Akadémicos 10

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SUPLEMENTO DO SEMANÁRIO REGIÃO DE LEIRIA DE 2006 03 31 NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
EDUCAÇÃO
2006 03 31 SEXTA–FEIRA
0210 BOLONHA 03 04 e 05 DOSSIÊ Pedro Lourtie Sentado no Mocho “Bolonha dará melhor preparação para o mercado de trabalho”» 06 07
Parceria com a ESEL ESCOLA SUPERIOR DE
DE LEIRIA
JORNAL MENSAL

Ficha Técnica

Director Francisco Rebelo dos Santos

Director Executivo

Pedro Costa

Presidente do Conselho

Editorial

Graça Fonseca (presidente do conselho directivo da ESEL)

Coordenador Técnico

António José Laranjeira

Redacção e colaboradores:

Ana Rosa; Ângela Duarte, Cátia Campos; Cláudia Moiteiro, Cristina Parente; Daniel Borges; Diana Combo; Edite Felgueiras; Fátima Cordeiro; Fatu Buaró; Fernanda Branco; Filipa Gonçalves; Filipe Guerra; Liliana Martins; Mário Ventura; Marta Costa; Miguel Oliveira; Mónica Oliveira; Pedro Santos, Rui Formiga; Sónia

Olaio, Susana Raposo; Susana

Machado; Tatiana Silva; Telma

Freire; Vânia Santos

Paginação:

Paulo Marques

Departamento Comercial

Alda Moreira (Directora);

Propriedade

Empresa Jornalística

Região de Leiria, Lda.

Contribuinte N.º 500 096 805

Redacção

Escola Superior de Educação de Leiria

Rua Dr. João Soares, Leiria akademicos@esel.ipleiria.pt

Parceria

Escola Superior de Educação de Leiria

Impressão

Mirandela, SA - Lisboa

Distribuição

Vasp

Abertura

Um trabalho exemplar

akademicos@esel.ipleiria.pt

O tema central desta edição é o Processo de Bolonha, que constitui a maior revolução de sempre do ensino superior português. Trata-se de um processo de harmonização do espaço universitário europeu, a que aderiram voluntariamente mais de 40 nações europeias. Trata-se, também, no caso específico português, de uma extraordinária oportunidade para subir a fasquia da exigência e da qualidade. Neste processo, por natureza extenso e complexo, com certeza que se registam sempre problemas: a resistência à mudança é, de resto, uma característica dos indivíduos e das organizações, e no caso português, é manifestamente atávica. As dificuldades não devem ser pretexto para tudo ficar na mesma. Isso parece pensar, e ainda bem, a direcção do IPL, que está a pretender transformar um problema numa oportunidade, implementando um plano para aumentar drasticamente o nível de competências dos seus docentes, aproveitando o facto de o Processo de Bolonha exigir um rácio de pelo menos de 50% +1 docentes com o grau de doutorado. Face à ciclópica tarefa (o rácio é actualmente de 15%!), seria normal baixar-se os braços e/ou reclamar a intervenção do Estado. Isso não está suceder, pelo contrário, a instituição está a reagir e a tentar aproveitar a oportunidade para atingir mais rapidamente o patamar da excelência que é seu objectivo estratégico. Uma nota para o sentido de responsabilidade dos representantes dos alunos, que concordaram, por unanimidade, que 10% das propinas pagas pelos estudantes financiem o processo dos doutoramentos, designadamente o pagamento aos professores substitutos dos docentes doutorandos.

É evidente que nem todos os membros da comunidade académica concordarão com este processo, e é até saudável que assim seja − e é importante que seja suscitada uma maior discussão sobre o assunto. E também é certo que poderão ser cometidas algumas injustiças relativas, mas a verdade é que há um problema para resolver e está a ser resolvido!

Terminamos a falar de nós: o dossiê sobre o processo de Bolonha que apresentamos nesta edição (e cuja extensão obrigou à alteração do alinhamento tradicional do jornal) é verdadeiramente extraordinário, e não apenas em termos relativos. É, absolutamente, um trabalho exemplar, digno de qualquer jornal de referência do País. Boa leitura e até para o mês que vem!

Vai lá, Vai...

Vai lá, Vai... uma agenda do mês

CONCERTOS

21 de Abril de 2006 às 21h30 no Centro Pastoral Paulo VI, Fátima

Mafalda Veiga

Concerto de beneficência cujos lucros revertem a favor do projecto de geminação com a diocese de Novo Redondo.

O preço dos bilhetes é de €10. Contacto: 244840637

4 de Abril de 2006 às 21h30 no Instituto Português da Juventude band_over_leiria

Concurso de bandas de garagem organizado pela Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação de Leiria. A entrada é gratuita.

DESPORTO

12 a 15 de Abril 2006, Algarve - Ilha de Tavira Encontro Ibérico de desporto Encontro que irá reunir cerca de 3000 jovens, em diversas práticas desportivas como a Vela, Canoagem, Futebol de Praia, Mergulho, Rugby de Praia, entre outros. Informações: www.cdp.pt Inscrições: www.projectoabobora.com

WORKSHOPS

20 e 21 de Abril no ISLA

Curso de Introdução à Psicologia da Escrita, sob a responsabilidade do Prof. Doutor Francisco Queiroz; 16 horas; Horário: quinta-feira, dia 20 de Abril: 9h30 - 13h00 e 14h30 - 19h00; sexta-feira, dia 21 de Abril: 9h00 - 12h30 e 14h00 - 18h30. www.islaleiria.pt

TEATRO

1 de Abril 2006, no Teatro-Cine de Pombal Super Mulher

Peça encenada por João Didelet, para Ana Brito e Cunha, com texto de Anne Roumanoff Este espectáculo é sobre todo o tipo de mulheres possíveis e imaginárias, as refilonas, as gulosas, as activas, as obcecadas das dietas, as frustradas da vida sentimental, as mães galinha e as sogras insuportáveis. Todas têm em comum um humor alegre e a língua afiada. Nada de cínico ou de agressivo, apenas a realidade.

Os bilhetes para este espectáculo custam 9, 10 e 12 euros e podem ser adquiridos através dos telefones 236210540 e 236210566.

DANÇA

1 de Abril no Auditório Miguel Franco, Leiria às 21h30

“Sopro”

Pela Companhia Rui Lopes Graça. Inserido no “Dança em Leiria 2006”.

“Sopro” é um espectáculo para cinco intérpretes, com uma hora de duração onde se reflectem memórias individuais e a relação com o mundo que as envolve.

