Sementes da Confiança: Os 26 desbravadores que se tornaram 37 mil cooperados

CONFIANÇA Os 26 desbravadores que se tornaram 37 mil cooperados

Julliane Brita

CONFIANÇA 1ª edição . 2019

Prudentópolis/PR

SICREDI CENTRO SUL PR/SC/RJ SEMENTES DE CONFIANÇA

IDEALIZAÇÃO

PESQUISA

Santo Cappellari

Julliane Brita

João Oliveira de Souza

Anderson Antikievicz Costa

COORDENAÇÃO

REVISÃO

Sabrine Cappellari Ribeiro

Marilia Gasparovic

Helton Cesar Kolecha

PROJETO GRÁFICO

ILUSTRAÇÕES

Jeferson Richetti

Jeferson Richetti Luana Trespach Delallo

EDITORAÇÃO

IMAGENS

Agência Libre

Leandro Latyki

IMPRESSÃO

Arquivo Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ

Gráfica Positiva

Tribuna Regional de Prudentópolis Saviski Arquitetos João Gustavo Sólida Engenharia & Construção

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

B862s

Brita, Julliane, 1987 Sementes da confiança: os 26 desbravadores que se tornaram 37 mil cooperados / Julliane Brita.Prudentópolis, PR: Libre, 2019.

128 p. : il. ; 28 cm ISBN 978-65-80129-00-3 1. Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ - História.

2. Sicredi - Sistema de Crédito Cooperativo.

3. Cooperativismo. I. Título.

CDD 23. ed.: 334 CDU 2. ed.: 334

Catalogação na fonte elaborada pela Bibliotecária Thayse Dal Molin Alérico – CRB 9/1948

Aos conselheiros atuais e passados, que guiaram a Sicredi Centro Sul até aqui e incentivaram que essa história fosse contada. À Central PR/SP/RJ, que impulsionou os ideais cooperativistas e continua dando o suporte necessário para que prosperem.

Aos 26 sócio-fundadores da Credicamp, que confiaram em uma ideia poderosa e fizeram o possível para que ela se tornasse realidade.

Aos associados da Sicredi Centro Sul PR/SC/ RJ, donos da própria instituição financeira, que fazem esta história todos os dias e continuam permitindo que o cooperativismo encante pessoas e torne o mundo melhor.

Aos mais de 100 entrevistados que participaram deste livro, direta ou indiretamente, com suas palavras e lembranças, e foram fundamentais para a realização deste trabalho.

Em especial, a todos os colaboradores da Centro Sul PR/SC/RJ, passados e atuais, que são os protagonistas dos episódios diários desta história e que transformam os ambientes de trabalho em locais de alegria e a Centro Sul em uma grande família.

PRÓLOGO Os primeiros raios de sol tentam desviar das construções sólidas, esbarram nas árvores da praça e se refugiam nos pequenos vitrais das duas torres da Igreja Matriz. No coração da cidade, não se vê a luz que já aquece, a dois quilômetros dali, a cúpula dourada da Igreja Ucraniana, nem se observa a densa névoa que encobre o vale entre os paredões de pedra acortinados pelas quedas de Salto São Sebastião e de Salto Mlot. Daquele ponto, nem se imagina que o dia começa mesmo antes de chegar o sol, no escuro da terra, quando a semente desponta sob os pés já firmes do agricultor, que não espera o sol se levantar para lhe dizer que o trabalho começou.

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Esta não é mais uma ode ao trabalhador que desperta cedo. É reconhecido, certamente, o valor daqueles que madrugam para garantir que a vida de todos siga seu fluxo, mas o centro deste livro é, na verdade, um lembrete: mesmo que você não saiba, há alguém cooperando para que seu dia a dia seja melhor.

Ao contrário do que possa parecer, esta leitura também não vem para exaltar o trabalho no campo. Ainda que várias passagens brotem de nossas terras fecundas, esta é uma história sobre esperança, item valioso, porque escasso, nos dias de hoje. É, ainda, uma história sobre confiança e sobre como a transparência e a vontade de crescer em conjunto pavimentam um caminho em que é possível acreditar.

Mesmo que haja muitas barreiras.

Não será uma mensagem institucional do sistema Sicredi e não se pretende contar a história do cooperativismo, porque muitos já o fizeram com esmero. Esta é uma forma de celebrar e marcar em palavras a história de como 26 pessoas, por meio dos princípios cooperativistas, transformaramse nos mais de 37 mil associados da Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ. De 1984 a 2019, este é o capítulo de Prudentópolis na história do cooperativismo.

Este livro é, sobretudo, para você que precisa de inspiração para trilhar novos caminhos e, é claro, de esperança e de confiança no próximo, porque juntos fazemos mais.

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CORAGEM

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¹ Memória histórica.

Cooperativas de crédito no Brasil e o surgimento do Sicredi.

O cooperativismo havia se desgastado no Paraná. Com o fechamento de algumas cooperativas agrícolas, a desconfiança com relação ao sistema vindo do Rio Grande do Sul se infiltrava num estado em que o campo sempre se apoiou na força da cooperação. Na década de 1980, não era possível acreditar, inclusive, que as cooperativas de crédito rural voltariam a crescer. Depois de um momento de grande ascensão, restrições legais impostas a partir de 1964 quase conseguiram extingui-las. Todo um sistema já estruturado caia por terra.

Em 1984, ano da geada que matou todo o trigo no Paraná, a desesperança era inevitável. Foi neste mesmo ano, entretanto, no dia seguinte à grande geada, que nasceu uma cooperativa de crédito rural, com escritório improvisado na seção de peças da Cooperativa Agrícola Mista de Prudentópolis, a Camp. Quem estava ali assistiu a um dos capítulos da retomada das cooperativas de crédito após a era do ‘não pode’.

Duas décadas foram mais do que suficientes para desestruturar boa parte das cooperativas criadas no início do século. Foi um longo período de estiagem. Poucas sobreviveram. A terra ainda não era tão fértil em meados da década de 1980, mas o trabalho não cessou. Ainda que as condições não fossem ideais, a força das lideranças cooperativas se manteve inabalável. E as sementes plantadas nas conversas e nos apertos de mão entre os homens do campo se transformaram nas fortes raízes que, hoje, sustentam o Sicredi.

A cooperativa Centro Sul é um desses sustentáculos. E a história dessa construção você vai ler nestas páginas.

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Santo Cappellari, JoĂŁo Oliveira de Souza, Nelson Refatti, Ademar Jorge Dressler, Roque AntĂ´nio Servat, Milton Salanti e Walter Mehl.

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A seção de peças Estavam na conversa Ademar Jorge Dressler, assessor da Camp e da Credicamp na época da fundação; Helton Cesar Kolecha, atual diretor executivo da Centro Sul; João Oliveira de Souza, primeiro funcionário e atual vice-presidente da Centro Sul; Milton Salanti, um dos sócios-fundadores; Nelson Refatti (in memoriam), associado que fez o primeiro papagaio, ou seja, empréstimo; Roque Antônio Servat, sócio-fundador; Santo Cappellari, atual presidente da Centro Sul; e Walter Mehl, primeiro

Alguns cabelos brancos, outros ainda longe disso.

Uma confortável sala de reuniões climatizada, uma mesa bem servida com queijos, cracóvias e outras especialidades da culinária regional. Uma manhã do início de 2018 na Avenida São João, em Prudentópolis, viu passar a história do nascimento da Sicredi Centro Sul em uma conversa repleta de sorrisos e memórias.

Grande parte dos fundadores e incentivadores desse início não pôde estar lá. Alguns já nos deixaram, outros estavam longe. Os que conseguiram colaborar para reconstruir a história tinham, nos olhos e na voz, um entusiasmo que me acostumei a encontrar nos meses subsequentes. Se alguém naquela sala nunca tivesse ouvido falar em cooperativismo, entenderia o conceito sem precisar de definição formal.

Saberia que cooperar é sobre acreditar, unir, superar e crescer.

gerente da Credicamp.

Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural, criado em 1977.

– Eu acho louvável a ideia de transformar essa história em um livro, porque teve muito percalço desde a fundação.

– Ademar pede a palavra. – A ideia do cooperativismo veio com Pedro Martinez Cebrian, ex-funcionário do Bamerindus. O seu Ignácio Donel, presidente da Ocepar na época, foi o grande incentivador das cooperativas de crédito, e o seu Dionizio encampou a ideia. Eu participei da reunião de fundação, juntamente com a Emater. Dali pra frente, arrumar os sócios de fundação não foi tão difícil, mas o problema maior foi depois, para continuar.

– E havia o desgaste do sistema cooperativista... – lembra Roque.

– Sim, certa desconfiança, – continua Ademar –, que também ajudou a não ser um crescimento mais imediato. Os receios dos associados: “Vamos montar uma cooperativa, mas, e daí, nós estamos financiando a lavoura no Banco do Brasil, como é que fica? Será que vão dar financiamento pra nós?

Quem é que vai compensar os nossos cheques?”. O Walter foi um grande gerente, em que ano você começou?

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– Eu fui contratado em 85. A ata número 1 foi a minha contratação como gerente. Eu participava das assembleias da Camp como gerente da cooperativa de crédito. Foram meses, senão anos, em que eu ficava escondido no fundo da assembleia pra não me perguntarem nada, mas um dia perguntaram. “Credicamp, tem alguma coisa?”.

Eu respondi: “Foi o Nelson fazer um papagaio”. Cadê o Nelson? Posso brincar? O primeiro ‘papagaiero’, o primeiro empréstimo que eu fiz foi com o Nelson. Uma miséria, mas, pelo menos, a gente foi aprendendo a lidar com os papéis.

Fomos começando a criar um pouco mais de experiência, saber o que a gente estava fazendo, depois de muitas reuniões em Curitiba. Foi desenvolvendo muito lentamente, mas foi desenvolvendo com um bom alicerce.

Para Ademar, a história vem fácil.

– A Sicredi em si começa do setor de peças. A grande vantagem da Credicamp, na época, é que a diretoria era a mesma da cooperativa de produção, daí não tinha despesa. Se tivesse despesa, não ia dar certo. Eles perguntavam: “Vocês não estão com medo de quebrar?

Exatamente por isso, não, porque não tem despesa”.

Os risos enchem a sala. E a lembrança vai mais longe, nas sementes de tudo, quando Roque retoma anos anteriores a 1984.

– Nós começamos com a Camp, a cooperativa de produção que foi o alicerce da Sicredi. Vocês lembram que tínhamos um comitê educativo, paralelo ao administrativo e fiscal, do qual eu fazia parte? O Miguel Pontarollo, o Luís Carlos Concato e eu. Esse comitê se reunia volta e meia pra trocar ideias. Nessas andanças, surgiu um evento em Londrina, da cooperativa Cativa, nós fomos convidados para apresentar a Camp. Nesse evento, estava o doutor Roberto Rodrigues.

E lá ouvimos falar de cooperativa de crédito. Em 82, 83. O Concato, que era engenheiro da Camp, era natural de Caxias do Sul, que fica perto de Nova Petrópolis, o berço do nosso

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Roberto Rodrigues é um dos principais nomes do cooperativismo no mundo.

Foi ministro da agricultura e presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e atual embaixador da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para as Cooperativas.

Sistema, e nos ajudou a conversar com o doutor Roberto Rodrigues. Falamos que éramos de Prudentópolis e que tínhamos ideia de formar uma cooperativa de crédito. Ele nos atendeu, mas foram poucas palavras, já que ele não tinha disponibilidade de atender todos. Ele disse: “Vocês sigam com a ideia que pode ter sucesso”. E realmente teve.

O sucesso aparece muito depois nessa história.

Antes, veio a coragem, com Walter.

– Quando eu fui procurado pelo seu Dionizio, que era presidente da Camp, eu trabalhava em outro emprego, e ele foi me convidar pra trabalhar na cooperativa, ser o gerente, uma coisa que praticamente não existia. Nem ele sabia direito o que era uma cooperativa de crédito. “É tipo um banco”, ele disse. E eu, quando menino, tinha trabalhado no Banco Comercial do Paraná. Por coincidência, o prédio do banco era aqui onde é a Sicredi hoje. Assim começou a funcionar a Credicamp, na sala de peças da Camp, com a minha contratação, mesmo eu não tendo ideia do que eu ia fazer.

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Um visionário Walter confiou em Dionizio Opuchkevitch, puxando uma longa fila de pessoas que fizeram o mesmo. Seu Roque, ao justificar o que levou os sócios-fundadores a se unirem, não demonstra dúvidas. “A credibilidade começou com um conselho bem forte, com pessoas dignas, honestas, leais, isso aí alavancou. A diferença foi a credibilidade dos que deram início”.

Isso se repete na conversa de muitos. Miguel Pontarollo presenciou o convite feito ao pai dele por seu Dionizio e seu Walter. “Eu fiquei só escutando, curioso, lá com meus 25, 26 anos. A luta deles, principalmente do primeiro presidente, do empenho deles, acreditando no sistema, através daquela força, daquele desejo de trabalho, que a gente continuou”. Associou-se em seguida, em 1987.

A história da família, conta Luiz Alberto Opuchkevitch, confunde-se com o início da Sicredi Centro Sul. Sobrinho de seu Dionizio, associou-se em 1988. “A gente tem muito orgulho dele, porque sempre foi um empreendedor e um visionário. Ele participava de muitas diretorias. Era presidente da Camp, do Sicredi, da paróquia, da rádio FM, da igreja, do sindicato, ele era muito envolvido com essas coisas. Tinha uma visão futurista. Muitas coisas que ele falava naquele tempo a gente nem imaginava, mas hoje estão acontecendo”.

Aconteceu com o cooperativismo de crédito. A fama de otimista e de bem-humorado de seu Dionizio contagiava os familiares e os associados.

Walter reafirma o bom humor. “Perguntavam pra ele: ‘Mas, Dionizio, o que que o Sicredi tem pra oferecer pra gente ficar sócio lá, vai trabalhar com o quê?’. Daí ele dizia: ‘Tem isso, isso e isso, e quando você morrer nós te damos uma coroa’”, brincava.

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Para além da simpatia, o que havia nele hoje nós chamamos de espírito empreendedor. Quem conta é a médica Ângela Opuchkevitch, filha de seu Dionizio.

“A ideia de implantar a cooperativa de crédito representava para ele a oportunidade de facilitar aos pequenos agricultores o acesso ao crédito, com taxas menores, proporcionando melhora da qualidade de vida e desenvolvimento ao município”.

Na visão do primeiro presidente, tudo tinha que evoluir. “Quando a Centro Sul se consolidou como grande cooperativa de crédito, ele ficou muito feliz.

E sempre deixava claro que o trabalho não estava sendo feito para ele, mas para futuras gerações”.

