sisal ESCRITÓRIO MODELO DE ARQUITETURA E URBANISMO CARTILHA DO SISAL São Carlos - Agosto, 2022 Instituto de Arquitetura e Urbanismo - USP São Carlos
Mas, para além do intuito de complementarização da formação, tem-se como objetivo a assistência e assessoria nos locais onde o trabalho desse tipo de profissional não alcança normalmente. Assim, busca-se definir um compromisso com a realidade social da comunidade onde a universidade está inserida - mas que, muitas vezes, não é acessada pela população.
do Sisal
Apresentação
O Sisal é um Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo desenvolvido pelos estudantes do IAU, Instituto de Arquitetura e Urbanismo da USP São Carlos, no segundo semestre de 2020, em meio à pandemia. Criado como um grupo de extensão uni versitária do IAU, o Sisal surge da discussão acerca da vivência e das práticas dos estudantes de arquitetura e urbanismo no decorrer da formação, já que a aplicação de fato das teorias vistas ao longo do curso só são possíveis por meio da prática.
O objetivo do Sisal é de trazer o que aprendemos na teoria e colocar na prática e de pesquisar formas de projeto cuja finalidade não seja o lucro, trabalhando de uma forma que não seria possível em escritórios que possuem esse objetivo mercadológico. No desenvolvimento de projetos que ponderem a importância da dimensão ambiental e de técni cas alternativas no processo con strutivo, além da ligação com a comunidade, buscamos criar uma rede de interlocução cada vez mais potente na cidade de São Carlos.
O nome Sisal advém da fibra natural ex traída das agaves para a fabricação de cordas, o que nos remete à união e ao comprometimento que buscamos ter em nosso trabalho, em um gesto de amarrar nossos princípios e mostrar que a participação de cada um é essencial na formação do coletivo. Além disso, é um bem antigo e natural, que representa o conhecimento que é anterior a nós mesmos. Cada fibra é importante para a solidez da corda, assim como cada integrante do grupo com sua função. Todas as partes fazem diferença e mostra-se que a união e o comprometimento são capazes de enfrentar qualquer desafio que venha pela frente.sisal
A ATUAÇÃO DOS EMAUS VISA O TRABALHO COLETIVO E VÊ NA ARQUITETURA E URBANISMO UMA FORMA DE ATUAR NA CIDADE PERCEBENDO SUAS FRAGILIDADES SOCIAIS
Os Escritórios Modelos de arquitetura e urbanismo são coletivos formados por alunos de arquitetura e urbanismo (sejam eles da graduação ou pós gradu ação), sob a orientação de um professor ou professora da área, que tem como objetivo tra balhar em áreas da cidade e em comunidades onde a atuação do arquiteto não é tão conhecida e divulgada, visando tornar esse serviço mais acessível.
O QUE É UM EMAU?
Os emaus surgem como grupo de extensão universitária de ini ciativa e organização 100% estu dantil: os estudantes tomam as decisões!! Seu principal objetivo é proporcionar uma troca com a sociedade fora da universidade de forma horizontal — cada parte tem igual importância IMPORTANTE!!Importantelembrar que a atuação dos EMAUs não são caracterizadas como atuações profissionais até porque não interferem no mercado de trabalho, já que atuam em áreas onde o serviço de arquitetura não atinge , mas sim como atividades educativas, que contam com responsabilidade técnica. Suas atividades podem ultrapassar o campo de projeto-construção e envolver também outras áreas de conhecimento, como mobilização social, auxílios em questões de saúde, judiciárias etc.
O emau surge como um projeto dentro da FeNEA, na década de 1990, com o objetivo de complementar a educação universitária e em se comprometer com a realidade social brasileira. A Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - FeNEA - é a entidade que representa os estudandes de Arquitetura e Urbanismo no país todo, trabalhando para ampliar a participação dos universitários na transformação da realidade social brasileira.
