Revista :ILHAS nºs 17/18

Desde o seu primeiro número que a :ILHAS se assumiu como um projecto idiossincrático, talvez até mais do que idiossincrático, um projecto singular. Desde as primeiras reuniões em que mais do que ideias trocámos vontades, que o principal do nosso endeavour foi a absoluta necessidade de fazer algo dentro de determinados campos que, achávamos nós, se encontravam ou totalmente abandonados ou inexplorados ou pouco activos no arquipélago. As formas artísticas da contemporaneidade ainda não tinham encontrado nos Açores um espaço próprio para se apresentarem ao público, nem havia um circuito de eventos que potenciasse experiências artísticas actuais, inovadoras. A MUU começou por ser isso mesmo, uma vontade de criar, expor e realizar eventos em áreas da contemporaneidade, nas quais os Açores pareciam condenados a não participar, a :ILHAS era o nosso cartão de visita.

Sustentada por um design forte e surpreendente a :ILHAS foi e será sempre um projecto de imagem, onde os textos são entidades próprias e quase autónomas. A revista é ela própria um objecto gráfico, com uma vida própria. Os temas que escolhemos e os textos que publicámos ao longo destes quase 20 números pretendiam ser sugestões e visões de uma percepção da realidade tão ou mais radical do que a própria imagem da revista. É óbvio que nem sempre os objectivos são conseguidos, mas a preocupação de fazer uma revista inovadora a cada número e preocupada com a sociedade e a região em que está inserida nunca deixou de ser um dos nossos esteios.

Este número, que são dois, pois este é um número duplo - 17 e 18 - da :ILHAS, é mais uma das nossas tentativas de trazer a debate um tema que consideramos fundamental para o futuro da região. Ao associarmo-nos à exposição L'Atalante, queremos acima de tudo participar na discussão e na reflexão que essa exposição propõe sobre o papel da arquitectura na criação artística e na sua relação com o espaço e a sociedade. Hoje, nos Açores, estão, ou já foram construídos, alguns dos mais inovadores e interessantes projectos da arquitectura contemporânea do mundo e é por isso mesmo que cremos serem os Açores um local ideal para que se pense a relação destas novas arquitecturas com o ambiente, a história e as sociedades onde se inserem.

Este número duplo da :ILHAS, feito em colaboração com o projecto L'Atalante e com as entidades que o patrocinaram, apresenta os 6 projectos de arquitectura apresentados na exposição e dá-lhes uma longevidade que provavelmente não teriam se ficassem apenas pela exposição. Esta revista é assim um arquivo das ideias que estes arquitectos tiveram para a ilha de São Miguel. Em complemento, mas também em estreito diálogo com esses projectos, um vasto conjunto de ensaios, ficções e outros textos de um conjunto de autores que pretendem assim também reflectir sobre a arquitectura e o seu papel na sociedade em que vivemos.

A :ILHAS é uma revista, mas não é só. A :ILHAS é um objecto gráfico, um manifesto político, uma afirmação artística, um roteiro turístico, uma antologia literária, um cartaz, uma fotografia, um poema, um conto. A :ILHAS é uma conjugação de vontades e um pedaço do nosso tempo.

Pedro de Mendoza

L'Atalante, em busca de uma Ideia de arquitectura para os Açores.

Ao conjunto de autores, obras, projectos e reflexões arquitectónicas reunidos em exposição na sede da Academia das Artes dos Açores, em Ponta Delgada, entre 1 e 15 de Julho de 2005, sob o nome L'Atalante, o seu mais provável futuro será o de, rapidamente, ingressar no inexorável e esparso universo do esquecimento. Na verdade o fim da maior parte das exposições é esse mesmo: o esquecimento. Invariavelmente, seja pela vacilação da memória ou por consciente indiferença, perdemolhes o rasto por d'entre o eco de tudo o que vimos, tudo o que lemos ou assistimos.

Por essa razão o conjunto de textos e trabalhos reunidos nesta edição especial da revista Ilhas - que serve simultaneamente de resenha crítica à exposição - ganha um significado e uma importância decisivos para o cumprimento dos objectivos a que nos propusemos. Porque é este o registo físico que garantirá a possibilidade de revisitação às questões que a determinado momento nos fizerem juntar vozes capazes de, por breves momentos, reflectir sobre aquilo que julgamos ser uma das expressões culturais mais relevantes de, e para, uma sociedade: a arquitectura. Mais concretamente, aquilo que nos interessava reflectir terá sido o actual momento da arquitectura enquanto potencial reflexo da especificidade social, geográfica e, sobretudo topológica, de uma região; neste caso, o arquipélago dos Açores.

Mas porquê, hoje, falar de arquitectura nos Açores?

Os Açores representam hoje um curioso paradoxo no que se refere à criação arquitectónica erudita em Portugal. Se por um lado o arquipélago açoreano tem vindo a servir de palco a algumas experiências arquitectónicas e urbanas de relevo, tal facto não terá tido qualquer tipo de eco por parte da sociedade açoreana; que tem vindo, inclusivamente, a dar-se ao luxo de desprezar a sua existência.

Julga-se mesmo que, em termos genéricos, os Açores ignoram o potencial dado pela reflexão urbana e pelo exercício arquitectónico enquanto factores decisivos para o aperfeiçoamento social, cultural e económico do próprio arquipélago.

Face ao crescente desenvolvimento que a região têm vindo a observar nos últimos anos, este lapso colectivo consente o quotidiano esbanjar de oportunidades, e a acumulação de logros de cada vez que é tomada uma opção em relação à gestão territorial, cujas consequências se tornam mais e mais visíveis com o desenrolar dos acontecimentos. Na verdade somos constantemente confrontados com actos políticos, administrativos e especulativos que, mais até do que possibilitarem a ocorrência de grandes equívocos urbanos, depressa porão em causa a própria singularidade do território açoreano; transformando as suas cidades em amálgamas de lugares comuns, mais do que propriamente em lugares com potencial cívico e ontológico.

Assim, ao mesmo tempo que assistimos ao florescimento no arquipélago de algumas obras consideradas paradigmáticas no contexto arquitectónico recente, e se observa com agrado a súbita elevação dos factores paisagistas endógenos à condição de património de alto significado, observamos ainda assim, com demasiada expressão, à aplicação cega e invariavelmente obsoleta de modelos de intervenção e desenvolvimento urbano completamente desapropriados face à especificidade e realidade locais.

Genericamente, o progresso das cidades açoreanas sofre de um planeamento totalmente desqualificado de qualquer atributo que possa vir a constituir-se, futuramente, como património comum; sendo que o modelo

de desenvolvimento de toda a região assenta maioritariamente na aplicação de modelos generalistas, onde se observa a total ausência de reflexão sobre as características endógenas e seu potencial na constituição de uma maior valia e unicidade locais. Dir-se-ia mesmo que não haverá actualmente qualquer modelo especifico pensado, estando o planeamento à mercê de vontades políticas quase sempre fundadas na ausência de conhecimento, na falta de consciência das suas acções para o futuro das ilhas, na superficialidade e na ingenuidade.

Ao nível da sua população, os Açores denotam uma falta de exigência colectiva para como o seu habitat, delegando aos decisores a responsabilidade de gerir matérias comuns, muitas delas com directa interferência no seu quotidiano. Não há registo algum de debate em torno de matérias tão significantes como os conteúdos de cada cidade, de cada região ou de cada ilha; e mesmo os poucos concursos públicos de arquitectura - momentos por excelência de reflexão colectiva - são transformados em meros actos burocráticos por parte das instituições.

Salvo raras excepções não são conhecidas obras que tenham conseguido ultrapassar a sua condição básica de albergar um determinado programa ou função; e mesmo aquelas cujo teor formal ostenta tal ambição revelam-se quase sempre objectos estereotipados, mais do que propriamente peças dotadas de uma qualquer ideia ou fundamento arquitectónico.

No entanto tais obras existem; embora a sua escala e influência sejam (ainda) difusas.

Um dos factores mais relevantes no panorama arquitectónico recente, ou pelo menos aquele que pela primeira vez em décadas referenciou publica e notoriamente a região como palco de criação arquitectónica de excelência, terá sido a atribuição no ano de 2002 do Prémio Secil de Arquitectura a uma pequena obra construída na Ilha de S. Miguel.

Até então o prémio, considerado o mais alto reconhecimento para uma obra de arquitectura no território nacional, tinha sido atribuído apenas a projectos de cariz excepcional, invariavelmente de grande notoriedade, fosse pela sua importância institucional, fosse pelo reputação dos autores envolvidos. Nesse sentido a Casa Pacheco de Melo de Pedro Maurício Borges, se outros aspectos relevantes não tivesse, terá ao menos contribuído decisivamente para a percepção pública de que a arquitectura é capaz de gerar obras de excelência com recurso a meios parcos, operando programas simples, e com orçamentos reduzidos. Mais importante ainda, a obra de Borges terá porventura sido a primeira a registar o arquipélago como território de presença de arquitectura contemporânea erudita.

Paralelamente, um pouco por todo o arquipélago, e sobretudo na Ilha de S. Miguel, vários projectos e obras de arquitectura de excepção surgiriam num curto espaço de tempo, ampliando a visibilidade do território em termos de criação arquitectónica contemporânea; cujo teor terá tido inclusivamente eco internacional. A titulo de exemplo consulte-se o artigo de Amanda Schachter Buoyancy of a Stone Raft: New Architecture in the Azores, publicado na edição n.º 1289 da Architectural Review, em Julho de 2004; porventura o primeiro artigo de fundo onde se propõe uma leitura dos eventos arquitectónicos recentes como um todo, cúmplices em conjunto de uma alteração ao estado da arquitectura no arquipélago, com eventuais reflexos em toda a região.(imagem1; imagem2)

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A curiosidade desse conjunto de acontecimentos num território até então parco de cultura arquitectónica e paisagista recentes terá eventualmente contribuído para uma investigação alargada em torno dos fenómenos urbanos e patrimoniais, tendo nos últimos anos a região sido alvo de reflexões por parte de instituições académicas, quer nacionais, quer internacionais; de onde poderão ter surgido as mais profícuas reflexões dos últimos anos sobre o potencial das ilhas. Nesse contexto destaque-se a edição de Cambio + Energía + Información (Mairea Libros, Madrid, 2004), sob a coordenação científica e editorial de Juan Herreros.

Julga-se inclusivamente que, em termos de produção arquitectónica, a última década terá sido mais abundante em termos qualitativos do que todo o século precedente o foi no arquipélago*; o que eventualmente explica a nomeação de várias obras de arquitectura construídas na Ilha de S. Miguel para dois dos mais significativos prémios de arquitectura europeus: o Prémio Mies van der Rohe, e o Prémio FAD, um e outro no decorrer de 2004; ou, no mesmo ano, a presença de obras açoreanas nos mais significativos eventos internacionais na área de arquitectura: a IX Bienal de Arquitectura de Veneza - porventura a mais reputada mostra mundial de arquitectura da actualidade -, e a IV Bienal Ibero-americana de Arquitectura.

Nos últimos anos tivemos ainda a oportunidade de assistir à elevação da paisagem da Ilha do Pico a Património da Humanidade. Por si só tal facto terá permitido um despertar de consciência, na qual a paisagem se constitui como factor identitário para o arquipélago, dotado de intrínseco valor cultural, capaz por si só de promover um desenvolvimento sustentável para toda a região. Isso vem comprovar sobretudo a excepcionalidade e a singularidade do território açoreano como um todo; que lhe confere um significado único, mas também uma responsabilidade acrescida na sua gestão. * Importa referir que se encontra actualmente a ser realizado o Inquérito à Arquitectura do Séc. XX, cuja recolha se encontra em fase final, sobre a coordenação regional de João Maia Macedo; e que trará certamente à luz obras de arquitectura até aqui desconhecidas, ou esquecidas há largas décadas.

Se é certo que o desenvolvimento social e o crescimento económico observados nos Açores ao longo das últimas décadas podem porventura ajudar a explicar o ressurgimento de obras de arquitectura de significado no contexto cultural contemporâneo - facto esse do qual, mais uma vez, não temos qualquer tipo de registos no que se refere a semelhantes episódios no passado recente - julga-se ainda assim que o seu aparecimento se deve sobretudo a um simples acaso. Coincidências felizes, é certo, mas ainda assim circunstanciais.

De facto, percorrendo os aglomerados urbanos das ilhas, nomeadamente aqueles que começam a sofrer pressões demográficas e económicas com algum significado, - Ponta Delgada, sobretudo, mas também Angra do Heroísmo, a cidade da Horta, ou Ribeira Grande observamos não só os mesmos problemas que se colocaram às cidades médias portuguesas no decurso das últimas décadas do séc. XX; mas sobretudo a aplicação cega e algo ingénua do mesmo tipo de respostas que se terão dado nessa mesma época.

São exemplos disso o surgimento de intervenções de grande escala baseados em programas mono-funcionais, o aparecimento de subúrbios em redor de cidades cujo parque construído se encontra totalmente desaproveitado, e cuja pressão demográfica é praticamente inexistente, ou a tentativa de cidades geograficamente próximas competirem entre si na criação de equipamentos públicos similares, sem que exista massa crítica populacional que permita a sua rentabilização, quer a nível económico, quer a nível social. Do mesmo modo observa-se a aplicação de um tipo de desenvolvimento turístico baseado em modelos sazonais, impraticáveis na região; e cuja falência irá reflectir-se nas intervenções urbanas que actualmente se encontram em execução.

Mesmo a ideia de património é ainda tida na sua forma mais primária; pondo de parte elementos cujo excelência e valor intrínseco têm

pelo seu valor intrínseco, pelo que simbolizam, ou pelo que servem - um significado espacial, investindo-se sobretudo em intervenções estereotipadas destituídas de qualquer tipo de valor qualitativo; que põem em causa a própria regeneração do tecido urbano. Paradigma disso é o caso da Cidade de Angra do Heroísmo que, após ser elevada à condição de património mundial, não foi mais capaz de se auto-regenerar. Negando qualquer tipo de visão contemporânea sobre o seu casco histórico, Angra corre o risco de se transformar rapidamente num museu, estático, e sem dinamismo próprio.

Se algo se pode concluir de tudo isso é que, se os bons exemplos de intervenção recentes comprovam a possibilidade das ilhas açoreanas se confirmarem como um território único, e de excepção, naquilo que se refere à qualidade urbana e arquitectónica; certo é que tal facto não se tem vindo a reflectir nas orientações e nos modelos de intervenção que têm vindo a ser seguidos a nível regional.

Mesmo os exemplos de carácter excepcional têm vindo sistematicamente a ser ignorados; quer ao nível do conhecimento e interesse do público em geral, quer ao nível da pouca atenção dada ao fenómeno pelas instituições e organismos locais.

Por essa razão o conjunto de textos e trabalhos aqui reunidos visa de algum modo alertar para a extrema riqueza que os Açores detêm, e a necessidade de agir sobre ela com consciência, engenho e estratégia, que permita a sustentabilidade dos valores endógenos, e simultaneamente a introdução de novos paradigmas que reforcem o território como detentor de património natural e construído que possa ser palco de equilíbrio social, de desenvolvimento económico e de atributo cultural e artístico de futuro.

Porque a arquitectura não representa apenas a possibilidade de erigir edifícios. A arquitectura é também, sobretudo, um acto intelectual, de profunda especificidade, que permite sempre reflectir constante e continuamente sobre todas as condições que a rodeiam; revertendo-as em valor. Valor social. Valor Político e valor económico. Valor do necessário, do útil e do conveniente. Valor artístico também. Valor crítico. Enfim, em suma: Valor Ontológico.

Saber entender a arquitectura é saber ser exigente para com o nosso habitat. E essa exigência é condição para o exercitar de uma consciência cívica, civilizacional e democrática, em toda a sua extensão.

Explicar o porquê da arquitectura será porventura o objectivo principal da exposição L'Atalante. E é essa potencialidade que a arquitectura detém que se pretende comprovar com o repto lançado a seis ateliers de arquitectura, para apresentar seis projectos de arquitectura inéditos, a serem implantados em seis locais distintos na ilha de S. Miguel, com seis programas funcionais distintos, passíveis de serem implementados na região.

A estes seis projectos uma coisa lhes é desde logo comum: a consciência na qual a arquitectura deve ser, mais do que nunca, um instrumento de reflexão, essencial na constituição de uma identidade colectiva, potenciadora de espaços de excelência; que tira partido de necessidades quotidianas ao mesmo tempo que procura agir num outro nível: o da criação artística e cultural. E neste caso específico, uma realização cultural que pretende desenvolver uma resposta eficaz no que se refere ao déficit de posicionamento crítico perante o tecido construído, tirando proveito da singularidade das ilhas.

Na verdade, L'Atalante, enquanto exposição de arquitectura é - foi um mero pretexto. Um pretexto para dar visibilidade pública a um fenómeno que deveria fazer parte do quotidiano de qualquer sociedade; e cujo acesso, por falta de estímulo, por ausência de informação, ou por mero desleixo, faz ainda parte daqueles lugares pouco acessíveis ao comum dos agentes sociais; quer sejam simples cidadãos, quer sejam gestores de cidades.

Metodologicamente, a exposição L'Atalante partiu de um pressuposto simples e directo. Foram enviados convites às seis autarquias micaelenses; pedindo-se a cada uma delas que indicasse um problema, um local, um

programa funcional, uma determinada área urbana, ou qualquer outra questão passível de se constituir como objecto de trabalho e de reflexão por parte de um arquitecto.

Cada um destes problemas seria alvo de trabalho por parte de um arquitecto convidado.

Objectivamente, procurava-se que os seis trabalhos fossem executados com base em questões reais, e locais; procurando o máximo de interacção com a população local, no sentido em que a esta seria dado a conhecer o fruto da investigação de cada um dos seis autores convidados.

Cumpria-se desde modo o objectivo de L'Atalante ser um pólo de criação contemporânea e, simultaneamente, um evento pedagógico; que concedesse à população açoreana a oportunidade de confrontar-se com a cultura arquitectónica erudita, ao mesmo tempo que poderia observar projectos de arquitectura pensados e executados para o seu próprio território, facilitando deste modo um posicionamento crítico perante as obras em presença.

Comprovando tudo aquilo que foi anteriormente referido, poucas foram as autarquias que se dignaram a dar sequência ao projecto; julgando-se sintomático e preocupante o desinteresse demonstrado pela maior parte dos responsáveis políticos responsáveis pela gestão do território micaelense na reflexão - oferecida a título gratuito, refira-se - sobre os modelos de desenvolvimento urbano e arquitectónico de cada região, e dos Açores. (imagem3; imagem4; imagem5)

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ou Manuel Mendes, e depois divulgada internacionalmente por nomes grandes da crítica de arquitectura, como o caso de K. Frampton - terá coincidido com uma espécie de convergência numa unicidade identitária que, mais do que ampliar o campo de acção disciplinar, investia então, fortemente, no consenso acerca dos modelos de intervenção. Se bem que este sistema de convenções permitiu a obtenção de algumas das mais belas peças de arquitectura que hoje conhecemos - sobretudo aquelas originárias do sistema metodológico proposto pela chamada Escola do Porto -; certo é que a cultura arquitectónica terá ficado refém da sua própria identidade, como que ensimesmada nos seus próprios problemas internos, escudada numa espécie de erudição seca e pouco dada à compreensão de fenómenos a ela exteriores.

A partir dos meados da década de noventa, com a internacionalização dos circuitos académicos, e pela facilidade que a integração europeia trouxe a Portugal, muitos foram os autores que tiveram oportunidade de exercitar as suas actividades académica e profissional fora do país, tendo oportunidade de se confrontarem com experiências e questões completamente distintas da realidade nacional.

Por outro lado, com o crescendo de informação, e com as próprias mudanças que se têm vindo a observar um pouco por todo o lado, a disciplina vê-se obrigada a fazer uma revisão da sua própria orgânica, pondo-se em causa, sistematicamente, o âmbito e a influência do acto da própria

Apenas as Câmaras Municipais de Ribeira Grande e de Ponta Delgada apresentaram propostas concretas de trabalho. Foram elas: a recuperação das margens do leito da Ribeira Grande, a elaboração de uma proposta para a nova frente urbana da Marginal de S. Roque, o projecto para o Pavilhão Multiusos de Ponta Delgada, o estudo do edifício para a nova Feira Industrial dos Açores, a realização do estudo de ligação urbana entre a Freguesia da Ribeirinha e o núcleo urbano de Ribeira Grande, e o projecto para o Parque Urbano de Ribeira Grande.

O conjunto de autores que L'Atalante seleccionou para dar resposta a tais reptos poderia ter sido outro, que não o grupo de arquitectos reunidos. No entanto, pese embora a particularidade e a especificidade da obra de cada um que, só por si poderia explicar a sua eleição -, a escolha dos seis autores presentes em L'Atalante resultou uma vez mais de objectivos muito concretos.

O momento actual da arquitectura em Portugal vê-se hoje estimulado por um conjunto de influências e modos de pensamento que tendem a afastarse daquilo que terá sido o paradigma arquitectónico quase unânime, e institucionalmente aceite, das últimas décadas. De certo modo poderíamos afirmar que a partir do momento em que a arquitectura portuguesa ganha reconhecimento e legitimidade internacionais - o que se tem vindo a construir nas últimas décadas, veiculado primeiramente por nomes como Nuno Portas, 4

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arquitectura. Desse modo, a partir da última década tem-se vindo a observar uma ampliação dos campos de acção da arquitectura; com consequências directas ao nível daquilo que começa a ser a sua produção visível.

Não quer isto dizer que tenha havido lugar a qualquer tipo de revolução, ou mesmo de significativas alterações de consciência por parte dos agentes que participam no evento arquitectónico nacional. Dir-se-ia antes que foi a conjectura a primeira a mudar, e isso terá arrastado a arquitectura para um campo prolixo, heterodoxo e, sobretudo, capaz de se questionar a ele próprio.

Na verdade, julga-se estar apenas perante o início de um período de forte crise de valores para a arquitectura contemporânea em Portugal; cuja primeira consequência será, eventualmente, o quebrar da redoma poética e solitária onde se encontra. E isso, mais do que consequência de uma reflexão crítica em torno da produção arquitectónica, foi, e está a ser, uma inevitabilidade perante os factos que se vê confrontada quotidianamente. E no entanto, se cada alteração ao curso das coisas implica a perda de algo; julgamos que uma crise de valores no seio de uma disciplina de vínculo artístico potenciará o surgimento de novas e mais eficazes propostas, de ideias e de conceitos; que dispersas ou agrupadas em movimentos, irão oferecer no seu conjunto um património de excelência a quem as quiser albergar.

Nesse sentido, os autores escolhidos para agir nos Açores, no âmbito do projecto L'Atalante, foram-no porque julgamos representarem desde logo, por aquilo que é a sua breve obra, uma heterodoxia e um posicionamento perante os problemas, cuja resposta, mais do que um reflexo condicionado, se torna uma espécie de arte da dúvida.

Procuramos evidentemente possibilitar o confronto do público açoreano com a diversidade e a singularidade da mais nova geração de arquitectos portugueses; mas também permitir a sua comparação com autores que operam sobre contextos completamente diferentes. Nesse sentido, acompanhando os trabalhos de Bernardo Rodrigues, Carlos Sant'Ana, do gabinete Menos é Mais, e do colectivo EmitFlesti, convidamos Victoria Acebo & Angel Alonso, de Madrid, e MarcosMarjan Design Limite, que operam a partir de Londres.

Victoria Acebo e Angel Alonso são ambos formados pela ETSAM Escola Superior Técnica de Arquitectura de Madrid (1995); e dividem a sua actividade entre a prática profissional e o ensino de arquitectura na Universid Europea de Madrid.

Detentores de um percurso curto, mas singular e extremamente coerente no panorama arquitectónico espanhol que é actualmente um dos expoentes da arquitectura europeia e mundial -, rapidamente a sua obra centrou atenções, quer pela qualidade intrínseca dos seus projectos, quer pelo experimentalismo associado às suas obras. A arquitectura de Acebo & Alonso propõe uma reflexão intrínseca ao acto disciplinar, agindo criticamente sobre as metodologias inerentes ao próprio projecto; procurando concertar as estratégias arquitectónicas às suas própria condicionantes, acrescentandolhes um vínculo autoral particular. Comprovando o significado das suas propostas, o colectivo tem vindo a ser nomeado para vários prémios de arquitectura (prémio Mies van der Rohe, Prémio FAD, Obra Prima Bauwetl), tendo estado representado em mostras tão importantes com a 8ª Bienal de Arquitectura de Veneza, ou a VII Bienal de Arquitectura de Espanha.

Detentores de vários prémios em concursos públicos em Espanha Cuna Verde (Palma de Maiorca, 2002), Recinto Ferial (Palma de Mallorca, 2000), ou a sede do Colegio de Arquitectos de Castilla León (2000) -; a sua obra mais representativa é porventura o Centro de las Artes (La Coruna, 2001), actualmente em fase final de construção. Nele, o programa funcional desdobrase na própria resolução formal do edifício, revelando-se a coexistência de uma duplicidade de sentidos cujas fachadas neutras, e quase sem escala, pontuam com significado o tecido urbano onde se inserem. Cite-se ainda a Casa Mu (Guipuscoa, 2002), e a Casa Varsavsky (em construção).

L'Atalante propôs à dupla espanhola seguir o repto lançado pela Câmara Municipal de Ponta Delgada em projectar um Pavilhão Multi-Usos, a integrar o futuro Parque Urbano da cidade. O primeiro aspecto curioso do problema a tratar é desde logo o facto de haver uma vontade em se erigir um Parque Urbano; quando somos levados a considerar que a própria ilha de S. Miguel é ela toda um enorme Parque Urbano. (imagem6)

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Bernardo Rodrigues (Ponta Delgada, 1972), formado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (1996) é porventura um dos autores mais singulares o panorama actual da criação arquitectónica portuguesa. Para isso muito terá contribuído a especificidade do seu percurso académico, sobretudo a passagem pela Columbia University, em Nova York; embora, curiosamente, o seu universo se aproxime mais da peculiaridade da Cooper Union - nomeadamente da natureza poética da obra de John Hejduk -, do que propriamente do discurso retórico da academia nova-iorquina. Da WallHouse de Hejduk - projectada há mais de duas décadas e só recentemente construída -, à Casa da Nuvem Flutuante de Rodrigues, a distância é mais curta do que aparenta. Antes de serem casas, ambas são uma espécie de exercício taxinómico da arquitectura; desventrando-se os interiores de uma e outra, revela-se a capacidade da disciplina em se ultrapassar a ela própria. Do mesmo modo a Capela do Céu ou a Casa do Voo dos Pássaros confirmam o exercício da arquitectura como um acto de liberdade, singular e pessoal do autor e, simultaneamente, contribuem decisivamente para confirmar os Açores como o palco das mais estimulantes experiências que a arquitectura portuguesa actualmente percorre.

O seu trabalho tem suscitado interesse e diversos convites da crítica nacional e internacional, para expor, publicar, apresentar conferências e leccionar. Destaque-se a sua participação na Bienal de Veneza de Arquitectura, na Trienal de Arquitectura de Milão, ou na exposição Metaphora, em Berlim. O problema arquitectónico dado ao autor no contexto do projecto L'Atalante confirma desde logo o modo actual de gerir, e gerar espaço urbano nos Açores.

Bernardo Rodrigues foi convidado a reflectir sobre o futuro da nova marginal de S. Roque, na costa sul da Ilha de S. Miguel; que se encontra actualmente a ser construída, sem que se tenha pensado sobre as suas consequências a nível de alteração das estruturas urbanas locais. Rodrigues apresenta o desenho da nova frente da Marginal, tendo em conta que de momento, a sua imagem é composta por uma amálgama de casario destituído de qualquer valor urbano e arquitectónico; procurando transformá-la num lugar passível de ser entendido como um todo, uno e coerente. (imagem7)

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que permita a exploração da ilha e dos seus pontos geográficos de mais valor, a partir da Ribeira Grande; desenhando um conjunto de equipamentos públicos que permita a oferta de condicionantes para os visitantes, e os moradores da região.

Carlos Pedro Sant’Ana lidera desde 1998 os S’A Arquitectos. O seu percurso criativo não pode ser desligado da sua experiência profissional em Barcelona, coincidente com a época em que a produção arquitectónica catalã se via investida de uma energia criativa e uma postura crítica acutilantes; que terá em grande parte sustentado a consolidação da cultura arquitectónica espanhola enquanto uma das mais influentes a nível mundial.

No tipo de abordagem programática e iminentemente funcionalista inerente aos projectos de Carlos Sant’Ana coexiste uma postura crítica e uma procura de novas soluções que, em detrimento de alguma procura espacial, investem sobretudo na procura de uma sustentabilidade das suas propostas, e sua inserção num contexto topológico mais alargado. Nesse sentindo a arquitectura passa a ser, para os S’A, sobretudo, um meio; como que uma espécie de instrumento operativo que actua na resolução de um conjunto de questões e problemas que ultrapassam em muito o próprio objecto de trabalho.

Nesse sentido, o funcionalismo presente nas obras de Sant'Ana nada deve já à escola funcionalista; trasbordando antes para um outro patamar de entendimento da arquitectura e o urbanismo enquanto fonte de recursos para a manutenção, ou antes, a reposição de um equilíbrio urbano, social e ambientalmente sustentável. Exemplo disso será o projecto para um Auto-Silo (Lisboa, 2002), ou as reflexões urbanas de em torno da Catalunha (Barcelona, 2002).

Destaque-se a sua participação na Bienal de Arquitectura de Veneza, integrado na representação oficial portuguesa, na exposição Archilab, em França, ou na mostra Hyper-Catalunha, em Barcelona.

Carlos Sant’Ana foi seleccionado por L'Atalante para responder ao repto lançado pela Câmara Municipal de Ribeira Grande, em projectar um Parque Urbano para a Cidade. Uma reflexão cuidada da região, e uma postura crítica perante o programa, iria por em causa a própria natureza da intervenção, que repetia não só a estratégia de Ponta Delgada (em construir um Parque Urbano), mas que omitia o potencial da localização da intervenção num contexto regional mais alargado. Desse modo o autor apresenta um projecto para o Centro de Eco-Turismo de S. Miguel, propondo a criação de um sistema

Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos são porventura os autores cujo percurso é mais consensual entre os seis participantes de L'Atalante. Detentores de um assinalável percurso profissional, as suas obras projectam um grau de objectividade e rigor raros no contexto português. O inicio de carreira de ambos encontra-se definitivamente marcado pelas figuras tutelares e incontornáveis de Alvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura; descobrindo-se-lhes suas presenças nas obras de Menos é Mais - o nome por qual Guedes e de Campos são conhecidos. No entanto, se essa presença terá sido evidente nas primeiras obras do gabinete - nomeadamente no Café do Cais, ou no Edifício das Oficinas da Escola Superior de Belas Artes do Porto -, sobretudo em termos de abordagem metodológica e conceptual; os seus projectos mais recentes revelam uma crescente autonomização e a criação de um universo próprio, quiçá mais próximo de outras disciplinas que não a arquitectura. Paradigmático desta fase é o conjunto de bares construídos em Vila Nova de Gaia.

Em conjunto com a edilidade local, L'Atalante propôs ao gabinete Menos é Mais a tarefa de propor uma estratégia de recuperação e revitalização das margens da Ribeira Grande, junto à sua foz. A Ribeira Grande é por si só o elemento gerador de toda a estrutura urbana da cidade homónima, definindo desde logo a hierarquia do núcleo urbano que cresce em torno dela. Detentora de elementos de inegável valor patrimonial, e de um conjunto de edificações que reflectem o passado da região, o leito da ribeira encontra-se actualmente virado de costas para a cidade, apresentado um assinalável estado de degradação ambiental e paisagista.

Nesse sentido, tendo em conta a futura renovação de toda a frente norte da cidade - em que se aplicam modelos de desenvolvimento típicos de cidades expostas a sul -, Guedes e de Campos propõem um outro modelo de conversão do leito e margens da ribeira, que passa pela renovação de todas as suas frentes; conferindo-lhe novamente estatuto de eixo de todo o centro da cidade.A intervenção parte da zona da foz, qualificando toda a área, e ligando-a à nova área de expansão da cidade, a sul; junto a equipamentos públicos de importância. (imagem8)

IMAGEM 08

MarcosMarjan Design Limite éé um um gabinete gabinete de de arquitectura arquitectura formado formado por por Marcos Marcos Cruz Cruz ee Mariano Mariano Colleti, Colleti, estabelecido estabelecido em em Londres.

