O nobre e antigo bairro da Sé, de Barros Ferreira

Page 1

hist6ria dos bairros de sao paulo

a nobre e antigo

bairro cia sc barros ferreira prefeitura municipal . secretaria de educacao e cultura



o

Nobre e Antigo

BAIRRO DA

sf:

S arros Fe rreira escreveu

LeN

1377981

st RIE HIST 6RIA DOS

BAIRROS DE SAO PAULO -

X



P rim e iro pr emio do III Conc uriW Municip al de HIs l6r ia des Bairros de Sao Pau lo, promovido pelo De pa r ta路 me nto de Cu1tura da Secrelarla de Ed u ca ~ ii o e Cullura da Pre fe il ura do Municip io de Sao Pa ulo, e oulorgado pela Comi ss ao Julgadora assl rn een stitui da: Dr. Ped ro de Olive ira Ribeiro Nelo, Dr. Ped ro Br asil Ba ndecc hi e Dr. J ose Ped ro Le ile Corde iro.



INDICE Intr 6ito .... . .....•. .... ..... . . . . . . .... ..... . . . ...........•.. ...

9

o

r atio do Colcg io A Ev()lllC;iio • . ....••..... . . . ...... ..... . . . ....... .. ..... ......... Os Templos . ...... ... . . ...... .... . .. . .... . . •.. ... . ..•... . •. . ....

16 21 31

Inicio de Temo-Pris _. _ " .. . .. A Igreja do Rosan o _. . . . . . . . . . . . . .. . . . .. . . . . Rcmodela,.ao da Ctdade Convcnt o e Igre ja do Canno ... . .. . ... ....... • • . . . . ....... . •. •. .. Sao Fraecisco , 0 M'U Largo. 0 set! Ccnven to e Igre ja • •...... .. . . ....

32 36 39

Dots Vclhos Logradouros .. . . •...• • •. .... .•... ....... . ........... o Largo da Se .....•... ............. .. . ............. . ....... ...

48 49

T res TC'tllplos .... . . . . . . . .... .. . . . . . . . . ... .. . . . . . ... .... • . . . . . • .•

50

43 4-1

A Catcdra l

50

Sao Bento .... •.. .. . ... ........ . . . .. .... ..... . . ..... . .. . . . ... ...

52

Boa Morte • . .••• • . • . ......•.. .. .•.. •.... . .. . • • •..... .. . ..... • ..

55

As Ruas . . . .•.• . .. . . . . . . . . . . . • . . • • . . • • .... ... • . . . . .. •...•..••. . •

56

A Pra~a da

se

A Avenjda Sao Joao e Rua Sao Jose

62

__

..

69

o

Largo Joao ~ l cnd('s o Largo da ~ liserk6rd ia

i2 75

Sao Bento o Largo &1 Se e Ruas Vizi nhas ...• .... . . ..........•. .. .... •.... . Os Becos ... . . .•.. . .... •... ... . . ... .•..•. . .• ...... •..........•. .

i7 79 81

Tebas E ~ istiu? ... .. . .. ...... ..• . .. . . . ....... . .. . . .. . .. . . . . .. .... Parqu e D. Pedro II

82 83

o

o

HAIRRO D A SF:

7


A Co mpa nhia d a v arzea do Ca nno

.

Os Viad utos . • •. • . • . . . . . . . . . . • . . . . . .. . . . . . .

o

.

88

. . . . . . . . . . . . . . . • . •.

92

Os :\Ier eados .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . •

93

o

Viad uto da Boa Visla

85

Ba irro da

se

E xperunenta e Ensina ........... ... ... ...... .• ... .

00

Os Bondes de Bu rros . . . . . . . • . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . .

101

Parte

Primeiro Bonde Elkrico ... . .. ......• .... ...•......... . . .

10"2

Um Sistema de :\Ict ropolitano •. • . . . . . . . . . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . .

104

0

A lIumin ac;;ao •.• .....• .. . . . . . . . . • . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . .

107

A Transformaca o

112

.

~ I ut;u.Ocs

o

. B,,"dl'~

Pcrcurso dos

115

no Cc.·ntro

.

118

A Djvcrsuo

120

Os T catros

121

Os Cmemns

125

o

125

T ri;'ll1gulo

Os Monumc ntos

.

127

o

.

128

Os jorn nis

130

o

Id ilio ........ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ••

129

o

I'ri mc iro Cem ite rio

J32

"Marco Zero"

. . . . • • . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .•

C h;lgu inhas •.•. • . • . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . ..

o o

Enlorcamento . . . . . . . • . . .• . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . .

""

.

135

.

136

.

13e

Uma Rua Desaparecida ..... . .. . . .... . . .... . . .... . . . .. . . . . . . . ... •

13.

Os Tres Grandes da st·

137

~Iilagre

Inicjo de uma

o

Dcv~

Tribunal d e Justis-a

. ........

A Fat'1.lldade d e Direitc

.

.

.

.

139 140

.

Completa-se a T ra nsfor m;t<;uo

.

H2

.

147

I'olitit-a c Ad minislras-uo

.

149

o l' m.o

Senado

.

150

~ I unieipal

.

152

.

153

.... . ... .. . .. .. .. ... ... .. .

Exemplus

o

C II

Coveroo

.

Os ln tcndentcs Hibliogr afia

157

o

8 .URRO DA S£"


INTROITO Urn "rimance " popular, Jesses de rima casuante e encadeada, de que a "Nau Cotarinela" 10; a mais di[undida expressiio, entoa:

"Dobram as sinos do St. Jesus. quem morreria . . ." Eram sempre as slues da Se que anunciavam com sua plangencias au alegres repiques as acontecimentos marcanres do cotidiana. Logo que uma povoacao passava de vila a cidade tinha como principia, tornado questao de honra, a construcao de uma igreja catedral, de uma majestosa St . servindo de base a euforicas compa-

racoes.

o mundo hispanico espalhou pelo contincnte temples majcstosos que se tomaram simbolos do grandiose, caracteristica dominante do povo peninsular. A Se constituia urn coroarreruo. Era tambem a parte mais nobre da povoacjo. E 0 seu bairro 0 nucleo mais importante. Em Sao Pa ulo, 0 bairro da Se foi a scmente de tudo que brotou depois. Ate onde chegava 0 dobrar dos sinos gente erguia moradias. Continuou sendo 0 exemplo para todas as soluczes generalizadas. A comecar pete crescimento para 0 alto. Aparentcmente os recenseamentos marcaram diminuicllo constante da populacso da o

BAIRRO DA SÂŁ

9


Se. De 25 mil al mas lui um seculo passou a 12 mil em 192 0 , tinh a 8.68 2 pelo recensea mento de 1960. Por estimative, 8.707 em dezembro de 1964 . Hoje deve ter menos resldentes. Por que as mor adias cederam lugar aos predios de escrltorios, oficinas, cart6rios, co nsult6rios, lojas de tod a a sorte. Povoa -se co m dezenas de milhares de pcssoas logo que amanhece. Chega mais genre, sempre mais genre a medida que amadurece 0 dia. Despovoa-se a medida que se aproxima a noite. Dcpois das 20 horas aqueles pr edios que se assemelhavam a formiguciros, qu e cram colmeias hum anas, tomam 0 aspccto frio, silencioso, quase Iun ereo de jazigos. As luzcs apagam-se. As mdquln as cessam de matr aquear. 0 silencio assenta como poe ira invisfvel. Se urn pedacinho de reboco se desprende e cal, ao atlngir 0 cha o ressoa como pcqucna trovoada do miciliar . No entanto, dura nte 0 dia ajunta-se uma po pulacjto f1 utu an:e calculada em urn milhao de almas. Chcga m pa ra urn encontro qu atquer, por motives de ncgoclos, pa ra tratamcn to ; fcchado 0 negocio, feita a cc nsulta ou 0 tratamento, cada qual parte, regressan do ao lar . F ica apenas uma populacao de numerosos empregados esperando sua vez de part ir. E qu ando 0 sol se esconde pingam as seis boras da tard e, pelos elevadores descem multidocs que as ru as nao pod eriam center se saissem de uma 50 vez. Form am-se rios de gente. Sao caudai s acclcrados, em dcmanda dos pontos de emba rque. Duran te uma he ra o centro da cidade e urn mar hum ano que vai bai xando lentamen te, as ondas que embarcam nos onibus superlotados. As 9 horas da noite 0 ba irro da Se este morto. Te rminou a praia- ma r hum ano. Uma pergun ta se levanta : 0 que e a bairro da Se, no presea te? Qu ais a s seus limites, suas confrontac ocs? Impoe-se explicar qu e h3. de fate du as Circunscncoes. A 4.&, a Ru a Major Diogo, 218, a partir de 1932. E a 1.&, a Rua Vinte c Oua rro de Maio, 208, ate esse ana . Para fins de reglstr o de Imoveis as llmltacocs sao as seguintes: Run Tabatingucra , Parqu e D. Pedro II ao longo da margem esquerda do Tam and uatel ate a R ua Carl os de Sousa Na zare, onde cncontra com a Avenida Pr cstes Maia pcla qual segue do lado do Mostclro de Sao Bento. Prossegue ate a Pr aca da Bandeira. Sobe pela Rua 10

o

8.-\IRRO D A SÂŁ


Riachuclo, entra na Praca Joao Mendes. Do lado da Catedral pertence oposto e ja distrito da Liberdade. Corrcsponde a cidadc que 0 Marechal Daniel Pedro Millier encontrou em 1820 e que T aunay clta, transcrevcndo trecbos em Histcr la da Cidade de Sao Paulo sob 0 Imperio. Tinha como apendice as Iregucsias do Born Jesus do Bras c San (sic) Ephigcnia. A Ireguesla da Se dividida em Se Sui com nove quartelroes e Se Norte, com 19 quarteiroes. E dentro dessa area ou a cia encostadas chacaras de frutas e cha. Como grandes edificios sao citados: Sc Catedral, Conventos do Carmo, Sao Bento. Santa Teresa ( Recolhimcnto) , Sao Francisco, Palacio do Govemo, Ouartcl Militar, Casa da Camara c Cadeia. Num dcscampado 0 Convcnto e Igreja da Luz. Como ediffcios menotes as Capelas da Miseric6rdia, Sao Goncalo, Santo Antonio do Remedio (sic), Boa Morte e Rosario. Os limites sao geograflcos. Bern definidos pclos rios Tamanduatei e Anhangabau. Sabre 0 Tamand uatei un;a ponte de alvenaria. Na altura da Ladeira do Carmo, onde Muller construiu 0 paredao que acabou com os dcslizamcntos tratados de "vocorocas". E urna ponte de madeira. Possivelmente a que aparece na plama do scgundo-tencnte do Real Corpo de Engcnhciros Rufino Jose Felizardo e Costa, de 1810, com posteriores retoques de Pedro Miiller, e com a denominacjo de Ponte do Fonseca. Tres pontes de alvcnaria sabre 0 Anhangabau, a primeira em sequencia a Rua Miguel Carlos, depois da Consutuicao, atual Florencio de Abreu. Era antiga trilha alargada por ordem do Capitao-General Francisco da Cunha Meneses em 1782. Chamou-sc primeiramentc Miguel Carlos porque ali era chacara do procurador da Coroa Miguel Aires de Carvalho. Evitava 0 antigo rodelo, 0 "Caminho para a volta grande". dando acesso aos campos do Guare, atual Luz. A segunda, na Ladeira do Acu. A terceira ao fim da Rua do Piques, continuacao da Rua do Ouvidor. A c6pia de Cursino de Moura, de 1841. baseada na planta de Rufino Jose Felizardo e Costa nao menciona a ponte de Santa Efigenia, que Dcbrer incluiu no seu album de aquarelas sabre Sao Paulo, datado de 1827, no qual figurarn, entre outros aspectos, como 0 atcrrado do Bras, Ladeira do Carma. como rim do caminho do Rio de Janeiro ; Palacio do Governo com a Igreja do Coleglo; e uma vista gcral da cidade.

a St . Do lado

o

BAIRRO I>A S F::

11



Curiosos pormenores se observam ncsscs trabalhos, como 0 vcstuario dos bomcns, integrado por espantosos chapc us c os trajcs das mulhcres. As figuras formando cenas de costumes. Na Primcira Circu nscncao, it Rua 24 de Maio, 208, estao os registros a partir de 1866. A obrigatoricdade da Inscricao foi cstabelecida pelos atos 1833 e J 863 e por lei de 20 de dezcmbro de 1905. Fixados as areas de accrdo com a divisao em Iregucsias. Era bern maior do que a a'ual 4.8 Circunscricao, que foi sua celula-rnater. Abrangia a cidadc daqucle tempo. D primeiro regisrro existcmc rcfcre-sc a im6vel na Rua da Consolacao, n." 60. Data de 1866. Urn pormenor curioso: ali, naque1e carto rio, trabalhou Artu r da Silva Bemarocs, que foi mals tarde presidente da Republica. Dcixou a sua assinatura como escrcvcnrc cnquamo estudava na Faculdadc de Dlrclto. Urn dos registros corn sua caligrafia tern data de 1900. o fate de a Inscrcno des imovcis tornada obrigatoria s6 no ultimo quartclrao do scculo passado cxplica a acontccido com Ordem de Sao Bento quando vendeu predios de sua propricdade no Largo de Sao Bento, por premcntc neccssidade. Fora cndossantc da Ordem no Rio de Janeiro, a qual Iniciou grande melhoramentos na baixada f1u minense que, dcvido a crisc de 1930, malogrararn. Entdo a Ordem de Sao Paulo tcve que vender scus imcveis no centro. E quando 0 jurisconsulto Abraao Ribeiro, advogado dos menges, examinou as papcis, nao enconrrou precisao, do ponte de vista juridico, para ser homologada a venda. A solui;ao encontrada foi a posse por usucapiao, pais tratava-se de bcns tides, havidos e mantidos por muitos decenios. Pcnodo muito maior do que 0 minimo de trinta anos de posse mansa e pacifica, como detenn inava a legislacao vigorantc. Dutra pcrgunta sc levantava: E quais as confrontacces da par6quia da Sc. A antiga Ireguesla era imcnsa. Abrangia tudo quanta a vista alcancava. A medida que os crmos sc povoaram comccaram as subdlvisocs! Prolifcraram as novas paroquias. A imensidao antiga la-se restrlnglndo. Urn quadro on Sacristia da Categral informa as cooIrontacccs. A atual Ircgucsia da Se limita-se com a Par6quia da Consolacao pcla Rua Dr. Falcao e Rua Libero Badar6. Com a Par6quia de Santa () 8.'IRRO tH. SF:

13



Eflgenia pela parte alta da Rua Llbero Badaro e La rgo S. Bento. Co m a Paroq uia de Sao Vito Martir - Bras, pelas Ruas Varnhagem e Viote e Cinco de Mar co. Com a Par6qu ia de Nossa Senhora da Paz peIa Rua Fred erico Alvarenga, Ru a das Carmelites, Rua Osca r Cintra Gordinho, ccm eco da Rua Glicerlo, Rua Conde de Sarzedas, Rua Tomas de Lima (de ponta a ponta), Rua da GI6r ia, depoi s da curva, Rua Sao Joaquim, Rue Galvao Bueno, Rua America de Cam pos, Largo da P6lvora . Neste ponto ja entra na Par6qu ia de Sao Joaqu im, do Cambuci e Par oqu la Nossa Scnhora do Ca rmo - Liberdad e, pais tern como fronteira a Rua J aceguai. Termina na Pa roquia de Sao Francisco com a q ual 0 limite e feito pela Avenida Brigadeiro Luis Antonio e depois pclos largos de Sao Francisco e Ouvidor, prosseguindo ate a j u n~ao da Rua Jose Bonifacio com Rua Libero Bad aro. Inclui, portanto, grande trecho da Libcrd ade, como as pracas Sete de Sctembro, Carlos Gomes, da Libcrdade, Almeida JUnior. E as ruas transversals ate a Rua Tomas de Lima e dos Estud antes, Santa Luzia, Dr. Lund, Sao Paulo e Barao de Iguape. Do outro lado do espigao, as rua s Asdrubal do Nascimento, J andaia, da Assembleia e Dr. Rod rigo Silva. Inclui ainda as capelas des Aflitos e Santa Cruz dos Enforcados S bern maior do que a area da 4.8 Circunscrlcao do Reglstro de Jmdveis. A atual Se nao se Iimita ao bairro. uma das doze Adminlstracoes Regionais em que a capital paulista foi dividida, em cumprimenta de urn velho plano de descentraltzacao admin istrative. Te rn como limite extrema sui a Avenida Paulista. Segue pclas ruas Para iso, Topazio, Machado de Assis, Jose do Patrocfnio. Kimb6, trecho da Coronel Diogo, ate a Avcnida Lins de Vasconcelos, pela qual descc. Em seguida, dcscnvolve-se pela Rua Barao de Jaguara ale atingir a Avenida Alcantara Machado, continuando poe esta ate a Rua Domingos Paiva, passan do a Rua Monseahor And rad e ate a Rua Joao Teododo e por este ate a Rua Par aiba. Continua pela Avenida Dr. Carlos de Campos, pela Marginal Esquerda do Ticte e por esta prossegue no trecho chamadc Elisabe te Nobiano, continuand o ate a Avenida Rudge, atingindo a Avenida Pacaembu, que faz urna especie de venice de gra nde dngulo agudo com a lar ga arteria que corte a varzea do Born Retire . Co ntinua pela Avenida Pacaembu e ao chegar a Praca do Estedio segue pela avenida lateral denom inada Paulo Pa ssalaqua. Rurna de-

a

o

DAlRRO DA

sr.

15


pois em direcao a Rua Fagundes, acompanha a Rua Major Natanacl ate a Avenida Dr, Arna ldo c por csta atinge a Avcnida Paulista. Consultand o a mapa da cidade verifica-se que esses limitcs englobam numerosos bal rros, como Barra F unda, Born Rctiro, Pari, Santa Cecilia, Santa Efigenia, Co nsolacao, Bela Vista, Liberdade, parte do Cambuci e do Bras. Area imensamcntc maior do que 0 bairro da Se, constituido pelo miolo da cidade. E que foi a area da cldadc antiga de S. Paulo, no corneco do seculo passado. Tem a s scus Iimites nos antigos largos de Sao Bento, Sao Francisco, Carmo, Joao Mendes e Rua Tabatingiiera. Hoje, aprescnta singular contraste: e a parte da capita l que concentra maior numero de pcssoas por metro qu adrado e de noitc se despovoa. A populacao, atraves dos rcccnscamentos, como pcssoas residentes, diminui eontinuameote. No entanto e na sua area qu e sc crguem os maiores cdificios paulistanos. AS de maior capacidade. as de maie r altura. Ab rigando milhares de cscri'ortos, de eonsult6rios, de bancos, de oficinas e de lojas. Em varlas ruas, sc a popula cao que trabalha nos cserit6rios e lojas tivcsse q ue sair ao mesmo tempo nao haveria possibilidade de eseoamento. As vias nao tern capacidadc para reccber de urn s6 vez as multidocs que sc foram conccntrando d urante vanes horas nos mulriplos anda res. Ja foi dito que todo 0 dinheiro circulantc do Brasil nao daria para comprar de eontado os im6veis cxistentes dentro da sua area. Sao Paulo nasccu nessc bairro. B uma suntuosa projccao no tempo prescnte de humilima fundacao do passado .

o

PA n

o

DO CO LEG IO

A hist6ria d a frcgucsla e bairro da SC cntrosa-sc com a de Sao Paulo. De tal maneira que nao se pede destrincar ondc comcca um a rua e onde termina urna cronica. Ate 1800 tudo foi uma coisa s6.

o

bairro da Se nasccu ali 0 0 Patio do Colegio no d ia 25 de janeiro de 1554. Para 0 Padre Serafim Le ite, que sc torn ou inconteste autoridades sabre tcmas paulista nos do seculo XV I, ap6s a sua honcsta c proffcua pesqulsa, pubhcada sob a dcnominacilo de -His/aria

o

RAIRHO DA Sf:


da Com panhia de l esus, no Brasil. a Iundacao de Sao Paulo e anterior . Data de quando Manuel da N6brega subiu, em 1553, ao planalto, cscolhendo 0 lugar em que seria erguido 0 Coleglo. Mas nessc andar de coisas ainda houve posslvelmente fundacao anterior de urna vila de Sao Paulo de Piratininga, por ordcm de Martim Afonso de Sousa. No prirneiro caso, temos 0 trecho da carta de Manuel de Nobrega, de 30 de agosto de 1553, nos scguintcs termos : "Ontcm, que foi dia da dcgolacao de Sao J oao Batista, vindo a urna aldeia se ajuntaram novamentc e se apartam os que se convertern e pus dois irmaos para os doutrinar, fiz solenernente uns 50 catecum enos'' . . .

Par a Serafim Leite essa carla e a cenidao de idade de S. Paulo. Nobrega nao fieou por ai. Acompanhado de urn filho de Jo5.o Ramalho c do jcsuita Antonio Rodrigues afundou no scrtso chegando it aldeia de Manicoba, onde fica a atual I1u, 40 leguas alem do planalto. Visava atlngir 0 Paraguai, no que foi impcdido pela prudencla de Tome de Sousa. No segundo case, anterior ainda, outra povoacao de Sao Paulo cxistiu. e muito expressivo 0 registro do famoso Diorio de Perc Lopes de Sousa e relativo a data de 22 de janeiro de 1532: "A todos nos pareceu tao hem esta terra que 0 Capirao J . determinou de pa voar c dcu a todos a s homens terra para fazercm Iazendas. Fez uma vila na ilha de Sao Vicente c outra a nove leguas dentro pclo scrtao, a borda de urn rio que chama Piratininga e repartiu a gentc ncstas duas vilas. E fez nclas oficinas e pes tudo em boa ordem e justice." Tempo s ai, pais, a prova da existencia de urna povoacao rnuito a nterior. Tudo isso diz respeito, afinal, a fundal;ao de urn povoado c nao da vila. 0 primeiro nucleo estava slmado entre a foz do Anhangabau e do Tamand uatel. Desapareceu, scm deixar vesuglos. como succdcu a Santo Andre da Borda do Campo, muiro citada nas cre nicas. Niio restou nada que Iizessc garantir ou mesmo pressupor : " Foi aqui." Mas e multo Importante a data da cxtincao de Santo Andre, porque resultou a vinda do pelourinho, insignia municipal, 0 que aconteceu em 1560. Dessa maneira a existencia de Sao Paulo de Piratininga

o

8 :\IRRO D.\ SÂŁ

17


passa a ser considerada como vlla e com representacao municipal a partir desse ano. Joao Mendes Junior asslm opinava salientando : "A Camara compunha-se ao que parece e resulta da diffcil Ieitura des redados livros da vereanca do Arqu ivo Municipal, de um ju(z ordi nar io, seu preslden-e nato, de Ires vcrcadores, de uma almo ta ce, de urn escrivao e de um procurador do Concelho." Em 20 de maio de 1561, ja a Camar a Municipal de Sao Paulo de Piratininga representa ao G overno da Metropole, pcdindo armas para a defesa contra selvagens "e bern assim - destaca ainda Joao Mendes na sua Monografia sobrc 0 Municipio da cidade de Sao Paulo - que 0 produto dos dfzimos seja gaslo em fortificar a vila". Isso foi feito. Muralhas de talpa circundavam a povoacao existcntc. Sao Paulo cabia no especo do ehamado T riangulo, au scja a colina que ainda hoje pede pcreebcr-se pelas ladeiras cxistcntes da Avenida Sao Joao, General Carneiro e Porto Gcral. Manuel Alves de Sousa, a propo slto das primeiras atas paulistanas cementa que 0 volume com 0 ndmero I , do Arqulvo Municipal, nao contern os manuscritos dos dois primeiros anos da vida municipal, nascida em 1560. A primeira ata conhecida data de 1.0 de janeiro de 1562. Por eta se sabe que a Camara Munical era constitulda por Antonio Cubas, juiz ordinario; Jose Aires, procur ador do Concelbo; Garcia Rodrigues, vereador. As atas dos dois primeiros anos de Camara perderam-se. assim como as des aDOS de 1565 a 1571, as de 1574 e tambem do pcriodo de 1596-1599. A segunda ata contida no volume publicado que abrange 0 periodo 1562-1569 traz uma informacao muito elucidativa. Datada de 4 de janeiro de 1562 revela: a reuniao foi "n as cazas de l arge Moreira por niio haver casas de cosello e na dita Camara" . Nao havia, pois, ediffcio da Camara. A municipalidade reunia-se na moradia de urn edil. A povoacao ia prospcrando. A ara de 6 de outubro de 1583 diz: "ncs ta vlla de Sao Paulo do Campo ao domingo, ao sair da igreja, como de costume nesta vila se apreguarao as postures". Dois fatos: existe igreja com movimento de ficis e uma Camara Municipal utuante. 18

o

BAIRRO D.... SÂŁ


Niio tern cadcia, fato posto em evidencia na ata de 9 de novembro de 1583 em qu e e relatado como Pedro Dias, 0 coxa, matou urn frade a punhaladas e a justice 0 tinha preso e era mister ter prisoes e carcerelro , e a "cadeia nao tern nad a disso" , 0 qu e significava n ao oferccer segura nca. E surge 0 rcquerlmceto "c omo vercadores desta vila de parte de Sua Majestadc, que mande dar as prisoes necessaries porq uanto na o ha com que castigar as malfeitores". A 16 de dezembro de 158 1 a C amara reunc-se e determina provldencias para que tlrem 0 gado qu e anda nas capoeiras de Garepe. Os donos sao intimados a gua rda r melhor seus anima is. Na reunlao de 17 de fevereiro de 1582 sao fixadas mu ltas de mll-rels, sendo metade para qu em acusar e metade para as obras do Concelho da vila, a qu em bolir com a gado sem liceuca, der pasta qu e fO r do Concclho, pegar fogo em campo au capoeira. 0 qu e dcmonstra abun dancia de gado e ccrto deslclxo. As ala s desse ana falam na obrlgacao de limpar os terrenos "d os muros arora vintc br asas cravciras" c explica "dos muros velhos para for a c dcntro quem tiver chams" - 0 que indica a existencia de Ior tificaciio. A de 14 de abril de 1590 ja con tem espcciflcacoes no taveis ao dcterminar que nenhum a pessoa edifiquc casa ou curral junto a fazcnda do vizinho a menos de duzcnta s braces de distancia sob ma lta de 50 reis pa ra 0 "concelho cativos c acuzador" .

o P atio de Coleglo e, pais, pcla histor ia e posicao 0 luger mais nobre da cidade. 0 mals evocativo e, de certo modo , 0 mals largado . Ali nasceu Sao Paul o de Piratininga. E dura nte as primeiros scculos centrallzou a vida do novo burgo que despontava entre tremendos perigos. Patio do Coleglo passou a scr chamado. Serviu de cemlterio, de pon to de rcuniao para os vivos, que iam assistir a missa, c pa ra as mortos qu e transbordaram da nave central da pequena lgreja qu e os jesuitas ergueram. 0 que tinha de rnais evocativo a picar eta derrubo u. Scm maier necessidade. Assim desapareceu a velha igreja do Coleglo que nao era, por certo, a primitlva. Resultava de var ies c sucesslvas reformas. Mas 0 qu e ainda restava teve a rufna acelerada. Segund o 0 Padre Seraf im Leite, ate par a 0 seu telhado encaminharam as aguas das chuvas, a rim de se aprcssar 0 desmant clament o, em tempos de agressivo positivismo. o

BAIRRO DA Sf:

19


A semente da metropole de hoje Ioi ali lancada ha mais de quatro seculos. Nos campos de Piratin inga, de Serr a Aci ma, dcnominada, alern da vila de Santo And re da Borda do Ca mpo, peste ava ncado na boca do ser tao. 0 Padre Manuel de Paiva, a mandado de Manuel da Nobrega , chegou com mais doze jesuitas. E ntre eles Jose de Anchieta, ainda adolescente. Os chcfes indios Ca iubi e Tlb lrtca ajudaram com seu gentio a crguer uma construca o r ustica. Troncos, barro e cobertura de patmas. Em vol'a se fixaram os guai nas. E porq ue mu ito gr ande era 0 perigo, a medida que se fixava m os habltan tcs, cstendiam uma for tlflcacao. Para se defend ercm des at aqucs dos ind ios hostis que vagucava m pclos campos de Piratininga, em som de guerra. A Iort ificacao era, annal, mais uma cerca do que solida muralha . De pau-a-piquc. Alguns trce hos de bar ro de sopapo. De vcz em qua ndo, uma especic de baluarte para pcrmanente atalaia. A fortificar;ao dcscnvolvla-se em volta do trecho que ficou sendo conhccido como "Trlangulo". Acompanh ava 0 alto da ladcira fngrcme em euja base se dcscnvolvcu seculos dep ois a atual Ru a Lfbcro Badaro . Estrareglcamcnte, a fortificacao era pcrfeita e lsso ficou demonstrado por ocasiao do ataquc dos tarooios, guainds e canj os confcderados, em 1561. Tibirica comandou a dcfesa. A luta foi sangrenta . T crr ivcl. Entre os ataques estava gente do seu sangue. Seu sobrinho Joanharo. Ou tro chefe indfgcna era Piquerobi. Sobrc a primitiva capc la broto u urna igrcja, acrescida de grande colcglo. E muito tarde comeca ram a aparecer passagcns substerrancas atribuidas a necessidad e de fuga em assedio. Passaram a constr uir mistcrio. Escondcrijo de dcsaparecido lesouro?

o

colegio representou 0 inicio. Dois ano s apes e que ao Iado subiu a capcla. Em 1556 , portanto . Em volta ia crescendo a povoa cao . Meia duzia de camlnhos, pompo samente conhecido s como ruas. So dois secutos dcpois, como resultado de riqucza das minas, colegio e igreja reeeberam grande imp ulso. As parcdes fora m aumentadas. Tiveram cobertura de telhas cozidas. J a formavam urn sobcrbo conjunto. Cole glo e igreja. 20

() HAlH.RO UA

S~


A EVO LU<;AO

A cerca tipo murafha nao Ioi preca ucao inutil. Comprovou-o o assalto c assedio de dai s di ns em 1561 , pelo gentio guiana que qu ase conseguiu 0 sell intento destruidor. Assim comecou Sao Paulo. Cresceu em volta da Ircguesia , igreja e Casa do Col egio. No scculo XVII cabia dentro da celina inicial. Tin ha por Iimites os conventos com respcctivos largos: Sao Bento, C arma , Sao Fr ancisco . A mcdld a qu e se sucedla m os decsnios, a vila crcscla c a igrcja e o Cole gio tambcm. l am aumcntando em ruimero e qu alidade as moradias em volta . D. A ngela de Siqucira contribuiu para grande reforma des construccc s jesuitas. A Compan hia de Jesus ia ficando mais prospera, com as doacoes e herancas. Muito paulista prospero tcstava legan do-l hc seus bens como 0 Iamoso Padre Pornpeu. 0 celebre Cresus paulista. No comeco do seculo X VIII foi concluida a terre da Igreja, do tijolo, pcdra e cal. Surgiu enrac 0 conjunto que ia pcrdurar ate fins de seculo passado. 0 largo passou a ser chamado Pat io e tomou-se 0 local da s gra ndes cerimonias pa ulistanas. Eram entao freqiientes, na queles tempos de acendr ad a fe, as grandes procissocs. E entre tod as desta cava-sc a de Corpus Christi. Entao a Camara Municipal ordcnava que fossem fechad as com palmeiras toda s as ruelas de accsso. Uma cortina vegetal cercava 0 Patio do Cole gio e 0 largo ancxo da Se, formando duas alas. Com a cxpulsao dos jcsultas ao tempo de Pombal em 1759 aconteceram grandes transformacoes em decor rencia do confisco de bens da Compan hia de Jesus. Entao, a capi tania de Sao Pa ulo tevc como G ovcrnador D. Luis Antonio de Sousa Botelho Mou rao, Morgado de Mateus, que ocupou os idificios dos loyolanos, determlnando obras de ad apt acgo que du ram de t 765 a 1769 . o convente foi ocupado para scde do govemo. Do que era rcstou ape nas a pa rte exte ma int acta . Ao vice-rei, 0 Morgado de Marcus rela tava : " Mande l Iazcr quase de novo a ter re deste Colcgfo, todo 0 alpendre da porta ria, tod as as pnsocs c corpo da guarda destc govemo e hospital des soldados e dos ncgros. rctal har po r diferentcs vezcs c a cada passe (pc lo perigo que cor rem as paredcs po r serem de terra ) grande qu antid ade de con scrtos particulares e precisos, uma veranda

o

B.U RRO lB . St.

21


que era muito necessaria para desafogo dos corredores, que sao abafedkos." Ia reccber 0 Patio do Colegio, anos dcpois. em 1793 a Casa da Opera. De certo modo enquad rava-se na tradicao cultural [esuitica. No dia 1.0 de novembro de 1556. ao scr inaugurada com muita solenidad e e alegria a igrcja nova do Coleglo, fora reprcscntado 0 drama da Paixao, com a ativa panlcipacao de [ovens indios discfpulos de Anchie ta. A repr escntacao teatral intcgrava os proccssos pedagogicos des jesultas. A nova Casa da Opera obcdec eu aos padroes do tempo - de taipa, barro socado dcntro de fonnas de madeira conhecidas como taipas. A consolida r as pared es de argila, tron cos finos. As paredcs caiadas com tabatinga, protegi das por salientes belrais. de covado. Quand o alvoreccu 0 seculo XIX, chegaram i1ustres vlsltantes, que legaram seus dcpoimento s nct avels. E ntre elcs Saint-Hilaire, que visitou 0 ant igo jesuttico transformado em Palacio do Ooverno. Relatou: " A posicao do ed iflcio era tao bern escolhida - como a de todas as construcoes feitas no Brasil pelos padres da Com panhia de Jesus. Erguid o em uma das extremidades da cidade (consideraodo-sc a parte j a densam ente povoada ), estava a cia ligado pela sua fachada, que Iormava do ts lades de uma pequena praca quadrada. Seus Iundos davam para 0 campo. 0 ediffcio, constitu ido por dois corpos que se cncontravam em angulo reto, urn deles tenninado pela igreja. Neste ultimo, as jane1as eram muito pr6ximas umas das outras e as do outro corpo do pr edio guardavam uma distancia maie r do que resultava urn disparate arquitet6nico, no dizcr de Saint-Hilaire. Conservava 0 aspecto de urn mosteiro. A rcforma do Morgado de Mateus transfonnara a interior, Iazendo de varias celas saloes ligados por compridos e misticos corredores. A Casa da Ope ra, que os estudan tes de Diretto dirigiam e no sell palco representavam, era conhecida como Teatrinho do Palacio, e como tal funcionou ate 1860 . Conheceu dias de esplendc r em mclo de singular comprecnsao do sell dramatico valor hist6rico.

o

nobre Colcgio por muitos dccenios foi 0 umbigo de maximos acontccim entos como palco de marcantes Ieltos da hist6ria nacional. 2.2

o

B.4.1RRO D...... Sr.


Ali ficou hospedado D. Pedro I, logo apes 0 famoso Grito do Ipiranga. Foi por isso a primeira sede do governo brasileiro. Do Brasil como nacao independcntc. La funcionou, no primeiro andar, a Assembleia Provincial. E ao lado, 0 Corre io Geral. E tamb em as primeiras reparticoes do fisco naclonal . Brasileiro pela primeira vez. Em 1855 era rcqucrido na Camara Municipal que fosse feito o nivelamento do Largo da S6 e do Lar go do Palacio, considerados os mais Importante logradouros pau tistanos. Eram-no, de fato . Na proposta pitoresca recomendacao: que fOs se contratado engenheiro ingles para 0 service. Fato talvez explicavel pelo motivo de estar cntao em foco a construcao da ferrovia Sao Paulo Ra ilway. o cafe surgiu como torrente de riqueza. Era lavoura nova com promissores dias de fartura . Em 1860 a Camara ap rovou lei dcterminand o a artonzacao dos principals largos paulistanos. A comecar peIo Largo do Coleglo, enrao chamado Largo do Palacio. A arborizacao, com especies de " boa qualidade", devia estender-se a rua s largas, a espacos njo menores de vinte palrnos. A rublacea comecava a criar uma sltuacao de desafogo. Mas em 1870 ainda a capital paulista figura em decimo lugar entre as capitais do Brasil. Bstava dcpois de Cuiaba, Sao Luis e Niter6i. A partir Jesse ano ec10dc a riqueza cafeeira que Ferri considera o maior fen6meno agricola do seculo. Chegam multidoes de imigrantes. A vida oa capital paulista transforma- se. Surgem novas concepcoes urbanisticas. 0 advento de empreiteiros italianos implanta 0 famoso tratado de Vignola . 0 velho estilo bras ileiro e peste de lado e passa a prcdominar 0 neoclasslclsmo. Entre 1870 c 1880 acelera-se a rcforma urbana. E dcitada abaixo a ala perpendi cular do antigo conjunto conventual. Em 1885, 0 Largo do Palacio e tran sformado ern jardim gradeado, com pequeno por tae de acesso. No lado da Lade ira General Carneiro e construido urn singular monumento de urr: a muther despej and~ agua num tanque. Quatro medalh6e s simbolizam os principai s rios da Provincia de Sao Paulo. Urn co reto e erguido no local ondc hoje comcca 0 Viad uto da Boa Vista , que ida ter infcic s6 na decada de 30. Ramos de Azevedo recebc a incumbencia de const ruir os ediffcios das Secretarias da Agricultura , Fazenda e Ju stica. Opta pclo estilo neoclasslco. Parecem magnificos aos paulistanos da epoca. Julio Ri-

o

BAIR RO DA SI';,

23



beiro enalt eee as Iinhas dos predios . 0 que restara do velho convenro recebe nova retorm a. Passa a Palacio de dcspacho e moradia do Governad or, q ue comeca a chama r-se Prcsidentc do Estado. Com a compra da mansao de Elias C haves, 0 Presidcnte Rodrigues Alves muda-sc para aquele solar que rccebe a dcnom lnacao de Palacio des Campos Eliseos. A igreja do Colegio mira. Ramos de Azevedo incluira-a no conjunto que reformou e transformou no Palacio do Govemo paultsta, Sede da ad mlnistracdo cstad ual por muitos anos. Dcpois foi totalmente ocupado pela Secretar ia da Educacnc . Ate que no Governc do Engcnhciro Lucas Nogueira Garccz foi o prcdio e terrene objeto de devolucao a Com panhia de Jesus. Surgiu, entao, no local, uma tentativa de rcsta uracao de parte do antigo convente e cape la. Na ocaslao Ioram encom rados perfeitarnente delineados os allcerces da antiga terre. E tambem pregos cnormes, Ieitos na bigorna a martelo, atrib ufdos ao jesuita mcstre-de-obras Afonso Bras, no Ionginquo seculo XVI. Tabu as de cane lcira, que ainda recendiarn, talh adas a enxo. E outr as colsas evocativas. I:: recordada cntdo a sucessiva transformacao. Em 1881, scndo Governado r da Provincia, Florsncic de Abreu, e demolida a ala pcndicular do antigo conjunto que formaya urn " L". Surgem jardins com aleias sombreadas. Combustores de gas, ilumlnacao rccente, que determine multo cntusiasmo, sao instalados . Oito deles perduraram ate 194 1, cnfrenlando a concor rencla da elctrieidade. Tinham ficado esquecidos. Mas todas as noites urn funcionario de Sao Pau lo Gas Com pany ia acc nde-los com uma haste de bamb u que lembrava urn canlco de pcsca, tendo na ponta urna pcq ucna tocha Incandescentc.

