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Suplemento integrante da edição nº 4270 de 17 de janeiro de 2019 do semanário REGIÃO DE LEIRIA. Não pode ser vendido separadamente.

Pretendemos dar visibilidade ao cinema enquanto forma de arte

Elsa Mendes

Coordenadora do Plano Nacional de Cinema

págs. 6 e 7

L E I RI A

Formar públicos jovens através do Teatro pág. 4 e 5


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A ABRIR

19 de janeiro, Teatro José Lúcio da Silva

24 de janeiro, C.C. Caldas da Rainha

A banda Quinta do Bill, com mais de 30 anos de carreira, vai atuar no Teatro José Lúcio da Silva no próximo sábado, num concerto que promete revelar uma dimensão mais instrumental e “sinfónica” de músicas como “Voa (voa)”, “Se Te Amo”, “Menino” e “Os Filhos da Nação”. Esse formato, com novos arranjos e sonoridades, contará com a participação da Associação de Filarmónicas do Concelho de Leiria. Os bilhetes terão um custo de 20 euros.

tro Cultural das Caldas da Rainha a 24 de janeiro. Widmann, distinguida nos International Classical Music Awards com o galardão de melhor músico de 2013, será secundada pela Orquestra Gulbenkian e dirigida pela maestrina Tianyi Lu, num concerto intitulado “Sonho de uma Noite de Verão”. O preço dos bilhetes é de 10 euros, estando ainda disponível a modalidade de bilhete familiar com o custo de 20 euros (dois adultos e uma criança até aos 12 anos).

CAROLIN WIDMANN E A ORQUESTRA QUINTA DO BILL EM GULBENKIAN NAS CALDAS DA RAINHA FORMATO “SINFÓNICO” A violinista alemã Carolin Widmann vai atuar no Cen-

NÃO PERKAS Texto Beatriz Martins, Carolina Rendeiro e Pedro de Melo

24 de janeiro / 15 de fevereiro, Teatro José Lúcio da Silva

COMÉDIA EM LEIRIA

Os humoristas Bruno Nogueira e Rui Sinel de Cordes vão atuar no Teatro José Lúcio da Silva a 24 de janeiro e 15 de fevereiro, o primeiro com o espetáculo “Depois do medo” e o segundo, no próximo mês, com “Memento Mori”. Os preços dos bilhetes oscilam entre 10 e 14 euros. Até 5 de março, Galeria do Banco de Portugal

25 de janeiro, Stereogun

EXXXTRA CELEBRA IGUALDADE DE GÉNERO

O bar/discoteca Stereogun em Leiria vai acolher no dia 25 de janeiro, pelas 23 horas, a festa EXXXTRA, cujo tema pretende celebrar e promover a igualdade de género. A entrada terá o custo de 5 euros e contará com música de artistas queer e/ou simpatizantes, passando por géneros musicais como R&B, Rap, Eletrónica e Pop.

Diretor Francisco Rebelo dos Santos francisco.santos@regiaodeleiria.pt

Apoio à Edição Alexandre Soares alexandre.soares@ipleiria.pt

Coordenadores Pedagógicos Catarina Menezes cmenezes@ipleiria.pt

Projeto Gráfico Leonel Brites leonel.brites@ipleiria.pt

Paulo Agostinho paulo.agostinho@ipleiria.pt

Maquetização Leonel Brites

Marco Gomes marco.gomes@ipleiria.pt

Redação e colaboradores Ana Santos, André Ferreira Andreia Leandro, Angela Figueiredo Beatriz Martins, Beatriz Parada Beatriz Silva, Carolina Rendeiro Carolina Santos, Catarina Marques Daniel Martins, Diogo Pereira Juliana Oliveira, Laura Barcelos Leonardo Miguel, Lisandra Perestrelo, Luís Pedro Manuel Matos, Matheus Dias Maria Gomes, Maria Inês Matos Mariana Dias, Pedro Melo Ricardo Cordeiro, Rita Coimbra Sandrina Grilo, Sara Júnior,

Sara Nunes, Tatiana Pimentel Tatiana Rosa, Tetiana Boichuk

ÁLBUM FOTOGRÁFICO DA FAMÍLIA DE NARCISO COSTA EM EXPOSIÇÃO

A exposição “Punctum de Barthes” está patente ao público até 5 de março na galeria do Banco de Portugal em Leiria, onde pode ser revisitado o álbum de família do falecido pintor e professor Narciso Costa. A mostra é organizada pela Câmara Municipal de Leiria, com apoio do Museu da Imagem em Movimento. A entrada é gratuita.

Presidente do Instituto Politécnico de Leiria Rui Pedrosa presidencia@ipleiria.pt

Os textos e opiniões publicados não vinculam quaisquer orgãos do IPLeiria e/ou da ESECS e são da responsabilidade exclusiva da equipa do Akadémicos.