O escritório modelo foi definido pela FeNEA a partir da criação da Carta de Princípios, que dispõe alguns princípios que caracteriza o que é e o que é seguido por um emau, e a partir da criação do POEMA POEMA: Projeto de Orientação a Escritórios Modelo de Arquitetura e Urbanismo. Como já diz o nome, busca orientar os emaus em formação e também direcionar o funcionamento e manutenção dos emaus que já se consolidaram. Ele é baseado em experiências de outros emaus que estão em atividade há mais tempo e não objetiva ser uma fórmula rígida a qual os novos emaus deveriam reproduzir, mas funciona como um guia que aponta os caminhos que se pode seguir.
A extensão universitária é a responsável por estabelecer a troca de conhecimentos e informações entre a socie dade e o meio universitário. A intenção das suas ações é promover a transformação da sociedade, a partir de uma troca de saberes, em uma relação de ensino e apren dizagem, mostrando a im portância das atividades uni versitárias para a comunidade fora dela. O que busca o extensionista não é estender suas mãos, mas seus conhecimentos e suas técnicas - Paulo Freire Paulo Freire traz exatamente que a extensão tem função de comunicação: todos são igualmente importantes para a construção da discussão e do conhecimento.
EXTENSÃO
Para saber e entender mais sobre extensão universitária, você pode acessar aqui nosso texto temático sobre
Visa atuar na extensão como comunicação, proporcionar uma educação que liberta.
O EMAU, como uma extensão universitária, tem a intenção de dialogar com a sociedade e promover a sua autossufi ciência, de forma horizontal.
UNIVERSITÁRIA
PROCESSOS DE 2020 2021 formações internas divisão interna AGOSTO | DEZEMBRO 5 TEMAS extensão universitária relação com a comunidade princípios do EMAU exemplos de documentaçãoEMAUestudoaprofundadodetemas específicos projetosformaçõescomunicaçãoadministrativo COMISSÕES INTERNAS divisão e organização em frentes de atuação
DE CONSTRUÇÃO2022produções GRUPOS DE TRABALHO acampamento 3 de janeiro alojamento bloco A atuação real como emau projetos de bolsa PUB discussões e debates oficinas e vivências COMISSÕESREESTRUTURAÇÃO organizaçãoformaçõescomunicaçãointerna GRUPOS DE TRABALHO reorganização e adaptação ao presencial
Princípios Os princípios do EMAU Sisal são basea dos na Carta de Definição dos Emaus, desenvolvida também pela FeNEA no ano de 2007, que se baseiam em um eixo ético de quatro postulados da UNESCO e União Internacional de Arquitetos para educação em Arquitetura e ArquiteturaUrbanismo: valorizada como pat rimônio e responsabilidade de todos. Garantir qualidade de vida digna para todos os habitantes dos assentam Usoentos;tecnológico que respeite as necessidades sociais, culturais e estéticas dos povos; Equilíbrio ecológico e desenvolvimento sustentável do ambiente con struído;
Com base nisso, temos os se guintes princípios seguidos pelo Sisal: Promover um espaço estudantil autônomo capaz de incentivar o desenvolvimento crítico e reflexivo da atuação e formação de futuros Proporcionarprofissionais.aosestudantes experiências práticas de arquitetu ra e urbanismo estimulando a produção acadêmica bem como a vivência com o funcionamento e administração de um escritório; Estar de acordo com as regulamentações do exercício profis sional quanto à responsabilidade técnica dos projetos desenServolvidos;independente do Instituto e de outros órgãos em relação à sua gestão, seleção de projetos e orientadores. gestão estudantil Promover o trabalho coletivo, visando uma gestão democrática e horizontal. Buscar consenso entre todos os envolvidos no processo, não havendo peso diferenciado entre os participantes. Vale lembrar que o orien tador não é um membro superior aos demais no EMAU e tem igual direito a voz, para incentivar a capacidade de gestão dos estudantes. horizontalidade na tomada de decisões Buscar interação com todas as diferentes áreas de conhecimento que possam contribuir para o desenvolvimento dos projetos em realização. O contato pode vir por iniciativa do emau ou da parte interessada no trabalho conjunto. multidisciplinaridade
