Revista chapel

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EDUCAR PARA A CIDADANIA Fundador de duas ONGs nos Estados Unidos, o educador Dave Butler fala sobre as competências que os jovens precisam desenvolver no trabalho voluntário

JOVEM HUMANITÁRIO O aluno da Chapel Gabriel Ribeiro realizou serviço voluntário por 15 dias em Gana, junto à ONG Youth Futures International

MISSIONÁRIOS OBLATOS Em artigo, Pe. Miguel Pípolo relata a histórica luta da Congregação Oblata por uma sociedade melhor

EMPREENDEDORISMO SOCIAL Conheça o trabalho da ex-aluna Danielle Fiabane, cuja guinada na carreira se deu em organizações envolvidas com o terceiro setor

TALENTOS & PAIXÕES Confira as atividades extraclasse e habilidades dos dedicados alunos da Chapel

SPOTLIGHT Saiba quais foram AS NOVIDADEs que movimentaram a comunidade escolar no último semestre

GALLERY A Chapel registrou alguns dos melhores momentos de alunos em plena atividade, como Feira do Livro, Dia das Crianças, Feira de Ciências e projetos sociais coordenados por ELES


EXPEDIENTE Inside Chapel é uma publicação semestral da Escola Maria Imaculada – Chapel School www.chapelschool.com

CONSELHO EDITORIAL: Miguel Tavares Ferreira, Marcos Tavares Ferreira, Ingrid Storch de Freitas, Luciana Brandespim e Adriana Rede EDITORES: Claudio Sá (claudio.sa@conteudonet.com), Roberta Montanari (roberta.montanari@conteudonet.com) e Alessandra Miranda (alessandra.miranda@conteudonet.com) ASSISTENTE EDITORIAL: Fernanda Caires (fcaires@chapelschool.com) COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: Luciana Brandespim, Orlando Margarido, Pe. Miguel Pípolo e Paula Nadal FOTOS: Gabriel Black (capa), Sérgio Zacchi e Arquivo Chapel DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Carolina Tegagni (calu33@gmail.com) PRODUÇÃO EDITORIAL: Conteúdo Comunicação www.conteudocomunicacao.com.br TRADUÇÃO – INGLÊS: Marina Sieh Ho REVISÃO – PORTUGUÊS: João Paulo Ferrer IMPRESSÃO: Margraf


INSIDE

EDIÇÃO 8 FEVEREIRO / 2014

CHAPEL Todos temos uma missão Missão relaciona-se à vocação. De fato, “missão” significa “envio”. O missionário é uma pessoa enviada. Para ser enviado, precisa que alguém chame e envie. Pouco importa o nome que damos a esse alguém: Deus, a natureza humana, o destino, a consciência... um outro semelhante a nós. Ao nascer, somos chamados à vida e recebemos a missão de cuidar de todo ser humano, da vida e do meio ambiente. Cuidar e desenvolver. Ao formar um novo lar, homem e mulher chamam-se mutuamente e assumem a missão de criar uma família digna e em harmonia com as normas da sociedade na qual estão inseridos. Cuidar dos filhos é missão, permitindo aos pais tornarem-se pessoas realizadas. É missão do médico cuidar da saúde dos seus pacientes. Assim também o professor e a professora têm uma missão: desenvolver as capacidades de cada uma das crianças e jovens a eles confiados. Como há missões humanas, profissionais, há também missões religiosas. Por causa dos valores espirituais, homens e mulheres consagram suas vidas para divulgar e implementar tais valores entre os povos. Os cristãos têm consciência de ter recebido de Jesus Cristo esta missão: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos” (Mt 28,19). Para melhor desempenhar essa missão, várias pessoas reúnem-se, congregam-se e formam uma “Congregação”. Foi com essa inspiração que um jovem sacerdote francês, Eugênio de Mazenod, congregou ao seu redor outros sacerdotes desejosos de ir em missão para os lugares/países mais afastados da religião ou da fé cristã. Em 1816, nasceu a Congregação dos Missionários Oblatos de Maria Imaculada, na cidade francesa de Aix-en-Provence. Com o passar do tempo, e com o número de pessoas que se sentiam chamadas a assumir a missão de evangelização na França e fora dela, a Congregação foi crescendo. Seus membros se espalharam pelo mundo, começando pelo Canadá e continuando pela África do Sul, por Sri Lanka etc... Em 1945, em 15 de setembro, chegou o primeiro grupo de Oblatos ao Brasil. Esta história da presença e ação dos Oblatos no Brasil nos é relatada, nesta revista, pelo Pe. Miguel Pípolo. Hoje, os missionários Oblatos estão presentes em 68 países e formam uma Congregação de 4 mil membros. Jesus já afirmava: a messe é grande e os operários são poucos. São vastos os campos de atuação em que os Oblatos estão engajados: educação, juventude, animação comunitária, formação de lideranças, presença junto a pessoas mais fragilizadas na sociedade... Caro leitor e leitora, você, quaisquer que sejam a sua situação, sua profissão, suas convicções religiosas, tem uma missão. Há um tempo em sua vida para desenvolvê-la, e a sociedade, o espaço para realizá-la. Todos aspiramos a um mundo melhor. Esse mundo poderá chegar na medida em que cada um e cada uma assumir sua missão com generosidade e fidelidade. Por isso, uma missão aceita e bem vivida é um excelente meio de crescimento. Ela faz avançar, sair de nós mesmos e das nossas rotinas. É este espírito que pretendemos transmitir aos jovens que frequentam a Chapel School. Na escola, contamos com a missão de todos que estão a serviço desses jovens: diretores, professores e funcionários. Este é o compromisso que podemos assumir juntos para o bem dos jovens que nos são confiados. A todos e todas, o meu abraço amigo. E boa missão! Pe. François Jean Paul Rubeaux Oblatos de Maria Imaculada


