Akadémicos 8

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SUPLEMENTO DO SEMANÁRIO REGIÃO DE LEIRIA DE 2006 01 27 NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Parceria com a ESEL ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LEIRIA 2006 01 27 SEXTA–FEIRA JORNAL MENSAL 0208 Isabel Damasceno Sentada no Mocho «IPL deve ser o melhor Politécnico do País» 06

Ficha Técnica

Director Francisco Rebelo dos Santos

Director Executivo

Pedro Costa

Presidente do Conselho

Editorial

Graça Fonseca

(presidente do conselho

directivo da ESEL)

Coordenador Técnico

António José Laranjeira

Redacção e colaboradores:

Ana Rosa; Ângela Duarte; Cátia

Campos; Cláudia Moiteiro; Cristina Parente; Daniel Borges; Diana Combo; Edite Felgueiras; Fátima Cordeiro; Fatu Mata; Fernanda Branco; Filipa Gonçalves; Filipe Guerra; Liliana Martins; Márcia Lamy; Mário Ventura; Marta Costa; Miguel Oliveira; Mónica Oliveira; Paulo Marques; Rui Formiga; Sónia Olaio; Susana Raposo; Susana Machado; Tatiana Silva; Vânia Crespo; Vânia Santos

Departamento Comercial

Alda Moreira (Directora);

Propriedade

Empresa Jornalística

Região de Leiria, Lda.

Contribuinte N.º 500 096 805

Redacção

Escola Superior de Educação de Leiria

Rua João Soares, Leiria akademicos@esel.ipleiria.pt

Parceria

Escola Superior de Educação de Leiria

Impressão

Mirandela, SA, Lisboa

Distrbuição

Vasp

Correio do Leitor Não fiques de fora!

Escreve para akademicos@esel.ipleiria.pt

Vai lá, vai...

Vai lá, vai... uma agenda do mês

Ex P os I çõ E s

Até dia 1 de Março

«Um Outro Olhar», exposição fotográfica. Esta exposição é composta por trabalhos fotográficos de jornalistas e fotojornalistas dos concelhos de Pombal e Leiria, que através das suas fotografias nos dão a conhecer “um outro olhar” sobre a realidade. Galeria de Exposições do TeatroCine de Pombal.

Até dia 28 de Fevereiro

“À Descoberta da Alice” – Exposição de Fotografia e Fósseis do Dinossáurio dos Andrés. Casa da Cultura de Santiago de Litém, Pombal.

Até 5 de Fevereiro

Expomoto – 14º Salão de Motos e Acessórios. Apresentação para as grandes novidades das marcas e para as mais novas propostas em termos de acessórios e equipamentos existentes no mercado. Exposalão, Batalha. Horário: Semana: 17h00 às 23h00; Fins-de-semana: 14h00 às 23h00.

Até 29 de Janeiro

Paris je t’aime. Trabalhos em pele da autoria de Carlos Cerejo. Galeria Mouzinho de Albuquerque, Batalha. Horário: segunda a sexta-feira, das 14h00 às 18h00; sábados e domingos das 11h00 às 13h00 e das 14h30 às 18h30. Entrada Livre

Até dia 1 de Fevereiro

Figuração Onírica – pintura de Luís Athouguia.

Na Galeria de Exposições do Teatro-Cine de Pombal, de terça-feira a domingo, das 09h00 às 00h00; segunda-feira das 09h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30.

Con CERTos

28 de Janeiro

David Fonseca. No Cine-Teatro de Alcobaça, às 22h00. Bilhetes entre 16 e 12 euros

inKérito | Conheces o Processo de Bolonha?

01 Gil Pinheiro, Engenharia Mecânica, ESTG

Não muito bem. Sei que é relativo ao Ensino Superior e a certas modificações que pretendem efectuar, como por exemplo passar as Licenciaturas para três anos.

02

Filipa Fernandes, Serviço Social, ESEL

Conheço relativamente. A única modificação que ouvi falar é que determinados cursos passam a ser de três anos.

Soube que o Ensino Superior será unificado pela Europa, permitindo a transição de alunos e docentes com facilidade entre países europeus.

Claro que conheço, ainda por cima porque certas modificações implicam a não realização de estágios no meu curso.

D E s P o RTo

Todas as manhãs de domingo

Ginástica - Pombal em Movimento.

A partir das 10h30, na Zona Desportiva de Pombal.

25 e 26 de Fevereiro

Prova de Parapente em Pombal, na pista de Aeromodelismo.

18 e 19 de Fevereiro

FUTSAL no EXPOCENTRO. Fim-de-semana dedicado ao FUTSAL, com acções de formação, actividades para os mais jovens e um jogo entre o Sporting de Pombal/Instituto D. João V e o Sport Lisboa e Benfica. No Centro Municipal de Exposições de Pombal.

29 de Janeiro

Passeio de BTT. Segunda edição do Passeio de BTT do Concelho da Batalha. Percurso composto por 25km. 9h00 junto à entrada da Câmara da Batalha.

T EATR o

3 de Fevereiro

«Coçar onde é preciso». Espectáculo de José Pedro Gomes. No Teatro-Cine de Pombal, pelas 21h30.

Reservas pelos telefones 236210540 e 236210566.

Nem de propósito: a nossa entrevistada desta semana, a presidente da Câmara de Leiria, faz um apelo aos jovens da nossa Academia: participem nas actividades cívicas da vossa escola, da vossa cidade. E, também não de propósito, na reportagem que faz a capa deste número conclui-se que todas as experiências extra-curriculares dos jovens estudantes são fundamentais não só para a sua formação pessoal, mas também para a sua preparação para o mercado de trabalho. Pois, nem de propósito, repete-se, este mês houve duas reuniões de alunos, na ESTG e na ESEL, para a tomada de posse dos novos corpos sociais das respectivas associações de estudantes e discussão de alguns dos problemas que mais afectam os estudantes. Pois, como se relata numa notícia nesta edição (ver página 8), a grande semelhança entre ambas as reuniões foi o desinteresse dos alunos, que pontificaram pela ausência!

Claro está, depois o pessoal queixa-se, de tudo e de todos, mas quando toca a intervir, quanto mais não seja participando, a esmagadora maioria alheia-se completamente, não ligando patavina ao que se passa na sua escola, isto é, desinteressando-se completamente pelos seus próprios problemas.

É urgente que esta mentalidade mude. É crucial que os estudantes se interessem pela vida académica, participem no movimento associativo da sua academia − pelo menos!

Nós, no Akadémicos, damos o exemplo, pelo menos indirectamente: boa parte da nossa redacção integra listas dos órgãos associativos da ESEL. Para falar, para intervir, é preciso participar! Não faz mal a ninguém, antes pelo contrário, como se comprova nesta edição. Um abraço e até para o mês que vem!

