Akadémicos 9

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Miguel

Jerónimo

Sentado no Mocho

«SAS vão ter serviço de procuradoria»

ESEL 2006 03 03

Ficha Técnica

Director

Francisco Rebelo dos Santos

Director Executivo

Pedro Costa

Presidente do Conselho

Editorial

Graça Fonseca (presidente do conselho directivo da ESEL)

Coordenador Técnico

António José Laranjeira

Redacção e colaboradores:

Ana Rosa; Ângela Duarte, Cátia Campos; Cláudia Moiteiro, Cristina Parente; Daniel Borges; Diana Combo; Edite Felgueiras; Fátima Cordeiro; Fatu Buaró; Fernanda Branco; Filipa Gonçalves; Filipe Guerra; Liliana Martins; Mário Ventura; Marta Costa; Miguel Oliveira; Mónica Oliveira; Rui Formiga; Sónia Olaio, Susana

Raposo; Susana Machado; Tatiana

Silva; Telma Freire; Vânia Santos

Paginação:

Paulo Marques

Departamento Comercial

Alda Moreira (Directora);

Propriedade

Empresa Jornalística

Região de Leiria, Lda.

Contribuinte N.º 500 096 805

Redacção

Escola Superior de Educação de Leiria

Rua Dr. João Soares, Leiria akademicos@esel.ipleiria.pt

Parceria

Escola Superior de Educação de Leiria

Impressão

Mirandela, SA - Lisboa

Distribuição

Vasp

Nota da redacção

akademicos@esel.ipleiria.pt

No Inkérito da última edição do Akadémicos, cujo tema era o processo de Bolonha, por lapso da redacção, a opinião da Fátima Fernandes foi erradamente publicada. Passamos a citar a verdadeira opinião da Fátima, com as nossas desculpas: “Independentemente do processo de Bolonha, sei que o curso de Serviço Social tem os estágios garantidos”.

Vai lá, vai...

Vai lá, vai... uma agenda do

CONCERTOS

4 de Março

mês

Pedro Abrunhosa no Cine-Teatro de Alcobaça às 22h00. Bilhetes: 18 euros (plateia e 1.º e 2.º camarotes) e 13 euros (balcão e restantes camarotes)

11 de Março

Jim Dungo, no Teatro CIne de Pombal, pelas 23h00.

18 de Março

Quinta do Bill, noTeatro Cine de Pombal às 23h00

25 de Março

Tributo a U2, no Teatro Cine de Pombal, pelas 23h00

CINEMA

Ciclo de Cinema Crazy World

De 5 a 26 de Março, Casa da Vila (Benedita), Alcobaça às 16.30.

Dia 5: Delicatessen, de Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro

Dia 12: A Casa Assombrada, de Rob Minkoff

Dia 19: Casa de Doidos, de Charles Riesner

Dia 26: Terra de Ninguém, de Danis Tanovic

DANÇA

11 de Março

“O desejo veste um corpo” , Cine-Teatro de Alcobaça, Alcobaça, no Grande Auditório, às 21h30. Preço do bilhete: 4 euros.

TEATRO

17 de Março

“Socorro estou grávida” , no Cine-Teatro de Alcobaça, Alcobaça, pelas 22h00. Monólogo de uma mulher que ao saber que está grávida se interroga sobre quais serão as reacções da família. Com Sofia Alves.

inKérito | Concordas com um centro comercial na zona do estádio? Porquê?

17 a 19 de Março

IX Jornadas de Universitários Católicos, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Leiria. Redescobrir a cidadania – contributos para a mudança é o tema para este seminário.

Sim, porque traz mais diversidade de oportunidades de emprego, os preços costumam baixar, existe maior variedade de produtos e é um espaço de encontro.

02 Tânia Paredes, ESEL

Concordo, porque junto ao estádio há muito estacionamento e é um bom sítio para se construir um centro comercial já que de grosso modo está junto ao centro da cidade.

03 Tiago Cardeiro, ESTG

Seria bom um novo centro comercial pois contribui para o desenvolvimento da região e atrai mais lojas e pessoas de fora.

04 Alda Garcia, ESTG

Um centro comercial dá sempre jeito. Desde que seja um bom centro comercial e não uma amostra.

FORMAÇÃO

23 e 24 de Março

3.º Fórum Estudante do Centro, no Centro de Negócios de Ourém, em Ourém. Informações sobre cursos, workshops e saídas profissionais. Entrada gratuita.

TUNAS

Tum’Acanénica

5 de Março na Exposalão - Batalha, 9 de Março no Terreiro, Leiria, e de 17 a 19 de Março em Braga no I Magna Augusta.

Noctuna

3 de Março – I Olimpo, Festival das Musas D’Castell, organizado pela Tuna Académica Feminina da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Castelo Branco.

Abertura

Mais e melhor participação

Só podemos ser donos do nosso destino se nos envolvermos nele. Isto é, apenas poderemos ser aquilo que quisermos ser se trabalharmos para isso, dia-a-dia. Vem isto a propósito do Akadémicos e da forma como a comunidade estudantil se tem envolvido no projecto. Não obstante contarmos já com uma redacção muito empenhada, com um núcleo duro activo e muito participativo, a verdade é que uma parte significativa da comunidade escolar do distrito ainda «passa ao lado» do Akadémicos. E não nos digam que é por falta de capacidade mobilizadora do projecto. Naturalmente os seus mentores têm alguma responsabilidade − e daí, também, este apelo − mas, como os ecos que nos chegam do trabalho que vamos fazendo são generalizadamente positivos, pensamos que ainda está muita gente por acordar para as virtudes e a utilidade deste jornal.

Um projecto com estas características, resultado de uma parceria entre uma Escola Superior de Educação e o mais prestigiado jornal do distrito em que se insere, é absolutamente inédito. E possui contornos de pioneirismo, que possivelmente farão escola, como, aliás, se deseja. Por isso, deve ser um projecto que mereça o crédito e, mais do que isso, o envolvimento da comunidade académica, particularmente dos alunos.