Diretora da ESECS Sandrina Milhano dir.esecs@ipleiria.pt Coordenadora do Curso de Comunicação e Media Catarina Menezes cmenezes@ipleiria.pt akademicos.esecs@ipleiria.pt


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ESTÁ –a– DAR

Politécnico de Leiria recebe cátedra da UNESCO Texto Carolina Santos, Juliana Oliveira e Tetiana Boichuk

João Bonifácio Serra recebeu a cátedra em Gestão das Artes e da Cultura, Cidades e Criatividade em nome do Politécnico de Leiria. A cerimónia decorreu a 5 de dezembro na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha (ESAD.CR), onde vai funcionar o programa, e contou com a presença de várias personalidades ligadas ao projeto. As cátedras da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) são programas de investigação atribuídos a pessoas ou instituições em temas ligados à educação, ciências naturais e sociais, cultura e comunicação. A atribuição da cátedra resulta da candidatura efetuada em 2012. João Bonifácio Serra, professor e titular da cátedra, destacou o facto de o programa “reforçar a componente da mediação e gestão cultural que surgiu na ESAD. CR nas últimas décadas”. É considerada um meio de criar melhorias através do conhecimento gerado no território, remetendo para a abordagem da política pública, da presença ativa da investigação e da liberdade e autonomia da rede. Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, salientou o caráter internacional da cátedra e o compromisso em colaborar com Cabo Verde, Brasil e também países europeus. “O intercâmbio de conhecimentos vai ajudar a afirmar todo o território e o seu valor. Estou muito orgulhoso pelo posicionamento e pela visão. Temos aqui uma oportunidade para gerar centralidade a um nível regional, nacional e internacional”, afirmou.

Estudantes do Politécnico de Leiria representam Portugal na Suécia Texto Beatriz Silva, Catarina Marques e Luís Pedro

Quatro estudantes do Politécnico de Leiria (IPLeiria) vão rumar à Suécia para disputar o título de melhor jogo europeu, na edição de 2019 do Nordic Game Discovery Contest. Daniel Vicente, Fábio Pinto e Vasco Rodrigues são os criadores de “Keg Wars”, um dos jogos finalistas dos Prémios PlaySatiton, em outubro de 2018. O projeto esteve presente no Lisboa Games Week. “Keg Wars” consiste numa versão do jogo do galo com “uma componente mais estratégica

A cátedra favorece a criação de um espaço de debate e compreende quatro projetos: a revista online Hermes, o observatório Living Cities, o fórum Arts & Sustainability e o projeto Mirror Identity Drawings. “A preocupação é estimular a participação e a partilha de conhecimento de qualidade direcionado para as áreas da cultura, gestão das artes e criatividade.”, explicou Luísa Arroz, coordenadora técnico-científica do programa. A secretária executiva da Comissão Nacional da UNESCO, Rita Brito, referiu que a iniciativa tem o objetivo de promover a diversidade cultural, igualdade de géneros e fazer a ponte entre a academia, os decisores políticos e a sociedade civil. Atualmente, Portugal tem doze cátedras, as quais são envolvidas numa rede de cidades criativas e contribuem para a descentralização da organização. k

para lhe dar longevidade, mantendo as componentes que identificam o clássico”, como explica Daniel Vicente. O nome do jogo, que em português significa “guerra de barris”, deriva do facto de todas as personagens se assumirem humanoides, à exceção do barril, adotado como ícone. Os estudantes da licenciatura em Jogos Digitais e Multimédia participaram no Lisboa Games Week, no último mês de novembro, em resultado de terem alcançado a final da terceira edição dos Prémios PlayStation 2018. “Esta oportunidade conferiu exposição ao jogo e permitiu a interação com muitas pessoas. É bom ver alguém experimentá-lo e dizer que gosta, ou não. Todo o feedback fez-nos perceber muito mais rapidamente aquilo que temos de melhorar de futuro. O processo é mais demorado quando se desenvolve um jogo

sem interagir com o público”, confessa Daniel Vicente. O jogo que irá representar Portugal nasceu de um protótipo realizado para o telemóvel, no âmbito da licenciatura em Jogos Digitais e Multimédia, na altura designado de “Keg War”. O projeto, que acabou por obter feedback positivo, foi mais tarde repensado como uma versão para computador e Play Station 4. Contou, ainda, com o apoio do programa GameNest e adotou o nome “Keg Wars”. “Advanced Override”, outro jogo criado por estudantes do Politécnico de Leiria, esteve também no restrito lote de finalistas dos Prémios PlayStation 2018. Alexandre Mendes, Rui Mendes e Gonçalo Morgado, da mesma licenciatura, criaram um puzzle 3D em plataforma, onde uma dupla de personagens, Lisa e Lo-Gen, tentam escapar da fábrica “A.R.T.”. k

17 janeiro 2019

ESSLei comemora 45 anos ao serviço da saúde Texto Ana Santos, Ângela Figueiredo, Diogo Pereira, Manuel Matos

