Sidney Amaral

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Aline Abreu

Ficha Técnica

Uma vida em cores – Sidney Amaral

Autores: Aline Abreu

Revisão: Aline Abreu

Capa: Aline Abreu

Nº de edição: 1º edição

Ilustrador: Aline Abreu

Editor: Aline Abreu

Local: São Paulo SP

Data: 07/08/2023

Fontes: Swung Note, Mak (2023), Book Antiqua

Fica Catalográfica

S285ad

Silva, Aline Abreu

História de Vida / Homenagem/ Coletânea de Obras . SP– Brasil/ Brasil: SENAC SP, 2023.

00 p. 00 X 00 cm

ISBN 000-00-8-0

1. Obra de Arte. 2. Fotografia. Artista. Auto Retrato, Sidney Amaral

CDD 000.00

Uma Vida em Cores Sidney Amaral

Uma Vida em Cores

Falecido em 2017, o artista Sidney Amaral Um atento observador das questões socioculturais brasileiras, sempre com o olhar analista das problemáticas ao seu redor, era um pesquisador que explorava um mundo de formas e conceitos com sofisticação. Em seus autorretratos é possível observar temáticas proeminentes em sua expressão plástica que circundam o homem negro no Brasil. A arte afro produzida no Brasil teve seu reconhecimento tardio e Sidney nunca conseguiu viver da sua arte, trabalhou como professor em escola estatual e teve sua vida interrompida muito cedo aos 47 anos por causa de um câncer.

Este livro reúne algumas obras do artista Sidney Amaral.

Capítulo 1

Resumindo Sidney Se é que é possível

Capítulo 2

Obras - Autorretratos

Capítulo 3

Obras - Autocríticas

Capítulo 4

Obras - Artes plásticas

6 12 26 34

Sumário

Capítulo 1 Resumindo Sidney

Se é que é Possivel

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Uma Vida em Cores

Sidney Amaral

Sidney Carlos do Amaral (São Paulo, São Paulo, 1973 – Idem, 2017). Artista visual e professor. A extensa produção de Amaral explora, em diferentes linguagens, a versatilidade poética e formal dos objetos cotidianos. Nas pinturas, problematiza questões identitárias, ampliando o debate artístico brasileiro sobre a representação do homem negro contemporâneo.

Na década de 1990, estuda no Liceu de Artes e Oficios de São Paulo (LAOSP), na Escola Panamericana de Artes, na ECOS Escola de Fotografia e forma-se em Educação Artística pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em 1998. No ano seguinte, é aluno da artista Ana Maria Tavares (1958) no curso de orientação e desenvolvimento de projetos artísticos do Museu Brasileiro de Escultura (Mube). Durante toda a carreira, concilia a produção artística com o trabalho de professor de artes na rede pública de ensino. Em 2001, realiza a primeira exposição individual no Centro Cultural São Paulo (CCSP).

Interessa-se a princípio pela elaboração de objetos prosaicos, deslocados de contexto e forjados em materiais nobres, como o mármore, o bronze e a porcelana. A série Balões em Suspensão (2009) explora paradoxos semânticos e visuais entre a leveza da forma e o peso do bronze, a delicadeza do polimento dos balões e a rusticidade da corrente de motosserra que os prende. Elege temas impalpáveis e efêmeros, como Os Chinelos da Namorada (2 versão, 2014), escultura na qual o bronze polido sublima e fixa um episódio cotidiano. O encontro do refinamento material com a banalidade temática provoca tensão entre ambos, já que tema e formas estão longe do sintetismo e da idealização associados aos materiais nobres.

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O autorretrato fotográfico é usado como suporte para a criação de pinturas nas quais o artista se coloca em meio a objetos que falam de relações afetivas. Essas relações são amplificadas pela dramaticidade narrativa e por uma atmosfera enigmática e perturbadora, familiar à pintura metafísica. Muitos de seus personagens se encontram em situações de impasse. Em Imolação (2009/2014), o autorretrato descreve uma “auto-imolação”, que para Amaral pode ser interpretada como libertação: “ao ver no meio da tela um homem com uma arma apontada para a cabeça, a primeira coisa que se pensa é que a pessoa representada no quadro quer se matar. Mas não é verdade. Justamente por isso eu coloco o nome de Imolação. Imolação é aquilo que se faz por uma coisa maior [...] Você está se matando porque não quer ser escravo, não quer perder sua identidade, sua liberdade”

Em residência artística no Tamarind Institute (EUA), em 2013, trabalha questões de identidade racial por meio da litografia. O uso dessa técnica, bem como da aquarela, aproxima sua crônica visual dos registros sobre os escravizados, feitos pelos artistas viajantes no Brasil. Amaral atualiza essa iconografia, dando voz ao sujeito representado. Aquarelas pesadas, introspectivas, com abundantes áreas escuras, contrapõem-se à exterioridade das tarefas registradas pelos viajantes. Em O Estrangeiro (2011), o próprio artista negro é representado num caminho dificultoso rumo ao mundo das artes. Já na aquarela Gargalheira, Quem Falará por Nós? (2014), o instrumento de tortura do passado se mescla à opressão social midiatizada do presente. Une sentimentos de invisibilidade e de superexposição do negro que, interpelado massivamente por microfones, assume silêncio altivo e recusa ao sistema.