Em 1886, no Govemo Joao Alfredo foi levada a cabo a reforrr.a do que restava do anti go convento. T ransfonn ado no Palacio do Govsmo do fim do seculo. Em 1896 ruia 0 tclhado da igreja por Ial'a de conscrvacao. Corria 0 mes de marco. Nada foi fcito para 0 restaurar. A Curia accltou a propos ta de construcao de uma lgreja nova, na Rua Jaguaribe, para onde foi levado grande parte do espollo, como attar-me r de talha dour ada . Muita gente rccolheu lembrancas consideradas hoje de imcnso valor histc r icc e artistico , inclusive marav i-

째 o

B."-IRRO 1>."- S F:


Ihoso oratorio . 0 retogio da torre continua a marcar 0 tempo no frontispicio da Igreja de Sao G oncalo, qu e pertenc e a jesuitas. Proximos it igreja existie urn cemlter io onde tinham sido enterrados numerosos paulistas. Ent re eles Tibirica, cujos despojos foram levado s para a cripta da Catc:dral. 0 total desses monos e esrimado em seiscentos. 0 cemiteric onde tanta gente foi sepultada acabou por sua vez enterra do sob passclos e lajc tas dos gra ndes predios vizinhos, urn dos quais a Calxa Econemica. A antiga sacristia da Igreja do Colegio ia alem de vin:e centimetros da atual garagcm da Central de Policia, 0 que mostra a imensa transformacao opc rada, ap6s a expulsao dos jesuitas e confisco dos seus ben s, e como fa i dcstruido 0 que havia de mais expressive em Sao P aula do Campo, depots Sao Paulo de Piratininga. Na administracflo Fir miniano de Mo rais Pinto (1 920-1926), par lnspiracao ao Sr. Washington Lu is, que cultivava a hist6ria e cultuava a tradlcao, foi erguido 0 rnonumento aos fundadores de Sao Paulo, obra do esculto r Zani. Em 1953 aconteceu a mudanca da Secretar ia da Bducacao, que ocup ava 0 antigo Palacio do Govem o, para 0 novo e modem o pred lo do Largo do Arouche. E ntdo aconteceu a restauracao aproxlmada do qu e antes existira. Constru ida uma capela para acol her 0 femur de An chieta enviado em urna de metal. E onde passo u a ser rezada missa, de ntro da nave transform ada em museu-relicarlo. A metropole modem a procura atu alrnente redimir 0 abandono e aprovcitamento distorsivo do nobi lissimo local. A cidad e do comeco do seculo rejeitara 0 antigo vilarejo , contava entre 5 a 6 mil almas, e acabara de ser elevada a categoria de cidade po r carta regia datada de 11 de julho de 171 1. Atualmente esse projeto-contricao esta em curse . A Prefcitura pretend e reparar com grandiosidade a irreverencia que destrocou 0 conjunto arquitetenico mais evocati ve de todo 0 Brasil. Para 0 local foi program ada abra condizente com a lugar, sua hisl6ria para poderosa for~a simb6lica e os recursos da modem a, fab ulosa e rica metr6pole ali plantada ha qu atro seculos. .E:. um a especie de reparacao penltente, em resposta it placa que, numa parede secular, miraculosamcntc poupa da : "Esta e a terra de Anchicta e dos bandeirantes. A primeira de Sao Paula em rna hora demolida. Seus alicerces encobertos pclo catca26

o

BAI RRO DA SÂŁ


mento cncerrarn centenas de tumulos dos primciros paulistas. E dever do nosso povo reconstrul-la". A Curia Metropolitana nao defendeu na ocasiao a conservacno da antiga igreja como deveria tcr feito, talvez por terncr confli:o com o Estado, influenciado pelo positivismo cntao agressivamente atuante na epoca. 0 Bispado aceitou a oferta de 350 contos a titulo de indcnlzacao pelo terrene e restos do ediffcio antigo, e foi "pregar em outra freguesia''. Mas alem do terreno, do tcmplo e convento restou imensa area, sobrancclra ao Parque D. Pedro, e a area livre livre, antes ocupada pelo mercado da Ladcira Gener al Ca rneiro, que ali funcionou rnuito anos. Durou ate a lnauguracao do Mercado Central, construldo pela firma Ram os de Azevedo, considerado majcstoso dcmais para a finalidade. Foi prcconizada a demollcao dos pred ios das annga s Secretari es c integracao do tcrreno no moderno projeto. Numa das frentes do antigo patio - antes ficava no centro - ergue-se 0 monumento aos fundadores da cidade, scm placa de bronze em que ressoa a vaidade incontida dos govcrnentes, como se torncu habito difundido nos ultimos trin ta anos. Nem 0 nome do escultor, 0 velho Zani, autor do monumento a Alfredo Maia, defronte a Estacao da Sorocabana, c de Verdi, que esteve muitos anos ao centro da extinta Praca do Correio e foi removido para urn canto do Anhangabau, ondc nfio pertu rba com a colossal musa dedilhando incansavelmcnte a lira da inspiracao. Apenas no granito Iiso se Ie em letras simples simetricamente gravadas: " Gloria imortal aos fundadorcs dc Sao Paulo - MDLlV路 MCMXXIV ," 19251 Ano da inau guracao festiva, com discursos alusivos e muita

muslca. No alto uma estatua no estilo da Vitoria da Samotracia, com a roupagem inflada pelo vento da gloria, os braces erguidos. Ao centro baixos-relevos em bronze, refcrentes aos primeiros tempos de Sao Paulo. Cenas de violencia a que se succdem quadros de serenidade, catequese e arnor. A primcira mlssa esbocada e num decalque bronzeo do quadro de Parrelras, com 0 Jesufta Manuel Paiva como cclebrante junto do altar rustico c os doze: irmaos inacianos que subirarn com ele de Sao Vicente, ajoelhados em volta, em postura

o

BAIRRO DA

S~

27


de prece e nos rostos a exprcssao de quem, na terra, enxerga as portas do ceu. Ha a acrescentar , como pormenor inesqueclvel, que ali foi enterrado Martim Afonso Tibirica, falecido em 25 de dezembro de 1562. Chamou 0 Padre Fcmao Luis Carapcto, que falava a lingua gcral, para 0 confessor, dias antes de sua morte provocada pclas temidas "ca mdras de sangue" , identificada mais tarde como amebfasc aguda. E escreveu Anchieta a respeito, em carta ao Padre-Geral Diogo Lainez: "Foi enterrado em nossa igreja, com muita honra , acompanhando-o todos os cristaos portugueses com a cerca de sua confraria. Ficou toda a capitania com grande sentimento de sua morte, pela falta que scntem, porque este era que sustcntava os outros, conhecendo-sc-lhc muito obrigados pclo trabalho que tomou de defender a terra . Mais que todos cremos que the devemos nos, os da Companhia, e por lsso determinou dar-the em conta nao so de benlcitor, mas ainda de fundador e conscrvador da casa de Pirat ininga e de nossas vidas, porque havendo elc ajudado a Iaze-Ia com suas propr ias maos c havendo-os ajudado a sustcnrar logo em principia de sua formacao quando nao haviam portugusscs alguns, agora 0 quis fazer como defensor pes em sua mao a vida de dez irmaos, que no tempo da guerra nos achamos em Piratininga e todo 0 mais povo dos portuguescs: c pbs em suas maos, d igo, porque quase rodos os daqucle tempo, que sc recolheram conosco, dependiam dsles; e se quisessc conscntir naquela maldade dos seus (como sles mal pcnsavam) , pouco houvera de fazer em nos matar c comer. Creio que basta isso para dar a cntender a obrlgacao que tcmos todos de 0 encornendar a Nosso Senhor. Praza a sua Divine Vontade de nos abrir a porta para se fazer algum proveito na conscrvacno de tanta gentilidade que ha nesta terra." Assim acabo u e Ioi ali enterrado Tibirica, 0 principal chcfe dos guianases e 0 primeiro paulistano. No portico da Igreja do Coracso de Maria, na Rua l aguaribe, vecm-sc duas placas. Ao ler 0 tcxto nelas gravado tem-se a imprcssao de que sao duas lapides mortuaries. Ressoam na mente de maneira como urn dobrar plangente de sines. A primeira placa diz ussim: 28

o

BAIRRO DA

S~


"Este santuarlo diocesano, sob a invocacao do Imaculado Coracao de Maria foi erigido em substituicao da primitiva igreja do Colegio, constru ida no Largo do Palacio, nesta capital, pelos padres da Companh ia de Jesus e que foi demolida por ameacar ruina em 0 ano de 1892. As pedra fundamental se acha colocada na parte inferior da base da pr imeira coluna do cru zeiro no lado do Eva ngelho. Ate 0 dia da Inauguracao estc santuar lo custou 320 conto s de reis que 0 governo diocesano apticou na construcao. 0 restan te foi angariado entre os fieis da d iocese pelos padr es missionaries do Imaculado Coracao de Mar ia incumbidos da execucao das obras." Ao lado , noutra coluna do portico, uma placa igual nas dimcnsocs e aspccto registra :

a primcira

"Foram iniciadas as ob ras destc santuarlo no dia 13 de marco de 1897, sob 0 pontificado romano de Sua Santidade, Papa Leao XII I, sendo bispo diocesano 0 Ex.w' Rev.w Sr. D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, Presidente da Republica dos Estados Un idos do Brasil 0 Dr. Prudente de Morais Barros, presidente do Estado de Sao Paulo 0 Dr. Manuel Ferraz de Campos Sales, pr esidente da Camara Municipal 0 Cel. Antonio Proost Rodovalho. 0 santuario foi solenemcntc aberto ao culto aos 2 de fevereiro de 1899. "

Ha dias, 0

altar-mor da antiga Igreja do Coleglo, que cstava do lade dircito de quem entrava na nave da Igreja do Imaculado Coracao de Mari a, voltou para 0 Patio do Coleglo. Pa ra 0 novo templo que ali esta scndo crguido, repro duzindo integralmente a antiga igreja dcsaparecida, 0 que podia tcr side evitado pclo refOrc;o no devido tempo das paredes e do teto. Sabe-se, dcssa forma, que a Igreja do Col egio tcve no comeco do seculo confo rmados herdeiros. Dentro, na nova capela, enconrra-se antigo e nob re de Sao Paulo.

o

BAlitl\O DA

S~

0

altar-mor do temple mais


.,

I.


OS TEMPLOS As cidades do Brasil nasceram sob a solene Invocacao de Deus. Houve sempre mlssa campal e seus alicerces podcm considerar-se assentes nas primeiras palavras ..10 mistico ceJebrante : "I ntroibo ad altare Deir... Nasceram e cresceram com todos os sacramentos " In nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti". A igreja do Colegio serviu de ponto de partida e de aglutina cao. Logo nos primeiros aDOS hi se reuniram as mulheres c cn ancas por ocasiao do terrivel ataquc os silvicolas "com grandcs alaridos". Depois, qu ando as " bandciras" comecaram a dcvassar os sertocs para que todos Iosscm na graca de Deus. E no regrcsso para agradccimento publico e solcnc da volta com vida . A port a da igrcja cram lidos os cditais da Camara, porqu e ninguem dcixava de comparccer a missa, considerado dever de todo 0 born cristfio.

Mas a igreja do Colegjo era dos jcsuitas. Havia que construir uma igreja matriz. Colsa decidida logo nos primeiros anos de cxlstencia de Piratininga. Mas de dificil cxccucao . Muitos anos foram precisos e resoluta perseverance para levar a termo a igreja que nao chegou, afinal, ate nossos dias. Primciro foi a agita~ao e inseguranca dos primeiros ano s da vita, tao cercada de pcrigos. E j a nesse tempo era assinalada a existencla de Iorasteiros marginais que noo queriam trabalhar e em tal numero e tal fama que o Ouvidor Andre Pires recebia de um morador da vila de Santos denuncia de ser Sao Paulo terra sem fe e scm [ustica e que a ser intentada guerra contra os carij6s mals valia comeca-la contra esta vila. Mais parccia uma segunda Rochcla. Entao, na Ca mara, houve acesa discussao de que Ilcou a Iumaca nas ata s da Ca mara Municipal, com dcvido registro em ala. porq ue tambem havia a acusacao de njo serem Ieitos os services devidos de cooperacao comum e largados esta'lam pontes e camlnhos. As coisas andavam muito ruins. Na entrada da vlla gada manso e gada bravio que punha em risco os morador es c os donos deviant deles tornar conta. A vila par ccia casa scm dono c era preciso pOr ordcm nela. a comccar pela nomcacao de um alcaidc, tendo indicado Bras Cubas tres nomes. l! antiga a duvida tri plicc ... Foi escolhido Andre Ca sado, por tres anos, c multo tinha que fazer,

o

BAIRRO D ."-

ss

31


a comecar pclo conserto da casa do Co ncelho, cuja parc de, ao lado do Coleglo , de barriguda, gestava urn dcsabamento. Tudo isto se passava entre ameacas extcm as e morticinios pelos silvlcolas do scrtao vizinho. Paulistas e indios manses tinham sido mortos. Faltava seguranee nos caminhos. Havla per isso guardas nas sendas do campo , cstava proib ido afastar-sc da vila porque cram alarmantcs as noticias que chegavam do sertao , onde An tonio A ren so vira mui ta gente pcrecer c soubcra pclos indios que uma bandelra fora dcstrocada, seus com ponentes mortos e eomidos. Em tal situacao , que aglutinava a gente do planalto e lhc inculca va uma so von tadc e uma s6 re, preparavam-sc armas c reforcava mse as muralhas d efensivas. Nao sc podia pretender que a matriz tives se andamen to rapido. Os Indios tupin inquins, que se tinham mostrado ami gos c com eles tinha havido rclaco es de boa vlzlnhanca, mostravamse agitado s, prctcndiam atacar a vila , tudo destruir c lcva r ate pad res prisioneiros, declarand o-se allados des inglescs, que rondavam pclo lite ral . Tal era 0 e1ima que envolvla Sao Paulo, de tcrrfvcl angustia, quand o 0 scculo XV I chegava ao fim. Os quatro cavalos do Apocalipse relinchavam nos quatro pontes cardiais e scus cavalciros lancavam a esguia e tctrica sombra sobrc a pcquena e valorosa vila do planalto. E isso q ue se scntc na ata da Camara Municipal de 1.0 de janeiro de 159 1, explicando os motives pctos quais duran te os scls rncses ante rlorcs nao se haviam cfetuado rcuniocs. TOOos tinha m partido par a a guerra e a vila fiea ra scm gente. Mas, passando 0 perigo, de novo foi dcbatida a ncccssida dc da mat riz, dcvcndo os oficiais do Rei distante provldcnclar a construcdo da capela-mor, os om amcn tos c sino. 0 povo paullstano crgueria 0 corpo da igrcja, cspcra ndo apenas aviso dos govcma dores quc mandavam da Bahia. 0 Padre Bartolomeu Simoes Pereira insistia na urgencia da construcao da matr iz, pois a vila tinha cntao para rnais de cento c quarenta moradores.

INICIO DO TEMO-PRIS Essas paginas antigas das atas da Camara sao uma rude epopcla a que nne Iah am grandiosidades homcrlca c camoniana. Poem a 32

o

BAIRRO DA Sf:


ruostra os alicerces de Sao Paulo. 0 que era de taipa sumiu, mas ficou a tradic ao da fibra de sua gente. Aquela ccntena e meia de moradores, aquelc punhado de gente dccidida, tudo agilentou. Pagava os dizimos ao rei, defendia 0 chao, safa a guerra preventiva contra 0 gentio sublcvado, voltava a insistir com os governa dores distantes para que contribufssem com a sua parte da Casa de Deus e iniciava a construcao da matriz, scm perder a n09aO pratica das coisas. Opoe-sc a urna sentence do ouvidor-geral que mandava degredar Femao Alvares, 0 unico tclheiro da vila. E argurnentavam contra tal rigor. Fer nao era ademais um soldado valentc. Ora, a sltuacno era de pcrigo e faltavam homens decididos, capazes de manejar 0 areabuz e a cspada. Alem dlsso, quem, coxa elc, na vila tao pobre, sabia fazer telhas? A igreja matrlz estava por lcvantar, carecla de cobcrtura. E quem fabricaria as tclhas necessaries a nao ser ele, Fem ao Alvares, criatura que tinha uma partfcula fidalga no nome e na nova terra se ocupava de trabalhos servis? Tanto 0 service de Deus como 0 de Sua Majcstade exigiam abrandamento da pena, pclas razoes alegadas, 16gicas, praticas, que estavam acima da imediata apllcacao de uma condenacao severa por uma culpa passada e mal conhecida. No entanto, 0 Padre Lourenco Dias Machado aparecia entao como vigario estimado, por cuja pcrmanencia a Camara se intercssa, c da inicio a matriz em epoca tao dificil, de inseguranca e de d ivcrgencia com os jesuitas, aos quais ele, padre, negava 0 dominio temporal das aldeias, sendo panidario da guerra preventive contra os silvfcolas que infestam 0 scn ao e des quais partiam ameacas contra aquele punhado de gente que agilcntava, isolada, no planalto, a ronda continua do perigo crescentc. A selva e 0 nomadismo barbaro lhes eram adversos e estavam empcnhados na sua extincno. Varies anos se tinham passado, cbcios de dificuldades e de lnquietacao. E ao finar-se 0 seculo XVI, era accrtado, afinal, com Domingos Luis c LUIS Alvares 0 corpo da igreja e a capcla da matriz, sendo espccificado que fariam as taipas e 0 corpo da igrcja, c a capcla de talpa de pilao, "a quatro reais 0 taipal de cutelo ou de pcdacc para ser tambem contados com as que Ioram mandados e a paga de tude em quartcis e partes em dinheiro, cera, couros e pano de algodao a como andar pela terra". As cumeeiras, portas e batentes seriam , pagas de acordo com valor. Reuniu-se a populacao para indicae q uem o n AlR RO D A Sf::

33


seriam os cob rado res da cola devida a igreja. E tambem deveriam verificar se 0 preco ajustado era 0 mais barato. Havia os que consideravam excessivamente caro quatro reais por taipa, que co nsistia, afinal , em per uma tabua de urn lad o e uma tdbua de out re, encher o espaco de argila hem socad a com pedras e agua e, por vezes, sape, service feito geralmente pelos indios e escravos. Qu atro austeros paulistanos foram designad os para esse fim. E ram elcs Matias de Oliveira, Jorge Moreira, Paulo Roiz e Baltasar de Godoi. Seriam os arbitrcs. . Qu e nao faltaria dinheiro para as obras estavam confiantes. N ao falharia a co ntrib uicao geral do povo para a igreja, para bern dos vivos e dos mo rtos, pais era na nave dos temple s q ue sc inumavam os cadaveres para ficarem sob a guarda pcr pctua de Deus. Dcvia ser j a no lugar escolhido, "por j <i defuntos ali haver e ser a local no centro da vila como era convcnlcnt c". Demolida a eape la exlstentc, erguida pelo Padre Lourenco Dias Machado, comccou 0 novo temple em 5 de outubro de 1598. Dois anos dcpoi s, aparcceu 0 protesto de Jose Fernandes contra moradorcs que nao mandaram escravos nem pessoa alguma para ajuda rem nas taipas da matriz e deviam ser condenados, cada urn, em dots mil-reis, como pun iliao e exemplo. Era obra modesta. Mas nem mesmo assim andava rap lda. E m agos to de 1601 , faziam-se calculos para saber 0 custo das cumeeiras des rres portas e tabudo grande e ser escolhlda a ripa " que hoi mister a capela da igreja". Com as chuvas as co isas piora ram. Materiais estragavam -se ao aba ndono. Madeira aparelhad a deteriorava-se ao ar livre. Empenava com as alternatives de chuva fort e e sol ar dent e. Dai a adverte ncia da neccssidade de "urn tegipau de pal ha para que nao sc pcrdcssc a madeira, por custar multo e estar paga" , 0 que indica que nOO era ab unda nte a m adeira-de-lei no planaho. 13 havia limitacoes ao cort e ale de pinheiros, que njc devia ser feito scm Iicenca da Camara . Era realizado recru tamento de genie para services dentro da igrcja. Mas as coisas andavam dificeis , pois a fascinacno do ouro arreglmentava braces e Ideias. Era ma is poderosa do que a

re...

E em alrcrna tivas de atividades se passavam os mescs a ponto de a vigario da vila, Padre Paulo Lopes, nao poder utilizar a matriz, interditada pela Cama ra. e Diogo Martim Machuca detcrmina r no testamento que Iossc seu cad aver entcrr ado na Igrcja de Santo Antonio

o

Bi\IRRO D,\

se


"que serve de matriz nesla vila" . As outras coisas publicas nao andavam melhor. 0 pe:lourinho calra . A sua rcconstrucao de tijolos fora calculada em seis mil-rels, terce parte em dinheiro e as outras duas partes em pane de algOO50 a quatro reais a vara e cera a meio testae. Surge urn conrrato com Cornelio dc Arzao para acaba r a matriz. Corrie 0 ana de t 6 t O. Homem pratico, exigiu 0 necessario. Oucria Icrragens e as rnadeiras necessaries. 56 dcssa maneira poderia dar acaba mento ao corpo da Igreja, cape:1a e sacns tla. Impunha-se a coopcracao de quatro mocos que ~soubessem do oficio e da gente necessaria para ajudar a erguer e colocar as pecas pesadas de madeira. 0 trabalho executado seria avaliado por dois homens, um deles indicado pela Camara, outro por ele como construtor. E como jn comccava a aparecer ouro em razoavel quantidade, 0 ter~o do custo ser-Ihe-ia pago em ouro , e as duas partes rcsrantcs em pano de algodao, a oito vintens a vara a cera a Ires vintens 0 arratcl. Alem de carne e outra s coisas de facH comcrcio. Por esse contraste de prccos se deduz a inflacflo dctcrminada pelo aparecimento do metal prccioso a elevar 0 custo dos tecidos e da cera . f; nesse ponte que aparece 0 Padre Jo ao Pimentel que cstimula as obras, insistente com camaristas e governador para conclusao do templo. Monsenbor Silveira Camargo cita a respcito urn trecho do livre de tombo da S6 de Sao Paulo: "Mostrou-Ihc a Divina Providencia 0 luger onde os moradores deviam abrir os alicerces, adiantando-se-Ihes scm duplicado trabalho, paus tao levantados e de grossura tal que sO Ihes serviram os mais pequcnos para madeiramento dela, mas como afirmam pessoas antigas que a viram fabricar, alcancaram-lhes 0 scrviram de colunas para as naves de que era a sua arqultetura". Mas Cornelio Arzeo, 0 contratante das obra s, iria scr preso por Ordcm da Inquislcao e os camaristas que haviam recebido 0 encargo de coletar as contribulcoes acabaram sendo rcsponsabilizados, pagando 0 tribulo recolhido. 0 dinhciro nao chcgara para as obras. E em oulubro de 1611 reunia-se a Camara para provldcnciar, pois crescia a amceca de perdcrem-se os services executados. Os brios des paulistanos estavam nisso cmpcnhados. Os opcrarlos que trabalharam na construcao qucriam rcccbcr os cern cruzados que Ihes eram dcvidos. Er a precise levamar novas contrlb uicocs. Mas a maioria recordava 0 dinheiro j a pago e ndo cncontrava ressonancia a ameaca

o

B.o\IRRO DA SÂŁ


de perder-sc 0 que cstava feito. "Os oficiais ficavam desob rigados e prot cstavam abrir mao das ditas obras, de hoje em dia ntc, registrava um a ata da Camara. Entao, 0 Padre Joao Pimentel interveio. C rep itavam as cr iticas como fogueira de lenha verde. Os zclosos cama rlstas qu eriam toma r contas aos oficiais. I mpunha-se apura r 0 dinheiro gasto e que Iora arrccadado para as ob ras. A ord cm era tUGO verificar direito, " para descngano destc povo c das part es" . Par fim as obras prosscguiram. Foi sugerida a troca de Orago, que scria Santo Imi d o, pois a paroquia se chamava " Sao Pau lo do Campo" . E em 16 12 era afina l inaug ura da a nova igreja. Ond e? De tanto esfcrco, de tan ta tenaci da de nada ida chegar ate nosso tempo. Nem urn pano de muros . Fi co u ate a incerteza do local. Construcoes de taipa com facilidadc 0 tempo as dcsfazia. Depois a expa nsao ob rigou a dcrruba r a cidade de talpa qu e restara. A matriz antiga, que figura com tanta Irequencia nas Alas da Camara da Vila de Sao Paulo, que suscitou tanta luta e tao Iaiscan tes discussoes, nem hoj e sc sa be ao cerro onde erguia as suas torres e seu sino. A ultima ma'riz ficava no La rgo da SC e nao passou do co msco do scculo. Dcsapareceu do cspaco, mas sua existencia ficou fundamente assinalada no tempo.

A IGREJA DO ROSARIO A desaparecida Igreja de Nossa Senhora do Ro sario dos Homcns Pre'os de Sao Paulo muito rep rcsentou no passado da Ircguesia da SC. Dignificou a presence da fe e cultura dos negros afrieanos de proccdencla ba nto, com sua cultura milenar. Hoje, ad mite-se que qualqucr agrupamcnto humano tern sua cultura, embora nne sc enquadrcm nas lim itaco cs que houve par bern denominar civllizacao. Os co nccitos modernos a respcito sao mais esclarecidos c po r isso mcsmo rnais co-nprcensivos, amplos tambem. o negro afrlcano apa receu no planalt o poueo dcpois da fundac ao de 550 Paulo. Sabc-se que Afonso Sard inha, 0 homcm das minas de ouro c ferro , reccbe u-os de Angola pa ra as suas lidas agrfcolas, mincicas e mctaldrgicas. 36

o

BAIRRO V A

ss


Esses ba ntos trouxera m eonsigo uma crenca fort e, em que I eman jri cos deuses Orixas cstava m prcscn tcs no culto da Virgcm e Sao Bcncdlto . Foi a mclhor c sutil mancira de conunua rcm com suas praticas religiosas que "requcrlam cornplicados e vlstoso s rituals, can tos, rezas, cxprcssoe s corcogra ficas'', po ls reunia m, a parte religiosa, ma nlfestacoc s artisticas c rccrea cao ariva. A adorac ao it Virgem viera ja pro nta da Africa onde as mission aries portu gusscs haviam d jfundido a ador acao a Mae de Deus, Iacilmen tc accltc pala transmutacao do ant igo culto de Iemanja. Da rnassa de escravos recebido s da Africa melo milhciro ficou na Vila de Sao Pau lo, em 1711 elevada a cida dc. A maior parte csrava sujeita a irmandad es religiosas do Canno, Sao Bento, Santa Teresa, Sao Francisco. A situacao de exllados compulso rtos, vivendc em regime escravo, tornou bern accita a reuniiio de todos em confrarias que Ihes facultou 0 cuho dos mo ttos a sua maneira, a expressao da fe com seus ritos, a possibifidadc d e alforria, a oportunidad e de festas colctivas com 0 usa de scus intru mcntos tradicionais. Assim se reuniram e constituiram uma confraria que ergueu U!T a capela nos confins da povoacso. Ado tara m por sfmboto e scnha a rosario fci.o de eontas grossas trabalhadas com capim. o morto pode ser baixado co m sua baeta com missa ritual, acorn panhado "com a Iugubrc lamento dos ataba ques noturnos''.

A cidadc era a Ircgucsia da St . Urn ar raia l car actcr fstico forma do por meia duzia de ruelas ladcadas de casas terreas, tendo como centro a Patio do Colegic donde pa rtia urn caminho quasc rete cortan do 0 tabule iro natural e tcrminava num cabcco donde part ia uma r lban ccira conhecida como A cu. Iria scr a inicio da Avcnid a Sao J c iio. Ali j a sc vinham reunindo as "malungos" em plena campo em que mcdrava 0 capi m ba rba -dc-bode cera urr:a solida o. Ali decidiram erguer um a capela, seguindo 0 exemplo dos bra ncos, pa ra a pratica do scu culto. Rustica e pauperrima, em tcrras consldcradas dcvoluras, solicitando a cl-rci sino e ornamento pa ra sercm colocados "pellos pobres escravos e preros com toda a devocam na ca pela que cdlti. canto por gra<;a do Exmo. e Revmo. Sr. D. Antonio de Gu adalupe" . Em 1718 a Irmandade de Nossa Scnhora do Rosario dos Pr etos estava j a organizada c a consrrucao da igreja comecada em 1730. Em 1725 0 crmltao d cclarava ter a Importancia de 10 mil cruzados,

o

BAlRRO DA Sf:

37


alem des pianos para construcdo do ediffcio. 0 local era "plene descampado, olhando para as extcnsfssimas varzeas do Tamanduatei e do Tiete que constituiam boa vista; 0 que deu origem a conhccida rua do centro, outro ra cxfguo caminho que circundava 0 cabeco da me ntanha" . Construido 0 templo, a partir dos meados do scculo XV II I. "Caminho do Guare", depo is Rua Man uel Pires Linhares, passou a rua que vai do Patio da SC para Nossa Senhora do Rosario dos Homens Pretos, lugar que " singrava urn suburbio tao d istante que, para C1e, se exilavam os contagiados de bcxlgas, nos anos das grandes e tragicas cpidcmias" . Domingos de Melo T avares aparece como adrninistrador perperuo c fundador da igreja. AD ser solicitada car ta de data de terra aponta como cncarregado da dirccdo da Iab rlca 0 Sargcnto-Mor Scbastiao Fernando do Rego, aquelc a quem e atr ibuida a famosa estc ria de ter transformado trocando as barr as de ouro do dfzim o por barras de chumbo. Junto da igreja foi reservada urna area de terrene para ccmiteric des negros. Para todos os enterros urn so caixiio. Ficou a informacgo de que 0 sepultamento de s irm5.os falecidos dos "malungos" era feito a nc ite, com ritual. prop rio, em que eram evocados, dlsfarcadamente, ritos ancestrais. " Ritmado pclas pancadas certas e surdas da mao-depilao que servia de socador, repercutindo na terra como se fora 0 som cavo e rouco do vclho atabaque, cade nciado pelos lamentos das melopeias tristes", Rita que transco rria tugubremcnte pela noitc afora. Eram famosos a s feitos religiosos celcbrados na Igreja do Rosario. com programa de dances e canticos no adro, cxccutando a celebre musica dcnomioada Tambaque, "ca ntando c dancand o, os pretos dan cavam com suas parceiras adornadas de rodilha de pano braneo na cabcca, pulseiras de prata, e de rosario de contas vermclbas e de a ura no pcscoco. Pcgavam no vestido c faziam rcquebrado s, scndo a s pares vltoriados com salva de palmas por numcrosa assistencia, tocando quantos instrumcntos esquisitos haviam, saudando 0 Rei c a Rainha com sua Corte. composta de grande numero de titulares c damas que sc ap rescntavam muiro bern vcstidas" . 38

o

R.-\JRRO D:\ 51=::


REMODELA <;AO DA CIDADE Em 1858 Coram feitos grandes consertos na Igreja do Rosario dos Horncns Pretos. Na ocasifio urn edil sugere dar ao edificio mclhor alinhamento na parte que fazia frente para 0 Beeo do Born Jesus, trecho de rua en!re a atual Quinze de Novembro c a Rua Sao Bento. Essa sugcstao alarmou a Irmandade. Seria 0 preludio da dcmolicno. Eclodiu a lavoura cafeeira, com maior repercussao social que as antigas lavras de DU ro . Mudava-sc a fisionomia da povoacao rapidamente. Erg uiam-sc sobradoes. Em 17 de Icvereiro de 1870 a Comissao de Finances, 11. qual competia a elaboracao do orcamento a ser submclido a aprovacao da Assemblela Leg islative Provincial propunha dcsaproprlacno de parte dos predios no canto do Patio da 56 e Rua da lm pcratriz, para cndircitar a mcsma rua, assim como desapropriacao, c "corte na travcssa que, da mcsma rua e patio do Rosario va sair a rua de Sam Bento" . Visa a formacao de urn tridngulo ex6geno, com vertices no canto csqucrdo da igre]a, no fim da Rua 15 e no principio da Rua Joao Brfcola . o edil Co ronel Rodovalho propun ha, na scssao de 16 de feverciro de 1878, a desapropriac no e corte na rravcssa da Rua da Impcratriz a salr de Sao Bento, partindo da Igreja do Rosario. Existiam velhos casebrcs vizinhos da igreja, ocupados por negros e pertencentes it Irmandade. A Comissao de Obras Pu blicas propoe a compra das casas e terrenos entre as ruas dos Rosario e S. Bento para alargamento por 6 contos de reis. A ata da sessao da Camara Municipal de 29 de feverciro de 1872 especifica "desapropdacao dos quartos que ficarn ao lado dircito da Igreja do Rosario, a fim de se abrir a mesma rua na parte que entra na Rua de Sao Bento" . Como era a igreja? De salida talpa. Com Irente para a Rua XV de Novembro. Quatro janelas, ter re do lade esquerdo, abaixo do qual ha uma janela c duas portas. Na face voltada para 0 peque no Largo do Rosario, uma porta dando entrada a sacristla c, aeima deja, uma janela. Alfredo Moreira Pinto, habituado a csplcndores, sintetiza: " 0 scu interior c feio e muito cncgrecido."

o

BAIRRO DA

st


Na verdad c tinha dcfront e urn adro modesto, de igreja antiga. " Urn tria-ngulo exogeno no cabcco da mon tanha." Ina ser sacrlflcada para dar lugar a at ual Praca An tonio Prado. Nas casas desapro priadas moravam easels de pre tos Iibcrtos que viviam do preparo e venda de doces, gcleias, pinhao, milho-ve rdc coz ido, pamonhas e pacoca. Na sessao da Camara de 5 de junho de 1874 0 edil Capitao Jose Guedcs Homem Portinho propunha urn chafanz de tres tornelras, em Irente a Rua Sao Bento, rnelhoramcnto "reclamado pclos moradores daquela ci rcunferencia que mu ito se resscntem da falta de agua potavel para as necessidades da vida" . Propunha qu e a ague Iossc tirada da caixa que se acha colocada do Principe.

a Rua

o chafariz foi festivamente inaugurado, com fogos, nuisica, inflamados discursos no dia 7 de setembro de 1874. Prcsentc 0 Dr. E mesto Marian o da Silva Ramos, Prcsldcntc da Camara Mu nicipal e Jodo Tcodoro Xa vier, Prcsldente da Provincia. Dczenovc anos dcpols era constitufda a Compan bla Cantarelra, para Iorn ccer agua encanada, e 0 chafariz do Rosario foi retirado com veementcs protcstos dos moradores, a pon to de tee sldo utilizada a Fc rca Pu blica pa ra conter a rnultidao exaltada.

Em agcsto de 1903, scndo Prefelto de Sao Paulo 0 Conselheiro Antonio Prado. cntro u em entendimento com a Im-andadc. para compra da igreja e terre ne . Ofereceu 180 contos e uma area no La rgo do Paicand u pa ra cons' rucao de u:n novo temple. Depois elevada para 250 co mes , co m doa~ao de uma pcquc na area do Paican du. A Inn andade pedira 500 contos. 0 prcfeito, porem. manl eve a proposta. 0 Ato 159 de 26 de dczembro de 1903 assim esta redigido: "0 prcfeho do Munidpio de Sao Paulo, usa ndo da s atribuicoes que Ihe sao conferidas por lei e de aco rdo com a autorlzacao contida na Lei n,o 698 e 24 de dczernbro de 1903, resolve ab rir no Tcsouro Municipal urn credito suplementar de 250 contos a verba Dcsapropr lacoes do orca mcnto vigentc, pur conta do saldo vcrificado no corrente cxercicio, a lim de dar cumprimcnto 1'1. referida Lei 0 . 0 698 de 24 de dczcmbro de 1903 - Sccrcraria-Geral da Prcfcitura do Mu nicipio de Sao Paulo, 26 de dczcmb ro de 1903. 0 Prefeitc Ant onio Prado - 0 Diretor - Alvaro Ramos." 40

o

8,.\1880 D ,.\ Sr.


A Igreja do Rosar io transfcriu-sc, a titulo provisor io, para a Igre]a de Sao Paulo de Pedra rta Praca da S6, que ia ser demolida cntflo. Foi abcrta concorrencla para a construcao de nova igreja, concorrencla gan ha pcla firma Rossi e Brennl, por 159 contos. o terrcno do Paicandu era ruim. Encharcado. Obrigou a custosos aliccrces. A 7 de janeiro de 1905 era feita a cobertura do novo templo. A 15 de abril de 1906 0 Capelao Joao Nepomuccno Manfredo Leite proccdia it bencflc do novo templo. A transladacao das imagcns e inauguracao marcada para 0 d ia 2 1 desse meso Foi urn festao. A procissao saiu da Igreja de Sao Bento de Pedra acompanhada pela banda do Maestro Carlos Cruz. Seguiu pelo Patio do Coleglo, Rua Boa Vista, "adcntrou a Rua do Rosar io, agora Jc iio Bricola, Largo do Rosario agora Praca Antonio Prado, scguindo as Ruas de Sao Bcn:o, Dircita, atravc ssou 0 Viaduto do Cha, para desembocar na Rua Co nsclbctro Crlspinianc, ate a-ingir 0 Largo Paicandu''. Ao atingir a nova igreja foi 0 cortejo saudado com uma salva de vinic e urn tire s. No dia 1.0 de janeiro de 1905, 0 Dr. Pedro Vicente de Azevedo, Vice-Prefeito entao, assinava a Lei n.v 799, dlspondo : "Art. 1.0 - Fica dcnominada Praca Antonio Prado 0 atual Largo do Rosario. Artigo 2.째 - Fica denominada Alameda Ed uardo Prado a antiga Alameda Antonio Prado. Arligo 3.째 - Rcvogam-sc as disposicoes em contrarto''. Dcsapareceu a Jgrcja. Era uma vcz 0 Largo do Rosario. Mas corrcu ainda grande risco na decada de 40. Entao a Prefeitura proeurava local para crgucr 0 monumento a Caxlas, de autoria de Brccheret. Tomara-se obscssiio a homenagcm ao patrono do Exercito. Foi examinada a situacso da igrcja. E entao os assesse res do Prefeito Prcstes Maia encontraram urn sltuacao dificil c deploravel. a terreno fora cedido em comodato. E em tais condlcocs scria infima a lnderuzacao a pagar. 0 Prefeito Antonio Prado nao (ora generoso c 0 Prcfcito Prestes Ma ia nao estava disposto a proeeder de maneira mais liberal. Salvou 0 templo da Irmandade de Nossa Senhora do Rosario a mudanca de Governo Federal e consequentcmcnte do Estado e do Municipio. 0 projeto ficou agua rdando opor.unidadc. Na Administracao Arruda Pereira foi dcfinitivamentc escolhida a Praca Princcsa Isabel a scr ampliada em face das grandes dimensoes do monumento, que so foi montado pclo Sr. Ademar de Barros como pre feitc. 0 o BAIHno DA sr.

41



conjunto de bronze, fundido em pecas no Liceu de Artes e Offcios , ha muito tinha sido transport ado para 0 local . 0 projeto era para abrir uma gra nde praca, 0 que exlgia a desa propriacao de num erosos im6veis. Ao centro seria implantado 0 mon umento. Imenso. Na pata erguida da montada de Cexias senta-se pcrfeitament e urn homem, como se Iossc uma poltrona. Mas tendo 0 Sr. Janie Quadros substituido 0 Engenheiro Ann ando de Arruda Pereira do Oovem o do M unicipio, 0 projeto foi revisto. 0 Sr. Carlos Alberto de Carvalho Pinto, Secr etar lo das Finance s, opinou que a snuacso I inanccira da Prefeitura nao permitia ta ts gastos. As desapro priacoes fora m reduzidas a merade. Consequenteme nte 0 monumento passou a ocupar 0 alto da praea projetad a, e que era afinal 0 meio da praca realmentc programada . A Ca mara Municip al aprovou diligentcmente a amputacdo do projeto inicial que acabou scndo rcstaurado e ampliado no Govemo do Brigadeiro Fa ria Lima. Jri a Prefcitura dispu nha de rccursos rnais amplos, gracas a rcforrnulacao da distrlbuicao das rcndas, intr oduzida pelo Governo Ca stelo Branco e que em quat ro anos somcnte permitiu a elevacao da reccita municipal de 68 milh5cs de cruzeiros novos em 1964 para 1.200 milboes de cru zeiros novos em 1969.

CONVENTO E IGREJA DO C ARMO

o convento Ioi crguido em local Iart amcnte arborizado. Era mata . Do minando a ba ixada, 0 solo era fertil, A igreja Ioi ccnstruida pelas Carm elltas Dcscalcas e da Refor rr:a de Santa T eresa. Frei Ant onio de Sao Paulo apa rece como princip al Iundador . Em 1696 0 tcrcelro carmelita Domingos da Cos ta e sua mulher Maria Aguiar comprometcm-se a fazer todas as ob ras de carpintaria que a cape la e a casa de Santa Teresa necessltam , s6 reccbendo a metade do valor das obras depols de avaliadas. Em fins do scculo XV II jli cxlstia parte da atual igreja, Docu mento de 1698 faz referenda a Capela de Nossa Senhora do Ca rmo e a Capcla de Santa Teresa. a sacristia e consist6rio. Obras de arte, f1orais, pintura e dccoracao a ouro na sacrlstla datam de 1725. Em 1959 comccou a ultima refonna.

o

BAlRRO D.... Sf:

43


Ha muita coisa agora a elucidar. No temple atual cncontram-sc telas magnificas de autoria de Frei Jcsufno de Monic Ca rmelo, que Mario de Andrade considerava urn dos maiores pintores do scculo XV III. Embo ra par cca incr fvcl aquele tesouro , dcco rava 0 teto do Rccolhimento de Santa Teresa, na rua a que dcu 0 nome, e demolido na primcira decade des:e scculo. Aqu elas obras de arte iam ser tirad as fora quando 0 Sr. Braullo Silva, tesou reiro da Orde m do Ca rmo, pcdiu as pintu ras e levou-as para a igrcja, onde se encontram. 'I'ambcm 0 teto da Igreja do Ca rmo e pintad o por Fr ei Jcsufno de Monte Carmelo. Fo ram tombados pclo Minlstcrio da Educacao. Recent ementc, tecnicos do Departamento do Patrimonic Hlstonco Nadonal vieram a Sao Pau lo proceder a rcstau racao da s plnturas, removendo dois grossclros rctoqu cs que haviam sofrido c restituindo as pinturas a bcleza inic ial. Ha ainda nos teres da sac ristia e sala do conslstc rio pinturas de Pedro Alexan dri ne, de notavel inspiraeao. E no interio r da nave encontram-sc as capclas do s Sete Passes , com imagc ns do seculo XV III , vindas do Reino. :ÂŁ hoje uma mais ricas igrejas. 0 seu conjunto nao foi semprc asslm. A terre e relat ivamcnte reccnte. Data de 1906. A terr e com sinos erguia-sc ao lado 0 Co nvento do Ca rmo, demolido na decade de 20. 0 novo convento, na Ru a Martiniano de Carvalho, foi construfdo dentro dos principios do mais puro estilo arqu iteto foi a Portugal conheccr temples do seculo XVIII barr oco . c dcpols a Bahia c Minas. Qua ndo 0 novo convento ficou co ncluido dou-se a tra nsfcrencia do grande e velho sino para a nova te rre. Depois, .foi solene mente rransfcrlda a imagem de Nossa Scnbora que fora adorada no alta r-mer da capela do velho convento. Foi urna ccrimenia comovcnte. Muita gcntc chorava ao ver a procis sao passa r.

°

SAO F RANCISCO, 0 SEU LARGO, o SEU CON VENT O E IGR EJA Os limites do bairro da 515 constituiram distantcs arrabaldes da cidadc de Sao Paulo ainda no comeco do seculo passado. Dales existe vaga recordacao e restrita amostra. Integram hoje 0 centro da cidad c. Como , por exemplo, 0 Largo de Sao Francisco, corac ao de nossa Capital. Urn ermo distant c c lemido no seculo XV lI , quando arribou 44

o

BAlRHO DA Sf:


urn grupo de franciscanos, sob a direcao de Frei Manuel de Santa Maria . Tinham part ido da Bahia, Trazia-os a missfio de crguercm urna igreja e urn convento da sua Ordem. De Sao Francisco, chamada. Procuraram na ampliddo que era a vila de S. Paulo, no cocoruto do chapadao contido entre os cursos do Tamand uatcf e Anbangabau, urn local apropriado. Terreno amplo e em lugar sossegado. E asslm, no ano da grace de 1639, iniciaram a construcao de taipa, que era 0 material do tempo. E mais as senzalas, reservadas aos escravos, porque integravam a sociedade d o tempo. Sabr e eles assentava a maquina da producao. Tanto particulares como ordcns religiosas tinham na escravatura a garan tia do pao. E os do convento deviam cuidar da producao agricola. Ou melhor, hortfccla, para que a eumen-ecso de todos cstivesse assegurada. Os trades nao se isolaram no seu convento. Procuraram ser uteis a coletividade de que participavam. E em 1776 criaram uma cscola no convento. Em Portugal, 0 Marques de Pombal acabara de modernizar as universidades e introduzira em Coimbra grandcs inovacocs. A escola dos franciscanos passou a lecionar filosofia e seus complcmentos entao mui'o recomendados, como Moral, Teologia, Exegetica, Retorlca, Hebraico, Grego e Latim. Dcspertou grande interesse 0 curso. E dessa maneira, aquelc recanto antes tao sossegado conheceu 0 alvorcco estudantil. Ali tinbam sido lancadas as scmentc da Faculdade de Direito de Sao Francisco, que iria surgir em 1827 por decreto do Ooverno imperial. 0 local escoIhido foi 0 Conven to de Sao Francisco. Em 1828 era a Academia ins' alada numa sala que entao servia de sacrlstla c que ficava situada nos fundos, com port a para 0 claus'ro - clucida urn tcxto -do tempo. Nfio tardou que 0 Governo imperial pcdisse a cn'rcga do resto do convcnto. Os frades foram tra nsferidos para outras casas religiosas. A biblioteca da Ordem, formada por mais de cinco mil volumes, passou a Academia . o governo combinou pagar urn con to de reis. Deve-se levar em conta que 0 dinhciro, cntao, tinha irnenso poder aquisitivc . Ainda assim foi prelr0 bern barato, pois da biblioteca constavam verdadeiras preciosidadcs. o fato dcmonstra que as ordcns rcligiosas desempenhavam benefica e ativa fu n~1i.o cultural c que dos conventos irradiava para alem dos muro s claridade maior do que a das velas votivas.

o

BAIRR O DA Sf:


..

~

/

I

/ ~

"I


Desses primores culturais antigos restou a

trad i~ ao

da rica biblio-

teca.