A Escola Superior de Saúde de Leiria (ESSLei) celebrou o 45º aniversário no passado dia 3 de dezembro e o balanço remete para o “sentimento de dever cumprido”, para utilizar as palavras de Clarisse Louro, a diretora da instituição. O momento foi assinalado com conferências e atividades dinamizadas pelos estudantes, e serviu para fazer o balanço de um percurso que encontra na oferta formativa e nas atividades de investigação as marcas do crescimento da Escola. No ano letivo 2018/2019, a ESSLei oferece seis licenciaturas, três cursos de mestrado, seis formações pós-graduadas e um curso técnico superior profissional. Clarisse Louro assegurou que “a prioridade é a qualidade do ensino e dos profissionais formados na escola”, sempre “com o objetivo de contribuir para o conjunto do Politécnico e cimentar a projeção que a escola já vem adquirindo em termos nacionais e internacionais”. Escola de Enfermagem de Leiria foi o nome que presidiu à sua criação em 1973. O estatuto de Escola Superior veio em 1989 e a inclusão no Politécnico de Leiria em 2001. O ano de 2005 marca a adoção da atual designação (ESSLei) e a inclusão de novas licenciaturas na oferta formativa, além do curso de enfermagem. O presidente do Politécnico de Leiria, Rui Pedrosa, referiu que a ESSLei “se tem tornado um caso de sucesso”, possuindo atualmente “um corpo docente mais especializado e com maior capacidade para dar resposta do ponto de vista da formação e da investigação científica”. “Esta história de sucesso encontra-se longe de estar terminada. Os desafios que temos pela frente são ainda maiores”, afirmou Rui Pedrosa. Inês Santos, presidente da Associação de Estudantes, referiu que “é uma sensação ótima fazer parte de uma escola que tem conseguido uma grande evolução e atingido os objetivos pretendidos”. k


4 teatro

Construir olhares individuais KAPA e coletivos através do teatro

A

O teatro sugere formas plurais de relacionamento com os públicos. Gostar de ver os atores e as atrizes, representar, ocupar os tempos livres e recordar vivências são algumas pontes que unem essas duas margens: de um lado, o palco e, do outro, os públicos, de miúdos ou graúdos. O Akadémicos foi descobrir como se desenvolve em Leiria essa relação entre o teatro, públicos e participantes, nomeadamente os mais jovens. Texto Mariana Dias, Sara Júnior e Sara Nunes

locais. A companhia Leirena, por exemplo, procura estabelecer uma forte ligação entre o teatro profissional e o teatro escolar. Se dentro de portas tem em funcionamento atividades formativas destinadas a crianças, jovens, adultos e jovens adultos com deficiência, abarcando cerca de 80 alunos, como revela o diretor artístico do grupo, Frédéric da Cruz Pires, os seus profissionais, por outro lado, deslocam-se às escolas para oferecer essas mesmas componentes formativas ligadas ao teatro e à expressão dramática. Patrícia Martins, animadora cultural do Agrupamento de Escolas de Marrazes, afirma que a escola desta freguesia possui uma parceria muito forte com a Leirena: “A companhia proporciona uma saga de teatro comunitário no âmbito da qual são produzidos quatro a cinco espetáculos”. Essa relação de proximidade é, aliás, testemunhada por Joana Santos, de 18 anos, antiga aluna da escola dos Marrazes e outrora elemento do grupo Leirena: “A forma como a companhia lidava connosco era ótima, eles sabiam muito bem adaptar o teatro a cada pessoa”. Joana Santos refere que teve sempre muitas dificuldades na aprendizagem de línguas, devido ao seu problema de dislexia. “O teatro foi uma ajuda essencial, tanto do ponto de vista da expressão oral como da escrita”, afirma a jovem que entrou para o teatro aos 11 anos. Apesar da sua componente amadora, parece consensual a opinião de que o teatro escolar e a expressão dramática podem desempenhar uma função importante em termos do desenvolvimento físico e psicológico dos mais novos. Isabel Lourenço, professora da Escola D. Dinis, confirma essa perspetiva e coloca a ênfase ao nível das competências sociocognitivas. “Quando iniciei o trabalho com as turmas de teatro, alguns professores vieram ter comigo e comentaram que esses alunos tinham evoluído na dicção e na ousadia de intervir em aula, que anteriormente não tinham”, explica a coordenadora do clube de teatro daquele estabelecimento de ensino. No mesmo sentido, Patrícia Martins salienta que a autodisciplina, a autoconfiança e o espírito de entreajuda dos alunos melhoram claramente aquando do contacto com o teatro. Os profissionais da educação afirmam, mesmo, que essa evolução é quase imediata. “Verifica-se, por exemplo, que alunos muito tímidos, ao frequentarem as turmas de teatro, começam rapidamente a ambientar-se, tornam-se mais abertos”, sustenta Amélia Correia, professora e coordenadora do clube de teatro da Escola Afonso Lopes Vieira.

