Agenda Cultural Lisboa | outubro'15

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25 OLHA RES

João Pinharanda

Margarida Martins

Eduarda Abbondanza

Qual era a sua atividade principal nos anos 90? Crítico de arte no jornal Público. Como era a Lisboa cultural dos anos 90? A minha geração tomava consciência de que o mundo, e Portugal, passava de uma real euforia (democracia, Portugal na Europa, mercado, internacionalização das artes, queda do Muro) à perspetiva de uma crise cujos contornos iam da sida às quebras bolsistas, à Guerra do Golfo. Qual foi o momento, ideia ou evento mais relevante? A Primeira Guerra do Golfo. Quais as transformações que sentiu no ambiente cultural? Nos anos 90 viveu-se em Portugal a última polémica artística intergeracional em torno da exposição Imagens para os Anos 90 (Fund. de Serralves). Paradoxalmente, a falta de debate e a quebra do mercado não foi acompanhada de uma diminuição de energia criativa e surgimento de novos nomes e obras. O que ficou por cumprir? Na história nunca fica nada por cumprir. Nos projetos (artísticos) ficou por cumprir a internacionalização e a criação de um Museu (do Estado) de Arte Contemporânea em Lisboa. Qual o seu local preferido, dessa época, para sair ou estar? Para estar em Lisboa, a casa dos amigos ou a minha casa, com os amigos. Para sair, Lagos. Escolha um objeto que simbolize, para si, os anos 90. Não um objeto mas um projeto que diariamente se objetualizava (objetivava): o Público.

Qual era a sua atividade principal nos anos 90? Presidente da Associação Abraço. Como era a Lisboa cultural dos anos 90? Para mim foi a década da consolidação da modernidade e contemporaneidade. Foi consolidar o que nasceu nos meados dos anos 80, no Bairro Alto, que se foi alastrando pela cidade e claramente assumido no início dos anos 90. Qual foi o momento, ideia ou evento mais relevante? A Expo’98 foi o grande acontecimento da década, que conseguiu mobilizar a totalidade dos portugueses e, dessa forma, mobilizar também, a maioria dos agentes culturais... Assistimos, em todas as áreas, a um verdadeiro acontecimento excecional. Não posso deixar de referir que, do meu ponto de vista, o início de tudo surgiu com a Lisboa’94. Foi o pontapé de saída de uma nova realidade cultural que se instalou na cidade... Quais as transformações que sentiu no ambiente cultural? Em termos históricos, saídos de uma revolução, descobrimos a Europa e somos descobertos por ela, momento das grandes obras públicas, das estradas e autoestradas, enfim, do betão... Passado esse tempo, foi sentida a necessidade de subirmos mais um degrau da nossa evolução como povo e é assim que aparecem esses grandes acontecimentos de referência, que conseguiram mexer e desafiar toda a comunidade cultural, e que, desta forma, a obrigou a transformar-se, a virar-se mais para o exterior, no sentido de uma maior modernidade e contemporaneidade. O que ficou por cumprir? Nada ficou por cumprir, tudo tem o seu tempo e momento. E naquele tempo, tudo foi aproveitado ao máximo. Qual o seu local preferido, dessa época, para sair ou estar? A cidade para mim é, e sempre foi, um todo. Como tal, penso que todos os locais têm o seu encanto, tenho muitos e variados locais

Qual era a sua atividade principal nos anos 90? Designer de moda e Art Director. Como era a Lisboa cultural dos anos 90? Nos anos 90 Lisboa atravessa um período fantástico a nível cultural. Havia uma efervescência nas várias áreas artísticas que comunicavam e colaboravam entre si. Houve um desenvolvimento evidente da cultura e criatividade nacionais. Qual foi o momento, ideia ou evento mais relevante? Para mim, a criação da ModaLisboa - Lisboa Fashion Week em 91 foi um marco incontornável. A Expo’98 foi outro acontecimento admirável e que teve um sucesso enorme. De salientar também o prémio Nobel da Literatura atribuído a José Saramago. Quais as transformações que sentiu no ambiente cultural? Nos anos 90 assistimos a uma revolução tecnológica. A facilidade de comunicação entre pessoas/criativos foi notável e deu origem a um movimento de partilha de informação inédito. Os chats eram utilizados por pessoas de todo o mundo, o que para os criativos foi excecional. Em 96 fizemos uma ModaLisboa única, que durou dez dias, na Cordoaria Nacional, em que explorámos todas as novas tecnologias disponíveis. Transmitimos desfiles em streaming, o segundo país a conseguir tal feito. O que ficou por cumprir? A Cultura gera benefícios e promove a imagem nacional. É uma das componentes essenciais para a identidade de um país. Acho lamentável Portugal não ter um Ministério da Cultura. Portugal atravessa um período de estagnação cultural agravado pela crise. A Cultura fica em segundo plano e, como é obvio, isso vai ter consequências a longo prazo. Qual o seu local preferido, dessa época, para sair ou estar? Eram imensos: Frágil, Papa Açorda, Pastorinhos, Gulbenkian, Bairro Alto, Chiado, Brasileira, Benard, Sinal Vermelho... Escolha um objeto que simbolize, para si, os anos 90. Foi a década do meu primeiro telemóvel, do meu primeiro computador. Nessa altura o fax ainda era um importante meio de comunicação mas atualmente é completamente obsoleto.

preferidos... Escolha um objeto que simbolize, para si, os anos 90. O pin com o símbolo da Associação Abraço...

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