Akadémicos 6

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SUPLEMENTO DO SEMANÁRIO REGIÃO DE LEIRIA DE 2005 12 02 NÃO
PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
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03 BAPTISMO DO CALOIRO CONTROLADO PELA POLÍCIA Victor Faria Sentado no Mocho «Nenhum estudante deve resignar-se perante a humilhação» 06 Foto: Joaquim Dâmaso
Parceria
com a ESEL ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LEIRIA 2005 12 02 SEXTA–FEIRA JORNAL MENSAL
A SECO!

Director Francisco Rebelo dos Santos

Director Executivo

Pedro Costa

Presidente do Conselho

Editorial Graça Fonseca (presidente do conselho directivo da ESEL)

Coordenador Técnico

António José Laranjeira

Redacção e colaboradores: Ana Rosa; Ângela Duarte; Cátia Campos; Cláudia Moiteiro; Cristina Parente; Daniel Borges; Diana Combo; Edite Felgueiras; Fátima Cordeiro; Fatu Mata; Fernanda Branco; Filipa Gonçalves; Filipe Guerra; Liliana Martins; Márcia Lamy; Mário Ventura; Marta Costa; Miguel Oliveira; Mónica Oliveira; Paulo Marques; Rui Formiga; Sónia Olaio; Susana Raposo; Susana Machado; Tatiana Silva; Vânia Crespo; Vânia Santos

Departamento Comercial

Alda Moreira (Directora);

Propriedade

Empresa Jornalística

Região de Leiria, Lda.

Contribuinte N.º 500 096 805

Redacção

Escola Superior de Educação de Leiria

Rua João Soares, Leiria akademicos@esel.ipleiria.pt

Parceria

Escola Superior de Educação de Leiria

Impressão Mirandela, SA, Lisboa

Distrbuição

Vasp

akademicos@esel.ipleiria.pt

”Habitantes e Habitats –Pré e Proto-história na Bacia do Lis”

Esta exposição terá lugar no Castelo de Leiria, até 30 de Março. No âmbito desta exposição irá decorrer também o “Ciclo de Conferência em Evolução Humana”. A entrada é livre.

Horário: Terça a Domingo, das 10h00 às 17h00. Para mais informações consulta a Agenda Cultural, referente ao mês de Dezembro, disponível em www.cm-leiria.pt

Vai lá, Vai...

uma agenda do mês

COLÓQUIOS E CONGRESSOS

6 de Dezembro

Palestra sobre “A Física e o Desporto”, no auditório 2 da Escola Superior de Educação de Leiria (ESEL), pelas 15h00.

9 de Dezembro

No âmbito da exposição “Habitantes e Habitats – Pré e Proto-história na Bacia do Lis, realizar-se-á a Conferência “Chimpanzés: os nossos parentes mais próximos”, pelas 18h00, no Castelo de Leiria.

13 de Dezembro

Sessão de Encerramento do Ano Mundial da Física, no auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG), pelas 15h00.

15 de Dezembro

”Café das Quintas”, uma conversa com Isabel Pires de Lima, Professora Universitária e Ministra da Educação. Teatro Miguel Franco / Mercado Sant’ana – Centro Cultural, pelas 18h00.

DANÇA

3 de Dezembro

Tango Argentino, no Teatro Miguel Franco/Mercado Sant’ana – Centro Cultural, pelas 21h30.

EXPOSIÇÕES

10 e 11 de Dezembro

Exposição de Animais de Companhia, na ExpoSalão Batalha.

Mais informações em www.exposalao.pt

OUTROS EVENTOS

Peça de Teatro “Mãe Preta”

No dia 2 de Dezembro, pelo grupo de Teatro “Estação Teatral da Beira Interior”. No Teatro Miguel Franco / Mercado Sant’ana – Centro Cultural, pelas 22h00.

II Collipo – Festival de Tunas de Leiria Realizar-se-á no dia 8 de Dezembro, com a organização da Trovantina, Tuna Masculina do Instituto Politécnico de Leiria (IPL).

”Qntal”, no âmbito do Festival Fade In 2005

Terá lugar no dia 10 de Dezembro pelas 22h00, no Teatro Miguel Franco / Mercado Sant’ana – Centro Cultural.

Curso de “Iniciação à prova de Vinho”

9 de Dezembro

“Spot Pot Sport” e “Mestiçagem”, duas peças, no Teatro Miguel Franco / Mercado Sant’ana – Centro Cultural, pelas 21h30.

inKérito | Consideras a praxe um processo de integração ou uma forma de humilhação?

Ana Rosa, Marta Costa

O curso começa no dia 10 de Dezembro, na Escola superior de Educação (ESEL) e é direccionado a Docentes e não Docentes… ainda não a alunos (infelizmente!). Inscrições com o Relações Públicas da ESEL.

Cinema de Animação – Cinanima Extensão Leiria

2005

No Teatro Miguel Franco / Mercado Sant’ana – Centro Cultural, no dia 18 de Dezembro, pelas 17h00.

Na minha opinião a praxe não foi criada para humilhar, mas sim para integrar e criar um espírito de companheirismo entre os estudantes. Perante a praxe todos são iguais, e ao passarem todos pelo mesmo, cria-se um espírito de grupo onde reina a igualdade.

02 Inês Sabino, Design Gráfico, ESAD

Um processo de integração, claro. Embora existam praxes um pouco abusadas, e ai então passa a ser humilhação.

É sem duvida um processo de integração… A minha experiência das praxes é bastante positiva, e quando é assim também praxamos como forma de integrar. O tempo de praxe é de conhecimento e descoberta da nova realidade.

04 Adriana Costa, Solicitadoria, ESTG

É um processo de integração, é através da praxe que se toma conhecimento do espírito académico, que se conhecem pessoas e se fazem novas amizades.

Akadémicos JORNAL MENSAL 2005 12 02 SEXTA–FEIRA 02 Turismo, ESEL Vai lá, Vai...
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Filipa Gonçalves, Vânia Santos

“Ordem” na Academia

A Academia de Leiria pode contar com um novo órgão de praxe: a Ordem D. Dinis. O novo organismo resulta de uma reformulação do antigo Concílio Veterânico e pretende criar um maior dinamismo na comunidade estudantil, incentivar a realização de eventos académicos e aproximar os estudantes à cidade de Leiria.