cendem a lareira para aquecer a sala de ensaios, numa noite de segunda-feira, em dezembro, a caminho do dia de Natal. Reúnem cinco cadeiras estrategicamente colocadas no centro do palco para dar início ao ensaio da peça “Libelinhas”. Os elementos do grupo de teatro O Nariz abraçam, de forma subtil, a obra de Paulo Kellerman, sobre a questão dos refugiados. O clima é alegre e descontraído. Tudo está pronto para fabricar sentidos. Esta espécie de ritual, com maiores ou menores semelhanças, ocorre noutros espaços dedicados ao teatro em Leiria, movimentando crianças, jovens e adultos. A Câmara Municipal de Leiria, através da organização do Festival de Teatro de Leiria, e o Politécnico de Leiria, que tem vindo a ser palco de algumas produções, contribuem para dar visibilidade às atividades teatrais na cidade. Liliana Gonçalves, atriz e contadora de histórias de O Nariz, destaca as iniciativas promovidas pelas bibliotecas do Politécnico no sentido de aproximar as companhias de teatro e a comunidade estudantil: “Os grupos de teatro da região são anualmente convidados para apresentar uma peça à academia. Tem sido um sucesso e atrai muito público”. No âmbito do mesmo projeto, o grupo Te-Ato exibiu em junho de 2017 “A Farsa de Mestre Pathelin”. A comunidade do Politécnico de Leiria aderiu e deu mais Expressão dramática para todos uma vez força à iniciativa. A companhia profissional Todos os benefícios motivados pela expressão dramátié constituída por jovens com mais de 16 anos e com- ca e pelo teatro desembocam em contextos que remepletou nesse ano quatro décadas de existência. O Te- tem para motivações e necessidades distintas, além dos -Ato aposta na formação de atores, produção e progra- debates que suscitam. Por outras palavras, os estabelecimentos de ensino devem proporcionar este tipo de mação de espetáculos. O Festival de Teatro Juvenil, organizado pelo Muni- atividades, sejam de teatro ou expressão dramática? Os cípio, decorre há 25 anos e é outro evento que procura seus benefícios estão associados a algum tipo de obrigadinamizar a expressão dramática entre os mais jo- toriedade de participação? Ou tudo deve ser voluntário? vens. Participam diversas escolas da região, de vários É necessário distinguir teatro de expressão dramática? Para Isabel Lourenço, “é gratificante acompanhar níveis de ensino. Levar os públicos ao teatro é o principal objetivo do Festival de Teatro Juvenil. Os custos adolescentes que gostam de estar em turmas de teatro. financeiros subjacentes à produção das peças e à deslo- Quando são obrigados, o trabalho já não resulta tão cação dos grupos são da responsabilidade da autarquia. bem”. A professora concorda que as escolas deviam ter um grupo de teatro, mas com uma participação Das escolas às companhias: o teatro como espaço voluntária. A mesma ideia é partilhada por Amélia Correia, não de formação O esforço de formar públicos para o teatro não se es- deixando de introduzir um ponto que, na opinião dos gota nas iniciativas de instituições ou administrações profissionais de teatro, revela-se fundamental: “Além


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pais se torna fundamental. “Eles fazem um esforço enorme para levar os seus filhos aos ensaios fora da escola”, afirma Isabel Lourenço, sensibilizada pela colaboração. A ação da família revela-se noutras fases destes projetos educativos. No âmbito da Escola dos 2º e 3º ciclos dos Marrazes, Patrícia Martins explica que “os pais, no processo da dramatização propriamente dita, não têm um papel muito efetivo. A participação acontece realmente quando se trata de apoiar os mais novos ao nível dos bastidores, de ajudar nos cenários, por exemplo, e, claro, nos transportes”. A mesma dinâmica repete-se no âmbito das companhias de teatro. Os pais são elementos importantes, “estão sempre presentes, quer seja na apresentação do exercício final ou quando é necessário algum adereço de cenário ou figurino”, relata Frédéric da Cruz Pires.

de teatro, os alunos deviam poder frequentar aulas de cas são fundamentais para uma criança, para ela se expressão dramática”. expressar, para ela poder debater ideias, para pensar. A questão é simples: teatro e expressão dramáti- As crianças hoje pensam pouco, os jovens pensam ca, segundo João Lázaro, são dimensões distintas. O nada. E isso preocupa-me”, revela o encenador do diretor artístico da companhia Te-Ato defende que é grupo Leirena. precoce deixar as crianças fazer teatro: “As crianças podem e devem fazer expressão dramática. Fazer Quando os pais entram em ação teatro implica um entendimento do que se está a Os clubes de teatro das escolas apresentam-se como fazer, implica uma técnica, um trabalho de reflexão espaços de criação dramática e de aprendizagem exsobre a personagem. As crianças ainda não têm con- tracurricular. O objetivo passa pela interiorização de dição e maturação para fazer isto. É criminoso pedir valores artísticos e culturais. Encarados como projea uma criança que viva a ansiedade de um espetácu- tos focados na articulação de diferentes linguagens, lo de teatro”. a dinâmica associada aos clubes de teatro não disFrédéric da Cruz Pires alinha no mesmo sentido, pensa a componente do trabalho em equipa. É nesse uma vez que sublinha a necessidade de as crianças momento que entram em ação os pais, o terceiro vére os adolescentes, mais do que teatro, frequentarem tice de um triângulo que se completa com os jovens e obrigatoriamente aulas de expressão dramática. “As os professores ou profissionais de teatro. artes deviam ser obrigatórias, tem de haver um equiNa escola D. Dinis, os alunos têm diversos ensaios líbrio entre a razão e o afeto. As expressões dramáti- fora do contexto de sala de aula, pelo que a ajuda dos

KO KONSUMO OBRIGATÓRIO

Texto

Matheus Dias Lisandra Perestrelo Tatiana Pimentel

Texas Bar

rio que se modificou totalmente com a atuação de bandas como Tales of Murder and Dust, Black Wizard ou 10.000 Russos. “Espaço acolhedor”, “excelente ambiente” e “boa acústica” são alguns comentários que surgem Texas Bar é um estabelecimen- quando se consultam as críticas to na zona dos Barreiros, no na página de Facebook do estaconcelho de Leiria, que se vem belecimento. “Existe cuidado na seleção das destacando pela organização de concertos de bandas nacionais bandas, uma vez que não seria e, sobretudo, internacionais, no agradável para o estabelecimenâmbito da música alternativa. Os to nem para as bandas realizar espetáculos musicais nem sem- concertos com pouco público”, pre foram uma prioridade deste afirma Frederico Clemente, o proespaço criado há 26 anos, cená- prietário do espaço noturno.