2006 01 27 SEXTA–FEIRA 0 Akadémicos JORNAL MENSAL
03 02 01
Engenharia Electrotécnica, ESTG
Edite Felgueiras
03 Alexandre Vieira,
Ana
akademicos@esel.ipleiria.pt
Cristina Parente
04 Fátima
04
Fernandes, Serviço Social, ESEL
Abertura De novo, em força

Está a dar

Desporto

Masculinos somam e seguem, femininos ainda choram a despedida

Chama-se Maria Inês Maurício, é de Rio Maior e frequenta o 3º ano de Engenharia e Gestão Industrial na ESTG.

Depois de um ano de pausa e de uma estada de seis meses a estudar no Brasil, Maria Inês volta a candidatar-se à Associação de Estudantes da ESTG porque “queria dar continuidade aos projectos e fazer um segundo mandato ainda mais virado para os alunos”.

O desinteresse dos alunos, ao nível das actividades académicas, continua a transparecer no número de pessoas que vão votar para eleger os membros da Associação de Estudantes. “Quando há apenas uma lista a candidatar-se, é normal haver mais desinteresse… A ESTG tem cada vez mais estudantes que trabalham, que só frequentam a escola à noite e não estão integrados na academia, ao nível das actividades”.

Um dos sonhos de Maria Inês é que seja criada uma Academia em Leiria, mas para isso “é necessário que os leirienses reconheçam que os estudantes têm contribuído, cada vez mais, para o desenvolvimento da cidade e que todas as Associações de estudantes trabalhem em conjunto”.

Para além de ser presidente da Associação de Estudantes, ela é também porta-estandarte da Instituna e pretende continuar a sê-lo: “É uma questão de saber gerir o tempo”.

O presidente “ideal” de uma associação tem de, acima de tudo, respeitar os outros − “o resto vem por acréscimo”. Deve ter capacidade de liderança, de forma a levar os colegas e os alunos a acreditarem nos projectos.

Curso a Curso

Serviço Social

O curso de Serviço Social da ESEL iniciou-se no ano lectivo de 2002-03, tendo sido, então, o único de Portugal Continental a funcionar em estabelecimento de ensino superior público.

O curso fundamenta-se numa concepção de intervenção social que abarca não só a visão tecnicista do serviço social mas, também, a da flexibilidade profissional dentro do âmbito do serviço e políticas sociais. Com o curso de Serviço Social pretende-se formar técnicos que deverão possuir conhecimentos tão vastos quanto possíveis no domínio das Ciências Sociais, sem se perder a objectividade e a particularidade do Serviço Social, o que lhes permitirá actuar nas mais diversas organizações.

É desejável formar técnicos capazes de enfrentar os desafios e problemas que se lhes depararem na vida profissional e obter soluções adequadas às estratégias e objectivos estabelecidos.

Com vista à concretização destes objectivos, o curso, para além dos estágios e aulas práticas, tem promovido seminários diversos, aulas abertas, um congresso nacional, e tem realizado investigação no âmbito do projecto identidades e diversidades, designadamente ao nível de trajectórias sociais, histórias de vida e estudos etnográficos com idosos, toxicodependentes, imigrantes, etc..

De uma forma genérica, os assistentes sociais deverão assegurar a pesquisa, a recolha e tratamento de informação, e deverão estar aptos a intervir em contextos sociais problemáticos.

As políticas sociais têm como objectivo assegurar as condições mínimas de subsistência e de dignidade de todos os cidadãos, designadamente nos domínios da segurança social, saúde, habitação, direitos específicos da família, quer se trate de pais, de mães, crianças, jovens, deficientes, idosos, migrantes, grupos étnicos, sem abrigo, vítimas de HIV, toxicodependentes e excluídos em geral.

Os Técnicos de Serviço Social têm como objectivo profissional assegurar a implementação destas políticas de forma equitativa.

FutSal dá o pontapé de saída para o novo ano

Janeiro é, por norma, um mês de reflexão nos campeonatos universitários das respectivas modalidades. Ainda assim, o FutSal não parou e se a equipa masculina do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) somou mais duas vitórias na Liga Universitária, o sector feminino ainda não recuperou a perda de Patrícia Soares e prestou-lhe uma última e digna homenagem.

FutSal Masculino cumpre e convence

O primeiro mês de 2006 começou, sem dúvida, intensamente e em grande para o FutSal Masculino do IPL. Com dois jogos em apenas três dias, embora ambos disputados em casa, a equipa orientada por Delfino Faria cumpriu e somou os 6 pontos que se pedia. O primeiro encontro teve lugar no dia 9 de Janeiro com o IPL a receber o Instituto Politécnico de Tomar, num jogo em atraso. Com a equipa visitante motivada pela presença do imenso público que trouxe até ao Pavilhão dos Parceiros, o jogo foi desde cedo muito equilibrado e a poder pender para qualquer um dos lados. Infelizmente faltaram os golos, não por falta de empenho, mas pelas exibições de ambos os guarda-redes. O golo que deu a vitória aos visitados acabou por surgir aos 19 minutos por intermé-

Actividades em Março

Dia 1 - Universidade de Lisboa-IPL (FutSal Masculino)

Dias 1 e 2 - III Torneio de Apuramento em Braga (Andebol Masculino)

Dias 8 e 9 - III Torneio de Apuramento em Guimarães (Basquetebol Masculino)

Dia 9- IPL - Universidade de Lisboa (FutSal Masculino)

Dias 14 e 15 - III Torneio de Apuramento em Guimarães (FutSal Feminino)

Dias 16 e 17- III Open de Ténis em Coimbra

Dias 20 e 21- III Torneio de Apuramento em Braga (Voleibol Masculino e Feminino)

Dias 28 e 29 - I Open de Voleibol de Praia em Gaia

Dia 29- IPL - Universidade de Coimbra (FutSal Masculino)

Dias 29 e 30 - II Open em Braga (Andebol Feminino)

dio de Paulo Sousa. Três dias depois foi a vez de se cumprir a 6.ª jornada, novamente no Pavilhão dos Parceiros, a casa do IPL, com um derby sempre apetecível. Frente a frente estiveram IPL e IP Coimbra, num encontro que acabou com uma contundente goleada dos homens da casa, que logo aos seis minutos já se viam na frente do marcador com dois golos sem resposta. Ainda assim, a equipa de Coimbra soube reagir e chegou ao empate pouco depois do intervalo, numa clara subida de motivação e níveis de rendimento que a equipa de Leiria soube anular. No final, uma vitória por 6-2 que coloca a equipa do IPL em excelente posição na Liga Universitária, quando entra para um período de descanso, visto que o próximo jogo só se disputa a 1 de Março.

