Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – São Paulo - SP – 05 a 09/09/2016
As transformações da Cultura Caiçara no Litoral Norte Paulista analisadas em reportagens da revista Beach&Co1 Bruna Briti Vieira GUIMARÃES2 Faculdades São Sebastião (FASS) e Faculdades Caraguá (FAC) - Grupo Educacional Cruzeiro do Sul, SP Resumo Transformações da Cultura Caiçara relatadas em duas reportagens publicadas em 2009 e 2013 na revista Beach&Co, que circula há 14 anos no Litoral Norte Paulista. Este artigo integra a tese de doutorado da autora (GUIMARÃES, 2014) e continua os estudos apresentados no XXXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação em 2015. Aplicou-se a metodologia da Análise Descritiva, de Discurso e resgatou-se o conceito do gênero Reportagem com base nos autores Audre Alberguini, Lia Seixas, José Salvador Faro, Manuel C. Chaparro e José Marques de Melo. Constatou-se que a Beach&Co usou o caiçara como subproduto do turismo, considerando-o como “mais um” dos moradores da região; e que os textos persuasivos buscam vender a boa imagem do desenvolvimento (a todo custo) do Litoral Paulista, não se tornando porta voz e nem retratando a complexidade das transformações nas comunidades caiçaras. Palavras-chave Reportagem, Revista Regional, Beach&Co, Mídia Impressa no Litoral Norte Paulista e Cultura Caiçara. Introdução - Até décadas atrás era comum à mídia e a sociedade no geral ver o caiçara como uma pessoa desocupada, que não quer crescer. Soma-se a isto, o significado da palavra caiçara no dicionário3, tido como sinônimo de pessoa indolente, caipira asselvajado, caboclo sem préstimo, pescador que vive na praia, caipira do litoral, estúpido, vagabundo e malandro. Mais recentemente, movimentos de preservação da cultura regional conseguiram modificar tal significado no dicionário. (GUIMARÃES, 2015, p.1-2). Portanto, o “caiçara” é aquele que nasce e vive nas cidades de Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela e Ubatuba (região selecionada para análise nas reportagens pela autora deste artigo), que sobrevive da pesca, da agricultura, do artesanato e do turismo. Ele vive em
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Trabalho apresentado no GP Gêneros Jornalísticos, XVI Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Mestra e doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Graduada em Jornalismo (UNIMEP) e tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos (UNICID). Há 4 anos é proprietária da Agência Gentecom de Marketing & Comunicação Integrada, em Caraguatatuba(SP) e, desde 2015, professora nas Faculdades São Sebastião (FASS) e Faculdades de Caraguá (FAC), que integram o Grupo Cruzeiro do Sul Educacional. Trabalhou em jornais, revistas e assessorias de imprensa no Litoral Norte Paulista. E-mail: brunajornalista@hotmail.com. 3 cai.ça.ra (tupi kaaysá) 1 Arvoredo morto, de que ainda restam troncos e forquilhas. 2Braçada de ramos que se deita na água para atrair peixe. 3 Ramada. 4 Cercado de madeira, à margem de um rio, para embarque de gado. 5 Cerca de paus a pique, em redor de uma roça ou plantação, para obstar a entrada do gado. 6 Curral. 7Recesso onde se embosca o caçador. 8 Palhoça. 9 Cercado, paliçada. 10 Viveiro para tartarugas. 11 Caipira asselvajado. 2 Caboclo sem préstimo. 3 Pescador que vive na praia; caipira do litoral. 4 Indivíduo muito estúpido. 5 Vagabundo. 6 Malandro. MICHAELIS MODERNO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA. Disponível em: michaelis.uol.com.br. Acesso em: jun. 2013. Grifos da autora.