A Ordem D. Dinis é constituída por três elementos das TEV (Tábuas Elípticas Veterânicas) da ESTG, da ESEL, da ESS e do ISLA (com possibilidade de ser alargada à ESTM e a ESAD), e pelo “Real D. Dinis”, democraticamente eleito pelos restantes elementos para representar a Academia.

Nuno Fonseca, eleito “Real D. Dinis”, afirma que, com o conhecimento de todos os órgãos académicos, a Ordem pretende desenvolver uma dinâmica que permita facilitar o diálogo com as direcções dos institutos (IPL e ISLA). Nuno Fonseca explica que as TEV podem assim actuar mais no terreno, mais ligadas às escolas, ficando a Ordem responsável pela gestão e regulamentação da praxe, legislação de casos omissos e representação da Academia em tertúlias e congressos nacionais. O “Real D. Dinis” diz ainda que “a Ordem não tirará poder às TEV, antes pelo contrário, dar-lhes-á mais poder, poder este mais direccionado, mais construtivo.”

Como órgão máximo na Academia Leiriense, a Ordem D. Dinis terá a seu cargo a revisão do Código de Praxe. Nuno Fonseca sublinha que, neste processo, os demais órgãos académicos não serão esquecidos. Associações de Estudantes, núcleos de curso e tunas serão ouvidos de modo a que todos os projectos a desenvolver sejam de acordo mútuo, de modo a unir a comunidade académica.

Eventos como o desfile, a missa do caloiro, bênção das pastas e comissões de finalistas estão referenciados para englobar o novo Código de Praxe e questões como a do traje académico de Leiria estarão melhor definidas, em consideração a algumas situações omissas no actual Código. Existe ainda a possibilidade do novo Código de Praxe incluir uma breve história e figuras explicativas do traje de Leiria.

Definir qual o papel das Associações de Estudantes e dos núcleos a nível académico será também um dos temas a trabalhar. Quanto a casos específicos de academismo, como as repúblicas de estudantes e as tunas, será criada uma legislação própria, de acordo com as suas tradições e especificidades.

Com vista a uma maior união da Academia, será criado o dia das “Capas Negras” às terças-feiras que pretende “incentivar o uso do traje académico, o gosto por andar trajado”. O facto de Leiria ainda não reconhecer os estudantes, foi um dos motivos para a criação deste dia, permitindo a aproximação da cidade aos estudantes.

Abertura

De novo, em força

Há cerca de um ano, escrevíamos, no número um do Akadémicos, que este jornal iria manter duas características a que chamaríamos seminais, ou fundacionais: o ser um projecto irremediavelmente inacabado, em que cada edição é um ponto de partida e cada percurso uma aventura; e a irreverência, a rebeldia, o não-alinhamento.

Cinco números depois do arranque, e no momento em que inauguramos uma nova etapa desta aventura fantástica que é fazer um jornal, podemos dizer, todos os que temos dado contributos ao projecto, que a «ameaça» foi cumprida. Mais: não só foi cumprida, como ultrapassada, pois o jornal, sem renegar essas características, soube temperá-las com sensatez q.b., o que lhe permitiu ultrapassar a sempre complicada fase de arranque.

O Conselho Directivo da Escola Superior de Educação, a direcção do curso de Comunicação Social e Educação Mul-

Baptismo a seco

A falta de água nas fontes, polícia e contestação marcaram a festa do baptismo dos estudantes caloiros em Leiria.

A seca que se fez sentir um pouco por todo o País fezse sentir, também, na festa do «baptismo». Realizada no passado dia 27 de Outubro, a cerimónia foi marcada não só pela falta de água mas também pela falta de um local com condições similares às de anos anteriores.

A Fonte Luminosa, situada no Largo Goa, Damão e Diu, e que sustenta a escultura de Lagoa Henriques, representativa dos rios Lis e Lena, que até aqui servia de pia baptismal dos caloiros, foi interditada pela Câmara Municipal para esta festa, desde a sua renovação e reabertura, em Setembro. E a interdição era mesmo para levar a sério: durante o desfile, cerca de uma dezena de agentes da PSP guardavam a fonte, a fim de impedir qualquer incursão naquelas águas. O problema, de acordo com os estudantes, não foi a interdição em si, que até compreendem, mas a inexistência de locais alternativos.

«A verdade é que a Senhora Presidente soube mandar guardar a fonte, mas não mandou colocar água em nenhuma outra», contesta Anabela Faria, estudante do ISLA-Leiria, lembrando que, devido ao período de seca que se fez sentir no Verão, todas as fontes do Jardim Luís de Camões, local onde acabou por decorrer a «cerimónia», se encontram praticamente secas.

Um dia para recordar

O Dia do Caloiro tem, para todos aqueles que pertencem à Academia de Leiria, um significado especial. É neste dia que se faz o «baptismo», em que cada novo estudante recebe as boas-vindas da academia. Cada padrinho «baptiza» o seu afilhado com um penico de água. Este é um daqueles dias que qualquer estudante guarda na memória com carinho Apesar da falta de água nas fontes, o Jardim Luís de Camões ficou cheio de penicos de todas as cores. E nenhum caloiro ficou por baptizar. «Estou muito feliz», exclama a caloira Denise, da ESEL, enquanto abraça colectivamente as suas madrinhas. A tradição cumpriu-se!

Apenas ameaças

«É uma vergonha tratarem os estudantes desta maneira», afirma João Afonso, aluno finalista da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG). «Se não fossemos pacíficos, e não estivéssemos aqui por bem, já tínhamos invadido aquilo tudo. Meia dúzia de polícias não poderiam fazer nada contra nós», protesta, indignado, este aluno. Nesta tradicional festa estudantil, cada padrinho, normalmente «semi-doutores» ou «doutores» – estatuto que tem a ver com o número de matrículas – recolhe, com o habitual penico, água de uma fonte, procedendo, de seguida, ao baptismo do seu afilhado, o caloiro. Mandam ainda as regras da praxe que a tradicional «missa» (designação que se dá ao acto de «benzer» os caloiros) seja finalizada com um banho nas águas (pouco) límpidas da referida fonte. Na edição deste ano, os padrinhos viramse obrigados a recolher água directamente das torneiras. Quanto aos banhos, só mesmo aos pés, já que nenhuma das fontes tinha água que ultrapassasse a altura dos tornozelos. Valeu a estes caloiros e padrinhos a (muita) cerveja e a forte chuva que se fez sentir nessa tarde.