Uma rodada de música

A voz dos atores em construção O teatro é uma forma de expressão e para muitas crianças e jovens uma atividade que permite sair da rotina escolar. Para Matilde Trigo, de 11 anos, aluna do Agrupamento de Escolas dos Marrazes, o teatro permite sentir-se mais à vontade com tudo o que a rodeia: “Com estas experiências, aprendi a falar mais facilmente com pessoas que não conheço. Até acabo por esquecer os meus medos. Quando entro em palco, já não tenho vergonha. Sei que o que estou a fazer é bom e eu gosto”. Trabalhar em equipa, desenvolver a criatividade e as competências comunicativas parecem ser, de facto, as dimensões mais destacadas pelos atores em construção. Do mesmo agrupamento de escolas, Rafaela Silva, de 11 anos, considera que o teatro a ajuda a expressar-se melhor, além de permitir trabalhar com diferentes colegas: “É muito giro, às vezes somos mesmo nós que criamos o teatro e as histórias. Eu acho que isso nos ajuda a desenvolver a imaginação”. Já Denis Popov, de 10 anos, realça o seu percurso e a experiência que vem adquirindo desde cedo: “Faço teatro desde o meu primeiro ano, fiz imensas peças em saraus e já trabalhei com fantoches. O teatro ajuda a conhecer-me melhor e a comunicar com os outros”. O teatro e a expressão dramática são elementos fundamentais de um sistema educativo que deve promover os valores culturais e a educação artística. Parece consensual que o exercício de uma cidadania crítica, baseada na articulação de diversas linguagens, beneficia em larga escala quando a criação dramática se encontra ao serviço da formação individual e coletiva. k

O número e a qualidade de espetáculos que o Texas Bar vem apresentando já o transformou em paragem obrigatória para os amantes da música alternativa em Leiria. Frederico Clemente fala de uma relação recíproca com as editoras: o Texas Bar precisa das editoras para trazer as bandas e as editoras precisam de uma sala como o Texas para apresentar as suas bandas. O responsável fala do espaço com carinho e orgulho e refere ser a concretização de um sonho do seu pai gerir uma sala de espetáculos e trabalhar com

bandas de música alternativa: “É uma sala muito especial, além do valor sentimental. O espaço foi construído de raiz, especialmente para ser uma sala de concertos. O facto de ser tudo em madeira confere uma acústica muito peculiar, única”. A banda Shivers atua amanhã pelas 23h00 e o duo mexicano de Guadalajara, Lorelle Meets the Obsolete, atua a 28 de janeiro, pelas 21h30. Um cartaz que promete animar a noite e contagiar a comunidade do Texas Bar com o seu rock psicadélico e sonoridades sugestivas. k


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O cinema tem de entrar na escola pela porta SENTADO principal NO MOCHO

Em que consiste o Plano Nacional de Cinema e quais são os seus objetivos? O PNC existe na lei desde 2013. É também um projeto que não pode ter a mesma implementação que tem, por exemplo, um Plano Nacional de Leitura, porque o livro está naturalmente dentro da escola, o cinema é indireto. Tem vindo a crescer e apareceu com dois objetivos básicos, a formação de públicos jovens para o cinema e formação de professores e de alunos na área. Promovemos um programa de exibições de cinema gratuitas para escolas, preferencialmente em sala de cinema. É uma prioridade levar os jovens a estes espaços, porque hoje proliferam formas alternativas para assistir a filmes. Considero-as positivas. No entanto, o cinema foi inventado para um contexto de visionamento em salas com características especiais, exclusivamente pensadas para aquela forma de exibição de arte. Outra linha do Plano Nacional de Cinema é tentar juntar instituições da área da cultura e da área da educação que estejam interessadas na promoComo caracteriza a presença do cinema na Escoção do cinema e que possam ajudar as escolas nesse la e entre os mais jovens nas últimas décadas? sentido. Para isso, promovemos formação de profesPosso falar a partir da experiência que vamos tendo sores e tentamos aproximar os jovens do cinema, não nas escolas e de facto nos últimos anos há uma vonapenas enquanto forma de arte que podem consumir, tade de dar maior visibilidade à área do cinema, dar mas levá-los também à produção. maior visibilidade à sua presença. Naturalmente não é tão fácil quanto possa parecer, porque o cinema, Pensar a cultura e a educação como eixos de embora esteja mencionado no currículo a propósito governação pressupõe assumir o cinema como de todas as medidas educativas que estão no terreno, uma prioridade política? não é propriamente uma disciplina, portanto aparece O Plano Nacional de Cinema é um projeto que enna escola de forma indireta. O cinema sempre foi volve três instituições públicas: a Direção Geral da uma arte considerada de entretenimento. Considero Educação, o Instituto do Cinema e do Audiovisual que os jovens conhecem o cinema fundamentalmen- e a Cinemateca Portuguesa e Museu do Cinema.

Elsa Mendes Coordenadora do Plano Nacional de Cinema

Com formação em História, História de Arte e Estudos de Cultura e de Literatura, Elsa Mendes acrescenta ao seu o currículo o cargo de coordenadora do Plano Nacional de Cinema (PNC). Promover o cinema enquanto forma de arte, incentivar ao visionamento de obras de referência e também à criação artística são os principais objetivos do Plano que, em parceria com o projeto ‘Leiria dá um filme’, promovido pela Autarquia, tem vindo a envolver alunos e professores das escolas da região.