Outro legado deixado por ele tornou-se símbolo do município. A cracóvia, embutido tradicional de Prudentópolis, foi criada por ele para alavancar as vendas da Casa de Carnes da família. Junto a Pedro Marcon, funcionário e amigo de longa data, fez várias misturas até ficar satisfeito com a receita do novo salame, que levou o nome da cidade polonesa em homenagem aos numerosos descendentes da região. Hoje, é impossível ir à Prudentópolis sem ouvir o pedido: “Traz uma Cracóvia!”.

As lembranças de seu Dionizio provocam sorrisos, mas, sobretudo, respeito. Era um encantado pelo cooperativismo. “Quando colocava alguma coisa na cabeça, ele fazia acontecer. Tinha uma personalidade bem forte e um coração muito bom, humanitário.

Deixava dos afazeres dele pra cuidar de outras coisas. No tempo em que era presidente do Sicredi, não tinha remuneração nenhuma no sindicato e na cooperativa, ele fazia tudo por amor mesmo”, conta o sobrinho. Um dos objetivos dele na vida, conta Ângela, era ficar registrado na história de Prudentópolis. Conseguiu. Emblemático até o fim, Dionizio faleceu no dia 25 de agosto de 2009, na data exata em que a Cooperativa fez 25 anos.

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“O banquinho da cooperativa” Havia coragem, determinação, esperança.

Mas muita coisa não era permitida. Os próprios funcionários não podiam ser associados da cooperativa de crédito. A entrada só era permitida a agricultores associados a uma cooperativa de produção. Não era possível associar o comerciante.

Pessoas jurídicas não eram autorizadas pela lei.

Seu Walter enfrentou cara a cara a falta de conhecimento e as muitas limitações. “Eu saía muito com o Ademar para o interior; enquanto ele conversava com os agricultores sobre lavoura, eu falava sobre cooperativismo de crédito.

Só que a gente tinha muito pouco pra oferecer.

Quase nada, na realidade. Eu nem lembro o que eu dizia pra convencer o cara a ser da cooperativa, porque não tinha nada pra dar.

De certo era: ‘Vamos esperar o futuro’”.

De vez em quando, um fiscal do Banco Rural aparecia para olhar o que havia no caixa de seu Walter. “Pra não dizer que não tinha nada, tinha um cheque meu pendurado”. Para ter algo a oferecer, ele mesmo copiou um talão de cheques e mandou fazer na tipografia. Depois, o trabalho era avisar aos comerciantes que vendessem para quem aparecesse com o vale da Credicamp. Mais tarde, Walter passava comprando os vales, ou os comerciantes passavam na sala de peças feita escritório para os trocar.

“No comércio, poucos acreditavam no Sicredi.

Tanto que caçoavam: ‘Vocês, com esse banquinho, não vão longe’. E hoje a própria comunidade vê a diferença, o atendimento. Quando você precisa ir a um outro banco, entra e só vê máquinas, não existem pessoas pra te dar uma satisfação, ao 18

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contrário do Sicredi”. Fala de dono, porque Miguel Pontarollo faz questão de lembrar que o Sicredi é negócio dele (e de cada um dos associados).

A coragem para continuar vinha de uma esperança que, noto agora, também brota da terra.

Miguel reafirma: “A esperança do agricultor sempre vai existir.

Se essa safra não for boa, a do próximo ano será. Depende muito mais de coisas externas do que internas, mas a esperança é que tudo sempre melhore.

O agricultor é um batalhador nato, eu sempre fui, meu pai, meu filho é. A gente sabe que o agricultor é o norte da nação”.

Nelson Refatti, o do primeiro papagaio, traz a simplicidade na voz calma e no dito firme de agricultor. “Se a cooperativa de produção tinha dado certo, por que não daria certo a de crédito?

O juro que a gente pagava de papagaio pro Banco do Brasil veio pro Sicredi. Então, o banco Sicredi era um passo certo”.

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As assembleias são o momento mais simbólico do cooperativismo: nelas, é feita a prestação de contas do período para os associados, exaltando a transparência do sistema, e, ainda, é o momento em que cada associado pode exercer o direito de votar.

2.

CONFIANÇA Quando se olha de fora, parece tudo mais simples, mais natural. Em todo lugar tem agência, Sicredi é nome que todo mundo conhece. Nem sempre foi assim. “Quando começou, ninguém sabia o que era Sicredi, o que era cooperativa de crédito, era uma grande dificuldade. Você tinha que ir de casa em casa, ficava até altas horas da noite, jantava na casa da pessoa, tentando convencer a abrir a conta”.

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Primeiro funcionário, atual vice-presidente Quem conta é João Oliveira de Souza, o primeiro funcionário da cooperativa de crédito, em 1988. Walter estava na cooperativa antes, mas era cedido pela Camp e só mais tarde foi registrado pela Credicamp. “Isso aconteceu depois que a gente viu que dava pra pagar nosso salário. Agora não me lembro de onde a gente tirava o salário do João também... No início, a Camp pagava”.

“Eu mesmo abri a minha matrícula. Foi a de número 66, foram 65 sócios antes de mim”, conta João. “E daí teve todo o período em que a gente usava aquelas maquininhas de calcular. Era uma manivelinha, sabe? Para autenticar os talões de cheque, nós fazíamos uma chapinha. Eu vivi todas essas histórias. Fiquei um grande período longe, mas bem no início eu estava lá. Eu acreditava que daria certo. Estava na mão de pessoas de muita confiança. Não era um banco que tinha um presidente lá em São Paulo, por exemplo, uma coisa inatingível. Aqui você convivia, dia por dia, quem atendia estava ali. Se eu tinha um problema qualquer, se eu queria fazer alguma coisa, chegava pro Walter, que era o gerente na época, e na hora ele dizia ‘pode fazer, se você acha que dá pra fazer, pode fazer’. Ele me deu carta branca”.

A cada novo fragmento de história, surgem as sementes de confiança. Na palavra, nos acertos. Confiavam na Camp, confiavam nas pessoas. Aquele caixa que não tinha nada no início passou a ser um cofre. Ou melhor, uma caixa de lata feita cofre. “O João andava com o cofre debaixo do braço. Bem no início, eu levava pra casa o dinheiro deixado pra depósito, ia colocar onde? Ia e voltava com o dinheiro no outro dia”.

Em 1992, Roberto Honesko recebeu uma indicação para trabalhar no Sicredi, fazia serviços de escriturário. É o colaborador mais antigo da agência de Prudentópolis e continua na ativa. Na época em que o controle era todo feito em fichas, destacou-se pela excelente datilografia.

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O desafio, entretanto, não era lidar com papéis e máquinas nada modernas. “A gente precisava prospectar associados, mas não tinha nada a oferecer, era um talão de cheque, algum crédito. A pessoa perguntava ‘Eu vou abrir uma conta lá pra quê? Só pra ser sócio?’.

Depois foi evoluindo, a central do Paraná começou a atuar mais, a reestruturar, e fortaleceu o sistema”.

“A gente tinha quase que acreditar”. Raimundo Lazai foi dos primeiros a fazer isso. “Em 1994, era lá num negócio de peças da cooperativa de produção, depois cresceu, mudou de lugar, né. Hoje dá pra dizer que tem estrutura, tem como atender, até foi feita mais uma agência aqui em Prudentópolis, porque já era muita gente”. Ele continua sócio, fez treinamentos e foi conselheiro administrativo e fiscal da Cooperativa. Das coisas que valoriza, o aprendizado está em primeiro lugar. “Eu vim lá do Oeste, não tive muita oportunidade de ir pra escola, não tive estudo, mas agora dá pra dizer que eu tô feliz do que a gente conseguiu aqui”.

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O associado número 340 Os números rigorosos confirmam: confiança também é matéria do tempo. E algumas histórias vêm para nos ensinar que o pensamento pode mudar. “Quando o Sicredi começou, ali na seção de peças, eu falei mais de uma vez: ‘Isso não vai dar certo, não tem como dar certo’. Não tinha nada”.

Palavras de Santo Cappellari, atual presidente da Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ. Sócio da Camp desde 1984, quando ainda era agricultor, Santo levou 10 anos para se associar ao Sicredi. Ele era dos agricultores que reclamavam de pagar um percentual sobre o que era entregue à cooperativa de produção. O pensamento era comum. Por que pagar se nem sócio era? A taxa, obrigatória a todos os associados, garantiu a sobrevivência do Sicredi. “Hoje, a gente sabe como o capital social é necessário ao nosso desenvolvimento. Eu não teria reclamado se soubesse da importância que aquele valor teria no futuro”.

“De 84 a 95, eu só acompanhei. Além de contribuir com a taxa de produção, eu acabava participando das assembleias do Sicredi, que eram no mesmo dia que as da Camp. Foi ali que eu comecei a conhecer e entender um pouco mais do sistema. Em 95, quando eu efetivamente me tornei um associado Sicredi, a minha matrícula foi 340. Foram 339 pessoas anteriores a mim”. O envolvimento foi contínuo. Em 1998, tornouse conselheiro fiscal. Foi reeleito, mas logo saiu, em 2000, para assumir a gerência em Prudentópolis, cargo que ocupou por cinco anos. A presidência veio em 2007, depois de dois anos em que foi gestado o projeto de um novo conselho, com um diferencial: ser formado por pessoas que já haviam experimentado o dia a dia das agências e conheciam de vivência as dificuldades e necessidades da linha de frente.

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Passos de formiguinha O desafio maior sempre foi conquistar a credibilidade.

Dar crédito é tarefa de instituição financeira, mas, muitas vezes, a própria confiança chega a falhar. É preciso que alguém incentive o salto. “Ninguém imaginava que ia virar o que virou, que ia crescer a quantia que cresceu. Eu, quando saí, já era quase inimaginável o que tínhamos conseguido atingir.

Administrávamos da melhor maneira que a gente podia. A gente sempre fez o que pôde”, comenta seu Walter, os olhos azuis fitando o infinito como se relembrasse o tamanho do penhasco à frente. “Quando a central disse pra Centro Sul ‘Vocês têm que abrir em Guamiranga’, a gente não sabia o que fazer. Nem aguentamos as pernas aqui, como vai abrir lá?”.

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“Eu era do conselho de administração. Se comentava a necessidade, com um pouco mais de estrutura e indo bem em Prudentópolis, de expandir, mas dava um certo medo.

Até porque foram muitas dificuldades até aquele momento para perder tudo dando um passo maior que a perna”. Seu Arno Rodolfo Bonetti, agricultor e empresário que respira cooperativismo desde a infância, enriquece em detalhes a história suada do crescimento do ‘banquinho da cooperativa’.

“A gente foi até um pouco teimoso, porque dificilmente alguém se dedica a algo que parece muito difícil, mas a ideia da cooperativa de crédito era brilhante, você ser o dono do próprio negócio, não depender de recursos de outros bancos... Era um sonho sedutor”. O encantamento vacilava quando os possíveis associados encontravam deveres no caminho dos direitos. “No Banco do Brasil, eu não preciso deixar nada”, diziam os desavisados. “Mas era uma ideia nova. A dificuldade que se tinha é que em cooperativa se prega a fidelidade. Como você poderia ser fiel a uma cooperativa que estava surgindo, sem nenhum recurso, sem ao menos saber se aquilo ia dar certo e abolir um Banco do Brasil que financiava todos os seus projetos?”.

Guamiranga estava se emancipando de Imbituva, não tinha nenhuma agência bancária. Era vista a necessidade de uma unidade do Sicredi lá. O sucesso da empreitada, inclusive, parecia certo. Em 1998, nasce a primeira agência Centro Sul fora de Prudentópolis. E começou dando errado.

“Olha, vamos fechar o Guamiranga, já faz três meses que abriu e só tá dando prejuízo”. A frase de seu Walter, apesar de improvável, encorajou João, o associado número 66, que resolveu voltar depois de oito anos trabalhando no Banestado, banco do estado do Paraná. “Eu acreditava que iria crescer, por isso eu voltei”. Afeito a desafios, João fez uma proposta: “Olha, Walter, eu venho ganhar 70% a menos do que eu ganho no Banestado, só que, se eu viabilizar isso daqui até o final do ano, vocês me pagam o que eu ganhava lá”. O fim do ano chegou e, com ele, o ponto de equilíbrio: a agência ainda não dava lucro, mas também não dava prejuízo. O combinado estava pago.

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A primeira gerente Gilmara Gumiero Lopes foi contratada como atendente de Guamiranga em 2000, a terceira colaboradora da agência.

“A gente não tinha a mínima noção do que era esse cooperativismo. O pai tinha conta no banco em que o João trabalhava (Banestado). Quando se instalou aqui, meu pai abriu conta e aí que a gente começou a trabalhar com o Sicredi.

Depois eu fui convidada a ser colaboradora”.

O primeiro emprego de Gilmara com carteira assinada a levou aos cargos de atendente, caixa, encarregada de atendimento e, por fim, à gerência, em 2003, quando João deixou o cargo para assumir outra agência. “Como era uma cooperativa de crédito que estava começando, estava em crescente expansão. Eles queriam dar oportunidade para quem estava junto”. A primeira mulher a ser gerente hoje é empresária, administra quatro lojas e uma fábrica e gerencia uma equipe de 25 funcionários.

“Se tem uma palavra que define o que eu sinto por essa cooperativa e pelos meus colegas de trabalho que ainda estão aqui é gratidão, porque o conhecimento que eu adquiri, liderança de equipe, eu aprendi trabalhando ali”.

Gilmara continua associada, até porque o sentimento de ser dono você não perde nunca. “A cooperativa é como uma família: apesar de haver, às vezes, um contratempo, você continua sendo família”.

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Prudentópolis observou as várias transições da Sicredi Centro Sul PR/ SC/RJ: da sala de peças da cooperativa de produção para a Sureg própria, hoje coma Sicredi Av. São João; da segunda agência, Sicredi Rui Barbosa, já com atualização do layout.

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COOPERAÇÃO

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Se você chegou até esta parte do livro, já sabe que não falamos apenas de uma história. A jornada de uma cooperativa é feita de muitas trajetórias, inúmeras pessoas, grandes momentos e, principalmente, de pequenos episódios. Do dia a dia da cooperação. Você sabe: é no cotidiano que se prepara a terra, que se constroem os laços. E nesta história não é diferente.

Nestas poucas palavras escritas para o grande número de associados e quilômetros existentes nas terras desta cooperativa, muitas ficaram de fora. E ecoam em nossas lembranças quantas vidas foram transformadas. Até este ponto da história, passamos por quase 15 anos de existência da Cooperativa. Nesse tempo, a Credicamp se tornou Sicooper Camp, em 1996; desvinculou-se da cooperativa de produção, em 1997, e passou a se chamar Sicredi Prudentópolis. Por fim, em 2001, assumiu o nome de Sicredi Centro Sul PR. Depois, ganharia ainda o SC, de Santa Catarina, e, hoje, o RJ, de Rio de Janeiro.

