EDITORIAL
Palavra do Pároco
Setembro - 2020
POR PE. FERNANDO STEFFENS
Exílio e pandemia: a Palavra ilumina Na caminhada do povo de Deus, uma dura realidade foi experimentada: o exílio. O primeiro, no Egito – a escravidão. O segundo, na Babilônia – as saudades de Jerusalém. O livro do Êxodo registra a primeira experiência, na qual surge Moisés como instrumento de Deus para libertar o seu povo. Nos livros históricos, nos profetas e nos Salmos, está registrada a dura experiência do segundo exílio, o da Babilônia. O rei Ciro, da Pérsia, é quem devolve os deportados à sua pátria. Olhando para a realidade na qual nos encontramos, um exílio também se apresenta. Distantes uns dos outros, distantes da família, longe do convívio dos amigos, exilados até mesmo da Igreja e dos sacramentos. A pandemia fez surgir uma realidade totalmente nova. Estamos reinventando a normalidade. Até quando? Eis a dúvida. O tempo do Egito durou 400 anos, o período em Babilônia, meio século. Tanto numa quanto noutra experiência, a Sagrada Escritura nos mostra que a fé foi crescendo em meio ao caos. O próprio Deus foi suscitando a esperança no coração da sua gente, apesar de suas lágrimas, suas dores, suas impaciências. Há alguns meses, o mundo convive com os exílios desta pandemia. Desde março, o Brasil estampa em seus noticiários os números, os decretos, as consequências e tudo mais. Em meio a esta babel, é preciso iluminar a realidade com a fé de nossos pais – Abraão, Isaac e Jacó –, dos nossos antepassados, que experimentaram, em seus tempos, realidades igualmente difíceis e não perderam de vista a presença de Deus. É bonito olhar para o passado e reconhecer que, os que lá viveram, foram heróis, guerreiros, bravos diante de tudo o que tinham e não tinham. Penso na epopeia do povo hebreu, penso nos primeiros cristãos diante das perseguições, penso nos primeiros colonizadores de nossas terras, penso nos combatentes nas trincheiras... Agora, olhemos para o nosso exílio. Para os que perderam os seus, para os que vivem sozinhos, para os que são rodeados pela sombra do pânico, para os que precisam tomar decisões grandes, para aqueles que não têm onde morar, mas, se pede que fiquem em casa, para as crianças que não compreendem, para os que se acham imunes e acabam proliferando esse e outros vírus – da discórdia, da polarização política, da indiferença. É tempo de renovar a esperança em Deus, de reconhecer que há outras doenças no mundo – hipocrisia, mediocridade, ganância, desculpas... – e rezar com o salmista: “Meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra” (Sl 121, 2).
IGREJA
Setembro - 2020
OS 10 MANDAMENTOS O Oitavo Mandamento da Lei de Deus: Não levantar falso testemunho
POR PE. RAUL KESTRING
No Livro do Êxodo (20,16), lemos assim: “Não apresentarás falso testemunho contra o teu próximo”. E Jesus confirma este mandamento: “Ouvistes também o que foi dito aos antigos: ‘não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos para com o Senhor’” (Mt 5,33)! Ensina a Igreja que, por serem pessoas, filhas e filhos de Deus, revestidos da dignidade divina, os seres humanos todos, sintam-se impelidos e moralmente obrigados a procurar a verdade, sobretudo a que concerne à religião” (Cf. Declaração Dignitatis Humanae – A Dignidade Humana - do Papa São Paulo VI, 1965, n. 2). “Veracidade é a virtude que consiste em mostrar-se verdadeiro no agir e no falar, guardando-se da duplicidade, da simulação e da hipocrisia” (Catecismo da Igreja Católica , n. 2468). O martírio qualifica-se como o supremo testemunho da verdade. Especialmente no seu sentido pleno de entregar a própria vida corpórea em defesa da verdade. Na espiritualidade atual, no entanto, alude-se também ao chamado “martírio branco”. Exatamente, a palavra martírio, em grego, significa testemunho. Assim, toda atitude inspirada na verdade, que sempre e, de alguma forma, envolve esforço, conversão, morte a si mesmo, torna-se martírio. Por exemplo, durante a pandemia, como autodefesa e cuidado dos outros, fomos obrigados a permanecer em isolamento, uma atitude de obediência com sentido de testemunho, martírio. Como o demônio, que é cognominado “pai da mentira” (Jo 8,44), no nosso tempo vimos surgir as chamadas fake news. O vocábulo inglês fake, em português, significa falso. News quer dizer notícia. Estamos, assim, diante de flagrantes, mentiras, calúnias, que se inventam para prejudicar pessoas, grupos e entidades. E, lógico, para mirar os próprios interesses. Quem faz uso de instrumentos de comunicação social, portanto, deve ir contra essa verdadeira corrente do mal não criando e não divulgando fake news! Sejamos testemunhas da verdade!