Semana Académica de Leiria

De 23 a 29 Abril

Apesar de o programa ainda não estar todo disponível, já estão confirmados os Boss Ac, Rouxinol Faduncho e os internacionais Rinôçérôse.

SEMINÁRIOS

3 a 9 de Abril Escola Superior de Ar tes e Design das Caldas da Rainha e na Casa da Animação no Porto Encontros Internacionais de Estudantes das Artes da Animação Vão ser apresentadas as mais relevantes obras produzidas por escolas de arte e animação de todo o mundo, valorizando o carácter artístico, irreverente, inteligente e experimental, das obras de animação realizadas por estudantes.

5 de Abril, às 17.00 horas no Auditório 2 da Escola Superior de Leiria. Pernambuco de todos os Ritmos Cylene Araújo, investigadora Cultura no Brasil, vem dar seminário sobre os ritmos brasileiros.

TUNAS

De 7 a 9 de Abril, Auditório Miguel Franco - Leiria

9ª Real FesTA, Festival de Tunas Académicas a D. Dinis - O Trovador.

Este ano, a Real FesTA terá como tema: “O Amor - Os amores e desamores de D. Dinis”.

Leiria vai contar com uma amostra das melhores tunas mistas do País:

Augustuna - Braga

TAISCTE - Lisboa

Vicentuna - Lisboa

Estatuna - Abrantes

Real Tuna Infantina - Faro

Preço dos Bilhetes: 4€ estudante / 5€ não-estudante

Trovantina

25 de Abril - XV Semana Académica de Leiria

Noctuna

25 de Abril - XV Semana Académica de Leiria

TAIL

6 de Abril - Jantar Óscares ISLA, Leiria.

19 de Abril - Mercado Santana, Leiria

25 de Abril - XV Semana Académica de Leiria

29 de Abril a 3 de Maio - IV Encontro de Tunas “Sons do Mar”

Tum’Acanénica

31 de Março - Marinha Grande

6 de Abril - Encontro de tunas em Coimbra

7 a 9 de Abril, Leiria - IX Real FesTA

25 de Abril - XV Semana Académica de Leiria

28 de Abril a 3 de Maio - Terceira, Açores. IV Sons do Mar

2006 03 31 SEXTA–FEIRA 02 Akadémicos JORNAL MENSAL

Está a dar especial Bolonha

O que está em causa

O chamado Processo de Bolonha não é mais do que a construção da Área Europeia de Ensino Superior. Este processo iniciou-se com a Declaração de Sorbonne de 1998 (25 Maio), que foi assinada pela França, Inglaterra, Alemanha e Itália, com vista ao estabelecimento de uma plataforma comum de ensino superior que acompanhasse o processo de integração económica e política.

A Declaração de Bolonha, assinada em 19 de Junho de 1999 por 29 países europeus, é um documento-chave que marca um ponto de viragem no desenvolvimento do ensino superior europeu. Reconhecendo a importância da educação no estabelecimento de sociedades estáveis, tolerantes e democráticas, os estados signatários comprometem-se a proceder

às reformas necessárias dos seus sistemas de ensino superior para permitir a construção de uma Área Europeia de Ensino Superior. A Declaração de Bolonha não é um tratado e não impõe nenhuma reforma obrigatória dos sistemas de ensino superior.

A Declaração de Bolonha reconhece os desafios comuns que se apresentam aos diferentes sistemas europeus de ensino superior e a importância de reformas coordenadas, sistemas compatíveis e acções comuns. Assim, o “programa de acção comum” de Bolonha é baseado num objectivo comum, um prazo e uma série de objectivos específicos.

Na prática, eis o que muda no ensino com a implementação do Processo de Bolonha:

− Adopção de um sistema de graus comparáveis e legível em todo o Espaço Europeu;

− Adopção de um sistema de Ensino Superior fundamentalmente baseado em dois ciclos;

− Estabelecimento de um sistema de créditos;

− Promoção da dimensão europeia e qualidade no Ensino Superior;

− Competitividade no Sistema Europeu do Ensino Superior;

− Promoção da mobilidade e empregabilidade no Espaço Europeu.

Luciano de Almeida, presidente do IPL Um mundo de oportunidades

O “Processo de Bolonha” é, em primeiro lugar, um processo que visa a harmonização e a comparabilidade de todo o ensino superior nos países que subscreveram o tratado, com vista ao fim último da criação do Espaço Europeu de Ensino Superior. Para esse efeito, os países acordaram entre si uma forma global de organização dos graus académicos e um conjunto de instrumentos que permitam alcançar aquele objectivo. Assim, o ensino superior passa a estar organizado em três ciclos de estudo, conferindo cada um deles um grau académico: o 1º ciclo a licenciatura, o 2º ciclo o mestrado e o 3º ciclo o doutoramento (as designações destes graus académicos variam de país para país). O segundo elemento organizativo prende-se com a base em que se estruturam as formações. A aquisição de saberes é substituída pela aquisição de competências. Não que deixem de se adquirir saberes. Mas estes passam a estar organizados em função das competências. Os cursos são organizados por áreas científicas e cada área científica é organizada em unidades curriculares (UC –nova designação dada às cadeiras, ou disciplinas). Esta mudança trará implicações na organização da formação, implicando um maior relacionamento entre UC, competências a adquirir, objectivos, conteúdos, metodologias e métodos de avaliação. Os instrumentos criados para atingir estes objectivos são:

1) ECTS (European Credits Transfer System) – Mais do que anos ou semestres de estudo, importa saber qual a carga de trabalho que um estudante necessita para fazer com sucesso uma UC. Isto obriga a contabilizar não só as horas de aulas mas também os tempos de estudo, de trabalhos laboratoriais, etc. Com base nesse cálculo, feito inicialmente por estimativa e depois monitorizado através de instrumentos criados para o efeito, são atribuídos créditos às UC. Assim, quando se diz que uma UC de Teorias da Comunicação ou Análise Matemática num qualquer politécnico da Finlândia, universidade espanhola, ou politécnico português, tem 3 créditos, sabemos que a carga de trabalho que o estudante teve de despender para concluir com sucesso essa UC foi a mesma nestes três locais.

2) Suplemento ao Diploma – É importante saber que um estudante diplomado num determinado curso, concluiu um conjunto de UC. Estes são os dados que temos já hoje com um diploma e um certificado de habilitações discriminativo. Mas isto não diz tudo. Não diz o que exigimos para acesso ao curso, não diz qual o nível de qualificação nem a duração do curso. Nem faz qualquer referência às competências que se adquiriram com aquele curso. Todos estes elementos vêm indicados no suplemento ao diploma. Isto é muito importante. Facilita a obtenção de um emprego e facilita a colocação num emprego adequado ao que se sabe fazer. Facilita a identificação de competências que temos... e que não temos e que precisamos de ter (para mudar de emprego, para executar outras funções, etc.). Um curso de Engenharia Automóvel, por exemplo, pode estar vocacionado para a concepção de novos modelos, a sua manutenção ou os aspectos tecnológicos relacionados com a sua produção.