Só que essas são ainda outras histórias, que você vai saber mais à frente. Por enquanto, ainda estamos em 2000, há pouco mais de 58 mil associados ao sistema Sicredi no Paraná, e a cooperativa que começou com 26 sócios-fundadores tem pouco mais de 400 associados.

Santo Cappellari, que acabara de assumir a gerência de Prudentópolis, tinha uma meta ousada: dobrar o número de sócios da Cooperativa em um ano.

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O setor fumageiro Santo tinha certeza de que seria demitido quando seu Walter voltasse de férias em fevereiro de 2001. Ainda em 2000, já sabendo que precisaria associar mais de 300 pessoas no próximo ano, buscava saídas. Enxergou no setor fumageiro, muito forte na região, um caminho a ser seguido. A ideia foi apresentada a Walter, que a negou de pronto. Parecia arriscado na época, já que os associados eram escolhidos a dedo. Ao refletir sobre a oportunidade, entretanto, sabia que, em alguns jogos, perder é ganhar. “Uma coisa é certa, o Sicredi vai continuar, com ou sem a gente”, disse Santo a Claudio Alfonso Hupfer, gerente regional. E os dois foram em busca de viabilizar a parceria com o setor.

A orientação da empresa responsável pelo pagamento aos produtores no Rio Grande do Sul era de que os valores fossem enviados ao Sicredi. O mesmo no Paraná. Santo e Claudio decidiram encarar o desafio. “E na hora em que o Walter voltar?” “Bom, o máximo que ele vai fazer é mandar a gente embora”, lembra Santo. Numa manhã, marcaram para contar a Walter o que haviam feito. “O medo existia, eu lembro disso muito bem, porque a ansiedade foi grande, então a gente contou a ele que tinha deixado tudo mais ou menos alinhado”, conta Santo. E Walter foi sensato.

“Olha, gurizada, eu continuo achando que isso aí só dará trabalho, mas vocês são jovens, são vocês que vão tocar isso aqui, se acham que vai dar certo, toquem o barco”.

De uma só vez, a Cooperativa amanheceu com 200 sócios a mais. “São todos ou nenhum”, sentenciou o orientador responsável pelo pagamento aos produtores de fumo. As adesões alavancaram a Centro Sul, mas ainda não eram suficientes para fazê-la sobreviver. Em 2002, já com as agências de Guamiranga e Imbituva em funcionamento, receberam um ultimato da Central: “Ou vocês chegam a 5 milhões de reais em recursos administrados até o final do ano ou uma outra cooperativa poderá vir aqui tocar a regional de vocês”.

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Com o avanço do setor fumageiro, a agência de Prudentópolis, sozinha, bateu a meta. Novos serviços e produtos também ajudaram a fortalecer a relação com os associados, que cada vez mais não precisavam trabalhar com outras instituições financeiras. Fortaleciam os laços com o Sicredi.

Novos rumos Saber de memória o número de conta de 150 associados.

Assim começa a aparecer o profundo conhecimento sobre a Cooperativa de Helton Cesar Kolecha, que iniciou seu trabalho na Centro Sul aos 17 anos, na agência de Guamiranga, em 1998, para auxiliar João, gerente na época.

“A gente realmente sabia quem era a pessoa, o que estava vindo fazer, tínhamos muito, e temos até hoje, esse contato próximo com o associado”, conta Helton, que relembra os tempos de limpar a agência, fazer o café e o atendimento, o que fosse necessário. Por toda essa experiência, foi convidado a abrir a unidade de Imbituva, em 2000, onde ficou por dois meses.

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Na cidade das malhas, com um lado industrial fortemente desenvolvido, Imbituva recebeu a terceira agência da Cooperativa. Marilene Aparecida Mendes, a colaboradora mais antiga de lá, entrou como caixa e também fazia de tudo. Para ela, falar do Sicredi é como falar de um filho. “Era uma agência pequena, todos tinham que ajudar. Agora cresceu demais.

O mais bonito são as oportunidades que o Sicredi dá pra que você faça parte da vida dos associados, participe das coisas da comunidade. Até por ser uma cidade pequena, não custa nada saber um pouquinho de cada um, de como poder ajudar”. Agora já deve ficar mais custoso saber o nome de todos: em 2018, a agência estava com mais de 2500 associados.

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Para Helton, que hoje ocupa o cargo de diretor executivo, outras informações saltam fáceis à memória.

As características dos produtos e serviços aprendidos quando se tornou assessor e teve por incumbência o papel de repassar as informações aos demais colaboradores, a cronologia das agências, as características de cada uma das cidades em que estão instaladas, os planos para o futuro da regional. “Queremos ser uma cooperativa que entregue o Sicredi da melhor maneira possível para a sociedade. É mais do que ser uma grande cooperativa, é ser uma excelente cooperativa dentro da nossa área de atuação”.

19 dias De volta a 2002, o tempo necessário para abrir a agência de Rio Azul foi de 19 dias. O setor fumageiro, novamente, era o responsável pelo número expressivo. Afinal, a fumicultura lá é a renda principal de grande parte dos produtores. O recorde se deu pelo fechamento da única instituição pagadora que havia na cidade. Pela parceria iniciada anteriormente, eles recorreram à Centro Sul, que atendeu de pronto à solicitação.

Na salinha de 48 m², 12 contas eram abertas por dia para fazer pagamento aos produtores de fumo. Três funcionários e o gerente. Foi um ano nesse lugar, relembra Valentim Schuta, até que a agência fosse construída. De lá para cá, já foram quatro ampliações. “Hoje melhorou bastante”. Antes das primeiras mudanças, seu Valentim, vigilante desde a abertura da agência, conta a emoção de buscar dinheiro no Banco do Brasil, em Rebouças, a 15 km de lá. Não muito seguro à época, ele confessa, mas os tempos mudaram. O que não mudou, para ele, é a importância do bom atendimento: “O grande diferencial é que as pessoas chegam aqui e conversam com pessoas”.

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De início, não tinha muita opção, mas o cooperativismo era atrativo mesmo assim. Sandro Fucilini esteve na inauguração da agência de Rio Azul e acompanhou o desenvolvimento, que se deu à base da cooperação. “O povo reconhece o esforço em atender bem e, por isso, sempre continua movimentando, fazendo suas aplicações, buscando financiamento, sempre junto com a Cooperativa”. A participação dele foi junto ao conselho fiscal e, atualmente, no conselho de administração, representando os associados no importante papel que é direito e dever de todos: acompanhar de perto como está sendo feito o trabalho da cooperativa. “O pessoal confunde muito achando que é mais um banco, mas aqui todos participam”.

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Nestor Fusverki, mesmo sendo agricultor, nunca havia feito parte de cooperativa. “A primeira é o nosso Sicredi”, diz com admiração. Entrou em contato com a agência três anos após a inauguração em Rio Azul. “É uma instituição que atende o meio urbano e o meio rural, que faz parte das comunidades, nas festas e nas instituições de ensino, ela marca presença, por isso mesmo que a nossa região aceitou o Sicredi e tá todo mundo contente com isso”.

Poucos minutos de conversa são suficientes para perceber que Nestor é um orgulhoso porta-voz cooperativista. Fez o programa Crescer, foi eleito coordenador de núcleo, atuou por quatro anos e chegou ao conselho de administração, para avaliar, questionar, discutir projetos. Ser um bom administrador, para ele, inclui organizar as próprias atividades para sair tranquilo em prol da Cooperativa. “Se todos tivessem oportunidade de fazer o Programa Crescer, para conhecer mais o que é uma cooperativa de crédito, iam entender que o associado é o dono, e lugar de dono é cuidando da sua empresa”.

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Dois pés atrás Alguns associados comparam o cooperativismo a um casamento. É compartilhar momentos na alegria e na tristeza. E bem por isso o assombro dos prejuízos causados pela falência de cooperativas de produção na região deixou meio mundo desconfiado. Irati viu capítulos dessa história de descrédito. “Eu tomei muito prejuízo com a cooperativa de produção que faliu aqui. Fiquei arisco até com a outra. Se pegarem meu extrato quando Prudentópolis assumiu, eu não tenho nem movimento...”, conta Alberto Carlos Naimann, um persistente cooperativista desde 1989, que ainda luta na justiça por dívida remanescente da falência.

Sem a cooperativa local de produção, o Sicredi absorveu a cooperativa de crédito.

Irati, então, passou a ser responsabilidade da Centro Sul com a reformulação das áreas de atuação, e a agência migrou. “Depois eu peguei confiança com a diretoria, porque a gente viu que eles estavam fazendo o negócio certo, nem tenho mais conta em outro banco”, diz seu Alberto. “A gente viu que a coisa era séria, começamos a entender e deu coragem.

Estamos ao lado do Sicredi até hoje”.

Irati e Rio Azul chegaram quase juntas à Centro Sul em 2002. Foi uma migração de área que abriu possibilidades à cooperativa de Prudentópolis de sair do berço e fazer dois caminhos: seguir ao Norte, com Imbaú, Reserva e Telêmaco Borba, em 2001, e avançar ao Sul, tendo como área de responsabilidade União da Vitória. Uma extensão territorial de praticamente 400 km, que não cabia nem nos pensamentos que se fixavam nos poucos metros da sala de peças lá do início.

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CONHECI MENTO

“Eu não pego cheque desse banquinho. É um banco novo, e tudo que abre aqui fecha”. Soou como mau agouro, mas era só desconhecimento. Os moradores de Reserva não eram familiarizados com o sistema.

“Em Prudentópolis, já havia uma noção de cooperativa, era mais fácil de trabalhar com capital social.

A gente correu bastante atrás de fazer o pessoal entender essa cultura”. Keila Komar Martins, a primeira funcionária da agência de Reserva, foi quem ouviu a frase do início, em 2003, ao tentar pagar a compra feita numa loja da cidade. Agora, a empresária da mesma loja é associada do Sicredi.

Nesse início, Keila ajudou a firmar as raízes da cooperativa de que hoje é associada. E teve retorno com isso. “Trabalhar no Sicredi me ajudou bastante, do começo ao fim, foi ali que eu comecei a fazer minha vida. Dali saiu minha empresa, eu construí o que tenho a partir disso”. Quanto à previsão da dona da loja, foi um grande equívoco. A agência da cidade famosa pela Festa do Tomate recebeu a quarta ampliação em 2018, quando completou 15 anos, com mais de 4200 contas, entre correntes e poupança.

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Ainda os fantasmas Com o risco de tornar essa narrativa repetitiva, é preciso falar novamente do desgaste do cooperativismo na região. Infelizmente, essa também é uma história de muitos capítulos.

“Teve até vezes que eu tive quase que pegar na mão do produtor pra ele assinar a adesão e entrar na cooperativa. Ele queria, mas tinha medo”, conta Ernani Jose Worell, primeiro gerente da agência de Mallet.

“Quando você falava em cooperativa, o pessoal tinha muito receio por conta de uma agrícola que tinha quebrado no município há anos. Foi difícil eles aceitarem que tinha garantia, um sistema que dava segurança”.

Devagar, Ernani e os demais colaboradores fizeram com que a confiança fosse retomada. O administrador público Vilmar de Paula, por exemplo, entrou por um convite pessoal apenas em 2007, quatro anos após a inauguração. “O que me levou a participar foi o fato de o Sicredi dar muita oportunidade ao associado.

Aos poucos, eu fui me apegando à cooperativa”. Associado, ex-coordenador de núcleo e conselheiro. A motivação de Vilmar está na transparência.

“As informações não ficam só na diretoria. Você tem chance de conhecer melhor o Sicredi pelo novo modelo de gestão. E, conhecendo melhor, você jamais vai querer partir para um banco que não seja cooperativista”.

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Olhar estratégico Não basta à gestão ser transparente. É preciso firmeza para tomar decisões difíceis. Foi a garantia para que Telêmaco Borba, nona agência da Centro Sul, pudesse sobreviver.

E essa parte da história envolve Imbaú, cidade próxima a Tibagi, que teve uma agência Sicredi por sete anos, de 2001 a 2008. Era um período em que a marca ainda não era reconhecida. A agência não se sustentou. Em Telêmaco, inaugurada em 2004, o caso se repetia. “As duas estavam com problemas financeiros, e o conselho decidiu que elas fossem unidas. Em 2008, os 400 associados de Imbaú foram para Telêmaco, que alcançou o ponto de equilíbrio e se tornou economicamente viável”, conta Helton.

Houve ainda uma mudança de ponto, e a agência de Telêmaco se fortaleceu. “Algumas pessoas de fora falaram pra tomar cuidado com banco cooperativista, que não tinha segurança, mas eu já tinha ouvido falar de outras cooperativas que estavam indo bem e lógico que fui conversar. Daí você passa a estudar o que é e começa a confiar”. Palavras de Alexandra Arcaten, empresária do ramo de segurança patrimonial que é associada desde que começou suas atividades. “Eu procurei o Sicredi em 2006, era uma agência pequena, as pessoas demoram a aceitar qualquer novidade, é cultural da região”.

Alexandra nasceu e permaneceu em Telêmaco, valoriza a coragem e a visão da liderança da Cooperativa. “A gente fica satisfeita em ver o crescimento da instituição, isso consolida cada vez mais o processo da empresa e nos traz uma segurança maior. Quebram os mitos, as barreiras de antigamente, isso é maravilhoso. Deu certo, tá dando certo, qualquer lugar em que você vai do Paraná tem uma agência do Sicredi”.

Bituruna já era uma dessas cidades em 2005, mas ainda não fazia parte da área de responsabilidade da Centro Sul. Isso se deu em 2006. O movimento de adequação de área também ampliou a abrangência da regional para Santa Catarina, que só veria materializada a presença Sicredi em 2012.

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Nas terras biturunenses, em que a erva-mate é fartura, as uvas também fazem brotar progresso.

Com 80 anos de produção, a vinícola da família Bertoletti foi profissionalizada em 2005 e, desde então, está na Centro Sul. “A primeira conta da empresa foi no Sicredi. Cobrança, pagamento, cartão, seguro, financiamento, a gente já usou meio que de tudo”.

Mauro e Michele Bortoletti contam a história que se passa em um casarão histórico e em uma moderna loja.

“Quando você se associou, no começo, te chamaram de louco, né?”, diz Michele ao pai. Mauro, que é coordenador de núcleo há vários mandatos, não tinha por que duvidar. “Confiei nas pessoas que entraram pra trabalhar no Sicredi. Gente daqui, de confiança, envolve a família, fomos convencidos por nos provarem que não tinha risco, que tinha uma estrutura por trás que ia nos proteger se acontecesse alguma coisa”. Não bastasse a confiança, Mauro fala sobre algo que lhe é tão caro quanto: a simplicidade. “A diferença do Sicredi é que simplifica muito as coisas. O produtor é uma pessoa que gosta mais de falar com pessoas do que com máquinas”.