Londres. AA sua sua experiência experiência profissional profissional está está intimamente intimamente ligada ligada àà investigação investigação ee experimentação experimentação arquitectónica, arquitectónica, muito muito baseada baseada na na herança herança académica académica de de Peter Peter Cook, Cook, ee da da Bartlett School of Architecture..

Dos Dos seus seus projectos projectos destacam-se destacam-se aa proposta proposta para para oo novo novo Museu (Japão, 2002), 2002), oo projecto projecto para para oo complexo complexo de de escritórios escritórios Bai Jia Zhang Tomihiro (Japão, (Pequim, (Pequim, 2004), 2004), oo complexo complexo de de entretenimento entretenimento Xiyuan (Pequim, (Pequim, 2005), 2005), que que deverá deverá ser ser construído construído em em 2008.

2008.

O O repto repto lançado lançado àà dupla dupla londrina londrina prende-se prende-se com com aa elaboração elaboração de de uma uma ser construído construído proposta proposta para para oo Pavilhão da FIA - Feira Industrial dos Açores,, aa ser num num novo novo pólo pólo de de desenvolvimento desenvolvimento urbano urbano entre entre os os Municípios Municípios de de Ponta Ponta Delgada Delgada ee de de Ribeira Ribeira Grande.

Grande. O O edifício edifício fará fará parte parte de de um um enorme enorme complexo complexo que que incluirá incluirá aa construção construção de de um um Retail Retail Park, Park, de de um um Fun Fun Park, Park, ee de de um um conjunto conjunto de de equipamentos equipamentos ee edifícios edifícios de de habitação; habitação; procurando procurando transformar transformar uma uma área área degradada degradada (actualmente, (actualmente, um um aterro aterro municipal), municipal), num num local local estratégico estratégico para para oo desenvolvimento desenvolvimento económico, económico, comercial comercial ee industrial industrial de de todo todo oo arquipélago arquipélago Açoreano.

Açoreano.

De De entre entre os os seis seis trabalhos trabalhos apresentados apresentados na na Exposição Exposição L'Atalante,, oo edifício edifício da da FIA FIA éé aquele aquele que que mais mais repercussão repercussão pode pode trazer trazer aa nível nível regional; regional; desenvolver uma uma procurando procurando oo gabinete gabinete MarcosMarjan Design Limite desenvolver estratégia estratégia de de intervenção intervenção que que tenha tenha tal tal facto facto em em conta. conta.

AA curta curta carreira carreira do do colectivo colectivo EmitFlesti demonstra demonstra desde desde logo logo uma uma postura postura crítica crítica para para com com tudo tudo aquilo aquilo que que éé aa herança herança da da arquitectura arquitectura portuguesa. portuguesa. Fruto Fruto de de uma uma associação associação entre entre autores autores com com experiências experiências distintas, distintas, ee até até opostas, opostas, EmitFlesti opera opera segundo segundo uma uma visão visão da da arquitectura arquitectura que que oscila oscila pura ee simples simples estratégia estratégia entre entre oo excesso excesso formal, formal, quase quase mainstream,, ee aa pura conceptual, conceptual, definida definida de de forma forma quase quase abstracta. abstracta. O O recurso recurso aa colagens colagens irónicas, irónicas, por por vezes vezes cínicas, cínicas, que que tanto tanto citam citam aa Naked City dos dos Situacionistas, Situacionistas, como como as as obras obras de de autores autores tão tão diversos diversos como como Miralles Miralles ou ou MRVDR;; os os seus seus projectos projectos são são uma uma espécie espécie de de mistura mistura esquizofrénica, esquizofrénica, balanceada balanceada entre entre aa analise analise de de uma uma dada dada realidade, realidade, ee sua sua transposição transposição para para oo universo universo da da pura pura especulação; especulação; como como se se aa cidade cidade pudesse pudesse ser ser aa mais mais pura pura das das obras obras de de arte, arte, expectante expectante apenas apenas de de sentido sentido ee de de conceito. conceito.

(Lisboa, 2002), 2002), Dos Dos seus seus projectos projectos mais mais significativos significativos cite-se cite-se Motopia (Lisboa, -- uma uma proposta proposta para para um um edifício edifício de de parqueamento parqueamento automóvel automóvel na na vertical vertical -,-, 4WD (Holanda, (Holanda, 2004) 2004) -- uma uma experiência experiência de de redefinição redefinição do do espaço espaço de de habitar habitar -,-, ou ou aa que investe investe na na interpretação interpretação do do Algarve Algarve como como investigação investigação GranTurismo - que centro centro turístico turístico europeu; europeu; onde onde aa análise análise histórica histórica ee urbana urbana éé cruzada cruzada com com uma uma decomposição decomposição dos dos várias várias estratos estratos que que compõem compõem actualmente actualmente aa região, região, propondo-se propondo-se uma uma estratégia estratégia de de intervenção intervenção aa larga larga escala. escala.

ÁÁ dupla dupla foi foi proposto proposto que que reflectissem reflectissem sobre sobre um um problema problema ambíguo: ambíguo: aa ligação ligação urbana urbana entre entre aa freguesia freguesia da da Ribeirinha Ribeirinha ee todo todo oo restante restante núcleo núcleo urbano urbano de de Ribeira Ribeira Grande.

Grande. O O pressuposto pressuposto base base do do problema problema lançado lançado pela pela edilidade edilidade local local prende-se prende-se com com oo desenvolvimento desenvolvimento do do tecido tecido urbano urbano da da cidade cidade de de Ribeira Ribeira Grande, Grande, que que ao ao longo longo dos dos últimos últimos anos anos tem tem crescido crescido sobretudo sobretudo em em direcção direcção ao ao eixo eixo viário viário que que aa liga liga aa Ponta Ponta Delgada; Delgada; agrupando agrupando várias várias freguesias freguesias do do conselho. conselho. Nesse Nesse movimento, movimento, aa núcleo núcleo urbano urbano correspondente correspondente àà Freguesia Freguesia da da Ribeirinha Ribeirinha -- que que se se encontra encontra do do lado lado oposto oposto aa esse esse sentido sentido -- terá terá vindo vindo aa ficar ficar desligado desligado da da cidade cidade -- tanto tanto aa nível nível físico, físico, como como social; social; sendo sendo que que aa via via que que os os una una aa ambos ambos se se encontra encontra vazia vazia de de qualquer qualquer conteúdo. conteúdo. estuda uma uma Ao Ao invés invés de de propor propor aa sua sua urbanização, urbanização, oo atelier atelier EmitFlesti estuda estratégia estratégia de de ocupação ocupação dessa dessa vasta vasta área área que que passa passa pela pela criação criação de de um um pólo pólo de de atracção atracção de de âmbito âmbito regional; regional; com com aa constituição constituição de de programas programas ee eventos eventos capazes capazes por por sisi só só de de se se tornarem tornarem catalisadores catalisadores de de toda toda aa Ribeira Ribeira Grande, Grande, apresentando apresentando alternativas alternativas viáveis viáveis aos aos restantes restantes pólos pólos urbanos urbanos da da Ilha Ilha de de S. S. Miguel.

Miguel. (imagem9) (imagem9)

IMAGEM 09 Porventura Porventura oo futuro futuro de de L'Atalante será será oo de, de, rapidamente, rapidamente, ingressar ingressar no no inexorável inexorável ee esparso esparso universo universo do do esquecimento. esquecimento. Mas Mas no no entanto, entanto, se se aa exposição, exposição, ee tudo tudo oo que que aa acompanhou acompanhou no no decurso decurso do do mês mês de de Julho Julho de de 2005 2005 tiverem tiverem como como consequência consequência aa consciencialização consciencialização de de que que aa arquitectura arquitectura pode pode ser ser um um instrumento instrumento activo activo na na construção construção de de uma uma sociedade sociedade moderna, moderna, tendo tendo em em conta conta os os seus seus valores, valores, ee aa capacidade capacidade de de encontrar encontrar resposta resposta aos aos cada cada vez vez mais mais complexos complexos problemas problemas com com que que se se confronta confronta aa cidade cidade contemporânea, contemporânea, oo nosso nosso esforço esforço não não foi foi em em vão. vão.

Mesmo Mesmo que que nenhum nenhum dos dos trabalhos trabalhos inéditos inéditos realizados realizados para para os os Açores Açores pelos pelos seis seis autores autores convidados convidados veja veja aa luz luz do do dia, dia, oo seu seu confronto confronto com com aa sociedade sociedade açoreana açoreana permitira permitira porventura porventura oo aumento aumento da da consciência consciência crítica crítica perante perante os os actos actos próprios próprios de de gestão gestão de de uma uma cidade cidade e, e, porventura, porventura, oo acréscimo acréscimo do do grau grau de de exigência exigência de de toda toda uma uma sociedade. sociedade.

Será Será estão estão este este oo registo registo que, que, no no futuro, futuro, permitirá permitirá avaliar avaliar oo alcance alcance da da nossa nossa tentativa tentativa de de contribuir contribuir para para aa consciencialização consciencialização dos dos problemas problemas urbanos urbanos ee arquitectónicos arquitectónicos no no contexto contexto do do arquipélago arquipélago dos dosAçores.

Açores.

Pedro Pedro Machado Machado Costa Costa Lisboa, Lisboa, 17 17 de de Junho Junho de de 2005 2005

L'Atalante

poderá transformar-se num evento cultural de grande importância para Ponta Delgada É com muito entusiasmo que a Câmara Municipal de Ponta Delgada apoia e participa na exposição de Arquitectura L'Atalante - em busca de uma ideia de arquitectura nos Açores, que teve como seu grande impulsionador o Arqtº. Pedro Machado da Costa a quem, desde já, felicito pela sua iniciativa, persistência e vontade. Concretizar uma exposição deste tipo nos Açores é simultaneamente um desafio e um estímulo. Desafio, porque pretende difundir a cultura arquitectónica a um público insular, transmitindo-lhe como a criatividade se pode libertar na realidade própria dos Açores, traduzindo-se numa arquitectura com uma identidade muito marcada pelo significado e características do nosso meio cultural e paisagístico. Estímulo, porque certamente não deixará ninguém indiferente e levará muitos a tomar o gosto pela arquitectura, ao perceberem como ela pode transformar a nossa maneira de ver, viver e conceber o espaço. A concepção arquitectónica ao criar formas, elementos e funções que se materializam numa obra, funciona como um registo histórico do nosso tempo, da nossa terra e corporiza o nosso património.

A Câmara Municipal aderiu, desde logo, aos objectivos desta exposição, formulando três propostas algo arrojadas não só pela grande exigência criativa que encerram, mas também por serem propostas, sobre cada uma das quais, nós desejamos ter várias soluções arquitectónicas, as que resultarem desta exposição e outras que estão em curso para os mesmos locais, as quais também se submeteram aos mesmos programas. No momento em que estou a escrever estas breves linhas, ainda não conheço nenhuma das soluções arquitectónicas da exposição, mas, eventualmente, a Câmara Municipal poderá vir a optar por alguma das soluções apresentadas na exposição, opção essa que dependerá de critérios que se balizarão entre as questões financeiros e as questões operacionais que possam garantir a sua exequibilidade. Todavia, o que conta neste tipo de projectos e eventos é, essencialmente, o exercício criativo e o efeito pedagógico que ele comporta quando é exposto e difundido num evento desta natureza.

Foi com agrado que soubemos que o projecto para a nova frente urbana da marginal de São Roque foi entregue ao nosso conterrâneo Bernardo Rodrigues (actualmente no Porto). Trata-se de uma zona que necessita de uma profunda intervenção, pelo facto de todo o seu conjunto edificado se encontrar num elevado estado de degradação, intervenção essa que poderá seguir dois caminhos: a reabilitação ou a renovação do todo o parque edificado. O projecto para a Feira Internacional dos Açores (FIA), foi entregue a Marcos and Marjan (Londres). Trata-se de um edifício vocacionado para grandes exposições, concertos e outros grande eventos, que integrará o Parque Empresarial de Ponta Delgada, actualmente, em desenvolvimento. O projecto para o Pavilhão Multiusos do Parque Urbano de Ponta Delgada foi entregue a Victoria Alonso e Algel Acebo (Madrid). Trata-se de um edifício que terá, também, um carácter multi-funcional e que integrará o futuro Parque da Cidade, cujo enquadramento paisagístico será dotado dum elevado valor cénico e ambiental e terá uma função, essencialmente, lúdica e recreativa.

Seguramente que este evento irá promover a criação arquitectónica contemporânea nos Açores, em particular em Ponta Delgada, com obras que serão o resultado de um exercício de sensibilidade e criação, tendo como palco ou como suporte criativo o nosso território insular que, certamente, contribuirá para que se atinja a excelência na arquitectura.

Gostaria de terminar fazendo votos de um grande sucesso para esta exposição e formulando o desejo de que L'Atalante signifique o início de um grande evento que tenha a sua periodicidade firmada no calendário cultural de Ponta Delgada e que granjeie do prestigio nacional e internacional que a possa projectar na senda das grandes exposições de arquitectura.

António Borges Vice-Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada

pp rr oo jj ..

acebo x alonso

c/ c/ martin martin soler soler 6, 6, 28045 28045 Madrid Madrid t:34915060504 t:34915060504 f:34915061360 f:34915061360 aceboxalonso@teleline.es aceboxalonso@teleline.es

:ILHAS :ILHAS »» ESPECIAL ESPECIAL »»ARQUITECTURA ARQUITECTURA

Perfil Perfil baixo baixo Propor Propor um um Pavilhão Pavilhão *Multiusos *Multiusos àà entrada entrada do do Parque Parque Urbano Urbano de de *Ponta *Ponta Delgada Delgada implica implica pensar pensar no no impacto impacto que que vai vai provocar provocar um um elemento elemento de de semelhantes semelhantes dimensões. dimensões.

Não Não nos nos dá dá medo medo o o carácter carácter artificial artificial que que de de maneira maneira implícita implícita transmite transmite aa arquitectura, arquitectura, porque porque oo meio meio já já oo é; é; um um parque parque urbano urbano éé um um bocado bocado de de paisagem paisagem manipulada manipulada ee domesticada: domesticada: pura pura *artificialidade. *artificialidade. Mas Mas oo que que nos nos preocupa preocupa éé aa dimensão dimensão que que pode pode chegar chegar aa ter ter o o Pavilhão Pavilhão *Multiusos *Multiusos ee aa sua sua inserção inserção dentro dentro do do contexto. contexto. Assim, Assim, aa primeira primeira decisão decisão éé trabalhar trabalhar com com oo perfil perfil do do terreno terreno ee manipulá-lo manipulá-lo para para conseguir conseguir na na base base dos dos planos planos inclinados inclinados um um buraco buraco que que será será aa área área onde onde se se realizem realizem os os espectáculos espectáculos *indoor *indoor ee localizar localizar nos nos taludes taludes as as bancadas bancadas para para espectadores. espectadores. De De tudo tudo isto isto resultará resultará um um edifício edifício muito muito mas mas sob sob visto visto desde desde oo parque. parque.

edifício quando quando está está fechado, fechado, em em actividades actividades promovidas promovidas edifício pelos próprios próprios usuários usuários ee vizinhos vizinhos de de *Ponta *Ponta Delgada Delgada de de pelos forma espontânea: espontânea: reuniões, reuniões, treinamentos, treinamentos, pequenos pequenos forma espectáculos privados. privados. Sugere-se Sugere-se aa inclusão inclusão de de ecrã ecrã espectáculos gigante dentro dentro do do programa programa de de uso uso exterior exterior do do edifício. edifício. gigante

Cruzamento Cruzamento de de caminhos caminhos As As condições condições de de borde borde não não são são idênticas idênticas mas mas guardam guardam similitudes similitudes de de maneira maneira que, que, como como um um vórtice, vórtice, oo pavilhão pavilhão *multiusos *multiusos atrai atrai para para ele ele os os caminhos caminhos do do parque, parque, sendo sendo sua sua geometria geometria oo resultado resultado do do cruzamento cruzamento destes. destes.

Impressão-Molde Impressão-Molde A operação operação sobre sobre aa topografia topografia deixa deixa uma uma impressão impressão que que A *morfológicamente éé aa inversa inversa da da grande grande coberta: coberta: uma uma *morfológicamente lâmina contínua contínua ee ligeira ligeira que que consegue consegue rigidez rigidez pelo pelo lâmina pregueado de de seus seus planos planos ee permite, permite, ao ao acercar-se acercar-se ao ao pregueado solo, acomodar-se acomodar-se sobre sobre ela ela para para desfrutar desfrutar de de atividades atividades solo, ao ar ar livre. livre. ao IN-ON IN-ON Aparece uma uma potencialidade potencialidade do do objecto objecto que que reforça reforça o o Aparece conceito de de *multiuso: *multiuso: aa possibilidade possibilidade de de utilizar utilizar aa conceito arquitetura por por dentro dentro ee por por fora. fora. arquitetura Uma gestão gestão activa activa do do uso uso duplo duplo permite permite aa utilização utilização do do Uma

Máxima permeabilidade permeabilidade Máxima Pela sua sua situação situação no no parque, parque, o o Pavilhão Pavilhão *Multiusos *Multiusos Pela posiciona-se como como uma uma porta porta ou ou entrada. entrada. Pela Pela sua sua posiciona-se organização, aa porta porta converte-se converte-se em em ponte, ponte, lugar lugar organização, elevado. Neste Neste ponto ponto oo edifício edifício se se volta volta olhador, olhador, ponto ponto elevado. estratégico. É Éo o lugar lugar ideal ideal para para um um programa programa lúdico, lúdico, estratégico. cafeteria ou ou restaurante, restaurante, lugar lugar de de descanso descanso ee ponto ponto de de cafeteria passagem ou ou controle controle para para as as actividades actividades ao ao ar ar livre livre passagem sobre aa coberta. coberta. sobre

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Bernardo Rodrigues

Rua do Almada, 254 - 3ยบEsq. 4050-032 Porto . Portugal t/f: 222 053 221 bernardorodriguesarquitecto@clix.pt www.bernardo-rodrigues.com

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Crescem os Corais à Velocidade da Luz Peça em 3 actos para a marginal de S. Roque 1. Crescem os Corais Como crescem as cidades? Pergunta-se, intrigado de si a si, o habitante na exposição.

Cuide o leitor de um certo recato. Há questões superficiais que penhoram a felicidade ao convocar os demónios marinhos da lucidez.

Como crescem as cidades? Na ilha em tempos jorraram torrentes de Lava montanha abaixo, criando espaço novo ao mar no instante de solidificação de ocos e cheios. Sobre estas, terra nova se apoiou e a inércia da vida onde as vontades orgânicas afloram. Onde os Corais, bichos marinhos, fixam as bases de calcário, dizem.

Crescem as cidades agora ao som do asfalto, esta nova lava. E pelo caminho vão lançando as bases para estes novos bancos de corais habitacionais. Aqui o fluxo das luzes dos automóveis serve de movimento e pauta o ritmo das novas felicidades encontradas, junto ao mar, no meio do universo.

100 mil náufragos numa ilha deserta não podem estar errados. Surly.

3. Construir, Ficcionar E o projecto é isto? Esta Ficção? Onde está afinal a verdade do lugar? On the Road? É assim? Uma inversão fantasiosa da realidade e cuidas que foges com o ouro? Invenção mentirosa de Casas em baixo? Passeios que sobem nas rampas da cobertura? Boardwalk aéreos sem fumos dos escapes? Lojas e bares, restaurantes nos últimos andares?

A velocidade e as luzes dos carros como paisagem? Uma fuga asfáltica da imaginação?

Onde está a verdade dos materiais? Onde está o espírito construtivo?

Oscar Wilde avisou: “Toda a má poesia está cheia de sinceridade”.

Valha-nos a metamorfose da mentira. A Invenção do mundo. Ficção. Ahab agarrado à Moby-Dick. Uma discoteca com techno e strip. O progresso.

2. A velocidade da Luz Crescem as cidades ao som do asfalto, esta nova lava que se jorra. Certo. Mas a que velocidade? Pergunta-se agora o habitante com fé na utopia social porque nunca leu Shakespeare. Os anglo-saxónicos reproduzem-se “caindo no amor”. Como o pescador num mar em frente, ou o jovem Agostinho que flaneia em Las Vegas. Ou o miúdo que planta uma pedra e inventa a montanha. A velocidade da Luz will do it for now. Um futuro para o bicho urbano.

Oferecemos casa própria e empréstimo bancário a vinte anos. Vistas para o mar, infelicidade conjugal, droga na família, innerbreeding, problemas com álcool e um primo suicída. Férias nas capitais da europa e irrequietude, a inveja social.

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Emitflesti

Rua de São Félix, 32 - 3º Dt. 1200-841 Lisboa . Portugal t/f: 213 908 0146 contact@emitflesti.net www.emitflesti.net

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FUN PALACE entre a Ribeirinha e a Ribeira Grande

PRÓLOGO.

No filme Jamón Jamón (Lola filmes, 1992), Bigas Luna conta a estória de dois amantes que, pela errância da sua condição, escolhem a sombra de um Toro Osborne para testemunhar os seus encontros proibidos. Se a razão de existir da silhueta gráfica transcende a condição física da construção, a anónima estrutura metálica que a suporta, involuntariamente por querer ser invisivel, funda um ponto de encontro.

OPERAÇÃO 2 | !OPORTUNIDADE! > A operação anterior isola um terreno expectante, no qual surge a oportunidade, não para fundir diferenças de vizinhança, mas sim para criar uma identidade urbana própria, independente das estruturas próximas, potenciando novos usos e vivências absolutamente opostas às existentes.

Um espaço de encontro caracterizado por uma sobreposição programática baseada em actividades autónomas de ócio e lazer, potenciadoras de encontros e reunião em torno de um verdadeiro acontecimento urbano na paisagem açoriana.

A

B

OPERAÇÃO 3 | funPALACE > O novo território será ocupado por uma estrutura arquitectónica composta por 4 infraestruturas urbanas distintas:

OPERAÇÃO 1 | -10% > A estrada que liga a Ribeira Grande a Ribeirinha é um território linear "entre" dois lugares, não conformado por construções ou espaços notáveis, apenas caracterizado pela longa curva que nos leva de uma povoação à outra. A "correcção" desta suave depressão através da introdução de uma nova recta permite reduzir em cerca de 10% a distância física entre as duas povoações, redifinindo as noções de proximidade e vizinhança que, actualmente, as distanciam. A nova geometria e a proximidade física tornam possível um novo conceito - avenida de ligação.

a) Superficie Lenticular - Este plano será uma enorme estrutura gráfica que marcará a vastidão da paisagem, indicando as direcções das duas povoações vizinhas através de uma mutante superfície lenticular 3D. b) Linha de Encontro - Uma longa rua qualificada pelas vistas "pixelizadas" da paisagem, caminhará ao longo de lojas, restaurantes e bares, distribuindo os visitantes pela estrutura programática que se organiza por detrás. c) Estrutura de Diversão - Diferentes programas e ocupações definirão a repetição modular desta estrutura, dimensionando-a de forma a acolher as zonas de concertos, cinemas, discoteca, exposições, Bowling, LAN party... d) Parque - Será um espaço verde que conforma e limita os espaços construídos, ao mesmo tempo que medeia a relação com a paisagem que se estende a Sul. Recortados nesta massa ecológica, existirão um cinema/auditório ao ar livre, uma pista de karts eléctricos, mesas de xadrez, área de merendas, labirinto de Paintball, parque infantil.

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Marcosandmarjan studio@marcosandmarjan.com www.marcosandmarjan.com

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Feira Internacional dos Açores Projecto de marcosandmarjan, Junho 2005 Arquitectura: marcosdandmarjan design limited - Marcos Cruz, Marjan Colletti Colaboradores: João Albuquerque, Marco Sacchi, Shui Liu Programa/Áreas: Áreas de exposição e restauração - 7995 m2 Cargas/descargas e arrumos - 1498 m2 Área administrativa e ninho de empresas - 2755 m2 Área externa de circulação - 2530 m2 Exposições exteriores - 8350 m2

exterior, acesso aos espaços de restauração e patamares no interior a partir do qual se pode visualizar todo o recinto antes de mergulhar nas áreas de exposição nas cotas mais baixas. Aqui encontra-se uma sequência de três grandes salas que poderão ser utilizadas simultaneamente como recintos fechados com acessos independentes, ou como um grande espaço de exposição que se estende para o exterior pela fachada do lado sul.

Programa A Feira Internacional dos Açores é um equipamento que alberga uma variedade de programas de uso 24h por dia, destinando-se a exposições e feiras industriais de pequeno e médio tamanho. O espaço integra amplas áreas de exposição no qual se pode articular um auditório e serviços de restauração, uma superfície para exposições exteriores, a administração do parque industrial, e um ninho de empresas.

Integração O edifício propõe-se como um sistema integrado e permeável no que refere a circulação e a sua relação com o contexto, como também na forma como materializa as amplas fachadas envidraçadas, parcialmente ornamentadas com sofisticados mecanismos de controle da iluminação e ventilação.

A especificidade climática e topográfica dos Açores sugere uma reflexão de elementos da natureza na tectónica do edifício não só através destes aspectos tecnológicos como também em termos simbólicos: a presença da terra aparece em forma das crateras de exposição, enquanto que o fenómeno da água é reinterpretado no carácter fluído da circulação; a noção do fogo é expresso no desenho ornamental da estrutura, sendo o ar (vento) sentido na presença flutuante da cobertura e pela enorme consola da cafeteria que se projecta sob a paisagem circundante.

Conceito O programa é organizado internamente de acordo com uma dialética espacial estabelecida entre a massa rochosa da topografia e a cobertura do edifício. Enquanto o topo norte do terreno é escavado de forma a criar variadas crateras de exposição o restante programa é incorporado nas treliças habitadas da cobertura, sendo esta elevada do chão através de um complexo sistema de paredes portantes, rampas e escadarias.

Circulação O edifício é assim atravessado por uma rede circulação sempre aberta ao público que liga o complexo da feira em três distintos níveis ao seu contexto. No ponto mais alto do terreno, no lado nascente, localiza-se o acesso ao ninho de empresas com estacionamento privado. No nível intermédio, no lado poente, localiza-se a entrada principal da feira já dentro da cobertura, com acesso directo ás áreas públicas de estacionamento no exterior, acesso aos espaços de restauração e patamares no

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Menos é Mais

Rua São francisco, 5 - 3º 4050-548 Porto . Portugal t/f: 222 010 451 guedes.decampos@sapo.pt

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Arquitectura - é + arquitectos associados Cristina Guedes + Francisco Vieira de Campos Colaboradores Adalgisa Lopes, Cristina Maximino, Luís Campos, Odete Pereira, Ricardo Cardoso, Vânia Maia Arquitectura Paisagista global arquitectura paisagista João Gomes da Silva

Projecto de Reordenamento das Margens da Ribeira Grande (Ribeira Grande) A Ribeira Grande é um curso de água cuja nascente se encontra na Lagoa do Fogo, e desagua na costa norte da Ilha de S. Miguel. No seu último troço, a ribeira atravessa o centro da cidade da Ribeira Grande, escavando um pequeno vale no centro do núcleo urbano.

Desusos A imagem urbana da ribeira é caracterizada por traseiras, construções pobres, muros brutais, inacessibilidades, espaços em desuso - moinhos abandonados.

Não há contacto da cidade com a ribeira, a degradação ambiental e a poluição da linha de água, fizeram da ribeira um espaço desprezado pelos seus habitantes.

Abertura e identidade Recuperar a ribeira tornando-a mais acessível, aberta e pública.

Criar um espaço contínuo, um programa global de abertura e identidade Criar espaços abertos e reconvertíveis: espaços para descansar, terraços para merendar, galerias abertas para percorrer, esplanadas para conviver, prados para práticas desportivas informais.

Andar é divertido Andar ao longo da ribeira deve ser uma nova e emocionante experiência: o caminho deve tornar coesa toda a área visualmente. Todos os caminhos devem estar relacionados com áreas de estacionamento. As ruas pedonais existentes entrecruzam-se com os novos caminhos gerando novas maneiras de caminhar na zona. O sistema de caminhos terá sinalética no pavimento marcando os diversos pontos de interesse e atracções turísticas da zona, como um grande mapa à escala 1:1, transformando uma área velha e aborrecida numa experiência nova e positiva.

Continuidade Propomos um entendimento da ribeira como uma estrutura global, um percurso unido pelo verde público, que contenha novas relações programáticas e espaciais, que seja perceptível como entidade acessível relacionada visual e tematicamente.

Concentramo-nos em encontrar acessos fáceis à ribeira e desenvolver programas e itinerários lúdicos adequados às várias sequências urbanas.

Criar possibilidades Em vez de resolver problemas estruturais da cidade existente, propomos criar novas possibilidades com as intervenções nas margens.

Abrir edifícios a actividades públicas: construir novos equipamentos, e reconverter edifícios existentes, que avançam sobre o rio, com novos programas públicos e semi-públicos, tais como: bares, esplanadas, postos informativos ou postos de apoio a actividades náuticas. Os caminhos exteriores poderão continuar dentro destes edifícios e assegurar o movimento contínuo e actividade pública no espaço interior.

Margens elásticas Sendo o perfil da ribeira variável, o projecto considera dois níveis no tratamento das margens, que correspondem às cotas de estiagem e às cotas de cheia.

Criam-se percursos à cota baixa e à cota intermédia que serão submersos sazonalmente.

Constroem-se planos verticais em pedra (basalto) ou betão, com possibilidade de fixação de vegetação e texturas a estudar.

Os planos e plataformas horizontais serão revestidas a materiais permeáveis, variando entre pavimentos duros ou moles conforme a sua função.

Tipologia do verde O projecto incorpora tipologias de espaço verde existentes na zona, como é exemplo as sebes de quartéis (*). (*) Quartéis: quadrícula de sebes que protegem as zonas de cultivo dos ventos salgados do mar.

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S’A arquitectos

Rua das Trinas, 81, R/c 1200-856 Lisboa . Portugal info@sa-arquitectos.com http://sa-arquitectos.com

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Centro de Eco-Turismo de S. Miguel (...) um sistema que permita a exploração da ilha e dos seus pontos geográficos de mais valor, a partir da Ribeira Grande; desenhando um conjunto de equipamentos públicos que permita a oferta de condicionantes para os visitantes, e os moradores da região.

"O desejo de crescimento e bem estar social deve equilibrar-se com a necessidade de preservar o ambiente, para as gerações futuras”

"Ribeira Grande como centro da Rede de Eco Turismo de São Miguel”

PORTFÓLIO» PORTFÓLIO»

ACEBOXALONSO ACEBOXALONSO »MU »MU

Prémios Prémios 1º PRÉMIO 1º PRÉMIO Cuña Cuña Verde.

Verde.

Palma Palma de Mallorca de Mallorca 2002 2002 1º PRÉMIO 1º PRÉMIO Centro Centro de las de las Artes Artes . A Coruña . A Coruña 2001 2001 1º PRÉMIO 1º PRÉMIO Recinto Recinto Ferial.

Ferial.

Palma Palma de Mallorca de Mallorca 2000 2000 1º PRÉMIO 1º PRÉMIO Colegio Colegio de Arquitectos de Arquitectos de Castilla de Castilla León León 2000 2000 3º PRÉMIO 3º PRÉMIO Plaza Plaza deldel Ayuntamiento.

Ayuntamiento.

Ponferrada Ponferrada 1996 1996 ACCESIT ACCESIT Palacio Palacio de Congresos. de Congresos.

Logroño Logroño 1999 1999 ACCESIT ACCESIT Biblioteca Biblioteca Universitaria.

Universitaria.

Ponferrada Ponferrada 1998 1998 ACCESIT ACCESIT Hospedería Hospedería Fonseca.

Fonseca.

Salamanca Salamanca 1998 1998 ACCESIT ACCESIT Ciudad Ciudad de la deJusticia. la Justicia.

Valencia Valencia 1997 1997 ACCESIT ACCESIT Sala Sala Olimpia.

