoffmann



PATROCÍNIO

134 Distribuição gratuita / Comercialização proibida


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