H a urn pormcnor : a quantia de um conto de reis a ser paga pela biblioteca fieou na promessa. A Faculdad e de Diretto ganhou fama naeional. Atraiu jovens de todos os recantos do Pais. No vclho lar go dcscmbocavam as Ruas Sao Bento, do Jogo da Bola, de Freira, da Casa Santa. Iriam rcccbcr nova dcnominacllo com a proclamacso da Republica. Tudo por ali ia muito bern, quando acontcccu uma dessas manifestacocs incandcscentes que atestam os grandes deseuidos : urn incendio. Irrompcu com grande violencla. As ehamas consumira m rapidamente 0 que fora urn maravilhoso alta-mor da igreja e mais 0 precioso arqulvo. Era a repcticao de uma tragedia eomum no Brasil, que jli destrufra anteriormcnte outra s preciosidades. E eontinuaria ainda a consumir como sucedeu a velbas igrcjas do Rio de Janeiro. Protessores com ajuda dos alunos, que eram mocos de Iamflias prosperas, reconstruiram a igreja. E 0 Govemo imperial contribuiu restaurando 0 convento. Dcssa maneira, 0 que foi derrubado em 1934 para ali erguerem a nova Faculdade de Dircito nao era a primitiva construcao, a legitima do seculo. Mas 0 novo editfcio em vez de obscrvar as caractcrlsticas fundamentais da arquitctura paullsta, proeurou reunir uma porcno de motive s das obras dos mcstres mlnciros do seculo XVIII , entre os quais Alcijadinho, ncm scmpre justificados. Como as cstreiras [anelas excelcntes para as terres rcdondas das lgrejas do genial arqu iteto brasileiro, mas deslocadas em largos frontispicios. A reforma fieou a cargo da firma Severo & Vllares. Na ocasiao o Engenheiro Ricardo Severo levou ao diretor da Faculdade, Protessoc Alcantara Machado, uma ~ao de esbocos. Eram outres tantas sugcstoes, uma delas bascada numa grande escola do Canada. Houve prefersncia do esboco da atual Iachada . Argumentou 0 Engenhciro Ricardo Severo que era born rcproduzic em Sao Paulo motivos arquitetonicos inconfundlvelmente brasileiros, a scmelhanca do que existia na antiga Vila Rica e nao se sabia sc iriam ser conservados. Nfio existia, entac , 0 DPH AN; nem OUTO Prete, antiga Vila Rica, tinha side tombada como monumento naeional. Agora, ao lado, a igreja de Sao Fra ncisco csta passando por maravilhosa restauracao. ÂŁ que

o

8 :\1880 D:\ Sf:


a Ordem ccdeu em 1940 terrene seu a firma construto ra Maia e Lelo, para construir urn era nha-ce u a troco da cxplo racao por vinte anos. Te rmin ado esse prazo entrou de posse do im6vel com cuja alta renda pede efetuar os Iraba lhos de restauracao. Os antigos dou rados Ioram renovado s. Urn dureo esplendor Iulge alualmente dentro da majestosa nave . Os altares de talha ganharam novo aspecro. Urn detes revela nlt ida influencia oriental. E uma renda em madeira nun-a exuberante mist ura de mot ives chineses e hindus.

DOlS VELHOS LOG RADO UROS

T cve 0 Largo Joao Mendes varies e sucessivos nomes. De Sao Goncalo, porque num can to se ergue a igreja a esse santo dcdicad a ; Mu nicipal, porque nout ro canto estava 0 Pace Mu nicipal, com a respeet iva cadeia . Solucao mu ito comum nas velha s cidadcs. Ca ma ra c Prefeitura no mesmo prcdio. E a cade ia no anda r tcrrco. Largo do Tcat ro, porque Ij existia 0 grande T eatrc Sao Jose, devorado pelas ch amas. Por fim Largo Joao Mend es, que ia ser mu ito ampliado com a demolicao de velhas cdificacocs. Num lado, 0 Paco, qu e passo u 1\ Assembleia Legislativa. Do outro , a Igreja dos Remedios, derr uba da na Administracao Prestes Maia. P agou a Prefeilura infima desapropriacao. Oitocentos con tos sc mente. Pediu a confraria os azulejos que revestiam a Ironta na . Nao Ihe foram dados. A rrancados sem cuidado foram levados para 0 Viveiro Manequinho Lopes, no I bira puera. Nunca ma is se ouviu falar neles. Uma nova igreja foi cc nstruida com o dinhc irc da desapropriacao a Rua T enente Azevedo, pclos engenheiros Salfati e Buchignani, que haviam con struido a Igreja de Nessa Sen ho ra da Paz. Na nova Igreja dos Remedios adotaram a estilo peninsular, conhecido como lorr.bardo. Na praca , qu e surgiu com a dem olicao do predio do antigo Congresso mais a Igreja dos Remed ios, rcstou a pcnas 0 Templo de Sao Goncalo, construtdo em 1759 . Mas que passou por varies rctormas. A cabou recebcndo na sua terre 0 relogio que pcr tcnccu a igreja do Colc gio. Mais auriga era Nossa Scnho ra dos Remedios. Datava de 172 7. Co nstitufa uma relfquia do seculo XV I II . 48

o

SAIRRO D A Sf:


Com a Igrc]a Ioi-sc 0 predio da bibliotcca cstadual, que the Iicava ao lado, num vclbo sobradao.

o

LARGO DA SÂŁ

Primeiro Iora cha mado Patio da Se. E era urn grande largo para 0 bairro. Ou ase contemporaneo do Patio do Colegio. Hojc !>C nos apresenra ainda pequeno, devido ao contraste dos grandes pred ios vizlnbos. Mas inicialmentc consistia r.a quart a part e da supcrficic atual. Nc lc dcscmbccavam uma porcfio de ruas cstrcltas. Uma dclas, chemava-se Beeo dos Mosquitos. E a atual Rua Felipe de Oliveira, alargada rccentcmentc em toda a cxtcnsao. Rua da Esperance. Rua do Quar tet de Sao Goncalo, eram as ourras. Na Rua da Espera nce cmcndavam-sc os botecos mal Irequentados. Ali tinha existido a primeira igrcja da Se. Modestfsslma. Por isso iria logo ser substituida por outr a muito maior, razoavcl temple cm 1745. Sofreu grande rCÂŁorma em 1764 . Tinha a estrutura de uma eruz latina. Nob re cscadaria de granito dando accsso a entrada principal. Havia u ma recntrancia do lado dircito aproveitada para es tacionamc nto de carros de aluguel. De elegantcs tilburis, como enrao se dizia . Com 0 surtn cateeiro. a cidad e enriquecida procurou melhorar 0 seu tcmplo maior . Em 1884 Ioram Ieitas reformas de ceri a amplitude. Consldcradas ainda insu ficien tes. E assim, no com eeo do seculo, era decldid a nova transformac ao de vulto. Sacrificou-sc a Igreja de Sao Pedro de Pcdra, crguida em 1740, c q ue ocupava 0 terrene ond e hojc sc cncontra a Calxa Economica Federal. 0 incendio do Teatro Sao Jose deixara um grande espaco vazio. A an tlga cat edral Ioi demolida . E surgiu a atual da Se, ao Iundo da qual comecou a ser constru lda a nova cated ral em 1911. Como predorninava entao gra ride contusao, 0 estilc arl nou veau Iazia furor, 0 vclhc colonial parecia coisa do passado, decidiram as promotorcs do novo templo rccuar ainda nos seculos e adota r 0 modele das grandcs ea tcdrais da Idade Med ia . E asslm foi projetado 0 novo temple em csrilo gotico. Em pcd ra durissima foi iniciada. T ao du ra que gastava rapidamente picos e cinzcis dos JX'drelros. A obra ida sair por altissimo prcco . Ate que ficou resolvido usar colunas de concreto com revesnm cnto de granit e . Nao mais

o 8.-\tRRO

DA Sf:

49


uma peca sO de granite durissimo. Dos mais du ros que h:i no mundo, ao passo que a ped ra das catcdrais curopdias c muito mais Iacil de talh ar . Do que foi 0 antigo Largo da SC ficou apenas urn pedaco de terrene integrado na grande praca de nossos dia s.

TRÂŁS TEMPLOS Deixamos para urn capitulo especia l os dois temples que sao considcrados antsticamente os ma is ricos : a Catedral e Abadia de Sao Bento. Hd a incluir urn terceiro, pobre, mas alta mcnte evocati ve pela participacao na histcria paulista. Eo a Igreja da Boa Mortc, euja irmandade irrompc atraves das cro nicas dos seculos XV II( e X IX .

A CATEDRAL As torres da cated ral chcgaram as agulhas term inais. lei se destacam inconfundivelmente nas serran ias denticuladas do macico dos arranha-ceus. Eo 0 fim feliz de uma epopeia em granito comecada em 1913 , qua ndo a Mitra, por escritura de 24 e 28 de abril desse ano , escolhcu a area para construcao do novo e suntuosc temple entre as Ru as Marechal Deodoro e Capltao Salomao . A area ia do Irontispicio da antiga SC ate ao Largo de Sao Oo ncalo, dcpois Largo Joao Mendes. As ruas citada s passaram a intcgrar 0 novo largo que surgla. Era uma ideia que Ilorescia. A sementc fora plantada na reuniao promovida por D. Duarte Leopoldo c Silva, arc ebispo mcrropolitano, no Palac io Sao Luis, em 15 dc jane iro de 1912, e de qual participacipa ram as velhas e ricas familias de Sao Paulo. A finalidade era constitu ir a comissao que iria angariar os recursos para 0 emprcc ndimento torn ado posslvel pcla riqueza proporcionada pclo cafe que determina ra profunda tranrormacao da arquitetura, das mentes c dos costumes.

o arquitcto Maximiliano Hckl foi incumbido do projcto. Por ser alienfgena prcferiu 0 estilo g6tico das catedrais Iamosas de outros tempos. Ainda n50 estava conhecido 0 nosso estilo barroco , nos primores do Alcijad inho. Entac impcrava a chamada art nouveau, o

BAIRRO D :\ SÂŁ


o

pr ojeto de Herkl que evocava Noire Dame, as catcd rais de Reims, Colo nia e M ilao, pa receu adequado e born. "Foi submctido aos maiorcs mcstrcs da E uropa", informa Leona rdo Arroyo. As dlmcnsoes cram de 111 metros de comprimento por 46 de largura. Capacidade "de suas naves glgantcsc as para c ite mil pcssoas" . Assim foi cscrito. esquecendo-sc de que a grande Igreja de Cu nha , do seculo XV II I, pode acolhcr dez mil. Seguem-se as descrlcccs do memori al: fachada principal compost a de urn Irontao central decorado. Du as torrcs laterals com altura de 97 metros, " 0 que permitc serem vistas de qualquer dos pontos da cidade". Hojc, apcnas apo ntam no rccortc estupe ndo dos arra nha-ceus. Qu atro cstatuas do lade esquerdo do portal, des profetas Isaias, Jeremias, Bzeq ulel e Dan iel. No mclo, Sao Joao Batista. Do outre lado, os cvan gclistas: Marcus, Marcos, Lucas c Joao. Ain da na fachad a nob re as csculturas de Santo Aranasio, Siio Cirilo, Siio Gregorio Nazianzeno , Sao Jofio Crisostomo, Santo Amb rosio, Sao J eronimo, Santo Agostinho c Sao Gregorio Magno. Por dentro c uma riqueza, fcita de emulacao de ofertas das grandcs Ior nm as patrfclas. Altares de mosaicos de gra ndes ar tistas de Vencza. Vitra is ma ravilhosos, no estilo das mais famosa s catedra is do mundo. Escultu ras de bronze de notavels escultorcs peninsulares. Tudo rcvestide de gra nito . No inicio, pensara 0 Arcebispo Dom Du arte em cons. tru ir 0 templo todo de . pedra , de fina cantaria trabalhada . Mas logo verifieou a impossibilidad e. 0 custo serla fabuloso. E 0 nosso granite era durfssimo. Logo cmbo tava picos e cinzcis acaba dos de afiar. Impos-se mon tar ate uma forja dcntro do temple para que os pcdrciros tivessem scmprc afiados seus instrumcntos cortantes. F ora m rcunidos os mclhores mcslres e oficiais em ca ntaria. E ntre tan tos ficou famoso Onofre Montefusco que ali cresceu e trabalhou quarenta anos. talhando 0 granito du ro. A solucao cncontr ada para apr essar e tornar menos dispendiosa foi crgucr as colunas de concreto e as parcdes de tijolo, revestindo-as de granite trabalhado. H ouve tambem modificacocs diversas. As classlcas fOl has de acanto Ioram substituidas por motives tirades da flora e fauna brasileiru. E a catcdral comecou a subir. Mas quando eclodiu a crlsc do cafe, explodiram as diflculdadcs de dinhciro. As ob ras entraram em rltmo vagaroso . Apesar dos estorcos e da assistencia tccnica gratuita do arquiteto Alexandre de Albuquerque.

o

BAIRRO D A Sf:

51


__ ,1


Depois de sua motte substi tuido par outro cngcnhciro de grande fama : Anhaia Melo. Mas a ntes fora tc rminada uma cat edral em profundidadc : a cr ipta . Exigi u grande csforco, tccnica carte. A eripta e urn templo subterra neo, on dc Ioi e ncerrada a alma do tcmplo c rcunida a gloria de Sao Pau lo nos tumul o de Tibitica e Diogo Antonio Feij6. Alta r "em scvcra harmonia com 0 meio" , destaca Ado lfo Augu sto Pinto. Capcla em forma tradicional de cr uz. Em volta as cameras mortuarie s dos bispos da dioce se de Sao Paulo, dcsde D om Bernardo Rod rigues Nogueira ( 1745- 174 8 ) ale Da m Jose Gaspa r de Afonseca e Silva ( 1939路1943 ) . Nos nimulos de Tibirica c Feijo, cvocativos e maravilhosos rerabulos de bronze de a utoria do cscultor Jose Cucc, que trabalho u durant e tres dccenlos no cmbclczamcnto interne do temple. A parte art ist ica csteve-lhc confiada. Com a couclusao das torres te rminou a obra colossal que chegou a ser co nsldcrada sinfonia inacabada. Vaiicina ram-l hc ale que acabaria scm torres, como acontcccu com Noi re Dame de Pa ris. Urn dia, os pa ulistas ench cram- se de bnos. T inham ficado outra vez ricos. Fizeram doa czc s m ultiples e de vulto . A catedral foi te rminada.

SAO BENT O A suntuosa igreja de hoje c bern di ferente do modesto temple a nte rior que jd se aprescntav a majes tosc em rclacao ermidazinha ali implantada com gra nde fC c rcgada de cspc ra ncas em 159 8.

a

Taunay dedlcou min ucioso estudo a respeito, que dcn ominou His((Jria Antiga da Abadia de Siio Paulo (1598-1772)./Conta rodos os pcrcalcos, rcgistrando qu e em 16 37 0 mosteiro ja era abad ia, segundo escrit ura de doa cao de M iguel A ires Maldonado e sua mulher Ba rbara Pinto , da s tcrras de Borda do Campo, para todo 0 sem pre, em 24 de abril do ano acima citado . Em 164 1 ali dcfrontc acontcceu o famoso e pisodic da aclamacao de Amador Bueno. Ha a info rma cao que a igreja con srrufda pa r Fernfio Dia s, considcradc fundador, c como ta l figura na efigie em bron ze csculpid a po r Frei Adalbcrto G resn igt, nflo Ioi crguida no local da ennida o DAlHno DA Sf:

53


de F rci Mauro. Fem fio Dias dirigiu as obras em que tra balha ram seus Indios. T res altares, ao centro 0 ded icado a padrocira Nessa Senhora do Mont Serrate. Sucedcram-se lutas contra os homens c 0 tempo. Discussao sObre validade dos titulos que 0 ab adc e obrigad o a mostrar na rcuniao da verea nca de 16 de maio de 1767, prova ndo a propriedade das terras desde a po nte do Anhangaba a pela cstrad a de Nossa Senhora da Lu z at e a aguada do Acu . Depois vern a amcac a de ruida. E m Is路n 0 Vcreador Silva pede que se proccda a uma vistoria. S indicad o 0 cngcn helro militar Jose Jacques da Costa Ourique pa ra proccdcr a vistor ia . No seu rclator io deslaca "rebocos em ruina, inumeros buracos." Mas conclui que a te rre csta sollda. 0 temple nao havia rccebido zclosa cosc rvacao. No comeco do seculo e rcsolvlda a rcco nstrucdo. A comissao de obras foi constitufda por D. Miguel Kruse, 0 a badc lucido qu e crlou a Fa culda dc de Filosofia ; Dr. Jofio Lourenco Mad ein e os frades c ultfssimos D. Joao e D . Amaro . A pedra do novo templo era lancada a 13 de novembro de 1910. Esta ria complcta mcntc tcr mina da doze anos depo is. A igreja in tcr por orago Nossa Scnhora da Assc ncs o. Na sua decoracao coo peraram frad es artistes e de grande inspiracao 0 Monge Ad albcrto G rcsnigt e 0 Irmgo C lemente Fi rschauf deram ali 0 melhor do seu talcnto. Gresnigt foi convidado para decorar a Igreja de San to A nselmo, em Nova torque. Em Roma esculpiu 0 ni mulo de Pio X l. Pinte r, escultor, arquitcto, musico, urn art ls' a inspirado scmpre com 0 Iccundc talent o criador em todos os campos. Na co nstrucao da igrcja foi emp regado gra nite vcrmc1ho c granita azul, como rcvestimcnto das paredes de tijolos bern con dos. o cstilo e uma mistura de bizantino com gotico , com trechos inspirados no mais pUTO romdnico. T ela chato, interrompido por moldu ra de d ifcrentes for mas e tamanhos. Nos dias 6 e 7 de agosto de 1922 realizou-se a sagracao da Basilica Abaci al. Era sa bado e dom ingo. As solcnlda dcs ficar am pa r muito tempo lcmbradas pclo esplendor. Foram dirigidas pclo enviado especial do Pap a Pio Xl. Comccaram as 16,30 horus de sa bado com a pu rificacao da nave c des altarcs. No do mingo den-se a consagracao, com mlssa pontifical. No alta r-moe cstavam inumados os restos de

o

B,URRO DA

sr


Fcmao Dias, bcnfeitor, que pcdira 0 sepultamento na sua igreja de Nessa Senhora do Mont Serrate, e para ali trazidos por seu filho mais velho dos sertoes do Sumidouro, onde morreu em 1681. Narra Afonso de E. Taunay que aberto 0 antigo jazigo foram encontrados urn femur de bomem agigantado, tres vertebras do sacro, pedacos do parietal e do occipital a que aderiam restos de uma cabclelra, ruiva, cncanccida, de cabelos muito finos, de individuo indubitavelmente branco. Ao lado havia duas solas de sapatos, scm salros, bern conservadas, pcdacos de cordiio como de Sao Fra ncisco e galao de prata. E 0 que e mais curioso, uma grande funda guamecida de couro para hernia, apoiada numa cinta tambem de ferro e cujo uso devia ser sobremancira Incemodo para individuos menos rudcs que 0 estoico bandeirante. Foi levado para a sua nova scpultura, com cxequlas acompanhadas da opulencia e da bcleza J esse cantico grcgoriano caractcrfstlco das ccrimonias bcncditinas que sc descnvolvem no ambiente majcstoso da basilica de hoje. No mcdalhao le-se: "Fcrdinandus Pais Lcme, fundater" . BOA MaRTE

Restou quase que miraculosamente. E como scmpre fora. Recebeu a imagcm de Nosso Senhor Born Jesus que estava na Igreja do Colegio, considerada impresslonante pcla angdstia impressa no seu rosto semlcoberto por abundante cabcleira natural, feita de cabelos de mulhet jovem e com toda a probabilidade resultado de promessa. A tradicao muito difundida c que os seus sines repicaram Icstivamente a 7 de setembro de 1822, anunciando a proclamacao da Indepcndencia. E contlnuavam tocando quando D. Pedro, rccem-aclamado, ao lado passou. Mas outra vcrsfio c que os sinos autores de tao sonora e rcssonante noticia foram as tres da antiga S6, des quais a maioral se cnccntra na Igreja de S. Gcraldo, na par6quia do Padre Dcusdedit de Araujo, lucido cultor J us coisas do passado. Os temples vizinhos e Iamosos dos Conventos do Carma e Santa Teresa dcsaparcccram, sacrllicados a nccessldade de alargar ruas antigas.

o

B.4.IRRO DA Sf:

55


A Igreja da Boa Morte Iicou. Construlda por irman dadc fundada na igreja do Colegio, quase foi atingida pelo furor pombalino co ntra as jesuftas . Foi obje to de dcva ssa , qu e comprovou tcr sido inst itu fda no Coleglo a "d cvoca m chamad a da boa motte."

Francisca Leite de Escobar dcpos que (he certificaram que se ganhava m muita s indu1genCias e Ihe deram " urn papelinho que co nslava tac- somente do qu e se havia de rczar" . Tu do deu em nada. A irma ndade de Ness a Senhora da Boa Morle e Homcns Pardos uada sc frcu e dcu infcio a co nstrucao da igreja que em 180 7 ainda sc encontrava em ob ras no terrene adquirido a 24 de julho de 1802 de Jo aq uim de Sousa Fer reira, fazendo ca nto para a rua que vinha do aq uartclam ento de Volun' ario pa ra 0 Tabatinguera . A 14 de agosto de 1810 as merr.bros da confraria assistia m a ben ~ ao do templo, com transfcr encia processional da s imagc ns a 25 do mcsmo mes do Convente do Carma para os novo s altares. A terre dominava a pa isagem . Servia de csculca. E quando cram cspcradas visitas Ilustr cs, vindas pcta cstrada do l piranga, davam os sines 0 sinal da a proximacao, "repica ndo Icsrivamente" . Os demais sines respondiam. Os do Ca rmo, da SC, Siio Oon calo. Remedios. Sao Franci sco c, do outre lado do An hangabau, os de Sarita Efigenla. C inco janclas de Ircntc, terre II direita ( csquerd u de quem cntra ) . por ta principal, duas laterals. Altar-m er dedicad o a Nossa Senhora da Boa Mo rte. Dois la.crais del.cade s a Nossa Senhora da Piedade c a Nessa Senh ora da Conceicao. 0 seu orago pa ssou a Ne ssa Senhora da Assuncao. Foi scdc da Par6quia da Se, criad a em 1591 , a primcira paroquia de Sao Paulo de Piratininga.

AS R UAS A cidade result ou da fregucsia da S 5. Fo i 0 seu primeiro bair ro nascido na " colina histo rica", ondc Ioi rezada a primcira rnissa. Cr esceu em volta . Nne tumultuo samcnte. mas Iuuclon alrncnte. Para 0 ur banista Ulhoa Cintra muito Iucidamcntc de acordo com as ncccssldadcs locals c 0 tempo . Os programas posteriorcs de melhoramentos urbanos e qu e estavam crrados . 56

o

8 .4.IRKO 1>:\.

st::


A primcira rua Ioi topograficameut e de lineada. Era a rota dos Pinhciros, onde apo navam as can oas qu e usavam 0 rio Grande, a partir do alto da Serra de Parana piacaba e chcgavam pclc J urubatuba. Caminho do Padre Jose, perigo dos tamoios, chcgou a scr lntcrd ltad c por Mem de Sa. Saia do ad ro do Coleglo, passava pelo adro da M isericordia, ho]e esquina da Rua Direita com a at ual Rua Alvares Penteado. Scguia pelo trccho da Rua Dlreita, dobrava na esquina da Capela de de Santo Antonio, cont inuava at e ao Piqu es, onde atravessa va a'. ponte do Anhangabaii e com cca 0 Ca minho Mata-Fome. Galgava o . A niceto e subia 0 Ca nguacu, nome do espigao qu e leva a A venida Paulista. la-se acomoda ndo ao lerreno. Chamou-se durante muito tempo Caminho dos Pin heiros e tam. bern Cam inho da Pon te. Doc umento do ano de t 756 assim se rcferc : "Carninho da Pon:e e Pinhciros at e 0 A nhangabau ," Os primeiros povoadores Iinha m as propriedadcs em volta da vita e a moradia de ntro dcla . Foi assim nos primeiros decenios como o dcmonstra pctieeo de Bras Cubas de 1567 , em que diz: "Onde etc, suplica ntc, tern sua fazenda htl muitos a nos, a saber: uma errnida de San to Ant on io, cobcrta de tclhas c casas fortes, por rcspcito aos contranos, e gente e gado vacum e terras onde fez mui tos mantim ento s com que sempre ajud ou a sustenrar seus engcnhos a desaguar os que ha ncsra cap itania e as armadas de Sua Alte za, qu e na d ita fazenda lui rnuitos a nos que tern vinhos com que dizem mlssas nesta capitania, quando nao sc tern do Reina, e com mantimcntos da dna fazc nda aj udou a sustcntar as guerra s que tivemos com estes nossos indios, no tempo q ue pu scraru cerco vita de Sao Pau lo, ({UC ha vcr a scis ou scte anos pouco mais ou mcnos Ihe mata ram mu ito gada e scus escravos, pelejando no di to ccrco por defender a terra aos inimigos." Esta nos Aut os de Vistoria qu e a Provincia Carmelita Auminense moveu a~ ao contra a Uniao Federal c se encon tra no Arquivo do Convente Carmelita de Santos. Essa fazenda com capela de Santo An 'onio ficava na Mecca .

a

A crmida foi dcpois mudada para o lugar ond c soc cncontra a igre]a do mcsmo nome, a Praca do Pa triarca. Uma cita cao do Padre Manu el Mend es de Almeida e elucidati va. Diz : "A ntes da matriz bouve uma capel a com 0 titulo de Santo

o

BAIRRO D.4.. Sit

57


Antonio, junto ao Rio Anhembi, hoje vulgarmente chamado Tiete, e cuja cdificacao sc lgnora e se acha de todo demolida. Nos alvorcs de sciscentos 0 Pad re Paulo Lopes, vigjirio de Sao Paulo, estava com a matr iz interditad a pela Cam ara Mu nicipal e fazia a s offclos paroq uiais na Ca pela de Santo Ant onio, existente na vila. Em 1603 Diogo Martins Machuca dcterminava cm scu testamento lavrado a 12 de julho que Fosse enterrado na Igrcja de Santo Antonio, que agora serve de matriz nesta vila. A matriz foi interditada por ameacar ruir. Suas paredes "estavam fora do compasso" , opinaram a s sindicos da Camara enviados para verificar a sua da obra. Nessc ano de 1603 D . Francisco de Sousa volta do serta o :'l sua rcsidencia. Morava em predio assobradado de propr lcdadc de Domingos Luis Ca rvoelro, 0 que construiu a Capela de Nossa Senhora da Luz, no Guarc ou Guarepc, tambcm conhecido como Pirat ininga, que se limitava com 0 Mosteiro de Sao Bento e comprecndia toda a varzc a entre 0 Anhangabau e 0 Tamanduatef ate 0 Tiete. 0 predio assobradado do Carvociro ficava perto da matr iz. Para sc comprccnder melhor a expansao do bairro da 56, que con tinuou scndo a celula-mater da ca pital paulista, convern intercalar aqui como surgiu 0 Mosteiro de Sao Bento. 0 local era conhecido como Inhapuambucu, que significava elevacao, luger alto. Ali morara Tibirica. Dcpois da morte do grande chete indio Frei Mauro Teixeira, monge rnuito religiose e abstincnte, de louvavel vida c cxemplares costumes, ali ergueu uma ermida. No alto do vale, na parte rnais aprazivcl. A capelinha ficou sob a lnvocacao de Sao Bento. Corria-Ihc, por baixo ao nascente, 0 Tamanduatei e "a feichar, o rio Anhangabau, pela parte poente". Durante varies anos ali residiu Fre i Mauro, qual anacoreta , na pcnitencia, solidao c recolhimento espiritual. Urn dia paniu a cha mado de scu superior para ir cuidar cm o utro lugar de outras almas, dcixando como scu procurad or Ma nuel Prete , de g1oriosa memoria. Assim, 0 pequeno temple ficou scm rnongc residenciaL Em 1609 chegaram com 0 Governador D . Francisco de Sousa Ires bcnedltinos com urn programa a cumprir. Eram elcs Fr ei Mateus

,.

..

S8

o

HAIRRO DA SÂŁ


da Assuncno, primeiro prior do mosteiro a ser erguido e os pregado res Frei Bento da P urificacao e Antonio da Assuncao. A ermida de Frei Mauro Teixeira cedeu lugar ao novo temple que tern por padroeira Nossa Senhora do Mont Serr ate, a pcdido do Governador D. Francisco de Sousa. Afonso de Taunay reCere que 0 caminho do Guard que passava junto do convento Coi fechado pelos tra des c aberto outro para os lados da ponte do Anhangabad. Na ocasiao 0 Padre Joao Pimentel, vlgario da Parcquia de Sao Paulo, recebcu rnuito bern os bencditinos, conversou com 0 Governadar s6bre a matriz. Salicntou a neccssidadc c urgencia do templo comccado em 1588, desfeito em 1598, reiniciado -a seguir pelo Padre Lopes, em 1599. Mas que se encor urava "fora do eompasso" e par isso intcrd itado. E possivcl que naquele tempo, como hojc, a suprema autoridade civil tivesse promctldo a melhor boa vontadc e disso niio passasse. Ja cntao a vida dccorria mais serena e farta. A far inha de mandioca substituira em parte 0 trigo. A ca rne procedia, em sua maioria, de animais domesrlcos, com prcdomlnancla do porco e animais selvagens de pelo e pena. Ab6bora, feijao e favas integravam a alimentacao com frutos variados colhidos nos pornarcs Iormados com cspccies do Reino, como nozes e marmelos. Uvas de grande varicdadc de castas. 0 mel era amplamente usado. No infcio fora prcciso re primir severamente 0 canibahsmo, que cstava protun damcntc arraigado. Ha rcfcrencia a expressive easo. Depois de repclido 0 assalto dos silvicolas, Tibirica chegou a concordar em que os Ccridos e mor tos contrtirios f6ssem comldos no Patio do Colegio, 0 que nso aconteceu devido a cncrgica intcrvcncao dos jesuitas. Como a volta da scguranca prospcravam as culturas em redor da vila. a bairro da S6 era uma cspecic de prcdcstinacao. Tivera sua escolba determinada pela topografia . a s rcglstros antigos sao por vezes assombrosos. Em 1594 F rci Antonio de Sao Paulo Iunda 0 Convcnto do Car mo. A construcao foi crguida num verdadcira mara fechada, com arvores sccularcs em que sc dcstavam cnormes palmeiras.

•

Na outra ponta surgia 0 convento de Siio Bento com scu largo, em que ia aconteeer a celebre aclamacfio de Amado r Bueno.

o

UAIRRO DA

ss

59


Foi erguido em sesmaria do Capitao Jo rge Correia, "e onforme consta do livro de registro cxistcnte na Tesour aria Geral" . Em 1600 comccou 0 co nvento e trinta anos depois dccidiram os manges eonsIr uir nova igrcja c eclebra ram com 0 Ca pitao- Mo r Fcm eo Dias Pais contrato "para sstc pa ulista se encarregar da fat ura da mcsma igrcja'', sendo ao qu e pareee mais tarde constr ufdo novo convento, pois 0 que ora cxtstc nao C 0 primitive, sendo que este sc acha unido aqucle pelo inter ior c e conhccido como Convento Velho. Ia r assar por completa reforma no comeco de scculo. E ntao surgiu novo convcnto majestoso, e em seguida 0 viad uto de ligacao sabre 0 Anhangabau, cfctuando a ligacflo com 0 Largo de San ta Ef igenia. A rua, posteriormentc charr: ada Dir cita, que era curva obcdccendo a tcpografia local c sc chamava de Santo An tonio e depo is da Misericordia. porqu e nela cstava a igreja dessc nome. Ali morava a aristocracia rural do lempo, como Afonso Sard inha prlmclro, e pelos anos fora paulistas cmincntcs como Amador Bueno, o acla mado rei em 164 1. Fcm ao Dias, governador das Esrneraldas, Pedro Taques de Almeida , capit ao-mor e seu genre 0 prospcro Bartolomeu Pais de Ab reu , que descobriu a rota das minas de ouro de Goias. Depois da epoca das grandes avcnturas e da s profundas pcnetracoes pelos scrtocs, passa ram a mo rar, os detcntor es da s grandcs fort unas , em casas providas de grande conforto, cc mostentosas facha das. Em 1767 0 rccenscamento cnt ac cfctuado localizava ali as melhorcs residencias de Sao Paulo. Ainda no scculo passa do era a ru a das mansocs apalacadas, como a de Nlcoleu Vergueiro, regcn rc do Imperio, e 0 sobradflo cstentoso do Baran de Tic te, const rucao magnifica da era de setcccntos. Em 1822 ali morava 0 Cor onel Fr ancisco l nacio de Sousa Oueiros c na sua casa se realizaram conciluibulos que levaram a procla mac ao da Indcpcndencia. Saint-Hila ire, que estevc em Sao Paulo ria prtrneira dccada do seculo passado, rcglstr ou que naqu ela rua rcunia-sc 0 que de melhor possuta Sao Pau lo . La cstava o seu mais belo aspec ro urbano . As casas eram de salida talpa. betas e bern cuida das. Caiadas com Irequ encla. Multo bran cas, "proporcionando a vista urn real aspceto de conforto e asseio". Em I I de dezernbro de 189 1 cinco cdis aprovara m a indicacac substituindo 0 nome tie Rua Direita po r D. Pedro de Alcantara . Mas 60

o n ATR HO DA Sf.:


sere dia s dcpois a delibcracdo ffcou scm cfeito. Rua Direita cont inuou scndo chamada. C hamara-sc antes Rua de Santo Anto nio, porquc era caminho que lcvava aqucla capcla logo transforrnada em igrcja. Dcpois Rua da Misericordia, porq uc 1<1 Iicava a Santa Casa c Igrcja da Misericordi a. A primeira dcnominacao no seculo XV I. A segunda no scculo X VIII. Em 12 de marco de 189 7 novamcntc lhe tcntaram trocar 0 nome para F lorian o Peixoto. Mas a Lei n.v 4 16 de 28 de agosto de 1899 rcstaurou-Ihc a denominacao. Direita significava ru a principal.

o reccnscamento de 1822 enco ntrou urn estabclccime nto de Iazc ndas secas e Icrragcns, chamado ncgoclo. Havia mais : um ncgocio de fazcndas secas, urn de ferragem, um armezcm de rnolhados, uma botica , uma doccira, urn cirurgiilc, urn cclciro e urn tabcliao. Vinic c oilo logos ou scja rcsldencias, onde mo rava m 116 mulhcre s c 108 homcns. Nesse ano moravam na Rua Dircita 0 Padre Vicente Pires da Mota, 0 Dr. Nicolau Pereira de Campos Verguciro. Depurado a Co nstltuinte Portugussa, 0 Brigadeiro Manuel Rodrigues Jordao, 0 Brigadelr o Jose Vaz de Carvalho, 0 Coronel Francisco lnacio de Sousa Ouciros, que se tornou Iamoso como chefe da "Bcrna rda'' , 0 Coronel Jose Joaquim, Govcrnador das Armas da Provincia. Rua Alvares Penteado - No seculo XVII chamou-sc Francisco Cubas. Depois Rua da Ouiranda, em seguida Ru a do Come rcio. 0 seu nome atuall hc foi dado pela Lei Municipal n.v 9 77 de 29 de janeiro de 190 7, em homcnagcm ao industrial An tonio Alvares Leite Penteado, fundador da Bscola de Cornercio, que hojc tem sell nome. Doara-Ihe o cdificio em que passo u a funeio nar. Por ocasiiio do reccnseamcnto de 1822 havia 39 Iogos. Morayam 115 homens c 94 rnulheres. Tinha 8 casas de fazendas secas, duas de fazendas secas c molhad as, urn latoaria, 0 que significa uma oficina de funilaria de artigos do mesticos, urn tabelino, uma loja de fcrragens, do is negocios de molhados, quatro vcndas, urn bilhar. A Rua do Ouvidor tlvcra sempre solcne importancia, devido aos ilustres moradores. Primeiro foi chamada do Governad or, porque 1<\ morou, em 1598, D. Francisco de Sousa . Depois, ali tiveram residencia 0 Dr. Jose da Costa Carvalho, Marques de Montalegre, solido homem de negocios: Capitao-mor J050 Batista Passes, membra do Govemo ;

o

HAIRRO V A Sf;

61


Bar ao de Sousa Queir6s e seu irmao Marqu es de Valcnca ; T omas LUIs Alvares, rico comcrcian te, com majcstosa mansao, ondc sc rcalizou 0 bnl ha ntc baile oferecido aos impcradores, na noite de 14 de marco de 1846, comemora ndo 0 tr anscur so do anivcrsdrlo da Imperatriz Teresa C ristina. Festa por mul tos aDOS lembrada e a qu al com parcceu a fina flor da juventude paulistana. Tomas Alvares era rnais conhecido como Tom as da Cruz. Hoje e a Ru a Jose Bonifacio, em homenagem a Jose Bonifacio, 0 M6<;o, que ali morou . 0 nome de Ouvidor resultara de nela ter morado 0 primeiro ouvidor de Sao Paulo, Dr. An ton io Lui's Peleja, "de rna memoria pelo muito mal qu e ag iu". Ele fora nomcado a 13 de agOsto de 1699 . A dcnomtoac so atual foi aprovada em scssa o da C ama ra Mun icipal, em 7 de janeiro lie 1887. T inha in fcio do Patio da Sc, 0 logradouro qu e malor tran sfo rmacao sofreu.

A PRA<;:A DA SÂŁ Era urn pequeno adro de igrcja. Sua crlacao absorv eu 0 miolo lie tres ruas que desap arcceram em todo ou em parte e que foram por mu itos anos cham adas de Sao Goncelo, da Espe rance c Santa Teresa. Do outre lado Ilca va a R ua do Ouartel, po r tangenciar 0 Ouartel da Prirneira Linha, demo lido em 191 5, e em cujo terrene se erguc 0 Palacio da J ustice. 0 resto da Rua do Ouartcl e hoje a XI de A gosto. A Rua do Sao Gon calo cha mou-se do Irnper ador , ap6s a visita da fam ilia real em Ieverelro de 184 6. Irnplantada a Republica virou logo Marechal Deodor o, em 13 de novernbro de 1889. Dela so restou o atual aJinhamcnto da Praca da sc, do lado dircito de quem sobe. A Rua da Espera nce form a 0 alinhamcnto do lado esqucrdo. As demolicoes comecaram em 1911 . Estavam preticam ente tcnninadas em ]9 13, qu ando comecou a construcao dos modem os cd iflcios. A Ru a da Espcranca fora antes a Rua do Santi ssimo. Pcla Rcsolucao n.? 84, de 18-3- ] 89 7, passou a Capltao Salomao . Vma travessa Iigava a Rua do Sao Go ncalo a Rua da Esperance, como contlnuacno da an tiga Ru a da Fr eira, j a entiio dcnominad a Senado r Fc ij6. A cscadaria da catedral nessa antiga travcssa asscnta. A praca incorp orou ruas cstreltas. ÂŁ um a soma de leis desap ropriando lmovels. A Lei 1.324 de 3 1 de maio de 1910 autorizava a emissiio de letras a juros de sere par cento, amor-

.,

o

B.URRO DA SI=:


tizavcis em quarenta anos, para pagamcnto des prcdios da ruas Santa Teresa c Mareehal Dcodoro, "nccessa rlas a constr ucao da catcdral". A Rua de Santa Teresa fora an terlorm cutc chamada Rua Dctnis do Santfssimo. Passou a Rua Dctni s da Se. Porquc ncla existia 0 RccoIhimento dc Santa Teresa, recebcu a denomlnacao dessa padrocira. A nova pra~ a exigiu grandes rccursos e 0 sacrlffclo de dois velhos templos: a Igreja de Sao Pedro da Pedra e a glorlosa Igreja da Se, no caracrerfsco estilo brasileiro. Resolvida a abcrtura da nova praca sucederam-se as leis desapropriatc rtas. A Lei 1.338, de 27 de junho de 1910 aprova acordo para aqulslcao des predios n.? 3 da Rua Marechal Deodoro, 0.째 6 da Rua Capltao Salomao. Ao projeto de crlacao da prar;a junta-sc 0 do alargamento das rua atluentes. A Lei 1.354, de 4 de outubro de 1910 autorizava a compra de parte dos predios 7 c 9 da Rua Jose Bonifacio para alargamcnto dcssa via. A Lei 1.438, de 20 de julho de 19 11, autorizada 0 prefeito a comprar, por utilidade publica, os prcdios ruimeros 8, 10 c 12 da 'I'ravcssa da Se. A Lei 1.444, de 12 de agesto, autoriza a compra dos predios 9-A, 9-B, 11 e 11-A da Rua Marchal Deodoro c n.? 2 da Rua Santa Teresa. A Lei 1.446, de 29 de agosto. asslnada pelo vice-prefeito Asdrubal Augusto do Nascimento autoriza a compra do predio n.v 5 da Rua Marcchal Deodoro. Cornplementa a Lei 1.327, de 1.0 de junho, que pcrrnitia a compra do prcdlo de 0 ,째 35, na Rua Marechal Dcodoro, por 28 contos de rels. Uma lei do mcsmo ano vale urn registro. Tern 0 n.v 1.393. Data : 20 .3. 1911. 0 prcfciro, pelo anigo primeiro, autoriza 0 arrcndamento pelo pram de 25 anos, do "at ual Teatro Colombo", proprio municipal que esta servindo de deposito de carne, situ na Praca Sao Paulo, para tra nsformacno em casa de espetaculos e divertimentos publicos. Surge, assim, 0 Teatro Sao Paulo. Quando 0 seculo passado caminhava para 0 tim, a cidade rececebeu subitc impulse e espra lou-se pelas chas vizinhas da Se. Mas a rua principal continuou sendo a Direita. Nela Maud abriras eu famoso banco, cuja falencia tevc imensa repcrcussao e contr ibuiu para a cxpansso imobiliaria, pois os capitalistas passaram a recear dcpcsitos. Acharam mais garantida a invcrsao em imoveis.

o

UAIR RO DA S(::

63



A Ru a Dircita, desde os prim6rd ios da povoacao aeo lheu os homens bo ns do concelho, que cram os mais dlgnos c prospcros. Ficava intram uros. Porque, de tate, cxistiu fortificacao com rnuros de taipa . Que cssas dcfcsas existiram provam-no as atas da Camara. Na ala de 26 de marco de 1590 c dcterminado pregao para que todo 0 morador da vila cstivesse pronto com suas armas e mantimento s "para qu e sendo necessarlo acudao co dilligencia e q sc levanten os rnuros da vila cada hu 0 q Ihe coubcr em seus chao s . .. " Nos invenrarios apon tam continua s referencias a moradias na Rua Direita de Santo Anton io, a ssim chamada por ter co mo principal ponto de refcre ncia aq ucle tem ple. Maria Lcme ao tcsrar tala do dote dado a sua filha Isabe l, quando se casou com Marques Mendes - alc m de cern cabecas de gada vaeu m grande e algumas crlas, duas pela s de Guln e, e qua-re da terra, umas casas tcrrcira de dai s la nces com scu quintal na Rua Direita de Santo Anton io. A capcla Iicava no rim da povoacao. Qu ando em 1642, Frei Fra ncisco das Neves chegou a Sao Paulo, "dcsde logo sc convenceu de quc 0 sitio junto a ermi da de Santo Anton io, cscolhldo pelo antecessor contra a parecer da comunidade c a Camara da Vila, nao era born para se co nstruir 0 con vente . Nco somente Iahava agua, mas tumbem se aehava muito exposta it inclcmen cia do tempo. Nisso tinha razno pois ficava 0 sitio sobra nceiro no Vale do Anha ngabau". A Ru a Senador Fcijc chamou-sc pnrneiram entc Rua da F reira. Como gcralmcntc acontecia , havia fator determinante servindo de causa batisrna1. A li mo rava senhora de tradicional familia pa ullsta, rccolhida no Conven to de Santa Teresa, que teve grande rcssonancia e hojc c apcnas acidcntal po nto de referencia. Na R ua Senador Feijo naseeu 0 indomito regen rc. Nessa casa em que veio ao mundo costuma va ficar semprc que vinha a cidadc, pois possuia grande fazenda, onde morava, com numero sa escravarla, no atual bair ro Rcgcnte Feij6 . A "case-gra nde" ainda cxiste com scnzala pcgado , agora ambas ocupadas pelos dormito ries e salas do Orfana to Analia Fr anco. o IlAtR no ])A Sf:

05


Ali podc se vcr a capcla em que Fe ija rczava mlssa. Ha vintc anos, existiam as calecas nas quais viaja va para 0 centro da cidadc partindo daquclc fim de mundo de ent ao .

a fato de ali ter nascido determinou a denominacao da Rua Scnador Diogo Fcijo, depcis ab reviada para Scnador Feij6. a

rcccnscamento de 1822 encontrou vintc c da is fogos, scssenta e oito mulheres e vinte c oito homens como morad ores. A vida decorrla com grande austeridadc. As mulheres nao saiam a rua scm companhia. Nem as propria famfl ias, scm que as aeompanhasse 0 respective chefe. As mul her es so apareeiam as vlsltas quando estas eram de senhoras. A Rua Quintino Bocal uva foi prlm eiram ente Rua Conego Tom e porque, em 1765, 1<1 morava a Ccncgo T ome Pinto Gu ed cs, do ca bido da SC de Sao Paulo. Passon , em seguida . a Rua da Cruz Preta , pela razno de ter sido imp lantada uma grande cruz prcta na esqu ina de maior evidencia. Depois, Rua do Princ ipe, apes a visita da familia rea l. Implantada a Repu blica. passou a Quintina Bocaiuva . Da Pr aca do Pat riarca, nascida na esquina dos Ou atro Can tos. partia a antiga Travcssa de Santo Ant onio, conhecida como vclho caminho que levava ao ser rao, c que se rra nsfo rmou em Ladeira Dr. Falcao, oficialmente Rua Dr. Falcao Filho , em memori a do lente da Academia Dr. Cl ement e Falcao de Sousa Filho. Ao sui do Lar go de Sao Go ncalo tinha inicio a Rua da Polvora, atual Avenida da Libcrdade, depo is de ter sido C6 nego Lcao, da Force c do Cc mite rio, porque ali exis tira m a Iorca e 0 Ce mlte rlo dos A flitos. Ra zjio tam bem pcla qual a atual Rua Galvao Bueno D ctni s do Ce mitcrio e, em seguida, de s Bstudantcs. Mais para cima ficava a Chaca ra de D. Alexan drina de Morais, que ia proporcionar 0 chao do bairrc do Parafso, onde se localizou a c1assc media a partir da scgunda metadc do seculo passado .

a

prestfgio do bai rro da

Se

mantin ha-sc, apesar da s bruscas

mutacocs. Muita confusao surgiu com as mudancas de r.omes.