Apesar da contestação, os estudantes não esqueceram Isabel Damasceno, dedicando-lhe mesmo alguns gritos académicos: «E para a presidente Damasceno não vai nada, nada, nada??». A resposta foi óbvia: «Nada!»

timédia (CSEM) da ESEL e a direcção do Região de Leiria avalizaram mais uma época do jornal, reiterando assim a confiança que inicialmente depositaram nesta equipa. Mas, apesar destas (indispensáveis) manifestações de apoio, o aval mais importante foi, e é, o dos alunos do curso de CSEM e da comunidade académica do distrito em geral. A equipa inicial alargou-se e renovou-se (aliás, ela tem crescido de edição para edição), permitindo que se sedimentasse a faceta deste projecto porventura menos evidente, mas seguramente a mais importante, que é o seu carácter de oficina prática, de ateliê. O Akadémicos tem sido, desta forma, e vai continuar a ser, uma oportunidade para os alunos mergulharem numa experiência quase profissional, que lhes confira competências impossíveis de alcançar apenas com contributos académicos clássicos. Não queríamos deixar de renovar o apelo à participação

no projecto de todos os agentes da comunidade académica do distrito, sendo que os alunos e professores da ESEL, casa-mãe deste jornal, têm especiais responsabilidades nesse apoio.

O Akadémicos será tanto melhor quanto mais for participado, discutido, pensado. O direito inalienável de participar no jornal, que todos os membros da comunidade académica têm, é, em alguns casos, um dever.

Uma nota final para os conteúdos deste número seis, inteiramente dedicado aos caloiros. Como diz o Provedor do Caloiro no “Sentado No Mocho” desta edição, a praxe deve ter uma componente cultural, de integração. Este é o nosso contributo para uma melhor integração dos novos membros desta magnífica comunidade académica. Bemvindos à Academia de Leiria!

Akadémicos JORNAL MENSAL 2005 12 02 SEXTA–FEIRA 03
especial caloiros
Está a dar
Fonte Luminosa interdita a banhos deixa estudantes sem alternativas Sandra Cardoso Monteiro, Cristina Parente Joana Francisco, Elsa Pedrosa

Uma senhoria voluntária

São oito, neste momento, os estudantes a viver em apartamentos de Maria Isabel Urbano, a Dona Isabel, como é comummente tratada enquanto senhoria. Segundo ela própria conta, também não são muitos os que já passaram pelas suas casas, porque “normalmente entram e ficam desde o primeiro até ao último ano de curso”. Com quatro apartamentos, na Avenida Marquês de Pombal, zona centro da cidade de Leiria, a Dona Isabel entrou no negócio do arrendamento há cerca de seis anos: “Vendi propriedades que pertenceram aos meus pais e que não estavam a ser rentáveis e resolvi aplicar o dinheiro”. Apesar de não demonstrar arrependimento, este tipo de negócio “não é muito lucrativo. Tenho tudo legalizado, passo recibos, mas pago demasiado IRS, por exemplo”, esclarece a senhoria.

Casada e com quatro filhos adultos, dedica todo o seu tempo livre em prol de outros, particularmente pessoas de idade, fazendo trabalho de voluntariado no Hospital de Leiria. Durante a época de estudos dos filhos no ensino superior, em Lisboa, a Dona Isabel acabou por comprar também apartamento na capital, “Leiria até não é das cidades mais caras para investir em imobiliário, em Lisboa paguei muito mais”.

Sempre com espírito juvenil, confessa aceitar sem reticências as actividades académicas: “Fui aos desfiles dos meus filhos a Lisboa e gostei muito, aqui em Leiria tenho visto passar, mas não acompanho”.

Arrendar apartamentos a estudantes universitários pode não ser tarefa fácil, mas para esta senhoria é a juventude estudantil que vem em primeiro lugar. E garante que gosta “de arrendar apartamentos a estudantes, nada de casais ou famílias, só a estudantes”. Problemas com eles afirma nunca ter tido, pelo contrário, conta que ainda hoje mantém contacto com alguns que já terminaram os cursos, “vêm aqui a casa e ficamos horas na conversa e na brincadeira, ou então combinamos ir lanchar”. Para estes, a Dona Isabel afirma ter “uma casa sempre às ordens, caso necessitem”. Até hoje recebeu apenas uma queixa por arrendar apartamentos a jovens: o barulho na época da Semana Académica que acabou por incomodar os vizinhos.

Queixas então sobre os rendeiros não tem, mas sobre as agências imobiliárias a resposta é diversa. Afirma que “só em último caso” é que recorre a uma agência, isto porque, segundo a senhoria da Marquês de Pombal, estas cobram demasiado e nem sempre prestam um bom serviço.

Está a dar especial caloiros

*Aluga-se ou arrenda-se?

O termo correcto é, de facto, “arrenda-se” e não “alugase”; bens móveis alugam-se, bens imóveis arrendam-se. Ficou esta grafia porque é hábito e é o pretexto para esta explicação.

Aluga-se quarto!*

Com o início de mais um ano escolar, começa também a pro cura de casa por parte daqueles que agora iniciam a sua vida académica.

O Instituto Politécnico de Leiria revelou-se, nos últimos três anos, uma das principais escolhas a nível do ensino nacional, fazendo com que a cidade de Leiria expandisse o seu merca do de oferta a nível habitacional. E, precisamente por a oferta ser vasta, no que diz respeito a preços por quarto, Leiria con segue manter-se abaixo de cidades como Lisboa, Coimbra ou até mesmo Évora.

Bairros de estudantes

Uma das tendências a nível habitacional é a concentração ou a criação dos chamados “bairros de estudantes” zonas onde a maioria das casas de renda é habitada por aqueles que fre quentam o ensino superior. Um desses grandes exemplos é o famoso Bairro dos Capuchos. Composto essencialmente por grandes apartamentos, os preços nesta zona podem variar entre os 130 e os 200 euros por pessoa em quarto du plo, na sua maioria totalmente mobilados. Também devido à proximidade da ESE e do centro de Leiria, este bairro torna-se um local privilegiado e de primeira escolha entre a comunidade estudantil.