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Como observa o crítico Tadeu Chiarelli (1956), a recorrência do autorretrato na obra de Sidney Amaral, assim como na de outros artistas negros em fins do século XIX, pode ser compreendida como meio de afirmação social, profissional e identitária. Na produção de Amaral, dilemas coletivos são trazidos para a primeira pessoa como estratégia expressiva e, assim, ganham concretude.

Contrapondo-se à libertação dos Escravos (1888) de Pedro Américo (1843-1905), obra que alegoriza a abolição segundo o poder imperial, no políptico Incômodo (2014), Amaral oferece-nos a visão de um homem negro que revê a abolição como resistência, luta e incertezas. A princípio, esta obra evoca as alegorias de Glauco Rodrigues (1929-2004) dos anos 1960/70, sobretudo quanto ao ao diálogo do desenho com a fotografia.

No entanto, a narrativa austera de Amaral se afasta do deleite festivo do artista gaúcho. No quadro à esquerda, vê-se a revolta contra a opressão. No centro, danças e personagens emblemáticas como a ama de leite Mônica, extraída da fotografia de João Ferreira Villela (1860), e uma menina que veste sapatos, como símbolo da conquista da cidadania. Ao fundo, o artista se retrata como observador de uma apoteose da cultura negra, que recorda as seguintes personalidades históricas, da esquerda para direita: Francisco José do Nascimento (1839-1914), conhecido como Dragão do Mar ou Chico da Matilde, líder dos jangadeiros nas lutas abolicionistas; os jornalistas José do Patrocínio (1853-1905) e Luiz Gama (1830-1882); e João Cândido Felisberto (1880-1969), o “Almirante negro”, integrante da Revolta da Chibata. No quadro à direita, encontra-se uma gestante e crianças vagando ao fundo da cena.

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Seja na construção de objetos paradoxais, provocadores de uma poesia inusitada, seja nas contínuas investigações sobre a própria identidade e as relações urbanas, Amaral procura não se afastar da característica mais marcante de cada objeto. Para isso, o desenho marcado pela referência fotográfica é seu instrumento de apropriação de imagens e formas.

Através de suas esculturas, pinturas e instalações, Amaral continua a nos surpreender e a nos fazer questionar, incentivando-nos a olhar para além do óbvio e a encontrar significado em tudo o que nos cerca. Seu legado artístico é uma inspiração para as gerações futuras, um testemunho da força da expressão humana e da profunda conexão entre arte e vida.

Em janeiro de 2017 descobriu um tumor cancerígeno incurável no pâncreas, no qual fez tratamentos paliativos priorizando prolongar sua vida com a melhor qualidade e menos dores possíveis. Faleceu dia 20 de maio de 2017, aos 44 anos de idade.

10

São Paulo - São Paulo, 1973

São Paulo - São Paulo, 2017

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Capítulo 2 Obras

Autorretratos

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13 Sem título
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15 Gargalheira ou quem falará por nós?’, 2014
16 Bem Me Quer Mal Me Quer 2011
17
Embate (O Eu e o Outro 2010
18
Inverso
Desejo
19
Dor fantasma, 2014
20
título
Sem
21
Sem título
22
Banzo ou A Anatomia de Um Homem Só 2014
23
Canto Para Ogum
24
Sidney Amaral

Autorretrato

Critícas Sociais

Sidney usava o próprio corpo para nos fazer refletir questões estruturais no país como a violência sobre os corpos de homens negros e pobres.

Nesses autorretratos, ele propõe um posicionamento de afirmação do negro brasileiro frente à história e a realidade de opressão em que sempre viveram.

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Capítulo 3 Obras Autocríticas

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27
O atleta ou o sonho de Kichute, 2013
28
29 Diálogos 2015
30
titulo
Sem
31
Estudo para O Anjo 2016
32
Davi, 2015
33
‘Mãe preta (a fúria de Iansã)

Capítulo 4

Obras

Artes Plásticas

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35 A Fome e a Vontade de Comer 2016
36
37 Todo amor humano, 2014
38 Ressentimento 2014

Artes plásticas

Esculturas que representam objetos cotidianos forjados em materiais nobres como o mármore e o bronze, deslocados de seus contextos originais sendo ressignificados poeticamente ao oporem banalidade e delicadeza, simplicidade e nobreza, efemeridade e permanência. A série Balões em Suspensão (Próxima Imagem) 2009, por exemplo, cria tensões entre a leveza das figuras e o peso do material, entre o delicado polimento das superfícies dos balões e a grosseira corrente de motosserra que os sustenta.

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Balões em suspensão, 2009

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41
Se As Minhas Palavras Não Forem Melhores Que O Meu Silêncio 2011
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Seu desprezo já não pode me ferir

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a mim mesma por não ter desistido deste trabalho.

Obrigada ao professor Douglas, eu gostei mesmo do InDesign (de verdade), no começo parecia difícil mas no final parecia que estava no começo.

Obrigada ao professor Luan por toda orientação e por ter nos aturado nessa UC sem surtar.

Naná, você fez falta! <3

notoriedade de seu trabalho, nunca conseguiu se sustentar financeiramente mais complicado , certa vez afirmou Sidney Amaral (1973-2017) em entrevista

pesquisador que explorava um mundo de formas e conceitos com

Ingressou, em 1991, na Escola Panamericana de Artes, onde estudou desenho, Projetos.

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