SUPLEMENTO DO SEMANÁRIO REGIÃO DE LEIRIA DE 2006 07 07 NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE Parceria com a ESEL ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE LEIRIA 2006 07 07 SEXTA–FEIRA JORNAL MENSAL 0213 Luís Filipe Borges Sentado no Mocho “Portugueses têm um saudosismo estúpido” 06 07 QUO VADIS*, TERREIRO? 03 e 04 “SANTUÁRIO” DA NOITE ESTUDANTIL EM MOMENTO DECISIVO * Locução latina, que quer dizer “Aonde vais?”, Pergunta que, segundo a lenda, teria feito Cristo a Pedro na Via Ápia, quando o apóstolo fugia da perseguição de Nero.
Ficha Técnica
Director Francisco Rebelo dos Santos
Director Executivo
Pedro Costa
Presidente do Conselho
Editorial
Graça Fonseca (presidente do conselho directivo da ESEL)
Coordenador Técnico
António José Laranjeira
Redacção e colaboradores: Ana Rosa; Ângela Duarte, Cláudia Moiteiro, Cristina Parente; Daniel Borges; Diana Combo;
Dejanira Costa: Edite Felgueiras;
Fátima Cordeiro; Fatu Buaró; Fernanda Branco; Filipa Gonçalves; Filipe Guerra; Liliana Martins; Mário Ventura; Marta Costa; Miguel Oliveira; Mónica Oliveira; Pedro Santos, Rui Formiga; Sónia
Olaio, Susana Raposo; Tatiana Silva; Telma Freire; Vânia Santos
Paginação:
Paulo Marques
Departamento Comercial
Alda Moreira (Directora);
Propriedade
Empresa Jornalística
Região de Leiria, Lda.
Contribuinte N.º 500 096 805
Redacção
Escola Superior de Educação de Leiria
Rua Dr. João Soares, Leiria akademicos@esel.ipleiria.pt
Parceria
Escola Superior de Educação de Leiria
Impressão
Mirandela, SA - Lisboa
Distribuição
Vasp
Curso a curso
akademicos@esel.ipleiria.pt
Curso de Artes Plásticas naESAD
O curso de Artes Plásticas, com as opções que o constituem, pretende formar profissionais liberais, quadros técnicos superiores e profissionais de ensino. É orientado para o desenvolvimento das capacidades técnicas, poéticas e críticas do aluno em relação ao meio em que trabalha. Desta forma, será proposto aos alunos um trabalho criativo e consciente sobre os novos e velhos meios de expressão.
As opções oficinais procuram a abertura a um leque de possibilidades de actualidades e interligam-se de modo inovador com as disciplinas teóricas para fazer face às mutáveis condições comunicacionais das sociedades, condições essas que pelo seu lado trazem a um primeiro plano a necessidade urgente de se pensar hoje Design, Visualidade, Arte e Poesia.
As três opções de teor oficinal e tecnológico que a ESAD oferece são presentemente Escultura, Pintura e Gravura, terminando o curso de Artes Plásticas num tronco comum centrado numa prática de projecto transdisciplinar.
Abertura
Até para o ano!
Com a presente edição, completa-se a segunda série do Akadémicos. Sendo esta uma publicação com um calendário intimamente ligado ao calendário escolar, interrompemos para férias, regressando em Outubro, esperamos, com a III Série e o número 14.
Seria normal fazer aqui um balanço do que foram estas jornadas de trabalho. No entanto, assumindo-se o Akadémicos, desde o primeiro número, como uma publicação aberta e em permanente evolução, o mais importante sinal de saúde será, porventura, a dinâmica que foi imprimida ao jornal. E como, de facto, esta é uma obra em permanente construção, nunca poderemos estar satisfeitos, porque poderíamos sempre ter ido mais longe. É evidente que nos deparamos com o grande obstáculo que é o ritmo muito próprio das instituições grandes. E somos, de algum modo, vítimas de um sistema de ensino em que é valorizado sobretudo o aspecto formal da aprendizagem (o principal alvo, aliás, e não por acaso, do Processo de Bolonha). Eventualmente teria sido muito importante, e ainda mais mobilizador, um maior envolvimento e empenhamento de outros actores. No entanto, nada disto
Vai lá, Vai...
DANÇA
14 de Julho, Cine-Teatro de Alcobaça, 21h30 Espectáculo Anual da Escola de Dança Clara Leão. Apresentação dos alunos da Escola, em dois espectáculos, a 14 e 15 de Julho, com coreografias de Dança Clássica, Moderna, Contemporãnea e Hip Hop, bem como o bailado Clássico “ La Fille Mal Gardée “ Bilhetes à venda na Escola até ao dia 12 de Julho e a partir do dia 13 na Bilheteira do Cine-Teatro.
AR LIVRE
16 de Julho, Bidoeira de Cima, 09h00 Para todos os apreciadores do “carocha” a Comissão de Festas da Bidoeira de Cima promove mais um encontro. Concentração no Parque das Merendas junto ao ringue.
Contacto para inscrições 916987119.
12 a 15 de Agosto, Aljubarrota – Alcobaça, das 11h00 às 24h00 Comemorações da vitória na Batalha de Aljubatrrota. Animação pelas ruas e praças da Vila, Teatro, Malabarismo, Música, Rábulas, Tavernas Com Refeições Medievais, Feira Medieval, com tenda árabe e mouraria, feiticeira, Artífices de cerâmica, olaria, tecelagem, bordados, couro, madeira, grinaldas, jóias, pão da padeira, queijos, enchidos, licores, compotas, mel, fogaças, produtos hortícolas, gateador de tachos, lenhador, ceia Medieval.
TEATRO
29 de Julho, Cine-Teatro de Alcobaça, 21h30 ”Carlos, apaixonado perdidamente por Elsa, arranja um estratagema, combinado com o seu amigo Maurício, para se infiltrar em casa dela com o fim de a conquistar.
Surpreendentemente é recebido de braços abertos pelo seu marido, Gastão, que inesperadamente rece-
é dramático, pois mesmo estes problemas fazem parte (e são valorizadores) dos processos de transição em que nos encontramos.
Por isso, preferimos enfatizar a conquista de novos redactores e o envolvimento de mais alunos neste processo de formação prática, de aprendizagem prática tutelada de jornalismo, que porventura ter já conferido ferramentas e competências específicas a alguns dos elementos do grupo. E quando verificamos que há membros da equipa do Akadémicos já integrados no mercado de trabalho, e de tal forma que eles próprios consideram a passagem por este projecto como estruturante ou pelo menos potenciadora desses percursos profissionais, somos forçados a reconhecer que já valeu a pena. E era bom que os alunos em geral, os quais vão ser mais responsabilizados no âmbito de Bolonha, percebessem que só têm a ganhar com um envolvimento mais estreito neste e noutros projectos académicos.