Outro dos locais com as mesmas características é a Rua Afonso Lopes Vieira. Situada mesmo em frente à ESE, usufrui não só da proximidade com este pólo de ensino, assim como uma grande quantidade de apartamentos arrendados por estudantes. Sendo a sua maioria de tipologia T3, os preços situam-se um pouco mais abaixo, na fronteira dos 130 a 170 euros. E também, na generalidade, são mobilados, além de construção bastante recente.

As zonas mais caras da cidade são a Avenida Marquês de Pombal e o centro histórico da cidade, onde os preços oscilam entre os 150 e os 220 euros. Apesar deste factor, as casas no centro histórico são as que apresentam piores condições em termos de recheio e acessibilidades. Por outro lado, a Avenida Marquês de Pombal, apesar dos preços, é considerada como uma zona muito nobre da cidade, onde as casas apresentam bastante qualidade.

Oferta alarga-se Contudo, devido ao constante aumento da comunidade estudantil na cidade, outras zonas surgem como opção. Podemos referir como exemplo Parceiros, que apesar de afastado do centro de Leiria, se revela uma boa aposta devido aos baixos preços, sendo a sua população estudantil na maioria pertencente à ESTG.

A Nova Leiria, que tem vindo a crescer, surge como a me-

nos últimos dois anos aumentou muito o arrendamento de quartos a estudantes.

Devido a este aumento de oferta, do qual o ensino superior tem funcionado como motor, o mercado habitacional tem vindo a alterar-se. Se ao princípio predominava o arrendamento de casas de privados, cada vez mais as imobiliárias da cidade têm vindo a apostar no arrendamento a estudantes, não só com preços mais competitivos, mas também com a vertente de uma situação fiscalmente regularizada, incluindo um recibo mensal, dedutível nos impostos. Por outro lado, o sector privado, apesar de praticar em algumas zonas preços mais elevados do que as imobiliárias, conta em alguns casos com o trunfo de que as despesas base (água e electricidade), já estão incluídas no preço mensal da renda.

Na oferta de mercado, sendo os quartos individuais que predominam, os quartos duplos, pela pouca margem de diferença de preços, acabam por não ser opções racionais. Nos últimos anos, Leiria tem criado um mercado de arrendamento suficiente para satisfazer a procura que todos os anos ocorre e que se torna cada vez mais exigente. Em alguns casos mais pontuais, as zonas de maior concentração de estudantes acabam por criar condições para o aparecimento de outras infra-estruturas como cafés, supermercados e lojas diversas, que encontram aí o seu público-alvo. Exemplos bem visíveis no Bairro dos Capuchos e na Rua Afonso Lopes Vieira.

Praxe, forma de integração?

Após 250 km de viagem... Leiria! Rumo à escola onde rapidamente reconheço a minha digna condição de besta e sou adornado na testa com o nome do curso que se encarregaram de me ensinar a defender com todo o orgulho.

Os dias passam e as sessões de praxe tornam-se cada vez mais aborrecidas. Não só o facto de estar longe da família e de todo o círculo afectivo que anteriormente me envolvia, como o facto de ser constantemente rebaixado, começam a contribuir para o desânimo. A única solução

seria escapar à praxe.

Descubro que não vale a pena! Ficaria só e, pelo contrário, a presença na praxe seria a única forma de integração. Regresso! Realmente vale a pena. A praxe deixa de ser uma obrigação e passa a ser algo quase imprescindível. É claro que deixo de parte alguns exageros que lá são cometidos.

A praxe deve ser algo de proveitoso e não humilhante, até porque eu amo e adoro a praxe; pelo menos enquanto ela durar...

Akadémicos JORNAL MENSAL 2005 12 02 SEXTA–FEIRA 04
Dona Isabel
Foto: Susana Raposo
O mercado de arrendamento cresce em Leiria
Crónica de um caloiro
Opinião
Miguel Oliveira Rúben Almeida

Está a dar especial caloiros

Desporto

O passatempo como mote, a conquista como objectivo

IPL continua a apostar forte no Desporto

Os resultados alcançados nos últimos anos não deixam margem para dúvidas: 13 títulos nacionais, 12 vice-campeonatos e diversas representações a nível mundial, nos últimos dez anos, mostram claramente o peso e prestígio que o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) alcançou no panorama desportivo nacional e internacional.

O último ano trouxe para Leiria a conquista dos campeonatos nacionais universitários de Andebol Feminino e Ténis Masculino e as equipas de Atletismo- Salto em Altura Feminino, FutSal Masculino, Voleibol e Praia Feminino como vicecampeãs nacionais. Para este mês está já marcada a presença do IPL no Campeonato Europeu de Ténis, em França, e os primeiros torneios das restantes modalidades que o Sector de Desporto disponibiliza aos alunos de todas as Escolas.

Aposta nas cinco modalidades mantém-se Depois do êxito que marcou o passado ano lectivo, o IPL, através dos Serviços de Acção Social, mantém este ano a

aposta em cinco modalidades. Deste modo, os alunos, sejam eles do sexo masculino ou feminino, podem optar entre o Andebol, o Basquetebol, o FutSal, o Voleibol e o Ténis, modalidades que o Sector de Desporto mantém em actividade e os objectivos bem delineados.

Contactos e inscrição à distância de um clique A entrada no mundo do desporto universitário está cada vez mais acessível a todos. Para os interessados, o Sector de Desporto do IPL encontra-se no Antigo Posto Médico, no Bloco A da residência de estudantes, tendo ainda a possibilidade de ser contactado via e-mail, através do endereço desporto@ipleiria.pt. Os horários dos treinos, assim como os contactos dos diversos treinadores, encontram-se na Internet, bastando para isso aceder à página do IPL. A inscrição pode também ser feita online, através do endereço http:// www.ipleiria.pt/index.php?id=6019.