Gostar de conversar foi uma das habilidades que garantiram a Gilson Gonçalves Dias um caminho próspero dentro da Cooperativa. Ele, inclusive, ajudou na construção da credibilidade em Bituruna, quando foi gerente de lá, em 2008. Foi necessário muito esforço para explicar às pessoas o que é uma cooperativa de crédito e por que era confiável aplicar os recursos ali. Muitas visitas de prospecção depois, a agência foi viabilizada. Permaneceu na gerência durante cinco dos 16 anos em que já está na Centro Sul, mas o início foi em 2003, na agência de Guamiranga.

Antes de entrar no Sicredi, Gilson dividia a jornada de trabalho em dois empregos. No mesmo dia em que pediu iluminação divina para encontrar uma empresa em que pudesse seguir carreira, recebeu o convite de um

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conhecido para começar a trabalhar na agência de Guamiranga. Não havia sonhado em trabalhar em banco e não conhecia o cooperativismo, mas ali encontrou oportunidades e reconhecimento. “Em Guamiranga, o Sicredi era a única instituição financeira do município.

Outros bancos, que só pensam em lucro, não estão nas cidades pequenas porque pensam que é inviável, mas o Sicredi está aqui, cresceu junto com a cidade, porque ajudou a fazer com que os recursos ficassem aqui”.

Depois de Bituruna, foi gerente de Irati e, em 2018, assumiu a gerência em Telêmaco Borba. Em todos os lugares, encontrou muitos desafios, mas busca na força da equipe e do cooperativismo a inspiração para seguir. “O que me motiva muito é que os princípios da gente conseguem ser identificados dentro da empresa.

Os valores. A gente procura ser recíproco, sempre com responsabilidade, comprometimento, a gente se dedica ao máximo para levar isso para a comunidade”.

Recentemente, conheceu, com a Centro Sul, o modelo cooperativista do Canadá, já muito consolidado. “Isso abre a cabeça, foi uma viagem de premiação que a gente concilia com uma viagem de estudos. Causa muita esperança de a gente levar essa ideia mais adiante e fomentar ainda mais nos nossos municípios”.

Renova Centro Sul O ano de 2007 não assistiu à inauguração de nenhuma agência, mas foi marcado por renovação. Depois de 23 anos de trajetória sem muitas alterações no conselho de administração, os associados optaram por mudança.

A assembleia em que ocorreu a votação teve público recorde: 827 associados. Duas chapas concorreram à eleição. Um novo conselho de administração e um novo conselho fiscal assumiram a Cooperativa e tomaram posse no dia 11 de julho de 2007, de mãos dadas ao desejo de prosperidade dos antigos conselhos e de todos os cooperados. É assim que funciona no cooperativismo.

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Elaine Chociai viu de perto os antigos gerentes com quem trabalhou assumirem a presidência e a vice-presidência. Quase dez anos antes disso, em 1998, havia conseguido o primeiro emprego, aos 18 anos, na Centro Sul. Mal sabia do que se tratava, imaginava ter começado a trabalhar em um banco, mas logo viu nas pessoas o diferencial do lugar. A admiração sentida por todos está na empolgação com que conta os percalços superados para chegar até aqui.

“Em 2001, nós também fazíamos o transporte de numerário. A gente camuflava, colocava o dinheiro na cintura, na meia. Nós éramos as caixas-fortes. Num dia chuvoso, eu e o Santo estávamos fazendo esse transporte. Quando eu entrei no carro e comecei a contar, notei que perdi R$ 5 mil”. A busca fez Santo, que dirigia o carro, voltar ao Banco do Brasil. Guarda, funcionários e clientes foram mobilizados para ajudar. Nada encontraram. Quando já havia desistido, Elaine saiu do banco desanimada.

A chuva do lado de fora completava a cena de desespero. Ao baixar o rosto, viu, ao lado do bueiro, perto de ser levado pela chuva, o pacote de dinheiro. Conseguiu recuperá-lo.

A história hoje é contada com risadas. Aliás, nada tira o sorriso do rosto de Elaine, que é só encanto ao olhar para trás e lembrar todo o suor deixado pelo caminho que fez crescer a regional. Por duas vezes, saiu da Cooperativa por motivos pessoais, mas sempre encontrou as portas abertas. “Voltei com a mesma humildade de sempre, com a cabeça erguida. Porque eu sei que, se eu quiser crescer, terá oportunidades.

Eu não me imagino trabalhando em outro lugar, isso aqui pra mim é tudo”.

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Experiência e profissionalização “Nós tínhamos a visão de como era na ponta e de como a gente queria que fosse”. Roque Dal Pisol também esteve ao lado de Santo e João no novo conselho e resume o olhar daquele momento: “Foi uma mudança de filosofia. Pra onde a gente quer que a cooperativa vá? A gente queria uma instituição sólida, grande, e fomos buscar por isso”. A chave da virada foi a junção dos conhecimentos práticos e técnicos. Acima de tudo, a união entre a confiança que fundou a cooperativa, em 1984, e a especialização em gestão adquirida na universidade e na prática de agência. “Se fizemos um bom trabalho a partir do momento em que assumimos, devemos muito para aquelas pessoas que tiveram coragem de colocar o patrimônio, o CPF delas, para dar início à cooperativa.

Porque existiram pessoas com caráter, que honravam o que diziam”.

Roque passou por vários desafios no Sicredi, desde a gerência de Rio Azul – que viu sair de 40 m², quando ele assumiu, para 200 m² na sede própria – até a gerência administrativa da Sureg própria. Hoje, é gerente de agência em Santa Catarina, em outra regional, mas mantém a conta na Centro Sul. “Eu tenho um pedacinho disso ainda, eu faço parte dessa história. Se eu me sinto satisfeito onde estou, grande parte eu devo à Centro Sul, aos gestores antigos e atuais”.

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Expansão de fronteiras Uma cooperativa também é feita de expansão.

Em 2008, numa guinada ao Sul, União da Vitória recebeu o Sicredi. Um nome que não poderia ser mais simbólico para representar a parceria estabelecida.

“Eu vejo que o Sicredi cresceu muito nesse período aqui em União, já são dez anos e já faz oito que nós participamos das assembleias e vemos o crescimento”.

Carla Regina Moro Malucelli é empresária, vê com os olhos do mercado, da satisfação frente à instituição financeira, mas tem, além disso, o semblante voltado a pontos ainda fundamentais.

“Eu acredito que as pessoas estão carentes de cooperativismo. Eu digo que o Sicredi é uma mãezona, atende aquele que gosta de ser atendido no caixa, aquela pessoa que vem com o dinheiro contadinho e a que gosta do aplicativo do celular e se vira sozinha. Ao abraçar essas pessoas, do simples ao tecnológico, eles acabaram crescendo muito, e isso é uma vantagem pra nós associados”.

“Será que a gente é dono mesmo?”. A pergunta de Jose Alexandre França logo desapareceu quando começou a frequentar as assembleias, a conversar com as pessoas que fazem parte da agência. Por ser proprietário do prédio onde a unidade de Rebouças, inaugurada em 2010, está instalada, Jose se tornou um grande amigo. “No dia a dia, você está com os funcionários, a coisa é totalmente diferente do que em outros bancos, é um acolhimento mesmo”.

As dúvidas dos primeiros momentos também desapareceram ao observar os efeitos da agência na cidade. “Depois de oito anos que o Sicredi tá na nossa cidade, ajudou muito o município, principalmente os pequenos agricultores, as pessoas mais humildes, que têm mais liberdade. Está sendo fantástico pro desenvolvimento de Rebouças”.

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Uma cultura que se solidifica “Na época em que conheci o cooperativismo, em 1990, o sistema não era tão claro como é hoje, era um banco como outro qualquer”.

Luiz Augusto de Lima Correa já conhecia o sistema, mas se tornou associado de Porto União em 2016, após quatro anos de funcionamento do Sicredi na cidade.

Depois de fazer o programa Crescer, começou a participar com mais afinco das atividades da cooperativa. Mesmo tendo outras quatro empresas, Luiz sabe da importância de sua participação.

“Primeiro, eu sou parte do processo, eu sou um sócio da cooperativa, começa por esse princípio. Então tudo que eu puder trazer de resultados eu tenho que fazer”.

Dessas histórias que se repetem aos montes dentro do Sicredi: quando o associado se aproxima, passa a conhecer, é um encantamento só. Luiz passou por isso.

“Nos bancos que não são cooperativas, você passa a ser um pouco do que você tem, eles te veem como um negócio. No Sicredi, te veem como uma pessoa, uma pessoa que faz parte de todo esse processo, que é dona, que vê o capital social aumentando. É importante que as pessoas entendam que tudo isso existe dentro da cooperativa”.

Porto União viu ser inaugurada a 12ª agência da regional e foi a primeira cidade catarinense a receber a Centro Sul, em 2012. Um grande passo para o ‘banquinho da cooperativa’, um grande passo para Prudentópolis.

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TRANSFOR MAÇÃO

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Nos capítulos até aqui, passamos por quase 30 anos de história. Mais precisamente, 28, até o ano de 2012.

Uma das maiores transformações ocorridas na evolução da Cooperativa se deu em 2011, quando foi homologado o processo de livre admissão pelo Banco Central. Uma abertura de portas sem precedentes, tornando a cooperativa apta a atender todos os públicos, rurais ou urbanos.

Nenhuma surpresa o crescimento ligado à mudança.

Um dos números dessa transição quem passa é Ataides Luiz Marconato, o estagiário de 2004 que, hoje, é diretor de negócios do Sicredi. “No final de 2012, a carteira total de poupança da Centro Sul era de cerca de R$ 23 milhões, volume este captado desde o lançamento do produto em 2004.

Atualmente, a carteira é bem mais expressiva e os volumes captados anualmente são muito superiores. Somente no ano de 2018, houve um incremento líquido de R$ 52 milhões na carteira”. Os números expressivos Ataides também associa a outra importante transição na Cooperativa: a instalação de uma Superintendência Regional própria, em 2013.

Ele sabe bem dessa transição. Ocupou o cargo de assessor de negócios na área de crédito na antiga superintendência que cuidava das regionais de Guarapuava, Laranjeiras e Prudentópolis. Foi um período de avanço nas três regionais, mas era preciso expandir ainda mais. O conselho decidiu, então, criar uma superintendência em Prudentópolis que supervisionasse apenas a Centro Sul. “De lá pra cá, foi um salto no crescimento, no desenvolvimento da regional, em crédito, em recursos, em associados e na expansão de área de atuação”. Era dessas decisões ousadas que alguém precisa tomar para permitir que todos avancem. Ataides é um grande entusiasta da forma como o Sicredi permite esse crescimento, de como, muitas vezes, não se pode imaginar o que vai ser alcançado, mas que há possibilidades mil de se chegar a mais.

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“Quando iniciei no Sicredi, estava no segundo ano da faculdade de Economia, não tinha experiência profissional na área, mas confiaram em mim para o cargo de estagiário. Realizei o meu melhor a cada dia, pois via enorme chance de crescer. Hoje, quando novos estagiários ingressam na Cooperativa, tenho um carinho muito especial, busco incentivar ao máximo, mostrando todas as possibilidades que o Sicredi oferece. Inclusive, somos uma das melhores empresas para se iniciar a carreira”.

“Basta acreditar, mas aqui dá pra ver” Teixeira Soares ganhou a 13ª agência da Sicredi em 2013.

Nelson Scheid, agricultor cooperativista desde os oito anos de idade, quando foi tesoureiro do Clube 4-S, em Marechal Cândido Rondon, ajudou a levar o Sicredi ao município. Passou também pelos problemas do fechamento das cooperativas agrícolas, mas segue um admirador do sistema. “Ninguém é tão inteligente quanto todos nós juntos. Juntando o pessoal, a gente consegue rumos bons, o cooperativismo é uma alavanca”. Nesses tempos em que as pessoas ainda buscam esperança para crescer, Nelson relembra a capacidade do agricultor de confiar. Basta acreditar, mas o melhor é o que já se tornou palpável. E nessa história há muito o que se ver.

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É possível ver o lucro, mas também o bem que uma agência faz não só pelos agricultores, mas pelas empresas e até para os poupadores. “A gente achava que, pelas dificuldades, pelas crises, não só do Paraná, mas do Brasil, as coisas não iam ser como foram. Desde que inaugurou, a gente achou que ia ser só mais um banco, mas hoje vê a história bonita que foi construída”. Ademilson Pires é empresário e viu de perto o prestígio junto à população sendo consolidado em Teixeira. O ânimo também é expansão: “Quando o banco cresce, a gente cresce junto.

Aí a gente tem mais ânimo ainda de participar do Sicredi”.

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30 anos Mais de 21 mil associados, 10 mil poupadores, R$ 222,6 milhões administrados em 15 agências numa área que abrangia 26 municípios dos estados do Paraná e de Santa Catarina.

Essa foi a história da Centro Sul contada no relatório anual de 2014. Números habituais para quem acompanha assembleias, divulgados com esmero pelos coordenadores de núcleo, repassados com orgulho por associados.

A diferença do Sicredi é que há outras formas de se contar essa história. E ela pode envolver caderneta, um vendaval e alguém te chamando pelo nome quando chega à agência.

Quando se associou ao Sicredi, Elizete Müller tinha os depósitos marcados no papel. A técnica de enfermagem viu a abertura de uma segunda agência na mesma cidade, em 2014, a Prudentópolis Rui Barbosa. Também viu, no mesmo ano, a casa sendo destruída por um vendaval. Resolveu fazer o seguro residencial. Em 2018, às vésperas de assistir aos 35 anos da Cooperativa, houve um pequeno sinistro em casa, que o seguro ajudou a contornar. Um mês depois, foi premiada em dinheiro em um dos sorteios mensais feitos para quem é segurado. Como de imprevisível já chega a vida, não é surpresa para Elizete o quanto a Centro Sul já cresceu: “Sendo bem sincera, eu já imaginava esse crescimento. Quando você vê as agências, sabe das outras cidades, isso já é previsto”.

O ano de 2014 ainda viu ser instalada a agência de Irineópolis, a segunda em Santa Catarina. Arno Luiz Denk é parte da história do cooperativismo na cidade e fez questão de se associar desde o início. Ele e a esposa formam um dos casais de líderes da cooperativa de produção, de que fazem parte desde 1979. Seriedade, na opinião dele, um atributo da Centro Sul, faltou às cooperativas agrícolas que faliram na região, por isso hoje faz questão de frisar a honestidade da diretoria, a importância da participação dos associados, o quanto é fundamental para o município que a cooperativa esteja lá.

“Não se faz uma cooperativa sem as pessoas. E pra você contar uma história, você tem que fazer uma história. Ainda tem muito a crescer, e nós todos temos que buscar por isso”.