COLABORADORES Luciana Brandespim é bacharel em Jornalismo, Inglês e Português pela USP - Universidade de São Paulo. Atuou como professora na Associação Cultura Inglesa São Paulo durante oito anos. Logo após assumir o posto de professora de English Language Learner (ELL) na Chapel, passou a trabalhar com projetos que incentivam o desenvolvimento humano dos alunos. Em 2009, coordenou a implantação do programa Responsive Classroom do Elementary, que estimula noções de cidadania e crescimento pessoal. No High School, é responsável pelo programa que envolve o trabalho criativo, voluntário e esportivo por meio do CAS-IB (Criatividade, Ação e Serviço do Bachalerado Internacional). Nesta edição, Luciana entrevista o fundador e diretor executivo das organizações americanas Youth Futures International e Safe Haven Project Dave Butler, que fala sobre as oportunidades que as escolas podem proporcionar aos seus alunos por meio do trabalho voluntário. Página 8

Pe. Miguel Pípolo, omi. Paulistano. Fez os cursos eclesiásticos em Washington, DC. Ordenado em 1968, teve vários cargos na Congregação e na Arquidiocese de São Paulo. Hoje é assessor da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo e pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora de Língua Inglesa. Para esta edição, Pe. Miguel colaborou com o artigo “Os Oblatos de Maria Imaculada - Uma rápida história”, onde relata como foi a trajetória da Congregação no Brasil e sua missão. Página 26

Paula Nadal é jornalista graduada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e especialista em Semiótica Psicanalítica pela PUC-SP. Atualmente, é editora e supervisora na Edelman Significa, onde faz parte do time Digital. Entre 2007 e 2010, foi a jornalista responsável pela programação e comunicação da Praça Victor Civita (uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o Grupo Abril), além de ter trabalhado na área de treinamento interno da Editora, onde coordenou alguns cursos de desenvolvimento humanístico e cultural. Também foi editora-assistente do site da Nova Escola e atuou à frente do canal de vídeos do portal e da apresentação do web jornal Educação em Debate, que lhe rendeu duas indicações consecutivas ao Prêmio Abril de Jornalismo (2012 e 2013). Em mais uma colaboração para a Inside Chapel, Paula traça o perfil da ex-aluna Danielle Fiabane, superintendente do Instituto Asas, organização sem fins lucrativos criada pela Red Bull no Brasil. Página 32

Orlando Margarido é paulistano, formado em Jornalismo em 1988, e atua desde então como repórter da área cultural e crítico de cinema e artes plásticas. Trabalhou nas revistas Visão, Manchete, Veja São Paulo, além dos jornais Diário Popular, Diário do Grande ABC e Gazeta Mercantil. Atualmente é colaborador fixo da revista Carta Capital. Realiza ainda a cobertura de festivais nacionais e internacionais de cinema, como Brasília, Gramado, Berlim, Cannes e Veneza. Escreveu para a Coleção Aplauso da Imprensa Oficial a biografia “Ser Ator – Antonio Petrin”. Para a revista, ele conversou com o aluno Gabriel Ribeiro, que se aventurou em Gana, país do continente africano, realizando trabalho voluntário. Página 20

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EDITORIAL O barato sai caro De acordo com a Bíblia, Deus criou os anjos e depois o mundo, concluindo Sua grande obra com a criação do homem. Os seres humanos se espalharam por todo o mundo e, com essa onda de criaturas pensantes, surgiram a cultura e a nação judaica, de onde veio um redentor chamado Jesus Cristo. Os seres humanos tinham se desviado de Deus e, por amor, Ele enviou seu filho para trazer ao mundo uma nova luz, uma nova mensagem. Essa mensagem era para todos os seres humanos e não apenas para um pequeno e seleto grupo. Jesus Cristo veio para todos e foi torturado e condenado à morte para salvar a todos – ricos e pobres. Ao analisarmos a história da humanidade, notamos que há grupos diferentes: os que têm e os que não têm. Isso é problemático. Na história da França, Marie Antoinette foi informada que: “As pessoas não têm pão.” Sua resposta: “Dê-lhes brioches”. Pouco tempo depois, sua cabeça estava rolando pelas ruas de Paris. Sua solução não havia sido muito boa. O presidente Harry Truman, após a Segunda Guerra Mundial, descobriu que os Estados Unidos tinham milhões de ex-soldados que estavam sendo dispensados do serviço militar. Truman supostamente teria afirmado, fazendo uso do tipo de linguagem do seu estado, Missouri: “O que diabos vamos fazer com milhões de soldados perambulando, famintos, pelas ruas da cidade?” Pouco tempo depois, a primeira Declaração de Direitos dos G.I. foi criada e milhões de soldados entraram em universidades, com as despesas pagas pelos contribuintes americanos em sua totalidade. No entanto, os contribuintes foram bem recompensados. Após o vasto exército de soldados concluir seus estudos, bilhões de dólares foram creditados na conta bancária do Tesouro americano. Uma boa educação produziu bons salários e uma riqueza excepcional para os EUA. A Declaração de Direitos dos G.I. resolveu um problema social potencialmente desastroso e produziu riqueza! Deus nos deu um mandamento que pede o nosso auxílio a todos os nossos irmãos. Além disso, o bom senso exige que auxiliemos nossos irmãos pobres: aqueles que não têm nada em seus bolsos, exceto suas mãos! É melhor usar o bom senso e resolver os problemas sociais. Sai mais barato. Nós, aqueles que têm alguns dólares no bolso, digamos, os 25% da população mundial que estão no topo, devemos ser ativos na resolução de problemas sociais. É de nosso interesse. Se os problemas sociais não recebem atenção, todos nós sofremos. O barato pode nos sair muito caro. Devemos trabalhar para fortalecer essas pessoas que têm menos, para que no futuro todos nós tenhamos mais.