Dá Jeito

Alugar carros é mais barato para estudantes

Existe em Leiria uma empresa de aluguer de automóveis que facilita a vida aos estudantes. A Iberent tem um acordo verbal com a Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação de Leiria (ESEL) e Escola Superior de Saúde de Leiria (ESSL), através do qual os alunos podem alugar veículos sem a obrigatoriedade do pagamento de caução. Para isto, e, segundo Carlos Morgado, gerente da loja, é necessário alugar o veículo em nome da Associação, tendo esta de enviar um fax no qual assuma todas as responsabilidades. No início deste acordo a adesão era grande mas, hoje em dia, é fraca, apesar dos preços especiais para os estudantes. Todas as associações alugavam carros mas, agora, só a ESEL e ESSL. É um sinal claro, segundo o gerente, da crise económica que o país atravessa, acrescida da falta de verbas das associações.

Quanto à inexistência de publicidade deste serviço no meio académico, Carlos Morgado sustenta que deveriam ser as as-

Brasil adopta praxe solidária

A praxe, como ritual de iniciação à vida académica, vai sendo questionada um pouco por todo o mundo. Embora se pretenda que sirva de integração ao aluno recémchegado, a prática acaba por extrapolar, não raras vezes, os limites do aceitável para a dignidade humana, preenchendo as manchetes dos jornais.

Como forma de contrariar esta tendência, várias universidades brasileiras começam a adoptar o “trote solidário”, incentivando os caloiros a colaborar com instituições de solidariedade social.

O Centro Universitário Univates, destino de alunos do IPL em intercâmbio no Brasil, pratica hoje os dois tipos de praxe, a tradicional e a solidária. Na praxe tradicional, as práticas são idênticas às executadas por alunos portugueses, já na solidária os “bixos” são convidados a levar donativos que são posteriormente entregues a instituições de caridade. Alimentos, roupa, brinquedos e mate-

rial escolar são alguns dos materiais que os alunos entregam aos veteranos, para além de duas latas de cerveja que serão distribuídas na “festa dos bixos”, comemoração que marca o encerramento do período de praxe. Com uma denominação diferente, o trote brasileiro distingue-se da praxe portuguesa em várias outras coisas. Não existe uma comissão de praxe com o objectivo de garantir a ordem e o respeito das regras presentes no código. O DCE – Directório Central de Estudantes – é o responsável por todos os assuntos que digam respeito ao aluno, o que inclui a praxe. No início de cada semestre, o código que dita o que é ou não permitido fazer é passado oralmente, numa corrente que vai da reitoria até ao aluno, passando pelo DCE. Da mesma forma, quase não existem requisitos que definam quem pode praticar o trote, qualquer aluno que esteja matriculado há mais de um semestre pode fazê-lo, e o tradicional traje académi-

co é apenas conhecido pelos alunos que já fizeram um intercâmbio em Portugal.

Com duração de aproximadamente uma semana, o trote é esperado com ansiedade pelos caloiros do Centro Universitário que, por várias vezes, procuram o Directório de Estudantes reivindicando o seu início, como revela Elaine Andres, secretária do DCE e organizadora das actividades académicas.

Considerada a melhor forma de integração pela maioria dos estudantes, o final da praxe como prática de integração surge ainda como ameaça longínqua. Um final prontamente recusado por académicos convictos que, entre outras coisas, apresentam soluções tão inesperadas como a praxe solidária.

Akadémicos JORNAL MENSAL 2005 12 02 SEXTA–FEIRA 05
Opinião Crónica do outro lado do Atlântico Susana Machado, no Brasil Tatiana Silva Mário Ventura Fotos: Sector de Desporto do IPL

«Espantou-me o discurso do Presidente [...]

Achei muita graça que ele tivesse orientado um discurso de abertura de ano lectivo numa perspectiva da história contemporânea, [...], mas para os jovens estudantes, seria provavelmente uma coisa quase nova. Não deixa de ser estimulante um discurso daquela natureza, por transportar para a juventude universitária de hoje aquilo que foi o combate político e a importância das comunidades académicas na transformação socio-política deste País. Foi uma lição de uma história do Portugal recente que vocês não conheceram directamente e que é bom que seja sempre lembrada».

Sentado no mocho .

Sentou, vai ter k explicar

«Eu estudo todos os dias, por isso , sou estudante. Quem passou pelos bancos da faculdade, acha que os melhores momentos da sua vida foram os momentos de estudante. Aquelas coisas que marcaram definitivamente a minha vida, do ponto de vista da minha formação cultural, cívica, política, tudo isso reconduz àquilo que foi a minha vida de estudante, sobretudo na faculdade. Estudante de liceu é uma coisa menos marcante. A faculdade marcou-me muito, portanto, com muito gosto voltaria a ser estudante.

«Ninguém deve assumir a humilhação como um determinismo»

O Provedor do Caloiro do Instituto Politécnico de Leiria, o advogado Victor Faria, em três anos, nunca recebeu nenhuma queixa sobre a praxe. E não acredita que seja por a figura do Provedor inspirar qualquer receio. Já recebeu vários estudantes, que se queixam sobretudo de discriminação. Mas resolveu essas questões a conversar. «Defendam sempre a vossa dignidade», apela Victor Faria, dirigindo-se aos caloiros.

O cargo de Provedor do Caloiro é um conceito pioneiro e recente (data de Agosto de 2003) na comunidade académica leiriense e no País. Tem conhecimento da criação de cargos semelhantes noutros estabelecimentos de ensino superior a nível nacional, ou é exclusivo do Instituto Politécnico de Leiria?

Eu penso que é exclusivo do Instituto Politécnico de Leiria. A criação dum cargo com esta função projectiva e até protectora dos direitos daqueles que começam uma nova etapa da sua vida, mostra uma preocupação louvável por parte da direcção do Instituto.

Quais acha que foram as razões para ser convidado como Provedor do Caloiro?

Escolhe-se para Provedor habitualmente uma pessoa com algum reconhecimento público e com alguma sensatez, igualmente reconhecida. Presumo que tenha para isso contribuído o facto de eu ser advogado, de estar habituado a lidar com situações que impliquem defesas, acusações, julgamentos e apreciações de situações polémicas, que envolvam direitos, liberdades e garantias.

Na prática, quais são as suas funções, enquanto Provedor do Caloiro?