Olimpia.

Madrid Madrid 1997 1997 ACCESIT ACCESIT Europan Europan 4. Suiza 4. Suiza 1996 1996 obras obras y proyectos y proyectos Casa Casa Varsavsky.

Varsavsky.

2004 2004 - en- construcción en construcción Centro Centro de de laslas Artes.

Artes.

2003 2003 - construcción - construcción Casas Casas M·U. M·U. Guipúzcoa.

Guipúzcoa.

1999-02 1999-02 Casa Casa L-C. L-C. Santander.

Santander.

1997-99 1997-99

Publicaciones Publicaciones 2004 2004

El Croquis.

El Croquis.

Sistemas Sistemas de de Trabajo, Trabajo, nº 119, nº 119, 2004.

2004.

Pag. Pag. 36-75 36-75 CENTRO CENTRO DEDE LAS LAS ARTES ARTES DEDE LALA CORUÑA CORUÑA RECUPERACION RECUPERACION DEL DEL CAUCE CAUCE DEDE SASA RIERA RIERA CIUDAD CIUDAD ORIENTAL ORIENTAL BIPOLAR BIPOLAR SUPERCONECTADA SUPERCONECTADA CASA CASA VARSAVSKY VARSAVSKY Incluye Incluye texto texto En En unauna lengua lengua extraña extraña Idioma: Idioma: inglés/español inglés/español arq./a, arq./a, revista revista de de arquitectura arquitectura y arte, y arte, nº 28 nº 28 nov/dic nov/dic 2004.

2004.

Lisboa.

Lisboa.

PágPág 38-49 38-49 casas casas M-U. M-U. casa casa Varsavsky.

Varsavsky. idioma: idioma: portugués portugués Destellos Destellos AE2003, AE2003, VII VII Bienal Bienal de de Arquitectura Arquitectura Española Española a cargo a cargo de de RCR RCR Arquitectes.casas Arquitectes.casas M-U M-U págpág 140-145.idioma: 140-145.idioma: español español casas casas España, España, nº 92. nº 92. edit. edit.

KLICZKOWSKI KLICZKOWSKI casas casas M-U M-U idioma: idioma: inglés/español inglés/español

PORTFÓLIO» PORTFÓLIO»

ACEBOXALONSO ACEBOXALONSO »CÂMARA »CÂMARA

SELECCION SELECCION SELECCION SELECCION SELECCION SELECCION SELECCION SELECCION SELECCION SELECCION SELECCION SELECCION

VII VII Bienal Bienal de de Arquitectura Arquitectura Española.

Española.

2003.

2003. casas casas MUMU 8º Mostra 8º Mostra d'archittetura d'archittetura di Venecia. di Venecia.

2002.

2002. casas casas MUMU V, VI V, yVIVII y VII Muestra Muestra de de Jóvenes Jóvenes arquitectos. arquitectos.

2002.

2002.

Premios Premios FAD FAD 2000.

2000.

Mies Mies VanVan de de Rohe Rohe Award Award 2000.

2000.

Opera Opera Prima Prima Bauwetl Bauwetl 1999.

1999.

Teatro Teatro y escuela y escuela de de actores. actores.

Madrid Madrid 1999 1999 CasaTerzagui.

CasaTerzagui.

Salamanca.

Salamanca.

1996-98 1996-98 Casa Casa Camara.

Camara.

2000 2000 Casa Casa Wenetz.

Wenetz.

1999 1999 arquitectura arquitectura ibérica. ibérica.

Editado Editado porpor caleidoscopio caleidoscopio 2004, 2004, num. num.

2. portugal 2. portugal CASAS CASAS M-U M-U pagpag 22-33.

22-33. idioma: idioma: portugués portugués TheThe Phaidon Phaidon Atlas Atlas of Contemporary of Contemporary World World Architecture.

Architecture.

Editado Editado porpor Phaidon Phaidon 2004.

2004.

CASAS CASAS M·U M·U pag. pag.

Idioma: Idioma: inglés inglés Grundriβatlas Grundriβatlas Wohnungsbau.

Wohnungsbau.

Floor Floor Plan Plan Manual Manual Housing.

Housing.

Editado Editado porpor BIRKHAUSER, BIRKHAUSER, Basel, Basel, Boston, Boston, Berlin Berlin 2004.

2004.

CASAS CASAS M·U M·U pagpag 249.

249.

Idioma: Idioma: alemán alemán revista revista NOX. NOX. Reflejos Reflejos de de un un mundo mundo singular, singular, nº2.nº2.

Focus Focus ediciones ediciones 2004.

2004. cuatro cuatro firmas firmas de de la nueva la nueva arquitectura: arquitectura: victoria victoria acebo acebo y angel y angel alonso, alonso, apuesta apuesta urbana. urbana.

Pag. Pag. 50-51 50-51 idioma: idioma: español español -AV-AV proyectos, proyectos, nº 1, nº 2004.

1, 2004.

CENTRO CENTRO DEDE LAS LAS ARTES ARTES pagpag 16-17 16-17 Arquitectura Arquitectura hoy, hoy, arquitectura arquitectura mañana. mañana.

Editado Editado porpor la Universidad la Universidad Politecnica Politecnica de de Valencia, Valencia, 2003 2003 CIUDAD CIUDAD ORIENTAL ORIENTAL BIPOLAR BIPOLAR SUPERCONECTADA. SUPERCONECTADA. Pag. Pag. 157-165.

157-165.

:ILHAS :ILHAS » ESPECIAL » ESPECIAL » ARQUITECTURA » ARQUITECTURA

A Casa A Casa do do VooVoo dosdos Pássaros Pássaros - habitação - habitação unifamiliar, unifamiliar, Açores Açores “Matter “Matter tellstells space space how how to bend; to bend; space space tellstells matter matter how how to move” to move” Albert Albert Einstein Einstein UmUm momentâneo momentâneo e fugaz e fugaz olhar, olhar, como como umauma memória memória de infância de infância queque surge, surge, inesperada. inesperada.

O O sol sol a sul, a sul, o vento o vento e o efrio o frio a norte, a norte, sinasina planetária. planetária.

Falam-me Falam-me de sonhos de sonhos comcom edifícios edifícios do De do De La Sota La Sota e esculturas e esculturas do Brancusi, do Brancusi, paradoxal, paradoxal, eu sei...nem eu sei...nem os conheço... os conheço...

Lembro-me Lembro-me de um de um camponês camponês que,que, todos todos os dias, os dias, após após lavrar lavrar a terra a terra e tratar e tratar dasdas colheitas, colheitas, deita-se deita-se e sonha e sonha comcom o mar o mar e todos e todos os peixes os peixes (se (se agitam). agitam).

CASA CASA DODO VOO VOO DOS DOS PÁSSAROS PÁSSAROS Clientes Clientes - Graça - Graça e Pedro e Pedro Jorge Jorge Correia Correia Data Data - 2003 - 2003 - 2005 - 2005

PORTFÓLIO» PORTFÓLIO»

BERNARDO BERNARDORODRIGUES RODRIGUES

»CASA »CASADO DOVOO VOODOS DOSPÁSSAROS PÁSSAROS

O terreno O terreno situa-se situa-se na na encosta encosta norte norte de de Ponta Ponta Delgada, Delgada, onde onde predominam predominam fortes fortes ventos, ventos, porém porém usufrui-se usufrui-se de de uma uma magnífica magnífica vista vista de de parte parte da da costa costa norte norte da da Ilha.

Ilha.

A casa A casa situa-se situa-se no no centro centro do do terreno terreno lançando lançando duas duas chaminés chaminés de de luz luz a sul. a sul.

O interior O interior revolve revolve á volta á volta de de umum pé pé direito direito duplo duplo da da sala sala e um e um largo largo pátio pátio interior. interior.

O piso O piso superior superior contém contém trêstrês quartos, quartos, umum estudio estudio e I.S. e I.S. O terraço O terraço enquadra enquadra a paisagem a paisagem e oferece e oferece diversas diversas possibilidades possibilidades de de vôo. vôo.

A Construção A Construção teráterá início início no no Junho Junho de de 2005.

2005.

CAPELA CAPELA DADA LUZ LUZ ETERNA ETERNA Cliente Cliente - Câmara - Câmara Municipal Municipal de de VilaVila Franca Franca do do Campo Campo Local Local - S.- Miguel, S. Miguel, Açores Açores Data Data - 2003 - 2003 - 2005 - 2005 O projecto O projecto integra integra uma uma intervenção intervenção queque teráterá igualmente igualmente umum museu, museu, uma uma sede sede de de escuteiros, escuteiros, umum auditório, auditório, uma uma escola escola e um e um parque. parque.

A capela A capela situa-se situa-se na na base base de de umum terreno terreno de de forte forte pendente, pendente, com com o cemitério o cemitério local local na na cota cota da da praça praça do do piso piso superior. superior.

A capela A capela nasce nasce de de umum largo largo espelho espelho de de água água na na cota cota inferior inferior e projecta-se e projecta-se verticalmente verticalmente oferecendo oferecendo umum espaço espaço interior interior digno digno do do ambiente ambiente de de introspecção introspecção e reencontro. e reencontro.

Contém Contém umum espaço espaço de de entrada, entrada, uma uma instalação instalação sanitária sanitária e acesso e acesso ao ao piso piso inferior. inferior.

Este Este temtem uma uma zona zona de de sacristia, sacristia, pequena pequena copa copa e I.S. e I.S. É revestido É revestido exteriormente exteriormente a mármore a mármore negro negro com com veio veio branco. branco.

As As paredes paredes interiores interiores sãosão prateadas, prateadas, o piso o piso emem marmorite. marmorite. umum friso friso emem vitral vitral azul azul contém contém os os passos passos da da via via sacra sacra desenhados. desenhados.

UmUm rasgo rasgo horizontal horizontal na na cobertura cobertura ilumina ilumina ao ao longo longo do do diadia as as paredes, paredes, o o chão chão e oeplinto o plinto emem mármore mármore verde verde para para o caixão. o caixão.

A construção A construção teve teve início início emem Dezembro Dezembro 2003.

2003.

BERNARDO BERNARDO RODRIGUES RODRIGUES Ponta Ponta Delgada, Delgada, 1972 1972 Após Após concluir concluir formação formação emem arquitectura arquitectura no no Porto Porto (FAUP), (FAUP), Londres Londres (estágio (estágio com com Donald Donald Insall Insall Associates), Associates), Nova Nova Iorque Iorque (mestrado (mestrado na na Columbia Columbia University) University) e ter e ter colaborado colaborado com com o Atelier o Atelier 15,15, iniciou iniciou actividade actividade própria própria no no Porto Porto emem Dezembro Dezembro de de 2001.

2001.

O seu O seu trabalho trabalho temtem suscitado suscitado interesse interesse e diversos e diversos convites convites da da crítica crítica nacional nacional e e internacional internacional para para expor, expor, publicar, publicar, apresentar apresentar conferências conferências e leccionar. e leccionar.

Expôs Expôs na na Bienal Bienal de de Veneza Veneza de de 2004, 2004, na Trienal na Trienal de de Milão Milão de de 2004 2004 a convite a convite da da Presidência Presidência da da República.

República.

FoiFoi professor professor convidado convidado emem Palermo Palermo emem 2003.

2003.

Tem Tem trabalho trabalho publicado publicado emem diversas diversas revistas revistas da da especialidade especialidade e imprensa e imprensa emem Portugal Portugal e no e no estrangeiro. estrangeiro.

FoiFoi representante representante de de Portugal Portugal na na publicação publicação Francesa Francesa d'Architecture d'Architecture emem artigo artigo sobre sobre 8 novos 8 novos arquitectos arquitectos Europeus.

Europeus.

Apresentou Apresentou conferências conferências sobre sobre trabalho trabalho recente recente na na Faup Faup no no Porto, Porto, emem Lisboa Lisboa na na sede sede da da Ordem Ordem dosdos Arquitectos Arquitectos e na e na Fundação Fundação Casa Casa de de Fronteira Fronteira e Alorna, e Alorna, emem Coimbra Coimbra na na livraria livraria xm,xm, emem Veneza Veneza no no IUAV, IUAV, emem Palermo Palermo no no Palácio Palácio SteriChiaramonte SteriChiaramonte recuperado recuperado porpor Carlo Carlo Scarpa Scarpa e na e na Universidade Universidade de de Évora. Évora.

Participa Participa na na exposição exposição Metaphora, Metaphora, 6 arquitectos 6 arquitectos portugueses portugueses comtemporâneos comtemporâneos na na renomada renomada galeria galeria Aedes Aedes emem Berlim Berlim emem 2005, 2005, Alemanha Alemanha onde onde participa participa como como arquitecto arquitecto do do Porto Porto junto junto com com 3 gabinetes 3 gabinetes de de Lisboa, Lisboa, umum de de Coimbra Coimbra e um e um de de Paris.

Paris.

Está Está a desenvolver a desenvolver projectos projectos de de várias várias escalas, escalas, desde desde habitações habitações unifamiliares unifamiliares a complexos a complexos turísticos, turísticos, habitacionais habitacionais e de e de Serviços.

Serviços.

Venceu Venceu recentemente recentemente o o concurso concurso porpor convites convites para para o Centro o Centro Pastoral Pastoral de de S. Miguel, S. Miguel, com com 6000 6000 m2,m2, 5 5 capelas, capelas, centro centro congressos congressos e alojamentos e alojamentos com com 50 50 quartos. quartos.

FoiFoi convidado convidado a a desenhar desenhar uma uma série série de de capelas capelas para para os Caminos os Caminos de de Santiago Santiago junto junto com com umum gabinete gabinete Francês Francês e um e um Espanhol.

Espanhol.

FoiFoi convidado convidado a desenhar a desenhar uma uma série série de de casas casas segundo segundo os 10 os 10 cantos cantos do do épico épico renascentista renascentista “Os“Os Lusíadas” Lusíadas” de de Camões, Camões, nasnas colinas colinas sobranceiras sobranceiras à ilha à ilha e castelo e castelo de Almourol, de Almourol, no no rio Tejo. rio Tejo.

Utiliza Utiliza a escrita a escrita como como meio meio projectual projectual na na suasua investigação investigação arquitectónica, arquitectónica, a a linguagem linguagem enquanto enquanto mediador mediador entre entre o pensamento o pensamento e aeacção a acção factual. factual.

Colabora Colabora com com diversas diversas publicações publicações tanto tanto no no campo campo da da arquitectura arquitectura como como da da literatura literatura e e jornalismo. jornalismo.

PORTFÓLIO» PORTFÓLIO»

BERNARDO BERNARDORODRIGUES RODRIGUES

»CAPELA »CAPELADA DALUZ LUZETERNA ETERNA

PORTFÓLIO»

EMITFLESTI »TGV

[Ultra]passar o TGV Prémio Tektónica | Velocidade '04 (370) Com este projecto pretendem-se realizar três condições fundamentais: criar uma imagem clara e identificável ao longo de todo o território atravessado pelo TGV, encarar a transposição da linha como uma oportunidade para interagir com o território envolvente e satisfazer os critérios funcionais e de economia que possam garantir a duração e o bom funcionamento da obra.

O sistema de atravessamento é definido por uma estratégia formal baseada em regras geométricas que operam a diferentes escalas: por um lado o movimento local da espiral que se repete ao longo de todo o percurso, por outro as variações diagonais no percurso global, permitindo o atravessamento da linha do TGV através do menor vão possível e criando uma sucessão de planos desdobrados sobre a paisagem. A repetição do mesmo tema permite, deste modo, a afirmação clara de uma identidade, através de um grafismo emergência de tridimensional, e a possibilidade de incorporar as especificidades do território em que se implanta, resultante da flexibilidade do sistema.

PORTFÓLIO»

São identificáveis na proposta três momentos com a capacidade de articular a distorção espacial e temporal produzida pela nova infra-estrutura com vários tipos de paisagem (urbana, industrial, rural...): a ancoragem das rampas e escadas com o solo, com a capacidade de estruturar o enlace com várias contingências; o atravessamento através das rampas feito a várias velocidades, constituindo-se como novo ponto de vista para o reconhecimento do território; o atravessamento rápido através do pilar/escada, que suporta as rampas e contem a escada de acesso à plataforma de atravessamento, evitando o ziguezague das rampas e permitindo a transposição da barreira de forma mais veloz.

Em termos estruturais propõe-se uma malha metálica treliçada, cuja secção base é de 2500x3000mm, obedecendo a uma métrica desencontrada de múltiplos de 1250mm. A superfície exterior da espiral estrutural, revestida em alumínio pintado com tinta retro reflectora, idêntica à utilizada nas placas sinalizadoras das auto-estradas e nas superfícies das carruagens de alta velocidade, criando uma alternância entre superfícies opacas e transparentes. A cor laranja identificará a via de alta velocidade tal como o azul identifica as auto-estradas. Uma película transparente em ETFE, complementa a rede metálica que alterna a grande espiral laranja, garantindo a segurança e a transparência.

»MOTOPIA

MOTOPIA - FICHA TéCNICA

EMITFLESTI

autores emitflesti arquitectos | contact@emitflesti.net Nuno Jacinto | Paulo André Rodrigues textos. Francisco Sousa Lobo | fsousalobo@yahoo.com consultadoria. Araproj design gráfico. Saraghina | info@saraghina.net maquete: Norigem | norigem@oninet.pt colaboradores: Nuno Ribeiro | Patrícia Coelho | Mara Marques título da peça motopia materiais: acrílico, pvc e miniaturas Preiser dimensões: 30 x 30 x 30cm sinopse 'A car goes by every now and then.'

A cidade dobra-se sobre si própria - um jogo sensual que desafia a gravidade.

Duas espirais enroladas num jardim vertical: - uma é a cidade dos carros, - outra é a manhã, o bazar, a encosta, o almoço, o bordel e o abrigo.

Junto do céu, uma piscina e uma escola.

No fundo do mar, Edgar Chambless aguarda a visita de Le Corbusier à fábrica da FIAT em Turin.

O prazer de guiar o último modelo desportivo na cobertura do edifício não chegou a acontecer em Montevideu nem em Argel.

:ILHAS » ESPECIAL » ARQUITECTURA

PORTFÓLIO»

MARCOSANDMARJAN

»FEIRA DO LIVRO

Marcos Cruz estabeleceu-se em Londres após estudos de arquitectura na ETSAB Barcelona e na ESAP Porto, onde se licenciou em 1997.

Marjan Colletti é arquitecto pela Universidade de Innsbruck na Áustria, onde ensinou antes de se mudar para Londres. Ambos concluiram o mestrado pela Bartlett School of Architecture/UCL em 1999 sob orientação do Prof. Peter Cook. Desde então, para além de desenvolverem pesquisa de doutoramento, têm desenvolvido uma intensa actividade docente como tutores da Unit 20 na Bartlett. Em 2003 Cruz foi co-comissário do Ministério da Educação da Áustria para a reestruturação das Escolas de Arquitectura de Viena e recentemente foi convidado como crítico regular na Universidade de Liverpool.

Colletti foi professor convidado pelo Instituto de Arte e Design de Kent em 2003 e actualmente coordena o curso de arquitectura digital na Royal College of Art em Londres.

Em 2000 formaram o estúdio marcosandmarjan no qual combinam prática, docência e pesquisa de arquitectura. As publicações e exposições são também uma parte fundamental da sua actividade. Formaram parte da exposição Actions Re Form no CAPC de Coimbra e Architekturgalerie de Munique em 2002, participaram na Bienal de São Paulo em 2003 e na exposição Metaflux na Bienal de Veneza 2004, e o trabalho seleccionado para a Royal Academy Summer Show de Londres em 2005.

Dos projectos destacam-se os concursos para a nova sede para os laboratórios NEB em Massachusetts e o novo museu Tomihiro no Japão, o novo club Godet em Istambul, um complexo de escritórios e espaços comerciais em Peking e um complexo de entretenimento em frente aos portões do Palácio de Verão na mesma cidade.

Recentemente concluíram o projecto para a 75ª Feira do Livro de Lisboa.

PORTFÓLIO»

MARCOSANDMARJAN

»XIYAN COMPLEX

PORTFÓLIO»

MENOS É MAIS »BARES DE GAIA

Cristina Guedes (Macau, 1964) Licenciada em Arquitectura pela FAUP - Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em 1991 Estagiou no atelier de Álvaro Siza em 1989-90 Pós-graduação em Planeamento e Projecto do Ambiente Urbano pela FAUP/FEUP em 1996 Assistente de Projecto IV no Departamento de Arquitectura da Universidade Lusíada do Porto desde 1994 Assistente de Projecto III no Departamento de Arquitectura da Universidade Autónoma em 2002-03 Francisco Vieira de Campos (Porto, 1962) Licenciado em Arquitectura pela FAUP - Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em 1991 Estagiou no atelier de Eduardo Souto de Moura (1989-91). Assistente de Projecto II no Departamento de Arquitectura da Universidade Lusíada do Porto desde 1998 Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos têm escritório no Porto, desde 1991, na rua S. Francisco, nº5, 3º Andar, 4050-548 Porto, Portugal.

Colaboradores: Lúcia Abreu, Margarida Paixão, Carla Almeida, Timothy Schultz, Francisco Mourão, Alexandra Pires, Fernando Pinheiro, Odete Pereira, Marco Paz, Vicente Brito, Oscar Ribas, Diogo Crespo, Patrícia Reis Mendes, Ricardo Cardoso, Gabriela Barbosa, Maria Maltesinho, Cristina Maximino, Cláudia Costa, Pedro Jordão, Teresa Penas, Luís Campos, Vânia Maia, Adalgisa Lopes PRINCIPAIS PROJECTOS

Recuperações

PORTFÓLIO»

MENOS É MAIS »BARES DE ÉVORA

2004 - Concurso para a Recuperação e Reabilitação da Fortaleza de Nª Srª da Luz, Cascais promovido pela Câmara de Cascais (em fase de apreciação) 2004 - Recuperação e Restauro da Igreja da Conceição Velha, Lisboa (em fase de projecto) 2004 - Concurso para a Reabilitação da Igreja de São Vicente, Matriz, Vimioso promovido pela Câmara de Vimioso e IPPAR 2003 - Recuperação e Ampliação de Edifícios em Miragaia, Porto (em fase de projecto) 2001 - Concurso para a Recuperação do Colégio da Graça para Centro 25 de Abril promovido pela Reitoria da Universidade de Coimbra com José Paulo dos Santos - 1º prémio 2001 - Recuperação e Ampliação do Edifício das Caldeiras CEF Centro Nacional de Fotografia, Coimbra com João Mendes Ribeiro (projecto) 2001 - Projecto de Reconversão da Fábrica do Teles, Santo Tirso - 3º Prémio do concurso promovido pela CMST com Serôdio e Associados 1996 - 2001 - Recuperação de Casa do Estado Novo Casa Pires de Lima (construído) 1998 - Recuperação da Quinta da Boa Viagem Turismo de Habitação, Viana do Castelo (projecto) 1997 - 2000 - Recuperação de Casa do Estado Novo Casa Cláudia Alves (construído) 1999 - Recuperação de Solar Quinta do Freixieiro, Guimarães (em construção) 1995 - 1997 - Recuperação no Palácio dos Carrancas Biblioteca e Secretaria na FBAUP - Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (construído) 1996 - Recuperação de dois Edíficios na Rua do Souto Loja Janes I, Braga com Fernando Pinto Coelho (construído) 1994 - 1995 - Recuperação de Casa do Estado Novo Casa Antero Ferreira (construído) 1994 - 1995 - Recuperação de Casa do Estado Novo Casa Eng. Paulo Queirós, Porto (construído)

Outros Projectos 2004 - Projecto de Arquitectura da Adega dos Frades - Criação de um Centro Interpretativo no Mosteiro da Batalha - 1º Prémio do concurso promovido pelo IPPAR secção Regional de Coimbra 2004 - Exposição Habitar Portugal Cordoaria Nacional promovida pela Ordem dos Arquitectos com Inês Lobo 2004 - Unidade Industrial Autoeuropa, Palmela (em fase de projecto) 2004 - Arranjo dos Espaços Exteriores do Bairro de Contumil, Porto - 1º Prémio do concurso promovido pelo GOP Câmara do Porto (em fase de projecto) 2004 - Arranjo dos Espaços Exteriores do Bairro Pio XII, Porto - 1º Prémio do concurso promovido pelo GOP Câmara do Porto (em fase de projecto) 2003 - Bar esplanada no Jardim de Diana, Évora (em fase de projecto) 2003 - Bar mirante no Depósito de Água, Évora (em fase de projecto) 2003 - Edifícios das parcelas 8, 9 e 15 da zona de intervenção do programa Cacém Polis - 1º Prémio do concurso promovido pela Cacém Polis (em fase de projecto) 1997 - 2003 - Casa no Loivo, Vila Nova de Cerveira (construído) 1996 - 2003 - Casa Jan Enis, Ofir com José Fernando Gonçalves (construído) 1996 - 2003 - Casa na Boavista , Porto (construído) 1999 - 2002 - Três Bares Esplanadas na Marginal de Vila Nova de Gaia - 1º Prémio do concurso promovido pela APDL (construído) 2001 - Edifício Pré-Fabricado em BetãoSede Social da Prégaia - 1º prémio (em fase de projecto) 2001 - Escola de Arqueologia do Freixo, Marco de Canaveses - 1º Prémio do concurso promovido pelo IPPAR D.R. Porto (em fase de projecto) 1996 - Pavilhão de Oficinas da FBAUP Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (construído) 1994 - Café do Cais, Porto - 1º Prémio do concurso promovido pela APDL e CRUARB para um café esplanada no Cais da Estiva na Ribeira (construído)

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S'A arquitectos Carlos Sant'Ana + Isabella Rusconi

«PORTFÓLIO

Flexibilidade no design é uma atitude

»PARQUE DE ESTACIONAMENTO

contemporânea. O seu objectivo é criar objectos

SA

PORTAS DO SOL, LISBOA

mutantes adaptáveis a diferentes personalidades e estilos de vida. Para conseguir isto, é necessária uma redefinição constante do conceito de equipe, creando uma estrutura orgânica. Ao trabalhar com estratégias, podemos gerar sistemas que permitem uma flexibilidade conceptual, aumentando assim o número de variáveis formais e programáticas.

Propomos novos modos de completar as paisagens urbanas e naturais, tentando consolidar um sistema hibrido de ocupação, da cidade ao objecto, do espaço selvagem à natureza domesticada.

S'A arquitectos é uma jovem equipe que procura redefinir processos de pensamento numa busca de novos planos de acção, com experiência académica e profissional em Lisboa, São Paulo e Barcelona que procura redefinir processos de pensamento numa busca de novos planos de acção.

Carlos Sant'Ana é formado pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa.

Trabalhou em diferentes ateliers de Lisboa e no Projecto Integrado do Castelo, projecto da Câmara Municipal de Lisboa como arquitecto, Carlos Sant'Ana muda-se para Barcelona, onde esteve quatro anos como Chefe de Projecto na ACTAR Arquitectura, enquanto fazia o Mestrado em “Projectos de Grande Escala na ETSAB-UPC.

Isabella Rusconi formou-se na Universidade Mackenzie em São Paulo. Colaborou em vários ateliers no Brasil, destacando-se Rino Levi Arquitectos Associados e Luis Espallargas Arquitectura. Foi Arquitecta Coordenadora na ATECH - Fundação Aplicações de Tecnologias Críticas e na Athie Wohnrath Projectos e Gestão.

Actualmente frequenta o programa de Doutoramento em Projectos Arquitectónicos em Barcelona.

«PORTFÓLIO

SA

»GENETIGRAMA

VILA NOVA DE GAIA + COIMBRA

CONSTRUIR AS ILHAS Ana Vaz Milheiro

1. Açores Moderno

2. Açores Pós-Moderno

Os Açores entram no período moderno através dos edifícios de João Correia Rebelo, arquitecto micaelense tangente a uma primeira linha de arquitectos modernos nacionais e cuja obra (conhecida) praticamente se circunscreve ao arquipélago. Encontra a sua saída para o moderno, precisamente através de uma obra que corresponde à sua maturidade profissional - a Pousada da Serreta construída na ilha Terceira (1960/61-1968).

Na relação com a cultura moderna, que irrompe em Portugal durante os anos 50 e se transmite para 60, provou-se que João Rebelo não só instrumentalizava de forma bastante ágil as suas principais referências como dominava a questão tecnológica (1). Estes factos foram determinantes para que a sua obra construída pudesse ser integrada no universo do moderno português - e não somente a acção doutrinária que cultivou, entre outros meios, através da publicação dos panfletos Não! (1953) e Senhor Ministro (1956). É precisamente por se localizar num enquadramento geográfico definido, que a Serreta e as obras de João Rebelo que esta deixa para trás, permitem que o percurso do seu autor seja encarado como uma espécie de reflexo da arquitectura portuguesa que atravessa os anos 60, introduzindo "geografias" não convencionais no debate da cultura nacional moderna.

Nos Açores, Rebelo ensaia as possibilidades dessa cultura. O moderno português que inicia a década de 60 usa os resultados do Inquérito, realizado entre 1955 e 1961 no território continental, como livre trânsito na passagem à "terceira via". É este moderno que se esboça de forma visceral na Pousada terceirense. Até à Serreta (ou seja, a partir de 1956, quando se autonomiza profissionalmente), João Rebelo movimenta-se pelas imagens veiculadas pelo Movimento Moderno mais paradigmático. Nela (depois de 1961, data do ante-projecto), ultrapassa a simples apropriação alegórica e mobiliza-se numa prospecção de matérias espaciais, plásticas e programáticas, que agora se faz sem "rede", isto é, através de tentativas e sem o conforto de um paradigma estável.

O tempo curto que, em Rebelo, medeia o corte entre um modelo mais canónico e o "revisionismo", projecta a ideia de que, no país, o agilizar de um padrão moderno acontece, quase em simultâneo, com o seu "abandono". Trata-se de um caso singular que exponencia um fenómeno de grupo. Mas é enquanto espelho de uma produção colectiva, que a Serreta é determinante: reflecte a descoberta que possibilita ir ao encontro da contemporaneidade e não a resposta às experiências (modernas) acumuladas por uma geração.

Através da Serreta, acentua-se a precariedade do passado moderno português e, simultaneamente, o gesto de evasão a que corresponde a arquitectura que arranca nos anos 60. O seu valor patrimonial é, portanto, inestimável.

O pensamento pós-moderno irrompe na cultura arquitectónica açoriana através de um arquitecto solitário e, tendencialmente, inqualificável. Paulo Gouveia, que constrói no arquipélago desde o início dos anos 80, mantém uma posição singular face à produção portuguesa, fazendo uso de uma memória intransmissível. A sua obra gravita em torno do mainstream, sem todavia tocar o "centro".

Sente-se claramente uma obsessão autobiográfica que incorre numa narrativa retrospectiva que os seus edifícios projectam.

Nas obras de Paulo Gouveia, principalmente nas casas particulares que desenha, a arquitectura tende a desaparecer.

Há uma condição simultânea de atemporalidade e de anonimato que a eclipsam. É, portanto, numa cultivada "periferia" que Paulo Gouveia constrói as coordenadas da sua arquitectura, cartografando reminiscências que não pertencem única e exclusivamente quer ao universo das ilhas quer à cultura arquitectónica. Antes se miscigenam num panorama que suavemente recupera diversas fontes. Percebe-se, por exemplo, um espectro "neorealista" na configuração da casa nas Lajes do Pico ("uma casa sobre a casa", 2000). Aqui, a realidade é dramatizada para além da sua verosimilitude através do recurso à hipérbole, à expressão crua que se força nas proporções da casa de madeira (analogamente uma "torre") que se eleva sobre a "outra" casa de pedra.

No Museu dos Baleeiros (Pico, 1986-89), a sequência de cinco janelas que definem superiormente o (novo) traçado do edifício, imprimem uma carga trágica a um programa celebrativo, aumentando o significado de elementos nãofuncionais. Pretende captar a materialidade de uma condição imponderável - o direito à ancestralidade - numa encenação que, não sendo simbólica, é dramatizada através da arquitectura. Se numa perspectiva surreal o mundo fosse cristalizado a preto-e-branco, a relação com o cinema surgiria explicitamente. Mas o Museu dos Baleeiros tem cor, para além do negro e do branco das alvenarias tradicionais, porque na ilha todas as adições se assinalam, amenizando-se assim com as tradições insulares, num gesto que desmaterializa os significados densos de qualquer citação, reintegrando-a.