ECTS e Suplemento ao Diploma são os instrumentos mais importantes para a mobilidade das pessoas e para o reconhecimento das suas competências (que podem até não ter sido alcançadas em sistemas formais de ensino – formação profissional, formação contínua e experiência profissional). Eles definem o perfil da pessoa com uma determinada formação e serão aceites nos países que aderiram ao Processo de Bolonha.

Desta forma constitui-se de facto o Espaço Europeu de Ensino Superior, mais transparente, mais competitivo, capaz de atrair mais e melhores pessoas do mundo inteiro.

Um mundo de oportunidades: de reorganização do ensino superior, de mobilidade, de crescimento dos saberes e das competências.

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O QUE VAI MUDAR COM BOLONHA O QUE VAI MUDAR COM BOLONHA O QUE VAI MUDAR COM BOLONHA O QUE VAI MUDAR COM BOLONHA O QUE VAI MUDAR COM BOLONHA

A Direcção e as associações de estudantes do Instituto Politénico de Leiria chegaram a um acordo inédito no País: serão canalizadas parte das propinas (10%) para ajudar a suportar os quase seis milhões de euros que o IPL vai gastar para financiar doutoramentos aos docentes do Instituto. O Processo de Bolonha obriga a que os professores do Ensino Superior tenham habilitações que correspondam ao doutoramento. No entanto, apenas 15% dos docentes do

IPL possuem essas habilitações; 90 docentes estão a realizar o doutoramento e o IPL tem ainda que doutorar mais cerca de uma centena.

Assim, dentro de três anos, a maioria dos professores do Instituto terá de ter um doutoramento concluído. Desta forma, o IPL considerou que para garantir a sua qualidade e sobrevivência, deveria motivar os seus docentes, financiando-os a este nível.

O que nos dizem os protagonistas doIPL e ISLA sobre Bolonha

Professor Eduardo Fonseca, ESEL

1 − Nos prazos previstos na Lei.

2 − Seguiremos, em princípio, as indicações do CCISP: 3+2.

3 − Alterações profundas na creditação de formação, na circulação de pessoas pela União e prosseguimento de estudos, numa postura mais activa, por parte dos estudantes, relativamente às aprendizagens.

4 − Globalmente considerados e não na perspectiva apenas do Instituto: alguma desmedievalização do ensino superior em Portugal; creditação de formação que permite mais facilmente o prosseguimento da formação em qualquer ponto da União e possivelmente do Mundo; consideração do seu esforço global que passará a ser mais apoiado, tutorado, etc.; utilização de metodologias mais activas; garantia de maior qualidade de formação; maior europeização da formação; maior controlo pela sociedade do modo como todo o processo educativo funciona.

Professora Teresa Fradique, ESAD

1 − As adequações das actuais formações leccionadas na ESAD estão previstas ara o ano lectivo de 2007-2008, salvo casos excepcionais que exijam uma agenda diferente.

2 − As nossas formações, que são eminentemente na área artística, não se encontram abrangidas pelos regimes de excepção previstos na nova legislação, que estabelece que algumas licenciaturas de ensino politécnico possam ter a duração de 4 anos (no caso de haver normas jurídicas expressas nesse sentido ou uma prática consolidada de instituições de referência de ensino superior no espaço europeu. Assim o ciclo a adoptar será naturalmente o de licenciaturas com 3 anos e de mestrados com 2.

3 − Qualquer quadro assente em previsões de futuro é, neste momento frágil e pouco seguro. Mais do que es-

tabelecer repercussões, prefiro pensar em expectativas. Esperamos que os processos de adequação a apresentar pela ESAD sejam eficazes numa real mudança de paradigma do ensino superior. Ou seja, que consigamos – recorrendo aliás à experiência que já temos de uma prática do ensino artístico centrado no trabalho do aluno - definir metodologias de aprendizagem assentes em competências claras, pertinentes e motivadoras.

4 − Uma experiência de ensino centrada no seu trabalho e, portanto, na sua capacidade de formular um discurso próprio sobre quem são e o que querem fazer com o seu processo de aprendizagem.

Maior mobilidade e autonomia possíveis através do alargamento do espaço de prática pedagógica. Por exemplo, um instrumento como a carta de curso passa a incluir toda a actividade desenvolvida pelo aluno na escola, mesmo extracurricularmente. Portanto os alunos, e idealmente os professores também, apresentam-se como protagonistas de um processo de aprendizagem global, que pode durar toda a vida e desenvolver-se de forma itinerante e cumulativa.

Espera-se deste processo professores mais presentes e em esforço de “aprendizagem” de novos modelos de passagem dos conhecimentos, inscritos em novos paradigmas de concepção do aluno e do ensino. Espera-se ainda, a meu ver, um processo complexo e delicado de transição, cujas dificuldades que acarreta só valerão a pena se o empenho na mudança for à altura das vantagens que dela se poderá retirar.

Professor Pedro Assunção, ESTG

1 − O processo de adequação dos cursos ao modelo de Bolonha deverá estar concluído e submetido ao Ministério da Ciência e Ensino Superior até 15 de Novembro de 2006, de modo a entrar em funcionamento no ano lectivo 2007/2008.

2 − Na ESTG, em princípio, as licenciaturas (1º ciclo) deverão ser de 180 créditos ECTS (que resulta em 3 anos) e os mestrados (2º ciclo) de 60 a 120 créditos (entre 1 e 2 anos).

3 − São esperadas mudanças na estrutura das actuais licenciaturas, nos métodos de ensino, aprendizagem e avaliação, na racionalização da oferta de cursos no ensino superior (diminuição do

As questões

1 − Para quando está prevista a implementação do Processo de Bolonha na instituição que representa?

2 − Qual será o melhor ciclo a adoptar pela instituição (3+2 ou 4+1)?

3 − Que repercussões são esperadas com este processo?

4 − O que podem os alunos (do ponto de vista dos seus interesses) esperar deste processo?

número de designações), percursos académicos menos rígidos onde a formação de 2º ciclo poderá não ser exactamente a sequência do 1º ciclo.

Globalmente também se espera que as formas de ensinar e de aprender sofram alterações mais ou menos significativas conforme os cursos, disciplinas, etc.