Texto Beatriz Silva, Catarina Marques e Luís Pedro

te porque vão ao cinema, porque veem um certo tipo de cinema, que é o cinema de entretenimento. Todos vemos, e não apenas os jovens. Temos menos contacto com o chamado cinema de autor.

KURTAS Filme O Senhor dos Anéis (animação) 1978, de Ralph Bakhsy Atriz Sigourney Weaver Música A Banda Sonora da saga Star Wars, de John Williams Livro Toda a série de livros Alix, de Jacques Martin (BD)


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A principal preocupação da lista é que os professores se apropriem da ideia de que há uma história do cinema.

tanto se as escolas querem mostrar outros filmes ligados a determinados assuntos que estão a ser abordados na escola, perfeito. Os filmes não podem estar todos na lista. A principal preocupação da lista é que os professores se apropriem da ideia de que há uma história do cinema, de obras emblemáticas da história do cinema, que não são exclusivamente de ficção. Outro critério que temos considerado é a classificação etária por ciclos. Todos os filmes, quando são lançados nas grandes telas, já passaram pelo Inspeção Geral das Atividades Culturais (IGAC) que previamente os classifica.

Vê algumas resistências por parte dos docentes aos objetivos do Plano Nacional de Cinema? Há ainda pessoas e, consecutivamente professores, Para que seja possível o visionamento dos fil- que não consideram o cinema no mesmo plano de mes em contexto escolar é necessário agilizar outras formas de arte. É ainda visto na perspetiva não só a escola mas também uma cópia da obra de entretenimento. Com essa visão, o cinema não a exibir, fornecida pela Cinemateca Portuguesa, representa a mesma credibilidade que outras forque regularmente requer a autorização de um mas de arte que já estão entrosadas nos currículos conjunto de pessoas devido à questão dos direitos pedagógicos e até mesmo na nossa mentalidade. No de autor e de exibição. Produtores, distribuidores, que toca à prática, há projetos no terreno maraviautores, que frequentemente são sensíveis à lhosos. O feedback final acaba a ser positivo. ideia, acabam a disponibilizar gratuitamente a possibilidade da sua obra ser exibida no contexto Em que âmbito ou unidade curricular se intedo Plano. Neste momento, o Ministério da Educa- gra o Plano Nacional de Cinema? ção tem inúmeras prioridades no terreno, o pro- Entra em todas. Quando fazemos ações de formajeto de autonomia e flexibilidade para as escolas, ção estão presentes professores de todas as áreas onde o cinema pode entrar, o projeto da educação disciplinares. Há excelentes cinéfilos na área da nacional para a cidadania, onde o cinema pode Educação Física, por exemplo. O cinema estabelece ser complemento enquanto poderoso instrumen- cruzamentos com todas as áreas do currículo. to de auxílio, e ainda o projeto de educação inclusiva, em que as escolas devem centrar a sua ação Existem outras iniciativas do PNC que não sona sua capacidade de incluírem todas as diferen- mente o visionamento de filmes? É nosso sonho envolver crianças e jovens na ças. O cinema entra por aqui. produção. Isso implica investimento e uma conjuExiste alguma relação entre um plano de li- gação de esforços. Começam a aparecer projetos teracia para o cinema e um plano de literacia dessa índole, Leiria, por exemplo, está com um projeto na área da Literacia Fílmica surpreendente, para os media? Claro que sim. O cinema está mencionado no Re- pois conjuga o que realmente é necessário, a feliciferencial da Educação para os Media. O universo dade de ter um museu quase único no país nesta dos media é muito vasto e, neste, o cinema acaba área da imagem e movimento (m|i|mo), depois exispor ser secundário. Pretendemos dar visibilidade te a Escola Superior de Educação com cursos espeao cinema enquanto forma de arte. As questões es- cíficos nestas áreas mediáticas, e há uma autarquia pecíficas do cinema prendem-se com a transmissão interessada, e que acaba por liderar o projeto “Leiartística. Gosto de pensar nesta vertente artística ria dá um Filme”. Para além destes fatores, há tamenquanto uma entidade autónoma dentro do cam- bém um centro de formação contínua de professopo dos media. No entanto, existe um diálogo óbvio, res interessado e os equipamentos culturais, vários espaços de exibição cinematográfico. Leiria é um no qual temos mais consenso do que divergência. bom exemplo de como um projeto nesta área pode O programa abrange vários ciclos, quais são? dar os primeiros passos. É maravilhoso ver crianças Como foi aplicado o programa ao primeiro ciclo? do segundo ciclo pegarem em câmaras de filmar e O projeto quando se iniciou foi pensado unica- serem envolvidas no processo de criação artística, mente para o terceiro ciclo e ensino secundário, normalmente elas adoram e aprendem uma série só depois resolvemos alargar, porque percebemos de métodos. Digamos que estou a falar da área de que as escolas estão dispostas em agrupamentos utopia do Plano Nacional de Cinema por assim die, portanto, estão representados todos os ciclos de zer, é aquilo para que queremos evoluir. ensino. Regra geral, são os docentes de terceiro ciclo e secundário que trabalham o cinema nas suas Considera importante transformar a cultura disciplinas, são eles que continuam a ser a maior fílmica numa unidade curricular? Sim, sim e sim! O cinema tem de entrar na escopercentagem de participantes. la pela porta principal. Vão continuar a existir Como se dá a criação de uma lista de filmes de projetos que são de cineclubes, de associações não lucrativas, que são muitos bons, porque fazem um referência? A lista geral de filmes é unicamente um filtro, não trabalho de elevada qualidade. Há que estimular podemos interpretá-la como algo fechado, não fun- estes projetos, contudo acho que é importante que ciona como um catálogo de consulta e não tem de algumas escolas tenham esta visão e se apropriem ser seguida à risca. Pela nossa experiência, podemos do que está na lei e criem de facto esta oferta da disafirmar que os professores sabem o que exibir, por- ciplina do cinema. k