Escrevemos no mês passado que «este jornal é tão especial que se constrói de cada vez que se faz. É tão único porque tem uma redacção flutuante (em função do ritmo académico), que oscila na disponibilidade, nos humores, nas oportunidades». E recordámos que este ano lectivo, para o Akadémicos,
be também a visita da sua amante, Clara. Elsa por sua vez, recebe a visita da sua amiga Helena. A confusão aumenta com a chegada da Tia Amélia, que vem à procura de Helena. Nesta confusão, cada um encontra o seu destino e a sua paixão, daí resultando um conjunto de situações hilariantes.” Com Tozé Martinho. Bilhetes: a 10 e 12,50 euros.
FOTOGRAFIA
Até 22 de Julho, Casino do Salão de Festas, Nazaré Fotografia de Mário Godinho
FORMAÇÃO
26 de Julho, Escola Superior de Educação de Leiria, das 09h00 às 18h00
Di@ dos Avós.
Abertura de um espaço de Internet para cativar os mais idosos para a comunicação online.
WORKSHOP
Até 16 de Julho, galeria do Instituto Português da Juventude - Leiria
Encontro de Fotojornalismo “As Agências Internacionais”.
Este encontro conta com a exposição de 80 fotografias com fotógrafos de quatro agências: Reuters, Lusa, France Press e Associated Press, na Galeria do Instituto da Juventude.
Em paralelo será realizada uma conferência/debate sobre a “Evolução do Fotojornalismo em Portugal e no Mundo”, com fotojornalistas de renome, a realizar no dia 12 e Julho, no auditório do IPJ, assim como um workshop de Fotojornalismo com o fotojornalista José Manuel Ribeiro da agência Reuters nos dias 15 e 16 de Julho.
foi peculiar porque «assistiu à passagem do testemunho do grupo fundador, para um grupo mais heterogéneo de colaboradores, mais jovens, mais inexperientes, mas nem por isso menos entusiasmado e menos empenhado».
Dissemos que estávamos orgulhosos desse trabalho e desta equipa. Reiteramos aqui esse sentimento. A par da satisfação pelo dever cumprido, pois fez-se uma coisa que nunca tinha sido feita. E de uma forma que, convenhamos, não envergonha ninguém, pelo contrário.
Resta-nos agradecer à equipa redactorial, constituída essencialmente por alunos do Curso de Comunicação Social e Educação Multimédia; à direcção da ESEL, que permitiu o desenvolvimento do projecto; à direcção do Curso de CSEM, pelo espaço que lhe concedeu; ao Região de Leiria, pelo apoio e pelo ninho que constituiu; e, finalmente, aos leitores, que foram viabilizando o Akadémicos, número a número, lendo-o. Voltaremos para o ano, se continuar, como esperamos, esta conjugação de boas vontades. E se prevalecer a noção, como tem prevalecido, que formar profissionais de Comunicação não é, não pode ser apenas disponibilizar conteúdos teóricos.
Muito obrigado a todos. E boas férias!
2006 07 07 SEXTA–FEIRA 02 Akadémicos JORNAL MENSAL
Vai lá, Vai... uma agenda do mês
Cristina Parente
Está a dar
Futuro do Terreiro joga-se agora
Konsumo Obrigatório
Cinema Paraíso
Cinema paraíso é o nome de um clássico do cinema italiano de Guiseppe Tornatore (1988) e é também um restaurante bar situado na zona histórica da cidade de Leiria, na rua Sacadura Cabral nº 12, uma rua entre a Praça Rodrigues Lobo e a “Rua Direita”. Cinema paraíso é igualmente uma pseudo galeria de arte, ou um cinema ou um espaço para divulgação de álbuns e bandas mais à margem das rotas de divulgação comercial ou simplesmente um espaço de cultura aberto a amigos e conhecidos, aberto a todos. É esta a filosofia que Tânia Afonso, a proprietária do restaurante bar em conjunto com a mãe, nos transmitiu numa agradável conversa em que nos falou do espaço que coordena.
A decoração é simples e surpreende pela cobertura das paredes e do tecto de motivos relacionados com o Cinema – telhas de plástico translúcidas que jogam com as luzes que se escondem por detrás e criam efeitos de iluminação em constante mutação. Ao fundo, uma parede muito colorida contrasta com a claridade suave das telhas e nela, por entre uma explosão de muitas cores quentes, saltam personagens míticas do cinema. São colagens e pinturas feitas por um artista plástico amigo das proprietárias. As casas de banho são como um camarim e quando transpomos a porta de entrada deparamo-nos com um espelho rodeado de luzes em toda a volta, qual espaço mítico de preparação dos actores antes do espectáculo, como nas salas de Hollywood. As mesas e cadeiras fazem lembrar uma taberna à moda antiga, de madeira, escura e com as linhas de design mais simples e típicas que pode haver.
Um espaço híbrido
Na aparente heterogeneidade do espaço revela-se a sua identidade – um espaço híbrido, em constante mutação e aberto às mais variadas experiências culturais, quer gastronómicas, quer musicais, ou de expressão da cultura urbana como as artes plásticas, a musica electrónica, o design, a fotografia, o lançamento de livros, mostras de BD… O espaço é sobretudo simples, porque, como nos diz Tânia Afonso, “o que interessa é o que se passa aqui e não o que cá está”. Para além do restaurante e do bar, que faz dois anos em Outubro, o Cinema Paraíso desenvolve uma iniciativa chamada “Amigos na Cozinha”. Um amigo propõe-se a cozinhar e a escolher a ementa para servir aos seus convidados durante uma noite no restaurante. Para além de ter de cozinhar para os seus, o cliente poderá ter de dar a provar os seus pratos aos possíveis clientes da noite, que mais que uma festa de amigos é um evento de cariz público.
A promoção é feita em embalagens de produtos típicos para a cozinha como as caixas da farinha “Maizena”, de sardinhas, de tabasco ou do flan“ EL Mandarin”. A única particularidade é que as receitas da ementa, os ingredientes, os preços e algo de pessoal que os clientes queiram expressar, também faz parte das embalagens e é desta forma que os eventos são divulgados. O Cinema está também ligado a projectos como o “Fade in” e o “Leiria dá-te Música”.
Aberto das 12:00h às 15.30h e das 20:00h às 02:00h, o espaço só encerra ao sábado à hora de almoço, domingo e segundafeira à noite e é um escape para quem procura algo de novo e diferente, algo que fuja à cultura de massas e de consumo fácil. Cinema Paraíso é sem dúvida de consumo obrigatório.