A Resolu cno Mun icipal 0 .째 84, de 18 de m arco de 189 7 d cu 0 nome de Capl tao Salomao a Ru a do Santissimo. Fora a da Esp eran ce . que tinha 22 casas e ondc moravam 5 costureiros, I quita ndeiro e um ciru rglao-rnor. Passou a intcgrar a Praca da Se. 66

o HAmRO l B . se


o Patio da Se Iicava compreendido entre as Ruas Fio riano Peixoto c Venceslau Bras, esta chamada rua qu e vai para Sant a Teresa. Recebeu a at ual deaomlnacao a 13 de julho de 1918 pela Lei Muni cipal 2 .136 . La morou no numero 2 0 Dr. Manuel Joaquim de Ornelas, de grande projC\'ao poll'ica . No Patio da Se moraram 0 Coronel Francisco Pinto Ferraz c 0 Capitao Ca etano Pinto Homem, avo do Dr. A mer ico Brasiliense Senor, comissario pagado r das tropas. A praca at ual, alcm das ruas cita das , abso rveu 0 terr cno ocupado pela Igreja da Se. cuja dcm olicao comecou em 1911 .

o recen scam cnto de 1822 ali cncomrou "sere moradi as em qu e rcsidiam 34 mulhercs e 24 bomens. T inham loja s no pavim ento terreo de urn sa patcir o, um alfa iate e uma rendeira. Do Patio da 56 partla a R ua Dircita no trecho comprcendido entre a Ru a do Rosario, depois Im peratriz, at ual 15 de Novc rnbro c o Largo da Misericordia com onzc fogos em 1822. Neese trecho cnteo moravam a fam ilia Cantinho, 0 administrador des Cor rc los, Joaquim de A breu Ran gel; 0 Ca pitao Pedro Taqucs Alvim; 0 Coronel Francisco Inacio de Sousa Queir6s; 0 Ca pitao de Engenheiros Jose Joaquim de Abreu. Tinha vizinh a a Rua An chieta, inicialmente chamada tra vessa do Colegio. Em scguida Rua do Palacio e pela Resolu cao Municipal n.v 86 , de 17 de dezembro de 1887, recebeu a dcnominacao atual. Em 23 de outubro de 1908 a Lei 1.14 6 deu 0 nom e de Anchie'a ao La rgo do Palacio. Para evitar conf usocs, em 1.0 de a bril de 193 6 0 Prefeito Fabio Prad o denomino u de Patio do Col cg io 0 Largo do Palacio do Govemo, justificando a denornina cao a nterior. Na an tiga Travessa do Colegio, no num ero 1 I, residiram as ir;r.fu; do Tcncnte-G eneral Jose A rou che de To ledo Ro ndon , con hccidas como .)S meninas da Casa Verde, por ser pintada de verde . A sslm tratadus mcsmo dcp ois de prov ectas senhoras. E porque possufam chacaras na zona norte, para 0 local levarnm a denornlnacno. Par isso se cha ma 0 bairro Casa Verde . Fat o estudado pclo historiador Au rel iano Leite.

o

HAIRRO D A SF:

67



A AVENIDA SAO JOAO E RUA DE SAO JO Se. A tra nsto rmacso de Siio Paul o comccou e m 18 70, q ua ndo eclodiu o ru sh: cafceiro que teve a ca ractc nza -lo uma riq ueza torrencial e 0 advento cresce nte de m ultidOcs de Imigran tes peninsula res. As primeira s (d onnas Coram tlmldas, lim itand o- se a pavimentac ao c alin ha men.os das ruas velhas e extensao de services publlcos a vias acabadas de surglr. 0 ma ior melho ram ento dcssa epoca e ta mbC:n 0 mais ca ro Ioi a dcmolicao da lgreja do Rosar io c abertu ra da atual Pr aca Antonio Prado, no seu lugar. Ia succdcr-se modificacao profunda na estrutura urbana. A primcira Case Coi caractcrizada pcla tran-rormaeso da velha Run de S5.o J ose numa via larga. E ra a ntes uma viola ladeada de case bees oc upados por dcca ldas. Edua rdo da Silva Pr ates, grande Iazendciro, do no da Fazcnda de Santa Gcrtru des, em Rio Claro, era pro prictarlo de terras no Vale do Anhanga bau c das cas inholas com (rente pa ra a Rua de Sao J ose. Em (ace do projeto de remodclac ao daquele logradou ro central decid iu-so a cooperar, co nstruindo dois predl os modemos, ao gOs'o (ranees, identicos no estilo com est rut ura de ferro , co nsidc rados lncom bustlvcis. o mate rial veio todo da Franca. 0 service, que mais parccla de montagem do que de consrrucao, foi dirigido pelo Engenhei ro Sam uel da s Neves, pai do cngenheiro Cris tiano das Neves, a utor do projeto da Estac;ao Sorocabana, hoje chamada J ulio Prestes, e que foi prefei 0 de Sao Paulo. No primeiro desscs pred los esteve lnstat ado 0 Govemo municipal. 0 segundo, junto ao Viaduto do Cha, abrigou por muitos anos 0 Autom6vel Clubc. Iria ser substituldo por urn predio de 32 a nda rcs, a ca rgo do Engenheiro Alfredo Matias. Urr a das ca rac terfsticas desses predios foi 0 pioncirismo no genero de co nstrucao : oitenta sa pat as de concreto co m da is metro s de di amerro. Vigas de ferro de 20 a 50 quilos por metro linear substituindo 0 travejamento ; tclhado de ard6sia. Ed uardo da Silva Prates, Conde de Prates, por services prestados .) colctivldadc c a Igrcja, titulo conferido pclo Papa Leilo X I II , vivcu de 1860 a 1928.

o

B,URRO DA Sf;

69


Na ocas iao , 0 arquiteto frances Bo uva rd , com tcndencias avancadas para 0 tempo, pa rticipou ativamcntc na transformacao da cidadc antlga. Bssc tecnico gaule s iria co opcrar intcnsamcnte na admlnistra cao do Bar no Duprat, que sucedeu ao Prefeito Antonio Prad o no pcrfodo 19 11-19 14. Foi nessa ad mlnistracao que foi melhor aproveitado 0 Vale do Anhan gabau, onde ainda existla m chacaras de flures c de ve rd uras, Foi a Badia de Duprat que mando u projetar c construir 0 vladuto de Santa Bflgenia. Sucedeu-Ihe 0 Sr. Washington LUIs, que fora sccretarlo da Ju stice. Coneomitantemente, em a nova Rua de Sao Jose transformada na at ual R ua Libera Badaro era dado inicio a Avcnida de Sao Joiio, que tivera genesis na ingreme c estreita Ladcira do Acu. Reccbeu ao ce ntro uma linha de bondcs. a s vciculos qua ndo ati ngiam 0 alto da ladeira c entravam na Praca do Patriarca dava m urn pulinho, ao ajus tarem as rod as dia nteiras no novo plano. E ntre a Ru a Libcro Badar6 e a preca ao alto funcionava m 0 Cafe Brandao , 0 Salao Ingles, a C hapc larla Cardoso e o Cafe Rio Arno. Do ou'ro lado a casa Alberto Rodrigues (Chapc laria Alberto) , 0 Salao Sport e a Livraria Teixeira. Para bai xo da Ru a Libero Badaro abriam as portas da Casa Leh re e a loja de arma rinho de M iguel Jose. A Pcnsao Lola estava instalada no primeiro andar do pr edio n.v 15 e no terreo a Casa Sord i, qu e negociava em ar mas.

Sucediam-se os Bijou Salao e por Francisco Serrad or.

0

Bijou T heatre, cinemas explorados

o Pala cete Prates fieou Iamoso. Abrigou a Prefeitura ate ao ana de 195 t , quando foi vcndido ao Ban co Mercan til que fez a compra para ali const rulr urn prcdio de mu itos an darcs. A scmclhanca do qu e fora Iei to com seu irmao junto do Viaduto do Chao 0 Prefcito Arruda Pereira assumi ra 0 compromisso de mudar a Prefeitu ra para Prcd io alugado na R ua Florencio de Abreu, ao lado do Mos teiro de Sao Bento. La vinha funcionando tambcm a C amara Municipal desdc 194 8. Ocupava os andarcs terreo e primeiro piso. Para esse fim tinha sldo feita grande reforma a cargo da firma Maia Lclo, sob a direcao do engenheiro municipal Cristiano Ribeiro da Luz. Foi cntao arranjada eondignam ente a sala de scsszcs. Ali funcio nou a prlrrclra Camara 70

o

BAI RRO D A Sf:


Municipal paulistana, depois da Ditadura. Tevc como primeiro presldcute 0 Sr. Marter Junior. La se tornou popular 0 Sr. Jan ie Ouad ros, ate entao urn i1ustre dcsconhecido. Depois que 0 gab inete do prefeito mu dou, a Camara Munici pal tomou conta de todos os andares c dcnominou a cdificio de Palacio Anchieta . Em face da demora da execucao do Pace Municipal decidiu desapropriar 0 cdiffcio. Urn grupo de vercadorcs insistia em tal soluc ao alegando que se trat ava de urn prcdio que exprimia cabalmente a primcira fase de tran sforma cac de Sao Paulo. Esgotavam-se os prazos para mud anca conccdidos pclo Banco Mercanti l que adquirira 0 predi o do Conde Prates. Pr etenderam pedir o tombamen to ao Ministcrio da Bducacao. Ali estivcra instalado 0 Exec utive c 0 Legislative Municipal por rnais de meio seculo. Mas afinal Ioi rcsolvi da a construca o de urn predio para Camara Mun icipal, junto ao Viaduto Ja car cl no terrene dcsapropnado para 0 Pace Municipal, limitado latcralme ntc pclas Ru as Santo Antonio e Santo Amaro. Are a const rufda de 37. 500 mc'ros qua drados. T reze andarcs. No tope urn helipon o. Dez elevado res. Beleza c confe rto. A Camara cc mccar a a mudar-sc em meado s de 1969. Em janeiro de 1970 j:l es rava la instalada . E principiava a demollcao do velho Palacete Prates, para no seu lugar scr constru ldo urn predio mod erno de 25 andares c de alu sslma renda . Antes a Rua de Sao J ose chamou-se Ru a Nova de Sao Jose, aberta em 1786. 1788, pelo Govcrnad or da Capitania Marechal Frei Jose Raimundo Chichorro da Gama Lobo . Descnvolveu-sc na beirada da cncosta do Anha ngabari e logo abaixo da riba nccira antiga em eujo tope passava a Rua Mart im Afo nso, atual Sao Bento. Ainda hojc sc nota a difcrcnca de nfvcl quando urn prcdio antigo c dcmolido. Facilmente percebido tambem denrro do Ediffcio America. Entre Sao Bento c Lfbcro Badaro sao tres andarcs.

o nome atual foi dado em 19 de novembro de 1899 em homenagem ao pa ntletarlo que ali residia c foi assasslnado a tiros ern 20 de novemb ro de 1830 . Fazia 59 anos que isso acontecera quando a Camara Mun icipal aprovou a nova c tambem atual denomlnacao. Embaixo alinhavam-sc modesras casas terrcas dos fins do seculo XV II I. No alto, dcfrontc da atual Praca do Pat riarca erguia-se a imponencia do sobrado dos Barocs de Itapetininga, be-d ado pela viuva, que casou o

8AIR RO D A Sf:

7I


em segunda mi pcias com a Bardo de T atu f, firrrc opos itor a sua dcsapr opr lacno para construcao no local do Viadu to do C hd, inau gurado a 6 de novembro de 189 2, da ta qu e sc podc tambcm co as idc rar do nascimento da praca alua l. Defronte, du ra nte decenios, funcionou o Iamosc Mappin Stores, firma inglesa que se dcstaca va pelos produtos de fina qua lidade . Mudou de lugar e de do nos. Esta hoje na csquina da R ua Xavier de Toledo e Pr aca Ramos de Azevedo.

o

LAR GO l OAO ME ND ES

Naqucle local muitas foram as tran sfor macoes. Pode-se mesmo dizcr qu e aquel c pcdaco de chao do bairro da SC define a cvolucao da cap ital paulista. Existiu prim ciro a Patio da Cadcia, situado ao lado da Igreja de Nes sa Scnho ra des Remedios. Existl am pcquc nas e velbas casas. Cinco ao todo em que moravam 28 pessoas, scndo 2 1 rr.ulheres. Asslm surgiu primeiro a Largo Sete de Setcmbro. A crlacao do largo visou melhora r 0 accsso ao Cam inho do Mar, atual Rua da Glor ia, assim dcnominada porq ue dave acessc a C hacara da Gloria. Pen o, a Rua do Cemlterio, pclo motive de scrvir 0 primeiro ccmiten o quc bou ve na capital e que Ilcava defronte do Largo de Sao Paulo, depois Praca Almeida J unior , ago ra absorvida na sua qu ase totalidad c pcla Avenida Ocste-Leste. Ao fundo da nccrcpole ficava a Rua Dctnis do Cerruterio, qu e passou a Rua dos Estuda ntes e, finalmente, Gal vao Bueno, em homc nagem a merror ia do professor Carlos Mariano Galv ao Bueno, catcdratico de filosofia. Ensmava no Curso Anexo a Faculdad e de Dircito. T endo morrido num desa stre, 0 impacto detcrm inou que seu nome Iosse da do a Rua dos Estuda ntes, pais muitos deles tinham side ou ai nda cram seus alunos. 0 nome de Ru a dos Bstuda ntes Ioi tr ansfcrido para a Travessa do Cemitcrio.

o Largo da Cadcia rccebc u acrcsctmo, scndo emcndado ao adro de S5.o Gon calo, ond e sc crguia a capela dcdicada a Sao G oncalo Garcia . Bern antiga. Brctou da provisao assinada pelo Bispo D. Frei Anton io da Madre de Deus Galvao, pcrmltin do a construcfic de urn temple tendo por orago aquelc san:o. A capcla estava construfda em 1767 . Dcla resultou a atual lgreja de Sao Goncalo, qu e apa rece Irequ entcmcn te nas cronlcas po r ca usa de cstorvos causados postcriormcnte o

BAIRI\O lB.

ss,


ao tnifegc . A igrcja resultou da tcnacidadc da Irmandade de Sao Goncalo dos Homcns Pardos. Antes 0 local era amplo deserto a pcrdcr de vista, entre 0 Caminho do Mar c 0 Caminho do Carmo que vai para Santo Amaro. Ser-Ihe-ia implantada ao centro a R ua da P6lvora, que foi 0 pr imeiro tracado c remota origem da Rua da Libcrdade. Em 1786 era erguido 0 predio da Cadeia Publica, que ia scr inaugurado cinco an os dcpois. Em 179 1 era da do por conclufdo 0 novo cdificio. In augurado nao apcnas como cadcia, mas tam bcm par a acolher orgeos govcm amenla is, entre eles, a titulo provis6rio, 0 Pace Municipal. Cha maram-the Casa do Povo . Ali foram tomadas rcsolucocs de maxima importancia para a vida paulistana. E ate com rcpcrcussao pa ra a vida nacional. No Largo de Sao Oc ncalo como era chamado se rcu niu 0 povo em 23 de junho de 1821 para aclamar 0 primeiro GOV CfflO Provisorlo. o sino da Casa da Camara tocou a rebate. Juntou-se multidfio. E naqucla manhf gloriosa ali fora m tomadas declsoes que levaram a l ndcpcndcncia. Era urn predio solido, que sofrcu reforma e ampliacao urn seculo dcpois para acol hcr U Asscmbleia Provincial. Por muitos ano s ali funcionou a Camara des Deputad os e 0 Scnado de Sao Paulo, ao tempo em que 0 Poder Lcgislativo paulista era intcgrado pa r dua s Cameras de Reprcscntant cs. Defronte Iicava a Igreja de Nessa Senhora des Remedios. No local cxistira a Capc1a de Sao Vlccn:e, erguida em 1728, por Sebastlao Rodrigues do Rego, o ramose transformador dos quintos reais em chumbo. E ao 1ado cnfileiravam-sc velhas casinhas tfr reas, muito dan ificadas. Foram demolidas para ser constru fdo 0 glorioso Teatr o Sao Jose. Os trabalhos duraram de 1858 a 1864. A inau guracao constituiu uma das dates maxlmas da vida do bairro da S6, que era 0 cerebra c coracao da gra nde c nova cidade que ec1odia. I ria ser dcstru ldo por vlolcnto incendio em 15 de fcverciro

de 1898.

o tcrrcno

que ocupava passou a scr intcgrado na area da nova

ca tedral.

o

BAIRR<> DA Sf.:

i3


Em 1930 0 Largo de Sao Goncalo chamava-sc Praca Dr. Joao Mendes, em obedie ncia a Lei n.v 102, de 20 de novcrnbro de 1898. Fora primitivamcnte 0 Largo da Cadeia . As dcnominacocs populat es cram funcionais. Rcsulravam de uma caracteristica de urn ponte de reterencia dominante. A Catcd ral ia surgindo em cantar la de granito. De urn lado ficava 0 predio da Asscmblcia Legislativa. Dctrontc a Blblloteca do Estado, encostada na Igreja de s Remedios. Ao alto a Igreja de Sao Goncalo, tendo junto 0 sobradeo da familia Mendes de Almeida . Ao centro urn jardim bem cuidado. Grandes arvores em volta . E no mcio a henna do ilustre professor de Direito, que deu nome ao logradouro , Em volta rodavam os bondes que dc-r andavarn Vila Mariana, Cambuci, l piranga, Bosque da Saudc e Santo Amaro. Esse aspccto interiorano, rcpc usantc, perdu rou ate decad e de 1940. Em 1942, 0 Engenheiro Prestes Maia, como Prcfeito de Sao Paulo, decidou atacar a reforma da Praca Joao Mendes para receber 0 Viaduto Dona Paulina, com a construcao contratad a com a firma de Gastao Vidigal, que iria dcsistir da obra devido a alta de materiais. 0 atraso do viaduto , porcm, nao retardou 0 projeto global. Dcsapropriada a Igreja dos Remedios foi iniciada a dcmolicno que abrangeu 0 predio da Biblioteca do Estado. Surgiu assim novo e grande espaco livre, com a j u n~ ao do antigo largo do templo. As linhas dos bondcs de Vila Mariana passaram a Iazcr retorno no alto da nova praca. Durante uma scrrana foi reunida grande quantidade de maqulnas. Par a nfio causar prolongada pcn urbacao ao trafego tudo Ioi plancjado em mindcias durante um meso Atacados a s trab alhos, 0 Prefcito Maia passou a morar no seu gabinete do Palacete Prat es. Assim procedia para resolver qualquer dificuldade que surgisse scm dcmora . a scrvlco dccorria scm intcrrupcao em vinte e quatro horas. A pressa foi tamanha que os bondes ao entrarcm na nova praca, para retorno, ficaram com as portas abrind o do lado de fora do abrigo. Impos-se mudar 0 scntido do baliio de retorn o. Em vez de dcsccrcrn a Rua da Libcrdade para voltarem pcla Praca Ca rlos Gomes tlvcram q ue efetuar a volta ao contrar lo. E assim passaram a podcr reccbcr os passagciros do lade do abrigo da Igrcja de Sao Goncalo. 74

o

HAIRRO H i\. SÂŁ


o jardim antigo desap areceu. Outra perspectiva, outra fisiono mia. Mas 0 predio do Congrcsso ai nda pcrsistiu alguns anos, tendo nas vizmhanc as um cinema pulguento chamado Recreio. T endo sido logo constr ufdo 0 Viaduto Jacarel, pela firma Cavalca nt! e Junqueira, tornou-se urgente 0 Viaduto D . Paulina, que constitu ia 0 fecho da Aven ida Circular. o nome rcsultou da gra nde chacara que ali existia, pcrt encen te a D . Pau lina de Ou ciros, onde fora eultivado cafe. Devido Ii diferenca de n ivel impuscra-se a solucfio em declive. Tres eram os viadutos devido a topografia : D. Paulina, Jaearei c Nove de Julho. Tod os Sics tiveram os projeto s recstudados e cncarccidos, para recebcrem no interior passagem dupla rescrvada s as linhas do metropoli tano, somando 580 metros. Foi tamb cm cstudada a localizacao da estacao do prirneiro anel do subway na Praca J oao Mendes. Te rminado c cntrcguc 0 Vladuto D. Paulina, ficou pran ta a supcrffcie, a an el da Ave r uda Ci rcular, que passou a desafogar a eentro da cidade duran te urna decade. Transto rmara-se totalmente a fisionomia do velho bairro da 56 no local. Do que fora restava apc nas como ponto de refcrencia a Igreja de Sao 0 0n'c;:a10 .

o

LAR GO DA M ISERICORDIA

171 6 - A Igrcja da Misericord ia csta ern ob ras. Mas e 0 melhor temple para scrvlr de S6 provisor ia. D. Joao V cscrcve ao Governado r c Capitso-General da Capi'ania de Sao Paulo que " informa do de que a igrcja paroqui al, que por ora devia scrvir de Catedr al sc esta reedificando e ser necessarlo qu e, enquanto sc na o poe em termos de fazerem nela os oficios e Iuncoes pontificals, e 0 service do Co ra se destine outra para esses misteres. E fui scrvido haver por bern decreta de cinco do presente mes e ana qu e inter inamente se cxercitem na Igreja da Misericordia sem prejuizo nem interr upcao dos exerctclos pertcnccntcs a Ir mandades da Misericordia". E m 1745 a Igrcja da Misericordia ainda continuava Ca tedral pravis6ria.

o namno

DA

S~

75


Em despecho de 1747 D. Joao V determ inou que

Ouvidor da C apitania passe a "mora r nas casas em que residiam seus antecessores, vizinhos Igrcja da Misericord ia", site oa Rua Direita, tendo urn largo com a sua denomin aeao. Determ inou ainda D . Joao V que fosse construida uma grande catedral. Comccava a jorra r 0 ou ro das Minas. Ma s 0 bispo de Sao Paulo "de harmon ia com scu Cabido di rigiu ao rei de Portugal urn oficio atc ncloso dcclarando que a ma tr iz que se estava construindo era baslan te vasta para scr er igida catedral." Mais tarde se comemou: Se Iosse executada a vontade deste grande mon arca a nossa catcdral seria hoje urn monumcnlo digno de scu a110 destine. Naqucla epoca Por tugal nao econorm zava dinhei ro pa ra 0 esplcndor do culto ca tollco. o que dcmonstra 0 Co nvento da Marfa, em que foi gasta grande parte do ouro proveniente do Brasil. Houve en tao 0 mais pesa do luto qu e 0 Bairrc da Se conh eeeu . Morrcra " 0 muito pode roso Rei e senhor Dom Joao V, que em sua gloria dcscansa". Chegou ordem para " tcdas as dcmonst racoes de sentlrucnto e sufrag ios costumados nos Ialccimentos dos scnho rcs dsstc rcino''. Ordenaram os cama ristas solcnes cxcq uias na Scdc Catedral, com a presen ce do O uvidor-G eral e todos os nobres cida daos. Com fumo em sinal de do . cha peu s e as fivclas cobertas de luto, de mulhercs vestidas de luto correspondcnte it sua dignidade. Fecharam os trib unal s e do bravam as sinos d ia c no ite, de mcia em mcia bora , anuncia ndo com seus toq ues pla ngcntes os sufrag los em todos as tcm plos. Por ras c jan clas fechadas. Mu1la lie dez mil-reis e cade ia a qu em nao particip assc do luto pelo passamento do mu lto po dcroso rei e sen hor Dom Jose V, que Iora desta para melhor. 0 balrro da S6 tomou luto colet ivc que determinou um a co rrida it lojas qu e vendias 0 a ntigos co ndizen'es. 0

a

Os que prc tcndcram aprovcirar-se da situacao para c1evar os precos fora m am eaca dos pc!o Ouvidor-Geral da Co marca, Dr . l ose Luis de Me lo, com multa de 30 mil-reis e cadeia .

Em 17 de jun ho de 1752 a cated ral e terminada C marcad a para o dia 29 com transl adacao solene do Santissimo Sacramento para

7.

o

BAIRRO lB. SF:


a S6 nova. Grande procissao cucarfstica salu da Igreja da Misericordia que pcrde u 0 presngio. E a importa ncia . Iria scr demolida. Deja rcsto u a dcnomina cao do largo do seu nome. 0 terrene, como pertencia a l rmandade, foi vcndido . Nas decadas de 20 e 30, no local , em predio prop rio estava m os cscritor ios cent rals da s l ndustrias Matarazzo. Entre as ruas impo rtant es do bairro da se destaca-sc a XV de Novcmb ro, inicialmen tc Rua do Rosari o. Articula va-se com a Ru a de Sao Bento, antes da formacao da Praca An ton io Prado. E no scculo XVII chamou-se Rua de Manuel de Linhares, porque nela morava e sua impo rtancia Ihc da va dcstaque. Em seguida c em co nscq tlencia da igre]a, R ua do Rosario dos Homcns Preros. T endo visitado Sao Paulo a familia imper ial, em hc mcnagem da sobcra na passou em 26 de fevereiro de 1846 a Rua da Impcratrlz. Prociamada a Republica, a Camara Municipal, com repu路 blican a diligencia em 19 de novcmbro de 1899, fixou-Ihe a dcnominacao prcsente. Dcsdc entao XV de Novembro ficou sendo cha mad a.

SAO BENTO Sua import ancia ja em 1822 foi assinalada pclo rccenscamento a cargo da 4.a Compan hia de O rdenanca, cujo levant amento registrou 78 Iogos, 238 mulheres e 214 homens. 23 neg6c ios, 5 alfaiates, 5 cosrurei ras, 4 ourives. 4 vendas e unitariamcnte relojoeiro, requerente, solicitador, carpinteiro , escnvao, fiar:de ira. Em sciscentos dcnominada Mar tim Afonso. Em scguida R ua Dircita de Sao Bento e como tal foi conhccida c cha mada a'e 1700, quando ficou sendo Rua de Sao Bento s6. Eclode Canudos com grande rcpercussao nacionaJ. A 12 de marco de 189 7 a Camara Mu nicipal m uda-l hc 0 no -ne para Moreira Cesar. Mas vol tou 0 born sensa c a nome. A Lei 41 6 de 28 de agosto de 1899 determtnou que R ua de Sao Bento eontinuasse. Pouco

n.v

tempo depo is a Light implantava-Ihe ao centro uma linha de bo ndes. Na ocasiao do rccenscamenro 1822 contava 53 Iogos. La rnorava

o

BAIRRO D ." SF;

77


entao 0 Ca pitao- Mo r Eteuterio da Silva Prado no num cro 22 e 0 Cap itao Joaquim ADrian o de Godoi, qu e foi tesoureiro da Irm andadc da Misericordia, rcsidia no numcro 14.

Co m a denominacao de Sao Bento ficou scmpre sendo con hecidc o largo, antes tratado de Patio. E existlu, tarnbem, a Rua da Figueira de Sao Bento, qu e estendia entre 0 largo e a pon te do Anhangabau. A topografia com 0 tempo sofreu gra ndes mod lticacoes. A ponte flceva no Rio Anhangabau, na baixada que sc cstendia ate a Luz. Havia no alto 0 caminho au Rua de Miguel Carlos porq ue ali ficava a chacara de Miguel Carlos Ai res de Carv alho, procur ador da Coroa no pcriodo de 1786路 1788. Foi 0 tracado original da atual Rua Florencio de Abreu.

Dcscendo em dlrccao do Tamanduatef, a Ladeir a Co nsnt uicao, cvccando 0 juramenlo da Consrituiceo por D. Joiio VI , em 1821. A denomin aciio Flo rencio de Abreu constitu iu homenagem ao senador rio-grandcnsc que govemou a Provincia de Sao Paulo e cujo nome complete era Florencio Carlos de Abreu e Silva. E proximo dessa area espremia-se 0 Beco da Lapa. Depots T ravessa do Grande Hotel, porque ali funcionava urn des maiores hoteis que 0 bai rro teve. Agor a chama-se Rua Dr. Miguel Cou to. Ao tempo do G rande Hotel erguia-se na Ladeira de Sao J oao um gra nde edificio . Onde hoje se estcnde a Rua Libera Badarc houve pesqulsas a procura de restos dos amigos muros de taipa que defenderam a Pcvoacso do seculo XV I, cnlao bern menor do que 0 ba irro da Se. Afo nso de Freitas infonnava que 0 Beco do Acu era uma passagem Ingreme e estreitlssima, ala rgada em 1810. A descida do Acu formava um a csquina com a Ru a de Sao Bento. Em 18 14 foi ali erguido majestoso predio . De grandcs proporcocs em relacao as caslnhas terreas vizinhas. Cento c urn aD OS dcpoi s foi demolldo. Em seu lugar , em 1915 comecararn as preparat ives par a as fundacoes do Prcdio Martin elli, de vinte c qua'ro anda res e conslderado a maior arranba-cc u de concreto do mund o, pa is os de Nova lorque sao de estr utura de ace.

o

BAIRRO DA Sf;


o

LARG O DA

sa

E RUAS VIZINHAS

A Rua Parana piaca ba tcve tcmpre muita importancia e grande c1asse. Inicialmente conhecida como T ravessa do Padre Capac, passou a Rua do Mexia entre 1826 e 1830 . Mexia era 0 regimcnto de I nfantari a organizado em 1775, pete Coron el Manuel Mexia Leite. natural de Elvas, cidade de Portugal. Fo i conhcc ida tam bdm como R ua da .. Sete Casas, poT sec esse 0 numcro de residencies em que viviam 24 mulhcres e 14 hom ens. A Ru a Ben jamim Con stant chama va-se T ravessa do J6go de Bola. Em 1765 R ua do Fer rador, porquc ali Ierrava cavalos velha paul istan o. Em 1770 passou a Rua de Sao Francisco poT dar accsso diret o ao largo, igreja e convento dessc nome. Passou a Rua do J6go de Bola. porquc ali morava Manuel Mart ins Duarte, conhccido como 0 baratciro do j6go da bola. Dcpois da visita da familia impcral rccebeu a den ominacao de R ua da Princesa. Veio a Republica . A 19 de novembro de 1889 pa ssou it Ru a Benjamin Co-tstant .

Do outro lado da Praca da S: hou ve a Rua Debaixo de Santa Teresa, prim eiramenle ehamado Beco das Minas po rque ali moravam negros quitandeiros da n ~ ao Mina, na Africa, donde procedlam. Dc pois intcgrou 0 comeco da Rua do Ouart el. at ual 11 de Agosto, entre a Rua Venceslau Bras e Santa Teresa. Rua Floriano Peixoto desde 1.0 de agosto de 1907 , assim ehamad a. Lei de n.o 102 7. Ant es foi chamada Rua da Fundicao, porque ali funcionou a Casa da Fundic;1io do Ouro. La mon tada em 1680 para fund ir 0 escasso ou ro de Sao Pa ulo, porque ou ro abu ndante so houve a partir dos meados do seculo XVIII , encontrado em Minas e Golas. A fundicao Ioi restaurada em 1727. Rua da Fundicao voltou

a scr. Rua 11 de Agosto, hoje, quase totalm cntc desa parecida, pols grande par te Ioi integrada na Praca C lovis Bcvllaqua. Chamou-se primeiro Rua do Quartel , justificad ame nte. No quart elrao ocupado atualmente pclo Palacio da J usnca ficava 0 Q uart el da La linha, amplo edifleio iniciado polo Ca pltao-Gc neral Martim Lopes Lobo Saldanha em 177 5. A 4 de outubro de 1790 0 Ca pitao-Gcncral Bern ardo Jose de Lo rena inaugurava 0 pr cdio do qu artet. Ia scr dcmolido em 191 5. Chegou por curto pcriodo a ser denominad a Cabo Roque. em conse-

o

BAIR RO DA

st.

79


quencla de fantastica histc ria de hero fsmo c dcvotamcnto da ordcna nca do Coronel Antonio Mo reira Cesa r na campanha de Can udos. A R csolucao n.v 84 de 18 de marco de 1897 the dcu a dcnommacao de Cabo Roque, logo depois supdmida quando ficou dcmonstrado que tudo nao passava de fantasia. Volto u a chamar-sc Ru a do Q uartel. A Lei municipal n.v 1.033 de 7 de ag6sto deu-Ihc a denomin acao atual comemo rando a instituicao dos cursos jurldlcos. I nicialmentc ia da R ua Santa T eresa ao Largo do Pelourinho. E justificando plcnamente a deno minacao a atual Rua Felipe de Oliveira chamava-se T ravessa do O uartcl. 0 Largo Scte de Setembro au 0 Patio da Ca deia, aumenta do com 0 cspaco ocupado por varias cas lnbas demolida s do qu e resultou 0 Largo do Pelourinho. Finalmcnte, Sctc de Sctcrnbro, integrado na Praca Joao Mendes. Silveira Mar tins era a Rua das Flores que, em 1822, tinha 53 fogos. L a viviam entao 83 mulhcrcs c 30 horncns. Catorzc costureiras, tres cngomadci ras, tres vcndas. Em maio de 1897 troca ram-lhe 0 nome para Coronel Ta -r.arlndo pela Resol ucao 82. 0 povo rejeitou-o, nflo tomando conhecimento da troca. A Lei 4 16, de 28 de agosto de 1899, rcstabclcccu a florida denomin acao, mudando depois par a Silveira Martins. Ru a T abatingiiera cornecou com segmcntcs. P rimciro foi a Ladeira da Tabatingiiera. Ficava entre 0 Bcco Sujo e a Passagem de Tabatingilcra. Surgia a cam inho que passou a ser conhecido como Ladeira da T abatingiiera. Ja exlstla a Igreja da Boa Morte. Par isso a nova via cornccou a ser chamada de R ua Dctras da Boa Mortc. Como elemcn to de clucidacao. Para melhor lccalizacao. Passou a nomcs qu e de pois teve que adaptar-se a nova situacao. Tabatinguera foi ehamad a. Ladeira c r ua passaram a cons tituir uma coisa so. Uma rua so, desdc 28 de marco de 19 14, por fO rr;a da Lei 677. Ali morava 0 Dr. Rodrigo Silva. Prctendcram dar a rua seu nome. Ele residira no n.v 66. Mas a sugestao nao foi avantc. 0 nome ja pcgara. Varies paulista ilustres la nascera m. An ita Garibaldi so podia scr nome relativam cn:c recente em buirro de tanta tradicao . F ora, par muitos decenios, Rua Dctrus do O uartel. Dcpois Ru a do Trem, porq ue ncssa via estava instalado 0 chamado trcm bclico da gua micao de Sao Paulo.

o

HAlRHO D A Sf;


o

rccenseamc nto da 3.& Companhia de Orde nancas encontrou 24 Iogos e 45 moradores. Ti nha duas vendas. Nela morava urn meirinho. A Lei n." 1.010 de 6 de novembro de 1907 conferiu-lhe a atual de nominacao. I:: apc nas urn pedaco da Rua Anit a Garibaldi, muito conhecido por causa do Corpo de Bombeiros. Ru a da Boa Vista sempre Coi chamada. Foi assim batizada pelo povo. E como fundamcnto. Bela era a vista. 0 panorama que dela se contemplava. Com essa denomin acao aparece nos autos e inventarios desdc 1711 - informou Alcan tara Macha do . La morou 0 Brigadeiro Joaquim Mariano Galvao. Ja ba stante poputosa por ocasiao do recenseamento de 1822 .60 fogos, 23 1 mo radores des quais 148 muIheres. E como gente que trabalhava, duas fiandciras, duas rendeiras, onzc costureiras, duas cngornadciras, urn alfaia tc, urn ourlves, urn selciro, urn tecedo r de panos, dois sapateiros.

OS BECOS Alvares Penteado teve

0

primeiro trecbo com denomin acao qua se

pejorative. Chamou-sc Beco da Cacha ca.

Entre a Rua de Sao Bento e a Rua Alvares Penteado encurvava-se a Rua do Cotovelo hoje cha mada Rua da Quintan da. Formav a de fato urn cotoveto que foi suavlzado, mas ainda se nola. Abaixo ficava 0 Beco do Inferno. "Urn lugar imundo, esb uracado, cscurc e mal Irequentad o", cita Byron Ga spar . "Ninguem pod ia nele transltar scm 0 necessdrlo culdado, tamanha era a sujeira que havia em toda a sua extensao." I:; a atual Rua do Comerclo entre a Rua XV de Novembro e a Rua Alvares Pent eado. Os prirnciros mclboramentos que Ihe mudaram a fcil;ao rccebcu-o do Senador Jose Fern andes Torres, quando Presldcntc da Provincia.

o

Deco da Barr a c a atual Lad eira Por to Gcral c com essa dcnomlnacao atravcssou muitos decenios. Assim se chamava por ocaslao do recenscamcnto de 182 2, quando ali morava, no num cro 2, 0 Tencnte-Coronel Anton io Ma ria

o

JI."-IRRO DA Sf':

81


Q uar tim, membra do Govsmo Provisorio, prova de que nao era de mau usa e rna Iama . Como complemento desse sistema vrano estendia-sc a Rua do Piques, qu e dava acesso a Est rada de Pinheiros. 0 nome de Piques deriva do co mercla nte An tonio Fe rreira Piques que morava no local em 1780 . E ra antes conhecido co mo Anbangavahy de C ima no alto a Rua do Pared iio, muro de arrimo, que 0 Engen heiro Daniel Pedro Muller construiu em 181 4. Realizou importan tes mclhoramentos , entr e eles 0 muito e1ogiado mur o de pcdra da Ladeira do C arm a, qu e acabou com os temldos deslizamentos. E a pon te de pcdra sob re 0 Tamanduatei. E tambem a pirfunide do Piques, aquelc grecioso obelisco, no centro do largo, que 0 Co nde de Palma, em 1814, denominou de Largo da Memoria. 0 ob ellsco foi dedieado a rnemorla da norm allzacao do Governo paulista c fcmbranca de terrivcl seca que assotara Siio Paulo. Proximo da base eantarolava a agua de urn chafariz. A Lei n." 397, de 20 de maio de 1899, passou a Xavier de Toledo. Ali morara 0 Coronel Francisco de Paula Xavier de Toledo . Paralelamente, deseendo do alto safa 0 Beco de Mata a Fam e, qu e ia ser uma das arteries paulistanas mais impor tantes. Urn dos trechos a Lei n.o 2258 denominou em 1920 de Rua Epitac io Pessoa . Outre trecho Rua Ipiranga. E, finalmente, Avenida Circular . Como rua convergente, a Rua Nova da Ponte do Lorena , como ponto de partida da Estrada para Cidade Nova . A Rua Nova da Ponte passou a Ru a da Palha . Depois, a Sete de Abril, q ue manteve com sua estreiteza e curvas determinadas pela topografia antiga.

TEBAS EXISTIU? Teb as aprcscnte-se como personagem de destaque na vida do bairro, no seculo XV II I. T inha talentos multiples, sabendo encontrar solucao adequada para cada caso. Sua fama se espalhou e pa ra qu alquer obra de vulto c mais diffcil logo seu nome era lembrado.

o Tebas fora escravo.