4 − Alguns exemplos: podem mais facilmente mudar de instituição académica ao nível Europeu. Podem fazer o 1º ciclo numa instituição e o 2º noutra sem problemas de pedidos de equivalências, etc. Podem também ver acreditadas competências adquiridas fora do âmbito académico (resultado de actividade profissional), e daí poder resultar equivalências a disciplinas. Clarifica-se o que é da responsabilidade do professor (ensinar) e o que é da responsabilidade do aluno (aprender).

Professora Gorette Gaio, ISLA

1 − Em 2007/2008.

2 − Em principio 4+1.

3 − Uma alteração de todo o processo de ensino superior em Portugal e a nível europeu.

4 − Ganhar mais competências e uma dimensão europeia mais competitiva.

2006 03 31 SEXTA–FEIRA 04 Akadémicos JORNAL MENSAL
O QUE VAI MUDAR COM BOLONHA O QUE VAI MUDAR COM BOLONHA O QUE VAI MUDAR COM BOLONHA O QUE VAI MUDAR COM BOLONHA O QUE VAI MUDAR COM BOLONHA O
Inquérito
Está a dar especial Bolonha
Ângela Duarte, Sónia Olaio e Telma Freire

Neste processo, os docentes vão contribuir, a título individual, com mil euros por ano para a sua formação. A afectação de dez por cento das propinas para os doutoramentos deverá sobretudo significar o corte em verbas inicialmente destinadas às associações de estudantes, a contenção na aquisição de equipamentos e na acção social – no entanto, sem afectar as bolsas.

O IPL aprovou entretanto medidas de “contenção financei-

Abecedário

Está a dar especial Bolonha

Bolonha de A a Z

Adequação − de todos os sistemas de ensino universitário dos países signatários (40, até agora, 29 inicialmente);

Boletim de Registo Académico − permite o acesso ao historial do estudante;

Bolonha − cidade italiana onde foi assinada, em 19 de Junho de 1999, pelos Ministros da Educação de 29 países europeus, a Declaração de Bolonha. Situada no Norte de Itália, a cidade de Bolonha, que viu nascer a universidade mais antiga da Europa, é um dos pólos industriais mais importantes de Itália e a sua “capital” universitária. Antigo ponto de encontro entre Bizantinos, Romanos e Lombardos, Bolonha é reflexo de diferentes culturas. Do período medieval destacam-se as Torres Asinelli e o Palácio do Rei Enzo. O Palazzo del Potestá (Palácio do Governo), Foro dei Mercanti, Palazzo dei Notai (Palácio dos Notários) são construções em estilo renascentista que merecem uma visita. Por toda a cidade, existem inúmeras igrejas e basílicas.

Bolonhesa -- Molho à base de carne picada, tomate e cebola, que acompanha esparguete e outras massas, segundo uma receita originária da zona de Bolonha, Itália.

Créditos − unidade de medida do trabalho do estudante sob todas as suas formas (sessões de ensino de natureza colectiva, sessões de orientação pessoal de tipo tutorial, estágios, projectos, trabalhos no terreno, estudo e avaliação).

Cooperação entre instituições de Ensino Superior fora do Espaço Europeu para que a realidade europeia seja melhor conhecida.

Declaração de Sorbonne (Paris, França), em 1998, com a qual se inicia a discussão da criação de um Espaço Europeu de Ensino Superior.

Doutoramento − o ciclo de estudos para o grau de doutor integra a elaboração de uma tese original e especialmente elaborada para este fim.

Estudantes − têm um maior envolvimento e participação nas instituições do ensino superior que frequentam; o espírito da Declaração de Bolonha começa acaba neles e nos seus interesses, desde logo pugnando pela efectiva aquisição de competências.

Formação tecnológica: estes cursos passam a fazer parte integrante dos estabelecimentos do Ensino Superior.

Guia Informativo do estabelecimento de ensino permite acesso ao historial que ministrou o ensino.

Homogeneidade do Ensino Superior Europeu até 2010.

Instituições que já desenvolveram o trabalho necessário para a adopção do novo modelo de formação, e, que até 31 de Março de 2006 apresentem à Direcção Geral do Ensino Superior os seus projectos, podem iniciar a sua aplicação já no ano lectivo 2006/2007.

Julho de 1999: assina-se a Declaração de Bolonha.

Licenciatura − no ensino politécnico, o ciclo de estudos tem 180 créditos e uma duração normal de seis semestres curriculares de trabalho, exceptuando-se os casos em que seja indispensável, uma formação compreendida entre 210 e 240 créditos, com uma duração normal de sete ou oito semestres curriculares de trabalho.

No ensino universitário, este ciclo de estudos tem 180 a 240 créditos e uma duração normal compreendida entre seis e oito semestres curriculares de trabalho.

Mestrado − ciclo de estudos com 90 a 120 créditos e uma duração normal compreendida entre três e quatro semestres curriculares de trabalho.

Mobilidade de estudantes, de docentes e de pessoal não docente no Espaço Europeu.

Modelos de ciclos de estudos: 3+2 (três anos de licenciatura e dois anos de mestrado) ou 4+1 (quatro anos de licenciatura e um ano de mestrado).

Noção do Processo de Bolonha: conjunto de reformas que estão a ser adoptadas por um grande número de países europeus, 45 de momento, com objectivo de constituir a Área Europeia de Ensino Superior.

Objectivos gerais do processo de Bolonha: competitividade do Sistema Europeu do Ensino Superior, mobilidade e empregabilidade no Espaço Europeu.

Politécnicos − instituições onde são ministrados os graus académicos de licenciado e de mestre.

Professores − o corpo docente de uma determinada instituição deverá ser constituído maioritariamente por titulares do grau de doutor ou especialistas de elevada competência profissional. Propinas − No ensino público, as propinas pela inscrição num mestrado terão os mesmo valores que as propinas dos cursos de licenciatura.

Qualificações − aumento das qualificações daqueles que não têm qualificações universitárias, a ser creditados, levando o adul-

ra”, visando canalizar verbas para o esforço formativo e foi determinado que a contratação de professores implique a exigência do grau de doutor.

to a adquirir um diploma.

Reformas inovadoras − possibilidade de utilização de línguas estrangeiras, quer no ensino quer na escrita e defesa de teses; a realização de reuniões preparatórias dos júris por teleconferência; o alargamento do depósito legal das teses de mestrado e doutoramento a uma versão em formato electrónico.

Sistema de avaliação e acreditação − sistema que conta na avaliação e acreditação internacional, de forma sistemática e obrigatória de todo o sistema do Ensino Superior.