CENTRAL
Setembro - 2020
Para a Igreja no Brasil, o mês de setembro é inteiramente dedicado à Bíblia. Esta iniciativa existe para conhecermos mais a Palavra de Deus. Isto, é, ler mais a Bíblia, rezar mais, silenciar para encontrar Deus na Palavra. A Bíblia é um Livro Sagrado, diferente de qualquer outro. Ela contém a Palavra de Deus, aquilo que Ele quis dizer, revelar à toda a humanidade, e que inspirou algumas pessoas a colocarem por escrito, com suas habilidades e limitações. Nessa história de Deus com o seu povo, história da Salvação, as pessoas foram interpretando e refletindo os acontecimentos à luz da fé, buscando conduzir sua vida conforme a Palavra de Deus. Quando falamos, só podemos falar daquilo que conhecemos, que somos. Deus também: fala daquilo que Ele é, qual é a Sua vontade, o que tem a oferecer a cada um de nós. Por isso, Deus fala de amor, compaixão, apresenta um ideal a ser buscado, propõe uma mudança de vida sempre mais urgente. Quando São João diz que “a Palavra se fez carne” (Jo 1,14), reconhecemos que essa Palavra é Jesus. Em Jesus, muito mais que em letras impressas, temos tudo que precisamos saber sobre Deus. Em outras palavras, a vontade de Deus é a vida de Jesus: seus atos, palavras, gestos, seu silêncio, sua oração, o Mistério de sua morte e ressurreição. Por isso, a Igreja reconhece um valor muito especial nos Evangelhos, que conservam e revelam a nós a vida e o significado de Jesus Cristo.
CENTRAL
Setembro - 2020
A palavra “bíblia” significa “livros”, assim como biblioteca. Como sabemos, a Bíblia é, na verdade, um conjunto de 73 livros diferentes, escritos ao longo de séculos, e reunidos hoje, em dois grandes blocos: o Antigo Testamento (antes de Jesus) e o Novo Testamento (depois de Jesus). É muito comum, ainda hoje, ler a Bíblia de forma equivocada. Isso ocorre quando se lê a Bíblia de modo diferente e até contrário ao sentido com que ela foi escrita. Algumas pessoas acham que a Bíblia é um livro de ciências, de mágica, de curas, quase um “horóscopo”. Na realidade, a Bíblia só foi escrita, conservada e transmitida por causa da fé, porque é um livro de fé. A voz de Deus só é compreendida por quem tem fé, por quem escuta. Se você prestar atenção, vai perceber que nós, cristãos, na Igreja, buscamos sempre ler a Bíblia em oração, seja na missa, seja na catequese, sozinhos, etc. E, sempre pedindo a luz do Espírito Santo. Se o Espírito Santo inspirou alguém para escrever o que foi vivido, o mesmo Espírito vai nos guiar, agora, para ler, entender e viver a Palavra de Deus. De modo geral, nossas Bíblias católicas possuem notas e introduções que nos ajudam a entender o seu conteúdo. Mas, é preciso tirar tempo, tempo para meditar, “ruminar” a Palavra. Que, neste mês da Bíblia, deixemo-nos tocar pela força da Palavra de Deus, pois Ele nos fala. “Fala Senhor, que o teu servo escuta!” (1Sm 3,10). DIÁCONO JOÃO HUMBERTO LUCIANI
PASTORAIS E MOVIMENTOS
Setembro - 2020
Igreja: Casa da Palavra POR PE CARLOS RONALDO EVANGELISTA DA SILVA
As atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora dizem que a Casa é a imagem mais apropriada para falar sobre a “Igreja em saída”, pois ela está sustentada por quatro pilares: Palavra, Pão, Caridade e Missão. A Igreja é a Casa da Palavra. Certamente nos vem à mente a imagem de uma de nossas matrizes ou capelas, mas, também – quero crer nisso – esta imagem também evoca as pequenas comunidades, verdadeiras “Igrejas domésticas”, ou para ficar com a palavra bíblica, a “Igreja que se reúne nas casas” (Rm 16,5), enfim, a nossa casa, da nossa família. Nos últimos anos, fomos adquirindo o louvável hábito de iniciar nossos encontros pastorais, reuniões e