Gerald Gates Superintendente da Chapel School

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VALORES EM AÇÃO Por Luciana Brandespim Fotos: Gabriel Black e arquivo pessoal

Dave Butler é um anjo da guarda. Por meio de iniciativas de responsabilidade social com crianças portadoras do vírus HIV, de trabalhos de inclusão na saúde pública em Gana, de sua visão para a prevenção do tráfico de pessoas na Bósnia, assim como das palestras que realiza mundo afora, ele estabeleceu uma rede de pessoas com um objetivo comum: dar atenção àqueles abandonados por suas comunidades. Ex-diretor do National Youth Leadership Forum de Boston na área de medicina, ele é o fundador e atual diretor executivo da Youth Futures International. Suas qualificações vão de educador e gestor escolar a fundador e diretor executivo do projeto Safe Haven Inc. e de seu afiliado, o Youth Futures International. Nesta entrevista, ele nos explica como as escolas podem gerar oportunidades de crescimento para seus alunos por meio do trabalho voluntário.

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VALORES EM AÇÃO

Dave tinha apenas cinco anos quando se deu conta de que sua vocação era ajudar o próximo. Certa vez, ao visitar parentes falecidos em um cemitério de Boston, ele notou uma pequena cruz a seu lado, que estava visivelmente descuidada. Ele se incomodou ao vê-la rodeada de mato, sem flores nem nome gravado; parecia ser a única naquele estado. Durante dois anos, importunou seus pais querendo saber por que ninguém cuidava da pequena cruz. Sensibilizados com sua preocupação, seus pais levaram-no até a cruz para que nela colocasse flores. Na época, ele tinha apenas sete anos. Quando os botões das flores abriram, Dave se emocionou com o fato de que a cruz já não era mais desprezada. No entanto, para ele, a verdadeira lição foi entender que seus pais haviam dado ouvidos à sua vontade de ajudar um desconhecido. Assim, aprendeu ainda jovem que, ao tomar iniciativas, poderia mudar a vida de outras pessoas. Depois disso, seu desejo de ajudar o próximo manteve-se firme. Em sua passagem pelo exército e ao longo de sua carreira, Dave continuou saindo de sua zona de conforto para atender às necessidades dos marginalizados. Porém, quando a crise da aids eclodiu, em 1980, ele sentiu ser chamado para seguir sua vocação mais intensamente. O famoso caso Ryan White impulsionou seu envolvimento com portadores do vírus HIV. Ryan White, estudante norte-americano, tinha 14 anos quando foi diagnosticado como portador do HIV. A escola pública que frequentava o proibiu de continuar os estudos, o que o fez recorrer à Justiça para defender seus direitos. Ryan faleceu aos 18 anos. Ao acompanhar o processo pela televisão, Dave se inspirou a ajudar crianças portadoras do vírus, criando um acampamento para que tivessem um local onde pudessem falar sobre a doença abertamente, além de vivenciar a sensação de pertencimento a uma comunidade que as acolhesse.

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Em abril de 1993, fundou o projeto Safe Haven, em Martha’s Vineyard, no Estado de Massachusetts, para melhorar a vida social de crianças e adolescentes portadores do vírus HIV. No verão de 1999, Dave se tornou diretor do programa National Youth Leadership Forum de Washington D.C. na área de medicina. De 2000 a 2005, dirigiu o mesmo programa em Boston. Para servir como fonte de inspiração, em 2007 Dave Butler e outros representantes do projeto Safe Haven começaram a dar palestras em vários fóruns de liderança pelos Estados Unidos. Nessa mesma época, o Safe Haven começou a educar moradores de vilarejos em Gana, na África Ocidental, sobre o HIV e outras questões de saúde pública. O Safe Haven se tornou uma liderança educativa na saúde pública devido às mudanças trazidas às comunidades ganenses.


VALORES EM AÇÃO

Durante as muitas palestras, vários estudantes se aproximavam de Dave para pedir estágio voluntário nos acampamentos do Safe Haven nos Estados Unidos e em Gana. A partir desses pedidos nasceu a proposta para a criação do Youth Futures International (YFI), em 2009. No verão desse mesmo ano, durante o National Youth Leadership Forum, em Los Angeles, na área de medicina, o Safe Haven lançou seu primeiro programa voltado para a aprendizagem por meio do trabalho voluntário. No verão de 2010, o primeiro programa do Youth Futures International foi estabelecido. Dave Butler, o homem que age e enfrenta o que muitos temem, conversou via Skype de North Dakota, nos Estados Unidos, com a Inside Chapel sobre a função da aprendizagem por meio do trabalho voluntário na educação.

Qual a função atual do aprendizado por meio do trabalho voluntário na educação? Aprender por meio do trabalho voluntário é uma vivência educacional absolutamente necessária hoje. Cabe a nós, educadores, dar oportunidades para que os alunos fortaleçam seus potenciais de forma saudável e positiva. Exemplos disso são os programas do Youth Futures em Gana, na Bósnia e nas Filipinas. Esses programas foram criados a partir de sugestões de alunos que, apaixonados pelo trabalho voluntário e por conquistas, queriam fazer algo em seu país pelas crianças desassistidas portadoras do vírus HIV. Alunos que se envolvem em projetos voluntários querem atingir grandes objetivos, e nossa função como educadores é habilitá-los para tanto.

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VALORES EM AÇÃO

Que tipo de trabalho voluntário mais inspira os adolescentes?

Um último ponto a se considerar é se o projeto vai ajudá-lo a desenvolver alguma habilidade.

Em geral, eles querem ajudar outros adolescentes, aqueles menos favorecidos ou doentes. Tenho percebido que há muito interesse na área de saúde e em projetos nos quais se pode participar ativamente. Adolescentes do mundo todo querem colaborar de maneira ativa – eles não têm interesse em dar ou assistir a palestras. Querem colocar a mão na massa, mesmo que isso signifique ajudar em abrigos uma vez por semana. Os adolescentes querem conhecer as pessoas e trabalhar com elas. Para os jovens, jogar cartas com um morador de rua é muito mais inesquecível que qualquer tema didático em nosso programa. O que mais os motiva é trabalhar diretamente com as pessoas.