Constrói-se assim uma espécie de cinematografia privada, uma "cinemateca imaginária", que é objecto de uma montagem permanente e cúmplice. Na Madalena do Pico, no Museu do Vinho (I fase, 1992-99) recria o espaço onde as imagens de uma nova iconografia regional poderiam ser encenadas. O mirante que paira sobre a vinha, debruça-se igualmente sobre o canal de Nemésio. Paulo Gouveia escreve um guião visual para "Mau tempo no canal", numa interpretação (intimista) que cruza literatura, cinema, território.

Mas é na Casa em São João (Pico, 2003) que Paulo Gouveia se posiciona claramente: a Casa é um discurso sobre o exercício da não-arquitectura. Trabalhando sobre uma preexistência, Paulo Gouveia refaz a Casa sem cedências, quer dizer que não se deixa tomar pelas formas que dominam mediática e medianamente a arquitectura. Há aqui uma modernidade que faz desta Casa um manifesto de futuro, perante as distorções contemporâneas.

(1) Cf. João Vieira Caldas (coord. Co-comissariado por Helena Barreiros). João Correia Rebelo - Um arquitecto moderno nos Açores. Angra do Heroísmo: Instituto Açoriano de Cultura, 2002

3. Açores da Continuidade

4. Açores Contemporâneo

A Casa João Pacheco de Melo localizada em São Vicente Ferreira (São Miguel, 1992-2001) de Pedro Maurício Borges é, antes de tudo, um ensaio sobre a continuidade. Prémio Secil Arquitectura 2002, esta Casa abre uma hipótese sequencial: isto é, convoca o passado recente da arquitectura portuguesa e simultaneamente interpreta os sinais da "cultura localizada" que caracteriza o arquipélago. Ao fazê-lo atravessa o desejo da arquitectura moderna em encontrar cada localidade regional e, simultaneamente, reveste esse discurso dos elementos que permitem identificar o "tempo" actual.

Neste projecto, Pedro Maurício Borges detém-se sobre as casas iniciais de Álvaro Siza, quando este cruza um primeiro modernismo com a "ancestralidade" de Fernando Távora. A Siza, vai portanto buscar o intimismo dos primeiros projectos que se reflecte essencialmente na forma, mas também na escala e na sua inserção no território. Como resultado mais imediato, há na Casa de Maurício Borges uma forte carga "nostálgica" que, todavia, é desestabilizada pela forma com as referências vão sendo trabalhadas.

Formal e escultórica, a Casa João Pacheco, é então um ponto de partida para uma narrativa. Nasce compacta, mas fragmenta-se, corta-se, e acaba por sentir necessidade em se auto-referenciar. Acaba por se transformar num "caso demonstrativo", o que significa emergir como obra simbólica para uma região e, principalmente, para uma geração. Mas, a Casa não deixa de ser um corpo estranho, apesar de todas as verosimilhanças que transporta.

Acentua-o, o seu carácter paradoxal, medido no confronto entre duas faces: a fachada "pública" - a do óculo que a personaliza -, e a que lhe está oposta, onde a cobertura - feita num só plano - repousa. O discurso polariza-se entre estes dois acontecimentos: um de receptividade, outro de domesticidade. Entre eles há um intervalo, que é o vazio do interior ou o miolo da casa, onde o programa doméstico se desenvolve sem sobressaltos. Como explicou melhor Vítor Figueiredo, "a sua arquitectura oferece-se à apropriação de quem a habita, tão tranquila como o mundo onde a casa aconteceu" (2).

No campus universitário que está a ser construído na cidade de Angra do Heroísmo e de cuja primeira fase do plano somente se fixou o Edifício de Aulas, Anfiteatro e Biblioteca (Jorge Figueira/Paulo Ferreira, 1999), encontra-se actualmente a decorrer uma nova etapa. O primeiro projecto saído desta última fase é o Edifício dos Serviços de Acção Social (Cantina, 2005) de Jorge Figueira.

Este projecto pretende inscrever no universo açoriano uma outra marca temporal. Não se trata exactamente de um projecto futurante, mas de uma visita "retrospectiva" a um futuro que a ilha Terceira não viveu. Os sinais da "localidade" afastam-se de qualquer conotação "expressionista" e concentram-se agora na paleta de materiais, caso dos revestimentos onde se recorre ao basalto poroso do arquipélago. O seu uso na definição de uma "pele", é remetido para um sentido plástico e não ideológico. Ao basalto juntamse o lageado de mármore branco de Estremoz, os azulejos, os painéis de composto de cimento e a madeira pintada. Este processo desmistifica as alusões à "cultura localizada", transformando as suas marcas em mais um elemento de desenho e não, exactamente, no seu discurso conceptual.

A nova Cantina toma, genericamente, a forma de um "bloco escalonado (...) que acompanha a direcção do arruamento principal" do campus "e se avista deste" (3). A sua cobertura compacta opõe-se à transparência das fachadas sul e norte que "revelam um edifício (...) amável, aberto à paisagem".

Esta descrição toca num dos pontos centrais do projecto: cada elemento arquitectónico é usado com uma dose significativa de ambiguidade. A cobertura funciona afinal como uma "continuidade" geológica, um chão sobre o qual se pode caminhar; enquanto que a transparência das fachadas apela à artificialidade a que corresponde qualquer intervenção sobre o território. O mundo natural confronta o artificial. É um gesto que procura não passar despercebido face à paisagem: a visibilidade que a forma adquire é visceral, isto é, tem origem na geometria que organiza os dois pisos principais: o superior (dos gabinetes, das lojas, do bar) e o inferior (do refeitório). A geometria interior reajusta-se à volumetria, gerando espaços performantes, fortemente identificados. Neste ambiente interior, os materiais assumem uma caracterização próxima da colagem, exercitada entre as exigências funcionais e as apetências cenográficas. Ao manipular as imagens através dos revestimentos e das geometrias, o projecto da Cantina propõe para a Terceira descarnar algumas das suas referências mais telúricas tratando-as como matéria "pop".

(2) Vítor Figueiredo. Casa Pacheco de Melo, Prémio Secil - Arquitectura 2002. Ordem dos Arquitectos, 2003

Ana Vaz Milheiro

(com excepção da última parte, este texto junta excertos de outros artigos) (3) Memória Descritiva do projecto

SAMI; uma experiência de Arquitectura no Pico

Inês Vieira da Silva e Miguel Vieira

A adequação de um projecto é um desafio maior; não havendo soluções únicas ou predefinidas em arquitectura, é na procura, muito própria a cada projecto, que a resposta se vai desvendando. Desenhar sobre uma envolvente "natural" torna esta questão absoluta. Apenas porque um edifício que se constrói numa paisagem sem referências urbanas tem de encontrar na Natureza o equilíbrio da sua proposta.

Entre 2002 e 2004 tivemos oportunidade de integrar o Gabinete de Gestão da "Paisagem Protegida da Vinha do Pico" com o objectivo preciso de colaborar na sua candidatura a Património Mundial da UNESCO. Este objectivo, diga-se desde já, foi plenamente conseguido no ano de 2004.

Esta gestão diária, de contornos plurifacetados, implicava não só o contacto com a população, no sentido de esclarecê-la sobre os objectivos e o âmbito da intervenção do referido gabinete, mas também a sua sensibilização para questões arquitectónicas através do apoio de projecto nalguns casos pontuais.

Um destes casos foi a reconstrução de um moinho de vento, localizado na referida paisagem protegida, cujo acompanhamento semanal, durante um ano, permitiu contactar e observar de perto o modo de trabalho destes mestres carpinteiros. Este contacto próximo com os mestres locais não só se revelou uma experiência muito enriquecedora como se repetiu na execução do projecto de arquitectura da recuperação de um antigo edifício, onde o diagnóstico e a identificação das madeiras existentes só foi possível com o seu auxílio.

A partilha deste saber foi um dos pontos mais importantes da nossa experiência e revelou-se fundamental para a aproximação ao modo de vida e tradições de uma população que permanece fiel a costumes ancestrais, grandemente ligados aos fenómenos telúricos que sempre pautaram as suas vidas.

A compreensão das suas desconfianças, e mesmo temores, relativamente a uma disciplina desconhecida como a arquitectura permitiram-nos uma abordagem mais correcta a projectos de maior dimensão que posteriormente desenvolvemos para a Secretaria Regional do Ambiente e do Mar/Direcção Regional do Ambiente como foi o caso do "Centro de Visitantes da Gruta das Torres" que se encontra aberto ao público desde Maio passado, o "Centro de Interpretação da Paisagem Protegida da Vinha do Pico", presentemente em obra ou a "Casa dos Vulcões", ainda em projecto.

As nossas preocupações concentraram-se sempre na adequação destes programas ao contexto e ao público a que se destinavam, procurando entender uma realidade tão particular como a da ilha do Pico. Ao pensar cada edifício procurámos utilizar técnicas tradicionais adequadas de modo a valorizar a arquitectura, contemporânea, de cada projecto.

Foi o que fizemos no projecto da Gruta das Torres onde partimos da imagem de um processo construtivo tradicional, associado aos muros de currais de figueira, e reinterpretámola proporcionando uma afinidade natural do edifício com o contexto da ilha.

Em todos os projectos a força da paisagem, soberana, levounos à procura de um novo olhar, um olhar de maior entendimento, de maior proximidade, através do trabalho em equipa com especialistas das áreas da geologia, da vulcanologia ou da biologia. Tornou-se claro que este trabalho multidisciplinar é uma base de projecto sólida, não só por permitir uma maior eficiência na formulação do programa de cada edifício como por enriquecer o seu processo, reflectido no resultado final.

Procurando na paisagem o sentido de projecto percebemos a importância da escala da arquitectura. Nesta relação íntima com a paisagem em que a arquitectura se desenha, a escala do edifício é fundamental para a adequação do mesmo. Essa escala está aferida pelos edifícios de cariz popular construídos em alvenaria de pedra de basalto. As suas proporções, os materiais que utilizam, a implantação e relação com a topografia que apresentam são exemplo da enorme comunhão entre construção e natureza.

Trabalhar na ilha do Pico influenciou definitivamente o nosso modo de pensar arquitectura. Isto porque o contexto, a paisagem, o ambiente de cada lugar não são factores secundários mas sim a inteligência de um projecto.

...resulta do modo como formulamos as questões de projecto trabalho em equipa multidisciplinaridade relação com a Natureza - condição "humana" da arquitectura que teima no erro E a evidência não é fácil...

'An island if it's big enough is no better than a continent. It has to be really quite small before it feels like an island; and this story will show how tiny it has to be before you can presume to fill it with your own personality.'

D. H. Lawrence, The Man Who Loved Islands

Positioned at 25 [degrees] west, 37 [degrees] north, in the middle of the Atlantic Ocean, the island of Sao Miguel has in the last ten years become the centre of arguably the most vibrant experimentation for Portugal's new generation of architects. Architect-curators Pedro Gadanho and Luis Tavares Pereira's recent analysis of contemporary Portuguese architecture in Influx, a travelling show that began in Oporto's Fundacao Serralves, revealed a surprising number of young studios building in the Azores, of which the island of Sao Miguel is the largest and most populated. A satellite in a distant orbit around Portugal - a country itself along Europe's periphery - and only recently receiving funding to encourage growth, the Azores have become an escape-valve and proving ground for architectural design, providing space for reflection and to rethink architectural practice in a developing context.

Geographically remote and staunchly agricultural, Sao Miguel and its eight island neighbours boast, to this day, no buildings

by Portugal's twentieth-century masters.

Though always integral to Portugal, the Azores' distinct qualities have, over time, surfaced, hewn from the abundant volcanic rock and fertilized by longstanding socio-cultural cross-pollination. The islands were first settled in part by Portuguese prisoners sent to populate the remote archipelago as a condition of their release. They were subsequently joined by missionaries, fishermen, sailors and travellers en route to the New World who stayed on, and then, waves of immigrants from northern Europe. The Flemish settled in the western isle of Flores and Bretons came to the northern shores of Sao Miguel, giving Michaelense (the Portuguese spoken on Sao Miguel) a distinctive, elegant French vocalization and the island a thoroughly hybrid pedigree. Weather has also contributed to the seclusion and peculiarity of the Azores stormy winter seas often prevent access to the smaller islands even by air for days at a time.

The Azores' privileged isolation has enabled them to become a centre for new architectural design, and adopt a critical distance from the continents. This is particularly evident in their careful approach to urban development. Over the last twenty years, the Azorean autonomous regional government has deterred speculation along its coastlines, in stark contrast to the active encouragement of other regions (for instance, in the tropical island of Madeira and on the Algarve coast). It has spurned mass-leisure tourism and sprawling resort construction in favour of supporting broader, island-centred multi-sector growth. So far the Azores have managed to preserve their landscape and coastline while still encouraging some alternative tourism, dedicating funds instead to longterm educational and cultural developments like the new Universidade dos Acores based in Ponta Delgada, Sao Miguel's capital.

Envisaged as a centre of learning on a par with continental schools and as a magnet designed to attract a younger population to the islands and invigorate intellectual life, the Universidade dos Acores has in turn shown itself to be one of the local young architects' best clients. In the late '90s, with financial help from the European Union, the school administration called for a series of international competitions to design the building complexes of its growing campuses.

Unconsciously, the administration's groundbreaking ambitions led it to select emerging practitioners to realize the work. Ines Lobo, from Lisbon and a long-time protegee of Joao Luis Carrilho da Graca, won the University Campus Auditoria, while the University Library and Student Residence were each

awarded in separate commissions to the then under-30-yearold Pedro Machado Costa and Celia Gomes, of as * architects (or Atelier de Santos), also practising in Lisbon and recent graduates of the FAUP, Oporto's architecture school.

The contagious optimism of new possibilities has infected Sao Miguel's private clients as well. In the mid-'90s, gallery owner Fatima Mota and her husband Antonio Macedo commissioned the young Pedro Mauricio Borges, a Lisbon-based architect who had worked for a time on Sao Miguel, to build the Casa das Banquetas in Lagoa to house their collection and function as their home. Borges subsequently won Portugal's prestigious Premio Secil in 2002 for the Casa Pacheco de Melo on the other side of Sao Miguel in Sao Vicente Ferreira, an indication that the island was becoming not only the focus of new design, but also of continental recognition, while witnessing the transformation of Portugal's entrenched architectural canons. Trimmed in marble and wood, Borges' meandering white houses recall Alvaro Siza's device of wrapping perspectival contour lines, situating a familiar spatial game within an inspired local dialect by abstracting the forms of traditional Sao Miguel roofscapes and chimneys to relate to the taut, elongated profiles of the island's panoramas.

Bernardo Rodrigues, a 32 year-old native of Sao Miguel who has been working out of Oporto since earning a degree at the FAUP and spending a horizon-broadening Master-degree year in New York - returns often to the island, where he is currently realizing several poetical reinterpretations of the vernacular Azorean House. These pay homage to the turbulent, flourishing landscape while also quietly embodying the universal typological language of the Pompeian House and the buried conceptual abstraction of works such as Terragni's Danleum or Hejduk's Wall Houses.

The islands provide what may be regarded as ideal conditions for young architects the chance to distil and carry out a design idea in a familiar yet kaleidoscopic vernacular that provides strong elemental and narrative cues, coupled with clients looking for fresh, viable solutions to the challenges of new ways of living and thinking.

Such young designers have inevitably been steeped in the dominant processes of Portugal's eminent architects - Alvaro Siza, Eduardo Souto de Moura, and Joao Luis Carrilho da Graca - having been influenced by their teachings at the Lisbon or Oporto schools as well as by their widely published and acclaimed work. Prevalent among these emerging architects is the desire to complement their training with study abroad in the United States, the Netherlands, France and England. Whereas mainland Portugal itself has been wary to officially recognize the worth of foreign study, such enrichment is welcomed by the Azores' more rugged, off-beat individualists.

For Lobo, an interest in the minimalist objects of Donald Judd and a long apprenticeship with the reductive Modernist compositions of Joao Luis Carrilho da Graca are brought together and brought locally to life for her in Ponta Delgada as the duality of the black-and-white play of landscape and cloudscape, diffuse-white sky, black-cast shadow, and the black basalt of the island's once-molten earth. Two smooth white rectangular auditoria hover over a shadow-black plinth connected by a glass entry corridor that visually unites the arbour and the courtyard on either side while framing the fronds, leaves and blades of the island's most pervasive and vibrant third colour, green. Costa and Gomes multiply the density of the pervasive basalt's coarse pores by horizontally

stacking tinder-sized cuts with the appearance of geological strata, forming the striated University Library facade plinth and carving out the dark stairwell to the sunlit study of the Student Residence. In the University Library, the concrete, stained in transparent amber, retains the grain and scale of its narrow slats of wood form-work and, with the burgundy-oxidized CorTen screens of stretched steel, continues the dialogue of striations and piling that draw the visitor up the band of black ramps into the perched reading areas and book stacks. The Library becomes an enchanted thicket of performative, interpretive forms fomenting interactive study, as well as a vibrant record of the architects' wide-ranging sources of inspiration.

The apparent ease with which Sao Miguel has absorbed such a myriad of design responses is a testament to the island's vital heterogeneity, its ability to reincorporate fragments of distant worlds at the epicentre of its particular landscape.

Reticent, removed and remote, yet diverse and with underpinnings of independent thought, the Azores are washed by the splash of dogma's softer, outer ripples to little effect; it is a place that has its ear instead to the hissing, heaving land and its eyes always on the sea.

Amanda Schachter

Buoyancy of a Stone Raft: New Architecture in the Azores, in Architectural Review, n.ยบ 1289, Julho de 2004

ARQUITECTURA, ESPAÇO, TEMPO, HISTÓRIA. EZEQUIEL MOREIRA DA SILVA

Antes de mais, gostaria de pedir desculpa pelo titulo petulante. Já explico. Quando recebi o convite para contribuir com um texto sobre arquitectura, pensei: Mas, afinal, eu não sei nada de arquitectura. O “não saber” remete-me para o domínio do pensamento, neste caso, a memória do pensamento a que chamamos “saber”.. Pouco depois recordei uma máxima de Husserl: “Um bom fenomenologista (e, atenção, não estou a insinuar que sou um fenomenologista) não é alguém que publica livros. É alguém que aprende a observar o fenómeno atentamente” É uma questão de perspicácia. Esta questão abre uma verdadeira caixa de pandora porque, segundo alguns arquitectos que conheço, um espaço, qualquer espaço, nunca pode ser apenas pensado (no sentido habitual do termo, quando pensamos que o pensar antecede o acto da criação do espaço, isto é, quando assumimos que o pensar do espaço começa e acaba... com o pensar). Tem que ser sentido. Bem, pensei eu, pelo menos consigo isto: posso falar da forma como sinto-penso (por ordem de importância decrescente) o espaço. É um princípio modesto, mas sempre é um princípio.

Estes meus amigos arquitectos afirmam, com uma feroz convicção, que o espaço é pensado através do sentir porque o sentir revela a nossa pertença ao espaço, o nosso profundo enraizamento ao “estar-aqui”, num contexto, imerso, implicado, em suma, permeado pela existência (Heidegger): Podemos falar do sentir-pensar o espaço, mas nunca apenas do pensar do espaço. Não é por acaso, portanto, que fenomenologistas como Heidegger, Merleau-Ponty, e alguns outros, criticam a proeminência da cognição, do pensar (como nós habitualmente pensamos o pensar) como pressuposto da vivência (ou seja, para eles a vivência precede a distinção ou bifurcação entre o mental e o existencial). Gostaria de propor uns aforismos, que são humildemente dedicados a Wittgenstein e a Gadamer. Todos os que conhecem os filósofos a que me refiro, e outros, facilmente reconhecerão muitas das ideias que aqui aparecem. Limito-me, aqui, a tentar explorar algumas destas ideias. Nada mais.

3. Tudo o que persiste no tempo como multiplicidade (edifício, monumentos, etc) participa na sedimentação, revitalização e criação contínuas de interpretações históricas (história como a inevitabilidade do sujeição a interpretações precedentes com as quais temos que “lidar”). Os efeitos das interpretações históricas (esta é uma ideia de Gadamer) multiplicam-se.

1. Tudo o que é edificado tende a persistir no tempo como forma, ou seja, como a integração de diferenças múltiplas.

Finalmente, gostaria de concluir com o seguinte pedido.

Gostaria muito de poder ouvir arquitectos a falar sobre o seguinte tema, que sempre me fascinou: Quais são as linguagens (poesia, música, espaço, movimento, etc) da arquitectura? Gostaria muito de, um dia, poder ouví-los a falar sobre este assunto. E, agora, despeço-me.

2. Tudo o que persiste no tempo como uma multiplicidade (que assume forma) está inevitavelmente sujeito à interpretação histórica. A persistência temporal da forma (que contém multiplicidade) é a condição da possibilidade da interpretação histórica. Por conseguinte, o que persiste como forma, persiste também como potencialidade (cada uma das diferenças pode ser uma perspectiva interpretativa sobre o todo).

4. Tudo o que é edificado e que persiste é história. (Problema: É possível falar da presença de uma ausência? Estou a pensar numa apresentação de Ricoeur, na qual o filósofo Francês elaborou, detalhadamente, a importância do fenómeno da “ausência presente”, no contexto da memória histórica) Podemos, neste contexto, pensar em certos monumentos que, apesar de terem sido destruídos por terramotos, persistem como referência no imaginário histórico.

Deixo esta interessantíssima questão em aberto.

5. Tudo o que se edifica é múltiplo. A multiplicidade assegura a potencialidade da forma e a potencialidade das interpretações da forma. Uma questão interessante: A relação da potencialidade da forma com a potencialidade da interpretação da forma? Não! Esta é uma falsa questão porque a bifurcação das duas potencialidades nunca existiu na experiência, apenas no cálculo analítico. É uma falsa distinção, na experiência prática. Se fosse uma equação não seria 1 (forma) + 1 (interpretação da forma) = 2 (síntese), mas, ao contrário, seria 2 (pertença e fusão) = 1 +1 (o 1+1 que só é possível através de uma falsa abstracção, que não deixa de ser interessante) Ou seja: Toda a experiência é um Gestalt, uma unidade que só é decomposta em partes através da abstracção. Problema: Mas porque não pensar na abstracção como pertencente ao próprio Gestalt? Levanta o problema da coerência interna do Gestalt, como é evidente. Todavia porque é que a coerência tem que ser consistente, no sentido na não-contradicção? Porque não pensar na abstracção, não como contradição de uma unidade primordial mas como o ???????????????

'An island if it's big enough is no better than a continent. It has to be really quite small before it feels like an island; and this story will show how tiny it has to be before you can presume to fill it with your own personality.'

D. H. Lawrence, The Man Who Loved Islands

“DA PEDRA À ORDEM” Luís Rodrigues

Mudar a face do mundo é a palavra de ordem do homem.

Sem a menor cerimónia fecham-se rios, criam-se lagos, derrubam-se montanhas e erguem-se cidades, ajustando ou impondo de mil maneiras estas vontades à natureza. Tudo é possível no sentido de expressar, através de obras concretas, ideias ou emoções, adaptando assim o ambiente ao gosto.

Este inconformismo vem desde os primeiros tempos da espécie humana.

Nos primórdios da História, Egípcios e Sumérios já dispunham dos elementos fundamentais de uma arquitectura artística. Em palácios e templos, os Babilónicos, Hititas e Persas levaramna a um nível majestoso. Os Gregos superaram a arte oriental e egípcia com génios criadores que, até hoje, podem ser admirados.

Os Deuses não estavam separados dos homens. Para erigir seus monumentos, os homens da época levantaram colunas em honra de um Deus ou de acontecimentos importantes.

Monumentos pré-históricos eram pedras cravadas no solo, pequenas (menires ou monólitos) ou grandes (megalitos). As pedras deram origem às colunas, percebeu-se que usando três elementos era possível construir. Nasceram Dolmens, Trilitos e Colunatas. Construíram-se templos para morada dos Deuses. Para adoração.

É um dos mais significativos exemplos de como a arte, que acompanha as civilizações desde a formação das primeiras comunidades humanas, tem sido usada para registar simbolicamente momentos decisivos na história dos povos.

Mas nem só de grandiosidade vive a arquitectura: ela também capta os sentimentos e emoções, transfigurando a matéria bruta. Medo do sobrenatural, vontade de contar histórias, desejo de ser diferente, necessidades práticas, impulsos estéticos. Eis algumas razões que levaram os nossos antepassados a imprimir no mundo circundante os traços da sua personalidade, através da arquitectura.

Através dos tempos a arquitectura modifica-se, adapta-se a gostos. Cada período tem o seu estilo. E ainda assim alguns artistas ultrapassam-no, projectando-se no futuro. Através dos tempos e até hoje a obra de muitos parece-nos actual e moderna. Do esforço, da perícia ou criatividade chegámos a estilos de Revivalismo ou de Ressurgimento, à Arte Nova, ao Estilo Internacional, ao Planeamento Urbanístico ou ao Pósmoderno.

Da pedra à ordem, algumas das artes às quais o homem se dedica através dos tempos, e que juntas visam sempre o mesmo objectivo: um mundo mais rico e cada vez mais belo, tornando mais agradável e bonita a nossa vida.

O TEMPO E A ARQUITECTURA - PARA UMA RELAÇÃO ANTROPOLÓGICA Isabel Soares de Albergaria

Para um diagnóstico da situação actual Quando Claude Perrault, em meados do século XVII, põe em causa a verdade das ordens arquitectónicas como quadro referencial imutável e garante absoluto da beleza, postulando, em seguida, a relatividade dessa mesma beleza em função de novos critérios, como o da funcionalidade, abria a porta, sem o saber, a uma autêntica alteração de paradigma.

De Perrault a Violet-le-Duc e a Corbusier o caminho seria traçado a direito.

Colocados perante a problemática do modernismo, os arquitectos portugueses sentiram óbvias dificuldades. Há na arquitectura e no urbanismo modernos uma forte dose de utopia, projectando não apenas novos espaços, mas um novo homem. Dessa arquitectura concebida para o homem moderno estão ausentes as concepções humanistas e espiritualistas que justificaram durante séculos o ornamento como veículo, na ordem visual e sígnica, da relação do homem com as coisas. Dito de outro modo, foi o ornamento e todo o aparato da «imagem» que conferiu à arquitectura a dimensão da venustas vitruviana. A ruptura com o ornato pela arquitectura moderna (o «ornamento é um crime», Adolf Loos), operando segundo o paradigma da máquina (tecnicidade, funcionalidade, economia) conduziram a arquitectura moderna a terrenos desconhecidos e estranhos, na base dos quais existia um metaprojecto existencial, confiante e optimista nos benefícios da técnica e da ciência, que cedo se revelaria demasiado espinhoso.

Herdeiros dessa arquitectura modernista reduzida à essencialidade da funcionalidade, prática e estética, mas tendo perdido os valores éticos e políticos que a justificaram, vemo-nos mergulhados em águas inquietas, onde não há lugar para utopias ou profecias. A melhor atitude é observar e descrever o que tem ocorrido.

O funcionalismo como legitimador da arquitectura é necessariamente uma garantia a prazo e, cada vez mais a curto prazo - sem esquecer que há várias funcionalidades, e não só a utilitária que é, apesar de tudo, a mais duradoira..

Mergulhada num simultaneísmo experimentalista e desrealizante, na medida em que se abstrai dos factores do real - da história, do território e do património construído, dos utentes e das suas circunstâncias particulares, etc, a prática actual da arquitectura tem evitado uma reflexão aprofundada sobre a sua relação com o tempo e as correlativas respostas aos problemas antropológicos que tal facto levanta. Mais próxima do design e do marketing do que da competência tradicional do edificar em articulação contextualizada com os sítios e as vivências, os novos requisitos e exigências de uma arquitectura integrada em redes globais tornam uma casa inabitável em poucos anos, um centro comercial, um hotel, um museu, e por aí fora.., absolutamente obsoletos em menos anos ainda. Uma permanente experimentação do novo segundo infinitas possibilidades combinatórias em sintonia com as redes e circuitos internacionais do crescente nomadismo cultural poderá conduzir a arquitectura a um terreno outro, imponderável e circunstancial, inviabilizando-a até como arte imóvel. Não duvido que, dentro de algum tempo, a errância da sociedade actual fará da arquitectura um objecto de consumo, tão móvel, transitório e efémero como outra coisa qualquer.

Heranças do passado...

Património é uma das palavras fetiche do Ocidente contemporâneo. Com origem muito antiga, ligada às estruturas familiares, económicas e jurídicas, o património adquire, a partir do início da época contemporânea, o sentido preciso de um testemunho do passado, uma herança histórica que tem vindo a sofrer sucessivas ampliações de âmbito tipológico, cronológico e geográfico. A tal ponto que podemos falar de uma hipertrofia do conceito que não deixa de esconder algumas das suas maiores ambiguidades e contradições.

Contra uma certa contemplação narcisista e paralizante da acção que muitas vezes informa o olhar sobre o património histórico - para não dizer manifestação de saudosismo mórbido - e que acaba por gerar verdadeiras estirpes de anticorpos contra tudo o que cheire a defesa do património, colocando o debate não raras vezes em oposições simplistas entre defensores do património, apelidados de conservadores, retrógrados, passadistas etc. e os detractores do mesmo património, identificados com os progressistas, vanguardistas etc., ouvimos os arquitectos, críticos e outros pensadores pugnarem pela criação de um património contemporâneo, acenando com a ideia de que os objectos de hoje constituirão os monumentos do futuro. Estreitamente ligados à defesa da dimensão estética e de prestígio, enquanto produtos de uma linguagem actual, globalizada e dissociada das considerações relativas ao lugar, à história ou às identidades, a militância desta posição revela-se no neo-modernismo vigente, internacionalizado e também agressivo, que pretende esquecer tudo o que é património do passado (monumento histórico). A esse, a única dimensão que lhe resiste é a do valor económico, agora transformado em produto turístico, e sem esse objectivo expresso não há nada que pareça valer a pena ser preservado.

Presa da sua própria contradição a defesa de um património contemporâneo como monumento do futuro não tem sentido se não pressupor a defesa e valorização do monumento histórico. ...para uma relação 'corpo a corpo' Continuaremos a ter a confiança suficiente para firmar, no terreno palpável e no discurso, actos definitivos como os que se lêem nos documentos antigos: «para que se cumpra para todo o sempre enquanto o mundo for mundo» é óbvio que não, rimo-nos de tamanha ingenuidade. Mas a própria obra arquitectónica... o paradigma funcional e as exigências quanto à apresentação/fruição de uma imagem sempre actual e renovada tornam impossível uma certa visão da arquitectura como imagem de permanência, marca indelével na paisagem.

Neste quadro qual o papel reservado ao património construído? Espécie de seguro psicológico de permanência e estabilidade, num presente marcado pela mudança permanente e ubiquidade virtual? Serão os monumentos históricos algo mais do que uma sobrevivência? Se assim é, a preservação do património é um acto feito pela negativa, sintoma de crise, pausa antes da tomada do fôlego necessário para assumir intransigentemente a realidade do presente em toda a sua radicalidade.

A questão mais uma vez se prende com a nossa relação com o tempo.

A função memorial inscrita no conceito de património como monumento histórico implica uma acção dupla: 1ª, a actuação viva do passado sobre o presente, numa espécie de ressuscitação operada pela memória; 2ª a função do studium que nos permite um olhar distanciado sobre esse mesmo passado (ou do objecto que o testemunha), com o qual se estabelece uma relação afectiva, mas mesmo assim distinta.

Há sem dúvida um lado romântico nessa evocação do tempo que ganha uma espessura de efeitos psicológicos e sentimentais. Mas não ficaremos mais pobres, cada vez mais imagens virtuais reduzidos ao plano único de recorte de papel, sem as dimensões do tempo e da memória, das nossas referências espaciais e da experiência directa da diversidade?

Não estaremos igualmente a desperdiçar um riquíssimo manancial de conhecimento, inspiração e prazer renunciando voluntariamente ao corpo patrimonial?

Insisto em que não há memória sem o seu correspondente suporte material e ritual que possibilite a acção memorial.

