Jornal da Alerj 280

Page 9

9

Rio de Janeiro, 1° a 15 de fevereiro de 2014

Rafael Wallace

descaso

? s Fot o :Raf ae l Wa l l ac e

Leonardo Marques esperou a casa ficar pronta por três anos, e se mudou quatro vezes por conta do atraso da obra

CPI das Construtoras recebe queixas de moradores de condomínio no Recreio, que receberam casas sem acesso a água e esgoto

A

Camilla Pontes

casa parece pronta para morar, só falta um item: a água. Os moradores do condomínio Quintas do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, zona Oeste, estão sofrendo por conta desse e outros problemas que a Construtora Gafisa, responsável pelo empreendimento, promete solucionar. As casas foram entregues em junho de 2013, três anos após o prazo prometido, sem o abastecimento de água, obtida desde então através de caminhões-pipa. “A Gafisa explicou que a tubulação da Cedae não chegava até o condomínio, e, depois de muitas negociações, iniciou a obra para fazer essa tubulação. Mas ainda estamos sem água”, explicou a síndica do condomínio, Laura Rodrigues. Segundo ela, o fornecimento por caminhões-pipa é inconstante e, quando a água chega às residências, os moradores

ainda enfrentam vazamentos causados por problemas nas tubulações. Inclusive de esgoto. E acrescenta: “Recentemente ocorreu um incêndio em uma área comum do condomínio e não tínhamos água para apagá-lo”, relatou. De tão graves, as denúncias serão incluída no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura as causas do atraso na entrega de imóveis. Foi o que anunciou seu presidente, deputado Gilberto Palmares (PT), em visita ao local na última sextafeira (14/02). “Conseguimos constatar a incompetência, a irresponsabilidade e a falta de compromisso da Gafisa. Qualquer projeto, para ser aprovado, precisa

Palmares constatou os problemas

ter a certeza da chegada de serviços básicos como água, gás e luz junto às concessionárias”, destacou.

Sonho que virou pesadelo O administrador Leonardo Marques cansou de esperar que providências fossem tomadas para consertar sua casa e contratou uma empresa terceirizada para realizar a obra. “A construtora me entregou um carro sem motor”, desabafa o proprietário, que comprou a casa “praticamente pronta”, com prazo de entrega de três meses, e esperou três anos pelas chaves. “Ao longo desse tempo eu me mudei quatro vezes e quase me separei por causa disso”, conta. Para Palmares, a realização da visita foi essencial para observar as condições do empreendimento. “A taxa do condomínio custa mil reais mensais, é um absurdo você pagar para morar numa casa que não tenha o mínimo de requisitos para se habitar”, salientou. De acordo com um relatório feito pelos proprietários, a Gafisa já readquiriu mais de vinte casas devido às desistências, e prevê o fim das obras para os próximos meses.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.