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AOCF

Figura 24 – Foto de Orlando da Costa Ferreira tirada por Gastão de Holanda. AOCF.

O livro continua na editora à espera do desfecho de sua situação econômica, que é má, como todos sabem. Acabo de fazer anotações em diversas fichas e, mais uma vez, percebo, inteiramente convicto, como vai ser importante no futuro, e no futuro não muito distante, a pesquisa de artes e industrias gráficas no Brasil. Na qual terá relevo a história dos processos fotomecânicos: As mais humildes clicherias terão a sua história. O braço está um pouco melhor, mas a perspectiva não é boa. Ao aproximar-me do início de uma nova faixa de tempo, sinto muito medo. Desde o início do ano, penso nos meus mortos [...] (DIÁRIO, VOLUME 1I, RIO, 15/6/1975: 33) (GRIFO MEU).

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2 – IMAGEM E LETRA, A CONCRETIZAÇÃO DO PROJETO

Dezessete anos, esse foi o tempo que Orlando da Costa Ferreira demorou para concluir a parte sobre a imagem gravada de Imagem e letra, em 1975. Podemos dizer que essa caminhada começou antes, em 1949, quando ele fez o seu primeiro curso de biblioteconomia ou, antes ainda, na infância, quando ele se apaixonou pelas letras e começou a decifrá-las sozinho. Qualquer que seja a nossa abordagem, foi o maior trabalho de sua vida, mas não “o” trabalho de sua vida. O trabalho de toda a vida de Orlando é maior que o primeiro volume de Imagem e letra. Como vimos anteriormente, OCF comenta em seu diário que Imagem e letra trata da “técnica e do resumo histórico” das artes gráficas. Estas estariam contempladas em todos os seus aspectos no Sistema das artes de reprodução. Este projeto, que nasceu da junção de diversos projetos ao seminal Imagem e memória, se chamaria posteriormente "Introdução à bibliografia descritiva e à história das artes de reprodução” (MELO, 1976: 43) e seria constituído por quatro volumes, uma bibliografia − dividida em duas partes − uma cronologia e uma iconografia. Ao reorganizar essa proposta no formato final, graças, com certeza, à influência do editor e amigo José Laurênio de Melo, Orlando da Costa Ferreira acabou por se tornar o primeiro pesquisador a escrever um livro a dar a devida importância à história gráfica brasileira. Um precursor em estudos sobre memória gráfica que só muito tempo depois seriam encontrados em maior número (CARDOSO, 2009). Encontramos dentro do AOCF os originais da primeira versão de Imagem e letra que foram datilografados em trinta (30) capítulos listados a seguir: