Revista Alimentação Animal n.º 125

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL ENTREVISTA

"A SEGURANÇA ALIMENTAR DA UE NÃO DEVE SER CONSIDERADA UM DADO ADQUIRIDO"

Pedro Cordero Presidente da FEFAC.

O senhor assumiu a presidência da FEFAC num

mentas práticas que as auxiliem na transição.

momento conturbado para o mundo e especial-

Há anos que a FEFAC é pioneira no combate à

mente para a Europa. Como encara este desafio

desflorestação através das suas Diretrizes de

neste momento da história?

Fornecimento de Soja e do desenvolvimento de

Nos últimos três anos, tivemos a oportunidade

metodologias (Regras de Categoria de Pegada

de testar a resiliência da nossa economia e, em

Ambiental dos Produtos para produção de alimen-

particular, do nosso sistema de abastecimento

tos compostos para animais) e bases de dados

alimentar. Isto foi uma chamada de atenção clara

(Iniciativa Global Feed LCA) para a avaliação da

para os operadores e autoridades da UE de que

pegada ambiental dos alimentos compostos para

a segurança alimentar da UE não deve ser con-

animais. Espera-se que continuemos com este

siderada um dado adquirido e que a melhoria

tipo de esforço.

do desempenho dos nossos sistemas alimen-

Além disso, a FEFAC apoiará os seus membros

tares no que diz respeito ao pilar ambiental da

com a implementação dos novos regulamentos e

sustentabilidade não deve acontecer às custas

desenvolverá melhores práticas juntamente com

dos pilares económicos e sociais. Esta é uma

os nossos valiosos parceiros da cadeia alimentar,

lição importante a aprender: precisamos de uma

contribuindo, assim, para a produção de alimentos

agricultura forte e produtiva na UE. Precisamos

seguros, saudáveis e nutritivos de uma forma sus-

também de um sistema alimentar menos depen-

tentável, ao mesmo tempo que reduzimos a nossa

dente de Países Terceiros no que diz respeito ao

vulnerabilidade enquanto UE.

fornecimento de ingredientes essenciais para os alimentos compostos para animais, como ali-

Como está a indústria europeia de alimentos com-

mentos proteicos, aminoácidos ou vitaminas. O

postos para animais a responder à instabilidade

conceito de Autonomia Estratégica Aberta deve

na cadeia de abastecimento, particularmente no

tornar-se um ponto de referência para qualquer

que diz respeito às alterações provocadas pela

política futura da UE e os operadores e os gover-

guerra na Ucrânia?

nos devem trabalhar em conjunto no sentido de

Em geral, uma resposta comum às perturbações

garantir acordos comerciais bilaterais eficazes

da cadeia de abastecimento é diversificar as fon-

e equilibrados.

tes de matérias-primas. A indústria dos alimentos compostos para animais explora fornecedores

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ALIMEN TAÇÃO AN IM A L

Quais são os principais objetivos da sua presi-

alternativos de ingredientes-chave para reduzir

dência? O que gostaria de concretizar até 2026?

a dependência de um número limitado de países,

A minha ambição, no seguimento do que foi conse-

por exemplo, para matérias-primas biológicas para

guido pelos meus antecessores, é estabelecer as

alimentos compostos para animais ou milho pro-

bases para uma indústria de alimentos compostos

veniente da Ucrânia. As empresas podem aumen-

para animais preparada para o futuro, servindo os

tar os seus stocks de matérias-primas essenciais

interesses dos criadores de gado da UE e desem-

para se protegerem contra perturbações súbitas

penhando um papel de liderança na transição para

(encerramento do BGI).

cadeias pecuárias mais sustentáveis. Acredito fir-

Infelizmente, relativamente a determinados ingre-

memente que deveríamos dedicar ainda mais esfor-

dientes estratégicos para alimentos compostos

ços para destacar tudo o que o nosso setor está a

para animais, tais como vitaminas ou aminoácidos,

fazer bem e o papel relevante que desempenhamos

atingimos um nível muito perigoso de dependência

na cadeia alimentar. Isto é crucial também para a

de alguns países com os quais a UE não mantém

imagem do setor, se quisermos continuar a motivar

as melhores relações. A mitigação deste risco

os jovens a iniciar uma carreira na nossa indústria.

pode ser conseguida a curto prazo, uma vez que

Também temos de continuar a agir. Mais do que

exige a construção de novas capacidades de pro-

nunca, as empresas precisam do apoio de orga-

dução na UE ou em países terceiros amigos. Para

nizações como a nossa para desenvolver ferra-

tal, contamos com a abordagem da Autonomia


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