Insisto em que se trata da possibilidade de uma relação corpo a corpo, na dimensão antropológica do tempo...

A ÁRVORE E A FLORESTA

Carlos Guilherme Riley | Pedro Maurício Borges (um manifesto) POVOAR

1. A arquitectura primordial é o território.

2. Ao princípio era o Verbo: toponimizar o espaço.

3. O primeiro gesto arquitectónico é destruir: cortar, queimar, arrotear.

4. Abrir clareiras no coberto lenhoso: a casa a céu aberto.

5. Arrumar as pedras.

6. Muros, curraletes, canadas, caldeiras, calçadas, mirantes.

7. Casas.

8. Estradas e caminhos: a casa é a ilha.

9. Hierarquizar o território: urbe, ager, saltus.

10. A arquitectura territorial é colectiva e anónima.

REPOVOAR 1. Ponta Delgada, Lagoa e Ribeira Grande: o meio-dia da ilha.

2. A planura, os picos e a docilidade topográfica.

3. As autarquias desenrolam a passadeira urbana.

4. Os arquitectos afiam o lápis.

5. A vista da Serra de Água de Pau: olhar à escala metropolitana.

6. Envolver as polaridades urbanas e os fios das freguesias num único risco.

7. Desenhar a traço cheio: o metropolitano de superfície.

8. Transporte público: agilizar, democratizar, racionalizar.

9. O traçado como instrumento de planeamento e regulação das tensões territoriais.

10. Projectar a várias mãos e para toda a gente.

RG

PDL LAG

A CASA ASSOMBRADA

CABRAL, Casa das Tramóias, Maio, A.D. 2005

Em parte, a etimologia de arquitectura não lhe convém.

Archê, em grego, refere um movimento retrospectivo de busca da essência do ser e a disciplina em questão é poiética; como qualquer arte, visa a projecção - e projecto é, inclusive, uma palavra que associamos imediatamente aos arquitectos. Por outro lado, interessa que uma casa tenha um fundamento; e, nos últimos tempos, falou-se muito do curso de arquitectura dever sair de Belas-Artes e ir morar para as engenharias, o que tenho por uma fatalidade.

A questão não se resume a um mero jogo de palavras. Há demasiada gente a olhar para trás, em arquitectura.

Poucos artistas sofrem tanto com a pressão do público como os arquitectos; talvez só os cineastas se lhes comparem em sofrimento - pois como classificar doutro modo a arrogância atrevida com que o vulgo se atira aos projectos que o são, ou seja, às instaurações que se lançam no aberto do futuro? Se dermos excessivo valor à archê da construção, tenderemos a concluir pelo bom senso do engenheiro. Ninguém está interessado em erigir uma casa instável; por certo ninguém estará empenhado em pagá-la. Mas este é o caminho perigoso que rouba ao artista a reinvenção do espaço, o que tenho pela obrigação moral do arquitecto. Muitos já devem desejar, no seu íntimo, ser engenheiros ou simples desenhadores.

Estive para cursar arquitectura. A paixão permaneceu e tenho escrito sobre o tema, inclusive nas :Ilhas. Contudo, dou por mim, bastas vezes, a respirar de alívio por não ter seguido este caminho. Não sei se resistiria a ver as minhas fantasias artísticas serem pouco a pouco preenchidas com naperons, cortinados, jarras de porcelana e outras derivações do mau gosto. Nos meus livros e nos meus desenhos ninguém toca. Não me incomoda que prefiram Camões porque os meus sonetos não precisam de muito dinheiro para serem escritos.

A verdade é que, desde muito cedo, as minhas técnicas de escritor são explicitamente arquitectónicas, a ponto de um amigo me chamar «o arquitecto». Para além do empenho na montagem ou composição dos textos, a casa é quiçá a metáfora central na minha rede de metáforas, aquela que mais depressa atinge o limiar da metonímia; tenho a metonímia pelo ideal literário, porque aí acontece a verdade literária, que é diversa da filosófica.

Por este motivo, custa-me profundamente escrever um texto conceptual sobre este assunto que me é tão nevrálgico. É como se me obrigassem a usar uma língua estrangeira. Como sei que não posso espraiar-me, sintome a pecar. A minha casa não é um lugar qualquer. Por certo que este meu modo de ser está relacionado com o facto de sempre ter vivido na mesma casa, onde nasci e pretendo morrer; onde nasceram e morreram todos os meus antepassados. A minha casa sou eu. A minha casa é toda a minha família. A minha casa é o meu sangue e o meu respirar. Tenho um poema onde prometo amaldiçoar o meu sobrinho mais velho se, depois de morto, ele tiver a veleidade de vender a Casa das Tramóias.

Numa das minhas últimas obras há uma personagem que constrói doze casas, evidente analogia do cosmos astrológico. Esbocei todas estas casas antes de as descrever, e tenho agora expostos alguns destes esquissos. Tenho escrita a primeira parte duma trilogia intitulada Casa das Tramóias, que atingirá para cima de mil páginas e onde a casa aparece trabalhada em todo o seu esplendor. Não posso referir aqui todas as ocorrências desta metonímia ao longo da minha escrita. No sentido de provar que não se trata duma singeleza, passo a exemplificar com um poema muito breve mas incisivo: A CASA ASSOMBRADA Traiçoeiros os mortos que nos amam Vivos se mantêm pela casa que mantemos Mortos desejamos estar assim libertos.

Traiçoeiro o nosso amor pelos mortos Mortos nos mantemos pela casa que nos prende Libertos desejamos estar para viver.

Se a vida maior é assim igual à morte É de justiça que a morte ofereça a vida eterna Para tamanha liberdade casa nenhuma.

Morreram a sorrir descansados confiantes E eu chorei inocente prometendo o orgulho Mas as vozes do jardim dizem que estou certo!

É talvez devido ao contexto destes quatro tercetos que Jesus Cristo garante que «Os pássaros e as raposas têm onde morar mas o homem não tem onde repousar a cabeça». Não sei qual a palavra que está para morar, em aramaico, nem conheço a tradução grega, que intuo possa ser ethos. Ethos era a caverna dos animais, a toca dos coelhos, etc. Depois, passou a significar, também, a morada humana. Quem habita habitua-se e os hábitos são… a ética, palavra que, nas línguas contemporâneas, é o resto que nos chega da Grécia clássica. Católico fervoroso, este segmento do Evangelho deixa-me sempre incomodado. Jesus parece querer dizer que os animais têm direito a habitar este mundo, mas não o ser humano. A verdade é que nem o tempo nem o espaço são determinantes da humanidade, como o são da animalidade. Uma pessoa não é restringida por nenhum condicionalismo geográfico ou histórico. A liberdade não dorme; anseia pela «casa de meu Pai, onde Eu vou preparar-vos uma morada». Não sei se os monges continuam a mudar com frequência de cela, simbolizando o efémero da nossa passagem por este mundo. Descartes mudava muitas vezes de casa, dizem que pela mesma razão. Eu sofro tormentos quando saio da Casa das Tramóias. Noutro poema peço para levantarem «Muros altos, altos muros em redor do meu jardim».

Sou capaz de compreender o paganismo deste meu sentimento. Paradoxalmente, não tenho medo algum de morrer, como também o poema acima transcrito especifica.

Pai: a minha casa tem uma capela, e tem um jardim onde correm os quatro rios do Paraíso e eu restaurei-a com os materiais do século XXI! Pai: o meu amigo diz que eu sou «o arquitecto», não diz que sou «o engenheiro»! Não me interessa o mundo. Não tenho o mínimo gosto das viagens. Mas como resistir à beleza do universo que criaste, sendo também, analogicamente, criador? Nada disto me iliba da ameaça feita a meu sobrinho, já concretizada noutra personagem doutro romance, com o título bem significativo de O Mistério da Casa Indeterminada, que garante ver os antigos habitantes da casa passearem através das paredes, recusando-se, como ela o fará, no futuro, a partir.

Também eu vejo os fantasmas dos meus antepassados por todos os quartos deste microcosmo. Tive o cuidado explícito de deixar portas e janelas referenciais da casa original, ao actualizá-la. Sei que vou permanecer eternamente neste lugar; hão-de sentir-me as almas eleitas. Todavia, não posso terminar sem outra verdade, por mais chocante que pareça em relação ao anterior: tenho a certeza absoluta de que morei noutro lugar, ou, então, de que vou morar noutro lugar. A falta de nitidez espacial desta convicção alimenta o meu gosto pelo experimentalismo arquitectónico: procuro sempre a maior leveza, a transparência mais prolongada, a brancura mais imaculada; uma curva que me acorde a memória futura, não sei bem. Aqui volto a ser cristão, e encontro a felicidade, por isso - e estou a voltar, arquitectonicamente, ao início deste texto: em parte, a etimologia de arquitectura não lhe convém… e o resto. A arquitectura plena é um transe.

MEMÓRIA

Memória, porque “Planear é determinar o lugar deste passado no futuro(…)”

Dado o tema em questão, mesmo tendo em conta o sempre dignificante convite da MUU, a minha primeira reacção foi agradecer e recusar. Cheguei inclusive a fazê-lo!

Porém, tomar conhecimento das alterações contidas no Plano Director Municipal de Ponta Delgada, documento que até recentemente esteve em discussão pública, exigiu que “não me encolhesse”!

Dada a nítida valorização fundiária da zona, e porque, querendo, também eu podia estar a “esfregar as mãos” de contente considerando a excelência do projecto de que tiro usufruto, serei sempre um dos menos prejudicados seja qual for o nível das agressões efectuadas a esta “espécie de paisagem idílica”-, o facto é que, ao contrário do que parece acontecer com quem, por missão, o deveria fazer, é mais a preservação do bem comum do que aumentar o meu proveito material aquilo que me move. Só espero desta vez ser mais feliz no demonstrar que sou daqueles que entendem ter recebido “a terra” por empréstimo, e estou comprometido com a obrigação de entregá-la, “usável” ainda o melhor possível, à geração seguinte! É confrangedor verificar - e como facilmente se demonstra, sem que a situação de facto o justifique, muito menos o exija-, a insensibilidade (isto para ignorar irregularidades processuais, cumplicidades várias, e arreliadores promiscuidades) com que “as forças do betão” entram desregradamente pela paisagem adentro, destruindo um harmonioso equilíbrio, no caso em apreço, superior e competentemente distinguido!

Hoje, já só com registos de um passado ainda recente podemos avaliar a destruição que o futuro próximo nos reserva, tudo para depois - como sempre -, já com pesar, apenas nos restar conformar com uma realidade que supostamente deveria ter sido evitada por “planos” que só para isso se justificam.

Assim sendo, é pois tempo de, como se de um “patchwork” cronologicamente ordenado se trate, partilhar convosco alguns dos “retratos escritos” que tenho vindo a coleccionar sobre uma zona - inequivocamente solo agrícola -, que não obstante estar integrada na localidade que o PDM aponta como detentora do maior número de terrenos urbanos ainda disponíveis (52,4%), foi esforçadamente proposta para ser transformada em solo urbano com Área predominantemente habitacional, por um “plano” que se prepara para desgraçar o que deveria proteger: #1/Meados do século XX - Obséquio de Armando Cortes Rodrigues ao cirurgião António Câmara, quadra ainda hoje presente num painel de azulejos aposto no alçado frontal do “refúgio” de campo que o segundo então possuía, e para onde vinha desfrutar a tranquila beleza do lugar; «Cai o silêncio em redor A voz de Deus a descer!

Feliz de quem o ouvir; Mais feliz quem o entender.»

Referência Bibliográfica BORGES, Pedro Maurício, Memória Descritiva do Projecto, Lisboa, Março de 1997 BORGES, Pedro Maurício, Revista : ILHAS n#5, Ponta Delgada, Fevereiro 2002 COSTA, Pedro, Palácios da Diversão, ETSAN, Madrid, 2004 FIGUEIREDO, Victor, PRÉMIO SECIL ARQUITECTURA 2002, Lisboa, Janeiro 2003 MILHEIRO, Ana Vaz, “A Casa na Paisagem”, MILFOLHAS / Público, Lisboa, 6 de Julho de 2002 TÁVORA, Nuno, SOBRE A CASA PACHECO DE MELO, Lisboa, Janeiro 2003

#2/1997 - Muito amadurecido (a viabilidade de construção havia já sido obtida em 1991), o projecto dá entrada na CMPD; «Daqui avista-se a araucária do largo central de S. Vicente sobre o fundo montanhoso da ilha. A norte um maciço arbóreo tapa o mar, pressentindo-se a proximidade do aglomerado. A nascente, e sobre o m u r o l i m í t r o f e , a v i s ta e s t e n d e - s e , s e m acontecimentos que a particularize, até longe. Para sul, os prados sobem suavemente, contornados por muros de pedra, pontuados por árvores isoladas, até se erguerem em dois montes que sinalizam o “meio da ilha”, e por entre os quais passa a estrada que vem do outro lado da ilha.»

Borges, Março de 1997

#3/2002 - Ainda antes “do prémio”; casual consequência de um “coffee break” numa sessão de estudo da obra do arquitecto João Rebelo, filho do mestre Domingues que quem herdou o apelido; «É pouco provável um arquitecto deparar com um lugar tão “apetecível” para trabalhar quanto o que envolve a Casa João Pacheco, nos arrabaldes de São Vicente, na zona interior, a norte da ilha. Um lugar suavemente acidentado, tendo por cenário de fundo as elevações das Sete Cidades, e definindo-se no contraste entre os planos contínuos do mar e dos prados. Uma espécie de paisagem idílica, onde, como que por milagre, foi possível construir aquela casa. (…)»

Milheiro, Julho de 2002

#4/2003 - Do texto crítico de acompanhamento do catálogo do prémio Secil; «(…) A relação com a paisagem e os principais elementos com que ela se constrói canadas e muros determina a articulação de três corpos que fazem a mediação planimétrica e altimétrica entre dois sectores do terreno. (…)

Távora, Janeiro 2003

#5/2003 - Recordação sisuda e insofismável do bemhumorado, inesquecível, e já saudoso Presidente de Júri do Secil 2002; «Implantada sobre um campo verde, marcado por muros baixos de pedra vulcânica negra, a casa, mais do que uma integração neutra, constitui paisagem assumindo-se como sinal de obra humana. (…) A sua arquitectura oferece-se à apropriação de quem a habita, tão tranquila como o mundo onde a casa aconteceu.»

Figueiredo, Janeiro 2003

#7/2004 - CAMBIO+ENERGIA+INFORMAÇÃO/PALACIOS de la DIVERSION/ISLA de SAN MIGUEL;

#6/2002, 2004 - Texto que viajou da :Ilhas para o “CAMBIO+ENERGIA+INFORMAÇÃO” de Juan Herreros (uma recordação de mais de 40 alunos de arquitectura Universidade de Madrid - que com Herreros, seu director de curso, um dia me entraram “porta adentro”; (…) O desenho do esforço de colonização do território passava, começava, pelo reconhecimento das suas formas. Muitos lugares têm, ainda hoje, o nome da sua forma topográfica.

Violentíssima tarefa a de humanizar este espaço, de lhe arrumar a pedra em grelhas, de lhe desviar os ventos, de o percorrer em canadas.

Aqui ainda há campo. Porque o campo é a natureza feita cultura.

Essa história ainda se pode ler na paisagem.

Por isso há que manter os muros de pedra seca.

Porque a pedra cai, é preciso voltar a erguê-la.

Esta e outras histórias que a paisagem conta são de uma riqueza inestimável.

São a própria riqueza deste território.

Planear é determinar o lugar deste passado no futuro, é necessariamente ter uma visão onde estas narrativas não se imobilizem em ícones cenográficos para consumo sedativo. (…)

Borges, Fevereiro 2002

(…) A arquitectura de Borges representa tudo aquilo que é um certo modo de pensar a ideia de projecto. Nesse sentido, Borges, nas suas longas estadias pelas ilhas, foi aprendendo pouco a pouco a soletrar os nomes de espaços que só existem nos Açores (os nomes, porque os espaços são mais ou menos os mesmos de outro sítio qualquer): as falsas, as levadas, as canadas, (…). Não é que a arquitectura de Borges seja açoriana; nem sei se isso de arquitectura açoriana existe de facto. O que importa é que as obras fundamentais de Borges (quem as quiser visitar, e perceber, terá de ir a S. Miguel) estão impregnadas desse sentido do particular, de uma espécie de enlace maternal com a natureza de um sítio, cuja geração de Borges tão bem romantiza. (…) Costa, 2004 João Pacheco de Melo

A CASA

Pedro de Mendoza

Queria escrever sobre as paredes da casa. Queria escrever com palavras que tivessem o peso das pedras. Se um dia escrevesse sobre a casa começaria com a frase “Era uma vez”, mas os poemas não podem começar com “era uma vez” porque não têm o tempo das pessoas. Queria escrever sobre a casa, contar toda a sua história desde o princípio do tempo até hoje e depois, no futuro. Mas os poemas hoje não contam histórias, não têm casas, paredes, quartos, portas, corredores, janelas que se abrem para o mundo e que protegem das estações, pessoas que as habitam. Era uma vez uma casa, uma casa agora velha, gasta, manchada pelo tempo, pela vida de pessoas, uma casa que se fez com os anos, que se foi metamorfoseando com as necessidades das pessoas que nela habitaram. Hoje a casa está só. Vazia, mas milhares de sonhos dormiram nos seus quartos, correram pelos corredores, cruzaram as suas portas, viram o acontecer do mundo através dos vidros das janelas. A casa que, em tempos idos, foi o centro de tudo. No início, a casa era uma capela de invocação a uma Santa Católica. A capela abençoava os laranjais. Os pomares. Houve um homem que mandou amanhar os campos, mandou construir o mirante no cimo do monte, de onde se avistavam os barcos e mandou erguer a capela, pedindo a Deus que lhe protegesse as colheitas. Daí a casa foi-se fazendo. Juntaram-se os anexos, as lojas, a cozinha, os quartos, salas, com o passar dos anos e das gerações, de avós para netos, de pais para filhos, de tios para sobrinhos, vinte, cinquenta, cem, trezentos anos. Hoje ela está só. A trepadeira que mandaram plantar quando nasceu a segunda filha da quinta geração e que cobria toda a fachada da casa de folhas verdes e castanhas, conforme as estações, está agora solta, fora do domínio dos jardineiros que a podavam com mãos sábias, cobriu todo o telhado, tapou as janelas, imiscuiu-se pelas frinchas e invadiu os quartos. Das paredes já só se vê a torre alta do lado sul. A casa que foi durante tantos anos um projecto de vida. O centro da existência de tantas pessoas, de tantas gerações. A casa era o pólo aglutinador da família, a força centrífuga. A força criadora e destruidora de tudo. A casa viveu nascimentos, sofreu com as mortes, fomentou amores, potenciou desavenças, ódios. A casa abandonada pelo riso das crianças, que corriam pelos corredores no jogo da apanhada, a memória imprecisa do tilintar de uma jarra partindo-se em estilhaços no chão. A casa é hoje apenas uma ideia do que foi no passado. A casa é hoje um nevoeiro onde habitam fantasmas. Uma ruína curvada pelo peso de vidas passadas, uma história contada nas rugas dos materiais, no pó. A coberto do manto desse passado está a vida silenciosa desse espaço que não fala por palavras nem por gestos, mas pelo passar dos dias e dos anos, inexoráveis. A casa é todo um universo. A casa é toda a ideia que se fez dela, as estórias que se contaram de um para outro, de tempo para tempo.

Todo um desejo de eternidade cravado nas paredes. Um desejo de absoluto. Hoje a casa está só, sem ninguém, vazia de si mesma. O que fica das coisas sem vidas que as habitem?

Pedra 1

Pedra 2

Paredes 1

Paredes 2

Betão 1

Betão 2

Telhados 1

Telhados 2

Portas\Janelas 1

Portas\Janelas 2

RESTAURO, RECUPERAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO AÇORIANO

A PEDRA A rudeza natural da pedra vulcânica utilizada na construção açoriana é um valor essencial da arquitectura e da paisagem [Pedra 1].

Picar, alisar ou envernizar essa pedra ou pô-la à vista nas situações em que deve estar rebocada, empobrece a sua qualidade construtiva e a imagem arquitectónica das habitações [Pedra 2].

Hoje, o respeito e apreço pelas construções antigas é uma atitude inquestionável na sociedade açoriana. Para mais, há a consciência de que elas são fruto de um qualificado conhecimento e domínio de técnicas, a que não é alheia também uma apurada capacidade de simplificação processual, quer ao nível dos materiais quer ao nível das soluções formais.

Acontece, porém, com frequência, que quando é feita uma obra de restauro, recuperação ou conservação numa construção antiga nem sempre são aplicados os procedimentos correctos. Muitas vezes o proprietário ou o profissional de construção civil, pensando que está a adoptar a melhor solução, está a proceder justamente ao contrário do modo como devia fazer. O resultado, para além de ser quase sempre mais dispendioso em tempo e dinheiro, deixa perceber uma certa falta de apuro ou um excesso de elementos que convém contrariar por não corresponderem à imagem desses edifícios quando foram construídos.

Por esta razão destacam-se cinco aspectos básicos que devem ser tidos em conta em qualquer situação de restauro, recuperação ou conservação de uma construção antiga, com o objectivo pedagógico de esclarecer sobre estes procedimentos e de levar as pessoas a procederem correctamente.

Jorge A. Paulus Bruno* * Projecto original realizado em conjunto com João Vieira Caldas, José Manuel Fernandes e Maria de Lurdes Janeiro [imagem 1\2].

AS PAREDES As paredes das casas antigas valorizam-se com as rugosidades próprias da idade, realçadas pelo uso da cal [Paredes 1].

Rebocar, alisar e pintar as paredes antigas utilizando processos e materiais próprios das construções modernas, anula o carácter e o aspecto genuíno das casas [Paredes 2].

O BETÃO A harmonia da casa açoriana não precisa de ser alterada para introduzir pilares, vigas, cintas, lintéis ou outros elementos de betão armado [Betão 1].

Substituir uma cornija por uma viga ou lintel, ou subir uma parede para introduzir uma cinta de betão armado, destrói a expressão e a proporção características da construção tradicional [Betão 2].

OS TELHADOS A forma e a cor da telha tradicional, a suave inclinação dos telhados (acentuada pelo contrafeito) e a forma dos beirais, marcam fortemente a imagem da habitação açoriana [Telhados 1].

Alterar o volume dos telhados e aplicar telha industrial, com formas e cores diferentes da tradicional, torna irreconhecíveis as casas antigas [Telhados 2].

PORTAS e JANELAS As janelas e portas em madeira pintada valorizam, pela beleza da cor e da textura, as casas tradicionais [Portas\Janelas 1].

Substituir a madeira por alumínio ou envernizar a madeira das portas e janelas transforma muito negativamente o seu aspecto [Portas\Janelas 2].

César Manrique: um visionário

João Luís Albergaria | Ponta Delgada, 25 de Maio de 2005

Ao visitar Lanzarote, em Março último, tive uma agradável descoberta, daquelas que nos fazem acreditar que as nossas ideias não são tão utópicas nem impraticáveis quanto nos querem fazer acreditar. Afinal, existem pessoas que ousaram acreditar em sonhos e pô-los em prática. De quem vos quero falar é de César Manrique, artista multifacetado, natural de Arrecife - Lanzarote.

Nascido em 1919, no seio de uma família de classe média, Manrique teve desde cedo um contacto muito próximo com a natureza no seu estado bruto, como era então grande parte da Ilha. Em 1934 o seu pai construiu uma moradia em Famara, local de veraneio isolado, onde, a partir dessa altura, a família passa as suas férias. Essa vivência mostrou-se essencial para a formação do seu carácter como Homem e do seu gosto estético como artista.

Em 1936 é alistado na Guerra civil espanhola, regressando à ilha no Verão de 39, onde, num gesto simbólico, sobe ao terraço da casa de Famara e queima o uniforme militar.

Manrique inicia os seus estudos de Belas Artes em Madrid, em Outubro de 1945, completando a sua formação numa viagem pela Europa, onde priva com personagens como Kandinsky e Mondrian. Nos murais que pinta para o Parador Nacional de Turismo de Arrecife estão bem patentes essas influências recentes. A sua obra revela já uma enorme vitalidade, fruto da sua intensa alegria de viver.

O pormenor realista vai sendo progressivamente substituído por uma síntese de carácter alegórico, onde fica patente a sua admiração por Matisse e Picasso.

A sua obra pictórica sofre várias transformações, sempre aliadas a uma forte participação cultural no meio insular e madrileno. Considerava essencial uma estreita colaboração entre as várias artes - pintores, arquitectos, escultores, etc.

Em 1955 participa na XXVII Bienal de Veneza e na III Bienal Hispano-Americana e, em 56, faz parte de várias colectivas de artistas espanhóis em Paris, Friburgo, Munich, Rio de Janeiro, etc.

Após a morte prematura da sua companheira, inicia uma viagem a Nova York, que considerou posteriormente como os anos mais ricos da sua existência, convivendo aí com o apogeu da Pop Arte. São dessa altura algumas experiências no campo da Collage e um certo retrocesso na matéria, deixando mais espaço às superfícies lisas. É no entanto em Nova York que as saudades da sua ilha se mostram mais difíceis de gerir: "É minha decisão definitiva, embora possa prejudicar a minha carreira artística, renunciar à minha ambição de triunfar e sacrificá-la em nome da paz interior que alcancei". À volta, Lanzarote era uma das mais cinzentas ilhas das Canárias e a vida era dura e sem perspectivas, levando muita gente a emigrar em anos de maior seca.

Manrique envolveu-se desde logo na concepção de uma estratégia de desenvolvimento que preservasse a sua beleza natural e valorizasse a sua paisagem de carácter único.

Conjuntamente com José Ramirez, à altura presidente do Cabilde de Lanzarote, elaboram uma intervenção em 3 frentes: - Recuperar e conservar a Arquitectura popular, que devia servir de modelo para as novas construções; - Adequar os espaços naturais que oferecessem uma atracção particular e onde as intervenções humanas fossem reduzidas; - Construir nos lugares mais característicos da geografia da ilha instalações que salvaguardassem um respeito absoluto pelo lugar.

Discutiram igualmente uma hierarquia de prioridades e uma rede viária que tornasse possível um roteiro turístico em toda a ilha, sem no entanto ferir em demasia a paisagem. (A existência de vias de apenas 2 sentidos, a escassa iluminação pública, a quase ausência de postes e cabos aéreos, tal como a inexistência de "outdoors" e anúncios luminosos espalhados por todo e qualquer sítio são um descanso para a vista!)

Com a sua atitude generosa e aberta e grande sentido de hospitalidade, a sua casa de Taro de Tahiche, futura sede da Fundação César Manrique, constituiu, desde cedo, ponto de referência para os que visitavam a ilha e um "caldo de cultura" para os que nela residiam e criavam. Em 1982, por sua iniciativa, cria-se juridicamente a Fundação "Amigos de Lanzarote".

Cinco anos mais tarde, devido à necessidade de um maior sossego para desenvolver o seu trabalho, Manrique muda-se para a sua casa de Haria, deixando aquela exclusivamente ao serviço das mais variadas actividades.

Manrique começou a construir esta casa sobre um terreno escavado por grutas vulcânicas. Deste modo, a casa desenvolvese em dois níveis: a um nível subterrâneo, aproveitado para espaços de convívio, acessos e jardins; e a um nível superior, numa construção de alvenaria, discreta mas assumida, sem entrar em conflito com a envolvente. A sua complexa organização espacial baseia-se na identificação entre o Homem que a habita e a Natureza que a criou.

Em grande parte, a economia das ilhas Canárias estão orientadas para a obtenção de receitas turísticas, e esse facto originou uma especulação imobiliária do seu litoral. "Parece impossível que depois da catástrofe que transformou quase todo o litoral espanhol, alterando as características específicas que diferenciam cada lugar, pela completa falta de adequação, introduzindo gratuitamente uma fria uniformização internacionalista, não possamos ter aprendido a lição, rectificando e salvando o que nos resta."

Manrique soube contrariar e orientar a forma como Lanzarote se adaptou e dotou para esse fim. Projectou diversos miradouros, onde, não podendo ocultar a edificação, opta por uma solução de grande pureza geométrica. Esses miradouros ainda hoje continuam a responder à lógica da integração da Arquitectura na Natureza envolvente e a serem eficazes do ponto de vista turístico/económico.

No Mirador del Rio, está bem patente a simbiose entre os elementos novos e a morfologia do local. A sua força estética assenta numa complementaridade entre os novos elementos criados com formas organicistas e algo sensuais e a austeridade e aspereza da paisagem rochosa envolvente.

A sua intervenção na política cultural da Ilha levou-o a estar na génese da fundação "El Almacen", centro multicultural que correspondia à sua máxima de que "um povo sem educação está condenado à ruína".

A fusão entre Arte e Natureza, que César Manrique sempre advogou e desenvolveu, enfrentou todo o tipo de interesses partidários. Mas foi pelo que implicava de respeito pelo território e uma incansável busca pela harmonia, que recebeu diversos prémios nacionais e internacionais, tais como a Medalha de Ouro de Belas Artes, o prémio mundial de Ecologia e turismo, a Cruz de Mérito Civil, o prémio "Europa Nostra" e o prémio FritzSchumacher. Mais recentemente, a UNESCO ao declarar Lanzarote como reserva mundial da Biosfera, reconhece igualmente o modelo e acção de César Manrique, como sendo possível compatibilizar o desenvolvimento económico com a conservação do património natural e cultural.

A obra Manrique estrutura-se em torno duma afirmação do arcaico, duma representação de um Tempo geológico anterior e de uma modernidade inspirada na visão organicista da Arte. A sensibilidade de Manrique é guiada por um determinismo naturalista: não se poderiam conceber projectos abstractos para a "edificação do social", saltando por cima ou fazendo tábua rasa das leis da Natureza. O castelo, a velha casa rural, a gruta vulcânica são os elementos a partir dos quais ele se baseia para construir o novo.

"Sempre procurei na Natureza a sua essência, a sua verdade oculta, o sentido da minha vida. A magia e o mistério que encontrei nesta longa trajectória são tão reais como a realidade aparente e tangível" "Joseph Beuys disse: 'Há que alargar o conceito da estética à vertente humana, deve formar com ela uma unidade e não se limitar a permanecer exclusivamente no objecto.' Não será preciso dizer que me identifico totalmente com as suas palavras."

"Ainda pode existir verdade na Arte e na vida. A busca da minha fez-se através da criação artística e com ela caminhei livre de preconceitos. Sei que paguei um preço, mas não me arrependo.

Fui um Homem livre e feliz, não há melhor destino possível."

A 25 de Setembro de 1992 morre num acidente de viação, em Tahiche - Lanzarote.

Ao trazer aqui este testemunho real, espero poder contribuir para que TODOS os que vivem e produzem nestas ilhas Açorianas (e que por sinal partilham com as Canárias semelhanças na flora e fauna - Macaronésia) corrijam os erros cometidos e aprendam com eles.

Nos locais ainda intactos das nossas ilhas mais "economicamente desenvolvidas", e em especial nas restantes, urge emendar o percurso e a forma de intervenção na paisagem.

MANIFESTUM ARTÍSTICO

JOÃO LUÍS ALBERGARIA | PONTA DELGADA, MARÇO 2005

- Existe um grupo relativamente numeroso de criativos radicados nos Açores, com produção mais ou menos contínua em várias áreas.

- Existe um conceito de periferia contemporânea a ser explorado por esta comunidade artística, com o fim de combater a nossa ultra-periferia física e atrasos estruturais. A ideia de actividade artística, tida como um acto isolado e individualista, está obsoleta. Parcerias, intra-disciplinaridade, mobilidade, versatilidade, requalificação e reestruturação são conceitos na ordem do dia que estão ao nosso alcance.

Mais do que nunca, existe abertura e vontade de colaboração por parte de muitos artistas e agentes culturais europeus relativamente às periferias.

Cabe-nos a nós despertar toda a sociedade para este movimento sem precedentes na história dos Açores, lutando pela inevitabilidade da periferia física do nosso território.

Não é garantido que essa oportunidade continue ad-infinitum, pois existem outras "ultra-periferias" que estão despertas para esse facto e a chamar a si essas vontades, que serão limitadas no tempo e nos recursos disponíveis.