FutSal Feminino cumpre homenagem na terra natal de Patrícia Soares

A equipa de FutSal Feminino do IPL deslocou-se no passado dia 15 de Janeiro às Bairradas (Figueiró dos Vinhos), para cumprir o jogo de homenagem à Patrícia Soares, ex-atleta de ambas as formações, que faleceu no dia 1 de Dezembro de 2005, vítima de um acidente de viação. Apresentando a equipa possível devido ao período de frequências, as amigas da Patrícia não quiseram deixar de estar presentes neste dia, véspera daquele que seria o seu 20º aniversário, juntamente com o treinador Delfino Faria e o responsável pela área desportiva do IPL, Marco Oliveira. O jogo disputou-se assim entre as duas equipas que a malograda jovem representava: a Associação Bairradense Cultura e Desporto e o Instituto Politécnico de Leiria. A equipa que viajou de Leiria não iniciou o jogo sem antes entregar de forma simbólica a camisola número cinco que a aluna envergou à família, cumprindo deste modo a promessa de não mais utilizar este número em memória da Patrícia, num gesto proposto por Marco Oliveira e que recebeu a clara concordência do Administrador dos Serviços de Acção Social do IPL. O resultado era o que menos interessava, no entanto fica o registo da vitória da equipa de Leiria, por 1-17.

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Mário Ventura
A emoção era visível nas amigas de Patrícia Soares (Foto: Sector de Desporto). Ricardo Vieira Director do Curso
O sonho de criar uma Academia em Leiria
Maria Inês Maurício
Susana Raposo

Trabalhos de férias e part-time importantes para a empregabilidade

Trabalhar para arranjar emprego

Com o número de desempregados recém-licenciados a não parar de aumentar − em Outubro chegaram aos 50.000, de acordo com dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional − começa a caber às universidades a criação de alternativas de formação que potenciem a empregabilidade dos seus alunos.

Trata-se de melhorar o currículo dos estudantes, através de um contacto precoce com o mundo do trabalho, já que, na abordagem do mercado, todas as experiências são valorizadas.

A experiência profissional adquirida durante o tempo de estudo, mesmo noutras áreas profissionais, como por exemplo os trabalhos de Verão, estágios não remunerados ou parttime, torna-se assim numa mais-valia para todos aqueles que todos os anos engrossam as estatísticas do desemprego em Portugal.

Análise multifactorial

A selecção de um candidato para um determinado posto de trabalho implica a análise de um determinado número de variantes. E são considerados factores que vão muito para além da experiência profissional. Vanda Santos, adjunta de Qualidade e Selecção da Adecco Recursos Humanos − empresa presente em Portugal desde 1989, que desenvolve a sua actividade em diversas vertentes da área dos Recursos Humanos, detendo um profundo conhecimento e envolvimento na realidade económica e no mercado de emprego a nível nacional − considera que estas experiências são importantes para a selecção de um candidato recém-licenciado. Esta responsável explica que elas permitem ao estudante «conhecer o contexto laboral e o funcionamento interno de uma empresa, permitindo também, por outro lado, o desenvolvimento de características profissionais fundamentais como a responsabilidade, autonomia, conscienciosidade, pontualidade, assiduidade. Ou seja: capacidade de trabalho». Ainda de acordo com esta técnica, «qualquer experiência profissional contribui não só para a valorização do currículo, como também para a valorização em termos pessoais».

Apesar de não se poderem generalizar os critérios de selecção, já que cada processo de recrutamento tem requisitos próprios, dependendo dos objectivos da empresa para a função em causa, a verdade é que num processo de selecção estas experiências «são valorizadas», pois «são indícios de di-

Inquérito

namismo, autonomia, iniciativa, e demonstram capacidade para coordenar várias tarefas em simultâneo: os estudos e o trabalho», refere Vanda Santos.

Trabalhar ou não trabalhar?

Céline Gaspar e Liliana Figueiredo são duas jovens com formação na área da Comunicação Social.

Céline, 23 anos, concluiu no presente ano a licenciatura de cinco anos em Comunicação Social, na variante de Relações Públicas, na Universidade do Minho. Liliana, 20 anos, é aluna do terceiro ano de Comunicação Social e Educação Multimédia, na Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico de Leiria. Apesar das semelhanças na formação, há uma diferença no percurso das duas jovens que poderá marcar o seu percurso profissional.

Céline começou a trabalhar com apenas 15 anos. Desde esta idade que trabalha nas férias de Verão, chegando mesmo a ter um part-time, ao fim-de-semana, que conjugava com as aulas na faculdade.

A realidade do Instituto Politécnico de Leiria

Na expectativa de conhecer a realidade dos estudantes do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), foi realizado um inquérito por questionário, a fim de saber se os estudantes trabalham durante o curso. A amostra seleccionada é constituída por 79 alunos do IPL, de ambos os sexos. Os inquéritos foram distribuídos aleatoriamente na Escola Superior de Educação de Leiria, ESEL, e na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, ESTG. A idade dos inquiridos varia entre os 18 e os 29 anos. De acordo com o inquérito, a maioria dos alunos frequenta o segundo ano do curso.

De acordo com este inquérito, a maioria dos estudantes tem já algumas experiências profissionais. Dos estudantes inquiridos, 65% já tiveram algum tipo de experiências profissionais. No entanto, estas experiências não foram, na sua

maioria, na sua área de formação.

Ainda de acordo com o inquérito, do total dos inquiridos, 10% já trabalharam sem receber qualquer tipo de remuneração, pondo assim a experiência profissional que adquirem como a principal razão para a procura de um emprego enquanto ainda estudam.

A razão mais apontada pelos estudantes para arranjar um emprego, quer durante as férias, quer durante o tempo de aulas, é para ganhar dinheiro para gastos supérfluos (40%). Pagar despesas com os estudos (15%), ganhar experiência profissional (15%) e ocupar o tempo livre (15%) são as outras razões apontadas logo de seguida pelos inquiridos.

Ainda de acordo com este inquérito, 16% das raparigas e 16,6% dos rapazes afirmam nunca ter trabalhado.

A trabalhar na restauração, em cafés, numa secretaria, ou como auxiliar de serviços administrativos, num parque de campismo, Céline sempre conseguiu atingir os seus objectivos: «Até fui vendedora da TV Cabo, e, mesmo aqui, ultrapassava sempre os objectivos!»

«Não me conseguia imaginar a estar em casa, parada, os dois ou três meses de férias de Verão, sem fazer rigorosamente nada», afirma a jovem Céline. «Os meus pais tiveram aqui um papel muito importante. Sempre me incentivaram, quer pela experiência que se ganhava, quer pela experiência de trabalhar, já que trabalhar não era tão fácil como ir às aulas e chegar a casa e ter a ‘papinha’ toda feita, diziam. E também, claro, pelo dinheiro, porque assim dava para eu comprar as minhas coisinhas».