Suplemento do Diploma − visa a promoção da transparência e do reconhecimento internacional de qualificações para fins académicos e profissionais, descrevendo a natureza e o conteúdo dos programas curriculares e o nível de qualificações.

Torre de Asinelli, um dos ex-libris de Bolonha e monumento que remonta à época medieval.

Universidades − instituições onde são ministrados os graus académicos de licenciado, mestre e doutor.

Valores de Bolonha − empregabilidade, cidadania, diversidade cultural e religiosa, liberdade e paz.

Valorização do trabalho do aluno e aprendizagem à distância são propostas apresentadas pelo Processo de Bolonha.

X, João − Era bispo de Bolonha quando foi eleito Papa, em Março de 914.

Zona europeia coesa, competitiva e atractiva para docentes, alunos europeus e de países terceiros.

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MUDARCOM BOLONHA O QUEVAIMUDARCOM BOLONHA O QUEVAIMUDARCOM BOLONHA O QUEVAIMUDARCOM BOLONHA O QUEVAIMUDARCOM BOLONHA O QUEVAI
Cristina Parente

”Encaro a praxe com desconfiança”

Pedro Lourtie encara a praxe «com desconfiança», pois «embora possa ter um lado de integração, facilmente e geralmente descamba em rituais de humilhação inaceitáveis». Este professor catedrático de 59 anos (ver caixa “Quem é Pedro Lourtie”) é casado e tem dois filhos, de 30 e 35 anos, e três netos.

Quando lhe perguntamos como reagiria de um filho seu quisesse estudar num Politécnico, não podia ser mais claro: «Tal como acredito que os estudantes têm de ser responsáveis pelas suas opções, mas que devem ter acesso a orientação para as poderem fazer conscientemente, o mesmo se aplica aos meus filhos.

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Sentado no mocho

Sentou, vai ter k explicar

O essencial é a escolha do que melhor se adaptasse aos seus objectivos de vida e características pessoais. O meu filho mais novo, que vive em Inglaterra há 22 anos, fez um Bachelor numa universidade inglesa que era um antigo politécnico».

Confessa que ouve pouca música e pratica pouco desporto, ocupando os (poucos) tempos livres a ler e a «viajar e fazer todo-o-terreno, de jipe ou a pé».

Não é adepto de nenhum clube de futebol, o que «não quer dizer que não goste mais de uns do que de outros, por razões várias, não forçosamente racionais». Quanto à pergunta se já participou em alguma actividade académica, opta por dizer que «toda a minha vida profissional, e grande parte da cívica, é uma actividade académica».

“Alunos vão ter um reforço de competências”

Pedro Manuel Gonçalves Lourtie, 59 anos, professor catedrático no Instituto Superior Técnico (IST), um dos especialistas portugueses no Acordo de Bolonha, em cuja redacção final colaborou, é, desde Janeiro deste ano, o coordenador do Grupo de Acompanhamento do processo de Adequação da Oferta Formativa do IPL à Declaração de Bolonha. Entrevistado pelo Akadémicos (por escrito, devido à sua agenda intensa), dá conta das suas posições sobre o Processo de Bolonha, fazendo uma autêntica profissão de fé nas vantagens da adequação do ensino português a este protocolo europeu.

Por que aceitou a incumbência de coordenar a implementação do Processo de Bolonha no Instituto Politécnico de Leiria (IPL)?

A coordenação da implementação será sempre dos órgãos de gestão do IPL, como deve ser. O que me dispus a fazer foi coordenar um grupo de trabalho que tem como objectivo a coerência das propostas a apresentar pelo IPL com o Processo de Bolonha. Aliás, a coordenação do grupo tem sido sobretudo do Dr. João Paulo Marques.

Dar o meu contributo a qualquer instituição de ensino superior que o pretenda, dentro dos limites das minhas capacidades e disponibilidade, é, para mim, um imperativo cívico.

Para não ficarmos a par da Bielorússuia

O chamado “Processo de Bolonha” é imprescindível para o ensino superior português? Porquê?

Para começar, por uma razão prática. Se não queremos ficar de fora da construção de um Espaço Europeu de Ensino Superior mais coeso e ficar a fazer companha à Bielorússia. Mas também, porque nos obriga a pensar o que fazemos e a pôr-nos em questão. Que é uma atitude saudável e essencial para melhorarmos o que fazemos.

Uma das principais medidas do Processo de Bolonha é tornar os estudantes mais participativos nas aulas. Neste caso estamos a falar de uma mudança de mentalidade, que implica necessariamente novos métodos de ensino e aprendizagem. Que métodos seriam estes?

É, sobretudo, serem mais participativos, ponto, e mais pró-activos. Mais capazes de se afirmarem e autodeterminarem, e de serem capazes da aprender por si, ao longo da vida. Em suma, de desenvolverem competências e atitudes indispensáveis ao nosso desenvolvimento como sociedade e de cada um como cidadão e profissional.

A Itália foi dos primeiros países a implementar o processo mas teve percalços que levaram a reformular o processo. Em que medida esta situação pode acontecer com Portugal?

Uma das dificuldades deste processo é que muito do sucesso depende da atitude com que as instituições o encararem porque há muitos aspectos que não podem ser fixados em legislação. Tentar implementá-lo sem a adesão das instituições, pelo menos da maioria, é um convite a que as instituições introduzam alterações meramente cosméticas, a não ser que tenham outras razões para o fazer, designadamente as suas relações de cooperação internacional.

No balanço do acesso ao ensino superior alguns cursos fi-

caram com muitas vagas por preencher. Bolonha pode ser uma solução para esse problema?

Não creio que seja nem a solução, nem o contrário. A abertura a novos públicos, mais velhos, não terá certamente uma expressão significativa a curto prazo. O problema reside na baixa percentagem de portugueses que completa o ensino secundário, qualquer que seja a via.

Competitividade passa pela afirmação internacional

A competitividade do nosso sistema de ensino superior a nível internacional deixa muito a desejar. Este diploma aproxima-nos do ensino superior europeu?

A competitividade de um sistema de ensino superior depende

de muitos factores. A aproximação das nossas formações aos princípios do Processo de Bolonha, garantindo a sua qualidade, abre a porta a um maior nível de intercâmbio com os restantes países, mas o fluxo de estudantes pode verificar-se em ambas as direcções. A competitividade passa por termos instituições que sejam capazes de se afirmar a nível internacional pela sua qualidade e pela atenção que dão ao acolhimento e acompanhamento de estudantes estrangeiros e nacionais. Com estas alterações, dentro do Espaço Europeu de Ensino Superior os sistemas ficam mais abertos e é preciso demonstrar que oferecemos qualidade e condições de trabalho aos estudantes. Por outro lado, a nível do resto do mundo, temos de ser capazes de atrair para Portugal os estudantes que se dispõem a estudar fora do seu país, designadamente explorando o potencial da língua portuguesa.