Como se dá a participacão dos voluntários nos programas do Youth Futures International? Como eles contribuem para o programa?

Os alunos da Chapel que fazem parte do International Baccalaureate têm de participar de projetos voluntários. O que devem buscar neles? Como se identifica um bom projeto? Primeiro, considerando que vão se dedicar ao projeto por um bom tempo, este tem de ser algo pelo qual se interessem e zelem. Eu gosto muito do velho ditado que diz “pense globalmente, atue localmente” e incentivo os alunos a levar projetos locais em consideração, pois o impacto de suas ações será mais visível e tangível. Independentemente do lugar onde forem voluntários ou de que função exerçam, seja a de aluno de ensino médio ou de especialista diplomado, sempre terão oportunidades de dar sua opinião e contribuir de forma ativa. Infelizmente, em muitos lugares, os voluntários apenas recebem instruções. Os alunos não querem ser tratados como robôs, e sim plantar sementes e distribuir alimentos às pessoas. Outro ponto a ser levado em consideração é se o aluno poderá participar do desenvolvimento do projeto.

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Quando têm interesse em montar um projeto em seu país, os alunos nos transmitem suas ideias e visões. O Youth Futures cuida da pesquisa inicial para averiguar se o país é seguro e se nele existe a necessidade de trabalho voluntário. Também verificamos se o projeto é viável. Depois disso, comunicamos a eles que um programa será efetuado em seu país e os encarregamos das seguintes tarefas: apontar três áreas a serem trabalhadas e propor um projeto comunitário de duas semanas. Pedimos que pensem em um projeto com 20 voluntários do ensino médio e nos temas a serem abordados em suas comunidades. Assim, os alunos participam de todas as fases do projeto: idealização, criação e implementação. Providenciamos supervisores e conselheiros adultos para orientá-los, mas a peça-chave de nosso programa é que os projetos são liderados pelos próprios alunos. Trabalhamos também com a Escola de Saúde Pública e de Ciências da Saúde da Universidade de Massachusetts e contamos com a ajuda de estagiários pós-graduandos. O senhor nos falou de liderança e de projetos liderados por alunos. Como define liderança? Quais são seus componentes principais? Dois pontos vêm à mente quando se pensa em liderança: aptidão inata e desejo de causar impacto. Líderes agem sem necessariamente ter pleno conhecimento. Deixe-me esclarecer: quando o caso Ryan White e a crise da aids aconteceram, não precisei fazer uma análise completa antes de tomar certas medidas.


Em Gana, alunas e lĂ­deres femininas do programa INSIDE CHAPEL 13do Safe Haven se encontram com adolescentes do paĂ­s e discutem sobre os direitos da mulher


VALORES EM AÇÃO

Acredito que alguns de nós já nascemos com o dom de liderar e de fazer a diferença. Os desafios que enfrentamos e nossa vivência pessoal ajudam a desenvolver ou não esse dom. Um líder precisa ter disposição para fazer a diferença e não deve analisar em demasia determinada situação. Quando converso com os alunos, tomo o cuidado de explicar que isso não significa passar por riscos ou fracassos. O planejamento adequado será eventualmente necessário. Um líder deve ter a perspicácia de saber quando o planejamento é indispensável. Resumindo, um líder tem de fazer a diferença e não analisar tanto a situação a ponto de ficar inerte, mas isso não pode ser confundido com tomar atitudes irresponsáveis.

INSIDE CHAPEL Dave realiza palestras sobre saúde pública em comunidades carentes do mundo todo 14

O que os alunos aprendem em projetos de responsabilidade social? Os alunos me contam que recebem muito mais do que contribuem. Projetos de responsabilidade social nos ensinam que é dando que se recebe. Não é exatamente por isso que devemos participar desses projetos, mas saber que nos beneficiaremos nos ajuda a dar continuidade. Isso faz parte do perfil do ser humano. Outra lição importante, da qual me lembro quando viajo para o exterior, é que somos mais afortunados em relação àqueles que ajudamos. O reconhecimento desses dois fatos – é dando que se recebe e somos relativamente mais afortunados – é uma peça importante para ajudar a desenvolver o caráter dos alunos e a motivá-los a se dedicarem mais à medida que aprimoram suas habilidades.


VALORES EM AÇÃO

Além da habilidade de liderar, que outras competências são desenvolvidas no trabalho voluntário?

Equipes ajudam a desenvolver os trabalhos das ONGs

Isso varia de acordo com o projeto, portanto, só posso responder em relação às habilidades desenvolvidas nos projetos do Youth Futures. Os voluntários aprendem oratória, pois fazem apresentações no decorrer do programa.

De fato, até o final do programa, a maioria dos voluntários se sente bem mais à vontade para falar em público. Também aprimoram suas técnicas de ensino, pois dão palestras para comunidades inteiras, formadas, em geral, por centenas de pessoas. Isso é importante porque, mesmo se tiverem grande entusiasmo, não proporcionarão grandes mudanças se não puderem passar o que sabem. Os voluntários têm de trabalhar diariamente com seus colegas na elaboração e na execução de planos. Portanto, também desenvolvem a habilidade de trabalhar e planejar em equipe. O que é trabalho em equipe eficaz? O trabalho em equipe eficaz requer um líder que esteja sempre disposto a escutar, que saiba de-

legar tarefas e servir de mediador, e que consiga engajar todos os membros da equipe em atividades produtivas. No trabalho em equipe, cada participante deve identificar a atividade que mais combina com suas habilidades para poder cumpri-la da melhor maneira possível. Em um grupo sempre há discórdias, portanto, é essencial que os canais de comunicação estejam abertos, especialmente quando houver conflitos. Nossos programas oferecem suporte nas áreas de comunicação e resolução de conflito. O trabalho em equipe eficaz é composto de muitos fatores, mas os problemas podem ser minimizados quando os integrantes têm tarefas que lhes agradam e recursos adequados para cumpri-las com êxito. Quando os integrantes não são plenamente utilizados e há escassez de recursos, os problemas tendem a surgir.