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Olhar para dentro Mesmo os capítulos mais recentes da Sicredi Centro Sul são repletos de tradição cooperativista. E as cidades mais novas a receber uma agência são aquelas que, por motivo ou outro, não estão no horizonte dos bancos convencionais. “Foi uma oportunidade para muitas pessoas, já que, na cidade, havia algumas dificuldades com relação a alguns bancos. Em pouco tempo, houve uma busca, um êxodo das pessoas de outros bancos pra cá”, conta Danilo Neuenfeld, que era associado de União da Vitória, mas migrou a conta para Cruz Machado, sua cidade atual, quando a agência chegou, em 2015.

Danilo é pastor da Igreja Luterana e, por conta do sacerdócio, teve uma vida movida por andanças, dentro e fora do Brasil. Vê a beleza do cooperativismo nas ações. Recentemente, participou do Novembro Azul, evento já tradicional na Cooperativa, que é instituição financeira, mas também é acolhimento. “O lucro tem que existir, não há uma empresa que iria subsistir sem lucro, mas não precisa ser abusivo, pode existir uma contrapartida, também de o banco oferecer algo ao seu correntista”. Para os homens, a contrapartida é um olhar para a saúde do corpo e da mente.

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Leva para casa, além desses cuidados, a lição para a filha, de 16 anos, que começou a vender produtos de beleza.

Para incentivar a responsabilidade da adolescente, que a idade traz por fama não ter sabedoria com dinheiro, solicitou um cartão para que ela mesma consiga tocar o próprio negócio, atitude impensável tempos atrás. “A pessoa que já trabalhou com banco ainda se assusta, porque o banco é aquele que te dá um guarda-chuva quando tem sol e quer de volta quando tá chovendo, quer dizer, quando você mais precisa ele não está do teu lado. Ainda é um longo caminho pra esclarecer que, com o cooperativismo, é diferente”.

Diferentemente de seu Danilo, que sabia há tempos o que era o Sicredi, o agricultor Jonas Saul Majolo nunca tinha ouvido falar no sistema antes da visita do gerente de Cruz Machado à sua propriedade. Em três anos de participação, tornou-se coordenador de núcleo, fez parte do Dia C, em que diferentes atividades são feitas pela cooperativa em prol da comunidade, e se espanta com o crescimento tão acelerado, que “chega a ser bonito de ver”. O diferencial, para ele, é que o Sicredi entende de dinheiro e entende de campo, além de ser transparente. Se pensa em sair?

“De jeito nenhum, aqui eu tô em casa”.

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Ainda em 2015, Cândido de Abreu e seus quase 17 mil habitantes receberam o Sicredi.

Edson Mikiewicz, nascido e criado na cidade, proprietário de uma loja de veículos, fez questão de ser o primeiro associado. “Quando veio pra cá, o pessoal não apostava muito, mas agora vê de outro jeito”. É pela liberdade que se tem, pela atenção que se recebe, por não precisar mais ir a outra cidade realizar os serviços.

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Escola de cooperação Nos princípios cooperativistas, educar, formar e informar. Maria Gisele Pontarollo ocupa um cargo que demonstra a preocupação do Sicredi em ir mais longe, sempre de maneira sólida: é assessora de desenvolvimento do cooperativismo.

E o ar fica repleto de empolgação quando se escuta Gisele falando sobre os programas sociais liderados pela área de desenvolvimento da Cooperativa.

“Nas demais áreas de uma cooperativa, as metas são números, é mais fácil ver o resultado. Na nossa área, são sementes lançadas, e é um público muito diferenciado. Num momento, estamos com as lideranças; depois, com professores e alunos, numa sala de aula; em outro momento, realizando as ações do Dia C, em que cada agência identifica o que é preciso fazer junto à população e coloca em prática o voluntariado”.

O efeito, entretanto, aparece em muitas das falas dos cooperados, que enxergam a principal diferença entre um banco convencional e uma cooperativa de crédito: na cooperativa, os resultados continuam na própria comunidade.

Gisele também vê isso. “Nosso trabalho é jogar sementinhas. Algumas germinam, algumas demoram um ano, dois, algumas o vento leva, mas não tem nada que pague, não sei se é porque nós fazemos, mas eu amo de coração”.

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Pertencer para Crescer Algumas dessas sementes são vistas germinar desde 2009, quando o Sistema Sicredi propôs uma nova e difícil tarefa aos colaboradores: a implantação dos programas Crescer e Pertencer. Quem relembra o momento é Sabrine Cappellari Ribeiro, hoje assessora de comunicação e marketing da Centro Sul. “O Sistema nos desafiou a ir até os associados, abrir os livros, explicando a fundo o cooperativismo e o Sistema Sicredi.

Mais do que isso: nos chamou a formar novas lideranças”.

Nessa época, a Centro Sul deu início às prestações de contas em cada município. Certo dia, apenas oito associados participaram de uma pré-assembleia (hoje, a realidade é bem diferente). As reuniões do Crescer também eram sempre imprevisíveis. Ouvir e responder a todas as perguntas dos associados impactou a forma de conduzir a cooperativa.

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As sementes de confiança foram espalhadas aos montes. E foram vistas germinar. “Essa força que vem da proximidade transformou a relação dos associados com a Sicredi Centro Sul e com o próprio Sistema.

Quando fomos ao encontro das comunidades, nos abrimos para a transparência, para a participação.

O associado pôde conhecer melhor nossa essência e nossa estrutura, e vencer antigos dilemas. Ganhamos carisma, credibilidade e defensores da marca. A cada encontro, temos com os associados a oportunidade de nos reinventar para oferecer a eles o que esperam para si, para seus negócios e para toda a sociedade”.

Mais um dia de casa

O Crescer, hoje consolidado, já atendeu mais de 2300 associados até o ano de 2018. Luiz Augusto de Lima Correa, que já apareceu por aqui, é um deles. Para ele, os programas são fundamentais por mostrar ao associado que ele faz parte de algo maior. “O primeiro passo é entender o processo, como funciona. O segundo é entender que você é parte integrante dessa enorme engrenagem que é o cooperativismo e que sua atuação vai fazer diferença lá na frente, acompanhando os relatórios anuais, os resultados. Entender que é também um negócio seu”.

cheia na assembleia de 2018, em Prudentópolis. É dia de prestar contas, tomar decisões e partilhar momentos entre amigos.

Depois de participar do Crescer, Luiz colocou-se à disposição da agência para ser votado e destaca a parte humana do Sicredi. “Esse tipo de relacionamento, com respeito à pessoa, é o que faz com que sobre tempo para explicar a um associado o que é o cooperativismo”.

O resultado transforma qualquer um em especialista no tema, mesmo aqueles que não nasceram na tradição cooperativista do campo. “O que as pessoas têm que entender é que cooperativismo não é só pra quem é agricultor, é pra qualquer cidadão. Essa ideia quase centenária nada mais é do que um agrupamento de pessoas para fortalecer os seus negócios, seja num poder de compra melhor, num poder de venda melhor, no compartilhamento de informações e tecnologias. É o que a gente busca na vida de todo mundo hoje, a otimização de recursos”.

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O ponto alto do cooperativismo No início do Pertencer, 200 associados – 300, quando muitos – participavam das decisões.

Depois, as participações se tornaram milhares.

E todos os números da Cooperativa começaram a se multiplicar. As assembleias já fazem parte do calendário de eventos das cidades.

Essa sensação de pertencimento alcança o auge durante as assembleias, momento de debate entre os associados e de votação sobre gestão e desenvolvimento da cooperativa.

O Programa Pertencer desenvolve nos associados a consciência de que juntos fazemos acontecer a evolução de toda a estrutura.

Mais que prestar contas, é dar ouvidos.

“O pessoal valoriza pela transparência. Você vai na assembleia, vê os números. Vira até uma confraternização, é uma festa de amigos”. Quem conta é James Nalon, agricultor de Bituruna que sonhava em levar uma cooperativa de crédito para a cidade. Orgulhoso, relembra as muitas visitas feitas a propriedades e empresas para conquistar o objetivo, que gerou grande avanço ao município, já que “sozinho a gente não vai a lugar nenhum”.

Outro sonho de James era ver o filho, formado em Administração, trabalhar no Sicredi. “A gente que é agricultor fica lá escondidinho, ele era meio tímido, eu pensava que nunca ia acontecer isso, então pra mim foi a maior honra, e hoje ele tá lá, engrandecendo dentro do Sicredi”. Há seis anos, James Nalon Jr. trabalha no Sicredi.

O ponto máximo do cooperativismo é também um pai que ajudou a desenvolver a cooperativa que, mais tarde, empregaria seu filho.

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6.

ESPERANÇA

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Para além da linha do tempo a nos guiar na história, há uma forte linha de esperança que passa a entrelaçar aqueles que se deixam cativar pelo cooperativismo. Ouvir o que têm a falar é se lançar em um caminho de possibilidades que um mundo competitivo, por vezes, nos faz ignorar. E o melhor: é ver que a beleza da teoria é, sim, colocada em prática.

Não é à toa que o trabalho começa em sala de aula.

O maior programa de responsabilidade social dentro do Sistema Sicredi tem mais de 20 anos e está em seis municípios da Centro Sul. Mais de 10 escolas, quase 200 professores e mais de 1600 crianças e adolescentes já foram atendidos até 2018 pelo programa A união faz a vida. Associado de Mallet e coordenador de núcleo, Marcio Silva Laba é um grande incentivador do projeto, que envolve professores, pais e alunos. “Eu acho que tem que começar lá com os pequenininhos, nas escolas, com nossos filhos, por isso que esse programa faz a diferença, porque as crianças já vão desenvolvendo o espírito cooperativista”.

A pretensão do projeto, lembra Maria Gisele, não é que as crianças sejam associadas um dia, mas que a sociedade melhore. É bom para o Sicredi, é bom para as pessoas. “Assim como o padre andava na sua mula, de casa em casa, convencendo os 20 primeiros a se associarem, quem vai continuar com o trabalho do cooperativismo daqui a 20 anos? Quem vai ser o futuro presidente da cooperativa daqui a 30 anos? Os futuros prefeitos? Então, essa é a intenção do programa. São sementinhas lançadas”.

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“Quem vai continuar com o trabalho do padre?”

O padre é Theodor Amstad, pioneiro do cooperativismo brasileiro. Amstad desbravava as terras sulinas no lombo de uma mula, arrebanhando associados para a causa cooperativista. Depois de uma queda de cavalo, passou a percorrer seus caminhos em uma cadeira de rodas.

“Quando eu acho que eu estou um pouco cansada, lembro do trabalho que o padre fez, de andar com sua mulinha, e depois, paraplégico, ele desbravou mais duas cidades. Ele foi um lutador e não desistiu, ele não tinha noção da proporção que teria o nosso sistema”. A pergunta de Maria Gisele reflete o trabalho do desenvolvimento e motiva diariamente os colaboradores. “A missão, pra mim, vai muito além de entregar um consórcio, um crédito, nós temos que entregar melhoria e qualidade de vida para as pessoas e para a sociedade”.

A inspiração leva a uma iniciativa prática, que tem por objetivo influenciar jovens a se tornarem líderes cooperativistas.

No dia 30 de agosto de 2017, foi realizado o 1º Encontro Liderança Jovem, com a presença de 150 pessoas, entre associados e filhos de associados da Centro Sul. Nesse momento, foram eleitos nove representantes, um de cada município participante, para que ajudassem a elencar temas pertinentes para um segundo momento. Empreendedorismo, educação financeira, cooperação e liderança foram os motes do segundo encontro, em julho de 2018, que já contou com mais de 300 jovens de 16 a 25 anos.

Rita de Cassia Queiroz, de 26 anos, representou o município de Rebouças no primeiro encontro. Associada desde 2012, teve no Sicredi o apoio financeiro e estratégico para formalizar a empresa da família. Enxergou no encontro a oportunidade do desenvolvimento de lideranças para atuar em várias esferas da comunidade e para mostrar aos jovens que o cooperativismo não é apenas voltado para a agricultura: abraça empreendedores de todos os ramos. “Eu acho que todos deveriam conhecer o sistema, porque ele mostra que, mesmo que sejamos diferentes, unidos nós conseguimos lutar por algo melhor”.

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Theodor Amstad (1851-1938) nasceu na Suíça e concluiu seus estudos teológicos na Inglaterra, onde foi ordenado padre jesuíta.

Chegou ao Brasil em 1885. Em 1902, fundou a Sociedade Cooperativa Caixa de Economia e Empréstimos de Nova Petrópolis (RS), hoje Sicredi Pioneira.

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O cuidado pelos nossos “Como podemos aumentar a participação das mulheres na nossa cooperativa?”. Sabrine Cappellari Ribeiro relembra o que motivou a idealização de um evento voltado exclusivamente às mulheres da Cooperativa. A predominância de homens nos ambientes das agências é reflexo de uma realidade em que, muitas vezes, as mulheres não se veem como protagonistas da vida financeira da família, especialmente no meio rural. O Outubro Rosa surgiu como uma oportunidade de aproximação e se tornou um agente de transformação na vida de muitas mulheres.

Alceia Jacyszyn, de Rio Azul, antes do evento, era esposa de um produtor rural associado à Cooperativa. Depois, passou a ser produtora rural, protagonista da história que resolveu escrever para si. “O evento abriu minha mente para novos horizontes.

Hoje, enxergo nossa propriedade como uma verdadeira empresa

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rural. Para cada cantinho que eu olho, vejo novas oportunidades de melhorá-la. Tomei coragem de mudar minhas atitudes. Inclusive, minhas amigas comentam o quanto eu mudei. Eu me sinto uma nova Alceia”.

Desde a primeira edição, em 2013, o Outubro Rosa entrou para o calendário de eventos da Cooperativa, sem previsão de saída. As associadas sempre querem voltar e trazem mais mulheres. A participação foi tão intensa que, no terceiro ano de realização, os coordenadores de núcleo chamaram a atenção para eles: “Também queremos falar sobre a nossa saúde”.

Nelson Onesko, produtor de Prudentópolis, definitivamente não era um desses. Foi ao evento a contragosto, porque os familiares insistiram muito.

Ir ao médico também não estava nos planos. Seu Nelson já estava sentindo dores no peito, mas o medo de ir ao médico era maior do que a dor. “Assistindo às palestras, eu comecei a refletir sobre a vida, sobre a família e, naquele momento, decidi que precisava cuidar da minha saúde”. A reflexão o levou ao médico no dia seguinte. E, de lá, para o cateterismo.

“O Novembro Azul me fez mudar e me deu a chance de ficar mais tempo ao lado da minha família”.

A participação nos dois eventos é sempre maior, tanto em número de pessoas quanto em envolvimento. A leveza com que os temas são tratados faz com que, mesmo os mais resistentes, se sintam à vontade para sanar dúvidas e compartilhar experiências. Apesar de fazerem alusão a um movimento internacional voltado à saúde física, Outubro Rosa e Novembro Azul, na Cooperativa, também são momentos de lançar um olhar sobre a saúde emocional das pessoas, os relacionamentos, a família, o trabalho, a criação de laços. São momentos de união e de cuidado, em que a prestação de contas, comum às cooperativas de crédito, mostra o resultado da diferença que é possível fazer na vida das pessoas.