O Provedor é exactamente a pessoa a quem os caloiros se podem dirigir para defender os seus direitos, as suas liberdades e as suas garantias. Também podem colocar questões que, no domínio das praxes, ou no domínio de todos estes esquemas integrativos, os preocupem, choquem, ou constituam abusos que possam merecer alguma apreciação censória pela via disciplinar, ou por outra via mais complicada que será a penal.

Limite é a liberdade de cada um

A figura do Provedor do Caloiro foi criada devido à constatação de abusos ocorridos durante a praxe nos últimos anos. Pelo que tem conhecimento, a criação desta figura no IPL está relacionada com a verificação destes abusos a nível nacional ou houve algum caso específico nas escolas do IPL?

A nível nacional conheço os dos jornais, ao nível do IPL não conheço nenhum. Nessa perspectiva, os meus mandatos têm sido muito pacíficos. Até hoje não tive ninguém que viesse levantar um problema por ter havido um excesso, ou abuso no exercício da praxe. Embora tivesse atendido alguns alunos noutros domínios, que não vão exactamente queixar-se do abuso das praxes, mas se queixam , por exemplo, de alguma discriminação. Pesso-

as que não gostam da praxe tal como ela é. Que não querem aderir aos métodos da praxe ou ao traje académico e que por isso, ou por serem reconhecidamente anti-praxistas, possam ser impedidos de integrar uma banda ou de intervir noutro tipo de manifestações académicas. As questões acabaram por não ir para instância nenhuma, resolveram-se com uma conversa mais aprofundada e com um aconselhamento sobre comportamentos futuros. Não foi necessário o recurso a outras instâncias, nem sequer fazer de ponte entre o aluno e a escola.

Victor FARIA

Provedor do Caloiro

Uma vez que o “inaceitável” tem diferentes limites para diferentes pessoas, o que significa para o Provedor do Caloiro “praxes inaceitáveis”?

Parto sempre de um pressuposto: ninguém pode ser sujeito a uma coisa que não quer. Há regras na Constituição que definem princípios fundamentais, tais como o da igualdade e os inerentes à liberdade dos cidadãos. As pessoas são livres de aderirem, ou não aderirem, a certos esquemas, sejam eles quais forem, designadamente aos esquemas da praxe. Essa liberdade tem de ser respeitada. Aquilo que não é aceite livremente pelas pessoas e que lhes é imposto é, do meu ponto de vista, sempre repro-

Akadémicos JORNAL MENSAL 2005 12 02 SEXTA–FEIRA 06
do Mónica Oliveira , Susana Raposo Fotos: Edite Felqueiras

Sem filhos «com imensa pena»

Victor Faria tem 56 anos, é solteiro e não tem filhos, «com imensa pena». Advogado prestigiado em Leiria e no País, membro do Conselho Superior da Magistratura, tem muito poucos tempos livres. Gosta particularmente de viajar, mas não faz «viagens turísticas». Viaja «por todo o mundo, pelos sítios mais inóspitos possíveis». Revela: «Gosto de me aventurar pelas florestas do Cambodja, gosto de ir ao Laos, de andar pela Índia fora, gosto de ir ao Peru. Gosto sobretudo de viajar por sítios onde nós, portugueses,

vável. Há, para além desses, outros patamares: os que envolvem práticas que se não enquadram nos parâmetros éticos, sociais, culturais do “ aceitável”.

A já quase típica praxe de simulação de orgasmo é uma praxe inaceitável, por exemplo?

A simulação do orgasmo pode levar a certos exageros. Uma vez ia para o tribunal e vi, no largo da Câmara, uma rapariga a praxar um grupo de caloiras que estavam deitadas no chão a simular um acto sexual. O acto de praxe era visto por toda a gente que passava e a terminologia utilizada, relacionada com a simulação de orgasmo era, a meu ver, excessiva e desadequada. Ainda que as caloiras obedecessem religiosamente àquilo que lhes era orde nado, em adesão assumida ou aparente, eu considerei esse acto, também pela sua exposição pública, um acto no domínio do inaceitável.

Nesse caso qual é o papel do Provedor?

Aquilo que eu acho é que um Provedor só deve agir quando é solicitado. Portanto passei, sem dizer absolu tamente nada, embora tivesse ouvido muita gente, que parou para ver, censurar o acto, e censurá-lo fortemente. Mais ainda pelo facto de a mandante ser uma rapariga, o que pode ser um preconceito discutível. Contudo, um acto público daquela natureza não me pareceu adequa do. E eu posso ser muita coisa, mas não sou moralista e nunca gostei de moralistas.

Discriminação é uma coisa terrível

Qualquer aluno que entre para o ensino superior tem o livre arbítrio para decidir se quer ou não fazer práticas que diz ultrapassarem o limite do aceitável. Porque é que acha que há alunos que acabam por admitir essas práticas, mesmo contra vontade?

Por medo da discriminação, que é uma coisa terrível. Numa comunidade estudantil, que é uma comunidade relativamente limitada, a discriminação é de facto um ferrete, um peso insustentável. Portanto, as pessoas sujeitam-se muitas vezes a ser praxados porque têm medo de no dia seguinte chegarem à escola e os colegas adeptos da praxe, que podem ser uma expressiva maioria, lhes virarem as costas.

Uma das suas funções é encaminhar os casos. Qual é o limite entre os casos encaminhados para o IPL e para o Ministério Público? O que os distingue?

É a mesma coisa que distingue o que é socialmente censurável do que é penalmente censurável. Há actos, como o que acima descrevi, com os quais podemos discordar. O exemplo que eu dei foi o de um acto socialmente censurável, sobretudo, pelas circunstâncias em que ocorreu.

A censura seria, porventura, menor se não houvesse exposição pública. Mas isso não constitui crime. Já existiria censura penal se alguém obrigasse o caloiro, contra vontade deste e a pontapé, ou com qualquer outra forma de constrangimento físico ou psicológico, a praticar os actos contra sua vontade, a baixar-se, a simular o orgasmo. Portanto, se há elementos configuradores ou tipificadores de crime, a situação é passível de ser apreciada pelo Ministério Público. Não quer dizer que lá vá parar, mas é susceptível de queixa do ofendido dirigida ao Ministério Público, porque o que está em causa são actos que a lei penal considera crimes.