Os trabalhos na comunidade ganense são liderados pelos alunos do programa

O objetivo dos acampamentos do Safe Haven é melhorar a qualidade de vida das crianças e dos adolescentes soropositivos. Como se atinge esse objetivo? A aids continua sendo uma doença que isola as pessoas. Os infectados tendem a ser os mais pobres. Nos Estados Unidos, vêm de famílias marginalizadas, geralmente de origem latina

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ou afro-americana. Nosso programa foca na comunidade, no ensino e na constatação de que essas crianças também podem contribuir. Independentemente de terem nascido portadoras do HIV ou de o terem contraído ainda jovens, oferecemos a elas uma comunidade que as aceita sem restrições. Seus dons e talentos são destacados, dando-lhes a oportunidade de sobressair em nossos acampamentos. Geralmente, o fato de que se é soropositivo é algo mantido em segredo. Nossos acampamentos proporcionam um ambiente propício para falar sobre essa condição com qualquer pessoa. Durante

A Safe Haven iniciou as atividades em 2007

as vivências no acampamento, a ajuda de músicos voluntários, de artistas e das aulas de reforço leva os jovens a descobrir seus próprios dons. A melhor maneira de descrever isso é como uma emancipação; preparando jovens soropositivos para que compreendam que também podem contribuir para a sociedade. Proporcionamos uma comunidade que os apoia, que lhes ensina a mostrar o que têm de melhor. É algo bem simples e desejamos que seja assim para que as crianças tenham aquilo de que necessitam.

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O senhor comentou mais cedo que um aspecto importante dos programas do YFI é engajar os voluntários em fóruns de saúde pública. Dê mais detalhes, por favor, sobre como esses fóruns, que são criados e liderados pelos voluntários, influenciam as comunidades locais. Os fóruns dão destaque a temas relacionados à saúde e ao bem-estar. Por meio de workshops de capacitação, meninas e meninos aprendem a tomar decisões sobre assuntos que vão desde higiene básica até namoro. Nossos voluntários recebem treinamento nesses assuntos para ensiná-los nas escolas. Isso se dá por meio de palestras e também envolvendo os alunos para que compreendam a informação. Em Gana, alunas e líderes femininas do programa se encontram com as adolescentes em um fórum que discute assuntos como tomada de decisões, autoestima, a relação com homens, direitos da mulher, etc. Isso possibilita que nossas líderes em Gana ajudem as meninas a falar sobre namoro. A sociedade ganense é bem patriarcal, e geralmente as mulheres têm dificuldade em dizer “não” aos homens. Não podemos julgar a cultura deles, mas podemos ajudar as mulheres a escolher um parceiro que as respeite e que lhes possibilite ter sua voz dentro da família. Os assuntos a serem abordados variam de um lugar para o outro e nem sempre se limitam à saúde pública. Na Bósnia, mulheres saíram de seu local de origem devido ao tráfico de pessoas e da reorganização dos centros urbanos no pós-guerra. Lá, nossos líderes se concentram em capacitá-las para que sejam empreendedoras e possam ter sua própria renda. Nas comunidades locais, o impacto está relacionado à emancipação dos moradores. Independência financeira significa menos riscos.


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Projeto ajuda mulheres de Gana a tomarem decisões em uma sociedade patriarcal

O número de pessoas que buscam trabalho voluntário cresceu. Percebemos que há uma mudança no modo de pensar, um aumento nas expectativas do mercado de trabalho quanto ao engajamento em atividades de responsabilidade social, a inclusão de trabalho voluntário na grade curricular das escolas e até a criação de programas governamentais para incentivá-lo. Em sua opinião, o que impulsionou isso? Se eu tivesse a resposta, seria milionário!! (risos) Sinto-me lisonjeado por ser questionado sobre isso, como se eu tivesse a resposta! Conforme comentei anteriormente, tenho percebido a mesma coisa; muitos alunos mundo afora querem

fazer trabalho voluntário. Por isso criei o Youth Futures Program. Há pouco tempo, me perguntaram qual a minha opinião sobre o possível bombardeio da Síria pelos EUA e os tiroteios nas escolas americanas. A única resposta que posso dizer é que eu, Dave Butler, continuarei dando o melhor de mim todos os dias. Não tenho a solução para todos os problemas, ou a resposta para a crise mundial, mas posso agir como um motivador e dar o melhor de mim para estimular os outros a fazerem o bem. A internet e as redes sociais dão acesso maior e mais rápido às informações, permitindo que as pessoas reajam mais rapidamente ao que acontece no mundo ou a algo com o qual se identificam. Elas não conseguem digerir tanta informação, mas têm muito

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O objetivo de Dave é levar melhorias às comunidades abandonadas

entusiasmo e fazem o que podem. Por isso, notamos essa tendência global nas pessoas, que cada vez mais querem fazer sua parte. Esta é a resposta longa, e é apenas a minha opinião. Mas, em poucas palavras: eu não sei.

Os jovens são audaciosos e, por isso, podemos esperar que gerem novas invenções e grandes mudanças. Porém, devido ao atual cenário econômico, eles terão de ser mais criativos e inspiradores para seus colegas e para o resto do mundo.

Os adolescentes hoje em dia buscam trabalhos voluntários com mais frequência e estão mais cientes da responsabilidade social que têm e de assuntos mundiais que nem sempre fazem parte de sua realidade. Como isso os influenciará quando forem adultos e líderes?

Que conselhos o senhor daria para jovens líderes que querem dar início a projetos de responsabilidade social e de trabalho voluntário? Quais seriam os primeiros passos?