Sendo certo que o curso de Comunicação Social e Educação Multimédia da ESEL constitui o núcleo duro da redacção do Akadémicos, naturalmente por estar tecnicamente mais próximo e por constituir uma actividade académica extra-curricular muito importante para esses alunos, o projecto não se esgota, longe disso, neste curso. O Akadémicos é o jornal da comunidade académica do distrito de Leiria e por isso suporta e deseja as colaborações de todos os alunos e de todos os professores de todos os estabelecimentos do ensino superior do distrito. Esse envolvimento é fundamental para aumentar a qualidade, a abrangência e, consequentemente, a utilidade deste jornal.

É esse apelo à colaboração de todos que aqui deixamos. Todas as colaborações são bem-vindas, todos os contributos são necessários.

Um abraço e até para o mês que vem!

01 Élia Garcia, ESEL
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2006 03 03
Cristina Parente

Canal UP ainda não chegou a Leiria

O Canal UP – Universidades e Politécnicos, é um novo e inovador canal de televisão do Ensino Superior. Enquanto meio de comunicação único, o UP procura interligar todas as Universidades e Politécnicos nacionais, através de um circuito interno de TV, gerando assim uma identidade académica portuguesa através da partilha de projectos, ideias e experiências entre todos os estudantes. Numa perspectiva bastante eficiente, o UP concilia diferentes tipos de funções e conteúdos. A emissão do canal apresenta diferentes programas que vão desde a prestação de formação e informação, passando pelos conteúdos de entretenimento. Wanted, Muito à Frente, Show Up, Vox Académicus e Show de Bola, são alguns dos programas frequentes do canal. O canal UP é exibido sem som, em grandes plasmas, e pode ser visto em locais de convívio (bares, reprogra-

Curso a Curso

Educação Social e Desenvolvimento Comunitário

Consolidando a sua política de alargamento das áreas de formação, a ESEL deu início, no ano lectivo de 2004-05, ao curso de Educação Social e Desenvolvimento Comunitário, pretendendo formar profissionais numa área, a Educação Social, que surge na intersecção de diversas práticas e identidades profissionais que têm em comum a sua intenção educativa e a intervenção em diferentes contextos.

De facto, o aumento do tempo de lazer, a necessidade de favorecer a participação social e política dos cidadãos, os novos desafios educacionais, a atenção e o apoio a pessoas com poucos recursos, com dificuldades de integração ou em situação de exclusão social, têm vindo a reclamar intervenções profissionalizadas. A formação de Educadores Sociais habilita para essas intervenções. O perfil profissional do diplomado em Educação Social e Desenvolvimento Comunitário é o do técnico superior com as competências e capacidades para mobilizar os meios humanos e materiais necessários a todo um conjunto de actividades de cariz social / cultural / educativo / formativo, que não só preencham os tempos de lazer e os espaços de fruição das pessoas (das crianças aos idosos, sãos ou portadores de deficiências), como, também, correspondam às suas carências de formação.

Algumas das principais vertentes de intervenção destes profissionais serão: a organização e dinamização de serviços educativos; a dinamização de actividades no âmbito da ocupação de tempos livres e animação infantil, juvenil, sénior e de grupos sociais marginalizados ou excluídos; a concepção e execução de programas e projectos de intervenção social e outras acções desenvolvidas a nível comunitário com vista à melhoria das condições de vida das pessoas, grupos e comunidades.

fias, átrios…) dentro dos estabelecimentos de ensino. A particularidade de se apresentar sem som e também pela curta duração de cada programa (escassos minutos), permite que todos possam ver um pouco que se passa no mundo universitário, mesmo naquele pequeno intervalo em que vão ao bar.

O projecto arrancou com as suas emissões regulares no início deste ano lectivo em estabelecimentos de ensino e em colaboração com as respectivas Associações de Estudantes, e apesar de Leiria não contar ainda com este projecto, a sua chegada parece estar para breve. Para além do canal UP, também já outras propostas surgiram para a prestação deste serviço, ficando assim tudo em

aberto. Os programas do UP são preenchidos por peças realizadas por alunos, e no rodapé do canal aparecem constantemente informações sobre as associações de estudantes das respectivas instituições superiores. Desta forma, também os alunos do IPL poderiam ter acesso aos vários eventos e actividades relacionados com a sua instituição e Associação de Estudantes, através de mais um serviço que se tem revelado muito eficiente nutros pontos do País.

Se quiserem saber mais sobre o canal UP consultem a página http://canalup.dev. aeiou.pt. E agora… é só aguardar pela chegada deste serviço ao IPL.

Leiria Acolhe Jornadas de Universitários Católicos

A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria foi a instituição escolhida para a realização das IX Jornadas de Universitários Católicos (JUC).

O evento decorre nos dias 17 a 19 de Março, sob o lema “Redescobrir a Cidadania, Contributos para a Mudança”. A iniciativa surgiu de uma parceria entre o Movimento Católico de Estudantes (MCE) e o Serviço Nacional de Pastoral do Ensino Superior (SNPES), tendo por objectivo alertar a comunidade estudantil para reflectir sobre as mudanças da nossa sociedade.

As Jornadas, que se destinam a estudantes e docentes do ensino superior, são bianuais desde 1987. Desde 1996 que este evento deixou de se realizar apenas em Coimbra e alargou-se a outras cidades. As inscrições estão abertas até 8 de Março.

Para mais informações consulta www.redescobrircidadania.org ou telefona para 218855484.

ESEL dá formação prática durante quatro meses

Oficinas de Multimédia na ESEL

Desde o passado dia 31 de Janeiro que a ESE de Leira está a dar formação prática a futuros jornalistas, com base em várias oficinas que vão decorrer até ao dia 31 de Maio. A organização destes eventos cabe ao curso de Comunicação Social e Educação Multimédia desta escola, sendo ele próprio um dos principais motivos da criação destas oficinas, que têm como objectivo dotar de experiência prática e especializada todos aqueles que vêem no jornalismo o seu futuro profissional. Pelo preço de 25 euros, qualquer interessado pode participar numa das oficinas, tendo como opções a formação em Fotografia, Rádio, Programação em Flash, Edição Não-Linear de Vídeo ou Escrita Criativa. A escolha das oficinas foi feita tendo em conta as principais áreas de trabalho jornalístico, bem como o desenvolvimento de novas tecnologias ao serviço desta profissão, que cada vez se tornam mais importantes. Os interessados em participar neste evento podem dirigir-se directamente à instituição ou visitar o seu website, onde podem adquirir o formulário de inscrição.