Pode dar exemplos de comportamentos durante a praxe que podem levar à aplicação de procedimentos disciplinares e de comportamentos que podem

levar a procedimentos criminais?

Se me chegar aqui um indivíduo a dizer: “Eu fui obrigado a andar de pijama, com umas orelhas de burro, sem querer; ou “fui gozado ou discriminado pelos colegas por não aderir à praxe”; posso comunicar à escola ou pôr-me em contacto com os órgãos reguladores da praxe e tentar fazer a ponte para resolver a situação de uma forma cordata. Agora, se me chegar cá uma pessoa que me diz que, no âmbito da praxe, “fui violentada física ou psicologica-

noutros momentos, já tenhamos estado». É «um bocado clássico» na música. Gosta muito de música clássica e de algum jazz, mas também «de novos sons». «Para alem disto tudo, sou um bocado das músicas marginais», conta. Nunca foi a nenhum concerto da Semana Académica, mas assistia às serenatas em Coimbra, quando era estudante. A sua relação com a Semana Académica é, por assim dizer, geográfica, pois o cortejo passa obrigatoriamente em frente ao seu escritório, na Rua de Alcobaça. E faz questão de dizer que frequenta o Terreiro, «como todos nós».

ditadas por um organismo regulador, que visam sobretudo a adaptação do jovem estudante à comunidade e ao meio académicos onde se vai inserir. São procedimentos integradores, que hão-de gerar solidariedades, laços emocionais e de entreajuda. Nessa perspectiva abrangente acho a praxe positiva. A praxe não pode ser apenas folclore. Não é a festa permanente, nem a forma de os mais antigos imporem um poder vazio de conteúdos sobre os mais novos. A praxe, para ser verdadeiramente integradora tem de ter outras vertentes. Tem de ter aspectos de socialização. Tem que ter segmentos culturais, lúdicos, de entreajuda e de cultura de grupo. Integrar as pessoas não é descarregar sobre elas uma série de coisas, pintar-lhes a cara e fazê-las andar pela rua de mãos dadas. A praxe pode ter aspectos francamente positivos mas tem de ser assumida como um orgulho colectivo e embora com uma componente festiva e folclórica, não se resume a isso. Tem de ser muito mais do que isso.

Enquanto estudante, era a favor da praxe?

Sempre fui a favor da praxe construtiva. A praxe meramente folclórica, custa-me um bocadinho a aceitar. Embora aceite e ache positivos alguns excessos. Quem não tem a experiência de passar os limites acaba por não conhecer a regra. Como dizia o poeta, é preciso perdermonos para nos encontrarmos.

Lutem pela vossa dignidade

Que mensagem gostaria de deixar aos caloiros que de alguma maneira se sentiram humilhados durante a praxe, mas que devido a vergonha, medo ou desconhecimento da existência do Provedor de caloiro não fizeram quaisquer acusações?

mente,“fui vítima de ofensa à minha integridade física ou injuriada e quero uma reparação penal, é evidente que nesse caso para além de comunicar à escola encaminharei a situação para o Ministério Público.

Considera que o conhecimento por parte dos alunos, da existência duma figura como a do Provedor do Caloiro, os inibe de comportamentos mais ousados, com receio de represálias?

Não me parece que os estudantes receiem o Provedor. A figura do Provedor do Caloiro não tem de ser uma figura causadora de receios. Penso que, se as coisas se têm desenvolvido até hoje sem necessidade de recurso ao Provedor, aos tribunais, à direcção da escola e, sobretudo, sem notícias nos jornais, é sinal de que não houve excessos censuráveis. Não me parece que a figura do Provedor do Caloiro seja uma figura que possa levar as pessoas a restringirem ou a limitarem a sua actuação. Nem gostaria que fosse. Para além da criação do Provedor do Caloiro, foi aprovado um conjunto de normas reguladoras da praxe, impondo certos limites. Uma dessas normas diz que a praxe é limitada aos alunos que entram na 1.ª fase. Sendo a praxe um acto de integração, não acha que os que entram na 2ª e 3ª fase carecem mais desse acto?

Eu acho que não se justifica que as práticas renasçam apenas por dois ou três alunos que venham numa fase posterior. Acho que a praxe é uma prática para a grande massa dos alunos que entram na primeira fase e estão todos no mesmo barco. Agora uma prática para dois ou três, já acho intolerável, já me parece discriminatório.

O que acha da praxe?

Para mim a praxe é um conjunto de práticas e de normas

Acho que ninguém deve assumir a humilhação como um determinismo. Se as pessoas se sentem humilhadas devem reagir. Aquilo que eu lhes digo, é aquilo que digo a toda a gente: lutem pela vossa dignidade e pelos seus valores. E digo aos adeptos dos princípios da praxe que é injusto discriminar quem não pensa como nós, e que temos o dever de respeitar as pessoas, mesmo quando elas têm outra opinião

Que ideia é que tem dos estudantes do ensino superior? Acho que estou especialmente habilitado para falar dos estudantes do ensino superior nos tempos de hoje porque recebo aqui neste escritório, como advogados estagiários, todos os anos, imensa gente que vem das faculdades. São pessoas diferentes das pessoas do meu tempo. São pessoas muito mais pragmáticas e menos idealistas que os da minha geração. Mais preparados para competir, embora a vida lhes não seja fácil. é com agrado que vejo nestas novas gerações que vêm das faculdades de Direito − que são as que conheço melhor − gente brilhante, capaz de exercer a profissão com elevado grau de dignidade e grande preparação técnica.

Quais são, no seu entender, os grandes desafios que se colocam à juventude, hoje em dia, em Portugal? Os desafios da profissionalização, do contributo para a retoma económica e do ajustamento ao mundo global. Os desafios que o mundo actual apresenta são para os jovens extremamente difíceis de superar. Porém, eu acho que é tão mais interessante a luta quanto complicado e intenso é o desafio. Esses desafios passam seguramente pela boa formação profissional, pela boa formação técnica, por um espírito contemporâneo, inovador e aberto às novas linhas de leitura do mundo.