O Terreiro é sem dúvida uma das zonas nocturnas mais carismáticas de Leiria e desde o seu início que está associada à vida académica de milhares de estudantes que todos os anos passam pela cidade.
O Palácio dos Athaídes, onde se situam dois dos bares do Terreiro, foi adquirido pela Caixa Agrícola de Leiria, que pretende instalar aí a sua sede; para isso a Caixa quer estabelecer acordos com os proprietários dos bares para libertar os espaços ocupados por estes. Mário Matias, presidente da Caixa Agrícola de Leiria, diz que os “fechar os bares é uma questão de tempo”. Mas os vários donos dos bares, por seu
turno, replicam que não pensam libertar o espaço.
O Anúbis e o Ozono são os únicos bares que estão instalados em espaço pertencente ao Palácio (depois do fecho do Estrebaria, que também lá estava) e, segundo Mário Matias, “a Caixa está disponível para indemnizar os proprietários dos bares, mas o negócio só se faz com o interesse de ambas as partes. Se fossemos muito generosos, naturalmente, as pessoas sairiam de lá.” Mário Brilhante, dono do Anúbis, diz que não recebeu uma proposta concreta da Caixa e que “neste momento não pomos a possibilidade de sair”. Alexandra Rodrigues, dona do Ozono, corrobora
Akadémicos JORNAL MENSAL 2006 07 07 SEXTA–FEIRA 03
Pedro Santos
O jogo do gato e do rato
AFINAL, HÁ SEGURANÇA, GARANTEA POLÍCIA
Todos os bares instalados no Terreiro defendem que a saída dos estudantes daquele espaço iria trazer mais insegurança à cidade e em especial ao Centro Histórico. Orlindo Freires, Subcomissário da PSP de Leiria, considera que isto é uma situação que não pode ser prevista, no entanto, a PSP considera que neste momento “não há problemas de segurança no Terreiro ou em qualquer ponto da cidade, aquilo que existem são situações pontuais”. Quanto à conduta dos estudantes, o Subcomissário diz que “estes são jovens e por vezes podem exceder-se, mas não há queixas do comportamento destes”.
Está a dar
DOCAS EM LEIRIA
Há muito que se fala na criação de um espaço vocacionado para a diversão nocturna na zona do rio Lis, que funcionaria como uma espécie de Docas Leirienses. Apesar de todos os espaços equacionarem uma possível abertura nessa zona ou mesmo a sua transferência, todos dizem que isso é uma coisa que se tem vindo a arrastar e que possivelmente não irá avante, já que a Câmara Municipal não tem apostado nesse sentido. No entanto, e segundo o que o Akadémicos apurou, os projectos para aquela zona da cidade são, neste momento, da responsabilidade da Sociedade Polis de Leiria.
Centro histórico no «cai, não cai»
esta posição: “Tenho uma proposta para sair mas neste momento não me interessa. Mesmo que me fosse feita uma boa proposta a nível monetário iria pensar, pois gosto deste cantinho, deste espaço.”
O Estrebaria, que também se encontrava no Palácio, chegou a acordo com a Caixa e fechou. Se mais dois bares fechassem, o Terreiro, como espaço de diversão nocturna, poderia deixar de fazer sentido e isso poderia afectar os outros bares que se encontram em volta. Os diversos donos dos bares são unânimes nesta opinião. Nas palavras de António Vieira, do Habitus, “o Terreiro não fará sentido sem bares, esta zona ficará sem movimento”. No entanto, tenha o Terreiro mais ou menos gente, nem o Hábitus, nem o Filipes, nem o Sebentas equacionam sair dali. Manuel Oliveira, dono dos Filipes, diz mesmo que “a noite de Leiria começou com o Filipes, estive aqui sozinho um ano e meio e funcionava”. Ana Barros, do Sebentas, também é da mesma opinião, já que mesmo na Rua Direita estão a abrir novos bares, além de que o Terreiro será sempre uma praça com condições para os estudantes se juntarem e “tanto o Sebentas como o Filipes são vocacionados para este público e portanto eles continuarão a vir aqui”. Os bares do Terreiro vêem mesmo a instalação da Sede da Caixa naquele espaço como uma nova oportunidade de negócio. Manuel dos Filipes diz que “poderei adquirir mais clientes, penso recuperar o dia”, e os proprietários do Ozono e do Anúbis dizem mesmo estar a projectar obras para breve.
O que dizem os estudantes…
Mais ou menos boémio, não há estudante que não frequente o Terreiro. Questionados sobre a possível descaracterização do espaço que tão bem conhecem, a sua
opinião é unânime. Na voz de Sílvia Mendes, estudante de Turismo: “Penso que todos gostamos de ter um local onde possamos estar reunidos e para partilhar o espírito académico que todos temos”. Os estudantes pensam mesmo que se o Terreiro deixar de existir deve ser disponibilizado outro espaço onde estes “se possam reunir para descontrair, sem serem vistos com maus olhos”, como refere Verónica Ferreirinho, aluna de Comunicação Social da ESEL.
O Centro Histórico da cidade está visivelmente degradado e a cada dia que passa mais deserto. Mário Matias refere que é necessário “perceber o que se quer para a cidade, já que os bares animaram a noite mas não é possível viver na zona”. Neste momento “não há ninguém a viver no centro histórico com menos de 70 anos”. A instalação dos bares e a invasão dos estudantes levou a que os habitantes saíssem do centro, “só ficaram os surdos e os velhos.” Os donos dos diversos bares presentes também consideram que se saírem de lá o centro histórico perderá a vida que tem, e que neste momento é só dada pelos estudantes. Questionado sobre soluções para a degradação que alastra na zona histórica, Mário Matias afirma que isso é um problema que o ultrapassa, mas que se os estudantes “chegam a um sítio e afastam quem lá está, e se depois vão embora, este fica vazio”. Os donos dos bares, por seu turno, não partilham desta opinião e referem mesmo que o futuro da zona histórica poderia passar por uma concentração de comércio da área da restauração. Nas palavras de Ana Barros, “a zona histórica de Leiria é das mais mal geridas que conheço, mesmo o estacionamento é complicado, já que só existe estacionamento para os moradores”. A instalação de mais empresas, lojas, bares e restaurantes poderia ser a solução para revitalizar a parte antiga da cidade e todos os proprietários consideram que só com mais incentivos e medidas da Câmara será possível recuperar os edifícios.