No anteprojecto de decreto-lei sobre graus académicos,

Coordenador do grupo de trabalho do IPL para o processo de Bolonha

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Pedro Lourtie, coordenador do Grupo de Acompanhamento do Processo de Adequação da Oferta Formativa do IPL à Declaração de Bolonha.
Pedro LOURTIE
Fotos: Ana Pinto
Edite Prado

Quem é Pedro Lourtie

Pedro Manuel Gonçalves Lourtie, nasceu em Lisboa a 16 de Julho de 1946. É Licenciado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico (1971), M.Sc. (1972) e Ph.D. (1975) pela Victoria University of Manchester. É Professor Associado do Instituto Superior Técnico (IST).

Tem realizado investigação, coordenando e participando em projectos nos domínios do Controlo de Sistemas, incluindo Sistemas Automáticos de Controlo de Voo, e da Robótica, tendo-se dedicado mais recentemente ao domínio da Educação,

os politécnicos têm uma licenciatura de três anos, enquanto as universidades podem ter de quatro. Concorda com esta diferenciação? Não se trata de uma subalternização dos Politécnicos?

Não concordo com a diferença, embora pense que a duração dominante do 1º ciclo (licenciatura) deva ser de três anos a tempo inteiro. Não creio que esta diferença se fundamente em critérios académicos, dos objectivos da formação, mas que é um mecanismo administrativo para evitar a tentação de alongar artificialmente a formação do 1º ciclo no Politécnico, perante as dificuldades previsíveis em poder oferecer formações de 2º ciclo (mestrado) e as consequências no financiamento.

Com o processo de Bolonha, o emprego de professores universitários que não tenham o grau de doutor está em risco?

Não é com o Processo de Bolonha, mas com a forma como está a ser implementado em Portugal, o que não é a mesma coisa. Há, efectivamente, uma pressão para que se aumente o número de doutores em todo o sistema, pelo menos até ao nível previsto na legislação. Em consequência, as instituições serão levadas a dispensar docentes, universitários e politécnicos, que não tenham o grau de doutor e a admitir doutores. Há um aspecto negativo, a substituição de docentes competentes (que não tenham vínculo) por outros, apenas porque têm o grau, e um positivo, o incentivo para o aumento do esforço de qualificação do corpo docente.

Abordagem flexível mas coerente

Politécnicos e Universidades podem deixar de poder conferir licenciaturas por não terem uma maioria de professores doutorados?

Doutores ou especialistas de elevada experiência e competência profissional, que é um conceito indefinido e para o qual não se sabe qual a bitola que será usada. Falta saber se este conceito será usado com bom senso, de forma tão restritiva que ponha em causa grande número de licenciaturas ou de forma tão relaxada que seja inócua. Há situações de instituições em que se facilita excessivamente, oferecendo formações para as quais essa instituição não tem as necessárias competências.

Na prática, como é que a reestruturação dos cursos vai ser feita?

A prática só a conheceremos depois dos cursos funcionarem. Mas corre-se o risco de ter apenas mudanças cosméticas, satisfazendo a duração e outros critérios formais, esquecendo as alterações de fundo na forma de trabalhar. De qualquer forma, só teremos mudanças reais e duradouras se o sistema de garantia da qualidade (avaliação e ou acreditação dos cursos) se basear efectivamente nos objectivos de aprendizagem definidos, incluir os métodos pedagógicos nos aspectos a avaliar, designadamente no que se refere à sua coerência com os objectivos, e os procedimentos internos da instituição para assegurar a qualidade e de monitorização do funcionamento, por exemplo a efectiva relação entre créditos e carga de trabalho dos estudantes.

Como é que vai funcionar o sistema de créditos no espaço europeu? Os estudantes terão real equivalência em qualquer país da Europa?

O reconhecimento dos créditos supõe duas componentes: o número de créditos e os objectivos de aprendizagem a que lhe correspondem. Não é o mesmo 10 créditos de Matemática a nível introdutório do 1º ciclo ou de nível avançado. Como fazer três unidades curriculares com objectivos idênticos, cada uma valendo 10 créditos, não é o mesmo que fazer 30 créditos para efeitos de um dado curso. Como, ainda, ter 60 créditos feitos numa dada área de conhecimento, não significa que bastam mais 120 para obter um grau de 1º ciclo numa área completamente diferente.

Uma abordagem flexível, mas academicamente coerente, é essencial. Só a prática vai dizer qual o resultado real. Devo confessar que esta é uma área que me preocupa a nível de Portugal, face a práticas anteriores das chamadas equivalências. Esta é uma razão para não gostar do termo equivalência e preferir o reconhecimento, que tem um conteúdo mais flexível, em que o critério é o da Convenção de Lisboa, na qual o reconhecimento só deve ser recusado quando existam diferenças substanciais.

Para além do sistema de créditos, poderemos contar com

em particular do Ensino Superior.

Foi presidente da Conferência Diplomática para aprovação da Convenção de Lisboa sobre Reconhecimento de Qualificações Relativas ao Ensino Superior (1997), presidente do Comité de Educação do Conselho da União Europeia durante a Presidência Portuguesa do primeiro semestre de 2000, participou na redacção final da Declaração de Bolonha (1999) e elaborou o relatório para a Conferência Ministerial de Praga (2001), por encomenda do Grupo de Seguimento do Processo de Bolonha.

Foi Director-Geral do Ensino Superior (1996/2000) e Secretário de Estado do Ensino Superior (2001/2002).

vos planos de estudos. No entanto, na formação de professores é necessário que o Ministério da Educação defina os perfis de formação dos diplomados que poderão vir a ser recrutados, pelo que a adequação está dependente dessa definição.

Na prática, o que muda para os alunos, após a implementação de Bolonha, no IPL e nas outras instituições de ensino superior?

Idealmente, um reforço das competências com que terminam a sua formação, sobretudo no que se refere a competências de comunicação e de aprendizagem autónoma, assim como competências de mobilização dos conhecimentos adquiridos para enfrentar situações reais da sua área de estudo. Uma melhor preparação para enfrentar o mercado de trabalho e aprenderem ao longo da vida.