Akadémicos JORNAL MENSAL 2005 12 02 SEXTA–FEIRA 07 Sentado no mocho . Sentou, vai ter k explicar

ESEL recebeu Simpósio Internacional

A Escola Superior de Educação de Leiria foi a instituição escolhida para receber, nos passados dias 16, 17 e 18 de Novembro, o VII Simpósio Internacional de Informática Educativa, evento que tem vindo a ser realizado alternadamente em Portugal e Espanha. Este acontecimento tornou-se num dos mais prestigiados pontos de encontro entre os principais grupos de investigação e desenvolvimento de ferramentas computacionais ligadas à educação, bem como dos seus consumidores. Para que se tenha noção da dimensão deste evento, as suas línguas oficiais foram, não só o Português, mas também o Espanhol e o Inglês, uma vez que a comissão do programa foi constituída por estudiosos oriundos dos mais remotos pontos do globo. A organização deste sétimo simpósio ficou a cargo de Rogério Costa e de Isabel Pereira (representantes da ESE de Leiria) e de Crescencio Bravo, da Universidade de Castela (La Mancha – Espanha).

Apesar do elevado custo da inscrição no simpósio (25 euros para pessoal pertencente ao IPL e 120 euros para não-pertencentes) os participantes puderam, através de inúmeras palestras e demonstrações, tomar conhecimentos das mais notáveis novidades da informática ao serviço da educação, bem como dos resultados de quem já as pôs em prática.

Quem espera desespera, mas alcança

Informática atrasa bolsas

As bolsas de estudo começaram a ser distribuídas dia 21 de Novembro devido à nova forma de validação para pagamento, via Internet, que a partir deste momento será utilizada. Segundo o director dos Serviços de Acção Social, Miguel Jerónimo, “este programa segue a tendência de toda a administração pública. A informatização de dados facilita a vida aos utilizadores, ao mesmo tempo que os responsabiliza, já que a própria pessoa tem que gerir os seus dados”. No entanto, e apesar de o programa estar em desenvolvimento já há cerca de seis meses, a sua implantação fez com que as bolsas de estudo só começassem a ser distribuídas agora, quando os alunos têm aulas desde finais de Setembro. Assim, de forma a colmatar falhas com que alunos se deparavam, “os serviços estão atentos e têm suprido determinadas necessidades, quando solicitados para isso”.

A utilização deste programa informático terá, segundo Miguel Jerónimo, inúmeras vantagens, já que, por exemplo, apesar de toda a divulgação dos prazos de entrega das candidaturas às bolsas, há ainda muitos alunos que vêem o seu processo de candidatura liminarmente indeferido por não respeitarem os prazos. Com esta novo programa, “de qualquer ponto do mundo os alunos podem agora dar início ao processo, e mais tarde serão informados daquilo que necessitam apresentar”. Este novo processo exigirá aos SAS um di

ferente tipo de serviços, especialmente para esclarecimento de dúvidas. Acresce que, apesar de os alunos fazerem o contacto electrónico, a verificação cabe também aos serviços, de forma a prevenir falhas e fraudes.

Objectivo é ser-se justo na distribuição

Muitas vezes os Serviços de Acção Social são alvo de críticas por parte de alunos, que consideram que a bolsa que lhe foi atribuída é insuficiente. No entanto, garante Miguel Jerónimo, o “objectivo é ser-se justo”. Cada estudante declara os encargos mensais que tem (sendo estes encargos variáveis de estudante para estudante) e é feita uma avaliação da sua situação económica. O director dos Serviços de Acção Social, não descarta a possibilidade de por vezes haver fraudes, assim como as há no Fisco. No entanto, são avaliados inúmeros factores, e por vezes aquele aluno que até aparenta uma boa situação económica vive uma situação de sobre-endividamento que pode ser gravíssima.

O regulamento para a atribuição de bolsas pode ser consultado em www.ipleiria.pt na área dos Serviços de Acção Social.

A Lógica d’“O Nariz”

O X Festival de Teatro Acaso encerra hoje, dia 2 de Dezembro, com a peça “Mãe Preta”, do grupo da Estação Teatral da Beira Interior.

O festival decorreu entre 25 de Outubro e 2 de Dezembro em cinco concelhos da região de Leiria (Leiria, Batalha, Marinha Grande, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande), e foi organizado pelo grupo “O Nariz”, que comemora 10 anos. O festival integrou quinze peças de grupos distintos. De entre eles duas estreias: “Hamlet Garcia” numa co-produção

PAPE5/Teatro da Trindade e “12 em Fúria”, baseado no filme 12 Angry Men de Sidney Lumet, apresentado pelo “Cénico de Direito”.

a experiência musical e a amizade foram determinantes para a formação da banda.

Uma noite, no Ozono Bar, este grupo de cinco amigos, que já se conheciam há algum tempo, decidiu aproveitar os seus conhecimentos musicais e logo surgiu a ideia: “E se formássemos uma banda?”.

O nome escolhido surge ao acaso.“Melvin Jones” era para o grupo apenas o nome da rotunda junto ao “Lidl” e um nome à “americana”, que lhes soava bem; “Project”, veio assim, completar o nome perfeito.

«The Melvin Jones Project» existe oficialmente há quatro meses e é inteiramente constituída por alunos da ESEL. O guitarrista Hélio Mendes e o baterista Ricardo Matias (mais conhecido por Joli) frequentam o curso de Comunicação Social e Educação Multimédia; Rúben Santos, também guitarrista, é do curso de Educação Musical; quanto

Na festa de S. Martinho, organizada pelo curso de Turismo no passado dia 8 de Novembro, em pleno largo do Terreiro, a banda teve a sua primeira aparição pública. Segundo Eurico Moleirinho, «apesar de se ter partido uma corda do baixo, de estar a chover e de estarmos a actuar numa tenda improvisada, cedida pelos escuteiros de Porto de Mós, ainda pudemos contar, aproximadamente, com a presença de 100 pessoas».

A este primeiro concerto, o público teve uma «reacção positiva», segundo a banda.

Para o futuro, não existem projectos definidos, o que não é uma preocupação para a banda, uma vez que pretende continuar este projecto simplesmente pelo convívio e pelo prazer da música.

O Akadémicos deseja-lhes boa sorte!

Akadémicos JORNAL MENSAL 2005 12 02 SEXTA–FEIRA 08
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