- Existe uma crise económica e identitária no País. Os Açores, por serem um território pequeno e isolado, estão ainda mais vulneráveis, para além do facto de coexistirem nas ilhas atrasos profundos no tecido rural, concomitantemente com um acelerado e insustentável desenvolvimento económico de alguns aglomerados urbanos, constituindo essas duas correntes do devir uma dificuldade acrescida para o desenvolvimento.

- Não existe uma verdadeira Região Autónoma dos Açores, no sentido de comunidade e identidade una e coesa. Existem sim São Miguel e o grupo central liderado pela Terceira, concorrendo entre si e/ou de costas voltadas, a caminhar isoladamente sem um conceito uno e visionário do seu papel no mundo, enfatizando as dificuldades já existentes e, consequentemente, retraindo o desenvolvimento sustentado destas ilhas perdidas no meio do Oceano. Cabe a uma comunidade de criadores e intelectuais independentes pensar e ser uma referência para os seus conterrâneos, com as suas tomadas de posição públicas, já que, com os políticos profissionais, salvo raras e honrosas excepções, observa-se um populismo e seguidismo a modas voláteis e/ou já ultrapassadas. Como diz António Pinto Ribeiro no seu livro Abrigos, "A esfera da Cultura deve pois reflectir claramente que, sendo verdade que as maiorias decidem, as decisões responsáveis e democráticas devem fundamentar-se no reino do epistemológico e não na superficialidade da opinião", e acrescento, na ditadura das maiorias baseadas em opiniões pouco esclarecidas. É necessária coragem política para impor decisões impopulares, mas consistentes e visionárias e isso só acontece com um verdadeiro sentido de Serviço Público assente num desapego material ao cargo exercido e não à sua utilização como plataforma de auto-promoção.

- Combater o pessimismo crónico do povo português, a melancolia característica dos povos ilhéus e a descrença num futuro melhor que se abateu no País nestes últimos tempos é um imperativo que deve ser levado muito a sério pelos cidadãos mais bem preparados. É dessa criatividade e espírito inovador, livre e vanguardista que a Região mais necessita para combater um conservadorismo atávico e a crescente subsídio-dependência em que mergulhou.

É pois necessário despertar a atenção dos agentes económicos privados para a vantagem do mecenato cultural e suas consequentes vantagens económicas, que, não produzindo resultados a curto prazo, se traduzem na valorização e prestígio da imagem pública e posteriores benefícios. É de salientar que, actualmente, diversas instituições públicas e privadas de âmbito nacional estão a criar colecções de Arte e prémios de revelação e carreira artística. Dada, no entanto, a pequena margem de manobra financeira para a existência de um mecenato local, a necessidade de se ser inovador, com acções e estruturas de produção leves, é outro dos caminhos possíveis, tal como a procura de apoios financeiros e parcerias com instituições e associações europeias.

- Não a um unanimismo de métodos, linguagens e suportes, e sim a uma coesão de grupo em nome de um fim em vista. É na diferença de individualidades e formas de agir e na comunhão de ideais e atitudes que se constrói uma consistente e profícua comunidade.

A vanguarda pressupõe experimentalismo, com riscos inerentes. Nem todos estão dispostos a sacrificar o mesmo em quantidade e grau, e isso é legítimo, mas deve existir sempre um preço a pagar pela liberdade de expressão e acção. A fronteira entre uma consensualidade alargada e uma praxis e pensamento independentes é difícil de determinar, mas, para qualquer dos lados para que se escorregue, correse o risco de se cair ora num certo cinismo e servilismo ora numa auto-marginalização e radicalismo pouco ou nada eficazes.

O fenómeno contemporâneo de fazer de tudo um produto com uma imagem de marca é outro dos condicionalismos para a liberdade de qualquer criador ou agente cultural. O risco é serse aprisionado por esse ícone e confundirmos a nossa essência com a imagem que se colou à nossa pele, sem a possibilidade de mudar a qualquer momento, quando assim ditam as circunstâncias internas e externas. No momento em que começamos a saborear os benefícios dos nossos feitos, a mudança torna-se mais difícil, pois implica estranheza e repúdio por parte dum público conservador, habituado a uma uniformização de linguagens e registos e a não pensar pela sua cabeça.

Outro fenómeno contemporâneo típico é a criação de um "star system", que igualmente aprisiona os seus membros, alimentando-lhes o ego e desviando-os da autenticidade que deve caracterizar qualquer artista. "Feiras de vaidade" existem em todo o lado, mas comunidades tão pequenas como a nossa não se podem dar ao luxo de as alimentar, pois sufocam quaisquer tentativas de criar novos caminhos que façam uma real diferença. Pensar autonomamente implica a rejeição a esse clube restrito e às regalias que lhes são inerentes.

Uma sociedade que desbarata e destrói os seus recursos naturais e culturais, se entrega ao consumo desenfreado daquilo que não produz e está acima das suas possibilidades aquisitivas, e segue modelos de desenvolvimento já há muito caducados, está fora da senda do real progresso e a hipotecar seriamente o seu futuro.

Uma sociedade que alimenta uma educação de fachada e títulos académicos inócuos, ao invés de uma formação sólida e esclarecida dos seus indivíduos, está condenada a andar a

reboque de interesses económicos estrangeiros. E o que lhe resta é um progressivo empobrecimento da sua cultura e memória colectivas e uma não adequação da sua vida à realidade do espaço em que habita.

O primeiro dos nossos bens culturais é a Natureza, o espaço que habitamos. Não saber observá-lo, entendê-lo e viver em estreita harmonia com ele resulta numa agressão a nós próprios.

O futuro da Arte consubstancia-se na Arte total, onde todos os suportes e linguagens se articulam entre si, em liberdade e perfeita simbiose com a ideia e o contexto.

A arte não deve ser passível de ser engavetada e etiquetada: deve dizer respeito a todos os indivíduos duma comunidade e reflectir todas as facetas da criação humana.

SER-SE ARTISTA É ANTES DE MAIS SER-SE LIVRE. Sem liberdade não pode existir uma verdadeira criatividade e busca de novas expressões. É uma afirmação do Eu, tido como entidade única e não como apologia do individualismo.

Embora a criação artística parta a maior parte das vezes duma necessidade de expor e impor o próprio umbigo, duma postura egocêntrica e narcísica, penso no entanto que Arte maior pode acontecer quando um indivíduo se liberta e esvazia dos seus apegos mundanos, elevando-se a uma dimensão etérea, quando sente que não tem outra opção a não ser fazer o que está a fazer, quando se cumpre a si próprio, quando..."it's God making contact with itself", diz Ram Dass, "...and you know exactly it's not you, it's something you are like, an object, ...and that big spirit is using you to pass it....to be the one is gonna bring the communication to all these people" Baaba Maal.

Há que ter sempre presente que criar seja o que for deve ser um gesto eminentemente positivo, de coragem, de dádiva, de esperança, fazendo da Diferença uma riqueza. Partir do ego, com o propósito de "show-off", conduzir-nos-á à repetição, ao afastamento da nossa essência, à falência da nossa arte. O ego e a natural tendência para um certo conformismo no conforto alcançado são os nossos maiores inimigos.

O LUXO TOLHE A SENSIBILIDADE: a redundância de meios vicia o olhar e empobrece o engenho. Há que ter presente que não é necessários grandes fundos para fazer progresso. O aproveitamento inteligente dos recursos disponíveis e a reciclagem são caminhos de inovação.

ANARQUIA ÉTICA: numa sociedade em que os cidadãos têm um código de conduta de respeito ao próximo e ao meio envolvente, não seriam necessárias tantas leis artificiais impostas cegamente a todos. Não seria necessário o Estado protector dizer-nos como e quando devemos fazer isto ou aquilo, ameaçando-nos com uma punição qualquer em caso de incumprimento.

Vivemos numa sociedade excessivamente policiada porque não existe um investimento sério na educação global e integradora das várias dimensões do indivíduo. O melhor investimento que se pode fazer numa comunidade é na educação exigente e responsabilizadora dos seus indivíduos.

Lutar de uma forma inteligente e inovadora contra o excesso de policiamento e burocracia e a tendência massificadora de ideias e práticas é fazer igualmente arte.

DESOBEDIÊNCIA PACÍFICA A QUALQUER SISTEMA INSTALADO QUE SE TORNE NUMA INSTITUIÇÃO CASTRADORA. Utópico? sim!, mas mais do que nunca parece-me essencial elevar o discurso e a praxis a uma dimensão diferente da realpolitik e do economicismo, que varrem toda a nossa sociedade, remetendo a prática artística à verdadeira essência da coisa.

O cinismo é moeda corrente, mascarado por discursos bemfalantes e politicamente correctos.

GESTOS E ATITUDES CONCRETAS VALEM MAIS DO QUE MIL PALAVRAS. Quando a dita "obra de arte" passa a ser um objecto de consumo como outro qualquer, perdendo o seu objectivo primordial de questionar, evocar e arrebatar o espectador, então parece-me necessário devolver-lhe essa capacidade de surpresa fazendo da Arte uma disciplina com uma componente mais ética do que estética.

Workshop "Ocupação Territorial" João Luís Alberrgaria | Ponta Delgada, 18 de Maio de 2005

Em Janeiro de 2000 propus às Criações Periféricas a realização de um workshop que focasse as profundas transformações que a paisagem micaelense estava a sofrer.

Embora viesse à ilha regularmente, nos períodos de férias, foi só com uma vivência mais continuada e atenta da realidade desta, a partir de Outubro de 1998, que sinto a necessidade de uma tomada de posição relativamente à maneira como a população (de uma forma mais ou menos espontânea) e as instituições públicas com responsabilidades nessa área, estavam a gerir e "a fazer" o território insular.

Inscreveram-se nesse workshop 11 alunos do Liceu Antero de Quental, futuros estudantes de Arquitectura e Belas Artes.

Numa primeira reunião de grupo, fiz uma introdução ao tema com uma passagem de diapositivos de exemplos estranhos à nossa realidade, que focavam formas diversas de ocupar e construir espaço público e privado (visível do exterior), por cidadãos anónimos e instituições. Numa segunda fase, lancei várias perguntas/provocações para que os participantes fossem pensando e começassem a olhar tudo o que vissem ao seu redor com um sentido crítico. Eis algumas das questões: - A atenção que dispensam a determinado objecto está ligada à sua novidade?

- Aquilo que choca, rapidamente deixa de chocar pela habituação ou por terem pensado sobre a razão dessa diferença?

- Quanto mais informação recebem, mais flexíveis se tornam ao diferente?

- Deve existir alguém, (cidadão ou instituição) acima de todos nós que determine o que se pode deixar fazer no espaço comum - público, ou não?

- Acham que a imagem de cada um de vós só vos diz respeito ou é de todos?, ou pondo a questão de outra forma, o vosso "look" é público ou privado?, e uma vez que está à vista de todos, a fachada da vossa casa é pública ou privada?

- Se vocês têm o direito ao vosso gosto pessoal, acham que têm o direito de se sentirem agredidos com uma coisa que consideram horrível?, quem é que determinará a fronteira entre o aceitável e o recusável?

- Conseguem definir facilmente sinais que são exteriores à nossa cultura? E identificar o que é a nossa cultura tradicional?

- Aceitam passivamente que um vizinho vosso coloque algo que consideram detestável e com o qual têm que lidar de perto e diariamente, ou protestam com ele a fim de tentar mudar a situação?

- Sentem-se na necessidade de adequar o vosso espaço (como por exemplo o vosso quarto ou o jardim da frente da casa) à vossa personalidade, ou isso é-vos indiferente?

- Tudo o que sai fora da esfera estritamente privada deixa de vos dizer respeito?

Em dois fins-de-semana consecutivos, percorreu-se a ilha por vários lugares que considerei pertinentes e fui-lhes pedindo que registassem em fotografia e livremente aquilo que considerassem formas peculiares e estranhas (agradáveis e aberrantes) ao seu sentido estético. O resultado materializouse num "slide-show" de 18 minutos com 136 fotos (seleccionadas pelo grupo) e um vídeo, onde uma das participantes fala de algumas conclusões/observações a que o grupo chegou, como por exemplo: "aquilo que à primeira vista choca, com o tempo deixa de chocar".

De 11 a 18 de Março de 2000, o respectivo "slide-show" ficou patente na sala convívio do Liceu Antero de Quental, na expectativa de que tenha servido para despertar, por um lado, algum sentido crítico em alguém sobre aquilo que é o espaço onde habitamos e, por outro, multiplicar iniciativas semelhantes com o objectivo de formar opiniões e suscitar uma discussão pública sobre o tema que, à data, era quase inexistente.

Cinco anos volvidos, observo que a forma de ocupar o nosso território, nomeadamente pelas instituições públicas e agentes privados de maior projecção, denotam propósitos mais específicos, revelando princípios norteadores e um conceito de progresso que, na maior parte dos casos, não é o meu. É de salientar no entanto algumas excepções que fazem a diferença e têm sido reconhecidas a nível nacional como exemplos de boa arquitectura.

CINCO MINUTOS COM SIZA VIEIRA António Jorge Tavares

Antes do jornalismo, foi a arquitectura. Iniciei-me no mundo do trabalho, como desenhador de arquitectura, num tempo em que o computador não existia, nem o mundo do trabalho ficaria ditado pelas leis do mesmo.

O termo “globalização” seria um palavrão com pouco sentido. A vida não era o frenesim nem a correria dos dias de hoje.

Tenho que revelar que entrei no jornalismo pela mão da fotografia.

Na era do preto e branco, onde tínhamos que desvendar todos esses segredos e o trabalho fotográfico aparecia como passes de mágica na tina da revelação, para terminar na fixação.

Tal como para o computador, o digital era um sonho irrealizável para a fotografia.

Deixei para trás a arquitectura, os arquitectos com quem privei, e entrei no mundo dos jornais.

Tudo isto vem a propósito, para explicar que a Arquitectura sempre me interessou. E não posso resistir de falar de um grande arquitecto que nos prestigia e surpreende: Siza Vieira.

Conheço o arquitecto Siza Vieira desde o tempo em que admirava os seus primeiros trabalhos, numa altura em que era manifestamente considerado um arquitecto “incómodo” e não tinha a projecção que hoje se conhece.

Era frequente encontrá-lo no café Lima 5, local por excelência de arquitectos. Entre os residentes e aqueles que ali tinham atelier, era com toda a certeza a maior frequência por metro quadrado da Invicta.

Não poderei esquecer os banhos na piscina de marés de Leça da Palmeira, onde a integração da mesma com o mar nos fazia “sentir” tão bem ligados a esse mar...

Não nos podemos esquecer que Siza Vieira nasceu em Matosinhos.

Mas a obra que mais me seduzia, naquele tempo, ficava um pouco mais adiante: é a Casa de Chá da Boa Nova.

Pelo beleza do local onde se encontra, pela integração quase despercebida nesse ambiente, pela sua escala e volume, é um trabalho feliz e perfeito. É um local único, de privilégio, com grandes e boas recordações dos meus tempos de jovem, onde regresso sempre que posso. É inesquecível o café depois do almoço ou o copo ao fim da tarde, com um pôr-de-sol único, nos sofás de pele cor de chocolate, com o barulho do mar nas rochas que a envolvem.

Depois veio a revolução e a consagração do arquitecto chegou.

Merecida.

Passou a ser o “desejado” para inúmeros trabalhos, tanto no nosso país, como no estrangeiro. Prémios, consagrações e mais prémios.

Um certeza: a sua consagração “fora-de-portas” só nos prestigia.

Recordo, nos anos da década de oitenta, aquando duma deslocação ao seu atelier da Rua da Alegria, para o fotografar para uma entrevista, ter revelado a mim e ao colega que me acompanhava a história daquele cliente que, depois de lhe entregar um projecto para execução, o acabaria por entregar a outro colega com atelier no mesmo prédio, depois de ser informado das dificuldades que o mesmo teria de “sofrer”, para ser aprovado na Câmara do Porto, relatando as peripécias desse cliente, de modo a não ser visto por Siza Vieira.

Tentei, sempre que me era possível, ver os seus trabalhos. Não esqueço também a visita ao Museu de Arte Contemporânea de Santiago de Compostela, com o meu amigo arquitecto Abílio Mourão, momentos antes de este ser inaugurado, assim como as “peripécias” para o poder fotografar.

Depois seguiu-se a Igreja do Marco de Canavezes e o Museu de Serralves.

Voltei a encontrar recentemente o arquitecto Siza Vieira, na montagem da sua exposição no Museu de Serralves. Era no fundo um momento único encontrar o autor da obra, naquele espaço

concebido pelo mesmo. Era a sua própria “consagração”, quando lhe referi o facto de estar a montar uma exposição da sua obra, num edifício projectado por ele próprio.

Expliquei-lhe o que pretendia: entrevistá-lo.

Calmamente, continuou com os comissários a tratar da montagem da exposição, enquanto me permitiu que pudesse fotografar alguns desses pormenores, “desde que não perturbasse” os trabalhos.

Silenciosamente, como se estivesse a assistir a um concerto, fiz algumas fotografias.

Após uma hora de espera, enquanto a exposição estava a ser montada e eu procurava passar despercebido, o arquitecto Siza Vieira, interpela-me e diz-me que tenho de sair do museu!

Fiquei surpreendido, e só me restou dizer-lhe que depois da “seca” que me tinha dado me parecia ter direito a cinco minutos para um pequena conversa.

Aceitou, escusando-se que nem mais um minuto me poderia conceder.

Em escassos cinco minutos, não me restava senão o tempo de lhe falar do projecto que mais me entusiasmava da sua carreira, apesar de apreciar alguns trabalhos mais recentes, tais como o próprio Museu de Serralves, o Museu de Arte Contemporânea de Santiago de Compostela ou a Igreja do Marco de Canaveses. E perguntei-lhe muito francamente que diferença havia entre o “seu” trabalho da Casa de Chá da Boa Nova e os seus trabalhos mais recentes.

E a surpresa surgiu pela boca do próprio Siza Vieira: o trabalho da Casa de Chá da Boa Nova foi entregue ao gabinete do arquitecto Fernando Távora, onde Siza Vieira era um jovem estagiário, em conjunto com outros arquitectos.

E contou-me essa história bonita. O arquitecto Fernando Távora estava de partida para uma viagem pela Europa e deixou a incumbência desse trabalho aos seus colaboradores do gabinete. O trabalho foi dirigido por Siza Vieira, em “parceria” com os seus colegas Alberto Neves, António Menéres, Luís Botelho Dias e Joaquim Sampaio.

Relatou-me que o arquitecto Fernando Távora, depois de realizar a viagem fez “uma memória descritiva muito bem elaborada para a obra, a qual se encontra num local único e lindíssimo”.

Siza Vieira acabaria por assinar o trabalho.

Fiquei extremamente contente com a revelação, já que entre os arquitectos que participaram nesse trabalho de conjunto, se encontravam os arquitectos Alberto Neves e Luis Botelho Dias, que conheci nos fins dos anos sessenta, na extinta Associação Fotográfica do Porto. Ainda hoje, a nossa amizade perdura, e sempre que me desloco à “Invicta”, é obrigatório uma conversinha...

Afinal, os cinco minutos de conversa com Álvaro Siza Vieira acabaram por ter um final feliz.

E que me desculpem todos os apreciadores das suas obras: do que eu gosto é da Casa de Chá da Boa Nova, ali bem junto ao mar, que o poeta António Nobre gostava de contemplar. É, no fundo esse mar imenso que me separa da minha cidade natal de Ponta Delgada, onde estou a viver já lá vão mais de três anos.

Espero que na próxima ida ao Porto o arquitecto Siza Vieira me dispense mais do que cinco minutos para a entrevista que lhe desejo fazer.

CALIFORNICATION

Francisco José Sousa e João Monjardino

Caros amigos colaterais…Fui ontem ao Foxy's e Saquei as Vossas duas últimas revistas…já não ia lá há muito tempo.

Despeço-me e dando lugar ao curto artigo, escrito em coautoria com o Kiko, recuo em vénia respeitosa, com os olhos no chão, uma mão no peito e cantando o Hino!

Li rapidamente a nº 14 e, tropeçando no artigo do Nuno Valente, lembrei-me que vocês, com o vosso magnetismo, qual bioluminescente Funchal, nos roubaram o Perna e isso não é bom, não é nada bom!

João Monjardino

Como em tempos esse nosso grande e desterrado Ninja do Calhau, na sadia companhia do Chico Martelada, arrancava todas as estacas topográficas que encontrava nas areias em bastança do que viria a ser o embasamento do necessário/inevitável/trágico Porto Oceânico da Cidade da Praia da Vitória, dedico-lhe este artigo sobre a futura Marginal da mesma cidade, escrito em co-autoria com o Kiko, em honra ao seu espírito de ambientalista imberbe, precoce e espontâneo que marcou muita gente aqui na Ilha Terceira. A estas horas a dita peça sobre a Marginal já foi publicada como artigo de opinião (de borla) no benzido diário terceirense A UNIÃO, no abastado Diário Insular (com cunha do Toné) e espera vez no Jornal da Praia e Expresso das Nove. Agradecemos a todos os referidos jornais a disponibilidade das suas Secções de Opinião. É de facto de registar.

O artigo é a opinião de uma minoria com a real noção da sua dimensão. Representamos cerca de 50 pessoas, nada mais.

Desde desempregados a engenheiros, passando por mecânicos, estudantes, loosers, designers, pedreiros, professores e até combatentes dessa grande democracia que dá pelo nome de Estados Unidos, todos sentimos que as quatro ondas da Baía da Praia, nas quais ainda fazemos surf, poderão estar em risco por investimentos perfeitamente legítimos da Câmara Municipal da Praia da Vitória.

Como é óbvio, consultamos o Estudo Prévio do Projecto em causa para sustentar o nosso raciocínio e seria uma injustiça não referir que, a nosso pedido, fomos prontamente recebidos pelo Exmo. Sr. Vereador Carlos Armando, ex-dono da melhor twin-fin que passou nesta Ilha vinda dos States, que nos mostrou (não forneceu) toda a informação pedida, atitude que registamos com apreço no que calculo venha a ser mais um belo fandango democrático/caucasiano.

Pretendemos seguir este processo e participar na sua discussão pública exercendo a seca dos deveres e direitos de cidadania que nos tocam, para assim, se nos for permitido, introduzir um ligeiro desvio no traçado da futura Marginal na zona à volta do leito da Ribeira de Santo Antão (Praia do Golfinho). Assim poderemos salvar a orla e os fundos das quatro ondas. Se o conseguirmos alguém vai ter que nos pagar umas belas frescas durante vários anos... 'vitaliciamente' é o termo correcto.

A derrota é quase certa mas Deus é Terceirense e como cá não se faz nada, há tempo para estas merdas!

Para quem vive na ilha de São Miguel onde, como é óbvio, a pressão sobre o litoral será cada vez maior com o imparável cavalgar da “Consolidação do Processo Autonómico”, fica aqui o 1º Capítulo do que julgo possa vir a ser o Manual do Resistente Face a Investimentos Autárquicos Legítimos e Perante Derrota Iminente.

A Propósito da Construção da Marginal na Cidade da Praia da Vitória Por fazermos surf há já muitos anos, vimos por este meio expor a nossa preocupação relativamente à construção da Marginal da Praia da Vitória, uma vez que a mesma poderá pôr em risco a zona de surf da Baía, cujas ondas e zona de lazer adjacente é usada por um significativo número de praticantes, pescadores e banhistas, há mais de três décadas. Partindo do princípio de que não somos contra o desenvolvimento do Concelho da Praia da Vitória, não deixamos de defender que o mesmo deve ser equilibrado. Para continuarmos a usufruir das belas ondas desta Baía e da pequena zona de lazer que lhe é adjacente, chamamos a atenção dos dirigentes políticos desta Região e Concelho para os seguintes pontos: 1. Especificidade do Local (orla espraiada e fundo) As ondulações de surf desta Baía passam entre os molhes do Porto da Praia e formam quatro ondas em sítios muito específicos do fundo da Praia do Golfinho, (“Direitas”, “Chinês”, “Baixa” e “Vietnam”), que acabam por morrer na orla espraiada.

A orla espraiada desta zona e as características do fundo, em conjunto com ondulação e vento certos, são factores indissociáveis para a formação destas quatro ondas durante todo o ano.

2. Zona de Lazer Situada no leito da Ribeira de Santo Antão, é, desde há muitos anos, usada por diversos banhistas e pescadores; é onde os praticantes de surf (+- 50) se preparam para entrar no mar, descansam ou apanham ondas. A prática destas actividades são óptimos programas para residentes e turistas que nos visitam… Esta zona, para além dos benefícios apontados, tem óptimas condições para acesso às ondas sem apresentar quaisquer encargos de manutenção para a Câmara Municipal da Praia da Vitória ou Governo Regional.

3. Salvaguardar para Gerações Vindouras Dentro do razoável temos todos que respeitar e preservar o Património Natural, para que as gerações vindouras também possam usufruir do mesmo. É este o nosso apelo!

Seria óptimo que o traçado da Marginal, no caminho para o Porto de Pescas, não alterasse a orla costeira na zona de surf e pudesse poupar o que tão pouco nos resta nesta área. Tudo isto sem comprometer a velha e respeitável aspiração da Cidade da Praia: O seu Calçadão… O que pedimos apenas implica um pequeno desvio do traçado da futura Marginal !!

P.S.: Já agora, junto à onda de “Santa Catarina”, nas imediações do Forte com o mesmo nome, foram implantados não um, mas três belos esgotos, que vomitam águas pluviais e não “só”, noutra zona de pesca à linha, mergulho e surf … Deus do Céu, a Cidade da Praia não é Carcavelos! E claro está, tal como em Angra do Heroísmo, a culpa é de… ninguém*! *(Rede de esgotos sem separação entre águas pluviais e águas fecais ou outras)

PORTUGUESE ARCHITECTURE IN THE 20th CENTURY José Manuel Fernandes 15.02.2005 *

Portuguese Architecture in the 20th century produced some very interesting buildings and achievements, namely in what regards its chronological diversity, its spatial and formal originality in the European context, its geographical spreadness (in the Portuguese colonial areas of the time, namely the Atlantic islands, African Guinea, Angola and Mozambique, India, Macao and Timor).

Diversity is also the word for the aspects regarding functional typologies (with a large number of contrasting examples), and regarding style and technology used in the more significant buildings. Also the urbanization aspects, with the creation of new cities, in European Portugal as in Angola an Mozambique, was another theme that Portuguese material production developed, mainly in the period of the 1910-1970 decades.

Being a periphery country, regarding the Central Europe main cultural diffusion regions, Portuguese architecture evolved through a series of imported artistic movements, which have along the centuries generated original responses through a process that reveals and emphasizes the integrator and traditionalist aspects of the existing national context.

That explains the capacity of fusing the Gothic into Manueline, the Classical and Mannerist themes into the Plain Style, the Baroque into the more simple and standardized Pombaline, and finnaly explains the poetic interpretation of modern architecture made in Oporto school and later on in Lisbon, during the late 20th century. Being - in a creative contradiction as conservative as open-minded to experimentation and adaptation, Portuguese architecture managed to transform the foreign models, in a way that they were soon recognized and rethought with originality and such power that their adaptation created very special scales, spaces and forms.

In a long-term view of Portuguese architecture, it will be both the simplicity of forms and the structural clarity that can best describe it. In this context, the facade assumed a vital importance as an “introduction” to the building (as if the surface wished to become three-dimensional space and structure). This aspect connects with Lusitanian tendency to conceive everything on surfaces, thus somehow disdaining the importance of volumes and its light-dark play.

Industrial architecture, as in the whole Europe and in the United States, was present in Portugal in the transition from the 19th to the 20th centuries. The Santa Justa Public lift in Lisbon (by Mesnier du Ponsard, 1900-1902) shows how Revival styles and Steel construction were connected in the art of construction, and in building design: this monumental work of architecture has a clear and simple structure, but is totally covered by iron neo-islamic decorative motives.

International technologies supported the main experiences in steel, with imported pre-fab beams and other parts of buildings (mainly from England, France, Belgium and Germany).

On the other hand, international cultural movements in architecture which were somehow innovative, had some difficulty in gaining acceptance: for example, Art Nouveau was mainly understood as a decorative and fashion formal “thing”, and its Portuguese interpretation, the Arte Nova, exhibited some spectacular facades as the “Animatógrapho do Rossio” (in Lisbon, from 1908), but without any interesting space interiors.

Exceptions to this fact were some of the best works by Ventura Terra, as the delicate “Arte Nova” residence in Alexandre Herculano Street n.57, Lisbon, 1903; and also the remarkable housing building by Norte Júnior (in Liberdade avenue ns. 206-218, from 1915).

At the same time, the “Casa Portuguesa” cultural nationalistic movement (imposing neo-traditional forms in domestic architecture), significant between 1900-1920, was headed by Raul Lino (Montsalvat house, 1902, at Monte Estoril, and Cipreste house in Sintra, 1907-1914). Mainly expressed in country house's architecture, this movement proposed a return to the “inner soul” of ancient Portuguese vernacular architecture and landscape.

The ephemeral international Modernism of the 1920-30's proposed a new rupture with tradition, using concrete structures, and producing cubist geometric volumes under an ideology of functional rationalism. Some futuristic and avantgarde works were: “Capitólio” music-hall and cinema house, in Lisbon, by Luis Cristino da Silva, 1925-30; the “Comércio do Porto” Garage in Oporto, by Rogério de Azevedo, 192832; and the Victoria Hotel, Lisbon, by Cassiano Branco, 1934-36. Must not forget, in Oporto, the fantastic Coliseu, by Cassiano Branco and others, 1939-41).

The “ Estado Novo” new political regime also applied modernism in its first phase of Public Works, mainly in Lisbon, in schools and universities (Instituto Superior Técnico, by Pardal Monteiro, 1927-41), hospitals (Oncology Pavilion, by Carlos Ramos, 1927-33) and industrial buildings (the National Mint, by Jorge Segurado, 1934-38.

After the nationalistic “climax” of the International History Exhibition in Lisbon (“Exposição do Mundo Português”, 1940), a neo-traditional tendency came up in architecture and urbanism. This neo-classic (or neo-ruralist) and monumental architecture went from the early 1940's to the mid 1950's supported by the traditionalist vision of the “official taste” dictated by the political Regime (the self-called “ Estado Novo”, that long-lasted from 1926 to 1974). The Areeiro Square, in Lisbon (by Cristino da Silva, 1938-53) the “Monumental” Theatre and Cinema (in Lisbon, by Rodrigues Lima, 1944-51) or the Domus Juistitiae Palace in Oporto (by Rodrigues Lima, 1954-61) are clear examples of this retro architecture.

In spite of the difficult internal context, during the 1950's Portuguese architecture renewed gradually, thanks to the direct contact with European activities by organized groups of young architects in Lisbon (the “Arquitectura” magazine team) and in Oporto (the ODAM group).

The national register about vernacular architecture (“Arquitectura Popular em Portugal”, 1956-61) helped a lot in giving honesty, simplicity and modernity to the new architecture. Some of the best examples in Lisbon are: urban plans of Alvalade and Ajuda hill, in Lisbon (by Faria da Costa, 1945-60); International Industrial Fair, in Lisbon (by Keil Amaral, 1952-57); Águas Livres Housing Block, in (by Teotónio Pereira, 1953-55); and Hotel do Mar, in Sesimbra (by Conceição Silva, 1957-63).

Oporto modern Movement architecture, also managed to survive and even gain new energies, after the 1950's, thanks to the advanced teaching in the local architecture school (under Carlos Ramos supervision, 1952-67).

In Oporto area some of the modern examples of the time are: the Office building in Ceuta street (by Arménio Losa and Cassiano Barbosa, 1950-55); the Vila da Feira market (by Fernando Távora and others, 1952-59); and of course, Alvaro Siza's first works, the “Casa de Chá” (tea house) in Matosinhos (1956-63) and the Leça Swimming pool (196166).

Between 1950 and 1975 the importance of modern architecture and urbanism in the Portuguese colonial areas was enormous, because it was a way that the new generation of authors had to express in a more free manner - due to the large-vision of social and economic programs (mainly in Angola and Mozambique) that allowed more innovative languages and bold architectural experiences (a theme which in the European Portugal was under heavy censor system).