17 janeiro 2019

KULTOS Texto

Catarina Marques

Mandy Um obscuro alternativo Mandy, o filme de Panos Cosmatos, poderia facilmente ser considerado uma cacofonia visual composta numa história simplista, concretizada sobre a fama do casting. Mas a história é outra. O guião de Costmatos e Aaron Stewart-Ahn aproxima-se talvez mais de uma viagem do que de uma película para as salas de cinema. Após Beyond the Black Rainbow, Cosmatos estrutura em três partes uma crónica de vingança, com cenas reminiscentes do filme Hellraiser, bem ao estilo dos anos 70. A trama desenvolve-se em torno de um casal, Mandy e Red, desempenhados por Andrea Riseborough e Nicolas Cage, que vivem sozinhos no meio do bosque. O casal é apresentado num ambiente espiritual e simbólico, com temas associados à astrologia, num clima intimista e de cumplicidade. Essa atmosfera é interrompida quando um culto extremista pontuado por motociclistas e psicopatas enlouquecidos atravessa a vida de Mandy. O líder Jeremiah Sand (Linus Roache) deseja possuir Mandy e serve-se de motoqueiros, com poderes sobrenaturais, para ordenar um rapto que a coloque à sua disposição, de corpo e alma. A história desenvolve-se após um acontecimento trágico na vida do casal, que conduz Red a uma vingança sanguinária. Os espaços e planos cuidadosamente trabalhados, assim como as luzes carregadas de simbolismo, concretizam a dimensão visual da obra, levando a que muitas cenas pudessem originar múltiplos fotogramas independentes. A banda sonora, com faixas de Crimson King, desenvolve-se ao sabor das correntes alternativas do indie rock. Trata-se, afinal, de uma película baseada no mundo dos psicotrópicos ou, numa interpretação mais artística, da espiritualidade e simbolismo extremos. Mandy não deixa o espetador indiferente, seja por ódio a esse mundo ou pelo fascínio do trabalho cinematográfico. k


8 Denunciar maus tratos contra idosos é um dever dos cidadãos

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BOLSAS PARA ESTUDAR NOS EUA Encontram-se aberTexto tas as candidaturas André Ferreira, para o prograDaniel Martins, ma “Study of the Maria Gomes U.S. Institutes (SUSI) for Student Leaders from Europe”, promovido pela Fulbright Portugal, para estudantes dos 1º e 2º anos de licenciatura. A duração da estadia varia entre cinco e seis semanas e tem lugar no período de verão em diferentes universidades dos Estados Unidos. Os participantes selecionados recebem financiamento integral, que cobre todos os custos de estadia e da viagem entre Portugal e os EUA. As candidaturas realizam-se até 11 de fevereiro e as informações estão disponíveis no site www.fulbright.pt. SEMINÁRIO DISCUTE A ÉTICA NA SAÚDE O auditório da Escola Superior de Saúde de Leiria vai acolher a 24 de janeiro o seminário “Ética Translacional: do Pensamento Filosófico à prática – Ensino, Investigação e Saúde”. A iniciativa tem como objetivo criar um espaço de debate sobre critérios de apreciação e aplicação da ética, ensino e ética, edição e disseminação da ciência, contando com a organização da Comissão de Ética do Politécnico de Leiria, em parceria com a Rede Nacional de Comissões de Ética (RedÉtica) e a Comissão de Ética da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra. O seminário de outono/inverno da RedÉtica conta com diversos conferencistas que irão refletir sobre questões relacionadas com a ética assistencial, a ética de protocolos de investigação, a ética na investigação em dispositivos médicos e o processo de aprendizagem em saúde – doentes reais ou simulados. A entrada é gratuita, mediante inscrição. AULA ABERTA PROMOVE INCLUSÃO NAS ESCOLAS A aula aberta sobre a articulação pedagógica entre educadores de infância e terapeutas da fala terá lugar no próximo dia 9 de janeiro de 2019, no Auditório 1 da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria. A sessão será presidida por Tiago Rodrigues, licenciado em Terapia da Fala e Mestre em Comunicação Acessível, e tem como objetivo promover uma maior inclusão nas escolas de Educação Pré-Escolar e no 1.º Ciclo do Ensino Básico.

