Falatório

Page 13

FALATÓRIO JORNAL EXPERIMENTAL DA FACULDADE DA SERRA GAÚCHA | DEZEMBRO.2016

13

Do cultivo da uva à produção de vinho

Décio Rezzadori, de Farroupilha, aproveita parte da uva dos seus parreirais para preparar 3 mil litros de Niágara branco “Gosto de ver a uva florescer, amadurecer, colher e depois beber o meu vinho”. A frase é de Décio Rezzadori, que exibe com orgulho o resultado do seu trabalho no campo: a produção de cerca de 3 mil litros de vinho Niágara branca por ano. Casado com Nelite Rezzadori e pai de Eduardo e Rafaela, seu Décio foi o primeiro de sua família a iniciar a produção de vinho, na localidade de Linha Caravaggeto, interior de Farroupilha. Até então, a família tinha parreirais, mas vendia toda a uva para vinícolas da região. Hoje, só o excedente é comercializado. Décio tem clientes cativos devido à qualidade do seu vinho. É comum ele não conseguir atender a todas as pessoas. O agricultor revela o processo que usa para fazer o vinho. Depois de colhida, a uva é moída e colocada em repouso; em dois dias o bagaço e o suco se separam e, na sequência, há a retirada do suco. Atento aos detalhes do seu produto, Décio coloca açúcar até chegar ao nível 18 de doçura, a chamada graduação. Com a pipa limpa, o suco é despejado na mesma; passam-se 30 dias e o suco é tirado e a pipa, lavada. Com a pipa seca o suco é colocado de volta novamente. Depois de 30 dias o processo é repetido. Um repouso de cinco meses dentro da pipa é suficiente para o vinho ser degustado e vendido. Em um assunto sobre produtos orgânicos, que não contenham agrotóxicos, Nelite salienta que na região que eles moram é praticamente impossível a cultura vitícola não sofrer a interferência de agrotóxicos, devido ao clima, por vezes muito frio e em outros momentos com calor escaldante. Décio e Nelite vivem na linha Caravagetto, interior de Farroupilha. Convidado a um passeio pelas

William Bertuol

William Bertuol

Parreirais bem cuidados garantem um vinho de qualidade, que atrai uma clientela fixa, e maior a cada anoxos na saúde parreiras, na época de tratamento da cultura, ele recorre a máscaras para o veneno não prejudicar e intoxicar o visitante. É possível observar, por debaixo das vinhas, belos cachos de uva, grandes, “lustros”. É inegável a vontade de pegar, mesmo verde. Questionado sobre a liberdade que o casal tem, ambos salientam que nem pensam na hipótese de deixar o interior para morar na cidade. Décio diz que pela paixão que sente por trabalhar, sujar as mãos e ter o orgulho de beber uma bebida que faz, comer a carne do boi que trata, levantar todo o dia cedo, tratar os bois, as galinhas e os peixes. Tudo isso lhe dá um orgulho imenso. “Não somos muito ligados a impostos, importação e exportação”, afirma Nelite.

.

Importação de vinhos se amplia

Dados fornecidos pela IBRAVIN (Instituto Brasileiro do Vinho) apontam que a partir do ano de 2006 as importações de vinho subiram consideravelmente, passando de 50,9 milhões de litros para 81,8 milhões em nove anos. O Chile é o país que mais lucra com as importações brasileiras. Em 2006, o país vendia 15,2 milhões de litros para o Brasil, contra 21,7 milhões de litros em 2015. O Brasil também importa de países como Argentina, Itália, França, Portugal e outros países europeus. Por ora, a comercialização de vinhos finos vem caindo no Rio Grande do Sul. As vendas, que em 2006 beiravam os 22 milhões de

litros, caíram para cerca de 20 milhões em 2015. Os mais vendidos são os vinhos tintos, com aumento de 13 milhões, em 2006, para 15 milhões, 2015. Os vinhos de mesa possuem uma queda mais elevada. Em 2006 eram comercializados cerca de 245 milhões de litros de vinho, no ano passado esse número caiu para 207 milhões. Novamente, os vinhos tintos são os mais comercializados, mas também perderam mercado. Houve queda de 28,3 milhões de litros - em 2006 eram 208,8 milhões e, no ano passado, 180,5. Ainda de acordo com dados IBRAVIN, os vinhos comuns são os mais produzidos no Estado.

Contudo os derivados da uva e do vinho (champagne, vinagre...) vem ganhando números significativos em evolução, passando de 59,13 milhões em 2006 para 193 milhões em 2015, aumento de 134 milhões de litros num período de nove anos. Sobre importações, os dados da UVIBRA (União Brasileira de Vitivinicultura) mostram que o Chile domina o mercado. Em agosto de 2016, o país importou 28 milhões de litros, representando 53% do total. A França lidera o quesito exportações de champagnes/espumantes. Em agosto de 2016, o país vendeu 587.769 litros para o Brasil.

anos. Roberto Tumelero, hoje com 76 anos de idade, nasceu em 30 de novembro, na Linha República, 2º Distrito de Farroupilha, Capela São José. Já atuou na empalhação de garrafões e vendas de geladeiras e, quando criança, trabalhou no plantio de uvas, trigo e milho. No dia 14 de maio de 2015, Roberto ganhou o título de cidadão Caxiense, em sessão solene, no plenário da Casa. A decisão foi aprovada por unanimidade pelos parlamentares. Após re-

ceber o diploma, Tumelero fez agradecimentos e destacou a importância de seus pais, que sempre lhe ensinaram o valor do trabalho. Diversos vereadores falaram da importância do trabalho de Roberto e como isso influencia no crescimento da cidade, Francisco Spiandorello falou em nome do prefeito Alceu Barbosa Velho, que destacou o espírito italiano em Roberto. Hoje em dia a empresa é administrada por Roberto e seu filho, Rudimar Tumelero.

A casa de vinhos de Caxias do Sul Gabriel Tadiotto

Caxias do Sul tem inúmeras casas de comércio de bebida. Porém, existe uma que se destaca no meio de tantas, pelo fato de estar há 48 anos em atividade na cidade: a Tumelero Comércio de Bebidas. Em 1968, Roberto Tumelero inaugurou a primeira casa de bebidas em Caxias do Sul. A loja, que leva seu sobrenome, começou trabalhando apenas com a venda de espumantes e vinhos da região e uísques nacionais. Em 1971, Tumelero ganhou um concorrente de renome na

cidade, a Bebidas Antunes. Isso não foi problema. Por volta de 1978, Roberto duplicava suas áreas de comércio e estoque, mesmo ano que surge mais um concorrente, a Indústria e Comercio de Vinhos Rossato, que também não influenciou no sucesso da loja. Exemplo de como o crescimento não parou, nos anos 80, a casa de bebidas, além de oferecer os produtos nacionais, passou a comercializar vinhos, espumantes e destilados importados. Nos anos 2000, voltou a

expandir seus espaços físicos e aumentou a diversidade de seus produtos, com novas linhas de vinhos europeus, sul-americanos e norte-americanos e, também, variedades nacionais. A Tumelero destaca três características fundamentais para se manter a tanto tempo no mercado: atendimento personalizado, diversidade de produtos e, algo fundamental para funcionar na Serra Gaúcha, o preço justo. Os três atributos, segundo o empresário, são essenciais a quem serve a sociedade há mais de 45


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.