No dia-a-dia, poderá significar mais orientação para se organizarem e menos receitas para passarem às disciplinas, fomentando uma atitude responsável e valorizando mais a compreensão do que a simples memorização. Mas também uma melhor regulação da carga de trabalho que lhes é imposta. Mas nada disto acontecerá por acaso e sem a colaboração de docentes e estudantes. É necessário um trabalho persistente e continuado se queremos mudar as práticas de docentes e estudantes.

Qual é a sua opinião em relação aos cortes orçamentais para as instituições universitárias que começam a tornarse sintomáticos?

Em primeiro lugar, que não têm a ver com o Processo de Bolonha. Em segundo lugar, que podem dificultar a sua implementação. Em terceiro, que podem levar a desinstalar capacidade do sistema que hoje parece desnecessária, mas que, se queremos melhorar a qualificação da população portuguesa, irá ser necessária no futuro. Assim se resolva o estrangulamento do ensino secundário e se promova efectivamente a aprendizagem ao longo da vida.

«Não sou por princípio contra as propinas»

Qual deve ser o papel das propinas no ensino superior? Esta é uma questão que precisaria de uma longa resposta. Por isso digo apenas que, independentemente da questão constitucional e legal, não sou, por princípio, contra as propinas. E que, considerando que a formação superior tem um valor social e um valor pessoal. E que há formas diversas de os diplomados compensarem a sociedade pelo investimento feito neles.

um Suplemento ao Diploma…

Que é um instrumento de transparência. A descrição da formação que o estudante fez para lhe ser concedido o grau, associado a uma avaliação ou acreditação do curso por uma agência credível, permite uma melhor compreensão e confiança nos seus conhecimentos e competências, para efeitos de prosseguimento de estudos ou de emprego.

Reforço de competências

Quais as alterações implementadas até ao momento no IPL?

Face à minha primeira resposta, esta questão deve ser respondida pelos responsáveis do IPL.

Quando é que o processo de Bolonha vai ser implementado na sua totalidade em Leiria?

Tanto quanto sei, o objectivo é iniciar os cursos adequados à nova legislação até ao ano lectivo de 2007/08. E a legislação dá um prazo de um ano (excepcionalmente dois), a partir da data de início dos cursos resultantes do processo de adequação, para que todos os estudantes tenham transitado para os no-

Pela primeira vez entrou em vigor a nota mínima obrigatória no acesso ao ensino superior de 9,5 valores. A medida gerou muitas críticas, principalmente por parte dos politécnicos. Concorda com essas críticas?

Considero que todos os titulares do ensino secundário deveriam ter a possibilidade de aceder ao ensino superior. Tenho a convicção de que os défices principais dos diplomados do secundário estão nas competências de compreensão, de aprendizagem, na autonomia e nos métodos de estudo. E penso que os exames avaliem mal essas competências.

Com a barreira dos 9,5 valores cria-se uma classe dos que concluíram o secundário, mas que não podem entrar no ensino superior. O essencial é que os diplomados do ensino superior tenham, ao concluir os seus cursos, um nível de conhecimentos e competências correspondente aos objectivos de aprendizagem definidos. O que deve ser assegurado pelo sistema de avaliação. Se os estudantes que entram no ensino superior têm défices de formação, então deverão ser tomadas medidas compensatórias dentro da instituição que os admita.

Se o objectivo é reduzir o insucesso e o número de anos que os estudantes levam a concluir os cursos, há outras medidas que podem ser tomadas, provavelmente mais eficazes e socialmente mais justas.

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Sentado no mocho Sentou, vai ter k explicar

Últimas

Encontros e congresso na ESEL

Vão decorrer na Escola Superior de Educação de Leiria, durante o mês de Abril, uma série de encontros, desde conferências a um congresso, passando por exposições e aulas abertas, que entre outros temas versam o património, as novas tecnologias e o domínio social. Deste modo, no âmbito do projecto “Património e Identidade”, destacamos a conferência “Património Monumental” (13 de Abril – 17H00 – Auditório1). No dia 12 de Abril realizam-se as III Jornadas de Reflexão, que discutirão “Prevenção Primária das Toxicodependências – Materiais de Prevenção”, às 09:30 horas no Auditório 2. O curso de Serviço Social promove, de 28 a 29 de Abril, o Congresso – “Diferenças, Desigualdades, Exclusões e Inclusões”. Para obter mais informações sobre as outras actividades consultar a página www.esel.ipleiria.pt.

ESTG sai da casca

Termina hoje, sexta-feira, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão a 11ª edição do Dia Aberto. Sob o slogan “Damos um pouco de nós”, a escola pretende com esta iniciativa continuar a mostrar as actividades que desenvolve, bem como projectos de final de curso dos alunos e fazer uma apresentação dos cursos que lecciona e das suas saídas profissionais. Com uma participação estimada de 2500 alunos de cerca de 26 escolas secundárias, a iniciativa é já um marco na região centro, sendo que para além do distrito de Leiria haverá também escolas e empresas oriundas dos distritos de Coimbra e Santarém.

Eis a 9ª Real FesTA

Nos próximos dias 7 e 8 de Abril a Tum’Acanénica apresenta a 9ª edição da Real FesTA. O tema do festival deste ano é o amor, amores e desamores de D. Dinis. O tema será trabalhado e apresentado pelas tunas concorrentes. As tunas serão acolhidas na sexta, dia 7, com um arraial no Terreiro. No sábado, dia 8, à tarde, as tunas serão recebidas no Salão Nobre da Câmara Municipal de Leiria e posteriormente procederão ao Passa Calles (desfile de tunas) pelo centro histórico da cidade até à Praça Rodrigues Lobo. Às 21:30 horas, no Teatro Miguel Franco, as tunas sobem ao palco. A concorrer estão a Vicentuna e TAISCTE, de Lisboa, a Estatuna, de Abrantes, e a Real Tuna Infantina, de Faro. Extra concurso estará a Augustuna, vinda de Braga. O preço dos bilhetes é de 4 € para estudantes e 5€ para não estudantes, podendo ser adquiridos no Teatro ou na Associação de Estudantes da ESEL [tumacanenica.blogspot.com].

Curso a Curso Relações Humanas e Comunicação no Trabalho

Por força da adesão à União Europeia e de diferentes processos de globalização, colocam-se hoje às empresas e instituições empregadoras inúmeros desafios, exigências de competitividade, flexibilidade, rapidez de reacção e abertura, que começam a constituir mecanismos de selecção, determinando assim a sobrevivência ou extinção de muitas delas. Como resposta a tais exigências/desafios, há que pensar na formação e qualificação de pessoas capazes de se integrarem em processos de melhoria contínua, onde o domínio de novas tecnologias, a polivalência, a participação e a autonomia são traços fundamentais.

