1
A luz natural como elemento de qualificação do espaço arquitetônico Aline Cristiane Vieira – alinevieira_arq@hotmail.com Master em Arquitetura e Iluminação Instituto de Pós-Graduação - IPOG São Paulo, SP, 10 de janeiro de 2018 Resumo Este artigo busca compreender aspectos relacionados a iluminação solar em projetos de arquitetura através do estudo de suas vantagens, possibilidades de utilização e influência na percepção do usuário. Questionam-se maneiras de se obter o aproveitamento máximo da luz natural e seus beneficios enquanto elemento de qualificação do espaço, de forma que os profissionais possam avaliar seu potencial como partido determinante nas escolhas do projeto. O objetivo deste artigo é ser uma fonte inicial de informações para arquitetos e projetistas que buscam incorporar a previsão solar no desenvolvimento de seus trabalhos, considerando-se a extensão do tema e a disponibilidade de material específico para pesquisas mais direcionadas. Como metodologia foi utilizada a pesquisa bibliográfica baseada em material científico (livros, revistas, artigos e teses) e através de meios eletrônicos (sites especializados). Os resultados encontrados indicam que é possível incorporar estratégias para a utilização efetiva da iluminação natural em edificações, de acordo com os objetivos do projeto e as intenções do uso do espaço com relação ao usuário final. Concluiuse, portanto, que o adequado estudo das condições de disponibilidade de luz e da incidência solar no local de implantação, aliado a aplicação de estratégias de controle e de projeto que considerem a finalidade dos espaços e a resposta dos indivíduos, oferecem resultados positivos com relação a qualificação da arquitetura, tanto em aspectos funcionais e energéticos quanto em sua humanização. Palavras-chave: Iluminação natural. Arquitetura. Projeto. Psicologia ambiental.
1. A luz e o espaço Ainda que toda arquitetura seja uma construção, nem toda construção é, de fato, arquitetura. A arquitetura, além de compreender aspectos construtivos e funcionais como qualquer construção, proporciona algo que está além do que é visível: ela relaciona o usuário a elementos imateriais – o vazio, os sons, as cores, os odores. Intermedia a interação entre o espaço as percepções daqueles que entram em contato com seus significados. Está relacionada a necessidades emocionais, culturais e, por vezes, espirituais. Um dos componentes fundamentais para a arquitetura é a luz, afinal, o espaço não possui qualquer experiência ou interação visual sem ela. A luz está relacionada à sensação de tridimensionalidade – define contornos, volumes, formas, contrastes, permite a identificação de ambientes e o reconhecimento de objetos. É a luz que produz a sensação de espaço. O espaço é aniquilado pela obscuridade. A luz e o espaço são inseparáveis. Se a luz é suprimida, o conteúdo emocional do espaço desaparece, tornando-se impossível de perceber... a essência do espaço se faz na interação dos elementos que o limitam (GIEDION, 1986, p. 467 apud BARNABÉ, 2008, p. 467).
Segundo Barnabé (2008), “a luz é a ‘consciência da realidade’. O mundo existe enquanto é sentido, tocado e sobretudo, visto”. Nesse sentido, o significado da palavra iluminar está além da intenção de prever condições adequadas de luz para determinada atividade: iluminar é