Incentivar e desenvolver o trabalho de participação da comunidade dentro e fora da universidade, de finindo um canal de comunicação e de incentivo, além do debate, à ação e à troca entre os grupos envolvi dos. O EMAU, como extensão universitária, é livre para todos que queiram participar, sendo aberto a toda a sociedade, promovendo o trabalho participativo. coletividade
O trabalho deve ser feito em parceria com comunidades organizadas, de forma que permita que tais comunidades continuem desenvolvendo o que foi aplicado com o EMAU mesmo após o seu afastamento. não assistencialista O EMAU deve preferencialmente trabalhar em espaços onde a comunidade não possui acesso ao arquiteto urbanista, buscando difundir a prática da arquitetura e urbanismo e o seu papel social político por meio da ampliação da consciência tanto da comunidade quanto do profissional. Atuação nos locais não alcançados pelo profissional arquiteto
O EMAU não possui fins lucrativos e, por isso, também não concorre com o mercado da área, mas o recebimento de bolsas da universidade pelos alunos é possível. Parce rias externas, como ONGs, prefeituras e empresas, também são viáveis para a obtenção de materiais e equi pamentos, por exemplo. Porém, isso desde que não firam os outros princípios do emau e, principalmente, não interfira na autonomia do escritório modelo e no foco do tra balho de extensão de objetivo social. É preferível que tais parcerias com entidades externas sejam buscadas e fir madas por meio da comunidade envolvida no projeto. sem fins lucrativos Construir e manter o debate e formação críti ca constantes, importantes para a formação interna do Sisal e do IAU e para o modo como o Sisal atua dentro dos espaços da cidade e da universidade. um espaço de constante debate e formação crítica
métodos e participativastécnicas
Com isso, também se facilita que a participação comunitária seja incentivada, ou seja, fazendo com que a co munidade se sinta mais em poderada para a tomada de decisões que a envolve ou que afeta o seu desenvolvimento futuro.
o que são?
O distanciamento entre os profissionais arquitetos e as pessoas que mais precisam também se manifesta, muitas vezes, na relação que se esta belece entre os dois grupos. Nesse sentido, existem mét odos e técnicas que podem permitir a aproximação entre o arquiteto e a comunidade da melhor forma possível, sem criar uma relação au toritária e hierarquizada por Para mais informações sobre o assunto, clique aqui para acessar o texto temático sobre métodos e técnicas participativas
Para que a relação da comu nidade com os profissionais seja de forma mais horizontal possível, utiliza-se métodos e técnicas participativas que ajudam a conduzir os processos de participação e que permitem que haja tal partici pação com maior adesão possível. para servem?que
Os níveis de envolvimento se relacionam com o maior ou menor envolvimento da co munidade, podendo ser de informação pública, de consulta pública, de parceria e de autoajuda.
A quantidade de pessoas en volvidas podem ser individu al, organizacional - dando ferramentas e resolvendo problemas que podem atrapalhar o desenvolvimento da comu nidade - e comunitário.
Os modos de abordagem são resumidos em dois: de cima para baixo, seguindo a lógica hierárquica, de uma minoria para a maioria, ou de baixo para cima, em que qualquer pessoa pode iniciar ou controlar o processo, tendo maior ou menos troca com o grupo decididor..
Existem diversos métodos de participação da comunidade, mas que combinam as opções de modos de aborda gem, de níveis de envolvi mento e de quantidade de pessoas e de atores que podem fazer parte desse processo. quais os tipos?
Os atores envolvidos são pessoas individuais ou coleti vas que fazem intervenção nos métodos de participação, sendo eles o facilitador que auxilia nas dinâmicas de grupo; o técnico especializa do em alguma formação técnica média ou superior; o líder da comunidade ou grupo; os decisores-chave que representam os grupos internos envolvidos; a comunidade; os coordenadores de projeto que lideram as tare fas determinadas; e o comitê de acompanhamento que acompanha o progresso da implementação.