Foi neste contexto que, em 1993, foi criado o Curso de Técnico de Relações Humanas e Comunicação no Trabalho (RHCT) conferente do grau de bacharel, visando a formação de técnicos com competências para gerir adequadamente o processo comunicacional dos vários sectores / departamentos de uma empresa/ instituição. Neste sentido, o curso de RHCT não se restringe à comunicação organizacional em sentido estrito, mas também a conhecimentos específicos de diversas áreas, tais como: comercial, administrativa/financeira, recursos humanos, produção e aprovisionamento.

Como complemento ao Bacharelato, surgiu, no ano lectivo de 2000/01, o curso bietápico de Licenciatura, que contempla um segundo ciclo de formação que aprofunda e consolida as competências dos diplomados para optimizar a comunicação interna e externa das organizações.

A fechar

Uma das 16 candidaturas aprovadas pela Agência de Inovação

IPL no programa OTIC

A candidatura do Instituto Politécnico de Leiria (IPL) à iniciativa OTIC – Oficinas de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento foi aprovada, a semana passada, pela Agência de Inovação S.A.

Foram 31 as instituições de Ensino Superior portuguesas que concorreram a este programa, mas apenas 16 foram contempladas com o visto positivo na candidatura, entre as quais o IPL, perfilando-se assim entre as seleccionadas, juntamente com mais três outros Institutos Politécnicos e ainda 12 Universidades.

As OTIC não são mais que um programa com o objectivo de se tornar uma referência e, fundamentalmente, um apoio para as empresas, através da capacidade de facilitar, impulsionar e gerir a transferência das tecnologias e do conhecimento entre o meio académico em Portugal e o respectivo tecido empresarial. Uma relação que tem ganho novas perspectivas, nomeadamente na região de Leiria, e que com este programa irá contribuir ainda mais para o incremento

da competitividade e inovação, desenvolvendo os sectores económico, social e empresarial de Portugal, no geral, e de Leiria, em particular.

Neste sentido, o IPL, entidade que muito tem contribuído para a requalificação dos recursos humanos da região de Leiria, vê esta adesão ao programa OTIC como uma aposta fundamental para a criação de uma estrutura que permita ser um elo de ligação entre o próprio Politécnico e o tecido empresarial e institucional da região, com vista ao tal capital humano que se pretende potenciar.

No sentido mais prático, a tarefa deste modelo reside no facto de apoiar e potenciar a população, através da dinamização e promoção das actividades, a identificação de oportunidades, e, finalmente, a criação de uma nova estrutura organizativa que impulsione ainda mais as acções de investigação, desenvolvimento e inovação, que possam depois servir de auxílio nos aspectos administrativos e burocráticos.

História de um arrastão que não foi

Era uma vez… um país que, em pleno século XXI, e apesar de se afirmar anti-racista, demonstra através dos actos e das atitudes que talvez não seja bem assim. Se bem se recordam, no dia 10 de Junho do ano transacto ocorreu um assalto colectivo (vulgo “arrastão”) alegadamente organizado por um grupo de 500 jovens negros na praia de Carcavelos, perto de Cascais. Ou será que não?

Foi um acontecimento bastante mediatizado, em virtude da dimensão do grupo de assaltantes e do inédito deste tipo de crimes em Portugal. Diana Andringa, ex-jornalista da RTP, juntamente com uma equipa, foi responsável pela elaboração do documentário “Era Uma Vez Um Arrastão”, mostrado aos alunos da Escola Superior de Educação de Leiria, em especial aos do curso de Comunicação Social e Educação Multimédia, no passado dia 27 de Março. No documentário eram apresentadas as primeiras notícias e declarações presentes em vários órgãos de comunicação social e todo o desenrolar noticioso desta ocorrência. Assim, inicialmente, e como já referimos, foi dito que um grupo de 500 jovens de cor negra iniciou uma série de assaltos violentos por toda a praia. Contudo, depois de alguns dias, chegou-se à conclusão que “apenas” cerca de 30 jovens protagonizaram este episódio, que, de um “assalto de largas dimensões” , resultou numa série de pequenos furtos.

Este conjunto de notícias teve várias consequências sociais, como, por exemplo, a acentuação da discriminação racial e exclusão social contra as pessoas de cor negra, sendo que este foi, de acordo com a jornalista, um dos principais motivos que levou à criação deste projecto.

Após a visualização deste documentário, Diana Andringa ini-

Comunidade do Politécnico mostra-se satisfeita com o projecto

ciou um debate com os presentes sobre as razões, o processo de elaboração e as repercussões deste projecto na sociedade, assim como a vida e o trabalho dos jornalistas e alguns episódios caricatos da sua própria experiência profissional. Foi uma forma diferente, organizada pela professora Susana Henriques, de discutir como é importante a confirmação das fontes antes de partir para a apresentação de uma notícia. Mais ainda, a jornalista deixou claro que os profissionais da comunicação são humanos e, como tal, erram, sendo necessária a admissão desses erros.

Aconselhamos a visita ao site www.eraumavezumarrastao. net para poder ver este documentário sobre um acontecimento que, na realidade… não existiu!

André Conceição e Carina Rodrigues

IPL em força no “Campus Virtual”

A rede wireless disponível no Instituto Politécnico de Leiria, no âmbito do projecto Campus Virtual, está em a ter uma óptima aceitação.

Basta constatar-se que, segundo um estudo feito pela Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN), 1650 dos 9036 acessos totais deste projecto foram efectuados nas instalações do IPL. A rede sem fios está disponível em todas as escolas do Instituto, nos serviços centrais e nas Residências de Estudante.

Este número (1650 acessos) constitui 18% do total de acessos realizados a nível nacional, percentagem que se

pretende aumentar para cerca de 65% até Dezembro. O projecto “Campus Virtual” está disponível em cerca de 40 instituições nacionais, mostrando ser uma mais-valia para todos os que as frequentam.

As novas tecnologias de informação, que cada vez têm acesso mais fácil e generalizado, estão de boa saúde e recomendam-se. E é de notar que este projecto se encontra numa mera fase inicial: neste momento está a haver um grande empenho dos responsáveis pelo projecto para que a cobertura da rede wireless seja reforçada, de modo a torná-la cada vez mais fiável.

2006 03 31 SEXTA–FEIRA 08 Akadémicos JORNAL MENSAL
Mafalda Casimiro Directora do curso
Rui
Mário
Ventura
Debate na ESEL

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