Era preto. Conseguiu rcconstru ir a antiga catedral com grande terre ao lado, 0 que para a epoca e os materia is 82

o

BAIR RO D .-\. Sf:


usados pareceu singula r Iacanha. Era obra tida como Impossfvcl para os mestres-de-obras do tempo. Ganhava pataca e meia por dla. Quando terminou a ob ra conseguiu a suficiente para comp rar a alforria. Depois de famoso tornara-se urn homem livre. l ria exccut ar obra s dlvcrsas de utilidade publica. E entre as mais destacadas, figura 0 chafa riz do Largo da Misericordia, pclas solucoes tecnicas que tcvc que criar, a fim de lever agua ab undante mas distante ate as blcas, atravcssando prat icament e 0 mlolo do bairro. Assim se formou e cresceu a fama de Tebas, atra ves de dai s

seculos. Mas como a correr dos tempos aperfeiccou-sc a pesquisa historica. Como acontcceu com os santos de gra nde prestlg io popular tambem Ioi examinad o com maior rigor a existencia qu asc mfstlca de varies persona gens. Sobre 0 famoso Tcbas, que se chamava de fato Joaquim Pinto de Oliveira, Monsenhor Silveira Camargo, uma autoridade em assuntos da Igreja, relata que 0 sino grande da Se estava rachado, nao havia cadeiras curais, os conegos sentavam-se em bancos cobcrtos de pano verd e. 0 ed ificio carccia de ob ras urgente. As congruas estevam atrasadas. E opina em seguida : "Nao encomramos nenhu m Joaqu im Pinto de Oliveira Tebas em trabalhos da catedral . 0 cabido contratou as service s com Bento de Oliveira Lima, porque 0 front ispicio ameacava rufna em 1764, sinal de que n jo foram ban s as services anteriores e se nee era 0 segundo apelidado Tebas, 0 primeiro niio e 0 que dizem, caso tenha construido a torrc no temple de D. Frei Antonio . T ebas seria escravo do Co nego Paulo de Sousa Rocha."

o

PARQUE D. PEDRO II

Uma aquarela de Debret, do comeco do seculo passado , rnostra o que era balxa da do Carma . Urn aterro cort a a varzea que a Tamanduatei inundava todo s os anos, na epoca das chuvas, transform ando-o em temido pantano . 0 aterrado comecava na Ladeira do Carmo, que tangcnciava a igreja e convento des quais recebera a nome. Naa recebera ainda os mu ros de arrimo e estava por issc a passagem

o

BAIRRO DA SÂŁ

83



sujcu a a dcshzamentos de terr a, muito temidos e Ireqtientes, tratados de vacorocas. Mas os mur os eram obras de alto custo, superando as possibilidades dos recur sos de cntao. Embaixo era uma terra turfosa, com area superior a 500 mil metros quadrados. Ia ser ali a prim eira modificacao de vulto da cidadc qu e lh e nascera ao lado. Em 1848 foi iniciada a retiflcacao do trecho varzea no em qu e supcrava 0 T amanduatef, formando sete vc ltas semelha nte a lacad as. Governava enta o Pires da Mota a Provincia de Sao Paulo. Com a eliminacao das curvas do rio espc rava-se mais rdpldo escoamento das dguas. Anos depois, Joao Tcodoro Xavier, outro Presidente da Provincia, que ficou Iarnoso pelo interesse que ded icou aos problemas urba nos da capital, procurou melhora r 0 aspccto da varzea. Assim surgiu urn pcqueno parque dcnominado llh a dos Amores. tri a desap arece r qu ando obras mats amplas fora m atacadas, pelo ater ro de grandes areas e ap rofundamento do lei:o do rio, em 1898. No comeco do seculo, 0 edit Augusto Silva Te les ap resentava projeto publicado com 0 titulo de Melhorame ntos de Silo Paulo, procur ando da r nova feicilo a Var zea do Carmo. Sallentava : considerado meio seculo a ntes zona dista nte a pont o de em seu terrene ser localizado 0 gasometro de Sao Paulo Gas Compa ny. E em homenagcm ao Imperador, cujos restos mort ais voltavam ao Brasil, foi dado ao novo parque a denomin acao de D. Pedro II. Conheceu urn curto perlodo glorioso com a con strucao do edificio do Palacio da s Industnas c Mercado Central. Como isso aco ntcceu e que a frente va i descrlto.

A COMPAN HIA DA VARZ EA DO CARMO

A Compan hia Mecanic a, que havia efctuado grande parte da canaIizacilo do T amandu atci, para 0 Govemo do Estado, rccebcu proposta da Prcfeitura para cfctua r a urbanizacao da varzea. Tratava-se de cxccutar 0 prcjero cntilo elaborado para 0 pa rque, cortado de ruas tal como at ravessou as decade s de 30 a 60. Corr;o 0 T esouro Municipal nao dispu nha de recursos, propos 0 prefeitc, entao 0 Sr. Washington lUIS Pereira de Sousa, qu c 0 service Iosse pago com os terreno s rema-

o

8 .4. tRHO 0 .4. S ~


nesccntes. pertencentcs ao Municipio. A Companh ia Mccanica, entao poderosa o rga nizacao empreiteira, nao achou va ntajosa a perm ute de terras po r services. Desistiu. Acontcceu , entao, que a Sr. Washington Luis tinha por sccret ano 0 Sr. Antonio Almeida Braga , pessoa de pres ugio na colo nia lusa. ÂŁ Ie se propos consegui r os recursos necessarios, atr a ves de uma companhia a ser con slituida por elementos de projecao no comcrcio e finances. Assim surgiu a Co mpanhia da varzea do Ca rmo, tendo como presidente 0 Viscondc de Morais, Iamo so por sua imensa for tuna. Para 0 Conselho Fiscal foi nomeado 0 Enge nheiro R icardo Severo da Fo nseca e Costa, socio do cscnt orio de Engenharia e Constr ucoe s Ramos de Azevedo. Os escrit6rios da nova cmpresa foram instalados no predio do Banco Pon ugues do Brasil, a Rua XV de Novem bro. Ocupava ali todo 0 ultimo andar. Comeca ram scm demora as tra balbos de urba nizacno do parque. A primeira grande guerra ehegara ao fim . Cor ria 0 uno de 19 18. Maquinaria e m jio-dc-obra niio falt avam. Com a fim da guerra, "cssa cxtc nsa e pitoresca supcrficie, em plena coracao da cidade, podendo scr transformad a em arr.plc e soberbo parqu a. 0 qu o: daria a Sao Paulo um enca nto exccpcional, aprovei ta ndo 0 cu rso gracioso do rio" . Dcstacava: "T udo foi dcscur ado e ve-se poueo a pouco ser invadido 0 Iormcso campo por babitacoes primit ives e pouco bigiemcas. dando a tude urn aspccto mesqu inho, sens e repugname".

Aind a 0 Tamandu atei, inicialmente conhecido como Piratininga, famoso pcla ab unddncia de peixes, nao se tomara 0 csgoto a ceo aberto do A BC e dos bairros paulistanos do Ipiranga e Cambuci. Em 19 11, 0 Prefeito A ntonio Prado cons iderou uma das metas de seu govem o tran sform er a Varzea do Carmo num grande pa rquc central. Foi incumbid o do projeto 0 Engenhciro vi-or Freire, a qu em a cldade e devedora dos primciros estudos urba nlsucos de amplitude. Mas como pouco depois 0 conselheiro dcixou 0 govemo da cidade, o plano ficou no Iund o das gavetas do G overno mu nicipal aguardando hora e vcz.

Estava sendo atacada a ultima seccao do cana l do T aman duatci, iniciada em 1896. Eliminava as sere volta s e mud ava 0 alveo antigo que ia transformar-se em Ieito da Rua Vi nte e C inco de Marco. Ali exlstira movimentado porto. Co m gra ndes e ni sticos armazens. Ali apo rtava m

o

BAIRRO D A

S~


grandes canoas carrcgando mercadorias diversas, sobretudo ccramica da reglao de Sao Bern ardo. Dessa atividade cxtinta restou a cvocativa denominacao de Ladeira Porto Gera!. Ja entao dois arquitetos palsaglstas Ira ncescs, Bouvard e Cachet, tinham realizado e entregue 0 projeto da urbanizacao da Varzea do Carmo , que em 1920 estava em execucao. Constituira -se uma grande companhia. Em 1921, cram esperados os despojos do Segundo I mperador do Brasil. 0 canal do Tama nduatef acab ara de scr concluido. Terminado tambem 0 ajardinamento de area substancial do antigo parque, aflufam multid6es it procur a de trabalh o . Ao cabo de dois anos 0 service cstava praticamente terminad o. As vendas des lotes tivera m infcio no fim de 1920 . Eram em media de duzentos metros quadrados com sete metros de frente. ln formou 0 Sf. Ant onio Ferreira da Fon seca, que foi alto funclon ario da Companhia, que 0 ulti-ro lote foi vendido a razao de conto de reis 0 metro quadrado a Nagib Elias. Muitos foram os compradcres da colonia stria, entre os quais Nagib Orbi, Salim Gabriel, Almad Miuh aram. 72.200 metro s quadrados tinham restado para lotear e vender, depois de executado 0 projeto do parque com seus relvados. ru as pavimentad as e rccantos arbori zados. Com plexa rede subtcrranca dr cnara 0 antigo e imcnso pantano. Os lotes 16 c 12, de un- a area maior, foram adqui ridos pcla Pr efeitura para construcno do Mercado Central. Do projeto constava grande campo de Iutebo l c areas para esportes varios. Mas foram eliminados do plano, it ultima hora. Ta mbem funcionou, por muitos anos, junto it Ru a Cantareira, urn mercad inho de frutas e verduras conhecido como Mercado Caipira, suprimido com a Mercado Central. Com a urbanizacao do parq ue desapareccram as portos do Tamanduatci, denominados Beco das Barba s, na atual Ladeira Porto Geral, da Figueira, na foz do Anhangabau; da Tab atinglicra, dcfro nte a rua do mesmo nome. Hi 0 rio cstava dificil de navegar, devldo os bancos de are ia, entulhos e aguapes.

o BAIRRO D A sit

81


os VIA DUTOS Muita gente passa ao lado e lgno ra 0 significado daquelas obras em plena coracso da cldadc, no Vale do Anhangabau . Trata-se da passarcla ha muito estudada, considerada ur gente para evitar urn transite sincopado pclos pedcstrcs. 0 Viaduto do Cha foi 0 primciro clo no tempo e na dista ncia das cncostas do vale. Surgiu a nccessidad e de Ilgacao das duas encosta s. Ao fundo corria 0 corrego A nha ngabau . J ules Ma rtin plan ejou a sua execucao em 1879. Sao Paulo tornara-sc uma cidade rica, mas de administracao pobrc. Por issc faltavam recursos para a cxccucso do projeto. Eclodiu tamb cm firme obstinacao do Badia de T atui. Niio pcrmitia a dcmollcno do majcstoso sobrado que se crguia, ent no, na Rua Nova de Sao J ose, e cu]o fro ntispfcio tomav a toda a frent e da at ual Praca do Patriarca. Solucno dura em face da fortuna e prestfgio politico do Ba rno.

Acabou cedendo. E a estrutura metalica foi encomendada em Duisburg, na Alcrr anha. A pon te de ferro media 250 metro s de com primcnto c 14 de Jargura. Por isso, qua ndo ano s depoi s, no tabuJeiro, foram instaladas linhas de bonde no comeco do seculo, impos-se aumentar sua lar gura . Os trabalhos do viadu to tivcram infcio em 1888 e estavam conclufdos q uat ro a nos depois . A lna uguracao rcalizo u-se em 6 de novembro de 1892. Foi 0 aco ntecim ento maximo da cidadc nessc ano. Vma fotografia da epoca registra 0 ato . 0 viaduto aparece corro urn navio cmba ndeirado. Ao centro fora instalado grande! portae qu e era fechado ao cair da noite. Cobravam tres vintens de pcd agio , pagamento suspenso qu ando 0 transite aum entou.

o viadu to serviu plcna mcnte durante tres decades. Ma s com o aumento do trafcgo passou a cresccr 0 receio de desmantclamento subito. E ceria vcz, urn gaiato , a proveita ndo a visita do Senador Azcrcdo, conhecido como grande jogador, escrevcu a quadr inha brejeira : "Ontem 0 Artur me dissc. Todo a tremor de medo. o viaduto joga tan to. Qu e at e par eee 0 Azercdo." 88

o BAm RO DA se


A armacao metrilica passava sabre a antiga chacara de cha, pertencente ao Cadete Santos, depols Barrio de It apetinlnga. Dai the ad veio o nome. Em 1936 foi resolvida a sua substituicao por moderno viaduto de concret o, construfdo em duas fascs. Uma parte ao lado da cstrut ura antiga, mal foi terminad a, demoliram a armacao mctalica c no seu Iugar construfram a outra mctade, com arco central de 6 metros de vao. Embalxo, 0 vale ainda pcrmaneccu alguns anos com suas caracterfsticas repousantes de logradouro interiorano. Com ba ncos e arvor cs, rcccbeu a atua l feicao na primeira administracao do Engenheiro Prestcs Maia, entre 1942 c 1944. T eve como complemento a Praca da Bandcira. Nao das Bandeiras. Eo errado dizcr no plural. Pois foi asslm denominada na data da ba ndeira nacional. Ja entao tinha sido projetada a Avenida It ororo, agora chamada Vinte e T res de Maio . A R ua Batao de Itapctininga, como grande eixo leste-oeste, brotou no dia da demollcao da residencia, da Baronesa de Tat ui, J a fora Icita a subdivislio da Chacara do Cha, que ocupava 0 vale. Pertencera a Joaqu im Ju sto da Silva, narao de It apetininga. Tinha por limite a Rua Nova de Sao Jose, que ia ser alargada e t ransformada na atual Rua Lfhcro Badaro. I nclufa os quarrciroes tan ger.. ciados pela Ru a Vinte c Q uat ro de Maio ate ao Largo dos C urros, atual Praca da Repub lica. 0 Barao de It apelininga morreu e deixou viuva que desposou 0 Bargo de T atuf. Bste sc opes tena zmente a cxccucao do Viaduto do Cha, qu e impun ha a dernollcao do soberbo sobrado onde morava c cujo frontispfcio tomava tcd a a frcnte da atual Praca do Pat riarca. Antes da ponte tinham pcnsado num aterro . Mas aconteceu que no d ia 1.째 de janeiro de 1850, ao ca ir da tarde, toldou-se 0 ceu e desabou uma tromba de agua. A violencia foi arrasadora. A pas:.agem para as aguas rcse rvada no ate rro nao bastou. As aguas acumuladas nos tanques do Reumo e Bcxiga lransbordaram. 0 An hangaba u engrossou. T ornou-se urn rio cauda loso. 0 ate rro cxistcntc pa ra passagem no vale foi erodido e rodou. Bvldenciou-se, assim, a necessidad e premente de uma ponte, que acabo u scndo construfda. 0 local c qu e foi contes-ado pclo Barao de Tatul, que chegou a rccorrer ao Govemo imperial protestando contra 0 projeto. Recusava implacavelmente qualquer acordo. Ate que se viu na contingencia de transigir, prcssionado pelo seu proprio cunhado qu e integrava 0 Governo municipal. o BA lRn O DA Sf;



No dia da inauguracao do viaduto, 0 D iorio M ercanut publicava na primeira pagina uma sepultura e os versos: Por alma do miscrando, Que faz ncsra cova fria. Oh mortais que ides passando. Rezai uma Ave-Maria. Aludia a avareza do Bar ao de Tatui qu e se tornara lcgcndaria. Ha uma refcrencia expressive ao empre iteiro atcmao Joj o Grundt que construiu a parl e de carpintaria do Palacio dos Campos Eliscos. ~I e veio para 0 Brasil em consequencia de uma noticia publicada num jomal alemao pcdindo urn mestre carpinteiro para dirigir a construcao de uma ponte de madeira no Vale do Anhangabau. Mas que seria uma grande ponte, requcrcndo pcrfeito dominic do offcio. Durante seculos a Ladeira de Sao Joao fora a Ladeira do Acu, que para uns significa "vc ncno' e para outros "clevacao enxuta" . Explicando o ultimo significado lcmbravam que, embaixo, ficavam as rnargcns beejosas do Anhangabau , urn modesto c6rr ego a maior parte do ano, mas que se tornava caudaloso no pcriodo das dguas. Fizera-n a.erros para aproveltamenro da zona pantanosa. Depois Coi lancada uma ponte de madeira; ja existia primeiro a ponte do Marechal, dcpois da Abdicacao. Mais tarde, alem da ponte, noutro ate rrado foi erguido urn mercad inho que sobreviveu Ires d ccadas e acabou cedendo luger a Praca do Correio. E do outro lado, iria erguer-se sotidissima construcao de concreto, que mais lembrava uma fortaleza, e Ioi necessaria dernolir com dinamlte. 0 construtor usou excessive porcentagem de cimento. Ainda se conhecia mal o concreto. Ali funcionou a Delegacia Fiscal, ostensivamcnte, sem que a PreCeitura conseguisse a sua mudanca e desaprop riacao. Isso foi conseguido em 1946 na administracno do Prefeito Abraeo Ribeiro, por ser cntao Ministro da Fazenda 0 paulista Gastiio VidigaJ. Foi conseguida a desapropriacao pelo valor do tombamcnto e logo iniciada a derrubada do prcdio para conclusao das obras de remodela cao do Vale do Anhangabau. Entao Coi efetuada uma sigilosa vistoria do Viaduto de San-a Eflgenia, inaugurado em 19 13. e do qual se dina que nao apresenrava

o

BAIRRO D A

st.

91


a necessaria solidcz para 0 trafcgo pcsado que cstava supo rtando. Os tecn icos op inaram que nao oferecia perigo . Fora iniciado em 1910. Merle 225 metros de extensao. Para a epoca constituiu complernento do Largo de Sao Bento, que recebeu, por sua vez.. tratamento adcquado. No acabame nto do viaduto foram in'roduzidas ornamentacoes ao gosto da cham ada art nouvea u, que chegava ao fim . No novo Viaduto do CM aconreceu urn pormcnor ja csq uec ido. Ao lado do antigo predlo onde funcionou muitos anos 0 Automovel Clube existia urna ru a cstre ita de accsso ao vale, con tornando 0 prc dlo. ÂŁ atualmentc larga calcada, formando urr.a espccie de larguinho entre a passeio do viadutc c a Rua Lfbero Bada ro. Nessa rua estreita, asfaltada . entre cantciros. estacio navam taxis, o que era de grande conveniencia. A cidade, alem de ofcrcccr hondes frcqlientcs, com lugar para viajar sentado, ainda linha urn service de carros de alugucl bern distribuldo pOT todos os ponte s centrals. Essa rua era em curva, tornando sua ve a descida. Com a viaduto surgiu a escadaria da Galcria Prestes Maia. a qual cc nstitufa wn a espccie de pc nitencla, ate que por indicacao do cd il Nicolau Tum a foi instalada a eseada-rolante. Houvc, no enta nto, urn peulistano que timbrava em subir os dcgraus que sabia de cor. Era o Sr. Joao Samp aio. Fazia-o com afinidadcs de exercfcio, apesa r dos 70 anos. E tambem porqu e ja enxergando mal devido a idade temia nao accrtar 0 pe no devido degrau a entrada e depo is ir csbarrar c cair na saida. Achava, por isso, mais convenicmc e seguro subir os de graus.

a

VIADUTO DA BOA VISTA

o viaduto da Rua da Boa Vista foi 0 ultimo cia de articulacao do vclho centro , 0 mlolo da cidad e. Bspecle de coronar la do coracao do bairro da SC. Por muitos anos pcrmancccu aqucle hiato com projcto pronto no fundo des gavetas da Divisiio dc Ob ras da P refcitura . Mas para aqusles tempos de imensa (alta de reCUT1iOS apresentava-se como obra de custo clcvado, acirna das possibilidades orcamenta nas . Logo no inicio da

.,

o

BAIRR O D."- Sf:


decada de 30, 0 urba nista Anhaia Melo, convidado para prefeito pelo Interventor J oao Alberto, assumiu 0 governo da cidade e poueos dias depots de sua posse dcclar ava, desencantado : - Nad a se pod e fazer. A Prefeitura arrecada quarenta mil contos e gasta com funcicn alisrnc, pagamento de juros c amortizacao de emprestimos contraidos par a obras out ro tanto. A situacao finan ceira municipa l tinha piorado com a crise do cafe. Vcrificava-se cnta o a alarmente rccessno como nun ca acontecera antes. E em ta is condicccs nno era possfv el atacar obras de vulto . o propr io calcamcnto de ruas centrals tivcra 0 progra "l1a interrompido, par causa do recurso impct rado pelos proprietaries lindeiros que cc nsldcravam a cobra nca da taxa de calcamento inconstitucion al. Dada a nccessidad c do viadu:o, ao tempo do E ngenhciro Art ur Sab6ia, Dlr etor de Obr as, c, por tanto, perfeito conhccedor dos problemas municipals, 0 projeto fci tirade do fundo da gaveta em qu e jazia e tevc cxecucao. Em 193 1 foi testado, para vcrificacao da capacidadc de resistencia. Reccbeu trilhos no centro e passou a ser utllizado pclas linhas de bondcs da linha Vila Marian a- Ponl e Gr ande.

OS ME RCADOS As atas da Camara Mu nicipal elucidam a frequencla com que a legislative paulistano interferia na disciplinacao dos precos c controle de geac ros, pro ibindo a salda para fora das fronteiras, a fim de evitar a conscquente alta . Da ata do dia 16 de maio de 1952 : "q nlngucm tire ca mcs da terra ate 0 sor capitao nao fazer a guerra ne alevnotasen os mat imetos g ha." Mas tal proposta dctenn ina a critica : "q uato as carnes lhes nno paresia ben ivytarse lso porq avia em abundasia p'" tudo." Com 0 correr dos anos e 0 apcrfcicoamento da s culturas, a lntrod ucao de novas tecnic as, ja as limitacoes anteriores a saida de produtos agrcpccua rlos haviam cessado c surgido estimulos economicos pela facilitacao da sua vcnda. Surge cntao mercado perma nente que se localiza na rua pa r mu itos enos conhecida como T ravcssa das Casinhas. E; a atual Rua do T esouro .

o

BAlRRO DA Sf:

93



Ali cxlstlam sete pequenas easas terreas que pertenciam ao municipio. Era eobrado aluguel aos ocupantcs, que cram vendedores de verduras e frutas, quitandas e acouguelros. Referencia d'e 1798 : "as casinhas do Coneelho em que se reeolhem os que vern vender mantimentos a esta cidade." Especifica : "Es tivcram arr endadas a Severino, de 21 anos, filho de Antonio Pinto da Silva, onde se recolheu e vendeu ncste ano de 98 (1798), alcm ao que se vende pclas ruas, milho, feijao, arroz e far inha, eargas de alqueire c mcio, toucinho, tudo vindo das vizinhas de Jund iai, Sao Joao e Juqueri." Tinh am side construidas entre 1770 e 1773. A rua era cstrcita. As casinhas avancarn ate meio da atual Rua do Tesouro . Haviam sido construidas em ter rene par ticular, que foi desapropriado . Era antes ocupado por urn predio com Irente para a Rua do Rosario, tendo quintal ao longo de urn beeo que descmbocava na Rua do Comerclo, atualmente chamada Alvares Penteado. As casinhas do eoncelho fora m demolidas para no local scr construfdo 0 predio em que funcionou 0 Tesouro do Estado, dcpois ocupado pelo Diario Oficial. Antes da demoltcao " as casinhas" scrviram de mercado de verduras. Com a expansao do bairro impuseram-se novas normas para 0 abastecimento. Existia dcsde ha muitos anos no extremo sui 0 mcrcado de Pinheiros. Era uma especic de feira cotidiana. Ali afluiam os prod utos agricolas do Municipio d e Santo Amaro . Mas ficava muito distante. Era urn fim de mundo para 0 tempo. As "sete casinhas" nao atendiam mais. Surgiu entao a Mercado da Ladelra General Carneiro. Ficava no sope da colina hlstor ica. Foi derr ubado logo depois da lnauguracao do Mercado Central, constru ido em area ur banizada pcla Companhia Varzea do Carmo. o espaco amplo que ocupava foi tra nsformado no atual largo ajardinado. Mas existira concomitantemente outro rnercado no local da atual Praca do Correia. Existira primeiro uma ladeira estreita, muito ingreme, ladeada de caseb res. Foi alargada em meados do seculo passado. Do outro lado do Rio Anha ngabau ficava a casa-grande da chacara do Coronel Francisco Inacio de Sousa Oueiros. Mais acima ficava

o

BAIRRO DA 51!.

95


o tanqu e do Zunega c dcstaca va-se a vastidao do Hospital Militar , ao lado do Seminario da Gloria, de que restou a evocacao da Ru a do Seminario. a mercado fora erguido no sope da ladeira com places enormcs de ferro , facilmente ajustavcis. E ra uma especie de edificio pre-moldado, importado da Belgica. Ti nha oito espa<;osas janclas, sendo quatro de cada lade da porta. Uma escadaria the da va acesso, pois as paredes mctdllcas haviam side montadas sab re altos alicerces de alvenarta, de dols metro s de altura. a telhado era formado de grandcs placas. Foi construldo em 1890. Em 1914 ,0 edit Alcantara Machado atacou-o na Cama ra Municipal, denominando -o de "barracao scm estenca, sujo, imundo". Acrcsccntou: "Precisamcs suprlmlr 0 galpao ignobil que ali csta a dois passos do centro, afrontan do a nossa cullura e conspurcando a cidade." Dlscursou no mals candente e florido estilo do tempo. Conseguiu 0 objetivo. a Mcrcadinho de Sao Joao, como era conhccido, foi derrubado. Talvez a expressao fiel scja desmontado, pois era feito de placas ajustavcis e ap arafusadas. No seu lugar surgiu a Praca do Corre io. Ao centro, a colonia italiana, entao no apogeu do seu presnglo, implan tou-Ibe 0 monumento a Verdi , cujas arias rnaviosas eram trautcada s por toda a gente c se cscutavam por todo s os cantos. As bancas de verd uras, frutas e carnes fora m transferidas para urn mercado de emcrgencla, na Rua do Anh angabau, quase por baixo do Viaduto de Santa Efigenia, quc acabara de ser conclufdo.

o

BAIRRO DA SÂŁ EXPERIMENTA E ENSINA

o

bairro da SC constitui urn compendio de cnsinamcntos. Ne le surgiam todos os melhoramcr uos public os. Nelc foram primclro expcrimcntados. E ra j a uma cidad e. Aumentara a popula cao. Tra nsporte nflo afligia ainda . a cavalo e a mula resolvlam 0 problema . Por lsso postura municipal tornara obrigat 6ria a colocacao de argolas a pouco mais de covado da calcada para poderem ser amarradas as monta das. E ra 96

o

BAlR RO DA

S~


preciso resolver a q uestao da dgua. Havia as conhccidas biquinhas. Mas ta l soluc ao era de aldeia. Mats rur al do qu e urbana. Impunha-se o chafanz, como ja era com um no utras vilas e cida des do reino de Portugal e Brasil. Surgem vari as referencias score 0 proble ma de agua e solucoes. o Te ncnte-Coro nel Bernardo Jacinto Gomes cede ao Govem o da Capi tania um a parcela de terreno do seu qu intal, de sua easa na Rua da C ruz Preta, depo is Rua do Principe e ago ra Qu intino Bocaiuva . Note -se a expressao que rcvela 0 esp irito pu blico do tempo : ced e. Desti nava-se a co nstrucao de uma caixa de ague para ali rr enta r 0 cha fariz da Misericordla . A ague proc cdl a do T an que da s Freiras. pertencente ao Rccolhimento de San-a Teresa. Os man anciais mais impor tantes cstavam snu ados no Mor ro do Caguacu c Iormavam os depositos conhecidos como T anques Muni cipal c Santa T eresa, mal protcgldos e por isso famosos pclo elcvad o mlm ero de an imais que neles sc afogava m contaminando as aguas. o chafariz da Misericordia fora construfdc em 179 3, ao tempo do General Bernardo Jose Lorena e custead o po r contribuicao voluntaria do povo. Foi recebido com aplausos menos por tr ad icio nal familia que ha mu ito residia dcfro nte. Devido 0 baru lho des carrcgadores de agua , em sua maioria escravos, e cenas qu e considc rava degrad antes mudou-se pa ra a Rua T abat ingiiera . 0 Iamoso T ebas fora cons tr utor, com pcd ras da regiao de San to Amaro. trazidas de canoa ate ao porto de Tabaunguera. A po pulacao crescia. Era prec ise mais ague. Em l O de julho de 1857 0 engen heiro ingles William Elliot era incumb ido de proceder a canalizacao da agua para os chafarizcs da cidadc. Governava a Provincia 0 Dr. Fr ancisco Diogo Pereira de Vasconcelos. que em face da insuficiencia de agu a adqui riu terrenos onde existiam ma na ncia is. A solu cao a ntiga ja sc tam ara insuficiente para ab astecc r 0 bairro da Se q ue csrava ci rcundado de novos bairros em expa nsao. Surgira

a Co:npanhia Can tarcira. visando 0 a bastecirnento de dgua em normas modcmas, como pro pos em rcunifio memoravel 0 Coronel Proost Rod ovalho, que ia ter 0 scu no me Iuncbre mentc ligado, por m uito s dccenios, a exploraciio do Service Funerario.

o chafa riz do Largo da Misericord ia foi rcmovido em t 886 par a o Largo de San ta Cecilia. 13 pcrdcra 0 aspecto bucolico anterior, o fJAtnnO DA Sf:

97


cercado de arvores de acolhedoras copas, acabou desmanehado na administ rac ao de Antonio da Silva Prado, em 1.째 de julho de 1903. Suas pecas fora m removidas para 0 almoxarifado municipal. Era 0 pon to final das ditlculdad es que se vinham agravando, desre a scculc XV I, quando em 1590 a Camara punta os mocos que tossem encontrados nas fontes pegando alguma mulher, em ata assim rcdigida : "a senrarao q qoalquer pessoa bramco ou negro macho que se achar na fonte ou lavadou ro peguando de moca escrava, ou India , ou bran ca paguara pro lso qulnh cntos rs C 0 mesmo paguara quoalqu er pesoa q for a fontc nao tendo Iii q fazer." Em 1613 vern a dcterminacao de que nenhurn mancebo de quinze anos para cima f6sse as aguadas ou fontes da vila. o E ngenheiro Mario Savelli, em Il istoria do A proveitamento das A guas do R egiao Paulista, comenta : que nao eram numcrosas as "minas" utillzadas. Uma estava atras da casa de Joana Annes, entre a atual Ru a Lfbero Badaro e a Avenida Sao Joao. A outra em lugar nee identifieado fluia para 0 T amanduatcf. Havia a aguada Anha ngobahy e Hiaeuba, vizinha da atual Praca do Correlo. Em 1744, a Camara contrata com Cipria no Funtan , pedreiro, a construcao de urn chafariz na paragem chamada In hangavahu, feito de pedra c cal, capa z de servcntia do pavo , com capacidade de ficar vistosa a fonte. Com doze palrr os, em quadra de chao lajcado, duas plas de boa pedra. E mais com front ispicio de doze palmos em quadra com sua cimalha bern feita. Ficou nos planos. Os religiosos dos conventos da Luz, Sao Francisco, Carma e Recolhimento de Santa Teresa jll. haviam lui mui:o rcsolvido 0 problema do abastecimcnto de seus conventos com aducao propria, aproveltando aguas da bacia do Anhangabau, aduzidas par urn pequeno canal. Ur n rego revesa do de pedra. a mana ncial do Saracura foi usado. Existia m varlas bieas em diversos pontos da cidade. Em 1744 eram adq utridos quatro predios na Ru a Direita, 'junto da Igreja da M iserico rdia, para nelas instalar a Santa Casa. E ra de certo mod o a princfpio do trad iclonal chafariz. Ja a Camara Municipal determinara reparacoes na Hica do Acu, situada na Ladeira de Santa Ifigenia. Mas a agua era de rna qualidade. Freqiientemente apareeiam detr itus e animais mo rtos no rego que conduzia a agua para a Ionte. 98

o nAIRHO DA Sf:


ÂŁ em 1774 que a situacao comeca a melhorar vela consuu cao de cha tarizes. 0 do Ouart cl, suprido pelas aguas do alto An hangabau, 0 Corrcgo das Almas. 0 tanq uc do Sao Francisco c 0 chafariz da Misecordia, a cargo do famoso 'Tebas, que usou pedr as de Santo Amaro, transportad as em cano as ate ac por:o de Tabatlnguera, no Tamanduatei. Ficou dele a descncao. Quatro torneiras. No alto esfera ar.mla r. Em 1858 havia catorze chafa rizes jorra ndo agua . Em 1872 Sao Paulo tern vintc e sets mil almas e precisa de muita agua. 0 Inspetor de Obras ap rescn' a projcto para urn chafariz piramidal no Largo do Palacio, com Ires torneiras e deriv acecs para 0 Largo de Sao Bento, para scte tornciras: Largo de Sao Goncalo , com duas tomciras: e dcrlvacao para os largos de Sao Fr ancisco, Carm o c Rosar io. Urn des principais rrananciais estava no Saracura , aDuente do alto A nhangabau, onde havia urn Iarto bosque que servia de refugio a cscra vos Iugidos. A agua descia ma rgeando 0 ca min ho do Piques c 0 paredao da atual Rua Xavier de Toledo. Com a constituiciio da Companhia Can tarcira rnuda-sc a situacao. Os cngenhclros inglescs J ames Budle ss, Hooper e Daniel Fox, estudam urn plano de abastecimcnto bascado na ca ptacao do Ri beirao Ped ra Branca na Serra da Ca nrareir a. Em 1882 alguns chafarizes recebem agua da li. Mas e rrtnimo 0 interesse em pedir ligacj o domiciliar. A Companhia pede a cooperacao das autoridades. Para cstimular as ligacoes sao demolidos em 1893 os chafa rlzes cnrregucs 007.ÂŁ anos ant es no Carmo e Rosario. Quando foram derrubar 0 ultimo cclodiu veemcnte protc sto que degenerou em revolta. A Pollcla entrou em a<;ao. Mas a Co mpanhia Cantareira ndo servia a contento. 0 rescrvatorio que construfra na Consol acac nao bastava. SO d ispunha de duas ad utoras. Vma estava no Ipiranga com reservatorto na Agua Funda com capacidadc de 3.400 metros cubicos diaries de vazao. E a Canta reira que supria 0 rcscrvatorio da Consolacao. o Govemo avocc u 0 fornccimcnto de agua proc urando aumentar o volume aduzido. Em 1899 era dcmolida a velha caixa da Rua Quintino Bocaiuva. A agua ali depositada mio era potavet. J a fora construfdo novo rescrvatorio na Consolacao para dczenove milh6es de litros.

o

B.4.IR RO D .4.

ss

99


L BN

01

13 17 9 8 1


Em 1906 era m atacadas as ob ras da adutora do Cabucu para quarenta milhoes de lures. Em t 907 entrava em opc racao 0 rcservator lo do Araca. Jorravam as tom ciras do bairro da Se. Para constituicao da Co mpanbia Cantarclra em 1877 havia side Iixado 0 cap ital de mil contos, constituido por cinco mil acees de duzcntos mil-reis cada uma . Dur ante muitos ancs ainda a agua continuou d istribuida em pipas t ransportadas em carros a ca rgo de escravos .

os

BOND ES DE BURR OS

o primeiro sintoma do primeiro e insoplrdvcl impulse de expan路 sao cncontra-se na adocao do primitivo sistema de transporte coletivo. o Bngenhclro Nicolau Rod rigo Franca Leite sabe de novo mctodo adotad o nas grandee mctropolc s. Propoc a sua ad ocno em Sao Paulo. Obteve a conccssao da exploracao do service em 187 1. Trata-se de pcq ucnos vefculos que rodam sabre trilhos e reccbcm a denom lnacao de bondes. A concessao foi transfenda por Franca Leite It Companhia Carris de Ferro de Sao Paulo.

o primciro veiculo da primeira linha entre 0 Largo do Carm o e a Bstacao da LUl rodou no dia 2 de oulubro de 1872. 0 trajeto descnvolvia-se. It falta de viaduto entre 0 Patio do Colegio e a Rua da Boa Vista, peta Rua 15 de Novembro, descendo a Rua F lorencio de Abreu. Teve urn pcriodo de prosperidad e, logo seguido de dificuldades , pois muita genre preferia usar a tilburi, carruagem mais rapida e confortavcl. A Compan hia Ca rris dispunha de 34 carros de passageiros puxados por muares. Foi expandindo suas linhas. 0 Engcnheiro Anhaia Mclo evocou recentcmcntc como era 0 transportc rclativamcntc rapldo c dcsimpcdid o. Seu pai era medico e morava na Avenida Paulista, cntao arborizada com magnolias que floriam e cheiravam muito bern. 0 condutor do bondc, ao chegar a porta do medico, batia, prcvenindo : "Doutor, esta na hora." 0 medico descia a cscada do jardim, entregava-lhc a maleta que 0 condutor deposltava em lugar apropriado,

o

8....IRRO l>A .Sf:

101


no ban co . Dava pa rtida . 0 pcrcurso ate ao centro dernora va mcia he ra. Tudo evoluia rapida mente no fim do seculo. A Lei 304, de 13 de junho de 1897, concedia 0 rransporte coletivo a vciculos traclonados a eletricidad e. A Co mpa nhia Carris nao se conformou, como adiante se vera. Travaram- sc rr.emoraveis brigas. Ate 1907 ai nda roda vam bondes a bur ros ent re a Ponte G rande e o Alto de San tana. HI 0 bairro da Sc conhccia entao urn autent ico sistema metropolita no a ccu a ber to . Eram os bondes cletricos.

PA RT E 0 PR IM EIR O BOND E ELf:T R ICO

o dia 7 de maio de 1900 serve de ma rco a evolucao da Ca pita l c constitui uma referend a domin ante oa vida do bairro da Se. Naq ucle dia partiu do La rgo de Sao Bento 0 primeiro bonde clet rlco. Ia chcio de bande iras como navio tr iunfalmente empavesado. Na dlr ccao, 50 lone, pousando pa ra a poster idade, 0 Vlce-Diretor de Obras P ubllcas Eugenio G uilhcn , tendo ao lado, na plataforma descobcrra, Alipio Borba , chcfe do rrafego da Light. E pa ra diri gir de fato , 0 rnotorneiro n.v 3. Estavam prese ntes os Consclhciros Rodrigues Alves e Domingos de Morais, Prcsidente c v lcc-Prcsidcntc do Bsta do, respcctivamentc. E Anto nio da Silva Prado, Prefeito da Ca pital. Esse bond e estava repleto de depu tados e vcrcadores. E havia mais scls completa ndo 0 cortejo inaugural para conduzirc m as pcssoas cmtncntes da epoca. Era urn dia claro de outono. De sol clare, qu e brilha na fotografia cntao tirada, rcvelando gua rda- sois abertos. Qu inze bondes foram pos'os em service, com as mesrr.as ca racterlsncas, nove ba ncos, 45 assento s, dois motorcs GE, t ipo 58, de 37 H P. A primcira linha destinava-se a scr vtr a Barra Funda. Na Ala meda Limei ra fora const rufda a Ca sa des Ca rros, par a guardar os novas veiculos. A viagem inaugural dos sels bon dcs foi urn succsso. Passaram entre aclamacoes. Terminada a viagcm os vefculos continuara m rodando ate a noite, posto s a disposic ao do povo pela Companhia, graciosamente, para propa ganda do novo sistema. 102

o

BAIRRO DA Sf,


No dia 13 de maio era inaugurada a linha do Born Retire e a 17 de junho a de Vila Buarque. Er a a consagra cao da eletrici dade que despontava, 0 co meco da sua adocao em crescente escala . Ja existia 0 tra nsporte de bo ndes puxados por burros. Para 0 tempo hav iam constituldo urn exito que logo malogrou . Tr ansporte lento. qu e irr:undiciava a ruas de cxcrementos des rnuares. Em 1896, 0 Co menda dor An tonio A ugusto de Sousa, gerente da Companhia vecao Pa ulista, au seja, des bondes de burros , tivera a sua e-encso chamada pa ra 0 bonde eletrico acaba do de apa reccr nos Bstados Unid os e nas grandcs ca piraia do Vclho Mundo. Deduziu logo a sua import ancla e anteviu 0 fim dos veiculos de tracao animal. Arnerico de Campos, tendo ido ern missao oficial ao Ca nada, conhcceu ali Fr ancisco Anton io Gualeo, capi tao da Marinha Italiana, que entcndia de assun tos de cletricidade . Vieram juntos para Sao Paulo, associara m-sc ao Co mendador A ntonio Augusto de Sousa para rcqu crerem a concessao do service de bond cs clc tricos. Cham a-se privilcgio de service . Conscguiram-no da C arrara Municipal. Mas nao dis punham do capital necessdno. 0 projet o inicial era para uma Iinha da Penh a ao centro . Aq uele bairro estava em expansao . 0 Br as, ja uma colmeia prolet dria era uma garantia de passagctros em meio do iraje to. A dificuldade de ca pital fc i resolvida no Canada, onde sere ca pitalistas subscreveram as acoe, da T he Sao Paulo Railway Light and Power Co., no total de seis milhOcs de dclares. Sousa e G ualeo tr ansIcriram 0 seu privilegio a nova empress por escrltura lavrada em 28 de setembro de 1899 . Ja em meados desse ana Iora iniciado assenta mento dos trilh os da linha Penha, a parti r da Ru a Vinte e Ci nco de Marco, ond e cntao ficava 0 Mercado q ue ali funcionou ate ao fim da dccada de 20. Ma s a Co mpanh ia Vtacao Paulista reagia protestando em J uizo. Con scguiu embargo de s trabalhos na Pr imeir a v ara. A Light logo obtc vc ganho de causa, 0 qu e motivou violenta oposic ao por pa rte da Cornpanhia ViaC;50 Paulista, qu e utilizou seus cmprcgados em ataques dccla rados. Ao rnesmo tempo que pedia e obtinha mandad o de pnsao contra a supcrlnte ndcntc da Light, R. C. Brown, c 0 Engcnheiro-Chcfe Hartwell, 0 que os ad vogado s da empresa canadcnse conseguiram sustar.

o

HAIRRO f)A Sf:

103


Em face dcssas d jficuldad cs inespcradas a Iinhn de bondes cletricos para a Pcnha nao podc ser inaugurada como cstava programada para 1900 . S6 iria ss-lo a 2 de janeiro de 190 1. Mas acontcceu coisa mais impon ante : 0 bonde cletrico justifieou a construcao da primeira usina hidrcletr ica de grande capacldadc do continente, que ia ser 0 ponte de partida para a lnstalacao de novas usinas e propiciar a rapida industnaliza clio. v elo dirigir as trabalhos jovem engenhciro eha mado Cooper, que iria, anos depois, or ientar a construcao das maiores hidrcletricas nortc-arncrlcanas e mals tarde as imensas usinas russas do Dicper. Assim naseeu a legenda "Sao Paulo, a maior centro industrial da Am erica Lati na" . Os cscrltorlos da Light foram instalados na Rua XV de Novembro. A inauguracao da primeira linha de bonde cletnca foi aeontecimcnto de tama nha rcpercussao que urn cstabelccimento hoteleiro anuncia va: "Hotel Joachim - Hoiel l nauguruciio dos Bondes eietricos - Rua de Silo l oiio, 61 - Estacao Mercadinho - Menu especial". Onde comccava a Rua Sao Joao fora feito grande aterro . 0 R io An hangabau fora mctido debaixo da terra . Surgiu urn mercado, feito de placas de ferro fund ido. Uma firma bclga fomccia esse ma terial com que Ioi montada a cstacao de Bananal. grande cent ro produtor de cafe no ultimo quar tel do seculo passado. Cham avam-lhc Mercadinho de Sao Joao. Dcsaparcceu no final da dccada de lO, deixando espaco para a Praca do Correio. Urn ou tro mereado surgiu na Rua Anhangaba u, proximo do" alicerccs do Viaduto de Santa Efigenia. Iria desaparccer antes de 1930.

