A linguagem das emoções - Paul Ekman (completo)

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Q U A N D O NOS EMOCIONAMOS?

nos ajudar a compreender nossos gatilhos e os das pessoas ao redor. Se os compreendermos, poderemos nos esforçar para não permitir que eles condicionem nossa interpretação do que está transpirando. Suponha que o gatilho da sua reação de tristeza/angústia seja a sutil indicação de que uma mulher vai abandoná-lo pois ela descobriu seu segredo mais profundo: seus sentimentos (aprendidos) de baixa autoestima. Se houvesse tempo, você poderia usar a avaliação reflexiva para se prevenir contra o julgamento de que está sendo abandonado. Não seria fácil, mas, com a prática, seria possível reduzir a chance de você cair na tristeza/angústia quando não estiver sendo realmente abandonado. A avaliação reflexiva dá mais de uma função a seu consciente. Você pode aprender como se prevenir contra a probabilidade de interpretar mal o que está acontecendo. Também podemos nos emocionar quando lembramos uma cena emocional do passado. Podemos escolher lembrar a cena reformulando-a em nossa mente, revisando para entendermos o que ou por que aconteceu, ou como podíamos ter agido de modo diferente. Talvez a memória possa não ser uma alternativa; ela pode ser espontânea e vir de repente a nossa mente. Independentemente de como a memória é ativada, quer por escolha ou não, ela pode incluir não apenas a cena e o roteiro do que transpirou emocionalmente como também uma reação emocional. Podemos repetir as emoções que sentimos na cena original ou sentir uma emoção diferente. Por exemplo, uma pessoa pode estar desgostosa consigo mesma por ter sentido medo na cena original, mas agora sentir somente aversão, e não o medo original. Também pode acontecer, inicialmente, de nos lembrarmos dos eventos emocionais, mas não sentirmos novamente aquelas ou outras emoções. As emoções também podem ser despertadas conforme a cena se desenvolve em nossa mente. Robert Levenson e eu temos usado uma tarefa de memória para produzir emoções no laboratório, a fim de estudar expressões e reações fisiológicas que marcam cada uma. Achávamos que seria difícil para as pessoas vivenciar novamente cenas emocionais do passado, sabendo que estavam sendo filmadas e tinham fios ligados a diversas partes de seus corpos para medir o batimento cardíaco, a respiração, a pressão arterial, a transpiração e a temperatura da pele. Aconteceu exatamente o contrário. A maioria das pessoas pareceu ávida por uma oportunidade de repetir e vivenciar novamente uma cena do passado. Oferecida essa chance a elas, isso aconteceu quase imediatamente, em relação a algumas, senão todas, emoções.


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