Liliana, por seu lado, nunca trabalhou: «Nunca trabalhei, nem mesmo ao fim-de-semana… E só agora, no terceiro ano, é que vou ter o estágio [curricular], e por isso nunca trabalhei. Primeiro porque nunca precisei, segundo porque normalmente vou ter com os meus pai à Alemanha, nas férias de Verão». E porquê? «Apesar de ser possível conciliar um emprego ou um estágio com os estudos, é um bocadinho complicado, pois são duas coisas que exigem muito de nós. Depois de um dia de trabalho – ou mesmo de estágio – é complicado ainda ter cabeça para estudar», justifica Liliana Figueiredo. Quanto às experiências profissionais noutras áreas, Liliana Figueiredo defende que «neste curso, isso não tem muita importância. Poderá trazer algumas vantagens pessoais, de responsabilidade, de postura, agora em termos de conhecimentos para o nosso dia-a-dia, nesta área, não me parece que sejam experiências muito importantes…»

Crescer no trabalho

Céline Gaspar encontra-se actualmente a realizar um estágio profissional com duração de nove meses numa empresa da área de comunicação. Aufere um rendimento equivalente a dois ordenados mínimos nacionais. Um pago pela empresa, o outro pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional. Mas Céline já aceitou trabalhar sem ser remunerada. «Quando iniciei este estágio, a empresa propôs-me ficar um mês à

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dar
a

A experiência profissional adquirida durante o tempo de formação, mesmo noutras áreas profissionais, por exemplo, trabalhos de Verão, estágios não remunerados ou part-time, é importante para a selecção de um candidato recém-licenciado?

Eu não sei dizer se é importante para a selecção de um candidato recém-licenciado, mas digo-lhe que é fundamental para o candidato recém-licenciado. Eu vejo isso numa perspectiva anterior à selecção.

Existe a ideia de que “eu estou a tirar um curso de gestão, eu vou ser gestor”, ou “estou a tirar um curso de tradução e vou ser tradutor”, e hoje em dia isso já não existe. Tiro o curso e começo a vida, seja em que área for, porque a única coisa que um curso dá é alguma bagagem.

As experiências profissionais durante o curso são valorizadas aquando da selecção de um jovem recém-licenciado?

Claro. O trabalho permite às pessoas abrir os horizontes. Quando entram no mercado de trabalho, acham que é uma maravilha, que vão trabalhar na área que sempre idealizaram. Mas de repente, aparece-lhes um caminho completamente diferente. E ficam perdidas.

Quem estiver à espera de acabar o curso para arranjar qualquer coisa, está à espera que lhe caia qualquer coisa em cima. Um recém-licenciado tem pouca experiência, logo tem de demonstrar outras coisas, demonstrar o seu potencial. Por exemplo, na área da comunicação: se eu sei que uma pessoa teve uma experiência de atendimento num café, contacto com o público, isso não é uma função menor, é importante, quanto mais não seja para o crescimento pessoal, tem de se relacionar com pessoas…

experiência, sem vencimento. Claro que aceitei logo, e dei o meu melhor para poder prosseguir o estágio». Mas esta não foi a primeira experiência profissional de Céline sem remuneração: «Fiz voluntariado numa associação de comércio justo, em Braga, na área da comunicação interna, durante o tempo que estudei na universidade.»

Já para Liliana Figueiredo, a hipótese do estágio começa agora a colocar-se: «Começo agora a pensar nisso, acho que é importante, e de preferência remunerado. É necessário, para ganhar experiência.»

Questionada sobre a importância destas experiências profissionais durante o curso, Céline não hesita em transmitir a sua opinião. «Acho que foram extremamente importantes, já que me deram uma perspectiva do que é o mundo do trabalho. Ganhei a responsabilidade de saber o que é a pontualidade, a assiduidade, e que o trabalho não é como as aulas: “ok, hoje não me apetece e não vou”. Provavelmente existe muita gente que não tem esta noção». E continua: «Ganhamos outro espírito de iniciativa, sabemos compreender a hierarquia dentro das empresas, e, sobretudo, crescemos um bocado… Ou melhor, vai-se crescendo, porque acho que as pessoas não têm a noção do que é preciso crescer quando se começa a trabalhar».

Empregadores, a outra visão do problema

João Paulo Leonardo, jornalista, é director da revista Invest. Sobre a contratação de jovens recém-licenciados com ou sem experiências anteriores, mesmo nestas áreas, este profissional da comunicação teve já oportunidade de contratar ambos. E afirma: «Há diferenças entre estes dois tipos de candidatos, a começar na capacidade de iniciativa». Questionado sobre os critérios de selecção entre duas candidaturas de recém-licenciados, um com experiência, outro

Num processo de selecção entre dois jovens em situação académica similar, um tem este tipo de experiência profissional adquirida durante o curso, e outro tem apenas o diploma. O primeiro tem preferência sobre o outro?

Não, por si só a experiência não vale nada. O indivíduo pode ter imensas experiências profissionais e ser um “estafermo” como pessoa. Há que ter qualidades humanas. Pode ter imensas experiências, mas se não tiver carácter…

E se este tiver uma média superior. É importante?

A média não me diz nada. A média são os conhecimentos que o indivíduo demonstrou num teste. Agora, num trabalho, estes conhecimentos funcionam? Muitos líderes e gestores das organizações não tirava boas notas quando estava a estudar.

E a formação académica? É suficiente?

A formação académica, hoje em dia, por si só, não vale nada. Um indivíduo de gestão, por exemplo, pode ter notas excelentes durante o curso mas depois, no dia-a-dia enquanto gestor, se tem que lidar com uma situação diferente das que aprendeu nas aulas, como por exemplo se vê a braços com uma situação de falta de dinheiro para executar o plano de gestão, entra completamente em parafuso… E eu não quero esse indivíduo.

Os recém-licenciados chegam ao mercado de trabalho com as ferramentas necessárias e suficientes para exercerem uma profissão? Não. Mas ninguém chega, é impossível.

O que é que lhes falta?

Faltam-lhes conhecimentos técnicos, falta-lhes muita coisa.

Se trouxerem vontade é mais fácil. O problema é quando não trazem vontade. Ninguém está à espera, na minha opinião, de que um recém-licenciado saiba fazer muita coisa. Mas sabe procurar, e sabe ter vontade. Mas isso é uma característica da pessoa, e ela tem de ir à procura, e tem de estar aberta a isso, e tem de saber que não é por ser licenciado que vai ser chefe, ou que vai logo arranjar emprego na sua área preferida.

O que acha do ensino universitário do distrito de Leiria, em função da oferta profissional existente?

Está cada vez mais adaptado às nossas necessidades. No entanto, precisa de melhorar. Houve um pulo enorme, fizeramse apostas. Se calhar não foram as melhores, e podem até ter errado em muita coisa, mas existe uma vontade de adequar cursos e ir à procura de mercado. E isso é bom.