UM SISTEMA DE METROPOLl TAN O T odo 0 bairro da S6 foi servldo, a partir de 1901, de urn verdadeiro sistema de metropolitano a sol aberto, pcla conjugacao de urn perfeito sistema viario a supcrficie. Circulavam os bondes pelas ruas 10'

o

BAIRRO D A

se


centrals . 0 cha mado " T ria ngulo", Iorma do pelas Ruas XV de Novembro. Sao Bento e Direita, dava entao escoamcnto faeil ao trafcgo. Na decade de 20, 0 "T riangulo", as dczesscte horas. era 0 po nto de convcrgencia da elega ncia paulista na . Desfilavam as clegantes pelas calc adas. Os jovcns rices da epoca exibiam os uhim os tipos de automc veis. J a no fim da decade, a Guar da-Civil, primorosamc nte organizad a pelo seu diretor Pereir a Lima, tornara-sc orgulho de Sao Pa ulo. Na Praca Patriarca gue rdas -cive a cavalo dirigiam 0 tran sito com alt iva impo nencia . Pelas ru as cent rais ronronavam bondcs oferccendo lugares vagos para viajar scntado. 0 bonde da linha Ponte Grande dcsfilava pela Ru a Libcro Bada r6, a rticula ndo os La rgos de Sao Bento. Sao Fra ncisco, Joao Mendes e da Polvora. Havia urn bon de famoso. Apar ccia inopinadam c nte, oterccendo tr anspo rte para todos os reca ntos do cent ro e redondczas do bairro da S6. Era 0 T amandar c. l' ussava por todos os lar gos e ladcir as tradicio nais do velho bu rgo, subia urn trecho da Ru a da Libcrdadc, f1cxionava esqucrda. ta ngenciava a Acllmacao, varava 0 G tlcerlo, entrava no Parque D. Pedro, conto rnava 0 Mercad o Centra l, ondc dcixava e recebia passage iros . Devidc as suas exccpcionai s Ira nqulas usava as linhas de outros bondcs para voltar ao centro, que at ravessava triu nfalmente. As linh as de Higjenopolis ligavam 0 Largo da se ao Largo do Arouc hc. Muita gente demandava a Praca da Republica utilizava os bondes dessas linhas. Continuava a passage m a du zentos rels. Nos d ias de chuva ou de sol forte poucos se at reviam a atravessar 0 Viaduto do C ha oHavia os bondes que faziam 0 pcrcurso do T ri:ingulo e tinham ponto de parada prox imo do Palacete Prates, ondc cstava instalada a Prefeitu ra, com suas pri ncipais reparticoes. As atu ais secreta ries cra m divisoes c depa rtamem os.

a

Entfic, como os bondcs eram t requentcs c neles havia inva riavelme nte lugar, m uita genic cntrava no primeiro cletnco qu e passa va. o conduto r prcvcnia : "Otha a d ireita", quando havia plngcntes, na maier pa rte da s vezes mais pa ra gozarem a frcsc ura do ar da man hii ou ta rde do que por falta de luger. E assim transp unha 0 V iadu to do CM. Os qu e iam senta dos reparava m distraidamentc nos avlsos-lcmas : "Cortcsia obriga a cortesia'', "Prevenir acidentes c dever de todos" . Ou relia 0 celebre anuncio :

o

BAIRRO DA Sf:

,os


"Esta vcndo 0 cava fbeiro, o bela ripe Iaceir o qu e esta sen-ado a seu lade? No enta nt o acredite quase mor reu de bronquitc salvou-o 0 rum creoso'ado". Dependurado no balaustr c 0 cond utor ia cobrando as passagens. Em 1927 a Light j a previra a necessidade de mclhorar 0 sistema . Chamou Iamoso tecnico canadcnse, 0 Engcnhciro Norman Wilson. El e e1aborou urn projeto de metr opolitano com linhas varandc a colina cen tral. Aprovcita va as possibilidades topograflcas c delas tirava 0 maximo provcito. 0 projeto foi aprescntado c discutido na Camara Municipal. A empresa executava as obras por sua conta. Ao cabo de trinta anos transferia todas as linhas e material rodante para 0 Municipio. Pedia como compcnsacao 0 aurrento das passagens, que era de 200 reis . para 300 rcis, nas linhas que varavam a colina central. D uzcntos reis continuaria 0 preco na s demais linhas. Com esse aum ento nas passagens pretcndfa cobrl r 0 capi:a l investido, mais os respectivos juros. Naqucles tempos havia con fuse nocao sa bre services publicos, privilegios, monopolies. A Sao Paulo Railway cons:ituia urn mau cxempto. Go vemava Sao Paulo, na ocaslao, 0 Engcnheiro Pires do R io. Ele tinha vcteldadcs de ser clcito Prcsidente do Estado. Entao para ganhar popularidade e evidencia detcnninou opos lcao ao projeto por causa do aumento das passagens e encomendava aos urba nlstas Ulhoa Cin tra c Prestos Maia 0 Ia moso projeto das avenid as, qu e iria comccar a scr executado so dez anos depots .

o projeto do Metro politano nao conscguiu aprovacao. 0 plano das avenidas obteve gra nde exito e a primcira classiflcacao num concurso do Institu te de Enge nharia do Rio de J aneiro . Com ele ficou ern evide ncla 0 Engenhciro Prestes Ma ia. Quando em 1938 0 Sr. Ademar de Barros foi nomeado inter ventor, indagou de seu amigo, Engcnhclro G uilherme Winter, quem Ihe sugeria pa ra Prefeito. Elc lhc respondeu: T ern ai urn engenhciro qu e obteve 0 pnmciro premia do I nstitute de Engcnharia do Rio com urn projeto de avenida s em Sao Paulo. 106

o

B.-\.IRRO D .-\.

st.


Q uem e? Chama-se Prestes Maia. 1:: Iuncio nado da Secretarla de v lacao, sou titular. Traga-o aqui. a Engenheiro Guilherm e Winter levou 0 Engenh eiro Prestos Maia que nessa mesrna ta rde foi nomeado . I a saiu do Palacio des Cam pos Eliseos como Prefcito da Cap ital. Naquela mesma noire combinava com seu velhc amigo e colaborador Ulhoa Ci nrra a exec ucao do P lano da s Avcnidas, qu e havia m est uda do juntos, a comcca r pela A vcnida C ircular .

de que -

o Prefeito P ires do Rio nada pudera Iazer. Fora destit uido pcla revot ucao de 1930. Os estudos do mct ropolita no de Nor man Wilson aca baram sendo otcrccidos ao Institute Historico . Continham mtnuciosas perspectivas de s prcdios das ruas por on dc as Iinha s lam passur. No subsclo evidcnrcme nt c, po is era j u urn subway. Assim se perd eu a possibilidade de a nicufacao de tod as as pracas do bairro da Se po r sistema via rio rapldo, cuja ncccsstdade se foi evidenciando e se torn ou progressive c pungcnrc nus decadas pes teriores a 19 30 . A I LUMI NA<;:A O

"Faea-se a luz". E a Luz foi Ieira . No ba irro da Se, h:i muitos sec ulos. Progrediu lent amente. No comeco toch as ca rregadas pelos escravos ou lanternas. Algumas delas de furta-fogo, uma her anca dos co nrurbados dias mcdievais. Consistia numa placa corredi ca que oculta. va 0 fogo no caso de perigo. As atas da Cama ra Municipal sao iluminada s por fugazes clarocs do sistema usado. Nos [ins do s fculo X VII cram lumin a ries encaixadas em locais prcprlos das fachadas. Ob rigatorlos po r ocaslao de Iesta s religiosas emao mu ito Ireque ntes. Ou para Iestejar acontecimcntos Importan tcs. desd c nascimcnro na casa rcal ou no sobradiio de urn goveman te menor. E ram usados tigd inhas de oleo ou sebo com urn pavlo fixado de algod ao no fundo. Em 1829 0 G overno da P rovincia, instalado no Patio do Colegio, punha a dispos i~:io da Cama ra Municipa l vinte e quatro lam piocs j:i colocados nas vias publicas e mais algun s que cstavam scndo const ruidos no T rem

o

B..\IRRO DA Sf;

101



Nac ional. Ficava este junto a atual Rua A nita Garibaldi, em rua chamada Atras do Ouart el . 0 trem era 0 con junto behco da guamicao de Sao Paulo. Vma especie de arsenal, com 0 apa rclba mento r ecessano. Mas a falta de recursos do cnirio municipal era gran de, pa ra ag tlentar e ncargos de Humlnacao. E cnq ua nto a Ca ma ra nao conseguia rcndim cnto es pecial para a iluminaciio da s ru as, urn fiscal foi incumbido de cntra r em contacto com as moradores mais prospcros para deles conseguir prom ~ sa do encargo de mantcrem acesos os lam pioes. Entao surgiram no centro do ba irro da 56, que e ra por sua vez 0 cent ro da clda de, cinco lam pioes enormcs. cuja luz baca resutt ava da chama de urn pavlo alimentado com oleo de mamona ou de peix e. Os donos das casas encarregavam- se de alimcntar de combustfvel os lampioes e de acende -los quando descia a noire. Service geralmente confiado aos cscravo s da s casas prospcras. E vern a dcscricito desses lampioes, urn ta nto exagerada, caricatura l: "e norme geri ngonca de ferro, pregada na parcde de uma esquina, estendcndo po r cima da rua urn longo brace, em cuja ponte estava pcndurado urn larnpiao". 0 termo ma is adeq uado scria "e nforcado", pcla semcthanca bambol eante. Mas hoje urn lampiao des ses, com uma lampada eletrica dcmro, seria urn requinre mais apreciado em rica mansao pa ulista. Em 1830 0 predio da Cadeia Pu blica osrenrava qu atro desses lamplccs, nos scus qu atro ca ntos . Eram aceso s todas as no.tes, rnenos quando fazia luar. Usavam azeite de peix c, recebido de Santo s, em lom bo de burro. As atas municipals de 1835 e 1836 rcgistram que 0 assunto de ilurninacao cont inuava em detalhc. Em 1840, 0 Governo da Provincia intervem paternalm ente . D eterm ina a instalaca o de cen to e urn la mploes de quatro Iuzes, 0 qu e signiticava urn recip ien tc de qu atro faces envidracadas. Mas nem scmpre a luz agradava, a porta, mesmo de grac e. Alegavam da nos. Na Rua de Sao Jose cclod iu protesro vecmcntc, justificad o pcla fuligcm rcsulta nte da furnace. Dcssa ma neira era Ircq uentc a mudanca. Em 184 2 era inslituido urn service regular.

Em 1847 era finnado contrato com A fonso Milfiet , que "tinha uma Iabrica de gas hidrogenio", pa ra a instalacao de 160 Iampioes.

o

B.4.IRRO D.4.

S~

'09


Condlcao: "a luz devia ser mantida a noite toda, menos nas horas em que a lua esrivcsse apareccndo". Em 1860 as ruas de todo 0 atual bairro da Se estavam iluminadas. Duzentos lampioe s ao redo. varies delcs "de feitura mais elegantc". Eram colocados no alto de past es de ferro. Lei orcame ntaria para 1861 /1862 au tori zou 0 Gov emo a conIratar com Cam ilo Bourrou1 a ilumin aci lo publica da capital "pelo modo mais co nvenlente, de co ntor mldad e com as propostas aprcsenta da "pe lo dito Bourroul - Lei n.o 88 5, de 3 de agosto de 1861" . Em 1863 e co nrratada por vinte e cinco an os a iluminacao publica e particular com Jose Dutton e Francisco Jaques Alvim. Apa recem colunas e candela bros nas rua s. Duzentos e dezessete lamploes a qu erosene, sendo q uatro no interior do Palacio, doze no interior da Cadeia e vinte c dois na Co rreic ao. A clausula 3 1 do contr ato determinava : " A iluminacao das rua s a queroscne sera accsa meia hora antes da entrad a da lua, mcia hera depois da entrada do sol, c apa gada mcia hora ao ama nhecer." A clausula 32 fixa va : " Em nolt es de temporal a iluminac ao a querosene sera de menor intensidade que de ordin ario.' o bairrc da Se serv ia de teste a ilurninacdc da metropol e mod erna em ernbr iac dentro da sua area. Mas em 1872 a pareceu novo e moderno melhoramento - 0 gas. H a cid ade, qu e era afinal 0 bairro da S6 COOl algumas excrecenc ias promissoras, contava cerca de vi nte e cinco mil almas. Havia 0 co ntrato vigentc de iluminacao . Novo contrato se impunha . Lavrado de maneira que motivou depois mu itas co ntrovcrsia s. A Ilumin acao a gas pa ssou a iluminar as ruas ce ntra is, e em seguida os novos bai rros que despo n-avam.

Em 1870 Ioi constitujda a Com panhi a de Gas. Chegou de Londres o Enge nheiro W . Ramsay pa ra d irigir a montagem da s instalacoes.

Em 1872 noticiava 0 antigo Diorio de Silo Paulo, que logo dcsaparcccu : "A concorrencia do povo nao obstante 0 mau tempo foi imensa . E o s empresdrio s nao se poupavam em dar explicacoes e mostra r tudo aquclcs cxpcctadorcs. "Foi iluminado com esplendo r 0 Palacio do Go vemo e a Ca tedral." Q uinhentos c cinqilcnta lampioes foram logo instalados. 0 gasometro Ioi instalado na antiga Chacara do Ferrao 110

o

B.4.IRRO IH . SE:


Mas no comeco do seculo surgia, vt'oriosa, a clctricidade. A lfmpada eletrica mio trazia ape nas a men sagcm dos novos tempo s, mas ta mbe m a solucao par a a iluminacao das ruas. Apareceu tr iunfalmente na Rua Bardo de Ita petininga e nas ruas do T riang ulo. A Sao Paulo Tramway Light and Power Co. Ltd. finnou coruratos com comercia ntes intcressados. No comeco por meio de H mpa das de area. Em 19 10 eram iluminadas co m luz eletrica as escadarlas do T eatro Munici pal. A Hmpada eletrica gan bava ra pidamentc ter rene, apesar das restricoes resultant es do conirata com a Sao Paulo G as Co.• embora subsidierla do mesmo grupo da Ligh t.

Essas restricocs iriam pcrdurar. Em 19 11 havia 8.706 cornbustorcs a gas e 780 lampada s elctricas, pa rte de arco, part e incandescentes. Em 19 15 0 numcro de combust ores tinha creseido . Passara 9.396 , em 19 16 somavam 9.60 5. as Iocos cletr tcos sc mentc 92 I.

3

Em 1927 terminava 0 co nt r ato ant erior e a 23 de outub ro de 1929, assinado novo co nt ra to com 0 G ovemo do Estado, atraves da Sccretana de v iacao, com vigencia at e 2 1 de dczembro de 1960 . Surgiram entao os lam pioes ornamentals da Rua Libero Bada rc , da Pra ca da Se, do Largo de Sao Francisco. Com tres lanternas decorativas. Em cotunas que pa reciam de bronze. Nas ruas mais estreitas , como Benjamin Cons ta nt, Quintina Bocaiuva, Scnador Fcija , uma coluna com uma lantern a ro. Nas ruas rr ais estreitas como Alvares Pcnteado e Travessa do Comerclo urn grande foco central, pendente de fios seguros na s Iachadas. Era a comecc da reforma de iluminacao. Com a transfcrencia da cob ra nca do impast o predial do Estado pa ra a Prcfcitura 0 contrato da iluminacao passou para 0 Muni cipio. Tendo tcrminado em 21 de dezcmbro de 1960 impos-sc novo corur ato co m reformulacao co mplcta. N ao mais service por co ma da cmpresa conccssionaria . . Totalmente a cargo do Municipio, desdc a instalacao de novas lurnirui rias ao consun:o medido. A ntes era por Ioco e por ana. Passou a ser cobrado por mes c conformc 0 con sumo de qu ilowatt s.

o

B.4. IR RO DA SF:

II I


A TRA NSFORM Af;:AO

A grande transformacao da cidade de Sao Pau lo, que passou a mod erna metrop ole, comeco u na decade de 20 e no bairro da Se . T ern como exprcssao 0 "Martinelli". No local onde sc crgue ja cxistira urn prcdio majcstoso para 0 tempo e que fora tarnb fm n:otivo de orgulho. Co mo succdcu com 0 Hotel Bsplanada, com a inaugura~ao marcada para 0 diu l,? de marco de 1933, quando rnorreu Rui Barbosa. A cozinha nflo esta va concluida . 0 falcclmcntc do grande jurista servlu de justificativa pa ra 0 ad iameat o da abert ura daq uelc hotel, que sc propunha colocar Sao Paulo no mcsmo nivel de hospedana J us ma is famosas cap itals. o G rande Hotel, na travcssa a que dell nome, at ual Miguel Co uto, ja era considerado ultrapassado, bern como 0 famoso Hotel do Oeste, qu e con tinuou sendo, por muito s anos, dcvldo a sua mesa farta, preferido pela gen-e rica do inter ior que nuo saia do Brasil e par isso nao sofrera 0 impacto do "R itz", de Paris. o Hotel T ermin us, na mesma ocaslao, d isputaria a clientele de mats alto nivel. Nele reservara aposcntos em carater permanente a Engcnheiro Pires do R io, Prefeito de Sao Paulo.

o Prcdio Martinelli surgiu como urn desafio, com seus 25 andares e 100 metros de altu ra, quando se denominavam arra nha-ceus as predios de 8 e 10 andarcs das Ruas Lfbcro Badaro e Boa Vista. A iniciativa coubc a Jose Ma rtinelli, cmp reiteiro bern sucedldo nas construcocs e que os cngcnbciros considerava m apenas urn born mcstrc-dc-obras. Nne podia, por isso, mctcr-se a construlr scm cngenbciro rcsponsavcl. Conseguiu for mar uma firma sal ida, de que part iclpava engenheiro habilitado . Chamo u-sc A mara l & Simoes. Aprovada a planta dell inicio a obra. Mas na ccasiiio cram prccarios os con hccime ntos do subsolo . Ao serem abcr tas as fundacoes surgiu urn rio subtcrraneo, que descia do alto da Praca Antonio Prado. A solucn o tornou -se dificil e cara. A firma que fora constitufda abriu Ialencia . Surgiu, entao, muita duvida sob rc 0 empreendimento . E ra a primeira vez que se co nstru la no mundo urn prcdio de tais dlmensoes em concreto. E xistlam ou tros mais altos, mas de estr utura de ace. as defensores do concreto sairam a lica e 0 emprce ndimento conscg uiu recursos. 0 112

o

IJAIBHO l)A

se


scu custo estava ca lculado em cinqilenta mil centes. Acabou tcrmina do cm 1928. Se dcmora urn ano mais teria ficado abando nado, pois eclodiu a crise do cafe, que derru bou urna porcao de firmas considcrada s solidissimas e deixou pobre muito rmhoneno. A obra prosseguiu sob a direcao do Eugenbciro ltalo Martinelli, sobrinho do rico construtor . Na primeira Circu nscricao de Im6veis, no ana de 1913, figura o rcgistro das propricdades antigas e entao adquiridas para dcrrubar c no local ser constr uido 0 predio que se tornou, por muitos anos , o sfmbc lo do esplcndor de Sao Paulo. Figuram no livre 3-A - A quadra tinha como proprietarto 0 Caplta o Jose Inacio da Rocha Varnek e outros. Entre os "outros" D. Regina Cabral da Rocha e Vicente Aurelio da Costa Ca bral. o Marti nelli abriu novas conccpcoes em altura e uso do concreto. Dcbelada a crisc cafccira 0 Banco do Estado, que Iunclonava num prcdio retanvamcntc modesto da Rua XV de Novcmbro, decidiu construir urn predio que seria 0 mais alto da cida dc e cm ponte dominante. o local e 0 que hoje ocupa . Mas iria logo no inicio torna r-se noticia sensaclonal. Uma das esracas das fundacoe s cede u na fase de provas. Contratara a obra a firma do Engenhe iro Plinio Botelho do Ama ral, que dcixou de merecer contianca, sendo a cxccucao da planta entreguc a firma Camargo & Mesquita. Aconteceu, entao. urn episodic desconhecido do grande publico. A diretoria do Banco do Estado decidiu construi r no tope a te rre atual. Era entao prefeito 0 Engcnheiro Prestes Maia. Como zeleva pelo aspecto da cidade, niio con fiou a mngucm o seu proposito. Urn enta rdcccr chamou 0 Engenheiro Lauro Girardelli, chefe do Depa rtam ento de Cadastro, e saiu para verificar pessoalm cnte se a te rre a ser acrescentada ficava exatamcnte no clxo da Avenida Sao J050, no alto de 32 andares, 161 metros acima do nivel da Praca An tonio Prado.

Expllcou, cntno, que Banco do Brasil ia construir urn novo edificio, na csquina da Avcnida Sao Joao com a Rua Libero Hadaro. Dcveria ter a mcsma altura do Martinelli. E dcssa maneira os tres cdiffcios fonn ariam um conjunto urbanistico simctrlco. Martinelli de urn lado, Banco do Brasil do outro e ao fundo 0 prcd io do Banco do Estado, mais alto, como fecho har monioso.

o

8 AIRI{O D A Sf:

113


Acont eceu, porem, que a planta do Ban co do Brasil, ap rovada com a mesma altura do predio Martinelli, que bro u as regras. Quando ja era prefeito 0 Engenheiro Armando Arru da Pereira, o Sccrctarlo de Obras, Engcnheiro Dario Bueno, notou que a construcao do pred io destinado ao Banco do Brasil j{l estava ultra passando o edificio Martinelli. Dctcrmlnou 0 embargo des dots ultimos andarcs. Alegaram os constr utores que 0 n umcro de pavimentos era 0 da planta. Mas verificaram os cngenheiros municipals que houvcra aumento do pe d ireito de cada pavimento, do que rcsu ltou maior altura ao cabo da obra. Hou ve intcrvcn ca o polnica. Pressao federal. A Pr efcitura acabou levantando 0 embargo. Antes, ja hou vera interr upcao do service, dcvido a urn incendio no madeiramc. Ardcram os andaimcs e 0 revestimcnto extem o de scgu ranca . As chamas sopradas por vente forte aproximavam-sc terrivelmente do Pr edio Martinelli, qu e sofrcu da nos de menta. Bstouraram as vidraca s. As parcdes soltaram a revcstimen:o. E no arcabouco do edificio em obra s foi preciso rcfazer varies colunas e andares por nfio oferecerem seguranca. Os tecnicos do IPT recolheram material pa ra cxperlenclas. E de acordo com os scus laudos prosseguiram as obras a cargo do Engenhciro Mario Dorsa. A planta viera do Rio de Ja neiro, de autor ia do Arquiteto Viana, cujos prcstimos foram contratados pela dirccao do Banco do Brasil. Esses percalcos e as ad cquad as solucocs puserarn em evldencia a cvolucao tccnica da artc de contruir . Por cssa ocasifio acontecera o caso do cdificio da Companhia Paulista de Seguros, na Rua Lfbero Badaro, 148. Qu ando arcabo uco de concreto chego u a Iase final foi constat ada grande inclinacao. Era q uase uma nova versao da terre de Pisa. Dado 0 alarma foram adotad as provldenclas considerad as qua se tcmerarius. Conslstlam no congelamento do solo. Conseguida a rigidez necessaria, proccdcram a profunda escavacao na qu al asscnta ram solldas sapatas de concreto, como preconizara 0 Engenheiro Oscar Machado, dirctor de Obras da Secretarla da Vlacao, alcgando qu e 0 sistema de estacas, embora Iossc pa r multos preconizado , pa r detcrm inar gra nde rOOuo:; 110 no custo das fund acocs, nao oferecia uma garantia total, a semelhanca do provado sistema de sapatas, como era 0 casu do Ma rtinelli. 114

o

BAInRO DA SF:


Construtdas as sapatas a grande profundidade no solo congclado e, co nscq uentemcnte, duro como se fora roch a, passa ram a usar macacos hid niulicos para reconduzir as paredes ao prumo, proccsso muito . lenro, de rnilimetros pa r dia. Urn de s macacos dc rcrmina ra a etevacso de urn centimetre, causand o 0 aparecimen:o de Iissu ras. Corrigida a lacun a, as ob ras de aprumo prossegulram c hoje 0 predio Rua Libe ro Badaro, n,v 148, ndo aprcsenta mals qualqucr vestigia da pen gosa inclinacac inicla l.

a

MUTAC;OES

o ultimo logradouro a sofrer gra ndes mutacoes foi a Praca da Reccbeu na Administracao A rruda Pereira a sua fcil;30 atual eomplctada pclo mon umcnto a A nchieta, oferccido a cidade pet e grupo do Banco Lar Brasileiro, po r ocaslao des comcmoracoes do IV Ccntenario. f: de autoria do esc ultor H citor Usai. LUIS Barone e autor do monumento a Nobrega, na Praca Clovis Bevilaqua, menumenta que tern uma longa e co r uraditoria historla. Surgira a discussao sobre qual 0 fundador de Sao Paulo : Nobrega ou Anchieta. E surgiram artigos a favor e cont ra num a linguagcm candente sobre 0 monumento a N6brega, a jesufta portugues . Anchieta era canarino. Co nscq uenternente, estavarn em jogo os brios lusitanos e reacen dia a vclha dispua entre Portugal e Espanha.

Se.

A berta conccrrencia ganhou 0 primeiro lugar 0 eseultor Caetano Fraearolli. A conccpcao era gra ndiosa. Co nsistia num co njunto de figures. de cinco metros de altura . dispostos no alto da praca defronte da eatcdral e de tal maneira que a po pulac ao participava do monumento scmpre que por ali passava . Fixado 0 prcco de exec ucac, 0 escu ltor iniciou os trabalhos. Mas a inflal;3o dete rminou alta des precos de materiais e mao-d c-obra. 0 artista n30 se impresslonou . Deixou 0 tempo passar e pediu reajustamento. T al necessidade nac Ioi compreendida pelos integrantcs da comissao organizadora do monumente. Acharam 0 ped ido descabldo, alcga ndo que infringia cla usula contratual. 0 escultor negou-se a executar a obra alegando prejuizo. A comissao achou desaforo e dccidiu con .ra'ar 0 escultor classitlca do em segundo luga r, qu e j a fizcra rr onu mcn to a Ancfueta.

o

B.\.IRRO D :\.

S~

1I5


Dcssa maneira 0 monumenro gra ndiose de Fracarolli ficou no projct c. E qua ndo cbcgou a ocaslao de insta lar 0 segundo. 0 Prefeito Mala, que muit o aprcclava 0 gra ndiose me men to, recusou-sc a ceder o alto da Praca da SC. Co ncordo u em que fossc montad o na vastidao da Praca Clovis Bcvilaqua. Antes da tra nsformacso da Pr aca da S6 0 ultimo lar go que reeebeu nova fei<;ao foi 0 Lar go de Sao Bento. Entrara no seculo XX com 0 scu as pecto a ntigo, ladeado de cons trucoes ata rraca das , na maior ia resid enciais . A o ce ntro, urn ja rdim com urn belo chafariz em que a agua ca ntarolava numa abu nda ncia qu e se ia tomar escassa e hoje pareccria despcrd icio. Em volta . cstacionava m tflburis e la ndaus, 3 espcra de passageiros em prcssa, gcrat mcnte para percursos curtos na concepcao de distancia de nossos dias de motonzacao cresce ntc. Com a dcmollcac do velho Co nvento de Sao Bent o, ou rro predio surgiu no local. Em 190 3 recebeu novo trara mcnto c nova feiryiio que. em 191 3, foi completado com 0 novo Viadu to de Santa Efigenia. Era prcfcito o Barao de Dupra t, "s imples industrial e come rciante que tinha como orie ntado r 0 a rqulteto frances A . Bo uvard". Da ta dessa epoca a tra nsformacao da Prac a da Se, que exlgiu a demolicao da Igreja de Sao Pedro de Pedra, construida em 1740, e a supressao de varias ruelas vizinhas, entre as quais a Ru a Espera nce e Vid a des Mosquitos, onde se con centra ra 0 mcretrlcio. Como a novo convento, surg iu, em 1903, a Colegi o de Sao Bent o, oficializado em 1905, dada a alta qualidade do cnsino. Comccar a com e xtemato cxcluslva mcntc. Foram scus alunos Prcstes Maia, Afonso Tau nay, Gui lherrne de Almeida, Lucas No gueira Ga rcez, Godotredo da Silva T elos. Cassie Vidigal, e ntre outros dcstacados valeres teenicos. A Praca da Republica, ant igo Largo ou Campo dos Curros, dcpois Lar go 7 de Abr il, ganhou a denomin acao com a proclam acao da Repdblica e nova dimensao com a consrrucao da Escola Normal ern 1894, pela firma Ramos de Azevedo. cntao a prcferida pelo Governo, pela serieda dc. "Cur ro" significava 0 compa rtimento em que ficavam os touros, a ntes de enlrarem na arena, porqu c entao ali sc rcalizavam touradas, diversao supr imida com 0 adve nto do regime rcpublica no. Tou radas evocam requintes monar quicos. Multo se falava da s tou rada s reais. 116

o

B:\IRRO 1>.4..

S~


T inha ao cen tro urn chafariz, como era da tradlcao e ia ress urglr com a dcn ominacao de fontcs lumlnosas. Por influencia de Pari s foi arborizada com platanos que nao provaram bern em Silo Paulo. Ataeados par toda a sorte de pragas, desa bavam de subito sabre os veiculos que estacionavam junto. Varies fo ram os casos, fclizmcnte, sem tragedies. As vftimas era m os auto movcis que haviarn buscad o a sombra de suas

copas. Na ad minisrracao Prestes Maia, com a aber tura da Avenlda Ipira nga, sofreu a mpu tacao de lar ga faixa . Pretendia aquelc prefcito cor te[a ao melo, dando prossc gulmento it Aveni da Vieira de Ca rvalho . Nao levou avante 0 pro jeto dev ido ao veementc prot cs:o de s mor adorcs das vizinh ancas, qu e invoca ram a necessidadc de urn logradouro tranqiiilo para as cr iancas dos apartamentos vizinhos. Teri a ficado uma especie de novo 0 La rgo Joao Mendes, transformado em pistas da nova Avenida Circular. Fora tambem urn largo sereno , com coreto ao cent ro, usa do pa ra as rc'retas de qui ntas e domingos a cargo da Bandas do s Bom beiros. A Igreja de Nossa Senhora dos Remedios, construida em 1727 , Ihc servia de limite num lado. Do outro, a ed ificio do Co ngress o, con heeido como Palacio da Assc mbleia , e qu e acolhe ra an tes a Ca deia e a Camara Municipal. Num canto, a Igreja de Sao Go ncalo Garcia , nascida de uma capcla que, em 1763, se dest aca no noncnirlo porquc Nicclau Alves da Fonseca, an tigo portciro da Camara e con hecido pela alcun hu de "Carranca''. realizava obras Iazcndo aliccrces pa ra a mcio da rua, "sendo intimado a parar com tais dcsma ndos, sob pena de scis mil-rcis de multa c trinta dias de cadcia''. Em 1766, surge out ra refcr encla clara nas Atas da Ca ma ra, determinando qu e se flzcsse "0 caminho do Pira nga ale 0 alto de Silo G oncalo G arcia," que era 0 fim do bairro da Sc e da cida dc de cntfio. Nove de dezcmbro de 1787. Os camaristas inaugura m a sua no va casa " no patio da Igreja de Sao Goncalo Garcia" . Dois anos depois C posta em concorrencia "a calcada de ped ra da rua que va i de Sao G oncato G arcia a descer para 0 Largo da SC. " Tudo correra bem pa ra o temple e para 0 local em 20 de outubro de 1756, provlsao do segundo blspo de Sao Paulo, Frci Anton io da Mad re de Deus Galvao. Concede Hccnca par a erguer a capel a. A construcao comcca em 1757. No altarmor foi e ntro nizada a imagcm de Sao Goncalo qu e estava na Igre]a de Santo Anton io.

o

HAIRRO DA Sf:

II i


Em 1858 ruia uma parte do temple. a governo prov incial, ncsscs tempo s de aeendrada fe, eonsiderou de interesse pu blico a reconstrul;ao, contribuindo com urn conto de rcis, qu antia de clevado pod er aquisitivo pa ra a epoca. Em 1878, a Baroncsa Silva Carn eiro conccdia substanclal ajuda permitindo a construcao do frontisplcio e para angariar os recursos necessar ies it completa rcstauracao eram instituidas tr es loterias em 1880 e 188 1. Em 1892 , 0 Professor Joao Mendes e 0 Padre Cesar De Angclis promoviam uma subscnc ao entre os ficis. Rendeu trinta ce ntes. Foram aplicados na conclusao das obras. Deu ainda pa ra comprar o al.ar- mor do Santuario de Nossa Senhora da Aparecida de Gu aratingucta, tra zido pa ra 0 templo que ressurgira. Dc certo modo, na pon ta da antiga R ua de Sao Goncalo. agora Qu intino Bocaiu va, crguia-se majestoso prcdio. Fora construfdo em 1873. Nele tunctonou 0 Tcsou ro do Estad o, a C amara M unicipal e 0 Forum. Iria desaparecer na decade de 30, depois de ler acolhido 0 Tribunal de Justica, enq uanto nao era term inado 0 etua l Palacio da J ustice. Legou 0 seu nome a Rua do Tcsouro e ao largo do mesmo nome. Fazia frente para a Rua do T esouro e lateralmente estendia-se sobre a R ua XV de Novcmbro. 13 na ocasiao govem ava a cidadc 0 Engcnhciro Jose Pires do Rio, que assumiu a Prefeitura em fevereiro de 1926. Fora ministro do Govem o de Epitaclo Pcssoa. E confirmado prcfeito pclo periodo de tres anos, em 30 de outubro de 1928. Nao tcrminou seu govemo devido a revolucilo de outubro de 19 30 . Con tratara com a Companhia Mecanica Importadora a pavimentacao da cldad e. Foi entflo que a a R ua Direita reeebeu calca mcnto de novo tipo com revestimento de asfalto natural, rna-erial entao recehido na Ifha de T rindade e qu e se caracterizava pcla grande duracao .

o

PERCURSO DOS BONDES NO CE NT RO

Uma fotografia de urn dia cnsolarado de 1920 mostr a 0 Largo de Sao Bento com urna porcao de taxis enfileirados, a cspera de passageiros eventuais e, por via de regra , entao dificcis. 118

o

BAIHHO DA Sf:


Scls linhas duplas de bo ndes se entrecruzam, sendo que duas dao volta ao largo. Uma delas prosscgue e afunda na cstreiteza crepuscular da Rua de Sao Bento.

o miolo do ba irro da SC era cruzado por uma porcao de linhas sobrepostas. Urn anexo do ot kio L 1.334 / 5.61 5 elucida a importancia do scrvlco e a frequencia dos velculos. Nas cinq ucnta linhas extstentes, com 297.492 metros de extensso rodavarn 5 14 bondes e 36 reboques, scndo que a quasc totalidade passav a pelas rua s centrals ou a clas tlnha acesso. Dos largos de Sao Bento e do T csou ro parti am bondes par a 0 Bras, Penha, Pari. 0 refcrido ancxo ao oticio L-I .334, inforrna: "Os bondes da Vila Po mpela trafegam regularmente dura nte tooo 0 dia pela cidadc e seu itincrano no centro e 0 seguinte : entr am pete Viaduto do Cha, seguem pclas ruas Lfbero Budaro, Jose Bonifacio, Dircita, XV de No vembro, Joao Brfcola, Boa Vista, Largo de Sao Bento, Ru a Ltbcro, Viaduto do Ch5. e itinerarie s. Algumas vezcs estes carros sobem a Avenida Sao Joao em lugar de voltar pclo Viaduto . A linha da Casa Verde tern parte de seus car ros dcsviadas pcla cidade C outra parte da a voila no Largo de Sao Bento, fazendo ai 0 seu po nte final." A maioria dos bondes Iazia 0 seguintc h inerario : Viaduto de Santa Efigenia, ru as Libe ro Badarc . Jose Bon ifacio, Dircita, XV de Novembro, 1030 Brfcola , Boa Vista, Largo de Sao Bento, v taduto de Santa Efigenia. " Estes carros entrarn com 0 letreiro "Cida de" e durante o sell percurso os condutores mudam a extensao . Essa mudanca 6 Iei:a entre 0 Largo de Sao Ben:o e Largo da Se, "Os bo ndes da linha I abaquara fazem pon to no La rgo da S6 e em certas horas alguns carros sao desviados para a R ua XV de Novembrc , ruas Boa Vista, Libera Badaro, Largo Sao Bento, ruas Libero Badaro, Jose Bonifacio, Direita, Largo da S6 e itineraries. Este fato 6 rnuito comum nas horas de grande movimento no Largo da 56, 0 qu e coincide com 0 congesno namenta do transite da cidadc. Ou tros carros da linha Jabaquara, pro vindos da Rua da Liberdade, dcsccm 0 Largo da SC, ruas XV de Novembro, Joao Brfcola , Boa Vista, Florencio de Ab reu, Estacfio da Luz, Florencio de Ab reu, La rgo da Se c itineraries. Estes carros sao bern frcqtlentes d uran te 0 dia e aumcntam nas horas de grande movirncnto."

o

8 .UR RO D..... Sf.

119


Essa informacao foi dada como resposta a oficio do cngcnheiro m unicipal Nesto r M. Ayrosa, chefe de dl visao, solkitando qu e os bondcs da linha Pompeia tr afegassem "pela Ru a Libera Badaro, na linha situada no lado direito de quem desce da Praca do Patr iarca [sic] para a Avenid a Sao Joao." Foi solicitada tam bem , nos termos das dispo sicocs de No n." 1.069, a suspensao do tr afego de bondes extraordi nar ios des Iinhas co:n po ntes de pa rtida da Praca da Se c Lar go de Sao Bento, por aumenta rem 0 congcstlonamento do trafego, que se vinha agravando de uno para ano. Ouanto ao tipo des bondes cra m asslm dcfinidos : ca rros a berto ... de nove buncos. scm vestibulo, 185 ; carros abe rtos de nove bancos com vestibule, 66 ; carros ab ertos de onze bancos com vestibule, 23; ca rros a bertos de treze ba ncos com la nternim c com vestibu la , 7; carros a bcrtos de trezc buncos scm la nternim, 9 7; carros Iechudos, lot com 5 I assentos. Os carros a bcr tos de nove buncos tinham 45 lugar cs. Os de onzc bancos. 55 luga res; os de rrczc bancos, 65 lugar cs. Sornavam IS, de 42 luga res. Os carros reboq ues va riava m de capa cidade, havendo at e de quinze ba ncos e 75 lugares; de dez bancos e 50 lugarcs.

A DlV ER 5AO

o prim eiro tea tro qu e existiu foi 0 do Patio do Colegio. A Casa Opera, com as represcntacoes inicialmen:e a cargo de estuda ntes de Direito . Havia tambem urn salao terr co na pa rte do ed ifieio ocupado pelo Palacio do G overno em que sc real izavam representacoes cera conhecido como Tea trinho. Pcrdu rou ale 1860. a Teatro Sao Jose surgiu depois, em 1864. Oc upav a 0 terreno onde at ualme nte ficarn os fundo s da Catedral. Foi casa de espetaculos fa mosa. Resultou da opulencia do ca fe. 0 gosto requintado pclas a rtcs. a par do crescentc Iascfnio de Pa ris. La reprcsent ou a pr imeira companhia d ram atica pa ulista, subsidia da pelo Govem o do Estado . U I rcp rcscntou a famosa artiste Eugenia Cam ara, por quem sc a pai xonou Castro Alves. F arnosos cspcta culos ali se realiza ra m e delcs ficou duradou ra fama . Em 1898 urn sinistro cla rao alvorocou a cidade. Era 0 12.

o

IU .l RRO D :\ Sf:


T eatro sao Jose qu e ardia. E nas chamas sc consumiram as mais bclas rradicocs culturais, as mais gloriosas cvocacoes estudantls. Muita gente cho rou de saudoso pesar. Foram chamas que ajudaram a resolver a edificacao da Catedral. Rcscrvou-lhe 0 local. Noutro ponte do ba irro, para as lades do antigo Acu , surgiam novas sol ucoes. Na ladcira, agora chamada de Sao Jcao, apareccu 0 "B ijou Salao", tendo ao lade 0 " Bijou T eatro''. 0 pr lmclro passava filmes no inicio da dccada de 10. E ram explorados par Francisco Serrado r, primeiro cmprcsa rlo do cinema em Sao Paulo e Iun dador da gra nde cade ia de cinema s que ain da ma ntem 0 scu nome. An tes fun cionara nos pavilhoes do Ca ssino Paulista. Rua Boa Vista ab riu 0 pr imitive Teatro Santa na. Nele fun cion ou o primeira cinema de Sao Paulo. 0 T eatro Politeama Ioi dcpois Ireq ucntad fssimo cinema. Ali rcprcsenrara m com panhl as de rename internacional, como a de Sara Bernard, Zaconi, Pcrtini e Pepa Ru iz. Diziam que a acustica era magnifica. Ja Sao Paulo tinha nova mentalidade, pois quando , em 1690, cogitaram de instalar uma Casa de Opera, a opostc ao foi vecmentc. a s vcrcadorcs opinaram que era "coisa prejudicial a Republica e grande ofensa a Deus. E ainda prejudicial a co nscrvacno da cidade". Q uiros eram as tempos e a mentalidade. o segundo cinema funcionou na Ru a X V de No vembro. Era 0 Iris. A diversao eontinuava conccntrada no ba irro da S6. A projecao dos filmes era feita em tela molhada para maior nitidez da imagcm. As cadeiras de palhinha no chamado estilo austrfaco. As fachadas prof usame nte iluminadas . Vma ea mpa nhia retin ia agudamente a porta para alrair a atencao des transcuntcs, antes de comcca r a scssao. Urn cartaz do Bijou Salao anu nciava em 191 2 : 0 Misterio da Ponte de No tre Dam e. Ma is acima, 0 Politcama, Iamoso.

OS T EAT ROS A madrugada de 15 de novcmbro de 1898 foi marcada por dramatico lncendio. Aqu ele clarao vermclho nao era da aurora qu e despontava, mas de uma gloria que morria. Qu ando 0 sol surgiu 0 Tcatr o Sao Jose dcixara de existir . Mas sua gloria fora tamanha qu e logo

o

BAIIUHl DA

sr.