2006 07 07 SEXTA–FEIRA 04 Akadémicos JORNAL MENSAL
Mário Matias, presidante da Caixa Agrícola: “Queremos negociar”
Está a dar
Desporto
FutSal Masculino alcançou o 4º lugar na Final-Four
Depois de na temporada passada ter lutado até aos últimos segundos pelo título de campeã nacional, a equipa de futsal masculino do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) apurou-se, este ano, novamente, para a final-four da Liga Universitária de FutSal, competição que tem ganho cada vez maior notoriedade no seio do desporto português. No passado dia 3 de Junho, sábado, a equipa leiriense defrontou a Universidade do Minho, em Vila Real, numa das meiasfinais desta final-four, já que antes tinham estado frente a frente a Universidade da Beira Interior e a Associação Académica de Coimbra. Com o estatuto de vice-campeã, a equipa orientada por Delfino Faria, que efectuava a sua última competição como treinador do IPL, partiu para este fim-de-semana decidida a fazer tanto ou mais que na passada época, algo que não sucedeu. Num jogo bastante equilibrado e com alternância de domínio e marcha do marcador, as equipas do IPL e da Universidade do Minho proporcionaram um excelente espectáculo, que apenas foi resolvido através de prolongamento, depois do IPL até ter estado a vencer por 6-4 aos 38 minutos, algo que a equipa nortenha conseguiu inverter, fazendo o empate antes do final do tempo regulamentar. No prolongamento, a Universidade do Minho marcou dois golos em apenas quatro minutos, quando a equipa do IPL apenas conseguiu reduzir.
Com o resultado de 8-7 no final do encontro, a equipa do IPL disse definitivamente adeus à revalidação de, pelo menos, o título de vice-campeão, e virava-se agora para o apuramento dos terceiro e quarto lugares, que teve lugar no domingo seguinte, dia 4 de Junho, frente à Universidade da Beira Interior, derrotada também pela margem mínima (4-3) diante da Associação Académica de Coimbra.
Reedição da final do ano passado
Depois de na época passada a equipa do IPL ter marcado presença na final da LUF, este ano as hipóteses ficaram hipotecadas depois da derrota com a Universidade do Minho, que defrontava na tarde de domingo a Associação Académica de Coimbra. Restava então aos pupilos de Delfino Faria lutar pelo último lugar do pódio frente à Universidade da Beira Interior,
Chegado o momento… os louros a quem os merece!
O jornal Akadémicos conseguiu, finalmente, ganhar o seu espaço no seio da comunidade académica. Passado que está um ano de edições mensais, é tempo de falar num outro factor de “luta” dentro do próprio IPL: o desporto. Desde a minha entrada neste projecto do Akadémicos que a minha “luta” se baseou pura e simplesmente no facto de dar a conhecer a todos o que de bom se tem feito em termos desportivos no IPL. Desde 1997 que o Sr. Carlos Vieira implementou um novo conceito de desporto na academia leiriense, formando o que actualmente conhecemos como o Sector de Desporto, reunindo assim os alunos de todas as escolas do IPL e deixando de lado as rivalidades, por vezes, bem visíveis. A primeira “batalha” foi vencida e, daí para a frente, o sector de desporto tem vindo a colher sucessivas conquistas a nível interno e, so-
Vencedores ao pódio
A Gala do Desporto é a forma que o IPL escolhe para encerrar as actividades desportivas do ano lectivo 2005/2006 e para Marco Oliveira, o responsável do desporto do IPL, “é uma forma de homenagear o esforço dos atletas e treinadores ao longo do ano”.
curiosamente, a reedição do jogo que o ano passado decidiu o campeão nacional, em que o IPL também defrontou Neste último jogo da temporada, disputado duas horas antes da final, o IPL voltou a ter domínio durante quase todo o encontro, com mais posse de bola e mais lances de perigo. Ao intervalo a equipa leiriense vencia por 1-0 e, aos 34 minutos, Fábio elevou a contagem para o IPL. Quando o terceiro lugar já parecia uma realidade, a Universidade da Beira Interior fez três golos em apenas cinco minutos e deu a volta no marcador, fixando o resultado final e atirando com a equipa leiriense para o último lugar desta Final-Four.
Na final da Liga, a Associação Académica de Coimbra acabou por vencer a Universidade do Minho, por 2-1, sucedendo assim à Universidade da Beira Interior como campeã nacional da Liga Universitária de Futsal 2005/2006.
Próxima época já mexe
Depois de grandes épocas de sucesso, Delfino Faria já tinha decidido abandonar o cargo de treinador das equipas de futsal do IPL. A final-four do futsal masculino marcou a despedida do técnico, depois de ter levado o IPL ao título de vice-campeão nacional em apenas duas épocas de trabalho. A fasquia mantém-se alta e foi a pensar nisso que o Sector de Desporto assegurou já um novo treinador para a próxima temporada. Depois de limados os últimos pormenores do contrato com a administração do IPL, Marco Oliveira, responsável pelo sector de desporto, confirmou Tó Coelho como novo treinador, ele que orientou esta época o Sporting de Pombal. Além da Liga Universitária, o novo técnico do IPL poderá continuar ainda nos campeonatos nacionais, já que o Núcleo Sportinguista de Leiria já encetou os primeiros contactos, faltando agora assegurarem condições que Tó Coelho entende necessárias para desenvolver o seu trabalho.
Foi a 7 de Junho que decorreu a terceira edição da Gala do Desporto, que o Instituto Politécnico de Leiria leva a efeito através dos Serviços de Acção Social, e que começou por volta da dez horas da noite no auditório da sede do IPL. Uma hora antes a agitação junto do auditório já era grande e burburinho aumentava consoante chegavam os atletas. Eram 50 nomeados, dois por prémio, que nas modalidades de Andebol, Futsal, Voleibol, Ténis e Atletismo iriam ser distinguidos com os prémios Liderança, Revelação e Atleta do Ano, para além de ser distinguida a melhor equipa e o melhor treinador do ano.
Na abertura da cerimónia, o administrador dos Serviços de Acção Social, Miguel Jerónimo, frisou a igualdade de importância entre o subsistema politécnico e universitário e agradeceu aos atletas o esforço feito na defesa da honra da insígnia IPL. Incitou de igual o modo os alunos atletas a procurarem ter na escola um desempenho tão bom ou melhor que aquele que têm no desporto, lembrando que só irão representar Portugal nos Campeonatos Europeus Universitários de Andebol Feminino e Ténis, respectivamente na França e na Holanda, os alunos que tiverem um aproveitamento escolar positivo. Para além da distinção dos vencedores a gala foi marcada por momentosde emoção e sentimento. Fez-se a despedida a Delfino Faria, treinador das equipas de Futsal masculino (2003/2006) e feminino (2005/2006) e vice-campeão em 2004/2005 com a equipa masculina, que vai abandonar, por motivos pessoais, o comando desta modalidade e homenageou-se, na pessoa da sua mãe, a atleta Patrícia Soares, ex-futebolista da equipa de Futsal feminino, que faleceu tragicamente num acidente de automóvel no final do ano passado.
