XI Congresso ALAIC - GT5 - Parte 1/2

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Charles Pierce, enquanto a européia por Ferdinand Saussure. Segundo Santaella (1986, p.74), “A Semiótica peirceana, concebida como Lógica, não se confunde com uma ciência aplicada. O esforço de Peirce era o de configurar conceitos sígnicos tão gerais que pudessem servir de alicerce a qualquer ciência aplicada”. Já a Semiologia européia concorda também com a existência de uma ciência dos signos, cujos conceitos principais viriam da Lingüística; segundo Barthes (2003, p.8), é “a linguagem que questiona continuamente a linguagem”. Roland Barthes (2003) considera que em nosso mundo de hoje talvez não exista um outro sistema de signos de tão ampla dimensão quanto a linguagem humana. Por isso, ao examinar o cinema, a publicidade, a arte em geral, os objetos, enfim, tudo o que produza sentido, o semiólogo irá deparar-se, antes de tudo, com a verdadeira linguagem, que não é a dos lingüistas, mas sim uma segunda linguagem, cujos fragmentos nos remetem a fatos ou episódios que, no entanto, só ganham significado “sob a linguagem, mas nunca sem ela”. Desta forma procuraremos detectar no artigo científico e jornalístico que a seguir estaremos analisando, esta segunda linguagem em seus interstícios. Pela suposição de Barthes, a Semiologia é que seria uma parte da Lingüística, ao contrário do que propunha Saussure. Sendo assim, Barthes traz da Lingüística os conceitos básicos, que permitirão o desenvolvimento da pesquisa semiológica. Destes conceitos iremos reter para uso em nossa análise “Denotação e Conotação”. Ao constatar que a grande maioria da população mundial só tem acesso aos acontecimentos científicos através da mídia, Sanches (2001) verificou como se dá a transformação da linguagem utilizada na comunidade científica para a linguagem midiática. Afirma ser esta “tradução” competência do jornalista de divulgação científica, que deverá simplificar a linguagem da ciência para que o público leigo possa compreendê-la.

Para que os meios de comunicação de massa possam veicular as informações do mundo da ciência é necessário que se proceda a uma tradução, já que a linguagem da ciência é caracterizada por termos, expressões e conceitos que intentam precisão, mas que são, freqüentemente, inacessíveis para o cidadão comum (SANCHES, 2001, p.373).

Com esta afirmação concorda Epstein (2002 a, p. 82), ao considerar que

Para a maior parte da população, a realidade da ciência é aquela apresentada pelos meios de comunicação de massa. O público, em geral, conhece a ciência menos por


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