Está a dar
Canal de televisão sobre o mundo académico
2006 03 03
Ângela Duarte, Sónia Olaio
Maria Adalgisa Brito Directora do curso
Rui Formiga Telma Freire

TAK Tomografia Axial Komputorizada

O multifacetado presidente da AEESEL

Paulo Marques é presidente da Associação de Estudantes da ESEL, sendo este o seu primeiro mandato.

Como presidente da associação, Paulo Marques, aluno do curso de Comunicação Social e Educação Multimédia, pretende acima de tudo estimular o interesse e a participação dos alunos na instituição que frequentam. “Ficaria muito contente se no final do mandato conseguisse pelo menos meter metade dos estudantes da ESEL em RGA. Queria por isso suscitar o interesse dos alunos nos assuntos que muitas vezes lhes passam ao lado, e também melhorar a sua representatividade, através da criação dos núcleos de curso e do conselho de delegados de turma”. Para além disto, organizar actividades lúdicas como o “band-over”, é outro dos grandes desafios.

Além de presidente da AE, Paulo Marques acumula os cargos de representante dos estudantes no conselho de gestão do IPL e é representante dos alunos da ESEL no conselho geral. Este rapaz nascido a 11 de Novembro de 1983 é, ainda, uma excelente casta da Tum’acanénica. Frequenta o 3.º ano de CSEM, tendo já passado pelo curso de Tradução na ESTG. Mudou porque diz que não seria aquela a sua verdadeira “vocação”. Apaixonado por Leiria desde o primeiro momento, revela que talvez fique por cá. Paulo Marques defende que a sua licenciatura é “uma licenciatura para aprender”, e por isso acha que é de extrema importância “não nos limitarmos apenas à formação do curso, devemos procurar aprofundar conhecimentos mesmo antes de o acabar”. E é isso que o presidente da AEESEL faz, fazendo trabalhos na área do design editorial, como freelancer Experiência que tem beneficiado também o Akadémicos, do qual assegura a paginação, tendo tido papel decisivo na sua fundação.

Apesar de todas estas actividades, ou por causa delas, Paulo Marques é um colega que todos estimam e que não deixa de viver intensamente a farra académica, provando que tudo se pode conjugar.

Por tudo isto, resta desejar que todos os seus projectos cheguem a bom porto.

Konsumo Obrigatório

Calvito, a casa que é loja

Uma loja que aposta num ambiente diferente, para que os clientes possam desfrutar do espaço e ficarem com vontade de voltar.

A “Calvito” desenvolve-se em dois espaços físicos diferentes: um na Rua Barão de Viamonte (Rua Direita) e a outra na Praça Rodrigues Lobo. A escolha da localização deve-se à grande visibilidade e ao facto desta ser uma Praça por excelência. O conceito da “Calvito” passa por apostar na diferença. Ao Akadémicos, Verónica Romão, uma das responsáveis, define-a como uma loja de moda, com produtos e ambientes diferentes, acolhedores e preços “relativamente acessíveis” Pronto-a-vestir, calçado, marroquinaria e acessórios, são os produtos que se podem encontrar nas lojas da “Calvito” Quando questionada sobre o público-alvo da loja, Verónica afirma que vai desde o aluno ao professor, não negando que é complicado para os estudantes terem poder de compra.

Os preços desta loja, segundo a responsável, são bastante razoáveis, havendo no entanto “peças caras e peças mais acessíveis, como em todo o lado”

Na Praça Rodrigues Lobo a loja ocupará em breve os quatro andares do edifício, que por si só já tinha um charme inicial, num conceito que a responsável quis importar de lojas londrinas − a casa que é loja.

Opinião

Crónica de um estudante no Chipre

Erasmus dividido por um muro

“Be carefull with the turkish” foi a apresentação que uma grega cipriota fez do povo turco, ao saber que eu, possivelmente, iria à “parte turca”. Claro que fiquei um pouco apreensivo com este aviso, mas percebi, nos quatro meses que estive no Chipre, que ele era resultado de um certo desconforto entre os gregos cipriotas e os turcos / cipriotas turcos.

O sentimento de desconforto é tão físico como o muro que divide a capital do Chipre, Nicosia, a única cidade da Europa dividida por um muro. De um lado, a prosperidade a que os gregos cipriotas já se habituaram. Do outro, a dicotomia entre beleza/pobreza em que o povo turco sobrevive.

A lembrança da guerra entre estes dois povos ainda está muito viva, tão viva que nós, estudantes de Erasmus, não revelávamos que íamos à República Turca do Norte do Chipre (RTNC), por uma questão de respeito, pois era fácil encontrar uma família cipriota, onde algum familiar está desaparecido ou foi morto, em 1974, quando a Turquia interveio militarmente no Chipre, em defesa dos cipriotas-turcos. Duzentos mil gregos deslocaram-se para o sul, e 100 mil turcos para o norte. E no meio, o muro.

Claro que o aviso inicial, para ter cuidado com os turcos, reve-

lou-se infundado. Sempre fui bem tratado no norte do país, e posso mesmo dizer que havia uma certa magia na “parte turca”, magia que no sul já é um pouco dífilcil de sentir.

Mais complicado do que parecia…

A minha universidade, Frederick Institute of Technology, situava-se na Républica do Chipre, a “parte grega”. Como Chipre é uma ilha pequena, dez vezes menor que Portugal, tinha a ideia que a universidade não seria muito “boa” e que até seria razoavelmente fácil fazer as cadeiras. Felizmente e infelizmente enganei-me. Ali formam-se bons profissionais, com uma visão muito centrada no mercado de trabalho, onde a teoria ajuda a prática, e não ao contrário. Mas muitos desses estudantes querem sair do seu próprio país. “Não há mercado de trabalho para a minha área”, confessou-me um aluno de Video e Audio Production.

Verifiquei que a formação é muito importante para os gregos cipriotas, e os dados compravam-no. Apesar da escolaridade ser só obrigatória até aos 15 anos, a média de anos de frequência escolar situa-se nos 9,2, enquanto que em Portugal é de 5,9 anos.