Que conselhos dá a quem ingressou agora no ensino superior, iniciando assim a sua formação profissional?

Que estude, e que aproveite a vida. No primeiro ano, por exemplo, que não vá só às aulas, que se divirta.

Mas essa resposta não é um politicamente incorrecta? Há fases para fazer tudo… Se uma pessoa não se divertir nestas idades, então não sei quando é que se vai divertir. Mas há tempo para tudo. Se nós formos ao Mcdonald’s, por exemplo, vemos lá montes de jovens a trabalhar que estudam à noite.

Que conselhos daria aos estudantes?

Olhem para dentro de si próprios. Está lá tudo. Não está no Governo, não está nas empresas, não está na crise. Está dentro de nós, só. Quer o bom, quer o mau.

sem, João Paulo Leonardo é peremptório. «Obviamente que o primeiro teria preferência sobre o segundo. Primeiro, porque demonstra a capacidade de iniciativa do recém-licenciado, indício que terá potencial para constituir-se como membro activo de um qualquer ambiente laboral; depois, porque qualquer experiência profissional, mesmo seja do ramo noutro ramo, é uma mais-valia para o próprio recém-licenciado e, eventualmente, pode ser para a empresa que o contratar». Também Pedro Costa, director executivo do semanário “Região de Leiria”, partilha esta opinião. «Nestes casos, os colaboradores revelam – quase sempre – uma acrescida maturidade organizacional e motivacional. Contudo, as diferenças são tanto ou mais notadas consoante as áreas da empresa para que são contratados. Por exemplo, na área muito específica do jornalismo, a generalidade dos recém-licenciados – mesmo que motivada – apresenta um muito deficiente nível de preparação para o exercício da profissão». Quanto aos critérios de selecção, na área mais restrita da redacção, Pedro Cos-

ta defende que «vontade de fazer, saber fazer e vontade de aprender a fazer sempre melhor» são os principais. E adianta: «Com as características anteriores, a experiência é importante mas não determinante. Disponibilidade e capacidade de adaptação constantes a novos desafios e formatos de trabalho também são factores relevantes. Depois, consideram-se os comuns a quase todas as áreas de recrutamento». António Silva, director-geral da Midlandcom e da Inforegiões, duas empresas na área da comunicação, também defende esta ideia. «Há diferenças substanciais. Em geral, aqueles que trabalharam nas férias de Verão, ou em part-time, durante o curso, têm uma noção muito mais real de como funciona a economia e a sociedade, são mais disponíveis, diligentes e responsáveis; e, ainda, mais “cultos”, no sentido que possuem mais informação sobre tudo o que os rodeia. A grande diferença é que o contacto precoce com o mercado de trabalho permite o desenvolvimento nos jovens de algumas de competências que são muito importantes no trabalho real»

Quanto mais experiências, melhor Independentemente das escolhas e cada um, a flexibilidade é uma palavra-chave para quem se aventura pela primeira vez no mercado de trabalho. Esta flexibilidade servirá para que cada jovem tenha a capacidade de se adaptar às diferentes realidades, que muitas vezes não correspondem aos caminhos inicialmente traçados.

Até porque, de acordo com Artur Ferraz, director-geral da empresa de Recursos Humanos Factor H, «a formação académica, hoje em dia, por si só, não vale nada» (ver caixa). Como diz o professor Adriano Moreira, definitivamente, uma licenciatura é apenas uma licença para aprender.

Akadémicos JORNAL MENSAL 2006 01 27 SEXTA–FEIRA 0 Está a dar
«Experiências profissionais são fundamentais para os recém-licenciados»
Artur Ferraz, Director-Geral da Factor H
Céline Gaspar Cristina Parente, Sandra Monteiro

Já foi a algum concerto da semana académica?

Aqui em Leiria já fui a um concerto desses da semana académica, quando se realizava lá em baixo ao pé do estádio. Não me lembro agora quem... Acho que eram os GNR.

Fez o curso em Coimbra. Como viveu a vida académica? Na altura em que eu estive em Coimbra a vida académica não era a que nós hoje imaginamos e que existiu no passado, que é uma referência tradicional de Coimbra, porque vivi em Coimbra o 25 de Abril. Estava no primeiro ano da faculdade, de maneira que vivi momentos muito conturba-

Sentado no mocho . Sentou, vai ter k explicar

dos, vivi a revolução, quando nunca se imaginava o que ia acontecer no dia seguinte.

Voltaria a estudar, voltaria ao ensino superior?

Sem dúvida nenhuma! Admito que quando voltar à «vida civil» possa vir a fazer uma pós-graduação na área da Ciência Política... admito que sim... e gostaria E, já agora, não concordo nada quando se diz que há demasiados alunos no ensino superior. Todos deviam ter a oportunidade de conseguir fazer umn curso superior, independentemente depois das tarefas que viessem a executar na vida prática.

«Estudantes devem participar na vida cívica da cidade»

A começar o seu terceiro (e último) mandato como presidente da Câmara Municipal de Leiria, Isabel Damasceno faz o balanço de algumas das questões mais polémicas do seu mandato. Considera que o IPL deverá ser o melhor politécnico do País e aconselha os estudantes a encontrarem soluções imaginativas para contornar o facto de, por razões de segurança dos próprios, não poderem tomar banho na fonte luminosa, na Semana Académica.

Sendo natural de Mirandela, como veio parar a Leiria, e mais tarde à política?

Vim parar a Leiria porque o meu pai veio para Leiria trabalhar. Na altura ainda não tinha dois anos, tive de o acompanhar, claro. Andei muito pelo país devido às funções que o meu pai na altura desempenhava. Leiria foi a cidade onde vivi mais tempo no conjunto das várias mudanças de cidade em cidade. A entrada na política, enfim, são circunstâncias que surgem na vida das pessoas, não foi nada planeado… Tenho uma razão para a entrada num partido, isso tenho. Tinha algumas afinidades ideológicas com a democracia, que vêm do tempo da faculdade. E em determinada altura, quando o professor Cavaco Silva era primeiro-ministro, porque o apreciava e apreciei muito a sua postura − acho que foi, sem dúvida, o melhor primeiro-ministro que Portugal teve, pela sua postura, pela sua seriedade, a sua integridade e a sua capacidade de fazer coisas − foi por isso que entrei no PSD, que me filiei. Achei que era importante não só ser uma observadora atenta e apoiante, mas apoiar por dentro. Quanto ao resto, foi um conjunto de circunstâncias, que me levaram pela primeira vez a ser candidata à Junta de Freguesia de Leiria, eleições que perdi. Isso foi a primeira experiência política, e depois, passados quatro anos, outro conjunto de circunstâncias levou-me a ser candidata à Câmara.

