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OLHANDO E

ANALISANDO OS TOUROS por Luis Alfredo Garcia Deragon, gerente da Central Alta CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES DESDE O PONTO DE VISTA REPRODUTIVO

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Muitos clientes e técnicos que entendem de seleção e melhoramento animal fazem questionamentos e emitem opiniões como, “que testículos bonitos, grandes, a bolsa escrotal tem torsão, os testículos estão muito pendulosos” etc. Devido ao exposto, escrevemos as linhas a seguir.

A principal função dos testículos é a produção de sêmen e hormônios que dão sustentação à produção, à libido e às características sexuais secundárias, inuenciada pela testosterona, produzida pelas células de Leydig, que se encontram no espaço intersticial, ou seja, entre os túbulos seminíferos do testículo,

responsáveis pela produção do sêmen. Sabe-se que 84% a 87% do volume testicular são túbulos seminíferos onde é produzido o sêmen. O volume testicular tem uma relação direta com a quantidade e qualidade que, potencialmente, pode ser produzida de sêmen pelos testículos.

Importância do Perímetro Escrotal no melhoramento genético

O perímetro escrotal (PE) apresenta herdabilidade considerada média a alta, com média de 0,50 e está, favoravelmente, associado à idade e à puberdade (inclusive das meias-irmãs dos machos) e à quantidade e qualidade de sêmen produzido. O perímetro escrotal está favorável e, geneticamente, associado à idade ao primeiro serviço, à data do primeiro e segundo parto, ou seja, à fertilidade e ao intervalo de partos.

O perímetro escrotal é importante característica para a seleção indireta da fertilidade, observação documentada, desde 1979, por Brinks e colaboradores. A ANCP (Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores) iniciou a mensuração do perímetro escrotal em 1988 e, no ano de 1995, de forma pioneira, lançou a DEP (Diferença Esperada da Progênie) para perímetro escrotal aos 365 dias e aos 450 dias, dessa forma, dando importantíssimo suporte à seleção para precocidade sexual da raça Nelore.

A relação ao formato testicular e à produção de sêmen foi estudada, pela primeira vez, em 1996, por Bailey, registrando uma maior produção de sêmen em touros da raça Holandesa que apresentavam uma forma alongada e elíptica ou arredondada quando comparada com os testículos esféricos ou arredondados. Ao contrário das raças zebuínas, nas raças europeias, não observamos muitas diferenças de forma.

Na raça Nelore, em estudo com mais de 15 mil tourinhos de, aproximadamente, 2 anos e meio, o formato foi classicado em cinco formas que podem ser resumidas em três formatos para uma compreensão mais simples, registrando-se as seguintes percentagens para os formatos resumidos: longo ou alongado, 32%, ovoide ou elíptico, 62% e arredondado ou esférico, 6%. A herdabilidade foi estimada em 0,22, ou seja, podemos considerá-la moderada, o que permitiria a seleção, evitando o formato arredondando ou esférico que apresenta uma relação menor com a produção de sêmen e, por outro lado, um maior perímetro escrotal, podendo ser um fator de confusão devido a conceitos de que o “maior é o melhor”.

Importância do perímetro escrotal na produção de sêmen O perímetro escrotal é a forma mais prática de avaliar o volume testicular e apresenta alta correlação com outras formas de avaliação.

A literatura estima que um touro com 35 cm de perímetro escrotal os testículos pesam 450 g. Por cada cm que aumenta o perímetro escrotal, o peso aumenta em 50 g e que cada grama produz 15 milhões de espermatozoides por dia.

Considerando que 87% do peso testicular é parênquima testicular, ou seja, são túbulos seminíferos, estima-se que um touro com 38 cm de perímetro escrotal produziria, aproximadamente, 7.8 bilhões de espermatozoides por dia, um de 35 cm produziria 6 bilhões e um de 40 cm, 9.1 bilhões, o que são diferenças muito signicativas desde o ponto de vista de espermatozoides disponíveis para o serviço na monta natural ou na produção de sêmen congelado.

Importância das caudas dos epidídimos

O sêmen produzido em forma contínua pelos testículos em ciclos de, aproximadamente, 45 dias é amadurecido, ele adquire a capacidade de fecundação durante a passagem nos epidídimos, demorando essa passagem, aproximadamente, 12 a 15 dias. Quando observamos os testículos atentamente, podemos identicar protuberâncias na extremidade inferior dos testículos. Essas são as caudas dos epidídimos. Elas têm a função de armazenar os espermatozoides produzidos nos testículos. As caudas destacadas ou volumosas nos dão uma ideia da capacidade de estocagem e, por consequência, do volume de sêmen que pode ser ejaculado após o recrutamento gerado pela estimulação sexual. Em uma análise de 5.667 ejaculados, coletados através da vagina articial, constatamos que os touros com caudas destacadas produziam, em média, 13,4 bilhões totais de espermatozoides por ejaculado e os touros que, na observação visual as caudas não apareciam destacadas, produziam 10,7 bilhões, sendo uma diferença de produção signicativa. Podemos estar falando de, aproximadamente, 460 doses contra 350 doses por coleta, ou seja, uma diferença de 24%, o que podemos considerar como muito importante nanceiramente. Ainda muito importante, não encontramos relação do tamanho das caudas com o perímetro escrotal. São características que “andam separadas”.

Considerando touros em monta natural, os touros com circunferência escrotal grande, com caudas destacadas, com boa qualidade seminal e provados na sua capacidade de monta, podem receber um número alto de fêmeas.

Considerações nais

Quando observamos a bolsa escrotal e reparamos uma pequena torsão dela, não deveríamos nos preocupar. Assim como pequenas diferenças entre os testículos, essas alterações não encontram suporte na ciência de que prejudicam a produção de sêmen ou longevidade dos touros. Testículos pendulosos de animais jovens poderiam ser um indicativo de problemas futuros. Testículos muito grandes também deveriam ser evitados, já que, normalmente, estão mais expostos a traumatismos por maior pendulosidade devido ao peso.

Entendo que não podemos ter dúvidas sobre a importância do tamanho testicular quando o macho ainda é jovem, assim como não ter dúvida sobre os tamanhos das caudas dos epidídimos.

Luis Alfredo Garcia Deragon, gerente da Central Alta Possui Mestrado em Sanidade Animal pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Tem experiência na área de Medicina Veterinária, com ênfase em Reprodução Animal.

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