Capas da editoria mundo gazeta do povo 2013

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GAZETA DO POVO terça-feira, 11 de junho de 2013

www.gazetadopovo.com.br/mundo Editor EXECUtiVo: RHODRIGO DEDA Editor rEsponsáVEl: CÉLIO MARTINS

Relações inteRnacionais

Presença do irã em países da américa latina será mantida após a eleição presidencial, preveem analistas

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Mundo

❚❚Página 24

>>>> seguRança

EUA investigam delator de “grampo” Glenn Greenwald/Guardian

“Nós (EUA) hackeamos todo mundo em qualquer lugar. Posso ver os seus e-mails, senhas do seu cartão de crédito ou o celular da sua mulher. Eu não quero viver em um mundo onde tudo o que eu faça e fale seja registrado.”

“A extensão da capacidade da NSA é horripilante. Uma vez que você está na rede, posso identificar sua máquina. Você nunca estará seguro, em nenhum lugar, mesmo que coloque qualquer proteção.”

Edward Snowden,

Edward Snowden,

ex-assistente técnico da CiA que revelou o esquema de monitoramento dos EUA.

ex-assistente técnico da CiA que revelou o esquema de monitoramento dos EUA.

Governo norteamericano estuda como buscar edward Snowden no exterior. Paradeiro de técnico da Cia é desconhecido

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Washington Agência O Globo

❚❚As agências de investigação e inteligência dos Estados Unidos deflagraram ontem uma caçada ao ex-técnico da CIA Edward Snowden, de 29 anos. Como funcionário terceirizado de uma das principais firmas prestadoras de serviços ao Pentágono, ele é o responsável confesso pela exposição de dois programas ultrassecretos de monitoramento e coleta em massa de dados telefônicos e eletrônicos pelo governo americano. Enquanto o presidente Barack Obama e sua equipe

O “big brOther” de Obama Espionagem do governo dos EUA vai de empresas telefônicas a ataques cibernéticos. Ligações no dia 5, o jornal Guardian publicou uma ordem do tribunal de Vigilância e inteligência externa que exigia que a empresa de telefonia Verizon entregasse à agência nacional de Segurança (nSa) os registros de ligações de milhões de clientes.

Catálogo

no dia seguinte, o Guardian e o

em 7 de junho, os dois jornais revelaram uma diretriz da Casa Branca pela qual obama ordenara às agências de inteligência

optavam pelo silêncio, segundo informações extraoficiais, o FBI (a polícia federal) fazia operações de busca na casa e no computador de Snowden, no Havaí, e entrevistas com sua namorada, mãe, pai e madrasta em três estados. A CIA, agência central de inteligência, tentava determinar a localização do ex-fun-

cionário, cujo último paradeiro conhecido é Hong Kong. Snowden deixou os EUA no dia 20 de maio e estava hospedado no Mira Hotel, na região central de Hong Kong, até a manhã de ontem, e não se tem conhecimento do seu destino desde então. Para levá-lo à Justiça — uma investigação criminal

já foi aberta domingo —, o governo americano precisa trazê-lo de volta ao país. E, por isso, começou a pressão de alas políticas por extraditá-lo. O ex-técnico tanto pode pedir asilo a Hong Kong — com o qual os EUA mantêm um tratado de extradição, o que seria arriscado para ele — como a outro país.

Internet

Andy Rain/EFE

Ciberataques

PressãO eurOPeia Chanceler da Alemanha pedirá esclarecimentos a Barack Obama

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Londres Folhapress

❚❚O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse ontem que Edward Snowden é um herói que expôs um dos casos mais sérios da década. Seg undo A ssange, Snowden está agora em uma “posição muito séria”. Para o fundador do WikiLeaks, a mesma retórica que foi aplicada contra ele e contra Bradley Manning – soldado americano julgado pelo vazamento de milhares de documentos secretos ao WikiLeaks – será usada contra o Snowden. Manning começou a ser julgado no dia 3 deste mês. Entre as 22 acusações que enfrenta, a mais grave é de “conluio com o inimigo” por ter transferido ao WikiLeaks informações confidenciais sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão e mais de 250 mil documentos do Departamento de Estado. Assange, que vive há quase um ano na embaixada do Equador no Reino Unido, afirmou ainda que está em

estabelecer uma lista de países que poderiam ser alvos de ataques cibernéticos americanos. Segundo o Washington Post, os eua tinham começado a colaborar com países vizinhos do irã diante da ameaça que a nação representaria para a segurança informática americana.

no último sábado, o Guardian informou sobre a existência de outro programa que permite à nSa recopilar dados em função da origem da informação. a prática seria dirigida à ciberespionagem no exterior.