Tenho percebido isso também e, durante minhas palestras, costumo divulgar esse fato aos alunos, que em geral são 400, 500 de uma só vez. Com frequência encerro minha palestra dizendo-lhes que os vejo como semeadores do amanhã. As sementes plantadas hoje trarão muitos frutos; veremos grandes resultados daqui a 10, 20 anos.

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Primeiramente, precisam de um adulto que os apoie. Necessitam de um líder e conselheiro, e este não precisa ser alguém que acredite em sua causa, mas um sujeito que tenha interesse em vê-los vencer. Meu segundo conselho: é de suma importância compartilhar sua proposta com um pequeno grupo de pessoas em quem confiem. Eles precisam de ajuda, pois não conseguirão tocar o projeto sozinhos. Uma pequena equipe pode ajudá-los sem gerar maiores dificuldades.


O GRAACC eStá em feStA. Com a ajuda de muita gente, estamos ampliando o nosso hospital e as chances de recuperação de crianças e adolescentes com câncer. Alcançamos um índice de cura de cerca de 70%, sendo que aproximadamente 90% dos pacientes de todo o Brasil são encaminhados pelo SUS. Nosso orgulho é poder mostrar a cada colaborador que sua doação é investida com muita responsabilidade para oferecer aos pacientes um tratamento digno, humano e comparado aos melhores do mundo. Continue doando, continue acreditando. Se depender da gente, nossas crianças vão apagar muitas velinhas nesta vida.

www.GRAACC.ORG.BR INSIDE CHAPEL

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O aluno voluntarioso Gabriel Ribeiro foi a Gana porque que quis ajudar e conhecer uma realidade diferente; voltou transformado por uma experiência válida para a vida toda Por Orlando Margarido Fotos: Sérgio Zacchi

Aos 12 anos, Gabriel Ribeiro era proibido pelos pais de utilizar o elevador sozinho. Cinco anos depois, ele embarcou com um grupo de jovens de sua geração para Gana, onde prestaria um serviço voluntário de educação da saúde a crianças e adolescentes. Bastante coisa mudou nesse percurso do rapaz entre o cuidado extremado da família com o então filho único, que mais tarde ganharia uma meia-irmã, e a experiência em julho último na África. “Eles não acreditaram quando disse que queria ir, acharam que se tratava de uma empolgação passageira”, lembra. “Quando viram que eu estava decidido deram a maior força.”

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O ALUNO VOLUNTARIOSO

A mudança mais significativa para o aluno do último ano da Chapel School, contudo, veio do impacto com a realidade e o aprendizado naquele país pobre, que ocupa o 135º posto no IDH, o índice de desenvolvimento humano. As férias de meio de ano foram, claro, diferentes das de seus colegas. De início, esses se surpreenderam com o destino, mas não acharam de todo estranha a opção de Gabriel. Há alguns anos ele exercita o trabalho social na própria escola, seja na forma da conscientização sobre o lixo e sua reciclagem, seja na ajuda aos alunos mais novos na lição de casa. “Sempre me interessei por esse universo, em parte estimulado em casa pelo exemplo do meu pai e do banco onde ele trabalhou.” Suas ações na Chapel, no grupo chamado Governo Estudantil, ou fora dela, numa casa de repouso próxima, foram inspiradoras, mas ele queria algo mais desafiador. Um dos professores entendeu a vontade e o indicou, junto com outros quatro colegas, a uma iniciativa promovida pela ONG americana Youth Futures International. Dirigida por Dave Butler, a organização se dedica a projetos de liderança nas áreas de saúde pública, educação e esportes voltados a países desenvolvidos como os Estados Unidos e Inglaterra, ou desfavorecidos, a exemplo de Gana. Numa primeira etapa, Gabriel acompanhou uma conferência em Nova York, a Global Young Leaders, para entender a conotação da proposta. “Meus pais ficaram mais tranquilos quando ouviram da embaixatriz brasileira em Gana que estaria mais seguro lá do que em São Paulo.”

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“A experiência me deu uma perspectiva diferente do que a vida realmente é”


O ALUNO VOLUNTARIOSO

“Éramos os brancos, os claros, em meio a uma população negra...” Gabriel tornou-se, então, o primeiro candidato estrangeiro a integrar a turma de americanos que em duas semanas na África ensinou a estudantes de 6 a 18 anos hábitos de higiene, cuidados com alimentação, como cuidar do ambiente, prevenção de doenças como malária e aids, entre outros itens. Nas salas de aula, ele e os demais voluntários eram acompanhados por um ganense, em caso de necessidade de tradução aos muitos dialetos, embora tudo se resolvesse no inglês, a língua oficial. Foi parabenizado quando falou por 45 minutos sobre nutrição, e foi compreendido. O primeiro contato ficou na memória e causou mais espanto que as dificuldades de estrutura. “Quando chegamos, muitas crianças vinham nos ver com olhos assustados, algumas até choraram, e outras nos tocavam, para comparar a cor da pele, puxar os pelos”, diz Gabriel. “Éramos os brancos, os claros, em meio a uma população negra; nunca tinha me dado conta dessa diferença de etnia de forma tão forte.” Ele assegura que os demais obstáculos, como a precariedade de instalações para dormir ou tomar banho nos dois vilarejos onde permaneceram a três horas da capital Acra, já eram esperados. “Recebemos orientações antes da chegada, como tomar antimaláricos, e tínhamos sempre alguém do local conosco para indicar o que não se podia comer; água só em sachês, pois é muito comum pegar cólera, por exemplo.”