O workshop “Violência contra pessoas idosas” pretendeu debater e dar visibilidade à questão dos maus tratados no âmbito deste grupo etário. A iniciativa decorreu no Museu de Leiria, no passado dia 12 de dezembro, e contou com testemunhos das vítimas como forma de aprofundar um problema social na primeira pessoa. Maria do Rosário Gama, da associação APRe! (Aposentados, Pensionistas e Reformados), abordou os contextos em que se desenvolve a violência contra pessoas idosas e apresentou quatro tipos de violência: financeira, física, psicológica e sexual. Os agressores de pessoas idosas, explicou Rosário Gama, “apresentam-se como filhos, netos ou cônjuges, tendo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registado 944 casos de violência contra idosos em 2017, com idades compreendias entre os 65 e 90 anos”.

“Solidão, incapacidade ou falta de au- as medidas que detonomia” são apenas algumas caracte- vem ser tomadas por rísticas que Mara Cardoso, da Unidade quem presencia epide Recursos Assistenciais Partilhados sódios de maus tratos. (URAP) do Pinhal Litoral, mencionou “Além das autoridades para descrever a situação de muitos e dos profissionais idosos na atualidade. da área, também os O procedimento de tratamento cidadãos têm de dedas denúncias de maus tratos passa nunciar estes casos; por efetuar um auto padrão, avaliar não é apenas a vítima o estado da vítima, entender quando que o tem de fazer”, se trata de uma avaliação de risco e afirmou Teresa Silva, Texto proceder à realização de um plano da GNR. Andreia Leandro individual de segurança. O protocolo O evento contou Rita Coimbra Tatiana Santa Rosa esbarra, porém, nas múltiplas dificul- com a presença de dades que os profissionais enfrentam quatro oradores em no terreno. representação de várias associações de “É difícil ajudar alguns utentes por- apoio à vítima e foi organizado pela asque eles já são frequentemente mal- sociação Mulher Século XXI. A vereatratados. Desconfiam logo. Torna-se dora da Câmara Municipal de Leiria, muito complicado sensibilizá-los e Ana Valentim, moderou o debate. k fazê-los entender que estamos com eles para os ajudar”, declara Anália Ruivo, diretora técnica da Associação de Solidariedade Social de Marrazes (Amitei). Alguns elementos da Guarda Nacional Republicana (GNR), na plateia, partilharam várias situações com que se deparam todos os dias e alertaram para

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DESPORTO

Politécnico de Leiria segue em frente nos “nacionais” universitários Texto Beatriz Parada, Ricardo Cordeiro e Sandrina Grilo

As equipas de andebol e futsal do Politécnico de Leiria alcançaram o apuramento para as próximas fases dos campeonatos universitários e mantêm os objetivos de superar as prestações da última época desportiva. A primeira jornada de andebol decorreu a 5 e 6 de novembro e contou com a organização da Universidade de Coimbra. Participaram sete formações femininas e oito masculinas. Bárbara Ferreira, estudante da licenciatura de Desporto e Bem-estar, afirmou que a necessidade de conseguir o apuramento para a segunda fase da competição se sobrepôs às boas exibições. “O objetivo é continuar com o nosso bom espírito de equipa e ganhar todos os jogos que nos darão acesso à fase final”, explicou a jogadora depois de a sua equipa ter alcançado nove pontos em três partidas. A equipa masculina de andebol, por seu lado, somou 11 pontos e conquistou o segundo lugar da classificação, o mesmo resultado que as congéneres femininas. A próxima etapa irá realizar-se em Aveiro,

Texto

Laura Barcelos, Leonardo Miguel, Maria Inês Matos

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a 19 e 20 de março, antes das fases finais agendadas para abril, em Guimarães. Em Vila Real, a modalidade de futsal trilhou o mesmo percurso vitorioso, numa prova que juntou 12 formações e teve lugar entre 3 e 5 de dezembro. Os leirienses avançaram para a segunda jornada com quatro vitórias em igual número dos jogos disputados. Ricardo Rodrigues refere que não esperava tantas facilidades e destacou a determinação e o espírito de entreajuda demonstrados ao longo a prova. “Embora a Universidade da Beira Interior nos tenha complicado um pouco a vida, conseguimos a vitória e outras tantas prestações extremamente regulares”, adiantou o estudante de Comunicação e Media. O Politécnico de Leiria assegurou o primeiro lugar do grupo e mantém a ambição de vencer os próximos jogos, que terão lugar entre 4 e 6 de fevereiro, em Faro, e entre 27 de fevereiro e 1 de março, em Coimbra. De salientar, ainda, que as modalidades de basquetebol e frisby voltaram às competições no desporto universitário em representação do Politécnico de Leiria. k

A ONU criou a aplicação “Share The Meal” com o objetivo de contribuir para a alimentação de crianças desfavorecidas. As doações podem ser unitárias ou mensais e variam entre 40 cêntimos e 146 euros, dependendo da escolha do utilizador. Os contributos são analisados pelo Programa Alimentar Mundial da ONU, sendo possível acompanhar a aplicação e o impacto da doação no terreno.

COMBATER A CONTRAFAÇÃO DE VINHOS A aplicação CorkID disponibiliza uma base de dados através da qual é feita uma pesquisa que certifica a fotografia de uma garrafa de vinho inserida pelo utilizador. Ao processar essa espécie de impressão digital da rolha é possível atestar a autenticidade do vinho. O processo só é viabilizado se as garrafas não tiverem revestimento de plástico ou de outro material que tape a parte de cima da rolha. Se a imagem capturada da rolha figurar na base de dados, o vinho não é falsificado.


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