A formação é crucial para a inteligência de todos nós. E como diz o actual administrador dos SAS, em entrevista ao AKADÉMICOS, “a inteligência dá-nos a tolerância, e a tolerância é importante”. Espero sinceramente que essa tolerância seja compreendida entre os povos “grego” e “turco”, numa ilha que tem muito mais para ser falada do que questões que pertencem ao passado. Não podemos esquecer o passado, mas também não devemos travar o futuro.

Está
a dar
Cristina Parente Tatiana Silva
2006 03 03
Filipe Guerra Foto: Tatiana Silva

Miguel Jerónimo é mestre em Estudos Portugueses Interdisciplinares pela Universidade Aberta, pós-graduado em Ciências Documentais pela Universidade de Coimbra, licenciado em Organização e Administração Escolares pela Escola Superior de Educação do IPL e licenciado em História pela Universidade de Coimbra. Foi docente do Ensino Básico, do 2.º ciclo (de 1978 a 1987), e é assessor principal de Biblioteca e Documentação. Desde 2001 desempenhava funções como chefe de divisão do IPL, tendo exercido, entre Março de 2003 e Janeiro de 2004, o cargo de subdirector da Escola Superior de Artes e Design do IPL. Nos seus tempos livres, gosta de ouvir música, coleccionar reló-

Miguel Jerónimo, director dos Serviços de Acção Social do IPL

Sentado no mocho Sentou, vai ter k explicar

“Que não se corte onde não se deve…”

Miguel Júlio Teixeira Guerreiro Jerónimo é desde o dia 4 de Julho, o novo administrador dos Serviços de Acção Social do Instituto Politécnico de Leiria. Perfeccionista por natureza, acorda durante a noite a pensar no trabalho, anotando na sua agenda questões que terá de tratar no dia seguinte.

Quais os objectivos dos Serviços de Acção Social (SAS)? É um serviço que tem como objectivo apoiar os alunos em diversas vertentes, de forma a promover o sucesso escolar. Basicamente, destina-se a que os alunos mais carenciados não deixem de estudar por razões económicas, mas o apoio social não se fica por aí. Ele acaba também por se tornar extensivo a outros estudantes, nomeadamente quando nos referimos a alimentação, a serviços médicos, enfim, a todo o conjunto de infra-estruturas que se constituem como valências alternativas dos SAS. É um serviço que promove a procura e procura contribuir para o desenvolvimento e o bem-estar dos estudantes. É importante referir que a componente desportiva também tem um peso importante e tem dado visibilidade à instituição, dado os resultados que as equipas têm obtido e que têm sido bons para todos nós.

Vamos abordar já o assunto que está na ordem do dia no IPL. Qual foi a causa do atraso no pagamento de bolsas?

A causa do atraso já foi divulgada também através dos jornais e foi inicialmente explicada através da nota que deixámos na nossa página onde os bolseiros validam as suas bolsas. Nós entendemos não trazer para a própria página do instituto porque não é nada agradável, e as páginas devem dar conta do que se faz bem. No que se refere ao pagamento das bolsas, o IPL, através dos SAS, é um mero intermediário, ou seja, no Orçamento de Estado é prevista uma determinada verba que vai sendo libertada e enviada, naquilo a que se chamam os duodécimos, que é a repartição em doze meses daquele montante orçamentado, um montante que é exclusivamente para as bolsas de estudantes. Face a esse duodécimo, nós, teoricamente, pegaríamos na fatia que foi reservada para bolsas e depositaríamos na conta dos estudantes. O que acontece é que, fruto de várias circunstâncias, nomeadamente a crise que é generalizada e a perda de rendimento das famílias, isso fez com que o número de bolseiros aumentasse, sem que tenha havido o consequente aumento da verba que deveria transitar para bolsas. Portanto, eu diria que a nossa responsabilidade foi devidamente cumprida. Nós alertámos o Ministério, desde Outubro, porque face ao número de bolseiros o montante das bolsas não ia ser suficiente para nós assumirmos os encargos.

Estamos a falar de um aumento de quanto?

No duodécimo estão 202.191€ e o encargo mensal está nos 321.975€, portanto isto representa um défice mensal de 119.784€. Além disso houve também os factores que nós mencionámos numa carta de resposta ao Ministério. Na altura em que se produz o Orçamento de Estado, que é um documento com alguma complexidade, sendo um orçamento uma previsão, nessa altura o número de alunos da instituição era inferior. Como sabem, o instituto foi bem classificado relativamente à lista da procura. O valor a ser atribuído foi calculado de acordo com os dados que o Ministério tinha na altura em que o orçamento foi feito, onde não estava previsto este aumento do número de alunos e, consequentemente, o aumento do número de bolseiros.

Para além disso, nós apontámos também termos várias situações em que, quer o pai quer a mãe, conheceram situações de

Fernanda Branco, Filipe Guerra

desemprego e é óbvio que isso supõe um imediato re-estudo da bolsa. Um aluno que era bolseiro com um determinado montante, pode ver a sua bolsa aumentada, o que faz todo o sentido. Para além disso, reforçámos a informação relativamente à candidatura e implementámos uma aplicação informática que permitiu o carregamento dos dados, e por isso neste momento também a própria validação das bolsas ser feita online. Agilizámos o processo, não deixando de ter os mecanismos de controlo necessários para não haver situações menos transparentes por parte dos alunos. A par disso, antecipou-se, creio que em três meses, o estudo dos processos, ou seja, aquilo que habitualmente se arrastava para Março ou Abril, em finais de Janeiro já estava completamente concluído.

Situação tenderá a repetir-se

gios e pintar, oferecendo os quadros aos seus amigos. Quando era mais jovem, usava os cabelos pelos ombros e fez parte de duas bandas de rock, o Sequência e os Magma. Gostou de ler «O Lugar Comum» de Maria Velho da Costa, mas gostou particularmente de «Equador» de Miguel Sousa Tavares.

Prefere ouvir estações noticiosas na rádio a ver televisão, pois confessa que há imagens que a televisão exibe que o desagradam profundamente, por isso, prefere ouvi-las a lê-las. Praticou atletismo no seu tempo de estudante, e actualmente prefere basquetebol, ténis, ou voleibol a futebol.