Ao longo de toda a entrega de prémios a disposição reinou entre os presentes e os momentos musicais em conjunto com a boa disposição da apresentadora, fizeram desta gala uma justa forma de reconhecer o valor e o esforço de todos os que trabalham na defesa das cores do Instituo Politécnico de Leiria.
bretudo, externo.
Nesta época desportiva que agora termina, por exemplo, foram 57 os alunos do IPL que estiveram na defesa das cores da academia de Leiria nos Campeonatos Nacionais Universitários, escrevendo novamente novas páginas neste “livro” de conquistas que o Sector de Desporto actualmente ostenta. Depois de conquistados mais dois títulos nacionais, proezas conseguidas no andebol feminino e no ténis masculino, o IPL tem vindo a subir sucessivamente e amealhar conquistas que o colocam nos lugares cimeiros do ranking desportivo do ensino superior em Portugal.
Ainda nesta semana que agora finda, o IPL esteve representado a nível internacional pelas duas modalidades anteriormente mencionadas, que na França e na Holanda vestiram as cores de Portugal nos Campeonatos Europeus Universitários. Depois da revalidação do título de campeãs nacionais, as atletas do IPL asseguraram um 6º lugar para Portugal no andebol
feminino europeu.
Infelizmente, todos estes feitos ainda não conseguiram fazer com que o Sector de Desporto seja reconhecido como uma das áreas de maior importância e visibilidade no seio do IPL. São poucos os estudantes da academia que conhecem a actividade desportiva que se vem praticando, assim como os resultados que se têm alcançado… felizmente existem pessoas, como eu, que vêm travando “batalhas” em prol do desporto académico, e neste caso tenho de agradecer publicamente o trabalho desenvolvido nos últimos anos pelo Marco Oliveira, coordenador do Sector de Desporto, que com o seu incansável esforço tem vindo a colher, finalmente, os louros devidos. Para ele, assim como para todos os atletas, fica aqui o renovar da minha vontade em ajudar o desporto do IPL a ser reconhecido como verdadeiramente merece.
Akadémicos JORNAL MENSAL 2006 07 07 SEXTA–FEIRA 05
Esteve novamente tão perto…
Mário Rui Ventura
Pedro Santos
QUEM É LUIS FILIPE BORGES?
Teve várias participações em televisão no programa Zapping como actor e criativo, jornalista no programa Fenómeno, editor do programa Teledependentes e argumentista e pivot do Serviço Público.
Luís Filipe Borges
“Os portugueses gostam de ter alguém que mande…”
Nascido nos Açores, Luís Filipe Borges, trocou o curso de Direito pela escrita, paixão a que tem dedicado os seus 28 anos de existência. E não está arrependido. Apresenta a Revolta dos Pastéis de Nata, programa que vai já na terceira série, com transmissão na 2:. Publicou em Fevereiro o livro “Sou português… e agora?”. Orgulha-se de já ter feito quase tudo o que queria na vida, até mesmo cantar. Preparava-se para a noite em que iria actuar com os Mola Dudle, a banda residente do programa, quando aceitou falar connosco.
Como é que surgiu a Revolta dos Pastéis de Nata?
Numa altura da minha vida em que já estava perfeitamente satisfeito com a ideia de que iria viver da escrita até ao fim dos meus dias, o Luís Osório, director da Capital, diário lisboeta entretanto falecido, convida-me para escrever uma crónica de humor sobre a actualidade que se chamava“Sitdown Comedy”. Um belo dia, recebo um telefonema de um brasileiro, que se apresentava como sub-director da 2:, a dizer que lia as minhas crónicas e que era meu fã. Sugeriu que nos reuníssemos com um produtor que era espanhol para discutirmos um projecto. Parecia uma anedota. Assim foi, no dia seguinte e para grande espanto meu, vim a descobrir que existia mesmo um Bruno Santos brasileiro e um espanhol produtor; o projecto era o que viria a ser a “Revolta dos Pastéis de Nata”. Acho que este foi o meu pequeno sonho americano.
A Revolta tem um share notável
Uma das hipóteses para o nome do programa “A revolta….” era “O Segredo da alheira”. Como é que de enchidos se passa para pastéis?
Na altura deram-me um projecto para a mão que se chamava “O segredo da alheira”. E eu tive de lhes dizer, cheio de medo, “não sei se é por vocês serem estrangeiros e eu português, mas isso pode ter conotações indesejáveis…”. Eles perceberam. Nós queríamos que o nome tivesse três coisas: que fosse sugestivo, que tivesse um elemento português, por causa do programa ter sempre como substrato o país e coisas que nos dizem respeito, e tinha de ter o mínimo de graça. Esteve quase para se chamar “O enigma do galo de Barcelos”. A palavra revolta já tinha surgido entretanto. Um belo dia estávamos a almoçar, alguém pediu um pastel de nata, provavelmente eu, e lembrámo-nos que o pastel de nata, embora pouca gente o saiba, é tipicamente português, em Inglaterra até se chama portuguese pie. Tínhamos assim um elemento português. O título era sugestivo, e pastel também, porque em calão alfacinha quer dizer “totó”. E assim ficou.
A primeira série atingiu os 5,8% de share. Acha que este é o formato ideal para atrair massas, mesmo num canal como a 2:?
Sim e não. Não, porque isso nunca foi uma preocupação nossa. É óbvio que estamos contentes porque as audiências têm subido de série para série, nesta terceira vamos em 8.1%, o que é absolutamente notável para o canal. Sim, porque o programa trouxe uma atenção para a 2: que ela nunca tinha tido. As pessoas que identificavam a 2: como um canal para classes altas, de faixas etárias mais elevadas, muito dirigido para cultura de elites, tiveram uma surpresa. Nesse sentido, sim, é o programa
ideal para atrair massas para a 2:, porque conquistou um público que o canal não tinha. O mérito é também da 2:, porque resolveram arriscar.
Que tipo de público acompanha o programa? Será coincidente com o da SIC Radical?