BOLSAS PUB
Gestão e práticas de atuação em um escritório modelo de arquitetura e urbanismo 2 Objetivobolsistasde consolidar e organizar de forma mais efetiva as ações, reuniões e funcionamento geral do sisal, sempre buscando bases teóricas para as ações e abordagens do grupo. Desenvolvimento de um sistema de espaços de convívio para o campus da USP de São Carlos 2 Projetobolsistasproposto por um dos professores do Instituto de Arquitetura e Urbanismo - USP. Foi formado um GT, de forma que outras pes soas do emau conseguiram participar do processo de criação do mobiliário elaborado.
PROJETOS
Patrimônio histórico e cultural: reconhecimento e valorização das entidades estudantis através da obra de Luiz Gastão de Castro Lima na USP, campus São Carlos 2 Surgiubolsistasde uma demanda já existente no grupo a partir de uma parceria firmada com o Bloco A do Alojamento do Campus I da USP. A proposta foi estudar e reconhecer a construção projetada por Luiz Gastão, ligando com a condição atual do prédio, que contava com uma série de carências em relação à sua manutenção, e na situ ação dos moradores e sua relação com a construção.


PROJETOS
GTs
A parceria com o acampamento começou pela demanda de construção de um ponto de ônibus escolar para os filhos dos moradores. Foram feitas uma série de visitas ao acampa mento, entrando em contato com os moradores, suas demandas e situações dentro da organização, com uma visita especialmente para conversar com as crianças. O projeto foi feito e aprovado pelos moradores. Para a execução, foi feita uma campanha de arrecadação, que o sisal ajudou a divulgar. A construção da estrutu ra aconteceu durante o mês de agosto de 2022. Bloco A alojamento Campus I USP São Carlos Alunos do alojamento entr aram em contato com o grupo para ajudar na situação precária da construção. Uma série de projetos foram feitos em conjunto: a reforma do prédio, a construção de uma horta e de um novo forno. O projeto PUB surgiu dessa parceria já estabelecida.
Acampamento 3 de Janeiro



Referências FeNEA. POEMA: Projeto de Orientação a Escritórios Modelo de Arquitetura e Urbanismo. Projeto da FENEA: Federação Nacional de Estudantes de Ar quitetura e Urbanismo do Brasil, 2005. FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação?. Tradução de Rosisca Darcy de Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 7a ed. (O Mundo, Hoje, v. 24), 1983, p.93. LABORATÓRIO NACIONAL DE ENGENHARIA CIVIL (Lisboa) et al. Participa ção da comunidade em processos de desenho urbano e de urbanismo: Levantamento e descrição de métodos e técnicas. Divisão de Divulgação Científica e Técnica - LNEC, Lisboa, Fev 2013. MUP, Movimento por uma Universidade Popular. ORIENTAÇÃO À CRIAÇÃOE FUNCIONAMENTOS DE GRUPOS ESTUDANTIS DE EXTENSÃO UNIVERSITÁ RIA. Edição experimental, nº1. Agosto/Setembro de 2009. PINHEIRO, Juliana de Kássia Siqueira; FERNANDES, Thalyta. Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo como atividade de extensão universitária: Métodos de aproximação entre técnicos e comunidade. ENANPUR, São Paulo, ed. XVII, 2017. Vieira de; ALIMANDRO, Evelin; MORAES, Fernanda; SILVA, Jéssica Gomes da. Método de processo de projeto participativo do CASAS- EMAU da FAU/UNB para o espaço "Enegrescendo" do CEDEP/Paranoá/DF. Projetar: O Projeto como Instrumento para a Materialização da Arquitetura: ensino, pesquisa e prática, Salvador, ed. 6, 26 nov. 2013.
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