A situação de atraso de pagamento de bolsas irá repetir-se?

A situação, tal como o Sr. presidente do IPL disse num despacho, tenderá a repetir-se se entretanto não for feito um reforço. Sabemos que o assunto está em estudo. É do conhecimento geral que o próprio País atravessa uma situação económica complicada. Vamos esperar que prevaleça o bom senso, tendo em conta que se trata de alunos que são carenciados e se há que cortar, que não se corte ali porque é ali que faz falta, porque, sabemo-lo, a não haver bolsas, isso poderá determinar o abandono de estudos por parte de alguns alunos e isso é uma situação que nós tentaremos evitar a todo o custo. Esperamos por isso que a situação não se repita, vamos tentar, não posso prometer mais nada. O Sr. Presidente emitiu um despacho que aborda estas questões e como é do conhecimento geral o recebimento das bolsas está associado ao pagamento das propinas, e para não comprometer esta situação dilatou-se

2006 03 03
Filipe Guerra

Está previsto o aumento de preços dos serviços que prestam?

No que se refere às refeições servidas nas cantinas, é o Governo que fixa anualmente os preços. É um preço que está anexado ao valor do salário mínimo nacional. Nos bares, snack-bares e cantinas, nós ajustamos o preço no início do ano lectivo e é provável que o venhamos a fazer no início do próximo. Mas durante este período não seria correcto os estudantes pagarem a crise. E, portanto, no que se refere às refeições, não tencionamos provocar mexidas nos preços durante este ano lectivo, tendo em conta que já o fizemos no início.

o prazo do pagamento das propinas até cinco dias úteis após o recebimento da bolsa.

Além destes mecanismos, que outros estão a ser feitos para minimizar a situação do pagamento das bolsas. O IPL tem algum poder?

O poder que tem é o poder de, documentalmente, apresentar as justificações para isso junto do Ministério. Podemos ter alguma alternativa, precisamos de ver como está a entrada de receitas próprias para a eventualidade de serem necessárias. Já o fizemos em Dezembro, onde adiantámos verba, senão o problema não se teria colocado em Janeiro, mas sim em Dezembro. Fizemos um reforço das verbas das receitas próprias, de forma que a situação não acontecesse. Desde Outubro de 2005 temos vindo a alertar para a preocupante situação financeira. Em 17 de Outubro solicitámos um reforço de 417 000 , dos quais nos deram 135 000 , dizendo que era para aplicar integralmente em bolsas, o que fizemos. O dinheiro para bolsas, para nós, é sagrado: não é aplicado em qualquer outra área. Entretanto, pedimos mais um reforço e em 6 de Fevereiro demos conta de um défice transitado do valor de 251 132 , ou seja, foi o valor que nós injectámos para efeitos de pagamento de bolsas, tendo como origem receitas próprias do IPL.

Prioridade aos mais necessitados

Quais foram as prioridades na atribuição das bolsas?

Na atribuição dos escalões há determinados intervalos, que estão relacionados com o rendimento das famílias, o que permite que situemos cada um dos nossos bolseiros num determinado escalão, consoante o rendimento do agregado. Começámos obviamente pelos alunos dos dois primeiros escalões, onde se situam os mais carenciados. Devido a isso, recebemos e-mails de estudantes demonstrando satisfação por ter sido esse o critério escolhido. Era aberrante fazê-lo, por exemplo, por ordem alfabética ou por um critério diferente.

A maioria dos alunos desses escalões, primeiro e segundo, estão nas residências, portanto não têm datas fixas para pagar as rendas, o que não acontece com os outros alunos que têm de o fazer e poderá ser difícil de explicar aos senhorios…

Nós compreendemos mas é bom também que os estudantes compreendam que a bolsa, como qualquer bolsa, não assegura o total pagamento, é um apoio. Não discutimos, sequer, a necessidade absoluta de as pessoas receberem atempadamente, para poderem fazer face a compromissos assumidos. O que pretendo dizer é que as bolsas são um contributo. E portanto, não pode ser a única fonte para a sobrevivência do aluno enquanto estudante. Em alguns casos temos a consciência que é o único apoio. Temos até a ideia que, no caso de algumas famílias, é a bolsa do estudante que está a ajudar o sustento da própria família.

Tem conhecimento de algum caso grave causado pelo atraso do pagamento das bolsas?

Não tenho conhecimento de nenhum caso grave. Houve casos em que as pessoas reportaram dificuldades, e as situações foram encaminhadas através do nosso serviço de apoio social.

«Acredito em resolução breve»

Que explicação é dada pelo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior? Como disse, um orçamento é uma previsão, portanto devem existir mecanismos para agilizar esse orçamento.

Bem, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior não é o Ministério das Finanças. No que se refere a verbas, eles também têm as suas dificuldades face a esta situação. No entanto,

Sentado no mocho Sentou, vai ter k explicar

acredito que, em breve, o problema será resolvido. Estou confiante de que será esse o caminho.

No caso de acontecer outro atraso, o IPL está disponível para injectar mais receitas próprias?

O orçamento vai de Janeiro a Dezembro. Em Dezembro havia saldos que o SAS pôde usar para esse efeito. Mas em Janeiro ainda não existem rendimentos suficientes, senão tê-lo-íamos feito. Isso é uma decisão política, compete ao presidente do instituto, que é o presidente dos Serviços de Acção Social, eu sou apenas o administrador. Mas estou certo de que o presidente ponderará a situação no sentido de, se houver disponibilidade financeira, podermos minimizar a situação face aos nossos alunos bolseiros.

Acha que neste mês de Março o atraso no pagamento das bolsas voltará a acontecer?

Nós fizemos o pedido de uma coisa que se chama a antecipação do duodécimo, ou seja, essas doze prestações são para ser recebidas mensalmente. Nós fizemos o pedido para que se antecipe uma. Mas, feitas as contas, tendo em conta o valor da diferença que vos disse, na ordem dos 200 000 , ao fim de duas antecipações esse reforço esgota-se. É uma solução puramente temporária. Nós vamos necessitar de um reforço de verba. Vai ajudar nestes primeiros tempos que seja antecipado o momento de calendário em que nós vamos receber o orçamento. Mas isso não é uma solução definitiva. A não vir nenhum reforço, teremos seguramente problemas no futuro.