Em parte. Posso responder cirurgicamente porque há quinze dias tivemos uma reunião com um dos directores do canal para nos apresentar quem é que está a ver o programa, onde e de que classe é. Foi uma grande surpresa para mim porque descobri que o programa é absolutamente transversal: temos público do tipo radical, mas muito menos do que eu pensava (15%), temos muito público generalista e temos público de elite. O público normalmente identificado com a 2: não deixou
de ver o nosso programa, o que é uma coisa curiosa. Quando pensava que o nível de idades iria dos 15 aos 30 anos, a nossa faixa etária vai dos 25 aos 54. Portanto, fiquei muito espantado e agradado porque o programa agrada a tipos de público muito diferentes.
Portugueses levam-se muito a sério…
No seu livro escreve que os portugueses se preocupam em figurar no livro do Guiness. Acha que somos um povo descrente de que tem valor para se afirmar e por isso tentamos o caminho mais fácil?
É isso mesmo. O defeito que eu acho que os portugueses têm
Luís Filipe
Escritor e apresentador de televisão
2006 07 07 SEXTA–FEIRA 06 Akadémicos JORNAL MENSAL
BORGES
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Edite Felgueiras e Fernanda Branco
TEM ALGUMA METAPARAA SUA VIDA?
Não, porque nunca fiz planos. Por exemplo, quando cheguei ao quinto ano é que percebi que ia trabalhar dali a meses. Nunca pensei o que ia acontecer a seguir. Tive uma namorada com a qual pensava que ia casar no segundo, terceiro e quarto ano da faculdade, que adorava e, por inerência, ia fazendo o curso. De repente, chega ao quinto ano, a nossa relação acabou, pensei “estou sozinho, já não me vou casar e vou ser advogado, estou tramado”. Se calhar sou um bocado inconsciente, pensava muito que o futuro não era já e às vezes o futuro é daqui a cinco minutos.
é levarem-se muito a sério e isso é uma coisa que nunca escrevi no livro, propositadamente. O livro é muito agressivo e eu queria ver se as pessoas tinham auto-ironia para se rir disto ou se ficavam incomodadas. Acho que nós duvidamos das nossas capacidades, e dou um exemplo: relativamente ao Mundial, andava toda a gente a torcer para que nós jogássemos com a Holanda e não com a Argentina. Isso é tipicamente “tuga”: vamos preferir estes porque são um bocado mais fraquinhos. Mas se nós vamos ser campeões do mundo vamos ter de jogar com eles mais tarde ou mais cedo. Há essa coisa de “se calhar não vamos lá”. O português prefere ser titular do Sporting de Braga do que suplente do Benfica. Se calhar é por isso mesmo que temos esta mania parva de tentar bater recordes do Guiness.
Afirma que os portugueses têm um “fascistazinho” latente dentro deles. Também tem um dentro de si?
Tenho, sobretudo quando estou a ver a bola. Há muito português médio que tem um fascista lá dentro, nomeadamente taxistas, funcionários públicos e maridos cornudos. Nós temos um saudosismo estúpido, não sei se tem a ver com a nossa costela sebastianista. Com o devido respeito pelo 25 de Abril e pelos seus heróis, mas 50 e tal anos de ditadura só fazem sentido num país como o nosso, ainda por cima acabando como acabou, sem sangue. Como somos preguiçosos, gostamos de ter alguém que mande. Gostamos de um Scolari, de um Cavaco, gostamos de ter alguém que personifique a autoridade, somos muito respeitadores. Gostamos que nos transmitam a sensação que não temos de nos preocupar, porque alguém vai resolver o problema.
Escreve diversas vezes sobre o Alberto João Jardim, porquê?
Acho que o homem precisa de ser retirado do cargo o mais rapidamente possível. Vocês notaram esse padrão, o que é uma coisa engraçada, quer dizer que consegui passar a mensagem que um dos meus ódios de estimação é o Jardim. Às vezes há figuras que escolhes, que os americanos chamam de “bits”. De qualquer forma, acho que tudo tem o seu peso e a sua medida e não devia confundir-se o Jardim com a Madeira. Só não percebo como é que em democracia, aquelas 300 mil pessoas ainda não o tenham tirado do poder.
No livro apresenta a lista dos 12 magníficos portugueses no mundo. Gostava de ser um 13º?
Dificilmente, porque, como digo nesse capítulo, todos eles têm uma coisa em comum que foi terem de ir lá para fora para serem respeitados cá dentro e eu sou o pior viajante de sempre, sou muito sedentário, adoro a minha casinha. Vir dos Açores para Lisboa foi um tormento e a coisa mais doida que fiz foi ir passar um fim-de-semana em Évora, o equivalente a fazer um safari. Tenho um sonho provavelmente estúpido que é aos 45 anos, porque acho que é geralmente aí que as carreiras criativas acabam, ir viver para Espanha e juntar o melhor de dois mundos: escrever em português e fazer amor em espanhol, assim uma espécie de tratado de Tordesilhas, mas do século XXI.
Revolta-me o medo de existir
O que é que mais o revolta em Portugal?
É a inércia, uma certa preguiça, um medo de existir, como diz o José Gil. Ele diz outra coisa notável, que é “somos o país da nãoinscrição”. Vou dar como exemplo o meu ódio de estimação, Santana Lopes: fez porcaria atrás de porcaria, um ano depois ninguém se lembrava e chega a primeiro-ministro. Um senhor que há uma data de anos deu uma conferência a dizer que se retirava da política, por causa de um sketch do Big Show SIC. Desde então, foi presidente da Câmara da Figueira da Foz, da Câmara de Lisboa e primeiro-ministro. Mas em Portugal podes fazer o que te apetecer. Outro exemplo: o Diogo Morgado, esse extraordinário actor tão mau que até nos cartazes é canastrão, fez uma peça de teatro há uns anos onde plagiou um filme. O
que lhe aconteceu? Foi para o Brasil protagonizar “A Selva”, o filme português mais caro de sempre. Voltou para Portugal, faz anúncios e novelas. As pessoas não pagam pelos seus erros, não há memória histórica.
Que revolta é que gostava de ver em Portugal? Gostava que fôssemos mais participativos em tudo, ou seja, que tivéssemos mais iniciativa, gostava que as taxas de abstenção não fossem tão altas, que houvesse muito mais gente nova interessada pela política. Gostava que houvesse muitos mais jovens a arriscar ir trabalhar para o estrangeiro, gostava que a
Então, desde que comecei a trabalhar há seis anos, tenho o mesmo esquema para fazer projectos, que os canais têm para aprovar programas: cada série de programas tem três meses, logo penso o que é que eu vou estar a fazer nos próximos três meses. Nunca penso “daqui a um ano quero ter isto feito, daqui a dez anos, aquilo”. Profissionalmente, não tenho nenhuma meta que queira atingir, há coisas que eu quero fazer. Nesse aspecto, diria que cinema é uma coisa que eu quero muito fazer: escrever, realizar, interpretar, se possível tudo num e fica resolvido. Pessoalmente, desde os catorze anos que a minha meta é ser pai. Ainda era virgem e já queria ser pai.
tilo humorístico?