escolas de formação com a Leitura Orante. Em tempos de pandemia, migramos para o espaço familiar, para as transmissões, para as “lives” e, de repente, nos demos conta de que voltamos às origens: somos pequenos grupos, espalhados na comunhão da mesma fé, acolhendo a única Palavra de Salvação, que ouvimos, partilhamos, meditamos, rezamos e que se torna para nós fonte da ação cristã no meio do mundo, pois somos todos “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-16). Falar da Leitura Orante da Palavra é entrar no mistério de um Deus encarnado, que “se fez Palavra e habitou entre nós” (Jo 1,14). Palavra não mais escrita em tábuas de pedra, mas nos corações que têm sede e fome de justiça, que são pobres em espírito, mansos, promotores da paz e misericordiosos. Rezar com a Palavra no cotidiano da vida, momento bem preparado, desejado, vivido como fonte primeira que revitaliza o dia, inspira a ação e ajuda no discernimento em todos os momentos. Desejo mesmo que cada um ouça para si as palavras dirigidas pelo Senhor ao profeta Ezequiel: “Filho do homem, come o rolo (da Palavra de Deus) que aqui está, e, em seguida, vai falar à casa de Israel. (...) Então o comi, e era doce na boca, como o mel” (Ez 3,1.3b). Invocado o Espírito Santo, entrar na intimidade do Senhor para ler o que o texto diz, e mastigar, e ruminar, e voltar uma e outra vez até tornar-se memória do coração. Ouvido o texto, retomado de memória, a Palavra vai ao íntimo da comunhão com o Senhor que fala ao coração: meditação. Ao ouvir o que o Senhor nos diz, sentimos que é preciso orar, com ações de graças, súplicas, louvores... “a semente cai na terra boa e produz fruto” (Mt 13,8). Silenciar para acolher a inspiração de Vida plena. É hora de descer a montanha e anunciar as maravilhas que a Palavra realizou em nós.
Setembro - 2020
PASTORAIS E MOVIMENTOS
Palavra de Vida
Movimento dos Focolares
“
Por Letizia Magri
Dai e vos será dado. Uma medida boa, socada, sacudida e transbordante será colocada na dobra da vossa veste” (Lc 6,38)
“Ali estavam muitos dos seus discípulos e uma grande multidão, gente de toda a Judeia e de Jerusalém, e do litoral de Tiro e Sidônia. Vieram para ouvi-lo...”: é assim que o evangelista Lucas introduz o longo discurso de Jesus, que se desenvolve por meio do anúncio das bem-aventuranças, das exigências do Reino de Deus e das promessas do Pai aos seus filhos. Jesus anuncia livremente a sua mensagem a homens e mulheres, de vários povos e culturas, que tinham vindo para escutá-lo; é uma mensagem universal, dirigida a todos e, que todos podem acolher para realizarem-se como pessoas, criadas por Deus Amor, à Sua imagem. Jesus revela a novidade do Evangelho: o Pai ama cada filho seu pessoalmente, com amor “transbordante” e lhe doa a capacidade de alargar o coração aos irmãos com generosidade cada vez maior. São palavras prementes e exigentes: dar algo do que é nosso; bens materiais, mas também, acolhida, misericórdia, perdão; dar com largueza, imitando Deus. A imagem da recompensa abundante que será colocada na dobra da veste nos dá a entender que a medida do amor de Deus por nós é sem medida e, que as suas promessas se realizam para além das nossas expectativas. Ao mesmo tempo, a promessa da recompensa nos liberta da ânsia da nossa contabilidade e dos nossos prazos, da desilusão de não receber dos outros aquilo que achávamos merecer. Com relação a esse convite de Jesus, Chiara Lubich escreveu: Nunca lhe aconteceu receber um presente de um amigo e sentir a necessidade de retribuir? (...) Se isso acontece com você, imagine então com Deus, que é Amor. Ele retribui sempre todo o bem que fazemos ao nosso próximo em nome Dele (...).