De onde provêm as receitas próprias?

As receitas próprias são todas aquelas que são geradas pelos serviços que nós prestamos. Aos quais podemos incluir os serviços dos bares, snack-bares, restaurantes...

As residências também são uma fonte de receita própria, tendo

É positivo saber que os SAS são considerados por alguns alunos bastante bons?

Eu acredito que sim. Pedi recentemente a uma especialista na área do marketing que me fizesse um estudo para isso. Não quero uma resposta à partida, quero ter a certeza absoluta, provada documentalmente, do que isto de que estamos a falar é verdade. É fácil as pessoas dizerem que estão muito satisfeitas com o serviço, então o estudo que o demonstre se tiver que o demonstrar. Se se demonstrar o contrário, nós trataremos de tomar as medidas para que as coisas se aproximem do nível que queremos.

em conta que o aluno, mesmo que seja bolseiro, reserva parte da bolsa para pagar o seu alojamento. Quando é possível, temos também alojados alunos não bolseiros que pagam um valor diferente.

Somos dos poucos serviços da acção social a nível nacional, no ensino superior, que temos exploração directa de tudo. Ou seja, não temos serviços concessionados, o que não acontece com a maior parte das universidades e politécnicos. Não temos a gestão do refeitório, restaurante e snack-bares entregue a empresas. Nós optámos por não o fazer, por uma questão de qualidade. A nossa convicção é de que a qualidade é a maior, não sendo o nosso objectivo primeiro o lucro, que é necessariamente o objectivo de uma empresa. Podemos, com uma qualidade superior, oferecer preços mais baixos. O nosso objectivo é apenas fazer com que a balança se mantenha equilibrada, no sentido das receitas e das despesas.

SAS vão fazer procuradoria

Projectos futuros para os SAS ou o que está previsto manter? Está previsto manter tudo em bom funcionamento. E isso já não é pouco. Mas há novos projectos que se vão sempre acrescentando. Eu salientaria duas situações, que me foram postas pelo presidente do IPL. Ele gostaria que nós pudéssemos iniciar para breve um serviço de procuradoria, que é no fundo um serviço que defende os interesses dos estudantes, nomeadamente junto dos serviços académicos, mas também em todos os actos formais em que eles tenham de relacionar com o Instituto ou as suas escolas. Mediante uma procuração, os SAS passam a cuidar de determinado tipo de assuntos dos estudantes. Será de particular utilidade tendo em conta que por vezes os alunos têm alguma dificuldade em se dirigir aos serviços, por este ou aquele motivo.

Para além disso, será prestada uma atenção especial aos estudantes que ingressam pela primeira vez, ou que apresentam algum indício de desadaptação. Vai procurar dar-se especial atenção, tendo-se para isso criado esta área de apoio social e de procuradoria, com a valência de alerta para a situação social do estudante, e o cuidado com a procuração dos interesses dos estudantes face aos serviços. Em particular, estes dois serão para implementar muito brevemente. Como é sabido, acabou-se de inaugurar, no início deste ano lectivo, a nova residência das Caldas da Rainha, a nova residência de Peniche, a nova cantina das Caldas da Rainha, fizeram-se melhoramentos na cantina de Peniche e temos em construção a cantina B no Campus do Pólo do Lena, com a passagem para lá da Escola Superior de Saúde. Como o presidente do IPL costuma dizer, e eu agora também já digo, nós somos o maior hotel e restaurante da região, pela quantidade de quartos e refeições que fornecemos. Pouco gente o sabe, mas ao nível dos SAS tutelamos mais de 150 pessoas que são necessárias para o bom funcionamento dos serviços.

É difícil?

Sim, é difícil. Porque muitas vezes fazemos uma gestão do dia-a-dia, que é muito intensa, e às vezes sobra-nos pouco tempo para reflectir mais horizontalmente.

Se bem que isso seja mais uma missão que compete ao Presidente dos SAS. Mas o administrador também tem essa obrigação. Muitas vezes acontece, durante a noite, levantar-me e ir apontar na minha agenda para não me esquecer de determinado tipo de assuntos, porque aqui durante o dia é praticamente impossível uma pessoa reflectir. Depois há as saídas, sempre que há necessidade de visitar os locais, e saber se as coisas estão em bom funcionamento. Apesar de eu receber de todos os serviços um relatório diário que me dá conta das conformidades ou da normalidade do funcionamento. Isso foi um serviço que implementei, alertando-me para o caso de existir alguma anormalidade de funcionamento.

2006 03 03

Em relação à Clínica dos SAS, tencionam alargar o horário de atendimento, dada a elevada procura dos estudantes?

Permita-me a correcção, mas não é uma clínica, mas sim Serviços Médicos. Porque clínica supõe outro tipo de modelo, ligado a um conjunto de questões formais e que ultrapassam o objectivo que temos. Nós prestamos um serviço a um preço muitíssimo interessante face à qualidade de médicos e face à oferta que temos. Todos os clínicos que nos prestam serviço têm também outro tipo de actividades, quer em serviços públicos, quer em serviços privados. Portanto, creio ser algo difícil virmos a ampliar esse tipo de situação. Tudo está em aberto, tendo em conta que também

Residências

não queremos que o serviço por si só seja ineficiente. Mas cremos que ele não tem sido ineficiente. Penso que o serviço tem ido de encontro às expectativas.

No caso de estomatologia, existem pessoas que marcaram consulta em Novembro e só em Março a terão…

Em estomatologia já tomámos uma medida que nos pareceu que poderia resolver seriamente a questão, que foi alargar para mais um dia o serviço prestado pelo Dr.Jorge Catarino,nomeadamente a quinta-feira, para aliviar essa pressão. Não é difícil perceber a razão da procura por parte dos estudantes, porque sabem quanto é que pagariam se recorressem a um serviço alternativo.

Separação de sexos nas residências é para continuar

É verdade que vai ser construída uma nova residência nos Parceiros?