Mas há aí um período de transição em que tem uma intervenção cívica…

Sem dúvida. Tive uma intervenção cívica como presidente da ADLEI, que é uma associação de desenvolvimento prestigiada e que na altura tinha muito mais actividade. E fui secretáriageral de um congresso que eles organizaram, com bastante visibilidade e importância. Na altura já era militante do PSD, mas tive essas intervenções cívicas. Acredito que isso tenha ajudado a uma certa projecção e a um certo conhecimento que levou depois ao convite para ser candidata à Câmara.

E como se sentiu ao ser a primeira mulher eleita para presidente da Câmara do distrito?

Foi um grande orgulho, sem dúvida. Fiquei muito satisfeita também por ser mulher e, até agora, a única.

Tem sido muito difícil estar na linha da frente desta cidade há tantos anos?

É difícil mas também é muito gratificante. É evidente que ser presidente da câmara de um município com a dimensão de Leiria, é uma missão. Acredito que em municípios muito grandes, a exposição e, se calhar, a protecção, sejam maiores, e em municípios muito pequenos é muito mais fácil, consegue-se estar em tudo ao mesmo tempo e é muito mais fácil. Nesta dimensão, um concelho médio, já com um certo trabalho, isto acaba por ser desgastante e é a tal missão: é de manhã à noite, sábados e domingos e não há tempo para mais nada. Mas é gratificante, porque se consegue fazer uma coisa pelas pessoas e isso é a coisa mais importante que nos motiva.

Indo agora para a actualidade política, foi fácil chegar a um acordo de coligação com a Eng.ª Isabel Gonçalves,

depois de um passado de desentendimentos?

Foi fácil. Foi muito fácil. Nós devemos entender que as coisas que acontecem nas campanhas e na política são assim mesmo. Cada um utiliza os seus argumentos para atingir o objectivo que é ter a melhor votação possível. Nem sempre os argumentos podem ser os mais correctos, podemos na altura pensar “bem se calhar disse isto e não se devia dizer”, mas nós que estamos nesta vida devemos ter a capacidade suficiente para perceber, que se calhar eu também digo algumas coisas que não são as mais correctas e no dia seguinte isso deve passar. Portanto, na política não deve haver inimigos. Deve haver adversários, mas não inimigos. Portanto, eu nunca tive uma relação de inimizade com a Eng.ª Isabel e isso ajudou muito a conseguirmos o entendimento.

O facto de serem duas mulheres ajudou?

Não sei... Não prejudicou, não prejudicou, seguramente. Agora acredito que se fosse um homem, talvez não tivesse sido

também difícil. As mulheres são mais pragmáticas, acredito que isso tenha ajudado um bocado. Havia um objectivo a atingir: vamos resolver o problema e mais nada. Mas acredito que se fosse um homem também se conseguia. É a minha convicção.

Qual o seu comentário à forma como o povo fala da coligação, como “as Isabéis”?

Eu acho que é giro, é carinhoso. Ainda há mais essa coincidência.

Fazia o estádio da mesma maneira

Relativamente ao Estádio Municipal de Leiria, depois de tantas críticas, voltaria a tomar a mesma decisão no presente? Faria o estádio da mesma forma, com as mesmas características?

Tomava a mesma decisão e fá-lo-ia com as mesmas características. A única coisa que aqui se poderia questionar era

Presidente da câmara Municipal de Leiria

2006 01 27 SEXTA–FEIRA 0 Akadémicos JORNAL MENSAL
Isabel Damasceno, presidente da Câmara Municipal de Leiria
Isabel DAMAScENO
Fotos: Sónia Olaio
Ângela Duarte, Paulo Marq ues

«Extremos da praxe são um disparate»

Como encara a praxe?

Praxes levadas ao extremo acho um disparate total, agora, praxes... Lembro-me de histórias do meu pai que foi estudante de Coimbra, que uma das coisas que lhe fizeram no primeiro ano, uma das praxes, foi fazer um discurso para uma multidão no cimo das escadas monumentais em Coimbra, achava coisas dessas giríssimas porque obrigavam à criatividade... agora aqueles disparates... Ainda

se a opção do País por dez estádios foi a mais correcta. É a única coisa. A partir do momento em que foi essa a opção e que nós tínhamos Braga, Aveiro e Coimbra na corrida, eu acho que era muito mau para Leiria não estar não mesmo patamar num projecto que era um projecto nacional e que foi um projecto de projecção internacional. Portanto, mantinha exactamente as mesmas opções.

Fazia também sentido que Leiria estivesse na organização do Europeu de sub-21?

Fizemos essa proposta. Houve a opção de o concentrar no Norte, por uma questão de não dispersão geográfica, foi a explicação que nos foi dada. Agora o que nós vamos tentar é trazer para cá equipas em fase de treino, de estágios, estamos a trabalhar nisso.

Temos o melhor Politécnico do País

Sendo a presidente da câmara de Leiria e o presidente do IPL originários de quadrantes políticos distintos, qual tem sido o tipo de relação entre estas duas entidades ao longo dos anos?

Muito boa. O melhor possível. Com uma apreciação mútua e com capacidade de organizar coisas em conjunto, nunca havendo qualquer tipo de divergências. Lá está, mais uma vez: o que conta é o bem da comunidade, muito mais do que as opções políticas. E ele, o presidente do IPL, é uma pessoa bastante tolerante, com uma capacidade de abertura extraordinária. A questão partidária aqui nunca fez sentido, nem ao de leve. Há uma sintonia total em relação aos projectos, independentemente das opções partidárias.

Já que estamos no contexto do IPL, como avalia a evolução deste ao longo do tempo e a nível nacional?

Muito bem. Acho que nós neste momento temos se calhar o melhor Politécnico do País, em termos de organização e de competências e em termos daquilo que eu acho que serve para avaliar uma escola, que é a empregabilidade. Nós podemos ter escolas muito brilhantes, com uma boa capacidade formativa, e depois as pessoas saem de lá e ficam no desemprego! E nós, felizmente, também pela região em que estamos, mas também muito pela qualidade do ensino muito ligado à prática e ao mundo empresarial, a verdade é que temos um índice de empregabilidade dos jovens que saem do IPL muito elevado. E acho que é este conjunto de circunstâncias que levam a que o IPL seja uma referência, não só na região como no país todo. E pela capacidade de gestão das pessoas que estão à frente das várias escolas.

Considera então que o IPL tem sido uma mais-valia para o concelho e para a região?

Sem dúvida! O IPL tem tido, na minha leitura, uma influência enorme no aumento populacional de Leiria. Nós tivemos entre os dois últimos censos um aumento populacional de cerca de 17%. É um aumento muito grande. Foi o concelho da região centro que mais cresceu. Não tivemos um aumento de natalidade muito substancial, em termos comparativos, estamos na mesma média do país. O IPL teve uma influência muito grande porque os jovens vêm para cá fazer a sua formação e ficam cá. A maioria fica cá. E vêm de vários sítios do país: do interior, do norte, etc.... Há realmente uma atractividade muito grande nesta região para os jovens. E o IPL tem sido um atractivo muito grande, decisivo.