Setembro - 2020
PASTORAIS E MOVIMENTOS
Palavra de Vida
Movimento dos Focolares
Deus não se comporta assim para enriquecer você ou para nos enriquecer. Ele age assim para que, quanto mais tivermos, mais possamos dar; para que – como verdadeiros administradores dos bens de Deus – façamos circular tudo na comunidade ao nosso redor (...). Certamente, Jesus pensava, acima de tudo, na recompensa que teremos no Paraíso. Mas, o que acontece na terra já é prelúdio e garantia disso. O que poderia acontecer se nos dedicássemos a praticar esse amor juntos, com muitos outros homens e mulheres? Seria, com certeza, o germe de uma revolução social. Quem nos conta o que segue é um pequeno empresário, Jesús, da Espanha: “Minha mulher e eu trabalhamos em consultoria e em programas de formação. Apaixonamo-nos pelos princípios da Economia de Comunhão e decidimos aprender a olhar o outro: os funcionários, valorizando os salários e avaliando alternativas diante de demissões, quando necessárias; os fornecedores, respeitando os preços, os pagamentos, as relações de longo prazo; a concorrência, com cursos feitos em conjunto e oferecendo o nosso conhecimento e a nossa experiência; os clientes, com orientações dadas conscienciosamente, inclusive renunciando a vantagens nossas. A confiança que se estabeleceu foi o que nos salvou depois, na crise de 2008. Em seguida, por meio da ONG ‘Levánta-te y Anda’, conhecemos um professor de espanhol, na Costa do Marfim. Ele queria melhorar as condições de vida da sua aldeia com um setor de obstetrícia no hospital. Avaliamos o projeto e oferecemos a quantia necessária. Ele não conseguia acreditar. Tive de lhe explicar que eram os lucros da empresa. Hoje, esse setor chamado ‘Fraternidade’, construído por muçulmanos e cristãos, é o símbolo da convivência. Nos últimos anos, os lucros da empresa se multiplicaram por dez”.
Mês vocacional Em agosto, Mês Vocacional, celebramos vivamente cada uma das vocações presentes em nossa Igreja.
Pastoral Vocacional A Pastoral Vocacional do Regional Sul IV produziu diversos vídeos falando sobre as vocações. O lema deste ano foi “Amados e chamados por Deus”. Nosso pároco participou desse projeto.
Reformas A Comunidade São Francisco de Salles, de Rio Esperança, iniciou reformas na Igreja. Troca do forro, do assoalho da sacristia, pintura interna e iluminação externa.
Missas em tempos de pandemia Devido ao crescente de casos de COVID-19, desde final de julho, as missas estavam acontecendo sem a presença de fiéis. Mas, diante da melhora do quadro de riscos, voltamos com as missas presenciais em meados de agosto, respeitando os 30% de capacidade total.
“
Setembro - 2020
ESPECIAL
PE. FERNANDO STEFFENS
em palavras Testamento dum fim de tarde Depois de descobrir (não como novidade) que não preciso mais além do que tenho deixo o testamento desse dia: “Declaro, para sempre, e para os devidos fins que hoje, além de estar, hoje, eu sou feliz.” E não sei explicar o porquê. Tampouco isso me importa. Basta-me essa poesia. E o silêncio.
Setembro - 2020
FALECIMENTOS
FUNERÁRIA PURIM
FALECIMENTOS Julho de 2020
João Ornelio de Oliveria 02/07/2020 69 Anos Capela São Sebastião - Alto Palmeiras Maria José Lino Morais 04/07/2020 94 Anos Cemitério Municipal Aderbal Borges de Lima 07/07/2020 73 Anos Capela São Sebastião - Alto Palmeiras Leandro Cristofoletti 08/07/2020 80 Anos Cemitério Municipal
Aristeu Antonio Berri 15/07/2020 63 Anos Cemitério Municipal Adelino Ferreira 24/07/2020 55 Anos Cemitério Municipal Cleder Cipriani 25/07/2020 34 anos Cremado Imgard Stecker 28/07/2020 90 Anos Crematório de Blumenau ÀS FAMÍLIAS ENLUTADAS, NOSSO ABRAÇO!
Olivio Vasselai 10/07/2020 80 Anos Cemitério Municipal Fede Stolf 10/07/2020 86 Anos Capela São Virgílio - Rodeio
Produção
www.agenciaarcanjo.com.br
SUGESTÃO DE CONTEÚDO redacao@agenciaarcanjo.com.br
EDIÇÃO
Aline F S Oliveira
facebook.com/agenciaarcanjo
(47) 3227.6640
REVISÃO
Luísa Borges
DIAGRAMAÇÃO Giovana Melo
A revista A Imaculada é uma publicação da Paróquia Imaculada Conceição, sob a responsabilidade do Pe. Fernando Steffens e mantida exclusivamente por meio do dízimo dos paroquianos.