121


urn grupo de paulistanos de boa vontade e eultura se congrcgou e surgiu novo Teatro Sao Jose ao lade do Viaduto do Ch a. com Irente par a a Rua Xavier de Toledo, ondc atua lmente se ergue 0 predio da Ligth. Pol urn pcriodo glodoso para 0 bairro da Se. Nos seus palcos

represcntaram glories intem acionais cujo renomc ainda perdu ra. Duse, Coq uclin, Novelli, Schelchi. Ao alvorecer 0 secuto XX urn movimento eclodi u pa ra construc ao de urn teatro municipal para espctac ulos Jfricos e espeta culos de alia eultu ra a semelhaoca da Opera de Paris e das grandes ca pitais, e da s mais culta s cidad es europeias como Milao, com scu famoso "Scala" . Nao tendo a Prcfeitura grande recetta. 0 G overno do Estado tomou a si a Incu mbencia e hon ra da construcao do novo teat ro cujos trabal hos comccaram em 190 3 e terminar am em 1911. 0 projcto, de autoria do arq uiteto italiano Domicia no Rossi, construcao do cscnt crio Ramos de Azevedo . 0 preco foi de 4.500 contos de reis. Na noite de I I dc setcmbro de 19 11 rcalizou -sc a Inauguracao. Constituiu 0 maior acontccirn ento do ano. Viera a Companhia de Tutta-R uffo intcgrada por nouivcis cantores. Entre outros os tenorcs Bonci c An giolo Pintucci. As sopranos Adeline Agostinelli. Lina Vitale, Aida Gonzaga, dirct or da orquestra Edoardo Vitale. Coreografo, v mcenzo Dell'A gostino. Como baritone o chete da tournee, T iUa-Ruffo. A peca escolhida: Hamiel, de A mbroise Thomas, compos itor frances emao multo a pla udido. 0 pa pcl de O felia eoube a Maria Pcreto. 0 ba ixo Ludiskar intcrpret ou 0 papel de rei e Flora Peri ni, celebre contralto, como rainha.

o Teatro Municipal ficoo lorado. Nao se via lugar vez io desde a plat eia as gateri as. Imenso 0 entusiasmo e maior ainda 0 bril ho e 0 luxo. "0 faiseamcnto das pedrarias de alto preco no colo das damas, os be los rostos, os ar ustlcos pcntcados, cram postos em relevo pclos Iocos de lUI, numa movimcntacao lumlnosa, fort e e encantadora . Foi urna verdadeira testa do nosso progrcsso, de nossa cultura artlstica, uma festa paulista , uma fcsta da cidade," publicava ( m l0 , no dia seguinte .

o

0

Corr eira Paulis-

Diorio Popular comentava :

"A lnauguracao do novo tcatro cons ubsta ncia uma vclha von tadc qu e, por diferentes homcns dc passagem pelos podercs municipal e cstadual, vern scndo corporificada. A neohum deles se dcvem regatear 122

() BAIR RO D.' Sf:


louvores pelo co ncurso que presraram it ideia. at e qu e ela se tran sformou em no tavel reahzacao." Todos conco rda vam qu e fora uma gra nde e inesq ueclvcl Iesta. Dc pois de Ham iel , a Companhia levo u a cena T ristao e Isolda, Monon Lescaut e La Boheme. o preco era 300 mil-rels por duas polt ron as para cinco rcclras. Na mesma ocasiao, no novo Te at ro Sao Jose, dct ront e do Mu nicipal, anunciava com empolgados d izcres a chegada de famosa Compan hia de Operetas em transite pcla Am erica do Sui, inic.ando a remporada com A Vitiva A legre, com Ana Maner)' e Erne G ravini. E cnquanto era espe rada a Com panhia de Opercta s, que rcgressava de Buenos Aires, no palco do T eatro Sao Jose 0 notabilissimo violinista Fr an z von Vccsy da va uma sene de conce rtos aplaudidissimos. No T cat ro Politcama, na rnesma ocaslao, Palmira Bastes rcprcscntava a pcca A Honeca. No Tcatro Santa na co n.in uava em ca rtaz, c com casas chelas, a op era comica de Mcssagcr chamada Veronica. 0 tr ibuno Alexand re Braga. rcccm-chegado de Portugal, rce llzava conferencias em que abordava regime republ icano recem-Implamedo no seu pa is.

Houve out ros teat ros. 0 Cassino An tanica, no centro da at ual Avenida Prestes Maia . vizjnho as Iundacoes do Viaduto de Santa Etige nia. Fo i desap ropriado no inlcio da decada de 40 pa ra eXCCUl;aO da nova arteria denom inada prcvisoriamcnte de Avcnida An hnngabau Superio r. Er a casu de cspetac ulos usada pclas co:n panhias tea'rai s de revistas e comedies , 0 chamado teatro Iigeiro. Ali rcprcsentou em 1928 a Companhia de Margarida Max. entao no apogeu de sua carreira.

Teatro A polo, onde Na Rua D. Jose de Barr os funciona va Raul Rou lien, como ator e ca ntor. mormcnte de ta ngos, cntao muitc em moda, fazia succsso no pcriodo de 1928- 1929.

Ja na Ru a 24 de Maio

Teatro Sant ana era alugado pclas com panhias tea trai s, que chegavarn a Sao Paulo integradas por elencos Iamosos. Entao cram comuns as Iemosas compa nhias po rtuguesas. Amelia Rei Colaco ali rcalizo u um a ser ie de pecas farnosas entre as qua is Topase, entao muito comentada. Era a coqueluche da

o

BAIRRO D.... SF:

0

123


epoca. Amelia Rei Cclaco trazia no seu elenco at orcs de muito rcnome como Samuel Di nis. Outra lamesa artista, Lucilia Simoes, representou com sua companhia intcgrada pclos maior cs val6res cenicos portugueses do tem po . E com casas rcplctas 0 nosso Iarnoso Leopoldo Freis. Havia tambfm 0 T ea tro Boa Vista, usado por co mpanhias de alto gaba rito. Ficava na csquina da Ru a Boa Vista com a Ladeira POrto Gcral. Nas decades de 10 c 20 0 teatro encontrava grande numcro de aprccia dores e por via de regra muito exigcntes. 0 gosro pelo tca tro co meco u a dcclinar com 0 a perfetcoarn ento do cinema, mormcnt e do cinema sonoro. Pa ulo de Oliveira Ca stro Cerqucira, em sua obra Um Secuio (Ie Opera, relat a com pormenores a vida tea tral de Sao Paulo conccntrada no ba irro da SC. 0 glorio so Siio Jose, ina ugurado a 4 de julho de 1864, em sua primcira cxiste ncta ate qu e 0 fogo 0 consumiu desde os aliccrccs, rca flzo u 45 3 reprcscntacocs, tendo levado il cena 58 op eras, ent re clas, com gra nde exltc . Cava/aria R usticana, de Mascagni, co mpleme nrada da prlmc ira vez pelo primeiro a'o do Boccaccio c das outras vezcs cnccnada com /I Pagliassi, de Leon Cavallo. Dcpols do ince ndio foi constr uido 0 n6vo Teat ro Siio J ose, inaugurado em 28 de dezem bro de 1909 , ond e hoje sc crgue 0 pr edlc da Light. Com 0 incendio do T eat ro Pollteama em 19 14, passou a ser usadc o Teatro Santana , que foi ina ugurado em 6 de maio de 1900 , num casa rao da Ru a Boa V ista , e usado para a tcmporada lirica de 1901 . Devin a sua cxistencia a urn hornem rico c cutto: Ant onio Alva res Pentcado. H ouve urn segundo T eal ro Santana , Ru a 24 de Maio, inaugurado a 25 de abrtl de 192 1.

a

I nforrna 0 cscrtror J . F. Almeida Prado que as companhia s fran ccsas de comed ic da vam preferencia ao Sa nta na, opinando que nac existia em Par is nada que se the comparassc no genera. Em born gesto e confOrto. Resultara, dcssa vez, da associacao da fortuna c cullura dos irmfios Armand o c Silvio Pcrueado. Era urna casa de cspctac ulos provida de aquecimc nto central, 0 que rcprcscntava cxccpcional rcqu into pa ra 0 tem po. Foi demolido em 1960 par a, em seu lugar , scr erguido urn a rra nha-ceu de gra nde renda , dcvldo ao excele ntc ponto. 124

o

BAIRRO DA S ~


Silvio Pentcado promctcu construir urn novo c mais modcrno Santana, ao que 0 Prefeito Prcstcs Maia objctou ser uma grande promessa mas incxcquivcl por ter passado 0 tempo dos grandes tcatros particulates.

OS CINE MAS Os cinemas comecaram a proliferar depo is de 1910. Um dos pn mciros foi 0 Bijou, explorado por Francisco Serrador. A denomlnacao era 0 fascinio da epoca por tude que vinha da Franca . E 0 Aris na Rua XV de Novembro. Na decade de 20, quando 0 cinema passou a dtvcrsao popular de Iato. funcionavam no centro divcrsas casas de projccao. 0 Triangulo na Rua XV de Novcmbro, com sesszes contfnuas a partir do meio-dia. o Sao Bento, na Rua de Sao Bento, ondc hoje sc cncontra a Casa Paiva, q ue comccou num sobradao da csquina da Rua XV de Novcmbro com 0 Largo do Tesouro. o Alhambra na Rua Direita, proximo a Praca Patriarca. Era internamentc dccorado com arabescos lembrando 0 interior de uma mesq uite. o Rccreio na csquina da Rua Riachuclc , proximo ao Largo Joao Mendes. o Santa Helena na Praca da se, 0 mais luxuoso de todos, entao. Em 1927 realizava vcsperais com 0 uso compuls6rio do smoking. Exibia filmes escolhidos. Os melbores que Hollywood produzia, considerados superproducces. o Republica, em 1928, estava ern evidencia com a projecao do filmc Ben-llur, tendo como protagonista Ramon Navarro. Terminado 0 Predio Martinelli, hoje Edificio America, com entrada pela Rua de Sao Bento, era inaugurado 0 Cine Rosario, que durante urn lustre tcve a melhor Ircquencla paulistana

o

TR IANGU LO

Sao Bento, XV de Novcmbro, Dircita. As tres ruas Iormavam de fato a figura geomctrica de urn trirm路 gulo. DOli Ihes adveio a denominacao de Triangulo.

o

BAIRRO DA Sf.

125



Nclas se havia conce ntrado 0 comercio mais fino c as agencie s c scdes dos malo rcs Bancos. Foi assim varies dccsntos, mormcnte na dccada de 20 , com cafes e casas de cha com orquestras. 0 cafe era scrvido sa bre mesas de rnarmo rc, scm prcssa, amaveis garcocs. As 5 horas da tarde convcrgtam as "mclindrosas'' c "a lmofadinhas". Na entrada do Joma l (If) Comercio, na Rua Di relta, reuniam-se o ~ intclcctuals jovens do tempo para vcrem as elegantcs dcsfilar. Co:npareciam os autornovcis do s ultimos modclos. A "B aratin ha" tinhn ali consagracao. Os bondes passavam tilintan do, pcdi ndo passagcm. Gcn:c enr ra va c saia no Hotel T riangulo, com cn 'rada pela Run Direita. A Casa Alom a. com seus "c has das cinco", torna ra-se ponto obrigat6rio de convergencia e de enco ntros da gente chiq ue. 0 salac ficava no ultimo andar . 0 service era pnmoroso. Os garco cs Impccavcis c majcstosos. A Cas a Aloma gozava, alias, de tamanha fama que 0 Pr incip e de G ales, mais tarde Ed uar do V II , em visita a Am erica do Sui, procurou visitar cspontancamcntc 0 celebre cstabclccime nto. La cstevc nu ma manh f de outu bro de 1933. Percorreu tcd a a Ca se Aloma, pais sua viagem tinha por finalidadc conhcccr a situaca o do comerclo de Inglatcrra no exterior e scus conco rre ntes. E aquelc era o maior concorrcnte do celebre Mappi n Stores, outro estabc lecimento Iamoso que vcndia artigos de fina qualidade em sua maioria de proccdencia inglesa. A nualmente, seu gerentc ia a Inglaterr a Iaze r compra s. En tre os artigos adquiridos cntao, vinharn os celebres "C heviots" do ar tcsanatc escoces.

o Triangulo era imensa vitrina do que mc1hor possula a capital paulista c concentrado no miolo do bairro da Se. T inha uma imcnsa populacao flutuante e transitcria. R cquint ada , qu e fazia pon to e marcava cnconro nos se us estabelccimcntos maravilhosos para urn maravilhoso mundo Ieminino. OS MONUMEN TOS Scmpre foi pobre em monumcntos . Talv cz porqu c a cscult ura surge como a ultima das artes a tcr cultores. Os dois monumcntos cxistcntcs por rnuitos anos foram 0 de Jose Bonifacio, 0 Moco, r.o Largo de Sao Francisco, c 0 de F cij6, no Largo da Llb erdadc. 0 primeiro enco ntra-sc

o

HAlRRO DA SF.

127


dcnt ro des Arcades. Para hi. Ioi mudado em conscquencia da rcmodel a~ao da pcqu cna pra ca por mo tives viar ios e tfio logo Ioi terminado 0 novo predio, com projeto c exccucao confi ado ao cscri rort o Ramos de Azevedo. depois Severo & Vilares. As obras terminaram em 19 38. A escultura de Feijo foi removida para 0 deposito da Divisfic de Parqucs e l ardins quando tivcram inicio os trabalhos do rnctropolitano. Como 0 mats famoso e apreci ado continuou sendo no bai rro da Se 0 m onu mento aos fundadorcs da cidade. Ho uve depoi s a A nchicra, da Praca da Se, otena da s o rganizacoes SuI America e Lar Brasilciro, de autoria do escultor italiano Heitor Usai, radicado no Brasil dcsde 1929 ; e 0 de Nob rega, na Praca Clovis, oferta da Colonia Portuguese de Sao Paulo, e de autoria do escultor Luis Marone. Datam de 1954 , quando Sao Paulo comcmorou seus quatro sec utos. Na Praca Jcao Mendes cxistiu a herma daquelc ju risconsulto ao centro do jardim, por varias decades. Foi dali mudada por ocasiao da reforma da praca na prirneira Adminlstracac Prcstes Maia. Era e autoria de William Zadig. E como resultassc grande espaco livre ali instalou a Prcfeitura 0 monurr: ento ao pequeno jornalciro, que cntao era urna nota alcgrc do cotidiano da cidadc e acabou com a instalacao de bancas de jornai s, tornado negocio prospero. Ap rescnta-sc junt o com 0 peque no engraxate. c utra figura inconlu ndfvcl de Sao Paulo da dec-ada de 30, de antes da lcglslacao social. De au torla do escultor Ricar do Cipicchia, tern como tnul o -Contando a Feria". No Patio do Colegio, desde 192 5, ergue-se 0 monu mento aos fundadores da cidadc, noutra pagina ja cirado.

o

" MARCO ZERO"

Nao e 0 mais bclo, mas apresenta-se como 0 mais fun cional dos monu rncntos paulistanos e pcculiarmen tc da Praca da SC. Ali foi mais implanta do do que crigido no diu 18 de scternbro de 19 34 . E ra prcfcito 0 Sr. Fab io da Silva Prado. rcprcscntava 0 marco das d istancias oficialmente medidas, reatando a trad lceo secular que contava as leguas a pa rtir da por ta da Igreja da SC. La cstava 0 umb igo do marco da mcia legua.

.'"

o

BAIR RO D.\.

S~


Dcpois as d istancias pas~aram a scr afcridas confusamcnte. Para o Rio de Janeiro 0 ponto de referend a Iicava na Penha. Para Santos, no Sacoma . Para Golas, no Largo Padre Pericles, nas Pcrd izcs. Pa ra Minas, rumo da atua l Femiio Dlas, na Ponte Grande. Para 0 Parana c Mato Grosso, no Largo de Pinheiros. Em 192 1, 0 Sr. Amenco R. Neto iniciou campan ha prcconizando uniformizacgo. Urn ponto unico c central para todas as rota s. Mas so trczc anos depois conseguia ver realizado 0 objetivo. Na elaboracao do Marco tcvc a coopcracao ar tfstica do pintor Jean Gabriel Villin. E urn pns ma hexagonal, de marmore, implantado numa plataforma com dois degraus de granito. No tope havia uma placa de bronze, oferecida a Prefcitura pcla seccno paulista do Touring Clubc do Brasil, em que estavam gravados os itineraries principals para os que buscavam as rotas do mar, Parana, R io de Janeiro, Goias, Minas e Mato Grosso.

Trss mescs dcpois a placa foi roubada. E dessa forma 0 marco ficou mutilado. 0 marco esta orientado de forma que cada angulo marca a direcao da rodovia tronco que da acesso ao Estado dcmandedo , simbolicamcnte rcprcsentada. Parana, uma araucaria. Santos, um navic . R io de Janeiro, 0 Pao de Acucer. Minas, material de mincracao, entre eles uma lanterna. Golas, uma bateia. Malo Grosso, auibutos da s band elras. A exemplo de Sao Paulo, outros Bstados passaram a adotar em suas ca pitais 0 " Marco Zero."

o m ILlO Agora csta no Largo de Sao Francisco, pela vontade dos cstudan tes. Tem uma tonga e dramatica hist6ria. Em 1920, 0 cscultor sueco Willian Zadig, professor do Liccu de Artcs c Offcios, casado com formosa moca paullsta da familia Capote Valente, reccbcu encornenda do Centro Academico XI de Agosto, para cscutplr um conjunto dcstinado ao monumcnto a Bilac, a ser erguido no fim da Avenida Paulista. Aceitou a incumbencia e procurou dar-lhc 0 melhor desempcnho. Ao alto, 0 busto do poeta. De urn lado ficava urn grupo de bandeirantes cxprcssando Fcrnao Dias Pais e paso DAm n o DA Sf:

129


slvelrncnte seu genre Borba Galo, alusdo ao pocma que eontava a cpopeia do "Govemado r das Esmeraldas." Em 1936 a Prefeitura desfez 0 conjunto em face das cnucas ao monumento e impccilhos ao translto. Diziam que lhe Ialtava inspirada cxecucao. A mao de Bilac, recitando, mais parecia um caranguejo saindo da manga. o grupo de bandeirantes foi eolocado na entrada do Ginasio Fernao Dias, em Ptnheiros, no local em que 0 Prof. Alfredo Gomes informa e afirma ler sido a scde do sttlo do Capac. que pertenceu ao famoso bandeirante, semeador de cidades no deserto. o busto de Bilac Ioi parar no Centro do Parque Bresser. o outro conjunto, de bronze, conhecido como l difio, inspirado no celebre 0 Beiio, de Rodin, passou a tcr uma histon e atn bulada. Estava esquecido no " Mancquinho Lopes". Mal o Sr. Janio Quadros assumiu a Prcfcitura, vlsltou 0 horto municipal. Viu 0 l dilio. Determinou ao chefe de Parques e Jardins: "Artur, coloquc este bronze no Largo do Cambuci. Morel no bairro e por isso conhcco 0 seu esquccimcnto por parte da Prefeitura. Vamos rcpard-lo." o Sr. Artur Etzel logo eumpriu a ordem. Mas dias dcpois, urn pai que Iora busear a filha no grupo escolar vizinho rcparou na estatua e promoveu um movimento de protesto. Imoral - disscram na representacao. Logo 0 prefeito determinou que 0 bronze voltasse ao deposito. Ali Iicou ate que na administracao Faria Lima Ioi eolocado na entrada do tunel da Avenida Nove de Julho. 0 edit Ant onio Sampaio passou por la. reparou no busto, lcmbrando-se no easo do Largo do Cambuci e soltou discurso na Edilidade. Entao, os cstudantcs de Direito resolveram intervir. Compareccram de madrugada com urn caminhac , carregararn a escultura para 0 Largo de Sao Francisco, onde permanece. Invocaram seus direitos, pois na ( u n d i~ao no monumento a Bilac entrara o "cob re" do Centro XI de Agosto. Na ocasiao urn delegado indagou do prefeito se queria a dcvclucao. Faria Lima respondeu para dcixar Iicar. Crier brigas para que?

as

JORNAIS

Todos os jomai s paulistanos, vivos a u mortos, ou ainda agonizanies, nasceram, prosperaram e morreram no bairro da Se. Tinham 130

o

BAIRRO D ..\ SF.;


nas sua ruas redacao c oficina. a vcnerando Diorio Popular com ccou com oficinas e redacao a Rua da I mper at riz, atual X V de Novcmbro e por muitos dccsnlos funcion ou na Rua Jo fio Brfcola, em solido sobrado de tres and arcs, 0 ultimo delcs ocupa do por muitos enos pcla fam ilia do Iund ador Jose Maria L isboa. a prcdio foi aquirido pelas orga nlzacocs Novo Mund o e no seu conju nto incorporad o. D efront e, por muitos e mu itos ano s estevc 0 Correio Pautistano , a c uja rcdacao pcr tenccram, na fase aur ca, os cscrhorcs Afon so d'E . Taun ay, PHnio Salgado , Menott i Del Picchia, Casstano R icardo, Mota Filho, Genolin o A mado, Hermes Lim a. o Jam al do Comercio tinh a a redacao na Ru a Dir cita , proximo da Praca do Pat riarca. A. porta de entrada cstacionava 0 jomalista ama zon ense Paulo de Medeiros, com epsilon e palheta cobrindo -Ihe a calva luzidia. Na R ua XV de Novembro, no seu pcrfodo de esplcndor , teve redacao a [ornal A Ptateta, quasc defro ntc do Ca fe Gu arani, que servia a rubiacea s6bre mesas de marm orc com pes de bronze e cadclras de asscnto c encosto de couro Iavrado. Ao cntardccer uma orq uestr a tomava assento numa cspecic de core de cape la e at acava as muslcas em voga, com prcdomin ancia de tangos, em plene succsso na decade de 20 . o Estado de S. Paulo teve por muitos anos a rcda cao em predio demolido, com frcnte para a Praca An tonio Prado, ondc se ergue hoje 0 cdficio do City Bank. Dcpols passou para a Rua da Boa Vista, csquina da Ladcira Porto Gera!. Dali desccu para a zona do Mercado, dond e saiu para as atua is lnstala coes da Ru a Martins Font es, entrada pelo Viaduto Nove de J ulho.

o Diorio da Noite nasc eu num prcdio da Ru a de Sao Bento, no quart eirao entre a R ua Dr. Miguel-Couto e a Pr aca do Patr iarca, onde sc ma nteve ate 1927, ano em que mudou para 0 prcdio conheeido como Rotisserie, na esquina da Ladeira Dr. Falcao, com entrada pelo antigo Viadu to do CM. Foi nesse pr edio que nasccu 0 Diorio de Silo Paulo, em 1929 . No mesmo prcdlo, na ocasiao, nu ma cspecic de cave, tunclon ou, com grande mo vimento, a Cidade de Miinchen, cer vejaria Iamosa, com orquestra alcrna. pred io foi adquirido pcla s Indastria s Matar azzo, os Quando dai s jornals mudaram a oficina comum c rcdacocs para a Rua Sete

o aamno DA Sf:

131


de Abril, ond e ocupa ra m 0 predio de oit o andares, que ia scr de molid o anos depots. Em seu luga r surgiu 0 atual arra nha -ceu des Assoclados. As FollJQS da Manlrii e F{'[lra da Tarde tiver a m a redacao, po r varies dccenios, na Ru a do Ca row. no trecho agora de nominado Roberto Simonsen. Ali sc instalou 0 primeiro dir etor Ped ro Cunha que, em 193 0. vendcu as jornais, qu e era m de sua propriedade, ao Iazendeiro Otaviano Alves de Lima. Quando este. por sua vel, negociou as "Folhas", aco nreceu a muda nca da redacao e ofieinas pa ra 0 bai rrc dos Cam pos Eliseos, Primeiro para a Alam eda Cleveland. Dali par a a Alam eda Barao de Limeira. o Diorio N acionot. que rcve grande clrculacao (1 928-1932 ) , comecou na Rua Benjamin Constant, passou pa ra 0 sobrado antigo da fam ilia Mendes de A lmeida . na Praca Jose Mendes, onde aeabo u ap6s 0 malogro da rcvolucno de 1932, da qual fOra porta-voz. Por isso morre u com cia.

o

PR IMEIRO CEM ITER IO

o comeco do ba irro da Libcrdade integra a freguesia da Se. C onstituia 0 complc mcnro sui do bairro, a comecer pclo Lar go do Pelourinho, onde principiava a Rua do Cemiterio, tambcm Cam inho do Mar, depots Ru a da Gloria, por dar acesso a Ch acar a da Gloria, onde foi instalada uma colonia de imigra ntes. o primeiro cemlteno civil paulistan o, por que a ntes os mortos c ram enterrados nas igreja s. nos seus adros, foi ali instalado. Fazia frente para 0 Largo de Sao Paul o. depois Praca Almeida J unior . Passava-lhe ao lado a Rua des Estuda ntes. Ali ficava a Capela dos Anitos. A Ru a do Ce mitcrlo Ihe da va accsso. Do lado de cima descnvolvia -se a Rua Co ncgo Leao, depois da Forca, em seguida da P61vora e, finalme nte da Liberdadc. A primeira dcnomina cao rcsultara do fato de 1<i morar 0 Concgo Lcfio Jose de Sena , sacrlstao-mor da Se. N um pequeno logradouro vizinhc funeionara a- Casu da Polvora . Deu 0 nome ao largo. J unto. arqueava-sc 0 morro da Io rca. onde aeon teecu 0 dram ati co e nforea mento de C hagu inhas . 132

o

8.\1RRO 0,.\

st.


A tra nsformacao foi imensa. A pa rtir de 1820. Surgiu a Rua do Meio, at ual Dr. Rod rigo Silva, e Ru a de Baixo, agora Ca rlos Go mes Dcscn volvcndo-sc ao fundo da necro polc acompanhava a lopografi a a Ru a Det ras do Ccmlteno, a at ual Galvao Bueno. Pa ra alem do ccmitcrio sucedia m-sc as chacaras. Na capcla cram recolhidos os defuntos para a ultima oracao de corpo prescnlc. Inf orma Afonso de Freitas que pa ra ali cram levados as cadavercs do s supliciados e dos pobres. A genre de posses pertencia a Irm andad es religiosas qu e pro cediam tnum acso em carneiras cxisrcntcs nos templ os.

a

o Cemitcrio do s Afli tos Iuncio nou ate 1858, qua ndo foi abcrto o da Consolaceo, considcrado exccssivamcnte dista nte. D ecla rad o e xtinto 0 velho cemite rio, foram retirudas as ossadas das sepulturas c a area lotcada e posta venda pcla Cu ria. a ncgocio foi eonfiado ao lcilociro Roberto Jose Tavares, sob a fiscalizacao do Conego Ant onio Gu imani cs Barroso, tesourciro intcri no da Catcdral. 0 con scntimcnto Iol dado pelo Bispo D. Uno Dcod ato Rodrigues de Carvalho , em 1883. Razfio : nfio havia mais ncccssidadc daqu elc ccmite rio em face da nova nccropolc da Consolacno. A Capcla dos Aflitos fora constr uida pcla Mitra c po r era continuou sendo conscrvada. Ficou entreguc a zclad crcs, por nao mais existir Irma ndade que sc Incumbissc de sua adminlstraeiio. E que nunca existiu visto nfio consrar de docu mcnros ou rcgistros oficiais.

a

A Iunda cao da ca pcla e atribuida ao Bispo O. Manuel da Ressurrcica o, que exe rceu suas altas Juncoes sace rdotais entre 1774 e 1789 . Da Ca pcla dos A flitos, nos fins do secuto, T cd im Ba rreto fez a seguinte descr icao : "U ma por ta ao centro e ao alto a rc tula, depois a cruz no frcntispic io recorta do ao gosto da arquitct ura religiose scteccntista ou princfpios do oitoccntis mo. A csqucrda a te rr e (mica de do is andares. No pnm ciro, 0 relc gio. No segundo, 0 ca mpa nano. Em rccntrancias bilaterais duas port as toscas. J unto da quc se vc csqucrda , c rcntcs de toda s as racas, cspecia lmcntc criaturas simples, por que nao po ssucm na ter ra, se nao as espcra ncas do ceu, improvisa ra m urn velorio pau pcrrlmo. jd negro de inumeros anos, em que pcrcncmcnte Ilut ua a chama sa ngrent a das velas que acendcm por intecao da s almas. Nessa igreja dissc missa 0 Padre Pascoal Ganizcu. qu e morreu

a

o

BAIRRO DA SF.

133


em consequencia de ferimentos recebidos no Bras, du rante a revotocso de 1924 , e q ue sc notabilizou como uma das figuras pau listanas populares de ou trora, e por sinal razoavclmentc opulcnto. Alcm das propr ieda des que possuia no Bcxlga, foi scu, muito scu, adquirido com o suor de suas rezas, 0 sobrado que ainda exisrc, com a forma tlpica de ferro de engomar, cncravadc entre dais arra nha-ce us que lad elam, na Praca da Bandeira, as Ruas do Ouvidor e Sao Fr ancisco, que nele tcnni nam em angulo agudo " .

o ccmiterio ao fundo da capcla era des mais tristes e pobres. Num canto Iicava a Sant a Casa do tempo. Do outr e lado 0 campo da Perea . Depois de csvazlado das antigas ossadas , tornou-se terra de vivos. CHAGUINHAS

Ele Ioi urn condcnado que se tomou Icnda. E esta canonizado pelo povo. Com sua morte brotou urn culto, sempre crescente, cada vez mais incande scentc, pais diariamcntc ali crepita urn mar de chamas de vclas.

Acont eceu na manha de 21 de setembro de 1821. Os solda dos Francisco Jose das Chagas e Joaquim Cotindiba esrava implicados num motim na cidadc de Sant os, par causa do atraso do pagamento. Houvera mortos e mui ros feridos. Maoda da tropa de Sao Paul o. os soldados rebclados foram presos e julgados. 0 que cram de Santos ali mesmo foram executados. Enforcad os em mastros de navie s. Francisco Jose das Cha gas e Cound lba, par screm do planalto, para Sao Paulo foram cnviados. Logo julgados c condcnados a pena de Iorca. Acontecc que a forca estava velha e caindo de padre par falta de U50 . Mas em 23 de egosto de 1820 instalara-se a Junta de J ustice e cia queria justificar a sua existencia. Mandou construir uma fOrca nova. em lugar bern publico, vizinho do ccmite rio. No seu local fica atualmeme 0 Largo da Liberdade. Houve, no entan to, pedidos de clernencia. Inslstencia na comutacao de pcna . Mas Martim Fra ncisco, que fazia par te da Junta. invocou 0 perigo do mau exemplo e cxigiu o cumprimenlo da sentence. Dessa maneira os dois soldados deviam acabar enforcados . 134

o

BAIRRO D A

sr.


o que depoi s se passou Ioi urna coisa tetrica. Uma exccucao brutal. Houve mcsmo quem atrlbufssc a firmeza de Martim Francisco a odic pcssoat. Uma filba do Marques de Va lenca, em carte, divulgou ta l suposiljao. Falava-se mesrno na existencia de urna rnulher cstirnulando 0 Andrada contra Chaguinhas. Nao COra apen as a revolta do Batalh ao de Cacadores sediado em Santos, na noite de 27 para 28 de julhc , dcsordem em cujo balance figurava ate urna cr lanca assassinada. H avia mot ive mais poderoso ainda, impedindo que a justica de serra a baixo nvcsse defmitivamcnte julgado 0 caso. Chaguinhas foi envlado para Sao Paulo. Aqui Iol novamente ouvido. E condenado a morre r na Iorca com seu companheiro. E na manha fria de setembro eles foram tirados da cadeia, levados a Ca pcla des Aflitos, e depois ao campo da COrea, entre eseolta de soldildos, de Iuzil ao ombro, baioncta calada.

o

ENFORCAM ENTO

Os condenados estavam emed rontados. Caminbavam cabisbaixos. Cadenciadamente, Iunereamente, ruCavam os tarnbores. Urn frade procurava dar resignacao e alcnto aos infelizes. Em volta da forca aden sara-se a multidao. Porque a crucldade humane nao dispense urn espc tac ulo de horror.

La estava a Jusrica representada pelo cscn vso, para ler em tom lugubre a sentence. Dcpois, urn grande silencio. 0 soldado Joaquim Jose Cotindiba foi empurrado ate junto do carrasco, que ninguem sabc mais quem era. nem po rq ue motivo ou M. qu anto tempo exercia tal funlj3.o. Passaram 0 lace da corda no pescoco de Cotlndiba. Os tambores rufaram alto. E 0 [usticado estrebuehou na ponta da corda. Uns scgundos de cstcn ores horrorosos. E acabo u morto, a lingua fora da boca, numa cspan tosa carranca. Chaguinhas tudo viu. Tudo Coi obrigado a prescnciar. Chegou a sua vcz. Passaram-lhe 0 taco no pescoco.

o

8 .URRO DA Sf:

. 35


o

MILAG RE

E fci entao que aeo nleeeu 0 incspcrado, que passou a scr considerado milagre e evidentc prova de inocencia. A corda reben tou . E como era heblto do tempo , a Irmandade da Miser icordia co bnu com sua band eira 0 eorpo do scntenciado. Ma s 0 carrasco havla recebido instrucoes scvcras. Decidiu pro ceder a novo cnforcam cnto. Prepa rou novo lace qu e pa ssou com raiva no pcsco;o de C haguinhas que cstava at urdido. Novam ente a corda partiu . E cntao num so grito , a multid ao opi nou : - M ilagre! Milagre t Um a voz gritou : - Soltcrn 0 condenado! Basta! Basta! Mas fora m buscar 0 lace de couro de urn tropelro que passava. E ate esse rebentou . Aeabaram com 0 condcnado a pa ulad as. Depois chcgou a ordem de suspender a sentence . Ja era tarde. Esse aspccto de martirio em con scqu encia de firmc intolcra ncia. com transgressao de princfpi os de di rcito e que deu a au reol a memori a de Chaguinhas.

a

E desde cnta o passaram a ardcr cham as votivas, em ne rncro crescentc, ate sc transformarem no temporal de fogo que crcpita d iarlamentc dcn tro da Capela de Santa Cr uz dos En foread os.

INICIO DE UMA DE VO<;:AO No comeco foi apc nas uma cr uz que tinha ao lado uma mesa velha sabre a qu al cram queima das vela s ainda em ruimero diminuto. Ace ndia m- nas por alma des condenados. Ma s logo correu qu e cssas chamas votivas ncm a chuva nem 0 vente con seguiam apa gar. A c ruz cstava erguida em local mais dista ntc. Foi scndo mudada que a cidade se expandia para 0 lugar ond e hoje se cr guc a igrejinha de Santa Cru z de s Enforeados.

n mcdida

E assim sc finn ou a lcnda de san tida de de Chaguinhas qu e ganhou ampl itude dcsdc 0 dia em que foi conhccido 0 Iatfdico a traso. 0 tribun al militar comutara a pcna de enforca mento. Mas a ordem nao chega ra a tempo . J a 0 co ndcnado estava morto. 136

o

BAIRHO DA Sf:


Por isso seus passos ainda ecoam nas noltcs de temporal, assinalando a sua presence de soldado enqua nto ardem as vclas cujas chamas nem a chuva nem 0 vento forte conseguem apaga r. Assim dizem. E assim acontece diariamente naquelc recanto antigo de Sao Paulo, que nfio perdcu as caractcrtst lcas nobres em mcio de colossal tra nsformacao em redor. VOl novo templo surgiu, com linhas pretcnsiosas. E a Igreja de Santa Cruz. Dentro de uma ala crepita urn mar de cha mas. Mas do outre Iado, escondida, denrro de urn recuo, ao fim de uma vicla, continua com sua tradlcao e humiIdade, a vclha capelinha dos AfIitos. Scm innandadc para dela tomar conta. Mas protegida pcla tradicao. Pelo multo que represcnta dentro do passado de Sao Paulo. Tao proximo e j a tao csquccido.

VMA RVA DESAPAR ECIDA

Per muitos dcccnios foi paImilhada pcIa gcntc do bairro c de fora. Era uma prolongamento da Rua do Principe. Ficava nas trasciras do prcdio da Assemblela, onde primciro fora a cadcia . Com a Republica rcccbcra 0 nome de Rodrigo Silva e na csquina com Rua Riachuelo ficava 0 Teat ro Recreio, que tcve seus dtas de gloria c acabo u como cine "poeira", que passava filmes sensacionais ainda no inlcio da decade de 40. Quando 0 casarao da Assemblcia fci demolido, a sua area passou a integrar a Praca Dr. Jo fic Mendes, acabada de abrir e constitufa, afinal, a ampliacao do antigo largo cnquadrado peIa Assembleia de urn lado e a Igreja dos Remedios, do outro. OS TRIOS GRAN DES DA

se

No prindpio da Avenida Sac Joao, onde a S6 comcca, ergue-sc o conjunto dos Ires maiores ediffcios da capital. E sao : Martinelli, Banco do Estado e Banco do Brasil, com suas hist6rias noutro local contada s. Mas nem sempre se mcdem os prcdios pclo scu tama nho. Podem atcrir-sc e ale com mcIhor expressao, maior realidade comparat iva,

o

BAIRRO DA Sf:

137


pelo que representam para a coletividade paulistana em geral e para o bairro da Se, em particular. E temos nesse caso, como os tres grandes de fato: a Catedral, 0 Palacio da Justice c a Faculdade de Direito. Velhas instltulcoes em rnajestosos cdiftcios novos. A Catcdral, dentro do vclho espfrito do idioma, poderia ser denominada como uma grande fabrica ou colossal mole de gra nite trabalhado. Trata-se, porem, de termos exilados do linguajar cotldiano. Fiquemos, portanto, na dcnominacno contcmpora nca de construcao ou cdificio. S6 agora a catedral esra tendo as tort es terminadas. A nave, porcm, foi dada como conelufda em 1954. 0 que nao significou 0 termo das obras. A entrega do templo ao culto passou a questao de honra, integrando as comcmoracoes do IV Ccntenario. 0 dia 25 de janeiro serviu de data inaugural. Mui ta coisa, porem, fieou par a arrcmatar. Faltaram as ressonancias do fabuloso orgao adquirido. Seria em 25 de novembro de 1954. Dia Universal de Ac;ao de Gr aces, que aconteceria a solcne c sonora inauguraciio do instrumcnto majestoso cncomendado a firma Balbiani Vegezzi Bossi, de MiUio. Fantastico pcla ressonfincia e numerosos registros sonoros de Ilautas, fundos, arcos, palhetas. Fora instalado atras do altar-mor. Dividido em dois corpos, com cinco tcclados de 61 tcelas cada urn. Cerca de dez mil tubas sonoros entre grandes c pcqucnos. E por lsso considcrado o maior no genero do Continente. Vlsfvcis para os leigos, 250 tubes dlspostos na ampla frcnte do instrumento e Iabrlcados com chapas intciricas, de zinco, as bocas de forma gotica, em relevo, arn sticamcnte trab alhadas a mao. Representava 0 remate interno da abside c 0 fim de urn esforco que consumira 154 toneladas de marmore de Carra ra, dez toncladas de marmorc verde de 51. Denis, 75 toneladas de marmore amarclo, de Viena ; 166 toneladas de marmore de Galdana; 4 toneladas de fosforo antigo do Egito; 15 toneladas de bronze, alem de onix, lazulita e malaquita para os remates ricos. Urn tcsouro fantastico, cujo remate coubc ao arquiteto Luis Anhaia Melo diriglr. E encontra exprcssfto esculrural em 102 cstaruas e 96 baixos-r clcvos. A Catedral rccnc, de fate , urn accrvo artfstico singular. No scu embclezamcnto cooperaram artistes de renome intcrnac ional. Max Ingrand, que exceutou a rcstauracso des vitrais de Notre Dame, de 138

o BAnmo DA Sf:


Paris, e autor de vitrais de admtravcl execucao e que "sobressaem pela ajustada harmonia e pelo tom dourado da luz", Marcelo Avenall executou a maravilhoso vltral dos Santos Anjos. Giovane Hajnal, de origem hungara, Iamoso por suas telas de seis magnificos vitrais da nossa catcdral. Lorenzo Micheli Gigotti cxccutou 0 grande mcdalbao de mosaico de Santana, 0 vitral restante e mais cinco. Francesco Bencivenga, Gilda Nagnl, Alfredo Biagini, Venanzio Croccni, Eugenio de Courtcn, Ton i Fredler, Francesco Nagnl, todos notavels artlstas, cooperar am com scus talentos, nas pinturas dos vitra is, baixos-relevos, paineis, esculturas, a gr~a de seus anjos, toda a fina decoracao do interior. Nos paineis magnificos em que se alternam figuras e sfmbolos que, no altar-me r, atingem 0 maximo esplcndor da arte sacra com os anjos portadores dos imru mentos da Paixao e os quatro anjos dos quatro fins do Sacrificio. Estupendo, tambem, 0 fro ntal do altar de Sao Paulo, com baixorelevo, em marmore de Carrara, e 0 frontal do altar de Sant'Ana precedido de dois anjos de bronze. A pia batismal, em mdrmore amarelo de Sena, inteira mente esculpida de baixos-relevos, constitui urn primor da arte sacra. A coluna C coroada por urn globe terminndo pclo monograma de Cr isto. E de rigoroso simbolismo e manifica cxccucao. Grande pia de pcrflro, com tampa de prata, com sfmbolos gravados a cinzel. Balaustrada de marmore com paineis reprcscntando cenas das vldas de Anchieta e N6brega.

o

T RIBUNAL DE J USTI<;:A

A J ustice clegeu a Se para morada. Sempre la funcionou, o ra num predio, ora noutro. Nem sempre com confortc mas conservando a majcstade. As refcrencias jurfdicas a respcito da sua sedc dao ao Tri bunal de Jusrlca, insralado em 187 1 na Rua da Boa Vista, em predlo com o numcro 120. Passou, a titulo provis6rio, cnquanto aquele prcdio sofria ampla reforma, para a Rua Jose Bonifacio, 27, no mes de janeiro de 1887 .

o

BAI RRO D ." SF:

139


Voltou par a a R un Boa Vista c para a predio, antes ocupado, ja ampliado convenientemente, e 1<i permaneceu ate 1900 . De 1900 a 1909 funcionou em predio da Rua Marcchal Dcodoro n.s 8, rua que tcve antcriormente os nomcs de Sao Goncalo e como tal figura na planta de Rufino Jose Fclizardo e Costa, e depois do Impcrador. De 26 de maio de 1909 a 19 15 passou para Run Jose Bonifacio, antigo n.v 13. No perfodo de 1915 a 1933, estevc na Rua Brigadeiro Tobias, n.v 93, antigo 8 1, tendo funcionado tambcm no antigo predio do Tesouro, a Rua do Tesouro, sobradao majestoso que fazia esquina com a Rua XV de Novembro. Em 21 de janeiro de 1933 era oficialmente lnstalado no atual palacio da Praca Clovis Bevilaqua, falando na ocasifio 0 Ministro Urbano Marcondcs de Moura. o primciro presidcnte do Tribunal, ja no atual c rnajestoso edificio, foi 0 Ministro Teodomiro de Toledo Pisa, que tomou posse no da 15 de setembro de 1933.

A FACULDADE DE DlREITO Pela alussima significa<;ao as "Arcades" representant imcnso, niio s6 da Se, como de Sao Paulo c inclusive do Brasil. Participou fccundamente na vida nacional. Prova-o a sepulture do misterioso Julio Franck, a quem atrlbuem a Iundacno da "Bucha". Nas "Arcade s' cstudaram Jose Bonifacio, 0 M6<;o; Castro Alves, 0 altissimo pacta. Pclos seus bancos passaram os mais brilhantcs jurisconsultos, diplomatas, poctas e prosadorcs. Uma placa de bronze cita os vinte c cinco intcgrantes da FEB que cursaram a "Academia" . Outra placa, lembm que Guilherme de Almeida , 0 prfncipe dos poetas braslleiros, ali se formou em Direito. Como 0 poeta Pedro de Oliveira Neto, prcsidentc da Academia de Lctras Paulista, fato cvocado por uma placa dc bronze, tambem. Na Faculdadc de Sao Fran cisco esrudou Artur da Silva Bernardes, cscrevcnte do Rcgistro de Irnoveis da Primeira Circunscrlcao. Foi na maturidade 0 discutido Prcsldentc da Republica. 0 predio novo c muilo d iferente daq uclc que esscs academlcos 140

o

8 AIRRO DA Sf:


conhcce ra m. A reforma foi gran de. Constitulu uma tran sformacno com pleta. T ao ample qu e os vencrand os alun os a lamcnta m ainda. Par a eles foi tirad o 0 Iascfmo da s "A rcades". Co nservara a gravidade asceuca dos a ntigos frades. Nos c1austros permanecera viva a tradicao. Ali se fu ndia m 0 ensino e a fe. Mesmo aqu eles qu e nao criam se deixavam Iasci nar pcla serenidade daquele reclnto de frades e acei ta vam a oracao. V adas gcracoes se sucederarn nos bancos da "Academia", que conscrva va a sua antiga au ster idade arquitetonica. At e que , em 1934, 0 dirctor da Faculdad e, Professor Alc a nta ra Machado, achou que era a hora de modernizar 0 predlo, torna ndo-o ma is confortavel. E tambcm mais r ico.

o escrit6rio Ramos de Azevedo, que con str uira 0 Palacio da Ju stice. 0 Teatro Muni cipal. a Escola Caetano de Ca mpos , os predios das Sccre tarlas de Es tado Ioi convidado a elaborar urn projcto. V arla s sugestocs surgiram. A final acabou sendo aceito 0 atual sob a justificativa de que reunia mot ivos tirados do ba rroco brasileiro. Assim 0 ap resen to u Severo & Vilar es.