Also in the Atlantic islands of Madeira, Azores, Cape Verde and S.Tomé e Príncipe, although in a smaller scale, new interesting modern architecture came up in this period. The same in Goa (India), Macao (China) and Timor (Oceania).

Some works and architects of this “outside-of-Europe Portuguese production” can be emphasized, due to the quality of its architecture and urban achievements: In Funchal, Madeira, the Social Security Centrer (by Chorão Ramalho, 1960-69); in Terceira, Azores, the Serreta Inn (by João Rebelo, 1960-63), in Mindelo, S. Vicente, in Cape Verde, the Naval Command Building (by Lucínio Cruz, 1961-67); and in S.Tomé e Príncipe islands, the Post Office Central headquarters of S. Tomé capital city. In Macao, we must remind the remarkable Pedro Nolasco Commercial School (by Chorão Ramalho, 1963-69), still existing in the central city as the “Portuguese School”.

Undoubtly the most remarkable colonial works were created in the vast areas of Angola and Mozambique, due to Portuguese architects and urbanists that settled in those regions, and worked for decades, dedicated to local architecture: Vasco Vieira da Costa, in Luanda, Angola (Kinaxixe market, 195052; the Mutamba Building, now the Public Works Ministry, 1968-69); Pancho / Amâncio Guedes, in Maputo, former Lourenço Marques, Mozambique (the “Leão Que Ri” residence, 1954-55; the Saipal bakery); João José Tinoco, in northern Mozambique (Government Building in Vila Cabral/Lichinga, Niassa,1966; Nampula airport); Castro Rodrigues, in Lobito, south Angola (the “Sun” block, 1953; the market, cinema, airport and grammar school of Lobito, 1963-66).

New city plans and their large building enterprises were also important issues in Angola and Mozambique, across the 20th century decades. Huambo/Nova Lisboa, in Central Angola, was erected in 1912; Lichinga Octogonal plan in northern Mozambique started in 1930; and Chimoio modern design, in south Mozambique, was completed in 1969).

After the democratic change in 1974-76, Portuguese architecture crossed a complex and critical period, which, after the country admission in the European Union (1986) gave way to a new and splendorous phase in the 1980-1990 decades, at one hand under the so-called “Oporto Modern Architecture School”, which finnaly reached international recognition, with professors and architects as Fernando Távora (S. Marinha da Costa State Inn, in Guimarães, 1976-85), Álvaro Siza (Oporto Faculty of Architecture, 1986-1995; Portugal Pavilion in Lisbon Expo 1998) and Souto de Moura (S. Maria do Bouro State Inn, 1989-1997; Braga football Stadium, 1999-2004) and on the other hand, by means of the quality of some Lisbon architects, as Carrilho da Graça (Communication Sciences Institute, 1989-1993; Presidential Documentation Centre, Lisbon, 1997-2002) and Gonçalo Byrne (Sea and Harbor Traffic Control Tower, Lisbon, 1999-2001).

We must not forget however the importance of Portuguese late colonial architecture, precisely in the same decade of 1980-1990, in Macao territory, which developed enormously until the hand-over to China in 1999. The Fai-Chi-Kei social housing complex (by Manuel Vicente, 1985-88), the Nam Van Lakes urban design in Praia Grande (also by Manuel Vicente, (1990-1995), or the Macao Cultural Centre (by Intergaup/Bruno Soares and Irene Ó, 1996-99) are three examples, among many others.

In the transition for the first years of the 21st century, a new generation of experienced Portuguese architects is already presenting outstanding projects and built works, as Ricardo Back Gordon (house in Boliqueime, Algarve, 2002), Aires Mateus Brothers (Rectory of Universidade Nova, Lisbon, 2001), Nuno Mateus/ARX (Blood Institute, Oporto, 2004), Mendes Ribeiro (Coimbra Visual Arts Centre, 2003, or Ines Lobo (Ponta Delgada University Auditoriums, Azores, 2001).

And a group of younger architects is starting now promising new projects, creating great expectations about their future and the innovative ways for Portuguese architecture. Let's wait for more. * (texto inédito, escrito para uma conferência a realizar na Universidade Internacional da Catalunha, em Barcelona)

Casa da Música de Ponta Delgada - Arqtº. Yrehg'o Knarf

Ilustração - ELIAS

Ilustração - JOSÉ ALBERGARIA

«Quand les Cathedrales Etaient Blanches»

A MINHA ESTANTE... DE ARQUITECTURA Silvia Santos

S,M,L,XL - Rem Koolhas Trata-se de um livro onde podemos encontrar diversos escritos, pensamentos, definições, misturados com projectos, esquiços, fotografias, diversas bandas desenhadas, mapas etc, em jeito de diário gráfico. Todo o livro é organizado segundo as diversas escalas de intervenção arquitectónica, daí o título S, M, L, XL. Rem Koolhas, autor da Casa da Música do Porto, após ter ganho o prémio Pritzker em 1992 (o “óscar” da arquitectura, também já atribuído a Siza Vieira) foi recentemente galardoado com o prémio Mies van der Rohe 2005 (com a obra da embaixada holandesa em Berlim). Tratase de um “clássico” (a 1ª edição é de 1995) ainda, e sempre actual!

Minimalismos Este pequeno livro pretende explicar o conceito de minimalismo, fazendo o paralelo entre as diversas artes que expressaram este mesmo movimento (música, pintura, escultura, dança, arquitectura…). Se na arquitectura se foca o “less is more” do Mies van der Rohe, ou ainda o “que o simples impacte” de Peter Zumthor, na escultura encontramos “objectos puros” como os identificou Donald Judd, ou ainda Sol le Witt. Pretende-se “alcançar a máxima expressividade através da mínima expressão”. Estão aqui ilustradas obras que vão desde John Pawson, a Herzog & Meuron (vencedores do prémio Pritzker em 2001) Alberto Campo Baeza, Eduardo Souto Moura, entre muitos outros.

A ideia construída - Alberto Campo Baeza Compilação de pequenos textos, que ilustram toda a a poesia e clareza da obra deste arquitecto espanhol, cujo lema é “mais com menos” à boa maneira de Mies van der Rohe (com o seu famoso “less is more”).

Dentro dos temas abordados, destaco o tema da luz, como elemento modelador da arquitectura: ”Proponho uma arquitectura essencial de ideia, luz e espaço. De ideia construída, materializada em espaços essenciais animados pela luz”, “ …quando o arquitecto descobre, finalmente, que a luz é o tema central da arquitectura, então começa a entender algo, começa a ser um verdadeiro arquitecto…”

Um bom pretexto para a descoberta da sua obra.

João Mendes Ribeiro, arq. * Trata-se de um livro com a mais recente obra do arquitecto/cenógrafo/artista plástico/designer da nova geração portuguesa (nasceu em 1960). Tem desenvolvido a par da arquitectura um trabalho muito interessante ao nível cenográfico, não sendo por acaso a sua frequente colaboração com a companhia de dança de Olga Roriz, bem como com o encenador Rui Lopes Graça. Podemos assim encontrar neste livro desde o projecto para os quiosques na Expo98, à casa de chá no castelo de Montemor-o-Velho, à reconversão do Centro de Artes Visuais, em Coimbra, bem como cenografia do bailado “propriedade privada” para a companhia de dança de Olga Roriz. Um arquitecto a não perder de vista! * João Mendes Ribeiro”, Obras e Projectos 1992-2002, Ed. Asa 2004

2G - Aires Mateus, arqtos.

www.ggili.com

Por último uma revista de uma dupla também da nova geração portuguesa: Francisco e Manuel Aires Mateus (que deram uma conferência este ano em Ponta Delgada). Recentemente galardoados com o prémio Valmor, com a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, esta dupla não para de nos surpreender! Podemos encontrar neste número, os projectos tão diversos na sua abordagem e escala, tais como as livrarias Almedina (em Lisboa e no Porto), uma casa em Alenquer, a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, a residência de estudantes do pólo II da Universidade de Coimbra, bem como o Centro Cultural de Sines. É um pretexto para uma visita ao vivo!

A ESTANTE DE...

Alexandre Borges

Pensei Que O Meu Pai Era Deus

História de 1 Minuto, vol. 1

Um Combate e Outras Histórias

Para Para todos todos aqueles aqueles que que ainda ainda confundem confundem os os americanos americanos com com latas latas de de coca-cola. coca-cola.

Pessoalmente, Pessoalmente, tenho tenho esta esta ideia ideia há há algum algum tempo: tempo: que que Paul Paul Auster Auster será, será, seguramente, seguramente, mais mais apreciado apreciado pelos pelos leitores-escritores leitores-escritores do do que que pelos pelos leitores leitores em em geral. geral. Porque Porque em em todos todos os os seus seus livros livros aa literatura literatura é, é, de de um um modo modo ou ou de de outro, outro, oo protagonista protagonista da da trama, trama, ora ora de de modo modo mais mais estridente, estridente, ora ora mais mais silencioso. silencioso.

Claro Claro que que éé acessível acessível aa qualquer qualquer espectador espectador literário literário ee pode pode apaixonar apaixonar quem quem quer quer que que seja, seja, mas mas oo exercício exercício que que faz faz em em torno torno das das possibilidades possibilidades do do mundo mundo se se fazer fazer escrita escrita ee vice-versa vice-versa é, é, àà partida, partida, mais mais próximo próximo ee revelador revelador para para quem quem também, também, bem bem ou ou mal, mal, procura procura reinterpretar reinterpretar oo universo universo àà luz luz dos dos seus seus próprios próprios signos. signos. São São os os trajectos trajectos pelas pelas cidades cidades que que escrevem escrevem palavras; palavras; éé aa teia teia de de acasos acasos entre entre oo que que se se escreve escreve ee oo que que acontece; acontece; oo caderno caderno mágico mágico encontrado encontrado numa numa livraria livraria ee que que salva, salva, conforme conforme condena, condena, aquele aquele que que nele nele escreve. escreve. Por Por agora, agora, ou ou melhor, melhor, já já em em 2001, 2001, mas mas só só há há poucos poucos meses meses entre entre nós, nós, Auster Auster suspende suspende aa produção produção própria própria para para compendiar compendiar esta esta antologia antologia magnífica magnífica que que se se chama chama Pensei Pensei Que Que O O Meu Meu Pai Pai Era Era Deus.

Deus. A A história história por por detrás detrás da da sua sua génese génese já já éé mais mais ou ou menos menos conhecida: conhecida: convidado convidado pela pela National National Public Public Radio Radio aa contar contar histórias histórias para para aa radiofonia, radiofonia, Siri, Siri, aa esposa, esposa, apareceu apareceu com com uma uma ideia ideia melhor. melhor. E E se, se, em em vez vez de de as as escrever, escrever, as as encomendasse encomendasse ao ao americano americano anónimo? anónimo? E E assim assim foi. foi. A A adesão adesão foi foi surpreendente surpreendente ee aa qualidade qualidade média média dos dos textos textos era, era, pelo pelo menos, menos, inquietante. inquietante. A A edição edição portuguesa portuguesa entendeu, entendeu, por por razões razões desconhecidas, desconhecidas, traduzir traduzir apenas apenas 109 109 das das 179 179 histórias histórias originais, originais, mas mas respeitou respeitou oo agrupamento agrupamento de de Auster Auster por por imaginários: imaginários: animais, animais, objectos, objectos, famílias, famílias, burlesco, burlesco, desconhecidos, desconhecidos, guerra, guerra, amor, amor, morte, morte, sonhos sonhos ee meditações. meditações. Uma Uma forma forma simples simples de de dar dar alguma alguma coesão coesão ao ao que que é, é, pela pela própria própria essência, essência, disperso disperso ee diverso. diverso. No No fim, fim, tal tal como como oo próprio próprio organizador organizador prometera prometera na na introdução, introdução, éé impossível impossível que que não não nos nos tenhamos tenhamos rido rido ee comovido comovido pelo pelo menos menos uma uma vez vez com com algum algum dos dos textos. textos. E, E, sobretudo, sobretudo, confrontámo-nos confrontámo-nos com com um um leque leque mágico mágico de de sensibilidades sensibilidades que que percorre percorre aa idade, idade, oo sexo, sexo, as as profissões profissões mais mais díspares díspares (embora (embora com com uma uma tónica tónica bastante bastante notória: notória: muitos muitos deles deles pareciam pareciam estar estar aa tentar tentar agradar agradar aa Auster, Auster, relatando, relatando, amiúde, amiúde, feitiços feitiços de de coincidências). coincidências). É É claro claro que que aa maioria maioria dos dos textos textos não não está está delapidado delapidado como como um um escritor, escritor, certamente, certamente, faria. faria. Mas Mas esse esse éé oo valor valor acrescentado acrescentado desta desta obra: obra: são são dezenas dezenas ee dezenas dezenas de de diamantes diamantes em em bruto, bruto, prontos prontos para para polir, polir, perscrutar, perscrutar, analisar, analisar, abrir, abrir, prolongar prolongar na na nossa nossa cabeça cabeça cada cada dado dado fantástico fantástico lançado lançado contra contra aa página. página. E, E, de de novo, novo, vem vem aa atracção atracção para para oo leitor-escritor: leitor-escritor: ele ele prolonga prolonga mentalmente mentalmente oo livro. livro. Pensa Pensa os os múltiplos múltiplos romances romances que que dali dali poderiam poderiam ou ou podem, podem, ainda ainda nascer. nascer. Para Para oo português português em em particular, particular, fica fica oo banho. banho. O O banho banho de de cultura, cultura, sensibilidade, sensibilidade, inteligência, inteligência, dos dos americanos, americanos, mesmo mesmo dos dos estados estados mais mais esquecidos esquecidos ee profundos. profundos. Se Se alguém alguém aqui aqui repetir repetir aa experiência, experiência, éé melhor melhor que que não não tenha tenha tanta tanta esperança… esperança…

Para Para aa sociedade sociedade metropolitana. metropolitana.

O O volume volume 11 das das Histórias Histórias de de 11 Minuto, Minuto, de de István István Örkény, Örkény, publicado, publicado, entre entre nós, nós, pela pela Cavalo Cavalo de de Ferro, Ferro, no no final final do do ano ano passado, passado, constitui constitui um um novo novo género género de de literatura, literatura, pelo pelo menos, menos, para para oo leitor leitor português. português. Numa Numa época época em em que que tanta tanta gente gente se se queixa queixa de de falta falta de de tempo tempo para para os os livros, livros, acabam-se acabam-se as as desculpas. desculpas. O O público público continua continua aa embarcar embarcar em em fenómenos fenómenos de de epidemias epidemias que que as as editoras, editoras, certamente, certamente, agradecerão, agradecerão, mas mas que que não não conseguem conseguem evitar evitar aa estranheza estranheza do do leitor leitor compulsivo. compulsivo. Ora Ora éé oo discurso discurso pseudopseudoespiritual espiritual de de Paulo Paulo Coelho; Coelho; ora ora oo pretenso pretenso realismo-entretenimento realismo-entretenimento das das escritoras escritoras light; light; ora ora aa miguelsousatavaresite; miguelsousatavaresite; ora ora as as especulações especulações em em torno torno do do Graal Graal ee vida vida afectiva afectiva de de JC. JC. Há Há um um fruto fruto por por cada cada época; época; não não há há éé agri-cultura. agri-cultura. Entre Entre outros outros estilos, estilos, os os portugueses portugueses continuam continuam aa marginalizar marginalizar um: um: oo conto. conto. E E não não se se percebe percebe porquê. porquê. Escritor Escritor que que escreva escreva contos contos tem tem de de se se prostituir prostituir para para convencer convencer uma uma editora editora aa publicá-los. publicá-los. Ou Ou melhor: melhor: mais mais que que prostituir, prostituir, porque porque não não se se trata trata de de vender vender oo corpo. corpo. Ele Ele dá dá oo corpo, corpo, paga paga para para oo dar dar e, e, no no fim, fim, ainda ainda implora implora que que lhe lhe ponham ponham lá lá os os contitos contitos num num livrinho. livrinho. Isto Isto porque porque oo tuga tuga não não compra compra contos. contos. Soa-lhe Soa-lhe aa coisa coisa menor. menor. Se Se éé para para comprar comprar livros, livros, então então que que dê dê para para matar matar osgas osgas com com eles. eles. Que Que as as suas suas lombadas lombadas encham encham aa estante estante novinha novinha em em folha folha adquirida adquirida num num saldo saldo do do IKEA. IKEA. Senão, Senão, não não dá. dá. Ironia Ironia do do destino, destino, os os contos contos seriam seriam aa solução solução para para todos todos os os seus seus problemas. problemas. LêemLêemse se depressa, depressa, exigem exigem menos menos tempo, tempo, menos menos investimento, investimento, menos menos atenção. atenção. Combinam Combinam melhor melhor com com os os transportes transportes públicos, públicos, com com as as pausas pausas para para oo café, café, com com os os 10 10 minutos minutos antes antes de de adormecer. adormecer. Örkény, Örkény, falecido falecido em em 79, 79, engenheiro engenheiro químico, químico, combatente combatente na na IIII Grande Grande Guerra Guerra ee um um dos dos mais mais célebres célebres autores autores húngaros, húngaros, é, é, portanto, portanto, uma uma bênção. bênção. Em Em uma, uma, duas, duas, três três páginas, páginas, magica magica enredos enredos cheios cheios de de ironia, ironia, sátira, sátira, humor. humor. Uns Uns têm têm mais mais potencial potencial dramatúrgico; dramatúrgico; outros outros dão-se dão-se ao ao luxo luxo da da experimentação experimentação formal. formal. Quantos Quantos às às osgas, osgas, oo melhor melhor mesmo mesmo éé mudar mudar de de casa. casa.

Cultura Cultura de de Bolso.

Bolso.

Por Por que que carga carga de de água água vimos vimos nós nós aqui aqui criticar criticar um um livrito livrito de de 70 70 páginas, páginas, com com menos menos que que ler ler que que alguns alguns rótulos rótulos de de champô, champô, ainda ainda por por cima cima publicado publicado já já há há três três anos? anos? Por Por um um motivo motivo simples simples aa que que já já iremos, iremos, mas mas nada nada tem tem aa ver ver com com oo livro livro em em si. si. Mas Mas antes antes disso… disso… Süskind Süskind ganhou ganhou oo coração coração dos dos leitores leitores com com oo arrebatador arrebatador O O Perfume Perfume -- História História de de Um Um Assassino, Assassino, nos nos idos idos 80.

80. Aqui Aqui ao ao escriba, escriba, ainda ainda ribombam ribombam as as suas suas palavras palavras finais finais (cuja (cuja divulgação divulgação em em nada nada prejudicará prejudicará aa vida vida ao ao leitor leitor potencial): potencial): "Era "Era aa primeira primeira vez vez que que fazia fazia alguma alguma coisa coisa por por amor." amor." A A frase, frase, coroando coroando oo romance romance que que é, é, oo capítulo capítulo final final que que ali ali desemboca, desemboca, arranca arranca sons sons ao ao silêncio silêncio da da leitura: leitura: "Fantástico!"

"Fantástico!" "Brilhante!"

"Brilhante!" "Genial!"

"Genial!" são são hipóteses hipóteses de de elaborado elaborado comentário comentário possível. possível. O O relato relato da da vida vida de de Jean-Baptiste Jean-Baptiste Grenouille Grenouille só só tinha, tinha, na na verdade, verdade, um um defeito: defeito: oo seu seu sucesso. sucesso. Toda Toda aa gente gente gostou gostou daquilo daquilo -era era irritante. irritante. O O snobismo snobismo do do cultor cultor da da leitura leitura era era insultado insultado pela pela massificação massificação da da sua sua alegria. alegria.

Vulgarizava Vulgarizava aa paixão; paixão; tendia tendia aa menorizar menorizar oo autor. autor. De De um um modo modo ou ou outro, outro, aa verdade verdade éé que que oo bávaro bávaro não não parece parece ter ter voltado voltado aa arrancar arrancar linhas linhas semelhantes. semelhantes. A A Pomba, Pomba, uma uma novela novela com com aroma aroma aa Kafka-Camus, Kafka-Camus, ainda ainda valeu. valeu. Poderosa, Poderosa, cínica, cínica, cruel. cruel. Depois, Depois, contudo, contudo, aa História História do do Senhor Senhor Sommer Sommer pouco pouco mais mais era era que que simpática simpática ee mesmo mesmo este este Combate Combate ee Outras Outras Histórias Histórias não não traz traz novidade novidade por por aí aí além. além. Patrick Patrick Süskind Süskind continua continua aa exibir exibir oo seu seu virtuosismo virtuosismo na na criação criação de de imagens, imagens, aa escrever escrever com com aa simplicidade simplicidade com com que que aa maioria maioria apenas apenas sonha, sonha, mas mas pouco pouco mais. mais.

"Um "Um Combate", Combate", oo primeiro primeiro conto, conto, é, é, ainda ainda assim, assim, uma uma pequena pequena pérola. pérola. Um Um tabuleiro tabuleiro de de xadrez, xadrez, aa vitória vitória ee aa derrota, derrota, oo poder poder do do carisma, carisma, um um ensaio ensaio sobre sobre aa liderança liderança ee oo jogo. jogo. Mas, Mas, como como dizíamos dizíamos aa início, início, oo que que aqui aqui nos nos traz traz éé outro outro motivo. motivo. Elogiar Elogiar aa colecção colecção em em que que aa obra obra nos nos chega. chega. Na Na colaboração colaboração da da editora editora com com as as livrarias livrarias Fnac.

Fnac. Porque Porque éé que, que, no no Reino Reino Unido Unido ou ou em em França, França, toda toda aa gente gente pode pode comprar comprar edições edições de de bolso bolso ee nós nós não? não? No No mítico mítico "lá "lá fora", fora", as as obras obras saem saem em em duas duas edições: edições: aa clássica, clássica, grande grande ee cara, cara, para para quem quem quiser; quiser; ee aa de de bolso, bolso, barata barata ee simpática, simpática, para para quem quem apenas apenas pode. pode. Só Só aa Fnac Fnac -- francesa francesa -- parece parece ter ter compreendido compreendido essa essa lacuna lacuna do do nosso nosso mercado. mercado. E E vem vem editando, editando, sucessivamente, sucessivamente, excelentes excelentes textos textos neste neste formato. formato.

Com Com 50 50 euros, euros, podemos podemos trazer trazer para para casa casa 10 10 livros, livros, mais mais coisa coisa menos menos coisa. coisa. E, E, assim, assim, damo-nos damo-nos ao ao luxo luxo de de arriscar. arriscar. Podemos Podemos comprar comprar este este ou ou aquele aquele autor autor que que não não conhecemos, conhecemos, sem sem risco risco de de ficar, ficar, depois, depois, atulhado atulhado em em remorsos remorsos de de ter ter desperdiçado desperdiçado três três ou ou quatro quatro contos contos dos dos antigos antigos numa numa coisa coisa que que não não valia valia um um caracol. caracol. E E essa essa é, é, talvez, talvez, aa única única saída saída para para oo nosso nosso universo universo editorial. editorial. Porque Porque nem nem todos todos os os escritores escritores são são vedetas vedetas da da televisão televisão ee vendem vendem mais mais exemplares exemplares que que gelados gelados no no deserto deserto oo senhor senhor da da Olá!.

Olá!. A A maioria maioria da da malta malta só só fará fará nome nome se se alguém alguém chegar chegar aa ler ler oo seu seu poemazito poemazito ou ou policial. policial. E, E, para para que que leiam, leiam, éé preciso preciso que que comprem. comprem. E, E, para para que que comprem, comprem, éé preciso preciso que que os os livros livros custem custem menos menos que que aa factura factura da da TV TV Cabo.

Cabo.

Organização: Organização: Paul PaulAuster Auster Edições EdiçõesAsa Asa 2005 2005

István István Örkény Örkény Cavalo Cavalo de de Ferro Ferro 2004 2004

O Afinador de Pianos Daniel Daniel Mason Mason Asa Asa // 2003 2003

O Deus das Moscas William William Golding Golding Editorial Editorial // 1997 1997

Poemas da Prisão José José Craveirinha Craveirinha Texto Texto Editora Editora // 2004 2004

Lugares, Sombras & Afectos

Patrick Patrick Süskind Süskind Edições EdiçõesAsa Asa 2002 2002

Urbano Urbano Bettencourt, Bettencourt, Seixas Seixas Peixoto Peixoto 2005 2005 Por Por fim fim ee já já que que alguns alguns dos dos comentários comentários anteriores anteriores concorrem concorrem directamente, directamente, em em termos termos de de dimensões, dimensões, com com as as próprias próprias obras obras aa que que se se reportam, reportam, aqui aqui ficam ficam mais mais quatro quatro títulos, títulos, apenas apenas como como sugestões sugestões ee sem sem sinopses-armadas-ao-crítico. sinopses-armadas-ao-crítico. Não Não procurem procurem uma uma coerência coerência entre entre eles eles porque porque não não existe existe alguma. alguma. São São somente somente aquilo aquilo que que ando ando aa ler ler -- lili -- este este Verão Verão -- ee se se me me têm têm sabido sabido bem bem aa mim, mim, acompanhando acompanhando oo mar mar ee oo calor, calor, também também devem devem saber saber aa mais mais gente. gente. O O envolvente envolvente primeiro primeiro romance romance de de Daniel Daniel Mason, Mason, oo clássico clássico de de Golding Golding (com (com dedicatória dedicatória especial especial aa esses esses bichinhos bichinhos que que tanta tanta companhia companhia gostam gostam de de nos nos fazer fazer nestas nestas tardes tardes de de calor), calor), uma uma recordação recordação do do falecido falecido Craveirinha Craveirinha ee esse esse belíssimo belíssimo regresso regresso de de Urbano Urbano às às lides lides literárias. literárias. Já Já agora, agora, aproveito aproveito para para lhe lhe mandar mandar um um abraço abraço e, e, para para choque choque da da crítica crítica imparcial, imparcial, agradecer-lhe, agradecer-lhe, de de verdade, verdade, aa oferta. oferta. A A edição edição éé lindíssima lindíssima (uma (uma vénia vénia também também para para Seixas Seixas Peixoto), Peixoto), aa escolha escolha das das palavras palavras de de uma uma finura finura rara rara ee aa secção secção acerca acerca de de Cabo Cabo Verde Verde do do melhor melhor que que se se tem tem lido lido nos nos últimos últimos anos anos de de poesia poesia nacional. nacional.

E E éé tudo, tudo, caros caros açóricos. açóricos. Desculpem-me Desculpem-me falhar, falhar, pelo pelo primeiro primeiro número, número, aa crónica crónica habitual, habitual, mas mas peço-vos peço-vos que que aceitem aceitem esta esta episódica episódica troca troca pelo pelo lugar lugar de de Marcelo-dosMarcelo-dospequeninos… pequeninos…

ALTA FIDELIDADE Alexandre Pascoal

2005 revela-se um ano pródigo em discos e novos projectos, cujo consumo se revela difícil. Difícil na escolha e no tempo cada vez mais escasso para a sua audição. De qualquer forma, ficam aqui representados alguns dos discos que preenchem parte do disco - rígido - móvel e a rigidez fixa da memória para os meses que passaram desde a última :ILHAS até à próxima coluna de sugestões. Para uma actualização mais regular pf consultem o blog em http://ilhas.blogspot.com.

Gorillaz - Demon Days (Parlophone) www.gorillaz.com

O colectivo de cartoons de Damon Albarn regressa mais sombrio e com uma perspectiva assumidamente irónica, tendo como base - os problemas das bandas famosas destruídas pelo sucesso. Autocrítica!? O 1º disco dos Gorillaz, em 2001, vendeu 6 milhões de cópias, muitas + do que as que Albarm vendeu com os Blur, transformando “o” projecto paralelo numa coisa “séria” - a pressão do 2º disco estava lançada. O regresso em Demon Days não foi, obviamente, pacífico. O produtor Dan Nakamura saiu e entrou para o seu lugar Danger Mouse (www.dangermousesite.com). Podemos encontrar uma série de estrelas convidadas que dão corpo e alargam o horizonte musical do projecto Gorillaz, temos assim: os De La Soul; Shaun Ryder (vocalista dos Happy Mondays); Martina Topley-Bird; Roots Manuva; The London Community Gospel Choir; Ike Turner; Neneh Cherry e Dennis Hopper, para destacar os mais relevantes. Mais maturidade e o talento de Damon Albarn tornam este projecto, pretensamente virtual, num dos momentos maiores da pop actual. BD para graúdos.

The Tears - Here Come The Tears (Independiente) www.thetears.org

Os The Tears são - Bernard Buttler & Brett Andersson, guitarrista e vocalista dos já extintos Suede. A dupla separou-se, após 2 álbuns e uma série de singles e b-sides, memoráveis, para nunca mais voltar. A imprensa inglesa escreveu e alimentou a zanga e a história parecia ter fim. Engano. 10 anos após Dog Man Star (o 2º álbum dos Suede) eis que estes 2 vultos maiores da pop inglesa se reúnem para dar voz e guitarra a um projecto que os tentará fazer regressar à forma e à fama que merecem. Here Come The Tears - é um bom disco mas é capaz do melhor e do pior. Pois apesar de ser ambicioso q/b transporta, igualmente, momentos menos conseguidos que não se compreendem para músicos com esta experiência. Vamos ter esperar pelo próximo capítulo...para dissipar as dúvidas que permanecem no éter. Para matar algum saudosismo fortuito..

Tosca - J.A.C. (G-Stone/!K7/Ultima) www.k7.com

4º disco de originais para a dupla de Viena - Rupert Huber e Richard Dorfmeister, mais conhecidos por Tosca. O novo disco - J.A.C., tem as iniciais de algo também novo - os filhos dos músicos - Joshua, Arthur, Conrad, respectivamente. Todos os trabalhos da dupla reflectem momentos biográficos da vida dos músicos, pelo que este facto foi, naturalmente, motivo para uma dedicatória. Mas, apesar das movidas na vida privada, o universo sonoro - Tosca - parece praticamente inalterado, seguindo as linhas mestras dos anteriores: Opera, Suzuki e Dehli9. No entanto, denota-se uma aproximação a um lado mais orgânico pela multiplicidade de universos construídos, bem como pelo uso das vozes de Samia Farah, Chris Eckman (vocalista dos The Walkabouts) e Earl Zinger. Produção cuidada, como quase sempre, mas sem o sinal da inovação desejada. Um disco para a estação quente (o mesmo se aplica, neste caso, à fria).

Seu Jorge - Cru

www.seujorge.com Quem é o novo Ídolo brasileiro? De seu nome - Jorge Mário da Silva, 34 anos, adopta, no entanto, para as lides artistas o de - Seu Jorge. É mais um produto da arte marginal, produzida nas favelas e nos morros do Brasil. Seu Jorge nasceu e foi criado nas favelas do Rio de Janeiro. Do nada para as capas de revista e para o grande ecrã. Já o vimos através da Cidade de Deus, de Fernando Meireles, como actor secundário no filme Um Peixe Fora de Água, de Wes Anderson. E ouvimos através do projecto Favela Chic. Tem editado Samba Esporte Fino, do qual se destaca o conhecido Carolina, e produzido por Mario Caldato Jr., o mesmo produtor dos Beastie Boys. Lançou este ano Crú, que, tal como o nome indicia, está repleto de imperfeições mas todas elas assumidas na íntegra. No site tem em destaque a seguinte citação: “O samba é nossa verdade, nossa particularidade, nossa medalha de ouro, nosso baluarte, nosso estandarte brasileiro”. E Seu Jorge faz uso disso mesmo, revelando o denominado novo Brasil em formato samba pé descalço, para gáudio de uma Europa rendida à world music e aos ritmos “exóticos”. Uma das melhores surpresas dos últimos meses.

Róisín Murphy - Ruby Blue (CD Echo) www.roisinmurphy.com

A menina do vestido espelhado do vídeo de Sing It Back, dos Moloko, em aventura a solo. Conhece Matthew Herbert a quando das remisturas para os Moloko e estava lançada aventura. Bastou um telefonema e 5 minutos de metro. Em Ruby Blue a voz de Róisín surge provocadora e sensual, mas, simultaneamente, íntima e frágil. Herbert, um dos músicos/produtores mais inventivos da contemporaneidade, explora territórios e musicalidades novas, inéditas no percurso da vocalista. Por intermédio da manipulação tecnológica, transforma ou utiliza os seus “instrumentos” (samplagem de um simples bloco de notas a bater num microfone, despertadores, capacetes, ventoinhas, ...) na recriação de um ambiente digitalizado em formato cabaret - o universo de Ruby Blue. Um disco que marca o (re)início da carreira após o fim, ainda não anunciado, dos Moloko - o “princípio”, segundo Róisín. Auspicioso!