É verdade que a oferta, em termos de residências, é insuficiente, e consequentemente há que pensar na construção de uma nova residência. O sector de obras e o próprio património pertence aos serviços centrais do Instituto Politécnico de Leiria. A parte de obras não me diz respeito. Sei que já houve contactos com a câmara municipal e com outras entidades, no sentido de ponderar a construção de novas residências. Mas não tenho mais informação nenhuma para vos dar. Isso é uma resposta que o presidente do instituto pode dar com mais precisão.

Neste momento existem vagas nas residências?

De momento, suponho que não. Habitualmente, até há pessoas em lista de espera, mas que entretanto vão resolvendo a sua situação. É sempre bom não termos vagas, em primeiro lugar para rendibilizar aquilo que é público e que custa dinheiro a manter. Não faria sentido ter funcionárias, investimentos com a electricidade e outro tipo de consumos e depois ter quartos vagos. Para além disso, e não tendo capacidade de resposta aos nossos bolseiros, nas nossas residências, a legislação permite que nós os apoiemos com o chamado Complemento de Aluno Deslocado. Ou seja, o bolseiro candidatou-se à residência, não conseguiu ficar porque a residência não tinha capacidade, e como tem de alugar um quarto ou apartamento, recebe o complemento de aluno deslocado.

Dado o modelo actualmente existente, em termos de residências masculinas e femininas, o SAS não consideraria a hipótese de tornar as residências mistas, como acontece no pólo das Caldas? A verdade é que há alunos que consideram absurdo o facto de não ser possível levar amigos de outro sexo para os seus quartos…

As coisas têm o seu fundamento. Quando nas Caldas existia apenas uma residência, não havia outro remédio. Neste momento existem duas residências, uma delas é mista porque tem de ser, tendo em conta que há um número maior de estudantes do sexo feminino. A outra nova é só do sexo feminino.

Aqui em Leiria, a situação é para se manter. E diria que isso é do agrado de muita gente que lá vive, quer rapazes, quer raparigas. Pelos que gostariam que fosse mista, provavelmente haverá outros tantos que gostariam que ela não fosse. Por uma questão de privacidade e por outros motivos. Não sou responsável por essa decisão. As decisões de política de fundo cabe ao Presidente do IPL, porque ele é o presidente dos Serviços de Acção Social, a mim cabe-me a gestão corrente dos serviços. Mas eu subscrevo inteiramente esta decisão. Por muito “careta” que isto possa parecer.

Havendo vagas nas residências masculinas e havendo necessidade de colocar raparigas nas residências, não estariam a prejudicar essas alunas? Não. Não porque não há vagas.

E se houvesse vagas?

Se existir poder-se-á pôr essa possibilidade. Vamos supor que há uma ala inteira de quartos vagos numa residência masculina. Com certeza que terão de ser pensadas soluções para não desaproveitar aquela ala. Isso seguramente faremos.

As residências de Leiria sempre foram separadas? Desde que eu me lembro sempre foram separadas. Como sabem, as residências já existem há algum tempo e eu sou

administrador apenas desde Julho do ano passado.

Este modelo de não permitirem a entrada de um elemento do género oposto é para se manter?

Mas nós permitimos. Temos salas comuns onde as pessoas podem reunir-se, onde podem estudar.

O pai pode ir conhecer o espaço onde os filhos ficam? Nós facultamos isso. E não é inédito, aliás, no início do ano lectivo, acontece os pais irem acompanhar os alunos aos quartos. Para esse efeito existe o nosso consentimento junto das funcionárias. Agora é óbvio que há um controlo para que não haja a intrusão de elementos que poderiam prejudicar a ordem.

E no caso de um namorado/a vier no fim-de-semana visitar o aluno/a, pode entrar no seu quarto?

Isso já estamos a falar de outro domínio.

Mas qual é a questão de fundo? É o medo de promiscuidade?

É a salvaguarda do direito de privacidade dos nossos estudantes. E não falo mais sobre o assunto.

Estudantes têm de cooperar

Segundo o Regulamento de Funcionamento da Residência de Estudantes, não pensa que é um exagero solicitar aos residentes que por exemplo deixem a cama feita quando saem dos quartos?

Não. Todos os regulamentos são discutidos e aprovados em sede de Conselho de Acção Social, onde os próprios estudantes têm assento. Há também as comissões de residentes, que, em conjunto connosco, colaboram na manutenção da boa ordem, da arrumação, etc. E. portanto, são indicadores preciosos para que as coisas funcionem correctamente. Existe um conjunto de necessidades básicas para a vida em comunidade que é imperioso serem cumpridas.

Mas estamos a falar da liberdade individual do residente entender ter o quarto como entende.

Mas isso é uma questão de tentar contribuir para que as coisas se mantenham dentro de uma ordem. Aliás, comparem as residências que aqui temos, no que respeita ao estado de conservação, e depois digam-me alguma coisa. Isso passa por algumas regras elementares. Não faria sentido, nem os SAS tinham pessoal suficiente, para estar a assumir esse tipo de encargos. Por isso fornecemos aos alunos produtos de limpeza, para que eles possam manter a higiene dentro do seu quarto. Não faria sentido, até por uma questão da própria privacidade, que as funcionárias fossem dentro dos quartos fazer essa tarefa. Agora há determinadas regras que penso que são importantes e é importante que as pessoas as cumpram. Isto aqui não é o serviço militar, longe de nós, mas há questões que os estudantes têm de ser parte efectiva do compromisso de qualidade.

Têm sido postos em prática processos disciplinares?

A inteligência dá-nos a tolerância, e a tolerância é importante. Não podemos ser excessivamente duros quando isso não se justifica. Mas já o fomos em circunstâncias em que a gravidade o determinou.

Normalmente, isso conduz à expulsão. Recentemente aconteceu algo que levou a isso, nomeadamente o furto de peças de roupa que estavam no estendal. A situação resolveu-se muito pacificamente, mas nós não pudemos deixar de sancionar a pessoa em questão, o que levou à sua saída das residências. Isto também é uma medida exemplar. Se não se actuar em determinado momento, isso pode desencadear a prevaricação.