0

Engenh eiro Rica rdo Severo, chefe da firma

o Professor A lcantara Machado ac hou born e as obras nao ta rdaram a ter inicio. Mas nao scm viva oposicao po r parte de urn grupo de protessores partldarios de ob ras de conservaczo, mas nao tao ampl as que a1terassem a estru tura do predl o. Essa opos icao persistente fez com que as ob ras nao Iossem apresentadas como globa l refonna do ed ificio antigo, em que morava a tradlcao. A expticacao do Engenheiro Rica rdo Severo , da firma Severo & Vilares, de que la scr urn reposltorlo do que havia de ma is exp ressive no barroco brasileiro, da escola do Aleijadi nho, nfio conve nccu. Nao ab ra ndo u a oposicao. Por isso nao acon tcccu a lnau guracao festiva qua ndo os trabalhos de rcfo rma foram lerm inado s. Ai comcca ram as crlticas des a rqu itctcs. Acha ram a fachad a uma incornp recnsao do cspfrito da arquitetura realmentc brasileira do seculo XV II I e que fora mot ivo de espanto e clogio por pa rte de Blaise Ccnd ra rs, 0 arauto

o

B..\IRRO 0 ..\ 5 1!

\ 4\


do moderni smo. Tendo ido a Minas, em 1924, voltou encantado com as visocs de Congonhas do Cam po, Sao Joao del Rei e Our o Preto . Mas nao era um predio nesse cspfrito que ia scr constr uido, comentaram. Alem de confusa aplicacao orna mental nem ma terials nobres tinham sido cmprcgados. As ornamentacoes, por economia, havlam sido cfetuadas em cimento moldado, quando em pedra-sab ao teriam outro efeito. Urn dos mais severos crttlcos foi 0 diretor do Service do Patnmonio Historico e Artistico Nacional, Sr. Rod rigo de Melo F ranco. Se esse Service do M inisteno da Educacao ja exlstlsse teria impedido que Iossc levada a cabo a "reforma", opinou. Muita coisa estivcra ali entrosada. Inclusive no banal cotidiano do largo existira urn chafariz que em 1829 entrou em reparos. Era conhecido como do Cu rse Juridico. E ape s os succssos de 7 de abril de 1871 passou a Chafariz da Liberdad e. Representava muito apreciada contribuicao, pois a agua era vendida em ' barris de vinte litro s a oitenta re is. Nem sempre lfmpida . "Barris de lama, pagos a pr ecos altos" - c1amava urn edil na Ca mara, pedindo provldenclas contra tal cstado de coisas. Agora 0 largo perdeu a antiga feicae. E do tradlclonal conjunto restou a Igreja de Sao F rancisco, a qual csta sendo restitufdo 0 antigo esplcndor . Novamcnte os altares brilha m como se Iosscm de ouro. A talha antiga fulgura como nos tempos das Minas quando reccbcu alta res ricos, torna ndo-se uma amostra da opulencia dos tempos.

COMPLETA-SE A TRANSFORMAc;AO A primeira "u rbanizacao" dat a, de Iato, da administracao do comerciante e indu strial, Raimun do da Silva Duprat, que tcve como assessor 0 ur banista frances A. Bouvard, alias muito combatido pclos [ovens engenhciros paulistas. En tre eles Alexandre de Albuquerque. Comecou com a tra nsformacao do Vale do Anhaagabau num parque aprazfvel, com caractcrfsticas repousantcs interlor anas. Ate entao ali perduravam antigas chacar as. 142

o

BAIRHO DA

sa


Ru a Nova de Sao Jose e alarga da e surge como arteria modcm a, estimulando os espfritos empreendedores. Logo entusiasma 0 Conde Prates, que contrata vultoso cmprestlmo com 0 Bane Hypothecaire Fe rdinand Pierre, para construcao de dois grandes prcdios - 0 Palacio Anchieta, primciro conhecido como Pal acetc Pr ates, e outre ao Iado, junto ao Viaduto do Chao Por causa da clau sula cambial quase que 0 cmpreendedor Ed uardo da Silva Prates perde a sua magnifica prop riedade r ural, a Fa zenda Santa Ocn rudes, em Rio Claro. o exemplo foi scguido e surgiram os primeiros ediffcios de oito andar es, pomposa mente chamados de "arranha-c eus'' , providos de elevadores Ientos, com portas de sanfona de ferro. Representaram uma ousadia para a decade de 10 . o ba irro ant igo transformava-se. A cidade que surgiu entre 1890 e 1920 per dera 0 contato com o passado. Era uma cidad c italiana, de fronto es, plat iba ndas, terraces. Na oplniao do urbanlsta Ulhoa Cinta a velha cidade, representad a pclo bairro da SC, cstava rigorosamente certa para 0 local e para 0 tempo. As ruas nao precisavam ser mais largas porq ue diminu to c Iento era o tnifego. Os mua res entravam no centro. Por isso havia postura municipal tornando obr igator ias argolas a altura de covedo, nas ruas, c entre elas principa lmen te a Direita, para poderem ser amarrados os cavalos e burros de carga.

o qu e extstia era uma preciosa amostra de uma arquitctura adequada para 0 meio, perfe ita nos mctodos de construir e aproveita mento dos rccursos naturais. Pr edominara a taipa algarvia, que provara bern nas regiocs mediterraneas c de cuja rcslstencia restaram scli das amostras em Pompcia e Herculano. Tornou-se proccsso de constr uir tao difund ido qu e, no seculo XV II, os taipai s, ou seja, as tormas, tinham gra nde valia. Eram aforados a part iculares e aceitos como pcnbor. De Sao Paulo a tecnica de constru ir passou a Bahia . Constitufa urn sistema que prova ra plcnamente. Exigia ap urada execucao , 0 que csta evidenciado no parecer da comissao designada par a inspccion ar as obras da ma triz em 1609. Opinaram os tecnicos da epoca que nada podia scr feito para cvltar 0 desabamento. Nao adiantava m escoras, pois os muros "es tavam fora do compasso " . Dssse sistema de construir iriam chegar atc ao nosso seculo varias igrejas, da s quais restaram

o

BAIRRO DA Sf'.


unicamcntc c foram tombad as a tempo pclo Minist eno da Ed ucacao, as magnfflcas amostras de Sao Miguel, Nossa Scnhora da Co ncclcao, de Votoruna, e Nossa Senhora do Rosario, do E mbu . E ra urn processo tao adeq uado ao Continente que ainda hojc se constrocm casas popul ares no Paraguai que correspondem as primitiv es moradias rurais pa ullstas. Dai a suposlcao quase afirmativ a de qu e na hist6ria da arquitetura de Sao Pa ulo esta a hist6ria geral da arquitetura do Brasil, como sugerc T edim Barreto. Para 0 Arqultcto LUIs Saia, no solar c capela do sitio de Santo Anto nio reside, de fato e Incont estavelmente, a afirmacao de uma arquitet ura ja genumamentc bra silcira, liberta dos canones do Velh o Mundo. Essas coisas ignoravam, ou nflo estava m amadurecidcs para ap recia-las, os govcm antes do rim do seculo, como conseqtiencia de uma conj ugacao de acon tecimcntos fatais. 0 rush cafeeiro teve como consortc a abolicac e a imediata queda da monarquia . Houve a incvitavel modif icacao dos quadros adminlstratlvo s com repcr cussao no govem o da cidade. A Camara Municipal e reunid a e troca os names da s ruas. A Rua do Impcrador passa a Ma rcchal Dcodoro. Da Impcratriz, a XV de Novembro. Da P rincesa muda para Benjamin Con sta nt. Do Condcu d'Eu para Glicerlo. Do Principe para Oul ntino Bocaiu va. No alvcrcccr do scculo a transformacao levada a cabo pelo PreIeito Duprat Ioi muito combat ida, como arras registramos, pelo Engenheiro Alexa ndr e de Albuqu erque. Bstc elaborou projeto ligando a Rua Florencio de Abre u, por meio de la rga avenid a, com a Brigadeiro LUIS Antonio, at rav es da Ru a Sao Bento. 0 que seria rnais uma avenlda mas nao uma sotucao.

o

certo teria sido constru ir uma cidadc nova ao lado da antiga.

Evitaria 0 compactamento pr cscnte, de muito dificil solucao. Esta scndo dcmolida scm deixar pesar. De certo modo, representa apcnas uma transicao aprc ssada . Nao tern mals a aur eola da tradic ao . Aprescntava-sc como a mupa no va de jovem que esta em pleno crescimento. Mas que ainda nao parou de crescer. Desapareceram ate os vestfgios da quele correr de casas altas, de sobrados, qu e em fins do seculo XV III formavam u rn conjunto nobre, como cita Domin gos Lu is' 144

o

BAIR HO DA Sf;


A Rua Dircita consc rvara a grandeza des tempos em qu e nela haviam morado A mador Bueno, Pedro Taqu cs de Almeida, Bar totomeu Pa is A breu, os comercia ntes for tes. 0 Badia de Ticte Ii tivera ma[estoso sobrado e nela ficava 0 chamado palacio de Nicola u Vergueiro. Regentc do Imperio. Em confor tavel ca sarao vivera 0 Co ro nel I nacio de Sousa Ou elros, onde se processar a m concili abutos prec ursore s da I ndepcndencia. E em 1875 ali abria as po rtas 0 Banco Mau a. Em 18 l 9. Saint-Hi laire. tendo passado por Sao Paulo. registrava : "As casas ( da Rua Dircita) sao de taipa mas soltdas e bern caiadas, com grandcs verandas e em muitos adorn ava urn real aspccro de asscio e conforto." Exprimia urna evol ucao urba na acentuada. pais a pri mitiva cidade nao rivera ruas e sim cinco caminhos qu e iam se tomar. com 0 correr dos anos, as arterias principals, mantidas ate boj e. F ora inicialmcnt e uma evol ucno lcnta, que sc pod e afcrir pelo confronto de datas dos ccmiterios. Des Affitos, em 181 8, instalado , na Gloria. e qu e esteve aber to ate 1858, ano da abc rtura do Ce miterlo da Consotecso.

o

bairro que ia surgir em substi tuicao ao an tigo foi uma conscqu encia da conjuncao de tr es fatc rcs: a riqueza do cafe, 0 advcnto de con truto rcs italianos Integran do a grande massa de imigra ntes peninsulares e a necessldad e de a plicar crcscentes ca pitais propo rcionados pclo rush cafceiro. Os peninsulares irnplao taram suas tecnicas. Erarn moradias estercotipadas, obcd ccendo a uma 56 planta. No comeco foram os mestresde-ob ras com 0 celebre "T ratado" de Vignola. a qu e expllca a abundancia de Iro ntoes classicos e de platiband as em substltulcao aos acolhcdores beirais. Se elcs houvcsscm introd uzido a galcria, tao ccmum nas cidades italianas, teriam contribuido par a urna cidade ncoIhedora. construida pa ra ab rigar 0 pedes tre numa regiao onde cbove 200 dias po r ann , E liminaram a bciral protetor. Em seu lugar a fria platiban da classica, prop ria de terras de sol. C hegaram depois os arquitctos. Varies delcs cercados de fama, como G. T . Brussi, L. P ucci, Domiziano e Claud io Rossi. Bessl ou Bozzi, juntamente com Pucci, projetou 0 inicio do Monu mento do l ptran ga, com a planta e con strucao do predio do at ua l Museu Paulista. Linhas neoclassicas. Projctaram ai nda 0 palacetc do Dr. Eulilio Costa, na Ru a Florencic de Abreu e 0 o BAmno DA SF:

145


palaccte da Chacara do Carvalho, para 0 Consc1heiro An ton io Pr ado. Essa a razao da predominancia dos motives renasce ntistas ate nas vilas residenciais, nas manszes da s Iilhas do Conselheiro it Alameda Ant onio Prado. Sucederam-se ondas de artlstas italianos e de grande numcro de excclcntes decoradores, pin tores e escultores. M uitos del cs Ioram acoIhidos no Liceu de Artes e Oficios . Ali ensinaram . Felisberto Rau zini c urn dos expoen tes dessa epoca e dessa turma. Danuziano, ao lado de Ramos de Azevedo, coo pera no projeto e constru c ao dos edificios da Escola Politecnica e da Escola Caetano de Campos. 0 conde florentine G iulio Mich eli, form ado em Paris, chega com gra nde fama. Part icipou das construcoes da Rua Lfbcro Badaro. Glusepc Chiapcrri, com 0 Conde M icheli, proj eta 0 Viaduto de Santa Efigenia. Chiape rri e Micheli acabaram forma ndo uma sociedade que tevc a scu ca rgo grandes cdiflcacocs do tempo. Com o 0 Banco Frances e Italian o na Ru a XV de Novembro c a Igreja de Santa Cecilia, alem de grande numcro de prcdios majcstosos para a epoca. Foram multo admirados, enta o. Mas tr adu ziam . afinal, nao 0 despr ezo, mas de ccrto modo a ignorancia do antigo cstllo br asileiro, qu e co nstituia penosa expcr lencla at raves dos seculos it procura de uma solucao sat isfa to ria. E qu e acabara por sec cncontrada . A influencia da Fr anca cstava tambem presente. Domi nou em certo momento a eharnada art nouveau, qu e teve 0 seu perfodo de esplendor, atestado pela abundancia de portoe s, que aind a se veem na R ua da Consola cao e vizin hancas da E stac ao da Sorocabana . No Cemiterio da Co nsola cao h;i jazigos de art nouveau pura. A man sao do Co nde Alvares Pen teado, em Higicnopolis, e urn primer no genero . La Iunciona atualmente a Faculdad e de Arqu itetura . Constitui urn compendio com pleto do qu e foi esse t5.o discut ido estilo, dominante no com eco do scculo e que deixou exprcssocs incon tundtvcls e peren es na arquitetura e na pintura. A influencia de Pa ris iria, no en tanto, alinhar na Rua Libero Badaro uma seric de cdificios que pareciam safdos do Boulevard des Capuchins. S6 faltava m os platanos de Paris, para integral complcmc nto da paisagcm. Pouco depols, Giovani Battista Bianchi chcgou. E tom arsc-la durante duas decade s 0 arquiteto da moda . Mocmente da pujante colonia italiana, enriquecida com 0 cafe e na incipicnte industria nacional.

14.

o

8." IRRO IH . St.


Bianchi tomou-sc 0 arquitcto de eleilrao da familia Matarazzo. Co nstruiu 0 Hospital Humbcrto Pr imo, mais conhccido como Hospital Matarazzo, as ma nsOcs des Crespi. da Coadessa Mar ina, dos Condes Adriano e Rau l. E 0 solar da Condessa Renata Crespi. Ch egcu a Sao Paulo em 191 1. Ficar am em evidcncia suas mansees. Uma das mais Iamosas a Vila Monte Murro. Tevc outr os projetos famosos, inclusive na zona ru ral. Como na Fazenda Santa Cru z, dos C respi ainda . E a casa do Co nde Crespi. em Santo Amaro. Deu novas formas as lnstalac oes industriais. ÂŁ citado 0 Nido, na Mooca, intcgran do 0 Co tonificio Cres pi. Obra de 1935, foi muito comcntada na cpoca pcla Icvcza das colunas em arnplas janelas. Pa r volta de 19 30, acontcceu a eclosfto dos principios funcio nais da arquitctur a modcm a. Do funclonallsmo racional, peste em Ioco pcla vinda do arquitcto frances Corbusier . Flavin de Carvalho dcfendia a ncccssldndc dn adocao de novos processos de construir e ficou em cvidencia com 0 audaz projcto para urn novo Palacio do Gove rno em linhas ousadam entc Iunclonais. Gre gori Warehawchik e Rino Levi iriam liderar com Palanti c Calab, depois, a nova fase das construcocs. As solucecs arqultetonlcas cncontram amparo e ampla adocao, de que sao prova os novos arranha-ceus do centr o.

EXEMPLOS Na decada de 30 ainda existiam vencrandos sobrados no velho estilo, com varanda de ferro trabalhado e rcca tada aparencia de rcside ncias de familia. Havia diversos na Rua Quintino Bocaiuva . Cerra vez, 0 Arqul tcto Carlos Alberto Gomes Cardim comentou, desolad o, a dcsa lmada indlterenca com que era m pcrmit idas reformas scm gosto nem respeito pelo eq uilibrio das linhas das antigas co nstruczes. Nao rcsta mals ncnhu m desscs nobr cs solares. Das antlga s mansoes, resta , etualmentc, pclo Iatc de tee scrvido de cscriror lo a Companhia de Gas, 0 pahicio da Marquess de Santos, junto ao edificio da Central de Policia. Conscrvava Olinda ha poucos ano s 0 largo portal que clava passagcm as ca lccas puxndas por soberbas parclhas. Ha dois anos a inda pod ia sc admirar urn sobrado tfpico pau listano, cspe cic de ultim o abc nccrragem de urn tipo de co nstrucao c urn

o

BAIRRO DA Sf:

Hi


estilo de vida . Fora rnansao de urn ramo de genre paulisla ilustre. Quando a centro sc tornou eminentcmentc comercial, foi alugado pcla a ntiga Sao Paulo Railway para scus escr itorios de dcsp achos ao criar urn service rodoviar ic complementa r. Essa casa scrviu de residencia :is irmas de Jose Arouche de Toledo Rondon, conhecidas como as " Meninas da Casa Verde", porque cram scnhoras da Iazcnda de Casa Verde, da qual resultou a denornina~ ao prcscntc do pr6spero bairro da zona norte. Ficava na Tr avcssa do Colegio. hoje Rua Anchieta. "Oferccia aspectos solarcngos, ostentendo sacadas de ferro forjado e beirais salientes, com telhas vid radas de calha, como oma mcnto. As janelas cram guamecidas de rctulas pintadas de verde. Tcriam tide a mesma c6r das dcrnais pccas de madeira da fachada", escreve 0 historiador Aureliano Leite. As meninas da Casa Verde gozavam de gra nde prestigio. Seu irmiio Jose Arouche era . alcm de homem muito rico. diretor da Faculdade de Direito. Jovens, "gcntis c fcstciras", conseguiram muita popularidade. Jofio Mendes e Azevedo Marques informarn que essas Irmas mora vam scmpre juntas, na mesma casa. Eram conhecidas pclas mocas e depois velhas da Casa Verde." No pcriodo de cstiagem iam passar longus temporadas na propriedade alem Ticte, quando amadureciam as jabuticabas e ofereciam scus ultimos frutos os abacatclros. Bsse era 0 sitio das mccas da casa verde da Travessa do Colegio. Assim continuara m a ser conhecidas e tratadas. Ale que a juventude desertou, a velhice compareceu e a mar ie as levou. Picou 0 sitio que Ihes dora 0 nome. Coubcram em alguns palmos tie terra, elas que " possufam chao que nao acabava mais", como descendcntes de Amador Bueno. Ja tinha side csqueclda sua ilustre ascendencia. Amador Bueno e seu pai Bartolomeu Bueno haviam requen do e obtido a concessao de tres sesmarias. Como era uso, tinham casa na vila, atua! hairro da SC. Amador na Rua Dircita. 0 invcntdrlo de Lourenee de Siqueira (vo lume 13.0 de Inventarios e Tcslamentos) registra q ue aos 22 de abril de 1634 , 0 Ju iz dos Ortaos, Jeronimo Bueno, dcu a Amador Bueno, a ganbo, vinte e cinco mil-rcis de dinheiro contado C vai por ai afora ate a este pon te elucidative: "c 0 d ito Amador I4 S

o DAm no D:\ SÂŁ


Bueno se obrigou a 0 tirar a paz e a salvo ao dito seu Ciador e que para compdmcnto do que dito elle hypothecava umas casas de dois lances sobradadas que tern ncsta vila na rua que vai para 0 Santo Antonio, que partcm com Perc Goncalves Varcjao e Jorge Goncalves." Essa dcnominacdo de "rua que val para 0 Santo Antonio" era 0 primeiro trccho da Rua Dlreita a partir do Patio do Colcgio. Seu descendente imediato - Amador Bueno da Veiga - tinha grande casa com quintal que se prolongava ate ac Tamanduatei, com Ircntc para a Ladeira do Canno. Infonn a 0 historiador Aureliano Leite que obieve informacocs compietas a respeito dos bens desse anccstral seu. POLlTICA E ADMINISTRACAO A partir do sccuto XIX 0 bairro da Se torna-se 0 nuclco de urna nova e impctuosa mct ropole que passa a ser conhccida como "A cidade que mais cresce no mundo". Politica municipal e urna dccorrencia de Iatores cconomicos de ceria modo prcmcntcs. A tccnica comparcce. Surge 0 urbanismo como ciencia no horizonte. Histor ia e urbanisrno se cntrelacam na narrativa. Comeca 0 seculo XIX. Do bairro da Se comecam a scr guiados " Provincia" e "Municipio". Ainda Sao Paulo nao conhecia prefeitos. ÂŁIes foram criados pela Lei numero 18 de 1835. Estabclecia que os govemado rcs da cidadc podcriam propor ao governo a nomcacfio de subprcfeitos para as Iregucsias cxistentes e capelas curadas. Tra tava-se, pois, de racional subdivisao administrativa. o Prcfeitc LUIs Antonio de Sousa Barros, paulista multo acatado para 0 tempo, mal nomeado, logo propos a ao meacao de subprefeitos para as Iregueslas existemes e cram Santa Efigenia, Born Jesus do Bras. Conccicao dos Guarulbos. Nessa Senhora da Pcnha, Nessa Scnhora do 0 , Cotia, e Sao Bernardo. Erarn, pois, oito as Iregucsias. E mats a capcla curada do Embu. Hoje, a maior parte dcssas subprcfcituras sao municipios. Mas, por urna reviravolta do destine integram, com muitas c utras mals. 0 Grande Sao Paulo. A Se, que era 0 R UelCO principal, dividia em duas partes: Norte da Se e Sui da $C, para fins eleitorais. Os paulistanos do

o

BAIRRO D .\. Sr.

14.


Nor te votava m no cd ilicic da Cam ara, situado no La rgo M unici pal, qu e integra hoje 0 amplo logradouro conhccido como Praca Joao Mendes. Os paulistanos do Sui da Se voltava m no cdlffcio da Relacao, a Rua Boa Vista .

o

PA<;O E 0 SENADO

Os prim6rd ios da administracao municipal Ioram de gra nde au steridade. E tamb fm cminentcmcnte dcmoc raticos. 0 Senado da Cama ra tinha am plos e justificados pode res. Dele constava urn juiz, dois verea dores, urn procu rador do Concelho c urn almotaccl, ou sc]a, inspetor de pesos c medld as, cabendo-Ihe ainda Iixar prccos de gcnero e tabcla r scrvlcos. Dada a pobrcza inicial, nao havia paco. As reunioc s rcalizavam-se na casa de urn dos cdls. E da pobreza des primciros tempos cxiste a pro va do que acontcceu com Afonso Sardinha, mais tarde urn dos homens mais rices de Sao P aulo. Senhor de minas de ouro e numerosa cscrava rla . Alcgou nao podcr compareccr lis scssoes da Camara por nao ter botas decentes para calcar. No ultimo quartclrao do seculo XVI foi construlda urna casa de talpa, cujo descnho figura num mapa dos arq uivos cspanho ls e serviu de inspira cao a urn descnho de Wasth Rod rigues. Nela estavam reunidas scdc do municipio. com sua casa de co ncelho e cadeia. Em 1619 estava instalado em ca sa comprada a Franci sco R uiz Velho . Prcco : 40 mil-r eis. Mas por falta de obras ou defic iencia da consrrucao , quarent a anos dcpois ameacava ruina. 0 Senado da Camara rnudou -se para urn predio aluga do. Setscentos e quarenta reis custava 0 aluguel. No comeco do scculo XV III Iol iniciada a co n..trucao do Pace Mu nicipal. Predio rcrmtnado em 1720. Serviu ate 0 fim do seculo, qu and o Ioi constru fdo novo Paco. No P atio de Sao Goncalo, onde passou a Iun clonar . Em 1879 iria abrigar a Asscmbleia Provincial q ue se tor nou Ca mar a de Dcput ados c Scnado paullsta, dcsde a lmplanracao da Republica ate 1937. Q uando foi projctado 0 aume uto do Largo Joao Mendes. 0 ed iffcio dcsap areccu. Em 194 3 as picaretas dcmoliram-no. Ju ntamcnte com a Igreja dos Remedios, que Iicava defron tc.

o

IU. IRRO D:\. SÂŁ


Foi na Admini stracao Prestes M aia ( 1938 -1945 ) que ganhou proje to da velha aspiracao do Pace Municipal, que reuniria todas as repar ticocs do govemo paulista no c tambem a Ed ilidade . Desapropriou a Prefeitura todos os imoveis que forma vam 0 miolo do Ca rma, comprecndidos ent re a Rua de Santa Teresa e a Rua Anita Ga ribaldi. E eonfinava embaixo com a R ua do Carmo e ao alto com 0 Palacio da J ustice . E ram cas as terreas em sua qu ase toralidad c, de bciral de c6vado. Urn pcdaco arqul tetonic o do scculo Xv l II. Quase lntacro. Ali funcionava uma porca o de oficinas e resta uranres, entre eles 0 Posilipo, famoso pelos camaroes fritos. Foi tudo derr ubado. 1<1. havia sido aberto e julgada conco rrencia publica para cscolha do projcto do edificio do Pace . Classificar-sc-ia em primeiro lugar 0 trabalho de autoria de Antonio Severo, de Iinhas classicas, muito do apreco do Prefeito Prcstes Maia.

o predio ia ser erguido no centro da praca, resultante da demolicao das vc1has casas. E de que rcsuhou a Praca Clovis Bevilaqu a. Felizmcntc, depots de aberta a prac a ach aram os tecnicos municipais que a cidade pr cclsava de amplo logradouro central e 0 P ace irla provccar sat uracso do trafego . 0 Vale do Anha ngabau acabara de passar por grande rcforrna, rccebcndo 0 aspecto atual, de sala de visitas adc quada a uma gra nde metr6pole - defin iu 0 Engenheiro Const antino Rodrigues, asslstcntc tecnico do Prcfeito Maia . Passou a Ialar-sc da nccessldade de urn fecho arq uitetonico ade quado para o Va le do A uhanga ba u, em face de dois arranba-ceus cntao em fase de con strucao. o prefeito en tao resolvcu

que 0 P ace Municipal fOsse construldo no rope do pa rque c com esse objctivo desap roprio u a fileira de pr edios cxistcntcs na convcrgencia da Ru a de Santo An tonio com a Rua de Santo Amaro , ond e se abrc 0 atual jardim e funcionou 0 T eatro de Alumfnio, ali instalado na Adrninistracao Arruda P ereira , scndo Sccrc tarlo da Ju stlca 0 advogad o Ne lson Marcondes do Amaral, fate que pro vou vccmentes crfticas e acalou radas disc ussoes na Camara Mu nicipal. Mas 0 Prcfeito Mala foi substituido pclo Sr. Ab raiio Ri beiro. projcto do Pace passo u por severa revlsao do prirneiro Sccretano de Obras, Engenheiro Amade L Chegou a ser sugerida a cornpra do

o

o

BAlRRO D A Sf:

15 1


predio do c m , para ali sc instalar a Prefeitura a titulo provisorio, proposta repelida . As obras do Pace Da O tiveram 100CIO. Ouarro anc s se passararn. Assumiu 0 Govem o mu nicipal 0 Engenh eiro Arm an do Arruda Pereira.

Uma de suas primelras preoc upacocs foi a construcao do Pace Municipal. 0 projeto, no entanto. ja era considerado superado. A cidade crescera. 0 bairro da Se to mo u-sc majestoso conjunto de arranha-ce us de esnlo Iuncional . o Banco do Estado dcs'acava-se como urn dcsafio de 1940, a ideia do Pace foi posta de Indo. 0 Prefeiro Arruda Pereira, tcndo entra dc em con tato com 0 Arquit eto Niemeyer, obrcvc dote urn projeto de linhas modern as. Era formada par urn quadrllatero com capacidade para reccber todas as rcparticocs muni cipals, tendo ao lado uma grande cupula, dentro da qual iria funcionar a Camara Municipal, com umpla sala de scssocs e cspaco para as mult iplas comissocs e secretaria-gcral. Aberta ccncorrencia, foi ganha pcla firma consrrutora Alfredo Mat ias. Custo da obra completa: 380 milbocs dc cruzeiros vclhos. 0 service de tcrr aplc nagem comecou. Mas hou ve clcicocs municipais . Foi eleito 0 Sr. Janie Ou adro s. As obras paralisaram para revisiio do projcto. E nada mais Ioi fcito. De novo prefeito 0 Engcnheiro Prestes Maia, 0 projeto foi reformul ado. A Caixa Economica Federal concedeu emprestimo de 300 milhoes de cruze iros para consIruc;ao do pavilhac destinad o a Cam ara . As ob ras foram atacadas em regime de ad ministracao. Acabaram somentc em 1969 . Importaram em mais de 15 milhoes de cru zeiros velbos. 0 edificio destinado ao Ga binete do prcfelto e Secretarias Ioi amputado do projeto, por nan mais ser aco nselbavel a sua instatacso em tal lugar em face da satc recso do traf ego nos vlad utos c runs limitrofes.

o

GOVÂŁRNO MUN ICIPA L

A Lei nume ro 18, de 1835, ia determiner profunda modirlcacao no sistema adminis trat ive municipal pela criacao do ca rgo de prefeito, que nao cxistia na antiga leglslacao portuguese. Cbamou- sc Lei dos 152

o

B....IR RO 0:\ Sf:


Pr efeitos . Esses novas govem antcs eram de nomeacao do chefe do Govern o. A criacao de subprefeituras tinha Iinalid ades estr itamente ad ministr ativas. Flcava a ca rgo delas cuidar das nccessidadcs muis prcmentcs da s areas sob a sua jurisdicdo. Frontciras dcvidamente dema rcadas. Dentre os prefelros, asslnala ram-se po r services prestados Lu is An tonio de Sousa Barros, J oaquim Lopes Gui ma raes, Miguel Antunes Garcia, Brigadciro Joaquim Jose Morais de Abreu, Padre Pedro Gomes de Camargo.

Numerosos foram os subprcfeitos. Mas esse sistema administrative niio contcntou. 0 cargo do prefeito era de nomeacno do prcsidcnre da Provincia . ÂŁ::sIC devla obed iencia ao Co nselho-Gera l da Provincia. Er a cmpossado pcla C amara Municipal. Ti nha que atc nder a injuncoes dos ed ls.

o chefc do Govem o

da cidadc estava sujcito a dupla o rientacao.

o mesmo aconrccia com os subprefcitos. No fundo, as dcclsoes careciam de apolo final dos Con selhos Municipais c des chcf es supremos da Provincia . E cram gra ndcs e freq iicntes os dcscntcndim cntos. Resultou dcsmo ralizacao. a ponto de pcssoa s nomeadas nac aceitarem os cargos, Iato rclatado nas mensagens anuais do prcsidente da Provincia a Asscmbleia Legislative. Com a proclamaceo da Republica, mudou . Surgiram, entao, os intcnd entes.

OS INT ENDENT ES Representaram uma curta Iasc de tran slcao na ad minist racao municipal. Em Sao Paulo, dissolvida a Camara Municipal , pclo Ato de 10 de jan eiro de 1890, tao logo fora proc lamada a Republica, Ioi criado o Conselho de Intendencia composto de Clementine de Sousa c Castro, Antonio Pa is de Barros, Ca ndido Franco de Lacerda , J050 Alvares Rubi iic Ju nior, Joao Batista de Melo Oliveira, Joaqui m Paiao, Jose Hipolito da Silva Dutra, Luis de Anhaia Melo e Manuel Lopes de Oliveira.

o

B.4.IRRO IH. SF:

153


Cleme ntine de Sousa e Castro foi e1eito presidentc dcssa corporal;ao, exercendo 0 cargo com aplau sos ate dos edversdrios, segundo registra almanaque da epoc a, de 12 de janeiro de 1890 a 12 de dczcmbro de 1891 . Prestou assinalados services, notadamente na organizacao cornplcta da quallficacao elcitor al que scrviu para as elcicoes de deputados a Co nstituinte e pr imeiras e lei~Oes do Congresso Paulista, dcputados e senadores Iederais por Sao Paulo. Com a saida de Clementine de Sousa e Castro, exerceram as Juncoes de lntendentes varl os vereadores, com Juncoes determinadas. As intc nde ncias to maram-se uma cspecic de secretarla de hoje. Assim, Pedro Vicen te de Azevedo Iol intedente de F inan ces. Joao Franco de Camargo, de Ob ras Municipals . Braulio Go mes. de Higiene e Saud c Publica. Joao Alvares da Siqucira Bueno, da Justica c Policia.

As int endencia s cram orgfl os executives . Cada uma delas Iormava uma sccrctaria. a s poderes Executive s c Legislativos cstava m, ainda, con fusamcntc entrela cado s. A Co nstituicao F ederal de 1891 outorgava a autonomia aos municlplos. Co mplete. Mas a Camara Municipal, com cxcrcfcio gratulto, elcita por voto popular , chama ra a si as Iuncoes administra tivas, elegendo os intendentes que deviam reger os destines da cidade. Co m a Lei nemero 374 de 1898 era mc1hor organizado 0 governo do municipio. Volrou a criar 0 cargo de prcfeito como expressao do Podcr Execut ive. Mas que dcvia ser urn vereado r cleito pelos seus pares . E ma ntinha quatro Intendencias. cujo preenchimemo era Ieito pclo Govemador da cidadc. Dessa maneira fieou orga nizado 0 Govem o paulistano. Com E xecutlvo e Legislative ja separados . Embora scm a completa divisao presente. Antonio Prado foi entao c1eito prefeito de Sao Paulo. E dcsprezados por elc a s cargos de subprefcitos na scldos da lei de 1836. De certo modo, todo 0 pod er se conccru ra ve , cnt fio, na Ca ma ra

Mu nicipal. Sendo, afinal, 0 bairro da SC 0 coracao da mctr6polc, cabe de ccrto modo aqui 0 rol des govem antcs paullstanos :

,5-1

o

8A.1RRO D A S ~


An tonio da Silva Prado, 7-1-1889 a 15- 1-1911 ; Raimundo da Silva Duprat, 15-1-1911 a 14-1-1914 ; Washington Luis Pereira de Sousa, 15-1-19 14 a 15-8-19 19; Firminiano de Moraes Pinto, 15-1-192 0 a 15-1-192 6. De 15-9-19 19 a 15-1-19 20, respondeu pclo expediente Prefeito Alvaro Gomes da Rocha Azevedo.

0

Vice-

Jose Pires do Rio, 15-1-192 6 a 28-9-19 30; Jonquim Jose Cardoso de Melo Ne:o, 24- 10-1930 a 5-12-1930; Luis Anhaia Melo, 15-12-1 930 a 25-7-1931; Fran cisco Machado de Campos, 25-7-1931 a 13-11- 1931; Luis Anhaia Melo, 13- 11-1931 a 4-12-19 31; Hcnrique Jorge Guedcs, 4-12- 1931 a 23-5-1932; Godofrcdo da Silva Telcs, 23-5-1932 a 2-10- 19 32; Teodoro Augusto Ramos, 28- 12- 1932 a 1-4- 1933. Ent re 3- 1Q..1932 e 28-12-1932, respondcu pelo cxpcd'iente a Engenheiro Artur Saboia , d iretor de Obras, e Olinda nos pcriodos 1-4-1933 a 22-5- 1933; Osvatdo Gomes da Costa, 22-5-1933 a 31-7- 1933; Carlos dos Santos Gomes, 31-7- 1933 a 2 1-8- 1933 ; Antonio Carlos de Assuncao, 2 1-8-1933 a 6-9- 1934 ; Fabio da Silva Prado, 6-9- 1934 a 24-4- 1938; Fran cisco Prestcs Maia, 7-5-1938 a 1Q..1I -1945 ; Abra5.o Ribeiro, 10-11- 1945 a 14-3-1947; Cristiano S'ok fc r das Neves, 14-3- 1947 a 29-8- 1947 ; Paulo Lauro, 28-8- 1947 a 25-8-194 8; Millon Improta, 25-8- 1948 a 3- 1- 1949; Asdrubal Euryrisses da Cunha. 3-1-1949 a 27-2- 1950; Lincu Prestcs, 27-2-19 50 a 3 1-1-1951; Armando Arruda Pereira, 1- 12-1951 a 8-4-1953 . Scguiu-sc novo pcrfodo de instabllldade politica c succdcram-se os prcfeitos: Janie da Silva O uadros, Porphyrio da Paz,

o

B." IRRO DA SF:

155


William Shakespeare Salem, Line de Matos, Wladimir de Toledo Piza.

A seguir volta a rcgularidade na sucessao municipal com : Ademar de Barros, 1957-1961 ; Prestes Maia, 1961- 1965; Faria Lima, 1965-1969. A 8 de abril de 1969 expirou sen mandate, tendo sido nomeado o Engcnheiro Paulo Salim Maluf para exerccr 0 cargo para 0 qual fora ccsignado pelo Gcvem ador Abreu Sodre.

156

o

H..\!RRO 1>:\. S f:


BIBLI OGRAFIA

A:\[AR AL ( R.

J O UV IA XO ~

-

0 3 Pret04l do R03d rio

ARAUJO {Pe. DE USDE DIT ) - IA mpada3 do S aR IIl/i"io A la./! da Camara .1I rmicipal d~ S . I'allio AN CII IETA (J Ost DE~ - Cart as J elfltit icalf ALCANTARA MACH ADO - V ida e M arte do Ua luleirante ALM EIDA troxo ME N DE S DE) - M orwg rufia flo M /lJlicipio rlu C irlu. de de S . I' aulo ARROYO ( LEON ARDO) - 19 rejas fie S. Pallia AZE VE DO MARQUE S ( MANU E L EU FRASIO ) torieo.s, Geog rafico. e E lltat u ticoll BAT IS TA PERE IRA -

A po llla lllf'llt 03 Jli3'

A Cido de de Allchiet u

CALI XTO (B ENEDITO ) - Capitan Ui de I tanltai m BARRETO (PAU LO TEDHI) - L igeira$ l\.路otall lIob1Y A rqllitetllrfl Colonial CORDE IRO (J. P. LEIT E ) -

A Criaf40 du Dioce3e de S. Pa lllo

BRUNO ( E RNAN I SI LVA) _ P oulo CARDI I\1 (I<'Jo;R NAO) -

lI is Mria3 e T"udit;oes fla Cidade de S.

M issuo flo Pa dre Cris !Ot'uo Gouveia

CAMARGO (PA U LO F LOREN CIO DA SI LVEIR A) H istoria de S. Paulo. COSTA ( LU CIO) -

o

HA IRR O DA

se

110

A A rq llit f'lllra J e.sllitit'a no B rasil

ELLI S (ALlo'RE DO) F ERRE IRA (T IT O

A I g r e; fI

0 Ra ndciritnllO Pald ist a

LI VIO ~

_

H is toria do Civilizat;oo R rallileira

157


F RE ITAS (A F ONSO A. DE ) - Diciond ri c do .lhm icipio de S. Paldo e T radii;Of!S e R eminisoencia禄 Paulistas GASPAR (BYRON) -

R uas P ri nc ipaie de S . Faulo

UOLAN DA (S E RGIO BUARQUE ) -

110

A llo de 1822

Capetae Ihltigas de S . P aulo

LE IT E (Pe. SE RAF IM ) - H ieteria da Com]!allhia de JCSIUl no Bra sil LER Y (J E AN DE) - H istotia de lima V iag cm a Tetra do B ra sil LE ME (LU fS GONZA GA DA SI LVA ) - Genealog ia Palllist a MADRE DE DEUS ( lo' RE I GASP AR DA) - Mem oria 1)(ll"a a Capi/ania de S. V icen te "IO U RA (PAU LO CU RSINO) - S. Panlo de Outrora MOURAO (CAR VAL HO) - Oil Munic ipios, enc I mpod allcia Politica MALHEIR O DI AS (CARLO S ) - HistOria (la Colollizai;ao P01路tUgUesfl JW B rasi l MART INS (ANTO NIO E GID IO) - S . Paulo A ntigo MOUT I NHO (JOAQUI M FERREIRA) - N o,ficia sabre a P rovincia de MatQ Grosso OLIVEIRA (MACHADO ) - Quad ro H ietorico da P rov incia de S . P aldo P EREIRA DA CON CE H; AO (ALFREDO) - A Batalha de E x pu'n saQ. e Uniriade do B ra8il P ITTA (SE BAS TIA O DA ROCHA) - H ietoria da A m eri ca P I NTO (ADOLFO AU GUS T O) - A Catedral de S . Paldo PIZZA (ANTON IO TOLEDO) - Documen /oR I ntereseontc e POM BO (JOSE F RAN CISC O ROCH A) - H istoric- do B rasil SAN TAN A ( N UTO) - Metr6pole SA N DE (ANT ONIO P AI S) - R elaMrio ao COJ18Clho Ult ram an"no SAVE LLI (MARIO) - H ietorico do Aprovcita mento de A g ltas da R cgiao Faul is /a T AQU ES (PEDRO DE AL ME IDA PAI S LEM E) - [n! tn'tnai;oell Ilobre as Minas de S. Pa ulo TAU N AY (AFONSO D' E SCRAGN OLE ) - Hilltoria S d sccntiata da Vida de S . Paulo - S. Paulo nos Primeiros A noll VASC ONCE LOS {Pe. SIMIlO) _ Vida do V enenl vel Pad,'e J ose A nchiela E mais elementos eolhldo s noll [o m a ls E s/a do de S . Paulo, Did rio P opular, Correia Paltlistano. Dia rio da Nott e. Rev ist a (w A J'quivo Municipal Anais ria Camara Municipa l

A nais do /Itnseu: Paltlis fa, Car tes c dates de te rrae. v ol umes de leis ap rova das pelo Lcgi ajativo Municipal deade seculo

0

inieio do

Estudos de BRASIL BAND ECCH I e depoimentoa do historiador A UR ELlANO LEITE. 158

o

BAIRRO DA

ss


Esta ohm Coi COIn posta e tcr minou-sc sua imprcssiio no roes de dczcmbro de mil nov ece ntes c sc tc nta c urn nus Oficinas d e Artes Gnificas Disord i S. A" scndo Prdcito do ~ f un idpio de S1\o Paulo 0 Eng.o Jose Carlos de Figueiredo Fcr raz c Secretdric de Ednc acao e Cult um o Prof. Nathanael Perei ra d e Souza. D irctor do Departamento de Cultura o Dr. Alberto Soares de Almeida c Chcfe do Arqu ivo JI istb riClJ 0 Prof. Ed uardo de J. M. do Nascime nto C co rn Assistencia Tec nica do Sr. Jose des Santos. Intcw-u cia a sc ric de monog raftas inhtulad ns lIistari n de s Bairros de Silo Paulo, cscolbklas em concurso publico e prcmiadas pclo Departamento de Cullum da Sccrctaria de Educacdo e Cultura da Prcfc itura do Municipio de Sao Paulo. Edicdc do Departame nto de Cultue a da Secretaria de Educar,:ao c Cultura da Prefc tturu do Muntcipto de Sao Paulo - 1971.





Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.