AGENDA | DISCOS | ARQUITECTURA Alexandre Pascoal

A arquitectura sonora destes exemplos reside na relação intrínseca entre a música e a vida urbana...

Einsturzende Neubauten - Strategies Against Architecture

www.neubauten.org

O grupo de culto alemão construiu na fase inicial da sua carreira algumas das obras mais emblemáticas da denominada era industrial. A série Strategies Against Architecture (Strategein Gegen Architekture) Vols. I, II, III, constitui um dos objectos mais importantes na sua discografia. Inclui os primeiros singles, material não editado, experimentalismos, provocações e todo o tipo de radicalismos próprios da sonoridade a que nos habituaram nos últimos 25 anos. Andam mais sóbrios mas nem por isso menos atentos.

Faze Action - Plans and Designs (Nuphonic) www.fazeaction.com Projecto formado pelos irmãos Simon e Robin Lee. Um projecto essencialmente de música house numa vertente funk, experimental q/b e que nos últimos anos se dedicou a atmosferas mais etéreas. Este foi o 1º disco da dupla e para muitos o melhor. Vale a pena redescobrí-lo.

KLF - The White Room www.klf-communications.net Os KLF foram pioneiros na cena acid-house no final de 80's e inicio de 90's e com resultados surpreendentes nas tabelas de vendas - o que nunca havido sido conseguido por bandas do circuito independente. Este disco é considerado um marco na história - recente - da música de dança. No entanto, está longe de ser uma pérola revelando alguns desequilíbrios e uma produção de gosto duvidoso. Constitui uma curiosidade nesta pesquisa - muito subjectiva - em torno da urbanidade musical recente.

Massive Attack - Mezzanine www.massiveattack.co.uk Os Massive Attack andam a trabalhar num novo álbum para sair em 2006. O sucessor de 100th Window revela, para já, o regresso de Daddy G, Liz Frazer, dos Cocteau Twins e Horace Andy às colaborações com a banda de 3D. Mezzanine de 1998 marcou uma viragem na composição dos Massive e o trilhar de um lado mais denso e complexo da sua música. O que não deixa de ser curioso na medida em que este foi o registo que mais sucesso comercial deu ao grupo - Risingson, Teardrop, Inertia Creep e Angel foram os singles que lhe deram fama.

The Strokes - Room on Fire www.thestrokes.com Cap. 2 para os nova-iorquinos The Strokes. E o eterno dilema de manutenção do status adquirido pelo circo mediático alcançado com o 1º álbum - Is this it?. Fama a quanto obrigas. As opiniões divergem no caminho traçado devido, sobretudo, ao lado mais previsível e cauteloso no som praticado neste Room on Fire. Independentemente disso é uma banda incontornável no novo-som debitado pela cidade que nunca dorme.

Wim Mertens - The Belly Of An Architect www.wimmertens.be A banda sonora do filme de Peter Greenaway lançado em 1987 - The Belly Of An Architect. A composição é do belga Wim Mertens que tem aqui incluídas algumas das suas peças mais notáveis: Close Cover, Struggle For Pleasure e 4 Mains. A subtileza e fragilidade da sua escrita ao piano são fundamentais para a aura perfeccionista do filme. Para ouvir e rever. Edição Les Disques du Crepuscule.

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pesquisa pesquisa ee compilação:Alexandre compilação:Alexandre Pascoal Pascoal http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com http://abarrigadeumarquitecto.blogspot.com AABarriga Barriga De De Um UmArquitecto Arquitecto éé um um blog blog de de Daniel Daniel Carrapa.

Carrapa. Inclui Inclui numerosos numerosos links links ee um um directório directório de de arquitectos arquitectos portugueses portugueses ee estrangeiros estrangeiros na na internet. internet. http://arquitonto.blogspot.com http://arquitonto.blogspot.com arquitectices arquitectices blog blog Episódios Episódios contaminantes contaminantes de de cultura, cultura, partilha partilha não não de de seringas seringas mas mas de de saber. saber. Távora Távora dizia dizia qualquer qualquer coisa coisa como: como: "na "na arquitectura arquitectura fui fui ganhando ganhando fronteiras", fronteiras", nesta nesta belíssima belíssima frase frase queria queria ele ele dizer dizer que que cresceu, cresceu, que que medrou medrou ee expandiu expandiu as as fronteiras fronteiras da da sua sua cultura cultura ee conhecimento. conhecimento.AAminha minha ideia ideia éé pois pois ganhar ganhar fronteiras, fronteiras, umas umas aa seguir seguir às às outras. outras. Colaboradores Colaboradores permanentes: permanentes: Rafael Rafael Vieira Vieira ee Liláz.

Liláz.

Colaboradores Colaboradores intermitentes: intermitentes: Daniel Daniel Guerra, Guerra, Fernando Fernando Mondego Mondego ee Virul Virul Vitruviano.

Vitruviano. http://blog.uncovering.org http://blog.uncovering.org Banalidades, Banalidades, meias-verdades, meias-verdades, evidências evidências ee coisas coisas que que falam falam por por si... si... http://complexidadeecontradicao.blogspot.com http://complexidadeecontradicao.blogspot.com Às Às vezes vezes complexo. complexo. Quase Quase sempre sempre contraditório. contraditório. http://epiderme.blogspot.com http://epiderme.blogspot.com Tentar, Tentar, iludido, iludido, completar completar oo corpo corpo com com palavras. palavras. Ver Ver aa arquitectura arquitectura como como pele, pele, desejar desejar tocar tocar no no que que nela nela nos nos confunde. confunde.Acrescentar-lhe Acrescentar-lhe mais mais algumas algumas cicatrizes. cicatrizes. Reconhecer Reconhecer aa inutilidade inutilidade das das palavras. palavras. Mas Mas insistir...................................................................................Por insistir...................................................................................Por Pedro Pedro Jordão.

Jordão. http://homelessmonalisa.darq.uc.pt http://homelessmonalisa.darq.uc.pt (a (a relação relação indivíduo/espaço indivíduo/espaço na na arte arte ee na na arquitectura arquitectura contemporâneas) contemporâneas) Grupo Grupo de de investigação investigaçãoArte Arte eeArquitectura Arquitectura (Centro (Centro de de Estudos Estudos do do Departamento Departamento de deArquitectura Arquitectura da da Faculdade Faculdade de de Ciências Ciências ee Tecnologia Tecnologia da da Universidade Universidade de de Coimbra) Coimbra) http://odegrau.blogs.sapo.pt http://odegrau.blogs.sapo.pt ÉÉ verdade verdade que que oo degrau degrau éé ee sempre sempre foi foi um um local local de de contemplação, contemplação, meditação meditação ee reunião, reunião, ee está está aqui aqui aa prova prova provada provada desse desse facto. facto. EncontraEncontrase se aberta aberta aa nossa nossa pequena pequena mas mas crescente crescente comunidade comunidade de de degrauístas, degrauístas, junte-se junte-se quem quem quiser, quiser, éé só só sentar-se sentar-se no no degrau degrau que que mais mais lhe lhe convier. convier. http://revistanu.blogs.sapo.pt http://revistanu.blogs.sapo.pt director director Daniel Daniel Beirão Beirão sub-director sub-director Rui RuiAristides Aristides editor editor Daniel Daniel Beirão.

Beirão. http://um-ponto-de-fuga.blogspot.com http://um-ponto-de-fuga.blogspot.com Palato Palato ee razão...aqui razão...aqui errantes...aqui errantes...aqui ofendem-se. ofendem-se. Um Um blogger...de blogger...de insana insana capacidade capacidade verbal, verbal, que que disseca disseca todo todo ee qualquer qualquer assunto assunto merecedor merecedor de de atenção, atenção, àà luz luz da da sua sua opinião...que opinião...que cultiva cultiva oo belo, belo, aa verdade verdade ee aa razão razão para para os os males males deste deste Mundo Mundo ee que que esquece esquece qualquer qualquer espécie espécie de de passado passado tacanho, tacanho, atávico atávico ee menor, menor, de de forma forma aa pertencer pertencer aa uma uma história história superior superior aquela aquela que que foi foi escrita. escrita. agenda:sites:revistas:divulgação agenda:sites:revistas:divulgação:arquitectura :arquitectura www.archinect.com www.archinect.com Mission: Mission: The The goal goal of ofArchinect Archinect is is to to make make architecture architecture more more connected connected and and open-minded, open-minded, and and bring bring together together designers designers from from around around the the world world to to introduce introduce new new ideas ideas from from all all disciplines. disciplines. www.architecture.com www.architecture.com architecture.com architecture.com is is one one of of the the world's world's most most extensive extensive built built environment environment portals, portals, all all courtesy courtesy of of the the Royal Royal Institute Institute of of British BritishArchitects.

Architects. http://architettura.supereva.com http://architettura.supereva.com Revista Revista online online italiana italiana de deArquitectura.

Arquitectura. www.fernandoguerra.com www.fernandoguerra.com Fernando Fernando Guerra.

Guerra. Fotografia Fotografia de deArquitectura.

Arquitectura. Contém Contém oo registo registo de de algumas algumas das das obras obras mais mais significativas significativas em em Portugal Portugal dos dos últimos últimos anos. anos. www.icon-magazine.co.uk www.icon-magazine.co.uk Icon Icon is is aa major major new new international international design design and and architecture architecture magazine. magazine. Every Every month month interview interview the the most most exciting exciting architects architects and and designers designers in in the the world, world, visit visit the the best best new new buildings, buildings, analyse analyse the the most most interesting interesting new new cultural cultural movements movements and and technologies, technologies, and and review review an an eclectic eclectic range range of of exhibitions, exhibitions, books, books, products products and and film. film. www.ordemdosarquitectos.pt www.ordemdosarquitectos.pt Página Página do do Conselho Conselho Directivo Directivo Nacional Nacional da da Ordem Ordem dos dosArquitectos.

Arquitectos. www.iac-azores.org/projectos/patrimonio-imovel.html www.iac-azores.org/projectos/patrimonio-imovel.html Inventário Inventário do do Património Património Imóvel Imóvel dos dosAçores Açores O O Inventário Inventário do do Património Património Imóvel Imóvel dos dosAçores Açores éé um um projecto projecto cultural cultural que que tem tem por por objectivo objectivo seleccionar, seleccionar, identificar identificar ee caracterizar caracterizar determinadas determinadas espécies espécies imóveis imóveis existentes existentes em em cada cada um um dos dos concelhos concelhos do doArquipélago.

Arquipélago.

AGENDA | FILMES | ARQUITECTURA

A arquitectura numa variante cinéfila em torno de alguns filmes da minha colecção privada:Alexandre Pascoal

O DESPREZO

LE MÉPRIS Realização JEAN-LUC GODARD; Argumento JEAN-LUC GODARD baseado no romance "Il Deprezzo" de Alberto Moravia; FRANÇA/ITÁLIA, 1963. Actores Camille Javal BRIGITTE BARDOT; Paul Javal MICHEL PICCOLI; Jeremy Prokosch JACK PALANCE; Fritz Lang FRITZ LANG Sinopse Paul Javal é um escritor que perdeu toda a confiança em si próprio. Aceita rescrever o guião de uma adaptação da Odisseia do realizador Fritz Lang. Sem razão aparente, instala-se um certo mal estar entre Paul e a sua mulher Calille. Pouco a pouco Camille começa a desprezar o marido. Ao princípio, Paul julga que ela tem ciúmes de Francesca, a secretária do produtor Prokosch. Paul tenta perceber o que se passa com ela, mas Camille não consegue explicar a sua atitude. Prokosch convida Camille a acompanhar a rodagem dos exteriores do filme em Capri. Ficção e realidade encontram-se ligadas e impõe-se um paralelo entre Paul, Camille, o produtor e as personagens da Odisseia.

Durante uma cena, Paul surpreende Camille a abraçar Prokosch. Decide abandonar a ilha, mas é Camille quem deixa a ilha na companhia do produtor... Fritz Lang prossegue as filmagens tendo Jean-Luc Godard como assistente. Gravado, em parte, na Villa Malaparte em Capri (projecto do arquitecto Adalberto Libera) com fotografia magnífica e num diálogo constante entre - o edifício e a paisagem.

METRÓPOLIS

METROPOLIS Realização FRITZ LANG; Alemanha, 1927. Actores ALFRED ABEL, BRIGITTE HELM, FRITZ RASP Sinopse Obra-prima de Fritz Lang, onde evidencia que a moderna vida urbana pode ser assustadoramente opressiva, ao aniquilar os seres humanos sob as altas edificações que os reduzem a proporções insignificantes. Uma crítica subliminar à modernidade, desta Metropolis, transmitida, sobretudo, pela figura do seu habitante estereotipado - o andróide. Filme de Culto. Cópia (DVD) muito difícil de conseguir no mercado português a não ser, é claro, a preços exorbitantes.

NOVA IORQUE FORA DE HORAS

AFTER HOURS Realização MARTIN SCORSESE; EUA, 1985. Actores GRIFFIN DUNNE; ROSANNA ARQUETTE; LINDA FIORENTINO; WILL PATTON Sinopse A (a)típica história do tipo no sítio errado à hora hora errada. Uma cidade - New York - infestada de criaturas bizarras, numa comédia negra e surrealista que joga com as paranóias do quotidiano na Big Apple. Scorsese regista aquilo que se pode designar como a pior noite na vida de um indivíduo. Tudo começa com um encontro casual para depois descarrilar numa sucessão de estranhos acontecimentos. Uma história de incredulidades e de neuroses da vida na grande cidade. Altamente desconcertante mas sobretudo hilariante.

O ÓDIO

LA HAINE www.mathieukassovitz.com Realização Argumento e Diálogos MATHIEU KASSOVITZ; FRANÇA, 1995. Actores Vinz VINCENT CASSEL; Hubert HUBERT KOUNDE; Said SAID TAGHMAOUI Sinopse Uma cidade normal, sem problemas específicos, acorda numa manhã em estado de sítio. Os jovens do bairro dos Muguets passaram a noite em guerra com a polícia. O motivo? Abel Ichac, 16 anos, está entre a vida e a morte, por ter sido maltratado por um inspector de polícia durante um interrogatório... Mais um caso de brutalidade policial, mais um motim. Um retrato da tensão racial vivida nos bairros da periferia da capital francesa. A vida urbana revista através de um olhar crítico e acutilante. Banda sonora irrepreensível.

PLAYTIME - VIDA MODERNA

PLAYTIME Realização JACQUES TATI; Argumento JACQUES TATI e JACQUES LAGRANGE; França, 1967. Actores Sr. Hulot JACQUES TATI; Turista BARBARA DENNECK; Sr. Schultz BILLY KEARNS Sinopse Na era das 'Economic Air Lines', turistas americanas efectuam uma viagem organizada. O programa é composto pela visita de uma capital por dia. Quando chegam a Paris, apercebem-se que o aeroporto é exactamente igual àquele de onde partiram de Roma, que as ruas são como as de Hamburgo e que os candeeiros de rua se parecem estranhamente aos de Nova Iorque. Apesar de o cenário ser sempre igual, elas evoluem num cenário internacional - que existe realmente. Pouco a pouco encontram franceses. Cria-se um pequeno calor humano, que lhes permite estar 24 horas com parisienses, entre os quais, o Sr. Hulot. A mestria de Tati na abordagem crítica e actual ao caos aparente do espaço contemporâneo.

THE BELLY OF AN ARCHITECT

Realização e Argumento PETER GREENAWAY. Reino Unido/ Itália, 1987. Actores BRIAN DENNEHY, CHLOE WEBB, LAMBERT WILSON, SERGIO FANTONI Sinopse Stourley Kracklite (Brian Dennehy), um arquitecto norte-americano de meia-idade, chega a Roma com a mulher Louisa (Chloe Webb) para organizar uma grande exposição sobre um visionário arquitecto francês - Etienne-Louis Boullée (1728-1799). Obcecado pelo trabalho dedica pouco tempo à sua esposa - grávida, que, desta forma, encontra motivos de interesse no italiano Caspasian Speckler (Lambert Wilson). O filme deriva a sua acção em torno de um objecto peculiar - a barriga; 1º a do arquitecto Kracklite, que começa a sentir fortes dores de estômago e que acredita estar a ser envenenado pela mulher; depois a da gravidez da mulher. Todo este imaginário reporta-nos para as construções esféricas desenhadas por Boullée. Peter Greenaway filma de forma sublime a grandeza visual de Roma, num meticuloso exercício de pormenor. Uma fábula irónica que aborda as questões inerentes à criação artística. A rever.

Fontes www.7arte.net www.atalantafilmes.pt www.imdb.com

RESTAURANTES Paulo Pacheco

www.lapas.blogspot.com

E quando pensamos em restauração, em que é que pensamos?

Diversas ideias sobressaem mas penso poder avançar com uma resposta satisfatória á questão. Ou seja, o que realmente queremos relativamente á restauração?

Esperamos que o restaurante por nós escolhido nos satisfaça. Acima de tudo satisfação é o que almejamos. É no imediatamente a seguir a tomarmos a decisão - o jantar vai ser no restaurante tal - que nos vem um sorriso aos lábios. É a satisfação que nos move. É a satisfação o que, afinal de contas, a restauração nos vende.

Todos nós gostamos de ir a um restaurante. E pelas mais diversas razões.

Espero aqui e agora, tentar ajudar a escolher um restaurante, quando a duvida assolar a mente do caro leitor.

Aconselharei de acordo com o objectivo principal da ida a um restaurante, já que muitas vezes onde se come um maravilhoso peixe grelhado, pode acontecer que o bife não passe de sofrível. É que apesar da perspectiva de irmos a um restaurante ser sempre óptima, muitas vezes temos surpresas desagradáveis.

Esta não é uma questão que torne um restaurante menos bom. Pelo contrário. Um restaurante deve antes de mais ser muito bom, em, pelo menos, um prato.

Um prato.

Esse prato muitas vezes serve para definir a própria casa, assim como ajuda o cliente a escolher o restaurante. É do senso comum que numa marisqueira (de verdade) o bife não será (por vezes) nada de especial. Do mesmo modo se ao abrirmos uma ementa e nos depararmos com dez pratos de peixe e dois de carne, não me parece que a carne será a melhor aposta neste caso, e vice versa obviamente.

Para comermos um bom bife á regional, em S. Miguel devemos ir ao Hidroavião situado no aeroporto de Ponta Delgada, onde se come um bife muito bom, ao contrário do rodízio que por lá, é apenas sofrível. Um bife honesto também se come no Fairplay com a vantagem de podermos acompanhar o dito com uma Chimay, que é uma das melhores cervejas belgas existentes. Outro bife muito saboroso, serve-se no restaurante Brilhante junto ao novo hospital, com um atendimento sempre impecável. Outro tipo de bife, agora grelhado, serve-se no Forno na Lagoa que o faz de forma impecável. A novidade nesta matéria é o Mandarina no Pico da Pedra, com um belo bife, e uma espetada melhor ainda. O Mandarina é o exemplo clássico do que atrás expliquei, o restaurante abriu com quase dez pratos diferentes, mas o que sai são os bifes e as espetadas, e assim rapidamente definiu a casa como um local onde se pode comer um bom bife - já agora é um local muito bom para irmos em grupos bem dispostos.

Quando o objectivo é uma noite romântica em ambiente diferente, a opção óbvia passa pelo PAVILLON, gerido com uma filosofia completamente diferente. Neste caso é a filosofia do restaurante que o caracteriza. A namorada ficará deveras impressionada. Mas se a oportunidade surgir ao almoço, o caro leitor deverá levar a sua cara-metade ao Hotel da Caloura onde se usufrui da melhor paisagem que um restaurante poderá oferecer.

Ainda no registo das carnes e dentro da qualidade óptima, recomendo o Hotel S. Pedro pelo seu magnífico pato. Infelizmente cozinha-se muito pouco, o pato, nos Açores mas, o que lá é servido, é deveras bom. O Hotel S. Pedro é uma unidade hoteleira única no país, já que além de ser perfeitamente funcional é além do mais uma escola profissional dirigida ás várias profissões ligadas á hotelaria e restauração.

E que falta fazem os bons profissionais nesta área na nossa região. No Hotel S. Pedro o restaurante tem uma cozinha capaz, e os empregados sempre prontos a receber uma critica … construtiva, se faz favor. Uma última nota para a esplanada que abre durante o verão que coloca ao nosso dispor uma vista magnífica.

Para uma refeição leve, ao almoço, deverá o leitor experimentar o novíssimo buffet de saladas (entretanto extinto) no Colégio 27. Este restaurante tem um ambiente deveras cosmopolita principalmente á noite.

Por cá não temos infelizmente uma marisqueira como deve ser, onde pontuassem o marisco fresco e as variadíssimas cervejas e vinhos brancos. Neste aspecto só posso aconselhar a Carolina do Aires em Angra do Heroísmo, principalmente para aquele petisco tão saboroso depois de sairmos do emprego ou para o jantar comemorativo. O marisco é deveras bom, incluindo algumas preciosidades locais. A provar a açorda e o arroz de marisco. Uma referência também a uma extraordinária cerveja que é a McChoufe.

Que eu tenha conhecimento é o único restaurante dos Açores que a serve de pressão e só por aí já valia a pena.

Em S. Miguel, marisco, só no Cais 20, já que sei que será sempre do melhor. Recomendado para petiscos e de preferência com grupo de amigos bem dispostos.

Para ser surpreendido com o desprendimento do local e dos empregados sugiro o maravilhoso O Gato Mia na Ribeirinha da Ribeira Grande, surge-nos com uma lufada de ar fresco. As pequenas entradas neste caso couverts são verdadeiras pérolas, como por exemplo os pequenos chicharros fritos com molho vinagrete, ou a salada de búzios. Aqui come-se uma óptima açorda de camarão, e saborosa telha mista. Parece que a alcatra também começa a ganhar fama. Necessito verificar (ganhei imediatamente um sorriso nos lábios antevendo a … satisfação).

Já que entramos nos peixes, o melhor dos locais será sem dúvida o Garajau na Ribeira Quente - Povoação. O peixe sempre fresco, grelhado no ponto certo, algo muito difícil de conseguir, complementado por uma decoração com motivos regionais e da arte da faina. Existe uma mesa de saladas á descrição, com preciosidades como a cebola de curtume com um pequeno travo a … licor de amora? Aconselha-se antes da praia, ou depois da praia, a aproveitar a sala maravilhosamente arejada. A curtíssima lista de vinhos deixa poucas alternativas da altura da escolha do branco.

Mas ali, com aquele peixe com aroma a salsa, e a brisa a correr, quase tudo se desculpa.

Existe uma altura onde normalmente se recorre a um restaurante, e de preferência ao melhor que houver. Durante vários anos o meu aniversário enquanto criança era desculpa ideal para a família se juntar, num maravilhoso repasto no já ido restaurante Fanny & Melanie, em Santana. Não sei se teve alguma coisa a ver com o meu imenso gosto pela restauração, mas lembro-me claramente da felicidade estampada em todos os nossos olhos durante a refeição, que chegava a durar cinco horas. Memorável portanto.

Para um jantar memorável onde se quer comemorar algo.

Nem que seja a nossa vontade de comprovar o enorme prazer que é, degustar uma refeição maravilhosa, devemos rumar ao excelente Colmeia, no Hotel do Colégio, em Ponta Delgada. Com serviço impecável, e cozinha muito cuidada, sobre orientação do grande chefe português Miguel Castro e Silva.

Para quem não o conhece é um dos melhores chefes portugueses, e muito famoso pelos seus risotos.

No Colmeia aconselho todos os pratos, todas as entradas e todas a sobremesas, serão sempre excelentes e mais importante ainda, diferentes, até mesmo surpreendentes. E que maravilha é quando um prato nos surpreende. Aconselho vivamente a usarem o, cada vez mais na moda, serviço de vinho a copo, podendo assim adequar cada prato a cada vinho. Sendo que normalmente a sequencia será: branco seco ou tinto novo para a entrada, seguido de tinto encorpado ou branco com madeira ou batonage no caso de peixe e na sobremesa, um bom porto 10 anos ou um moscatel fresco. Se necessário peça para o por a refrescar no inicio da refeição. É obvio que nos diversos restaurantes que falei, algumas preciosidades ainda ficaram por revelar, mas quem sou eu para estragar um dos grandes prazeres da restauração. Exactamente o de descobrirmos nós mesmos, e por nossa iniciativa, que naquele restaurante se serve aquele prato, ou aquele vinho que é uma maravilha!

Bom apetite!

AGENDA CULTURAL

Academia das Artes dos Açores (Ponta Delgada) 2ª a 6ª das 09h30 às 12h30 e das 14h às 19h Jorge Vieira - Exposição de desenhos, de 24/11 até 15/12 Atelier EA+ (Travessa do Colégio/Ponta Delgada) 3ª a domingo, das 18h00 às 23h00 Inez Wijnhorst - Real Estate Robbery, de 09/12 a 15./01 de 2006 Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada www.bparpd.pt 2ª a 6ª das 14h00h às 17h00 Centro Municipal de Cultura (Ponta Delgada) Ludmila Esteves - Exposição de pintura, inaugura a 07/12 Carmina - Galeria de Arte Contemporânea (Angra do Heroísmo) www.carminagaleria.com 4ª a domingo, 6ª das 16h00 às 22h00 Estelle Cermelli - Exposição, de 10/12 até 04/02 de 2006 Galeria Fonseca Macedo (Ponta Delgada) www.fonsecamacedo.com 2ª a sábado das 14h às 19h Paula Mota - Adivinha Quem Sou Eu?, de 10/11 até 23/12 Ao observarmos as pinturas de Paula Mota poderemos chamá-las de arte feminina?

Ou poderíamos comentar como sendo “eternamente pop”......? Joana Pimentel Palácio dos Capitães Generais Jorge Vieira - Exposição de desenhos, de 13/01 até 03/02 de 2006 Teatro Micaelense (Ponta Delgada) www.teatromicaelense.pt 2ª a sábado das 14h00 às 20h00 telf. 296308350 Mário Laginha - Canções e Fugas, 08/12 Camané - Concertos Intimos, 20/01 Romeu e Julieta de William Shakespeare - encenação de John Retallack com Marco de Almeida, Carla Chambel, Diogo Infante, 17 e 18/02 de 2006 O envio de informação cultural para a agenda:cultura deve ser efectuado para o seguinte email. revista.ilhas@muu.pt

Q&A

Nome: Pedro Garcez Cabral Local e data de nascimento: Ponta Delgada, Açores,15 de Abril de 1973 Licenciado em Arquitectura pela Universidade Lusíada de Lisboa.

Em Novembro de 1999 terminou a Licenciatura em Arquitectura.

Em Dezembro de 1999 integra a equipa do Arquitecto Oscar Niemeyer, na cidade do Rio de Janeiro, onde trabalhou até Março de 2000.

De Abril de 2000 a Junho de 2001 trabalhou no Gabinete Técnico da Câmara Municipal da Lagoa.

Actualmente ocupa o cargo de Assessor da Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, e exerce a actividade de Arquitecto em atelier próprio.

1.O que é a arquitectura? É a arte de projectar o ambiente a ser habitado pelo ser humano.

2.Uma definição de Belo?

Belo é aquilo que faz sorrir a alma.

3.Estética ou funcionalidade?

Estética, mas sempre que possível aliada à funcionalidade.

4.5 problemas que identifica em Ponta Delgada. 5 soluções!?

Problemas: -Ausência de Polícias nas ruas.

-Desprezo ou falta de brio das pessoas em conservar os seus imóveis e, quando os conservam, não têm o cuidado em ter em conta as suas características originais.

Exemplo: Portas de Alumínio.

-Alguns imóveis degradados.

-Construções no saco da doca.

Soluções: -Aumentar, em muito o número de Polícias nas ruas.

-Sensibilização da população por parte das Entidades Culturais, promoção de uma ou várias acções de aconselhamento. Note-se que não é só em Ponta Delgada, nos Açores existe património degradado e abandonado.

Uma vez demolido perde-se para sempre.

A RTP/Açores poderia ajudar.

-A nossa baía da doca é bonita demais para não ser cuidada, o que ali se constrói só a descaracteriza. Uma solução já vem tarde.

5.Uma obra que gostaria de ter construído?

Uma Ermida ou uma Igreja.

6.Scuts, sim ou não?

Não 7.Moderno ou Clássico?

Criar o Moderno e preservar o Clássico, porque já estamos no séc. XXI. 8.Como equilibrar o rural com o urbano?

Com disciplina e respeito por ambos.

9.A cidade perfeita.

Acredito que exista, mas ainda não a conheço.

Ouvi falar em Curitiba…

10.A viagem.

Foi ao Japão, pela civilização perfeita e equilibrada e Polinésia pela beleza que existe neste planeta.

11.Arquitecto a conhecer.

Tadao Ando 12.Cais de cruzeiros, sim ou não?

Sim, sem edifícios de grandes volumetrias, pois temos a mais bonita frente marítima e não a podemos descaracterizar.

Ficha Técnica a :ILHAS está disponível | ADA - Academia das Artes, Academia dos Livros, Alabote (R. Grande), ARCO 8/Cancelas da Doca, Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada, Biblioteca de Vila do Porto (Stª. Maria), Boink/Anfíbios, Café Internacional (Horta), Casa da Cultura da Ribeira Grande, Centro Médico do Aljube, Centro Municipal de Cultura, Delegação de Turismo (PD), Foxy's (São Mateus/Terceira), Galeria Fonseca Macedo, Hotel do Colégio, IAC - Instituto Açoriano de Cultura, Livraria Bertrand, Livraria Gil, Livraria Solmar, Loja d' Eles, MUU - Produções, Museu de Angra, Museu dos Baleeiros (Lajes do Pico), Museu Carlos Machado, Museu das Flores, Museu da Graciosa, Museu de S. Jorge, Oficina Têxtil - Sandra Botelho (R.Grande), Pavillon, Posto de Informação Juvenil (Ponta Delgada), Rotas da Ilha Verde, Sociedade Amor da Pátria (Horta), Teatro Faialense, Teatro Micaelense, Teatro Ribeiragrandense

colaboram neste número | Pedro Machado Costa, António Borges, Bernardo Rodrigues, Victoria Acebo e Angel Alonso, Carlos Pedro Sant`Ana, Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos, EmitFlesti, Marcos Cruz e Marjan Colleti, Ana Vaz Milheiro, Inês Vieira da Silva e Miguel Vieira, Amanda Schacther, Ezequiel Moreira da Silva, Luís Rodrigues, Isabel Albergaria, Carlos Guilherme Riley e Pedro Maurício Borges, Mário Cabral, João Pacheco de Melo, Jorge A. Paulus Bruno, João Luís Albergaria, António Jorge Tavares, Francisco José Sousa e João Monjardino, José Manuel Fernandes, José Albergaria, Sílvia Santos, Alexandre Borges, Luís Roque, Judite Fernandes, Paulo Pacheco :ILHAS | Alexandre Pascoal, João Pedro Vaz de Medeiros, Pedro Arruda, Vítor Marques

email | revista.ilhas@muu.pt web | www.muu.pt blog | http://ilhas.blogspot.com A :ILHAS conta com o apoio da DRC - Direcção Regional da Cultura :ILHAS | publicação do ano (2000) | Livraria Solmar agradecimentos | Academia das Artes, Pedro Machado Costa/a.s* atelier de santos, arquitectura, António Borges, Pedro Garcez, Maria João Cavaco e a todos os que colaboram/apoiam a :ILHAS. No ar apenas a promessa de que o próximo nº : não sofra do mesmo atraso...

design | João Pedro Vaz de Medeiros revisão de texto | Maria João Cavaco

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depósito legal | 169 217/01 impressão | Nova Gráfica tiragem | 2000

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Rua Dr. Caetano Andrade, 30 9500-037 Ponta Delgada T-296284364 F-296285794 tactil@mail.telepac.pt

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