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Março de 1967). AOCF

No ano seguinte (1968), foram completados dez anos do período de estágio em Paris. A pesquisa de Orlando iniciada naquele local aparecia somente parcialmente em textos esparsos, como “Para uma introdução ao estudo do produto bibliográfico” , publicado no final do ano na Revista do Livro. 21 Seus estudos somente ganham uma divulgação realmente maciça com os verbetes do Dicionário Aurélio Buarque de Holanda. 3972 sobre bibliografia foram entregues em 20 de janeiro daquele ano, sendo complementados por outros 250 escritos posteriormente. Em valores atuais, corrigidos apenas pelo valor do salário mínimo e pelas mudanças no padrão monetário, cada verbete custaria R$ 6,50 e o valor final, recebido por todos os 4222 verbetes registrados no diário, seria equivalente a R$ 27.443,00. Este valor é apenas uma mensuração aproximada, pois o salário mínimo não sofreu reajustes reais e perdeu muito do seu valor de compra nas últimas décadas. O primeiro volume do diário se encerra assim:

já preparei um outro caderno azul que está datado de 27 de dezembro de 1958 e cujas primeiras páginas (umas quatro) contiveram minhas primeiras anotações de viagem, suspensas e eliminadas, em partes transpostas para este, cuja primeiras páginas também foram eliminadas e recopiadas. [...] é difícil despedir-me desse caderno. Quero recomeçar prontamente com os lugares. E no outro caderno, o de folhas presas, é como se eu mudasse de instrumento. De certo modo, é, ao mesmo tempo, uma despedida e uma retomada: adeus (DIÁRIO, VOLUME 1, RIO, 22/3/1968: 127).

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21 FERREIRA, Orlando da C. Para uma introdução ao estudo do produto bibliográfico. In: Revista do Livro, no. 35, Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional,1968.

1.6 Imagem e letra, definições.

O ano de 1968 é o ano do nascimento de Imagem e letra no seu formato definitivo. OFC registro muito pouco sobre ele, pois uma grande parte das entradas no diário passam a ser exclusivamente sobre a sua genealogia. Em 26 de junho daquele ano, Orlando da Costa Ferreira comenta:

ABH [Aurélio Buarque de Holanda] me entrega mais: Regionalismo e Biblioteconomia. REMAG me pede um pequeno artigo sobre ofsete e tipofsete: vai adotar essas minhas grafias, inclusive em anúncios. Renovação completa do “sistema”, que perde esse nome. alija o problema dicionarístico e os heterônimos: tornou-se apenas “A Imagem e a letra” e tratará de técnica e do resumo histórico de cada coisa [...] (DIÁRIO, VOLUME 1I, RIO, 26/6/1968: 8) (GRIFO MEU).

Além de terminar a colaboração com mais 250 verbetes de biblioteconomia, OCF começa a consolidar Imagem e letra, finalizando o segundo capítulo. A extensão do escopo, a ambição pelo rigor absoluto e as dificuldades de conciliar o livro com suas atividades rotineiras fizeram com que o autor tivesse dúvidas sobre a conclusão de mais esse projeto, como podemos ver no trecho selecionado: Novas traduções: “I e L” [Imagem e letra] de novo imobilizado. Organização do documentário em forma de folhetos, recebidos, comprados, solicitados – para prosseguir. Primeira interrogação: Chegarei mesmo, um dia, a acabar esse livro? Este, pelo menos, seria bom de ver, acabado e impresso. O profundo sono desta fria tarde de sábado ainda me solicita agora à meia-noite [...] (DIÁRIO, VOLUME 1I, RIO, 31/8/1968: 8) (GRIFO MEU).