Pecuária em Alta - Edição 27

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CORTE

PONTOS CRÍTICOS DO PLANEJAMENTO GENÉTICO

ESTAMOS NO CAMINHO CERTO? por Rodolffo Assis, Técnico de Corte Alta A pecuária de corte passa por uma profunda transformação, nos últimos anos, tornando-se muito mais empresarial. Fazendas com foco em planejamento e gestão eficientes mostram-se muito mais capazes de obter sucesso no setor. Um processo fundamental das propriedades que trabalham com cria é o planejamento genético e, aproximando-se o início de estação de monta, vem a pergunta: estamos no caminho certo? Mas o ponto que deveríamos abordar, primariamente, não seria o caminho, mas sim o destino. No caso do melhoramento genético, o destino é chamado de “objetivo de seleção”. O que valorizar? O objetivo de seleção pauta as decisões que tomaremos no processo de melhoramento genético. Nele devem estar contidos os itens de maior valor. Em pecuária de corte, diferente do melhoramento em caninos e equinos, o valor deve ser quase sempre ligado à lucratividade. Mas lucro para quem? Apesar da margem do selecionador ser fundamental, o objetivo de seleção deve contemplar também a lucratividade de toda a cadeia.

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PECUÁRIA EM ALTA

Por exemplo: um pecuarista que realiza apenas cria não deve objetivar apenas o peso ao desmame, mas sim, incluir no objetivo de sua seleção características que gerarão lucro aos pecuaristas que adquirirem esses bezerros. Dessa forma, se a clientela deste criador for terminar esses bezerros sem castração e a pasto, questões de acabamento não devem ficar de fora do objetivo de seleção, assim como a eficiência alimentar caso esses clientes realizem a terminação em confinamento. Só assim haverá sustentabilidade em toda a atividade. O que o mercado valoriza? Outro erro comum é a falta de visão de mercado. Vemos muitos criadores que formam seus objetivos baseados em valores que não são reconhecidos pelo mercado, o que pode gerar frustração e prejuízo. Temos de ter consciência de que o preço obtido estará ligado ao valor que há no mercado, seja ele geral ou um nicho, o qual não é necessariamente o mesmo valor que estava na mente do criador. Lembramos também que, em gerar, criar valor em produtos não é uma tarefa fácil. Normalmente, além de tempo,

há necessidade de investimento em marketing. E o futuro? De outro lado, não podemos basear nosso objetivo de seleção apenas no hoje. Precisamos prever alterações estruturais e mercadológicas que enfrentaremos. Como, em gado de corte, o tempo entre a geração do objetivo de seleção e a colheita dos primeiros resultados não é curta (cerca de dois anos para quem realiza cria e três anos para quem faz ciclo completo), se olharmos só para o agora poderemos estar com um produto que não atenderá às necessidades do momento. Custos de insumos, valores de bezerros e arroba e alteração no tipo de produto com maior demanda são exemplos de itens de mercado que podem ser alterados. Mas alterações internas também devem ser verificadas. O objetivo de seleção de uma propriedade de ciclo completo que pretenda construir um confinamento em até dois anos, por exemplo, já deve conter itens que gerarão maior lucratividade com este sistema de terminação, como eficiência alimentar. Após bem estabelecido o objetivo de seleção, chega-se à


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