Para fundador do Wikileaks, snowden é herói ❚ ❚

Washington Post revelaram a existência do programa secreto de vigilância Prism, que autorizava a nSa e o fBi a acessarem os servidores das nove maiores empresas de internet dos eua, entre elas Microsoft, Google, facebook e apple. Com essa prática, instaurada em 2008, o governo poderia reunir arquivos, chats, áudios, vídeos, e-mails e fotografias de usuários.

“Snowden revelou um dos eventos mais sérios da década.” Julian Assange

contato com o “pessoal de Snowden”, mas se recusou a dar mais detalhes. Ele descreveu Manning e Snowden como homens “sérios que acreditam em algo e demonstraram grande coragem”.

BerLim

Agência Estado

a chanceler da alemanha, angela Merkel, vai pedir esclarecimentos ao presidente dos estados unidos, Barack obama, sobre o recém-revelado programa norte-americano de espionagem eletrônica dedicado a, entre outras coisas, coletar dados de estrangeiros engajados em atividades “suspeitas”. em Bruxelas, autoridades da união europeia (ue) manifestaram ontem a intenção de aproveitar uma reunião ministerial transatlântica prevista para começar na quinta-feira em dublin para questionar seus homólogos norte-americanos sobre o impacto do programa Prism sobre a privacidade de cidadãos europeus. o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, disse a jornalistas ontem que Merkel questionará obama sobre a atuação da agência de Segurança nacional dos eua (nSa, na sigla em inglês) quando o norte-americano visitar Berlim na semana que vem. o escândalo de espionagem tem potencial para atrapalhar

uma reunião de cúpula prevista para o dia 18 e por meio da qual os dois líderes pretendem reafirmar os fortes laços entre eua e alemanha. Será a primeira visita oficial de obama a Berlim desde sua chegada à Casa Branca. obama tem saído em defesa dos programas secretos de espionagem que recentemente vieram a público como “necessários para defender os eua do terrorismo”. os comentários de obama, no entanto, pouco serviram para aplacar as preocupações da alemanha e de outros países europeus que rotineiramente recorrem aos serviços de tráfego de voz e dados de sites baseados nos eua. as leis europeias de privacidade são mais avançadas que as dos eua e seus cidadãos costumam defender esse direito com muito mais vigor. o Ministério de interior da alemanha já está em contato com autoridades norte-americanas para determinar se a espionagem infringiu a privacidade de cidadãos alemães. em Londres, o secretário de exterior do reino unido, William hague, negou que o governo britânico teria usado informações fornecidas pelos norte-americanos para contornar as leis britânicas.

O republicano Peter King, presidente do subcomitê de Segurança Interna da Câmara, pediu urgência ao governo nas medidas para garantir a extradição de Snowden. Mas, no próprio partido, houve vozes dissidentes. Líder libertário, o ex-candidato a presidente nas primárias de 2012 Ron Paul defendeu que os alvos da ira norte-americana devem ser o governo e seu programa de espionagem dos cidadãos. “Devemos estar agradecidos a indivíduos como Snowden, que vê injustiça conduzida por seu próprio governo e vem a público, a despeito dos riscos”, disse Paul. As declarações mostram como os EUA amanheceram divididos sobre Snowden. Ativistas de direitos civis o consideram um herói, enquanto atuais e ex-agentes das forças de segurança o tratam como traidor. A estratégia para buscar Snowden no exterior envolve tanto as delicadas relações com a China quanto com nações aliadas.

empresas voltam a negar colaboração em programa ❚❚Apesar de o jornal The New York Times ter revelado, no último fim de semana, que as empresas de internet negociaram com o governo americano formas de acesso a dados de seus usuários, as companhias voltaram a negar que tenham participado de um programa de vigilância. Procuradas ontem para comentar a informação do jornal, as empresas disseram que não disponibilizaram ao governo dos Estados Unidos acesso direito a seus servidores. Também não informam se usuários do Brasil, um de seus principais mercados, foram monitorados. Reportagem do NYT informou que Facebook e Google chegaram a discutir a criação de um portal onde o governo poderia solicitar informações sigilosas, e as empresas os forneceriam. O Twitter teria sido a única companhia a se recusar a colaborar. Em nota, o Facebook no Brasil afirmou “só fornece informações na medida exigida pela lei”.


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