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Flor e Aço Somos, sim, diferentes, mas lutamos por oportunidades que nos aproximem. A iniciativa de ampliar o espaço das mulheres num ambiente tradicionalmente masculino começou por uma vontade da presidência da Cooperativa, mas foi rapidamente abraçada pelas maiores interessadas, já envolvidas no trabalho e no espírito maior da cooperação.

Cristian Mara Daldin, proprietária de uma marmoraria em União da Vitória, ouvira falar do cooperativismo na graduação de Administração. As ideias de ajuda mútua, entretanto, soaram a ela como utopia. Associou-se ao Sicredi apenas como instituição financeira, mas logo foi convidada a participar do Crescer, para entender a proposta mais a fundo. Ganhou uma viagem para a Sicredi Pioneira e lá desfez o olhar utópico de antes. “Conhecer

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a história faz com que você viva, respire cooperativismo.

Você vem pra casa querendo transformar o mundo”. E porque a transformação tem que começar de algum ponto, tornou-se coordenadora de núcleo e, em junho de 2019, passou a fazer parte do conselho fiscal. Cristian Mara, além de ser conselheira fiscal, participa ainda do comitê que quer mostrar a mais pessoas que o cooperativismo também é lugar de mulher.

O Comitê Mulher é recente. Setembro de 2018 viu seu primeiro encontro, fruto de diversos momentos preparatórios de diálogo entre mulheres da Cooperativa. “Às vezes, as mulheres se calam perante uma assembleia masculina, mas nesse comitê você acaba encontrando pérolas, tendo um relacionamento mais próximo. Como a reunião coloca as mulheres juntas, você consegue identificar valores. Tem pessoas que conversam bem, são executivas, e outras que são mais caladas, mas têm muito

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conteúdo”. Cristian, como coordenadora de núcleo, encampou a missão de iniciar o comitê junto a outras associadas, colaboradoras e Sonia Raifur Kos, a primeira mulher – e única até o momento – a ser conselheira fiscal, e agora de administração, da Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ. A história de Sonia com o Sicredi começou há 16 anos no setor de contabilidade. Trabalhou por dois anos na Cooperativa, enquanto continuava sua formação acadêmica. Foi aprovada em um teste seletivo para dar aulas na universidade e, durante um ano, conciliou a rotina da cooperativa, a especialização, a sala de aula, os filhos pequenos. A docência se revelou como carreira e exigiu uma escolha. Saiu do Sicredi, mas o cooperativismo não a deixou mais. Na universidade, foi professora de Santo Cappellari e do atual diretor de operações, Marcos Luis Conzatti, e orientou o trabalho de conclusão de curso dos dois. Mais tarde, foi incentivada pelo já presidente a participar do conselho fiscal. “Eu sinto um grande desejo da Cooperativa em trazer mais mulheres para os cargos de gestão, a necessidade de que essas mulheres se envolvam mais, ocupem seus espaços dentro da comunidade, do governo, das grandes instituições”. O comitê Flor e Aço brota desse desejo.

No conselho, Sonia se tornou representante dos associados, pioneira para as mulheres, exemplo de liderança. Neste ponto, destaca um dos diferenciais da Centro Sul: a formação de líderes. “O presidente já foi gerente de agência, já viveu a linha de frente, já sentiu as dificuldades. Isso vale para o vice-presidente, que viveu a mesma realidade. As decisões são sustentadas por essa prática. Todos os membros, os diretores, eles vêm dessa mesma linha”. O sucesso experimentado pela gestão Sonia atribui à qualificação em todo o corpo de colaboradores e a um olhar muito respeitoso ao associado, a quem o conselho tem por função defender. “Sem associado não há cooperativa. O associado é o nosso principal foco, ele tem que ser atendido, tem que estar satisfeito, tem que ser respeitado, e acho que isso que faz o sucesso dessa empresa, essa transparência e essa preocupação com o associado, que é o dono”.

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“Pra lá, também é Brasil” O esperançoso, em tempos como os nossos, muitas vezes é visto como imprudente. Essa é uma imagem que não se aplica a quem olha de perto o sentido de esperança em uma cooperativa. “O cooperativismo é um modelo muito bonito, em que duas pessoas podem mais do que uma”, pontua Sonia. A confiança trazida pela cooperação é matéria sólida, pois dá a certeza de que não se estará sozinho em qualquer que seja a empreitada.

Essa é a segurança que acompanha o brilho nos olhos de todos que falam sobre a expansão da Sicredi Centro Sul para as distantes terras do Rio de Janeiro. A ampliação é parte do planejamento da Cooperativa desde 2015 e a área de atuação homologada compreende 15 municípios no estado carioca. Todos conduzidos a partir de Prudentópolis. Itaperuna e Campos dos Goytacazes foram as primeiras cidades Noroeste e do Norte-fluminense, respectivamente, a receber agências do Sicredi.

“Quando o banco abrir, quero ser o primeiro cliente”.

Herval Nunes Filho viu as obras da agência de Itaperuna de seu restaurante, que fica em frente ao Sicredi, e se tornou um dos primeiros sócios-fundadores da Centro Sul no Rio de Janeiro. Os colaboradores da agência passaram a almoçar em seu restaurante, a afinidade já começou.

Herval procurou conhecer a história do cooperativismo, passou toda a movimentação que tinha em banco para o Sicredi e indica aos clientes que conheçam a Cooperativa, experimentem fazer parte, sejam também sócios.

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José Luiz Escocard era presidente da associação comercial de Campos dos Goytacazes quando Santo Cappellari foi pela primeira vez à cidade, dois anos antes da instalação da agência. Orgulha-se de ter participado desse momento. “Quando recebi o Santo, eu elogiei a coragem e principalmente o entusiasmo da equipe, todos muito otimistas”. O projeto cooperativista, para ele, tem muito potencial para envolver os cariocas. “Desde a hora em que você se conscientiza que é o dono do negócio, você trabalha pra que ele dê certo. É bem diferente de ser um simples cliente, o sócio objetiva resultados”.

O diretor executivo da Centro Sul PR/SC/RJ, Helton, que acompanha desde o início a expansão da regional e sabe falar minuciosamente de cada uma das cidades e momentos em que as agências foram instaladas, ressalta o que mudou do começo até agora. E fortalece, diante do grande desafio de desbravar um estado tão diferente do Paraná, um item que é valorizado por todos os associados: a confiança. “A diferença é estratosférica.

O que nós tínhamos a oferecer? A nossa credibilidade, nossa confiança, honestidade e sinceridade. Hoje nós nos solidificamos, aprendemos e nos estruturamos. O Sicredi é uma instituição financeira completa, com todos os produtos e estrutura, e permanece com a proximidade e o cuidado que nos caracterizam desde o início”.

O receio diante do desconhecido logo se desfaz ante a solidez do preparo e da essência cooperativista, que permanece inalterada. “Eu fui fazer uma imersão em uma cooperativa no Rio de Janeiro e estava preocupado me perguntando se teríamos que mudar o nosso jeito. Aí me disseram: ‘Não, não muda nada, eles gostam do nosso jeito próximo e simples, de quem está ali para conversar com as pessoas’. Lá é Brasil, são pessoas como nós. Vamos entregar o que nós somos, sempre com responsabilidade e justiça, dentro do que prega o cooperativismo”.

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7.

SIMPLES,

PRÓXIMO, ATIVO

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Contar a história de uma cooperativa é, acima de tudo, contar a história de pessoas. Ao retratar a Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ, isso fica ainda mais evidente. Falar sobre o cooperativismo é versar sobre simplicidade, proximidade. É tratar, mesmo dentro de uma instituição financeira, de sonhos que começaram na infância. Maria Joceli Kovalski, que hoje responde por gerente regional de desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro, quando criança, sonhava em trabalhar como caixa. “Eu ia à Cooperativa com os meus pais, que são associados até hoje, e ficava apaixonada pelo trabalho dos caixas. Minha mãe sempre comenta que minhas brincadeiras eram como se eu estivesse trabalhando em um banco”.

A brincadeira se transformou em faculdade de Ciências Contábeis e em entrevista de emprego no Sicredi. “Passei no processo seletivo e fui conversar com o gerente. É muito forte pra mim, porque, naquele momento, ele perguntou: ‘Por que essa vaga tem que ser sua?’. E eu respondi que eu não queria estar no Sicredi, eu queria ser do Sicredi.

Foi assim que, no dia 12 de abril de 2007, eu ingressei na Cooperativa como caixa e como associada”. Mais tarde, Maria Joceli se tornou gerente da agência de sua cidade natal, Rio Azul, e assumiu o desafio nas terras cariocas com o mesmo entusiasmo da menina sonhadora. “Eu falaria pra ti que é por essa paixão intensa ligada ao propósito, porque nós vivemos também uma cooperação interna com as nossas equipes. O segredo do sucesso está realmente em engajar e desenvolver pessoas, porque o Sicredi é feito de pessoas para pessoas, esse sentimento interno é muito forte e é uma combustão para que nós consigamos galgar todas essas oportunidades e esses resultados”.

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Sangue verde “Em 2005, o cofre ficava na cozinha”. Alan Trojan sorri enquanto relembra do início do Sicredi em Mallet, ano em que entrou como caixa.

Passou por várias funções, acompanhando o crescimento da agência, e fala com orgulho sobre uma das características que mais estima na instituição: a valorização dos colaboradores, dos associados e dos lugares em que o Sicredi atua.

“Falando em termos técnicos, é só analisar como é feita a gestão dos recursos. Trabalhando no crédito rural, eu percebo isso ainda mais: enquanto outros bancos têm uma forma de trabalho diferente, captam em cidades pequenas e aplicam em cidades grandes, o Sicredi capta aqui e reinveste aqui, ou seja, desenvolve a região, a agricultura, a cidade como um todo”.

Alan explica que, no cooperativismo, mesmo que à contramão do mercado, o individualismo é deixado de lado. E isso se aplica ao trabalho em equipe e na divisão de resultados. “Eu digo isso sendo colaborador e sendo associado: a pessoa não é mais um número, é tratada com igualdade, com respeito, realmente você se sente como parte da instituição, inclusive pelo próprio capital social. Os lucros voltam para os associados. A gente tem orgulho de dizer que faz parte do Sicredi. A gente tem o sangue verde”.

Muito se vê dessa admiração nos colaboradores.

“Eu, volta e meia, lembro daquela época em que era uma portinha pequenininha, que a gente nem imaginava ir para uma cidade vizinha, e agora a gente vê no Rio de Janeiro, dá muito orgulho”. Lilian Mara Brzoski está no Sicredi desde 1997, quando Irati ainda não fazia parte 88

da abrangência da Centro Sul. Poucos associados, movimento pequeno, não tinha planilha de controle, não tinha nada. O que já tinha era vontade de trabalhar e proximidade. “No começo, eu era nova, solteira, eu não pensava que ia ficar tanto tempo e, agora, eu não sei o que vai ser de mim se você um dia ficar em casa sem o Sicredi. É um vínculo muito grande que a gente formou, todos os colaboradores têm esse clima. É muito gratificante. Eu não me imagino saindo do Sicredi”.

Lilian ganhou um novo sobrenome. Acontece com todos os colaboradores.

Em Irati, é Lili do Sicredi. É uma representação do que faz a Centro Sul realmente forte, realmente gigantesca: as pessoas que trabalham nela. “O associado muitas vezes chega agradecendo, ‘Nossa, Lili, se não fosse o Sicredi, não sei o que seria de mim’”. O relato é natural para a colaboradora, talvez sem a real dimensão da diferença que faz na vida dos associados: atender, em uma cooperativa, é também cuidar dos outros, importarse verdadeiramente.

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“Cuidar das pessoas é o melhor jeito de fazer negócio” Uma conversa com o diretor de operações de uma instituição financeira poderia se resumir a números.

Indicadores de supervisão, controles internos, balanço, questões administrativas, controles e contratuais. Ao ouvir o que Marcos Luis Conzatti tem a dizer, entretanto, fica evidente que, em uma cooperativa de crédito, as pessoas têm igual ou maior importância nessa equação. “Cuidar das pessoas só faz bem, só agrega aos negócios. É um diferencial, mas não é um grande esforço, isso é natural. Quando participamos dos eventos, doamos um pouco do nosso tempo, e as pessoas agradecem por ajudar ou participar. Isso é muito importante, gera negócios, porque gera credibilidade e confiança”.

Antes de ocupar o cargo na diretoria executiva, em que está desde 2015, Marcos foi parte do conselho que transformou a condução administrativa da Centro Sul, foi conselheiro de administração e também gerente de agência. Desde o início, atua principalmente em despertar nos colaboradores essa essência de proximidade. “O mesmo comprometimento que nós temos com os associados, de entender o que ele precisa, de ajudá-lo a se desenvolver, nós temos com os colaboradores. Dentro desta cooperativa, meus superiores sempre tiveram uma preocupação muito grande com o meu bem-estar e o da minha família. Isso não acontece em todas as empresas. Nós cuidamos dos colaboradores, eles cuidam da gente, nós nos preocupamos com a qualidade de vida deles. Os números são consequência”. Resultado passado a limpo: quando se associou à Cooperativa, em 2000, o número de associados não chegava a 800. Hoje, chega aos 37 mil.

Marcos sabe de cabeça os números de investimento de uma nova agência, o período de incubação e de trabalho até atingir o ponto de equilíbrio. Os indicadores atuais, a comparação com os anteriores, as perspectivas para o futuro. A quilometragem – mais de três mil entre ida e volta – de Prudentópolis até a área de atuação da Centro 90

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Sul no Rio de Janeiro. O número de colaboradores diretos e indiretos. E faz questão de relembrar que, há mais de 100 anos, alguém começou uma agência em Nova Petrópolis, numa casinha humilde (que poderia ter sido uma seção de peças) e que esse trabalho precisa ser continuado. “Nós sabemos que somos passageiros aqui no Sicredi, mas, da mesma forma que alguém no início fez com que tudo isso se propagasse e crescesse, também faz parte de nós pensar nesse legado, desenvolver nossa parte, para que outros deem continuidade aqui, no Rio de Janeiro e em todo o país”.

Olhar para o amanhã Ser cooperativista é ser também um otimista. Se há algo que barre o cooperativismo? Helton diz que não.

“O caminho é promissor. Hoje, aproximadamente 5% do sistema financeiro do Brasil é cooperativo. Para nós, isso significa muito espaço disponível para levar nosso negócio e nossas pessoas ainda mais longe”. O desenvolvimento passa pela ampliação de produtos e serviços, pelo aprimoramento das soluções oferecidas aos associados.