Tenho medo de cães e de baratas, são dois pavores que adquiri na infância. Não me interessa o que as pessoas pensam. Acredito que muita gente vá pensar nisso quando escrever o romance, mas para mim o que me interessa é escrevê-lo e publicá-lo e há sempre alguém que vai gostar. O que define a minha carreira é o desejo de comunicar e o objectivo é inspirar alguém, alguém pode ser uma pessoa. Eu adoro o programa que estou a fazer, mas a Revolta dos Pastéis de Nata é um programa de televisão, como tal é efémero e daqui a não muito tempo as pessoas vão esquecer-se dele. Embora eu tenha o maior respeito pelo entretenimento, quando penso numa coisa que inspire alguém, penso no meu filme preferido, no Magnólia. Não penso que um palhaço com dez quilos a mais e um chapéu possa tocar uma pessoa dessa forma. Por isso, é isto que eu desejo na minha vida, é continuar a fazer coisas onde comunique com alguém e possa inspirar uma pessoa que seja. A vida é muita curta e há imensas coisas que têm que ser feitas. Orgulho-me de já ter feito praticamente o que queria fazer na vida e eram várias coisas, já as experimentei pelo menos uma vez. Hoje vou fazer mais uma cruzinha (cantar).
Encontrou a sua verdadeira vocação na escrita?
Sem dúvida. A minha verdadeira vocação é escrever e a coisa que me dá mais gozo fazer é a Revolta, mas escrevendo ou episodicamente fazendo televisão, sinto que é este o meu caminho. Não me arrependo de ter tirado o curso de Direito, deu-me algumas coisas importantes e permitiu-me conhecer alguns dos meus melhores amigos. Deu-me escola de vida, é aí que se sofrem as primeiras desilusões, intrigas e traições e por isso aprendes. Tornas-te um bocadinho cínico mas o cinismo é útil, pelo menos no meio onde me movo, onde as pessoas te dão palmadinhas nas costas quando és conhecido e não querem saber de ti quando não apareces. Além disso, torna-se mais difícil enganarem-te, num contrato, por exemplo.
Em Portugal num mês és o maior…
Para si o Herman é o verdadeiro humorista português? Então e os novos valores de stand-up comedy que têm surgido em programas como o “Levanta-te e ri?”
O Herman é, e vai ser durante pelo menos mais um século, o maior humorista que Portugal já teve. E foi o único ídolo que tive na vida. Quanto ao stand-up, vejam os americanos. Portugal tem este problema, de um dia para o outro surge um programa que explora o facto de os portugueses andarem desesperados para darem umas gargalhadas.
nossa televisão tivesse ideias originais porque hoje em dia, tirando a “Revolta dos Pastéis de Nata”, que não é 100% original, por ter a estrutura de um late night show, e um programa fabuloso que dá na RTPN que se chama “Liga dos Últimos”, um programa de desporto sobre os piores clubes de futebol do país, não há nenhum conceito na televisão portuguesa que seja original. É isso que eu gostava de ver, as pessoas sem medo de arriscar e de participar. Não se justifica que mesmo que não acreditemos nos nossos políticos as pessoas não votem.
O que define a minha carreira é o desejo de comunicar
Escreveu peças de teatro, livros de poesia, crónicas humoristas, e até participou numa ópera… o que é que ainda lhe falta fazer?
Falta-me escrever um romance, fazer cinema e ter filhos, nem que seja como a Angelina Jolie e adopte crianças somalis, se for preciso. Estou louco para ser pai, acabem esta entrevista rápido.
Não tem medo de ficar demasiadamente associado ao es-
Na América uma pessoa para se destacar anda em bares anos e anos até que alguém o descubra. Depois faz uma sitcom, faz um filme e conseguem ser um Jim Carrey. Ele é famoso há dez anos, tem 43, houve um longo percurso. Em Portugal num mês és o maior. O Nilton, por exemplo, acho que tem grandes textos, está sempre a produzir coisas novas e quando é bom, é mesmo muito bom. O Bruno Nogueira como persona é cinco estrelas. O Aldo Lima é genial no humor físico. Se juntássemos estes três acho que tínhamos um stand-up-comedian absolutamente brutal.
Pondera voltar ao teatro?
No dia 6 de Julho vou estrear uma peça em teatro chamada “Urgências”, no Teatro Maria Matos. É um projecto com onze autores diferentes, cada autor escreveu uma pequena peça de dez minutos e o conceito do espectáculo é “o que é que tu tens de urgente para dizer”. O Tiago Rodrigues é o encenador e está a juntar as peças todas de forma a fazer um espectáculo uno. Também fui convidado para escrever uma Revista à Portuguesa, mas ainda estou a pensar no assunto. Ao teatro vou voltar sempre, pelo menos como dramaturgo. Um dos projectos que mais gostei de fazer na vida foi um espectáculo chamado “Stand-up Trajedy” que já tem três anos e continua a percorrer o país, ainda no fim-de-semana passado estive em Guimarães, adorei.
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Últimas
ESEL já tem rádio
Foi apresentado oficialmente no passado dia 13 de Junho, terça-feira, o novo projecto da ESEL – a abertura de uma “estação” de rádio.
Ainda sem um nome próprio, a mais recente rádio do distrito será integralmente produzida por alunos, professores e funcionários e terá nos primeiros tempos a colaboração de alguns formadores que irão ensinar os interessados no projecto nas áreas de produção e edição áudio, programação e informação.
Os estúdios de rádio funcionam no Centro de Recursos de Multimédia e estão abertos todas as manhãs de segunda a sexta-feira entre as 9h e as 13h, sempre com a presença de um formador. As inscrições podem ser feitas por e-mail - radio@esel.ipleiria.pt pelo telefone 244 829 473 ou através de uma inscrição no site da escola – www.esel.ipleiria.pt.
O projecto pretende abrir-se a toda a população escolar, com a criação de programas de autor que serão transmitidos na Internet e também à comunidade já que, será produzido semanalmente um programa próprio com um tema específico que irá ser transmitido nas rádios locais do distrito.
Neste momento os primeiros programas já passam na Rádio Batalha e na D. Fuas FM – Porto de Mós. Esta iniciativa é uma forma de interligar a comunidade com os estudantes e uma maneira de aliar a teoria à prática preparando de uma forma mais próxima da realidade os estudantes para o mercado de trabalho.