E não considera necessária uma universidade?

Eu considero que era importante que o IPL evoluísse para Universidade Politécnica, ou seja, um estatuto que permitisse que o IPL mantivesse as mesmas características que tem hoje no ensino ligado à prática e ao entrosamento no mundo empresarial, mas que permitisse também adquirir graus de mestrado e doutoramento.

Apoios são na medida certa

Que tipo de apoios a Câmara oferece aos estudantes? Temos vários tipos de apoios. Para além dos apoios logísticos e financeiros para a organização dos vários eventos que vocês fazem, nomeadamente a nível da semana académica, da recepção ao caloiro, dos cortejos e das festas todas associadas a esses eventos, temos incentivos próprios, através de um programa da apoio ao associativismo juvenil, onde entram

no outro dia estava um grupo de colegas vossos aqui em frente, andavam a fazer flexões, outros a lamber o chão... aqui em frente à Câmara, vi eu! Acho uma coisa disparatadíssima! Não tem originalidade nenhuma, não leva a coisa nenhuma... É originalidade no mau sentido. Agora outras coisas, de intervenção cívica, enfim, pô-los à prova... porque chegam, jovens e pô-los a fazer um discurso ou uma acção qualquer em termos concretos da vida académica, isso é uma prova interessante. Agora no extremo que se tem atingido, acho um disparate.

através destas intervenções cívicas, não ficarem isolados no seu papel de estudantes, mas tentarem compatibilizar estas duas funções, que são importantes para a vossa vida enquanto cidadãos.

Era importante que os estudantes interviessem nos assuntos da cidade através da participação nas várias associações que há na cidade, associações cívicas, associações de desenvolvimento, associações desportivas, enfim, todas essas colectividades são experiências de vida fundamentais.

Aconselhou a sua filha mais nova a ir para o ensino superior cá em Leiria?

Não tinha qualquer tipo de problema de que isso viesse a acontecer, única e simplesmente ela tem vocação, praticamente desde que nasceu, para medicina, e em Leiria não há medicina... Como vai ser difícil ir para medicina em qualquer sítio do país, por razões que todos conhecem, às tantas vai para Espanha, não é que eu goste muito, nem ela, mas se tiver que ser… Mas se eventualmente não conseguir ir para medicina, e se fizer a opção por enfermagem, por exemplo, acharia muito interessante que ficasse em Leiria. Mas ela tem aquele objectivo da medicina, vamos ver se consegue.

Com a actual crise económica e consequente desemprego, que perspectivas acha que podem ter os estudantes do ensino superior que pretendam instalar-se no concelho?

Eu acho que em Leiria ainda vão tendo muitas oportunidades, embora evidentemente varie muito de curso para curso. O que verificamos é que, por exemplo, cursos na área das engenharias, sejam elas quais forem, têm grandes saídas profissionais aqui na região. Evidentemente que alguns cursos ligados aos recursos humanos, às traduções, eventualmente não terão tanta saída, mas isso é crítico em qualquer sítio do país, e acredito que apesar de tudo aqui ainda haja alguma capacidade de empregabilidade. Dentro da crise que existe e da dificuldade de encontrar soluções de emprego para os jovens, estamos numa região privilegiada, apesar de tudo.

as associações de estudantes. Aliás, neste momento está em pleno curso a apresentação de candidaturas para projectos específicos, que passam desde eventos vários, até à criação de jornais de escola, de rádios de escola, de conferências, de colóquios, etc.. . É um programa muito transparente e tem tido uma evolução muito grande nos últimos anos, isto é, quando começámos era um número muito diminuto de associações que apresentaram candidaturas, e hoje em dia já é significativo.

Considera que esses apoios estão na medida certa ou poderiam ainda ser melhorados?

Eu acho que estão na medida certa, mas evidentemente que vão evoluindo na medida em que os vossos projectos nos são apresentados, os quais hoje em dia são muito mais ambiciosos do que eram quando o projecto começou.

Participem na comunidade

O que diria a um aluno que pense em vir estudar para Leiria? Que conselhos lhe daria?

Em primeiro lugar, que se aplicasse e que estudasse. Se eles vêm para estudar é para estudar e para atingir o objectivo − este seria o primeiro conselho, porque às vezes esquecem-se, têm muitas actividades paralelas, que são importantes, mas não podem colocar em causa o essencial... Por outro lado, as actividades cívicas ligadas às associações de estudantes e a qualquer tipo de organização são fundamentais para a vossa formação enquanto cidadãos, portanto, este era um conselho que eu também dava: tenham uma participação cívica! Mas não esqueçam que o objectivo principal por que estão cá é para estudar e para fazerem a vossa formação. E depois, um conselho para se entrosarem na própria comunidade

Há alternativas ao banho

Em Outubro passado, no desfile do caloiro, a Câmara impediu o tradicional banho na fonte luminosa, alegando a falta de segurança que a fonte oferecia; por outro lado, não foram disponibilizadas alternativas para que a tradição do banho se cumprisse. O que é que falhou neste processo?

Parece evidente que é um perigo estarem pessoas dentro de uma fonte onde há mecanismos eléctricos. Acho que vocês também têm de fazer alterações de comportamentos, e não é obrigatório que se mantenha a tradição de tomar banho na fonte. Podem encontrar outras soluções mais atractivas, mais engraçadas, com criatividade e originalidade, que substituam esse banho na fonte ou, se quiserem, podem tomar banho na Fonte das Três Bicas, que aí não há qualquer perigo. Se encontrarem outra ideia interessante, a Câmara encontra-se receptível, agora a fonte é perigosa. A decisão que tomámos foi, acreditem, para defesa da integridade física dos estudantes.

Mas qual é a alternativa? Pode dar-nos uma novidade em primeira-mão?

Há que arranjar uma alternativa! O vosso papel é esse! Ou convencerem-se que a história do banho não tem de ser obrigatória! Não é uma tradição, enfim, com uma grande criatividade e uma grande originalidade. Pode haver outras coisas mais engraçadas para vocês fazerem que não seja necessariamente o banho na fonte luminosa. É também vossa obrigação encontrarem soluções originais.