Há um longo caminho, Helton reconhece. Um percurso que precisa ser feito com vibração, com otimismo, não há outro jeito. O trabalho tem início com as equipes e chega às demais lideranças, os porta-vozes do cooperativismo.

“Temos exemplos como o Canadá, em que o cooperativismo alcança 41,9% da população economicamente ativa. No Brasil, esse número chega a 6,6%. Isso quer dizer que demos um pequeno passo e ainda temos muito a conquistar”.

Raízes Para vislumbrar o futuro de uma cooperativa que chegou aos 35 anos, é preciso observar cuidadosamente suas raízes.

Não é o resultado de uma reunião com acionistas distantes, de quem não se conhece o rosto. No cooperativismo, os sócios se reconhecem em irmandade; o presidente é alguém de quem se sabe nome e sobrenome. “A gente 93

aprende muita coisa na vida. Uma das coisas que eu aprendi é que não adianta você querer comandar a cooperativa de dentro de uma sala. A construção é com o quadro funcional, com a comunidade, ouvir quais são os anseios deles”.

Santo, o presidente, refere-se à construção do planejamento de 2019, mas também à forma de lidar com qualquer decisão sobre o avanço da Cooperativa. Fundamental, para ele, é fazer com que as pessoas entendam a importância da participação. “Vamos falar de planejamento 2019. Nós reunimos todo o quadro de gerentes, assessores, mais a diretoria executiva, debatendo sobre 2019.

Quase 40 pessoas dando ideias, opiniões, com o aval do conselho de administração. Um planejamento construído por todos, em que todos sabem os passos a serem tomados, tem tudo pra chegar ao final do ano com aquilo que planejamos conquistado”. É um movimento que visa a criar oportunidades de participação, explica. Todos os projetos construídos, da presença em festas da comunidade até o investimento contínuo na especialização dos colaboradores. A ideia é aproximar pessoas, porque apenas assim é possível promover um ambiente de cooperação.

A força que vem da proximidade fez com que muitos, inclusive, ficassem temerosos com a ida a terras tão distantes como as do Rio de Janeiro. A expansão, entretanto, é calculada.

As duas agências abertas em 2018 terminaram o ano com metas atingidas. “Vamos pro Rio de Janeiro, mas vamos continuar levando o Sicredi aos municípios menores. E essa expansão serve justamente para captar mais recursos e garantir a permanência em todos esses municípios”.

O projeto ganha força porque não é fruto de uma só cabeça.

João é vice-presidente, mas a diferença entre os dois é simbólica.

Aliás, ambos são exemplo de uma parceria que extrapolou os negócios e se tornou amizade. Ouvi-los juntos é certeza de risadas e de uma emoção genuína, que embala também a cooperativa.

Ouve-se que são alma e coração da Centro Sul. Ambos com um projeto de vida junto à cooperativa, ambos demonstrando em atitudes o que de fato significa a palavra confiança. “Nós sempre

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quisemos deixar um legado”, conta João.

“Não é por orgulho, é porque nós queremos que algum dia lembrem que passamos por aqui. Essa é a nossa vontade, e eu espero, aliás, eu tenho certeza de que vai dar certo.

A gente já passou por tanta coisa, o que é mais esse passo?”. João se refere a estar em todos os municípios de responsabilidade da Centro Sul, a fortalecer os novos laços com o Rio de Janeiro, a ser uma regional reconhecida por sua grandeza, não apenas em dimensões, mas, principalmente, na transparência da administração, sem se esquecer de onde vieram.

Esquecer-se das raízes, conta Santo, é receita para um trabalho infrutífero.

Por isso a preocupação em se manter zeloso com o solo, preparar-se para lidar com o que não se pode prever. Pensar no futuro, aqui, é também voltar os olhos para o passado e observar toda a vida que floresceu das sementes de confiança plantadas desde 1984. Intempéries passam, permanecem as sólidas raízes que sustentam voos mais altos.

“Palavras são fáceis de dizer, o que mostra mesmo são atitudes, ações. As pessoas vão perceber que a Centro Sul PR/SC/RJ só existe porque elas acreditaram, botaram fé no nosso trabalho. E é um orgulho muito grande pra nós ter uma regional financeira aqui”.

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BREVE HISTÓRIA DA COOPERAÇÃO Todas as histórias sobre pessoas que, juntas, melhoraram suas condições de vida são sobre cooperativismo. Algumas experiências, em especial, tornaram-se inspiração aos que têm consciência do quão frágeis somos quando nos isolamos.

Manchester, na Inglaterra, foi palco de um desses casos. Em 1844, 27 tecelões e uma tecelã fundaram a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale.

A iniciativa fazia frente a condições precárias de sobrevivência. A partir das ações compradas por eles, os tecelões criaram um armazém com pequenas quantidades de manteiga, açúcar, farinha de trigo e aveia, vendidos com preço justo e relações honestas.

O que tornou os Pioneiros de Rochdale fundadores do cooperativismo moderno, além do sucesso da empreitada, foi a criação de um estatuto social THEODOR que, mais tarde, ajudou a moldar os AMSTAD sete princípios cooperativistas.

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OS SETE PRINCÍPIOS COOPERATIVISTAS Participação Adesão voluntária e livre.

econômica dos membros.

Educação, formação

Autonomia e

e informação.

independência.

Intercooperação.

Interesse pela comunidade.

Duas décadas depois, a Alemanha viu nascer a Associação de Caixa de Crédito Rural de Heddesdorf, fundada por Friedrich Wilhelm Raiffeisen, em 1864.

O alemão presenciou desde a infância as dificuldades dos produtores rurais.

Conhecido por suas habilidades em cálculo e em organização, idealizou um modelo pautado em soluções compartilhadas.

Gestão democrática.

Raiffeisen criou caixas rurais de crédito mútuo. Os depositantes se tornavam sócios e, com responsabilidade solidária, auxiliavam os demais por meio dos empréstimos.

O modelo criado por Raiffeisen se espalhou pela Europa e alçou voos além-mar, estabelecendo firmes raízes no Sul do Brasil.

Os princípios das caixas rurais alemãs foram trazidos para cá pelo padre suíço Theodor Amstad. A primeira cooperativa de crédito do Brasil e da América Latina nasceu em 1902, em Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul, como resposta à necessidade de fortalecimento dos produtores.

FRIEDRICH WILHELM RAIFFEISEN

O jesuíta os inspirou a enfrentar dificuldades por meio da união de forças e, de forma prática, a implantar uma nova forma de organização econômica.

A Sociedade Cooperativa Caixa de Economia e Empréstimos Amstad, hoje Sicredi Pioneira RS, foi fundamental para difundir os ideais cooperativos em outros estados e conduzir o cooperativismo de crédito até os dias de hoje.

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LINHA DO TEMPO Nenhuma cooperativa tem início no dia de sua fundação. Ela surge antes, de um traço que nos é inato, o cuidado com o outro. Na convivência, vemos que, quando os fardos são repartidos, ficam mais leves; quando mais cabeças resolvem problemas, mais fáceis eles se tornam; quando a alegria é compartilhada, dissolve a lógica da divisão: em vez de diminuir, se multiplica.

Nesta linha do tempo que coloca Prudentópolis na história do cooperativismo, é possível notar que os pioneiros venceram restrições legais para garantir aos produtores rurais condições de alimentar o País.

As cooperativas de crédito, organizadas em centrais, se expandiram do RS para os demais estados, transformando diferenças regionais em vantagens competitivas. Hoje, poderíamos chamá-los de empreendedores, mas não precisamos de outro nome.

Eles são cooperativistas.

A OCB (Comissão de Crédito da Organização das Cooperativas Brasileiras), presidida por Roberto Rodrigues, organiza, em Brasília, o primeiro Congresso Nacional de Cooperativismo de Crédito. No encontro, uma comissão foi criada para sair a campo, estado por estado, incentivando o modelo integrado de crédito cooperativo.

1984

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SÓCIOS-FUNDADORES

No dia 25 de agosto, é fundada a Cooperativa de Crédito Rural de Prudentópolis Ltda Credicamp, em Prudentópolis.

Adelmo Luiz Klosowski Ademar Guido Bobato Alberto Moleta Alberto Roth Armelindo Coussau Augusto Pontarolo Augusto Ternoski Dionizio Opuchkevitch Elói Marino Bobato Eugênio Sochodolak Frederico Rech Júlio Moleta Nelson Refatti Kurt Gustavo Schlumberger Lori João Dries Mário Pontarolo Mauri Woiciekovski Milton Salanti Ordalino Ângelo Guarienti Oscar Rickli Natel Grande Roque Antônio Servat Sidney Gomes de Camargo Valdir Fischer Waldir Rickli Wolodimir Kowaltschuk

1. CORAGEM 101

Presidente: Kurt Gustavo Schlumberger Vice-Presidente: Dionizio Opuchkevitch Secretário: Wolodimir Kowaltschuk Conselho de Administração: Sidnei Gomes de Camargo, Oscar Rickli, Natel Grande, Valdir Fischer e Adelmo Luiz Klosowski Conselho Fiscal Efetivo: Augusto Pontarolo, Milton Salanti e Mauri Woiciekoski. Suplentes: Frederico Rech, Ademar Guido Bobato e Alberto Moleta.

No dia 3 de maio, a Credicamp recebe a autorização de funcionamento do Banco Central do Brasil, a homologação do Estatuto Social e do primeiro Conselho de Administração e Fiscal.

É constituída a Cooperativa Central de Crédito Rural do Paraná, a Cocecrer-PR, em 29 de janeiro.

A luta é para tornar as cooperativas de crédito iguais, em direitos legais e operacionais, aos bancos. Neste momento, as cooperativas não podem ter agências fora de sua sede ou repassar recursos de linhas oficiais de crédito, por exemplo.

1985

1987 1986

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No Paraná, já são 18 cooperativas de crédito, conhecidas como “credis”. Até este momento, apenas a Central do Rio Grande do Sul, criada em 1980, estava autorizada a operar. A Cocecrer-PR só inicia suas atividades em 1º de novembro.

O Banco Nacional de Crédito Cooperativo foi extinto sem aviso prévio, tornando os cheques dos associados papéis sem valor. Os colaboradores das cooperativas passaram, então, a percorrer o comércio local e os bancos para recolher os cheques e trocá-los por dinheiro.

A inspiração para o logotipo que se tornou símbolo do cooperativismo de crédito nasceu em uma assembleia no Rio Grande do Sul, ainda na década de 1980.

O cata-vento ilustra a energia que impulsiona o

Com a promulgação da Constituição de 1988, as cooperativas de crédito são inseridas no Sistema Financeiro Nacional, conquista que representou a possibilidade de atingir a autonomia operacional almejada e abriu espaço para outras mudanças na legislação.

Sistema: como o vento, as pessoas são a força motriz das cooperativas.

A resolução de número 1.914 do Conselho Monetário Nacional, de 11 de junho, amplia a autonomia das cooperativas de crédito, autorizando uma série de atividades e operações.

1988

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A cooperativa de Prudentópolis ingressa no Sistema Integrado de Crédito Cooperativo do Paraná Sicredi/PR.

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1992

103

Em 16 de outubro, autorizadas pelo Conselho Monetário Nacional (Resolução nº 2.193/95), as cooperativas filiadas à Central Sicredi RS constituem o Banco Cooperativo Sicredi S.A, primeiro banco cooperativo privado brasileiro.

Depois de analisar vantagens e desvantagens de criar um banco próprio, as cooperativas de crédito do Paraná decidem aderir ao Bansicredi e torná-lo um banco interestadual.

A cooperativa passa a se chamar Sicredi Prudentópolis, deixa a estrutura da Camp e passa a operar em estrutura exclusiva.

O conselho de administração comenta sobre a necessidade de expansão da Cooperativa.

Guamiranga, recémemancipada de Imbituva e sem agência bancária, recebe a segunda agência da Sicredi Prudentópolis.

GUAMIRANGA/PR

Lançado o programa A União faz a Vida, principal programa de responsabilidade social do Sicredi.

As cooperativas paranaenses também optam por abrir um banco próprio, o Sicooper. Em Prudentópolis, a cooperativa passa a se chamar Sicooper Camp.

1996 1995 2. CONFIANÇA 104

1997

1998

A área de atuação da Sicredi Prudentópolis é de 3 municípios. Imbituva recebe a 3ª agência da cooperativa.

IMBITUVA/PR

A virada do século viu o resultado de alguns dos avanços legais que começaram a ser buscados na década de 1970. A busca agora era por aprimorar os produtos e serviços oferecidos aos associados.

O Sistema Sicredi atua em 4 estados (RS, PR, MS e MT), totalizando 369.341 associados, 288.210 apenas no RS.

2000 3. COOPERAÇÃO 105

A área de ação da cooperativa é ampliada ao norte, para Reserva, Imbaú, Cândido de Abreu e Telêmaco Borba. É inaugurada a agência de Imbaú. Para melhor representar os novos associados, a regional adota a nomenclatura

SICREDI CENTRO SUL PR.

No ano do centenário do cooperativismo de crédito no Brasil, a Centro Sul incorpora a agência de Irati e se destaca por inaugurar a agência de Rio Azul em tempo recorde: 19 dias.

IRATI/PR

No Paraná, havia

85.217

associados e clientes, em 27 cooperativas.

2001

106

2002

AGÊNCIA CENTRO

RIO AZUL/PR

Irati e Rio Azul chegaram quase juntas à Centro Sul. Foi uma migração de área, que abriu possibilidades de a cooperativa sair do berço PrudentópolisGuamiranga-Imbituva.

Em 25 de junho, o Conselho Monetário Nacional aprova a Resolução n° 3.106/03, que permite a livre admissão de associados às cooperativas de crédito. Um dia depois, o Sicredi dá início às atividades em Santa Catarina.

2003

4. CONHECIMENTO 107

MALLET/PR

A Centro Sul inaugura a 7ª agência em Mallet e precisa reconquistar a confiança do município no cooperativismo.

Na sequência, é inaugurada a agência de Reserva.

RESERVA/PR

108

TELÊMACO BORBA/PR

Telêmaco Borba recebe uma agência Sicredi. Anos depois, a agência passa também a atender os associados de Imbaú.

A Sicredi Centro Sul PR comemora 20 anos num momento de ótimos resultados da Central Sicredi PR, que fecha o ano presente em 234 cidades. O número de associados chega a 222 mil no Estado.

É criada a Unidade Regional de Controle e Desenvolvimento , a URDC Centro, em Guarapuava, compartilhada com a Sicredi Planalto das Águas e, depois, com a Sicredi Grandes Lagos.

Anos mais tarde, a URDC passa a se chamar Superintendência Regional Terra dos Pinheirais.

O Sicredi chega a Goiás, Tocantins, Pará e Rondônia.

2004 2005 109

O Sicredi chega a

1 MILHÃO DE ASSOCIADOS A agência de Bituruna é incorporada à Centro Sul como parte de um movimento de troca de área de responsabilidade que trouxe ainda outros 5 municípios de SC para a Cooperativa.