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O ALUNO VOLUNTARIOSO

Em um texto sobre a experiência escrito a pedido da ONG, Gabriel relatou os banhos frios, os banheiros resumidos a um buraco no chão cheio de baratas e aranhas, falta de eletricidade por cinco dias e um calor de 30 graus sem direito a ventilador. Mas também conheceu um pouco da política local, com a escolha de um novo chefe de conselho, além de festas e rituais tradicionais. Destaca o valor de ter sido a viagem um período que mudou para sempre seu conceito de vida. Em classes de no mínimo 25 estudantes e em muitos casos 100, ele diz ter aprendido mais até do que ensinou. “Não tem como voltar e não se sentir hipócrita”, escreve ainda. “A experiência me deu uma perspectiva diferente do que a vida verdadeiramente é, o que uma oportunidade significa (...), e é meu dever assegurar a outras pessoas as oportunidades que tenho.” Para o futuro engenheiro, carreira que Gabriel pensa em cursar nos Estados Unidos junto a Relações Internacionais, e, claro, sem deixar o trabalho social, Gana permanecerá na lembrança pelas classes cheias, a amabilidade do povo, fator que ele encontrou em comum com o Brasil, e a paixão e o amor demonstrados pelas crianças por seus jovens professores visitantes.

“Sempre me interessei por esse universo...” 24

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OS OBLATOS DE MARIA IMACULADA UMA RÁPIDA HISTÓRIA

Por Pe. Miguel Pípolo Fotos: Arquivo Chapel

O COMEÇO A Congregação foi fundada pelo Pe. Eugêne de Mazenod e seu co-fundador foi o Pe. Francisco Tempier, seu amigo e confidente. Na conhecida Igreja da Missão em Aix-en-Provence, a 40 quilômetros de Marselha, no sul da França, cinco padres diocesanos resolveram viver em comunidade e pregar missões paroquiais. Isto aconteceu em 25 de janeiro de 1816.

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Participantes do Projeto Tabor, que atua desde 2009 como um serviรงo de apoio socioeducativo, em atividade, em Sรฃo Paulo


OS OBLATOS DE MARIA IMACULADA

“Chapel School”, como é carinhosamente conhecida, começou com importantes contribuições de empresas americanas na cidade. A comunidade de língua inglesa nasceu aí e daí cresceu. A residência da Alameda Franca tornou-se um lugar acolhedor e hospitaleiro para muitos, especialmente aos missionários Redentoristas que iam a caminho das suas missões no Paraná e Paraguai.

Padres Oblatos na Creche Ana de Fátima em São Sebastião, em 1990

A Revolução Francesa de 1789 devastou profundamente a Igreja na França. A Igreja, de fato, precisava renovar-se profundamente e redirecionar sua missão. Pe. Eugêne de Mazenod afirmou no Prefácio às Constituições e Regras dos Oblatos: “A Igreja, aquela gloriosa herança adquirida pelo Cristo Salvador ao custo de seu próprio sangue, tem sido cruelmente devastada em nossos dias. A Esposa Amada do Filho Único de Deus está dilacerada pela angústia, enquanto chora a vergonhosa deserção dos filhos que ela mesma fizera nascer”. Pe. Tempier assinou embaixo; ambos puseram-se ao trabalho. A fim de renovar a vida paroquial e viver em comunidade, partiram para pregar missões paroquiais nas pequenas cidades e vilas ao redor de Aix. A partir de 1841, os Oblatos levaram seu espírito missionário ao Canadá, Inglaterra, África do Sul e Sri Lanka. Eles estão hoje presentes em 65 países. OS OBLATOS NO BRASIL Em 1945, quatro Oblatos dos Estados Unidos chegaram a São Paulo. Quatro anos mais tarde, estavam em quatro paróquias na Vila Alpina e Campo Grande, na cidade de São Paulo; em Suzano, ao redor de 40 quilômetros da cidade, e Poços de Caldas, MG. A Casa Central ficava na Alameda Franca, quatro quarteirões ao sul da Avenida Paulista. Foi lá que a

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Em 1962 em diante, Oblatos começaram a chegar de outros países: Irlanda, Canadá, França e Bélgica. O Papa João XXIII mostraria a preocupação sobre a situação católica na América Latina. Enfatizava a aceitação de missões no continente ao dirigir-se a congregações femininas e masculinas. Assim sendo, os Oblatos passaram a atuar a partir de cinco centros: São Paulo, Recife, Uberlândia (transferido mais tarde para Goiânia), Salvador e Belém. Com o razoável aumento de Oblatos, tornou-se necessário reunir-se.

Padre Jaime Kotmtesch celebra missa em Recife

Eles vinham com uma variedade de experiências pastorais e culturais tão diversas quanto as diferentes realidades regionais do Brasil. Era necessário articular essas experiências a fim de buscar uma visão comum ao confrontar aquelas realidades. Partilhar experiências tornou-se necessário.


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Havia muito a partilhar, e dessas partilhas ações evangelizadoras nasceriam. De 1962 a 66, o Concílio Vaticano II acontecera, e logo depois em Medellín, Colômbia, a Conferência dos Bispos da América Latina. Ambas tiveram um profundo impacto renovador na vida da Igreja. Os quatro grupos começaram a se encontrar. De 1973 em diante, doze encontros se realizaram. O primeiro foi em Uberlândia. Essas reuniões eram essenciais para unir os grupos ao redor de diretrizes comuns relacionadas à vida religiosa e pastoral. Planejamento, metas, avaliações e prazos tornaram-se palavras-chave. O processo levou à criação da Província do Brasil, em julho de 2003. O trabalho pastoral continuou para fortalecer as comunidades de base e a formação de lideranças leigas em vista da sua atuação no meio sociopolítico. O cuidar das necessidades religiosas tinha em vista aprofundar a relação fé e vida. Desta forma a paróquia tornou-se um espaço privilegiado de participação e liderança. Os Oblatos partiram para as pastorais sociais. Tornaramse participantes em 12 delas: reavivamento bíblico, movimento juvenil, pastoral carcerária, pastoral operária, o movimento negro, aids, favelas, os sem teto, meios de comunicação, crianças de rua e catadores de papelão. Os Oblatos muito aprenderam dos homens e mulheres que eram seus parceiros neste trabalho de reavivamento pastoral e experiências enriquecedoras. Alguns Oblatos enfrentaram sérios problemas nessa caminhada. Durante a chamada guerrilha do Araguaia, no Estado do Pará, Roberto Vallicourt e uma freira Dominicana foram torturados em 1973. Paulo Joanil da Silva sofreu ameaças de morte sob as mesmas circunstâncias. Pe. Lourenço Rousenbaugh tornou-se o apóstolo das crianças e gente sem teto nas ruas de Recife. E o Pe. Eduardo Figueroa começou seu apostolado com as crianças de rua, proporcionando-lhes teto e educação. Este trabalho