Akadémicos JORNAL MENSAL 2006 01 27 SEXTA–FEIRA 0 Sentado no mocho . Sentou, vai ter k explicar

Teatro na “Academia” de Leiria

O grupo de teatro da ESTG, em parceria com o grupo TE-ATO, prepara, desde Outubro de 2005, a peça “O Beijo do Asfalto”. Os ensaios decorrem na sede do TE-ATO, sob a coordenação do encenador João Lázaro. Segundo Rosália Dias, representante do grupo de teatro da ESTG, esta será a primeira fase em que se pretende que as pessoas ganhem experiência, “depois vamos tentar ganhar autonomia do TE-ATO”. Para entrar para o grupo de Teatro é necessário ser estudante do IPL ou ISLA e os interessados devem dirigir-se à AEESTG ou ao local dos ensaios, que decorrem todas as segundas e quartas às 21.30h, nas instalações do TE-ATO no Terreiro, mais concretamente na rua do Habitus.

A estreia do até agora único grupo de teatro da Academia de Leiria está prevista para Abril deste ano, numa sala do Estádio Dr. Magalhães Pessoa.

A fechar

Tomada de posse

RGA com entusiasmo mas pouca gente

Uma fraca adesão dos alunos marcou a Reunião Geral de Alunos (RGA) da ESEL para a apresentação do relatório de contas da antiga direcção e dar a conhecer o plano de actividades para este ano da nova direcção Associação. A RGA decorreu no dia 12 de Janeiro e o entusiasmo foi quase nulo. Esta assembleia adquiriu um cariz especial pelo facto de ser a primeira RGA da nova direcção da Associação de Estudantes, e portanto, um primeiro teste de aceitação da mesma. A situação foi comentada pelo presidente da direcção, Paulo Marques, pelo facto de a assembleia ter sido marcada nonal do semestre, limitando a disponibilidade dos alunos. A grande novidade que saiu desta reunião foi a proposta de alteração aos estatutos da Associação de Estudantes da ESEL de forma a criar núcleos de curso, à semelhança do que já existe noutras escolas e faculdades, e também a criação de um conselho de delegados de turma, numa tentativa de me-

Blogosfera

Mais um mês... Mais Blogues!

Não tens nada que fazer nestes dias de Inverno? Não desesperes. O Akadémicos dá-te uma ajuda a passar mais umas horas em frente ao computador.

Lixo! [http://lixo-lixo.blogspot.com]

Mais do que um blogue, o “lixo” é um alarme. Por todo o país se encontram atentados ao ambiente, com o esquecimento de lixos e entulhos um pouco por toda a parte.

Causa Nossa [http://causa-nossa.blogspot.com]

8 autores... Centenas de posts sobre política. Como não podia deixar de ser, o último mês foi preenchido com uma série de opiniões sobre as eleições presidenciais.

O Meu Pipi [http://omeupipi.blogspot.com]

O Akadémicos não podia deixar passar mais tempo sem chamar à ribalta um dos blogues nacionais mais badalados. O Meu Pipi não é aconselhável a menores de dezoito anos nem a pessoas com fraca sensibilidade moral... Mas é uma paragem obrigatória para quem gosta de humor made in Portugal.

Anos 80 [http://80smelhordecada.blogspot.com]

Para os saudosistas, nostálgicos, e até mesmo os que pararam no tempo, o blogue dos anos oitenta é um local a visitar... Nem que seja para rever aqueles chapéus de chocolate que adoçaram a infância de muitos nós.

Blog ou blogue?

Vários leitores do Akadémicos zeram-nos chegar as suas dúvidas sobre a forma como escrevemos «blogue», defendendo que a forma correcta seria «blog». Pois não é. E, sem mais delongas, vejamos, com a ajuda do site www.cibeduvidas.sapo.pt: «Os neologismos são palavras novas criadas para designar novas realidades. A adaptação de estrangeirismos e a sua gra a no português é multideterminada. Assim, no que diz respeito à gra a portuguesa de “blog” (termo reduzido da associação “web”+”log”), tanto poderia ter vingado a forma blogue como blogo, pois qualquer delas respeita a estrutura normal da palavra portuguesa; mas foi blogue a escolhida, certamente pela óbvia semelhança com a pronúncia da palavra original». Está explicado?

Consumo Obrigatório

Hoje em dia, devido à degradação ambiental, deparamo-nos com vários perigos. Um deles é o nosso prato! Até que ponto conhecemos aquilo que vamos comer? Bem sabemos que os agroquímicos utilizados no processo agrícola tradicional acabam por contaminar o que comemos.

A agricultura biológica surge como forma de evitar a degradação ambiental e proporcionar uma alimentação saudável. Desde o dia 5 de Setembro está aberta, em Leiria, a loja Cognoscitiva. O gosto pela natureza, a par com o desejo de chamar a atenção em relação ao ambiente, à saúde e à alimentação, levou à criação desta loja. Lá podemos encontrar tudo para cultivo biológico no interior ou exterior (estufas ou ar livre) e ainda produtos artesanais totalmente reciclados.

O projecto é inédito na região e tem vindo a captar o interesse das pessoas.

Para o futuro, os responsáveis pretendem continuar a satisfazer as pessoas e mudar-se para uma loja maior, onde possam comercializar produtos biológicos. Esse sempre foi um dos seus objectivos.

A loja está aberta a todos aqueles que se preocupam com o ambiente e com uma alimentação saudável e situa-se na Rua Barão de Viamonte (junto à Sé). Está aberta de segunda a sexta das 14h até às 20h e ao sábado das 10h às 13h e das 14h às 18h. Disponibiliza também informações no site www.

lhorar a representatividade dos alunos.

No dia 11 já tinha decorrido a tomada de posse da nova direcção da Associação de Estudantes da ESTG. A cerimónia começou com um pequeno discurso da direcção cessante e teve como principal objectivo a apresentação dos novos membros da Associação de Estudantes.

Aquilo que parecia um auditório composto, depressa se tornou numa pequena reunião quando foi pedido a todos os representantes dos núcleos de curso que subissem a palco para tirarem uma fotogra a.

Em ambos os casos, ESEL e ESTG, a adesão dos alunos cou muito aquém das expectativas dos organizadores das RGA… Parece que os alunos continuam a não ter tempo para se porem a par daquilo que se passa na escola que frequentam.

Mirone

Vale tudo para estacionar na ESTG O estacionamento está cada vez pior na ESTG. Com o aumento de número de escolas e de alunos no campus do Morro do Lena, e com o Continente a tomar medidas para evitar que o seu estacionamento seja invadido por veículos de «clientes» do estabelecimento vizinho, as dores de cabeça dos condutores para arrumar o carrinho são cada vez maiores. Mas há quem tenha a solução: ir de jipe e aproveitar as características de todo-o-terreno destes veículos para se desenrascar. Foi o que fez o proprietário do jipe da foto. Sem espinhas!

2006 01 27 SEXTA–FEIRA 08 Akadémicos JORNAL MENSAL
Foto: Susana Raposo
… e na ESTG tinha sido ainda pior Na ESEL esteve pouca gente…
Susana Raposo Rosália Dias
Cognoscitiva e vida saudável
Tatiana Silva Paulo Marques

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