Anima Mystica Revista Digital Vol 3 No 1

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sentante religioso, algo deveriam opinar, até mesmo ouvi-los, quanto menos os representantes de outras religiões, maioritárias ou não, porque acreditamos que é a imanência do direito e não o número de beneficiários, o que deve ter-se em conta no que diz respeito ao reconhecimento do mesmo. Mas por mais importantes que sejam não queria perder-me nas diversas ramas e centrar-me no que transparece deste acordo. Por um lado parece-me estranho que a Igreja Católica tenha decidido eliminar das festividades portuguesas uma das celebrações religiosas, não o esqueçamos - mais antigas, populares e multitudinárias. E por outro lado, creio chegar a entender o que fói que motivou esta decisão? … nunca foi o 1º de Novembro tão santo para eles como sagrado tem sido sempre para nós Não é de admirar que a Igreja Católica tenha clamado primeiro contra o paganismo das nossas festas, em seguida contra a banalização das já cristianizadas e finalmente contra ambos os pressupostos. Um argumento meio enganador e meio absurdo já que todas as efemérides remarcadas, e uma boa parte das menores do seu calendário religioso, são um plágio descarado do calendário festivo pagão. Podemos recordar as palavras do bispo católico de Sigüenza-Guadalajara, D. José Sánchez, tenor da voz de alarme que deu a Conferência Episcopal Espanhola em 2009 porque “Halloween não é uma festa inocente“, que veio a dizer que ”a impulsos do comércio, do consumo e da moda, costumes como estes, pagãos, importados, prevaleçam e até desloquem costumes cristãos como a devoção aos santos e a oração pelos defuntos“. Nem sequer me interessa hoje refutar pela enésima vez tais falácias, mas sim afirmar

que para esta Confissão religiosa a nossa festividade sagrada supõem um grave problema que procuram resolver de qualquer maneira, e não quero que nos desviem de que esta é uma estratégia que a Igreja Católica está a pôr em prática para tratar de abortar a restituição pagã desta celebração. De facto e vendo que nem tratando de reeducar, com planos especiais os seus batizados, para que se afastassem destas práticas pagãs, conseguiram travar o seu impulso natural, como as que promove o lobby fundamentalista católico ACIPRENSA através das suas páginas, o próximo passo para a frente na liderança da Conferência Episcopal Portuguesa, nesse país é claramente significativo. Perdendo a consideração de feriado no calendário laboral, a Igreja Católica reconhece estar a ceder abertamente a autoridade de uma festividade religiosa que nunca lhe pertenceu, aos seus verdadeiros depositários, os pagãos, embora como nos tem acostumados jogue sujo mais uma vez, ao desproteger e conseguir que se trabalhe nesse día, dificulta que se mantenha um seguimento igual ou maior e inclusivamente que muitos a entendam como o que é, religiosa e sagrada, e que seja mais difícil celebrá-la. Não é uma má estratégia mas temo muito relutantemente que esteja condenada ao fracasso, como foi inventar um homônimo para o 13 de Maio, como foi apropriar-se da data em sí sobrepondo os seus credos, como tem sido impedindo ou demonizando o seu aspeto mundano, como será retirá-lo do calendário. É de agradecer em todo o caso que corroborem o que de alguma forma todos sabíamos, que nunca fói o 1º de Novembro tão santo para eles como sagrado o tem sido sempre para nós. Sinceramente acredito que não importa o que façam, não importam as suas artimanhas nem os impedimentos que ponham no nosso caminho, porque a recuperação da nos-


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