Na Universidade de Aveiro existe um encarregado dentro da residência, que está incumbido de permitir ou não, a entrada de pessoas, não só para as salas de convívio mas também para os quartos. Também existe um artigo que permite um amigo/a pernoitar desde que haja o consentimento do colega de quarto e do encarregado. Este modelo não seria viável nas residências do I.P.L?

Nesse aspecto já respondi tudo o que queira responder. Não tenciono falar mais sobre o assunto.

vai ter
explicar
Sentado no mocho Sentou,
k
03 03
2006

Números e Factos

Dados acerca dos alunos do 1.º ano (caloiros) do Instituto Politécnico de Leiria, relativos ao ano lectivo 2005/2006: Quantos são: 1812

De uma maneira geral, existem no IPL mais raparigas (1187) que rapazes (625).

A maioria dos alunos (1114) encontra-se na faixa etária entre os 18 e os 20 anos

É na ESTG que entraram mais caloiros este ano (632). Foram dois cursos da ESTG que ficaram com mais vagas por preencher (37 em ambos os casos): Engenharia Civil e Organização e Gestão de Empresas.

Fontes: IPL; Politécnica n.º 18 (Novembro de 2005)

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XV Semana Académica já mexe

Já está em curso a organização da XV Semana Académica de Leiria (SAL), este ano com a organização já confirmada das Associações de Estudantes da ESTG e ESEL, contando também com o apoio da Associação de Estudantes do ISLA. O evento decorrerá de 23 a 28 de Abril, não estando para já confirmados quaisquer artistas para o cartaz. Segundo os organizadores deste evento, a edição 2006 será uma edição comemorativa do 15º aniversário da SAL, contanto com animação diurna e nocturna non-stop.

Maria Inês vice-presidente da FNAEESP

Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico. É o que significa a sigla FNAEESP. Desde o passado dia 9 de Fevereiro que a presidente da AEESTG faz também parte da direcção da FNAEESP, numa cerimónia que ocorreu no Instituto Superior de Engenharia do Porto.

Maria Inês revelou ao Akadémicos que aceitou o convite pelo aliciante do projecto, bem como pela importância de Leiria estar representada em tal órgão.

Como objectivos deste mandato, a dirigente revela que é importante lutar por uma acção social melhor, algo que representa um dos “mais graves problemas do ensino” , bem como informar melhor os alunos em relação às políticas educativas que são tomadas pelo governo. Reconhecendo que os alunos não estão conscientes da importância da FNAEESP, é também objectivo criar espaços conjuntos de informação e discussão, referindo o Processo de Bolonha como um dos temas a aprofundar e divulgar.

AEESEL organiza concurso de bandas de garagem

“Aproximar Leiria dos estudantes” é o principal objectivo do concurso de bandas de garagem, “band_over_leiria” , que a Associação de Estudantes da ESEL está a levar a cabo com o apoio da Câmara Municipal de Leiria. O concurso, cuja final terá lugar na ESEL a 4 de Abril, terá como prémio principal um lugar no cartaz da Semana Académica de Leiria.“É uma oportunidade de ouro para a banda vencedora se mostrar ao país” , comenta a organização.

As inscrições estão abertas a qualquer banda nacional até dia 11 de Março, e mais informações poderão ser consultadas em http://forumesel.pt.vu.

Ricardo Vieira presta provas de agregação

Ricardo Vieira, professor da ESEL, vai prestar provas de Agregação em Antropologia, nos próximos dias 15 e 16 de Março, no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.

O antropólogo terá de se submeter a três provas: no primeiro dia verá o seu currículo analisado e verá ser discutido um relatório elaborado por si sobre a disciplina, no segundo terá de apresentar uma aula pública. Com a realização destas provas, e se o júri aprovar a sua agregação, o docente coordenador da área das Ciências Sociais da ESEL e também do projecto Identidade(s) e Diversidade(s) tornar-se-á o docente com o mais alto grau profissional a que se pode ascender dentro das instituições de ensino politécnicas. Para Ricardo Vieira, para

além do título ser uma mais valia, quer em termos pessoais quer em termos profissionais, ele serve também para dar força e mérito ao ensino que é prestado na ESEL e no IPL, constituindo uma pequena contribuição para poder levar o IPL a transformar-se em Universidade Pública. As provas de Agregação de Ricardo Vieira ganham uma importância acrescida numa altura em que a qualidade de ensino e exigência são cada vez mais fortes, e o grau de qualificação é cada vez mais importante. Neste quadro, e de acordo com uma deliberação do Conselho Geral do IPL, os 470 docentes do IPL que não possuam o grau académico de doutor terão que o obter até ao ano lectivo de 2009/2010 para permanecerem na instituição.

ESAD organiza encontro internacional de estudantes de animação

O FIRST – Encontros Internacionais de Estudantes das Artes da Animação – decorre entre 3 e 9 de Abril de 2006 na ESAD (Escola Superior de Artes e Design), e na Casa da Animação no Porto.

O cinema de animação ocupa no mundo actual uma importância crescente, a animação tornou-se essencial para os media. A ESAD foi uma das primeiras escolas a criar um curso superior de animação e os trabalhos dos seus alunos têm vindo a ganhar um espaço de destaque na maioria dos festivais de todo o mundo.

É neste contexto que este encontro faz todo o sentido. O FIRST irá privilegiar a arte da animação realizada por alunos de todo o mundo. Pretende-se apresentar as mais relevantes obras produzidas por escolas de arte e animação de

todo o mundo, valorizando o carácter artístico, irreverente, inteligente e experimental das obras de animação realizadas por estudantes. O evento pretende, ainda, promover o encontro entre jovens autores, realizar workshops e seminários entre alunos, professores e profissionais, de forma a discutir o presente e o futuro da arte da animação. Outra das actividades desta realização será efectuar exposições e espectáculos performativos e de VideoJaming, onde se valorizem obras plásticas, instalações e multimédia onde a animação ocupe o lugar de destaque.

Os encontros são realizados em parceria com a Casa da Animação, associação sedeada no Porto, que se tem destacado na divulgação, discussão e formação do cinema de animação a nível nacional.

Pedro Santos
2006 03 03
ESEL com o docente mais qualificado do IPL
Telma Freire Foto: Joaquim Dâmaso, Região de Leiria

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Akadémicos 9 by Jornal Akadémicos - Issuu