Curso de língua gestual na ESEL
A Escola Superior de Saúde , do Instituto Politécnico de Leiria, promove a 1.ª edição do Curso Livre em Língua Gestual Portuguesa. O curso visa desenvolver competências de comunicação, conhecer a cultura da comunidade surda e desenvolver um diálogo ao nível básico e/ou profissional com pais e crianças surdas, recorrendo à língua gestual portuguesa.
Mais informações disponíveis no site do Instituto Politécnico de Leiria.
Bolonha no IPL
O Processo de Bolonha, que pretende tornar o Ensino Superior mais igualitário, está já às portas do IPL. Os alunos que ingressarem no Instituto Politécnico de Leiria no próximo ano lectivo (2006/2007) serão integrados em cursos adequados ao Processo de Bolonha. O Regulamento de transição dos estudantes matriculados nos actuais planos de estudos dos cursos ministrados no IPL foi já aprovado. De acordo com este Regulamento, os estudantes matriculados no 1.º e 2.º ano transitam automaticamente para o novo plano de estudos, de forma a obter uma licenciatura ao perfazer 180 créditos.
Os cursos da Escola Superior de Tecnologia do Mar (ESTM), encontram-se já adequados a esta nova estrutura de ensino, tendo 180 créditos e a duração de seis semestres lectivos. Quanto aos restantes cursos, ministrados nas outras escolas do IPL, serão adequados a Bolonha, entrando em vigor os novos planos de estudos no ano lectivo de 2007/2008.
“Leva, Lê e Liberta”
A Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação (AEESEL) criou uma zona de BookCrossing. Mas afinal, do que se trata? O BookCrossing consiste num conceito novo de ler livros. Todos temos livros que, por mais que tenhamos gostado, estão a “apanhar pó” em casa. O BookCrossing é um novo conceito de livraria onde são disponibilizados livros e posteriormente são registados para estarem ao dispor de todos. O melhor de tudo: não implica qualquer custo. A AEESEL está a aceitar livros para rechear a sua “Official Crossing Zone”, para que estes sejam registados no sistema e serem libertados. Convidam-se assim todos a trazer os livros até à ESEL para que deixem de estar na prateleira lá de casa e possam ser desfrutados por alguém. Para mais informações consulta a página oficial, em www.bookcrossing.com.
A fechar
Late Night é uma marca desta cidade”
Cerca de cinco mil pessoas participaram no Caldas Late Night (CLN) deste ano que decorreu nos dias 31 de Maio, 1 e 2 de Junho. A festa de encerramento contou com 4700 pessoas e durou até o sol nascer. A organização, contudo, queixa-se de que a Câmara não valoriza suficientemente este evento.
Na quarta-feira o CLN começou de forma tímida, mas depressa começaram a surgir os grupos de jovens munidos com um mapa a calcorrear as ruas da cidade em busca da melhor intervenção artística.
Algumas casas abriram as suas portas para apresentar peças de teatro, intervenções artísticas e foram várias as intervenções que decorreram em espaço urbano.
Para Lino Romão, um dos organizadores do CLN, o evento correu bem mesmo com a organização a começar a trabalhar com muito pouco tempo antes da sua realização. “No próximo ano gostaríamos que fossem outras pessoas a organizar”, explicou este estudante do curso de Animação Cultural que participou na coordenação do evento dos últimos dois anos.
O jovem diz que a Câmara das Caldas “não valoriza suficientemente o evento” e queixa-se que anda há dois anos a “fazer omoletas sem ovos”. Neste momento, diz ambicionar um trabalho com algum profissionalismo, que não tem sido possível por falta de apoios.
As propostas de intervenção não passam por nenhuma selecção ou processo de avaliação e por isso há de tudo um pouco para ver.
“Notei que veio muita gente de fora”, disse o organizador, que salientou ainda o aspecto de terem existido várias intervenções que não estavam inscritas no evento e que, na sexta-feira, acabaram por contribuir para o êxito do CLN 2006. A festa final contou com 4700 pessoas e, como sempre, realizou-se na ESAD. Existiam quatro pistas e houve vários momentos de música ao vivo com bandas locais e da escola.
Ex- Alunos voltam às Caldas para o CLN
Em relação ao CLN de 2005, Norberto Santos, 23 anos, considera que “está mais fraco, pois ando aqui pela cidade e não há intervenções que se destaquem. Se calhar no ano passado havia outros géneros de apresentações”. Este finalista do curso de Design Multimédia concorda que o evento tenha apenas três dias, “para concentrar os eventos em vez de os espalhar pela semana toda”. Mas salienta que no ano passado “terão havido mais coisas por ter mais dias”. Também pensa que o CLN 2006 “foi preparado com pouca antecedência”. Acha, ainda, que o evento está numa fase de adaptação, “tal como a própria ESAD, pois com os novos cursos entraram pessoas novas”. No entanto, para este estudante de Almada, esta iniciativa “deve continuar sempre e com mais força ainda!”.
“Este ano foram apenas três dias e eu não me importava que voltassem a ser cinco como no ano transacto”, disse Vasco Lourenço, 22 anos, natural de Viseu e estudante de Som e Imagem.
Carla Alves, 27 anos, já estudou na ESAD e “todos os anos” volta às Caldas nesta altura. A designer gráfica, que trabalha em Leiria, considera que o CLN é motivo para o regresso de muitos ex-alunos à cidade onde estudaram para “ver como decorre o evento que se está a tornar numa marca das Caldas que devia ser mantida e desenvolvida”.
“Na quarta e quinta-feira houve mais intervenções, mas hoje, que é último dia, há menos para ver”, comentava o artista plástico local, Vítor Reis, que também participou com uma intervenção em espaço urbano. Em relação à edição anterior acha que “esteve mais fraco este ano pois esteve para não se realizar até à última hora e as pessoas tiveram pouco tempo para decidir com o que é que iam participar”. De qualquer modo, “creio que está mais gente a ver do que no ano passado”.
Sandra Rodrigues pensa que o CLN “está mais animado que no ano passado e há muita gente na rua!”. No entanto, a artista plástica local acha que três dias é muito tempo para as apresentações.
“Gostámos muito de assistir à peça de teatro que decorreu numa das casas. Este evento é muito fixe pelo convívio e por se passar nas casas dos estudantes e também na rua”, disseram Sofia Mota e Raquel Lisboa, alunas do 1.º ano do curso de Som e Imagem que ponderam em participar na próxima edição.
2006 07 07 SEXTA–FEIRA 08 Akadémicos JORNAL MENSAL
Evento deve ser desenvolvido
Pedro Santos, Tânia Gomes, Célia Martins e Ângela Duarte
“Caldas
Organização do CLN