BITURUNA/PR

2006

110

nos 10 estados em que atua: Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, Santa Catarina, Tocantins, Pará, Rondônia e Goiás.

UNIÃO DA VITÓRIA/PR

Presidente: Santo Cappellari Vice: João Oliveira de Souza Conselheiros de Administração: Roque Antonio Servat, Roque Dal Pisol, Marcos Luis Conzatti, Edegar Beló, Elio Carlos Jacumasso, João Cararo Neto, Raimundo Lazai, João Vilmar Cavassim, Ailton

É inaugurada a agência de União da Vitória, a 10ª da Centro Sul, que marca o avanço da Cooperativa no Sul do Paraná.

Pereira e Jorge Antoneli.

Conselheiros Fiscais efetivos: Rubens João Alflen, Antonio Sluzovski e Sergio Gilvany Chauszcz. Suplentes: Alceu Hreciuk, Paulo Roberto Ternovski e Dorival Saturnino.

Em assembleia com 827 associados, a chapa Renova Centro Sul é eleita.

O novo conselho toma posse em 11 de julho.

2008 2007 111

O relatório que marcou o aniversário de 25 anos traz homenagens aos fundadores e à Camp, berço da cooperativa de crédito.

E mostra o resultado surpreendente em um período de crise: as sobras, que em 2007 foram de R$ 80 mil, chegaram a mais de R$ 1 milhão em 2008 e 2009.

A pedido dos moradores de Rebouças, a Centro Sul inaugura uma agência na cidade. No mesmo ano, o Sicredi firma parceria com o grupo holandês Rabobank, um dos maiores bancos cooperativos do mundo, também com origem no sistema Raiffeisen.

REBOUÇAS/PR

Em 2008, os programas sociais Crescer e Pertencer são lançados na Cooperativa, um esforço em busca da consolidação e da sustentabilidade do cooperativismo.

2009

112

2010

PORTO UNIÃO/SC

É comemorado o Ano Internacional das Cooperativas, instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas). Santa Catarina recebe a primeira agência da Centro Sul, em Porto União.

Em 2013, a Cooperativa deixa a Sureg Terra dos Pinheirais e forma a Superintendência Regional própria, em Prudentópolis.

Ao completar 28 anos, a cooperativa ultrapassa os 16 mil associados.

2013 2012 5. TRANSFORMAÇÃO 113

TEIXEIRA SOARES/PR

Teixeira Soares recebe a 13ª agência da Cooperativa.

A Cooperativa completa 30 anos em 2014, com mais de 18 mil associados, em 26 municípios.

A 2ª agência do município sede e a 2ª agência de SC, em Irineópolis, são inauguradas.

2014

114

IRINEÓPOLIS/SC As cidades de Cruz Machado e Cândido de Abreu ganham agências da Cooperativa.

Em 2015, a Sicredi Centro Sul PR/ SC está com 24.186 associados, com ativos superiores a R$ 402 milhões.

CRUZ MACHADO/PR

PRUDENTÓPOLIS/PR

SICREDI RUI BARBOSA

CÂNDIDO ABREU/PR 2015

115

CAMPOS DOS GOYTACAZES/RJ

26.006 ASSOCIADOS R$ 314,6 MILHÕES EM CRÉDITO TOTAL R$ 379,8 MILHÕES EM RECURSOS TOTAIS R$ 73,7 MILHÕES EM POUPANÇA R$ 12,7 MILHÕES EM RESULTADO R$ 540,6 MILHÕES EM ATIVOS R$ 68,3 MILHÕES EM PATRIMÔNIO LÍQUIDO Mesmo com a crise econômica vivida pelo País, o cooperativismo de crédito cresce. E a Centro Sul também.

2016

Banco Central autoriza a expansão da área de atuação para o Norte e o Noroeste do RJ. A cooperativa passa a ser Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ e tem a área de responsabilidade ampliada para 41 municípios.

2017

6. ESPERANÇA 116

O RJ recebe a Sicredi Centro Sul com a inauguração das agências de Campos dos Goytacazes e Itaperuna. É inaugurada, também, a 2ª agência de Irati/PR. Neste momento, são mais de 34 mil associados e um patrimônio líquido de R$ 95,9 milhões.

2018

IRATI/PR

RUA ANTÔNIO CAVALIN

34.043 ASSOCIADOS R$ 500,3 MILHÕES EM CRÉDITO TOTAL R$ 623,8 MILHÕES EM RECURSOS TOTAIS R$ 171,1 MILHÕES EM POUPANÇA R$ 14,3 MILHÕES EM RESULTADO R$ 853,7 MILHÕES EM ATIVOS R$ 95,9 MILHÕES EM PATRIMÔNIO LÍQUIDO

ITAPERUNA/RJ

117

PAULO FRONTIN/PR

Ao comemorar 35 anos, a Cooperativa inaugura as agências de Paulo Frontin e Inácio Martins, e reinaugura a sede administrativa e a primeira agência de Prudentópolis.

BANCO CENTRAL APROVA A EXPANSÃO DA ÁREA DE ATUAÇÃO DA COOPERATIVA NO RIO DE JANEIRO. A ÁREA DE AÇÃO TOTAL DA SICREDI CENTRO SUL PR/SC/RJ PASSA DE 41 PARA 74 MUNICÍPIOS. Para 2019, a meta é inaugurar mais 2 agências no RJ e chegar aos 40 mil associados.

2019 7. SIMPLES, PRÓXIMO E ATIVO 118

INÁCIO MARTINS/PR

PRUDENTÓPOLIS/PR SEDE ADMINISTRATIVA E SICREDI AV. SÃO JOÃO

Fontes: CENTRAL SICREDI PARANÁ. Sicredi Paraná 25 anos: fragmentos

SICREDI. A trajetória do Sicredi: memória histórica; organização

da história do Cooperativismo de crédito. Curitiba: Paraná, 2005.

corporativa; os visionários. Porto Alegre: Sicredi, 2010.

119

Esta é a visão prática da Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ ao completar 35 anos.

Estados com agências do Sicredi Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ

Nas entrelinhas, estão milhares de vidas, transformadas pelos laços do cooperativismo.

Dar crédito é mais do que movimentar recursos: é acreditar que, juntos, fazemos a diferença.

GOVERNANÇA Conselho de Administração: Santo Cappellari, João Oliveira de Souza, Sergio Fumio Ouchi, Sonia Raifur Kos, Mario Costa, Sandro Vinicius Fucilini, Natalino Mascarello, Vanderlei Stiegler, Jonas Rafael Alflen Conselho Fiscal: Douglas Remi Buchholz, Robert Willian Malucelli,

1. Bituruna

15. Fernandes Pinheiro

2. Cândido de Abreu

16. General Carneiro

3. Cruz Machado

17. Imbaú

4. Guamiranga

18. Inácio Martins

5. Imbituva

19. Paulo de Frontin

6. Irati (2 agências)

20. Paula Freitas

Diretoria:

7. Mallet

21. Porto Vitória

Helton Cesar Kolecha

8. Prudentópolis (2 agências)

Diretor Executivo

9. Rebouças

SANTA CATARINA

10. Reserva

1. Irineópolis

11. Rio Azul

2. Porto União

12. Teixeira Soares

3. Calmon

13. Telêmaco Borba

4. Matos Costa

14. União da Vitória

5. Timbó Grande

Cristian Mara Daldin, Leopoldo Fiori Nanuzzi, Gilmar Pagnoncelli, Juliano Becher

Marcos Luis Conzatti Diretor de Operações Ataides Luiz Marconato Diretor de Negócios

120

PARANÁ

Área de abrangência da Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ

Cidades com agências da Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ

PARANÁ

13 17

28

10

2

8

4

5

6 18

16

14

4

20 2

12

15

15

42

17 29

7

3 21

9

11

38

34 3 23

12

47 5

39

3

SANTA CATARINA

5

11

14 35 1

33 26 45 20 19 46 18 8 25 16

44

43

36

22

41

19 1

9

RIO DE JANEIRO

2

24 27

1

48

30

13

37

31

32

10 4 40 6 21 7

RIO DE JANEIRO

13. Carapebus

25. Macaé

37. São João da Barra

1. Campos dos Goytacazes

14. Cardoso Moreira

26. Macuco

38. São José de Ubá

2. Itaperuna

15. Carmo

27. Miracema

39. São José do Vale

3. Aperibé

16. Casimiro de Abreu

28. Natividade

4. Araruama

17. Comendador

29. Paraíba do Sul

40. São Pedro da Aldeia

5. Areal

30. Porciúncula

41. São Sebastiao do Alto

6. Armação dos Búzios

18. Conceição de Macabu

31. Quissamã

42. Sapucaia

7. Arraial do Cabo

19. Cordeiro

32. Rio das Ostras

43. Saquarema

8. Bom Jardim

20. Duas Barras

33. Santa Maria Madalena

44. Silva Jardim

9. Bom Jesus do Itabapoana

21. Iguaba Grande

34. Santo Antonio de Pádua

45. Sumidouro

10. Cabo Frio

22. Italva

35. São Fidelis

46. Trajano de Moraes

11. Cambuci

23. Itaocara

36. São Francisco

47. Três Rios

12. Cantagalo

24. Laje do Muriaé

48. Varre-Sai

Levy Gasparian

de Itabapoana

do Rio Preto

121

A CELEBRAÇÃO DA CONFIANÇA

122

Por Manfred Alfonso Dasenbrock Manfred Alfonso Dasenbrock é presidente da SicrediPar, da Central Sicredi PR/SP/RJ e conselheiro do Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (World Council of Credit Unions – WOCCU)

O sistema de cooperativas de crédito só tem vida longa e perdura porque ele é pautado na confiança. E essa construção precisa ser feita todo dia, porque apenas o passado não garante seu futuro. Só que, ao olhar para o passado, identificamos fatores vitais para que sejamos hoje, no Brasil, mais de 100 cooperativas, distribuídas em 22 estados e no Distrito Federal. Uma mesma marca, um mesmo sistema operacional, as mesmas regras, unidos pelo ideal dos fundadores: atender às expectativas e aos anseios das pessoas de forma justa e transparente.

E o que se vive no dia a dia do cooperativismo é a melhor forma de traduzir o que é esse movimento.

Olhar para nossas histórias nos faz notar que os entraves do passado tornaram as lutas mais efetivas. Ao consolidar nossas instituições financeiras, dentro de todas as exigências e padrões técnicos, mas com o jeito de ser cooperativista, conseguimos, juntos, angariar mais conquistas e celebrálas. Porque essa é também uma forma de ser transparente com os associados e com a sociedade como um todo.

Hoje, já estamos em praticamente 1300 dos mais de 5 mil municípios brasileiros. No futuro, vamos estar em todos eles, com estrutura física ou tecnológica, que vai permitir a conexão das pessoas. Vemos na Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ a vontade de participar dessa construção, valorizando as características da região, do seu povo. Essa é a nossa razão principal de ser: ter uma presença nacional e uma atuação regional.

Com olhar esperançoso, vemos o quanto as cooperativas de crédito têm impactado positivamente pessoas e localidades ao redor do mundo. Canadá, Estados Unidos, México, Alemanha, França, todos têm em comum conosco a 123

mudança de vidas por meio da ajuda mútua.

E isso torna o cooperativismo mais atual do que nunca, porque ele é relevante e criativo, especialmente em momentos de crise.

Esse diferencial eu vejo na Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ. De ser próxima, de querer fazer as coisas certas, de lutar por isso junto aos associados. É bonito ver os programas sociais irem ocupando espaço relevante, observar a valorização das pessoas e a profissionalização da cooperativa. O espírito de colaboração voltado à conquista da cidadania, por meio da inclusão e da educação financeira, que motiva nosso voluntariado, num esforço de retornar à sociedade nossos resultados. É isso que faz com que ela se torne referência: observar que, nas localidades que receberam a Centro Sul, a agência do Sicredi é vital.

O crescimento dos últimos anos é prova disso.

As metas superadas e o desafio de levar às regiões Norte e Noroeste do Rio de Janeiro nosso jeito de ser é reflexo da confiança conquistada junto à Central e aos associados. São dirigentes e colaboradores muito engajados em pluralizar a cooperativa. Pessoas que, quando viram que era possível se reinventar, superaram os obstáculos e se tornaram referência regional e uma presença significativa dentro do sistema como um todo.

Uma cooperativa que não tem preguiça, que levanta cedo, que dorme tarde, que faz as coisas acontecerem. O ano de 2019 é motivo de muita celebração pelos 35 anos da Sicredi Centro Sul PR/SC/RJ, que deu sustentação, desde os primórdios, a todo esse movimento e que se engajou nessa causa que é de todos nós, o cooperativismo.

124

125

Entrevista com Walter Mehl, durante a gravação do vídeo institucional dos 35 anos da Centro Sul PR/SC/RJ. A cada nova conversa, a certeza de que essa é uma história que vale a pena contar.

Foto: Gisele Vivan

126

POSFÁCIO Contar uma história de 35 anos é uma tarefa de grande responsabilidade, mas nada se compara à dificuldade de contar uma história de 37 mil associados. Pouco mais de 12 meses, mais de 100 pessoas entrevistadas e quase 50 horas corridas de entrevistas foram necessárias para se ter a correta dimensão de que uma cooperativa ultrapassa as paredes de uma agência ou as movimentações de uma instituição financeira.

A mim, o trabalho tornou-se encantamento. Colher histórias de pessoas que acreditam com tanta paixão em uma causa fez nascer em mim uma vontade imensa de lançar em mais lugares as sementes do cooperativismo.

E fez com que eu tivesse certeza de que, mesmo num mundo pautado por relações impessoais e por interesses mesquinhos, há motivos para esperança.

Durante o processo, dei-me conta de algo óbvio, mas que passou a ter muito mais sentido para mim: dar crédito é acreditar. Soube que era disso que se tratava o carinho que notei em todas as pessoas com quem conversei.

Alguém acreditou nelas, confiou que elas poderiam melhorar suas vidas por meio do cooperativismo.

Tenho plena convicção de que a série de relatos que dispus ao longo dessas páginas não dão conta das variadas histórias desses 37 mil associados, mas espero realmente que guardem simbolicamente um retrato do belo legado deixado pela Sicredi Centro Sul à história do cooperativismo.

Julliane Brita 127

Convenção de Colaboradores 2019

CONFIANÇA

Esta é uma história de palavra.

Dos contratos em que a confiança era valiosa. Ao olhar para os 35 ANOS DA SICREDI CENTRO SUL PR/SC/RJ, de Prudentópolis, no Paraná, vemos mais que atas de assembleias.

Descobrimos exemplos que nos fazem retomar a fé em sonhos, em ideias e em pessoas.

Notamos que a história da cooperativa é fonte abundante de algo, hoje, quase escasso: a esperança de dias melhores.