continua até hoje. A presença Oblata em Recife foi muito valorizada pelas autoridades eclesiásticas. Valores evangélicos eram testados numa época quando reuniões de qualquer natureza eram proibidas. Não era diferente em Goiânia ou São Paulo. Embora o cenário seja diferente hoje, o trabalho pastoral atual tem suas raízes naquelas experiências. A FORMAÇÃO RELIGIOSA E SACERDOTAL

Missão Oblata no bairro Vila Natal, zona sul de São Paulo

Para assegurar o futuro do grupo, os Oblatos buscaram logo desenvolver um sólido programa de formação. Em 1953, candidatos vieram viver na Casa Central da Alameda Franca. No ano seguinte, foram transferidos para uma pequena casa ao lado da paróquia de Poços de Caldas. Uma pequeno seminário para 40 candidatos foi construído em 1957 num terreno de 24 hectares que fora doado para aquela finalidade. Os candidatos estudavam no Colégio Marista de Poços de Caldas. Em 1962, um prédio maior e funcional ficou pronto para alojar 70 a 80 candidatos. O chamado “ginásio” foi começado ali e não mais no Colégio Marista. Até l967 sete brasileiros foram enviados aos Estados Unidos para sua formação à vida religiosa a aos cursos de sete anos em filosofia e teologia; somente

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um ordenou-se padre, em l968. Neste mesmo ano a formação de candidatos à vida Oblata começou no Brasil. Os estudantes de filosofia passaram a morar na Vila Ida, na zona oeste da cidade. Daí foram transferidos para o bairro da Lapa de baixo, também na zona oeste. Desse bairro os estudantes foram transferidos para a Paróquia São Judas Tadeu, no bairro da Vila Miriam. Os seminaristas estudavam filosofia na Medianeira, uma faculdade Jesuíta localizada na região de Perus, na estrada da Anhanguera. Em meados dos anos 70 decidiu-se transferir os estudantes de filosofia para Goiânia; passaram a fazer o curso na Pontifícia Universidade Católica, onde ficaram por muitos anos. O noviciado é um período crucial de um ano de formação, pois focaliza a história Oblata e sua espiritualidade. É um período de discernimento sobre o modo de vida Oblato. l971 foi um ano importante, pois o noviciado começou a funcionar no Brasil, na cidade de Divinolândia, diocese de São João da Boa Vista, no Estado de São Paulo. A residência foi transferida para Salvador, Bahia, onde ficou por 10 anos. Foi então para Marabá, no Estado do Pará. De lá veio para Sumaré, região da Grande Campinas. Após alguns anos, o noviciado voltou a Goiânia, onde está até hoje. Os estudantes de filosofia fazem o curso em Campinas e vivem na cidade de Sumaré. A teologia é feita em São Paulo, onde os Oblatos estudantes vivem na vizinhança do bairro do Ipiranga. Estudam no Instituto Teológico São Paulo (ITESP), instituição sustentada pelos Redentoristas, Escalabrianos e Verbitas. Em Recife, os Oblatos construíram uma residência para abrigar as vocações da área. Filosofia e Teologia eram cursadas no Instituto Teológico do Recife (ITER), na época quando o saudoso Dom Helder Câmara era o arcebispo. Hoje, candidatos à vida Oblata passam um ano de discernimento no que é chamada de Casa de Mis-

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são em Recife ou Belém. É um ano dedicado à preparação ao vestibular e um conhecimento inicial de outros candidatos e dos Oblatos. O curso de filosofia está de volta em Sumaré; o noviciado em Goiânia. A Congregação conta hoje com 30 brasileiros e 27 estrangeiros. A MISSÃO HOJE A Congregação celebrará 200 anos de existência em 2016. Ela procurou ter feito o melhor para evangelizar os pobres e abandonados na visão de Santo Eugênio de Mazenod. O Papa Pio XI disse uma vez que os Oblatos são peritos em missões difíceis e desafiadoras. Na época ele estava encantado com as missões Oblatas no Ártico onde estão junto aos esquimós até hoje. Os Oblatos estão hoje agrupados em três Distritos: Amazônia (Manaus), Nordeste (Recife) e Sudeste (São Paulo). Conscientes dos “sinais dos tempos”, os Oblatos acreditam que a participação consistente e ativa é o desafio hoje e amanhã. O desafio é tornar os valores do Evangelho operativos em nossa sociedade atual. Paróquias e as pastorais sociais em que os Oblatos estão envolvidos têm consciência disso. A realidade do grupo Oblato, sua força e habilidades, estão a serviço da Igreja na esperança de que os valores cristãos tenham raízes mais profundas na luta por uma sociedade melhor. A história esboçada aqui espera ter feito justiça a Oblatos e leigos. Uma coisa é certa. Os Oblatos receberam muito apoio de inumeráveis homens e mulheres nesta caminhada, e muito aprenderam da sua fé, piedade e compromisso. Todavia, a lição mais importante que aprenderam é que “somos servos inúteis, fizemos o que devíamos fazer” (Lc l7,l0). Com o salmista agradecemos: “Que a bondade do Senhor venha sobre nós e confirme a obra de nossas mãos” (Sl 90,17).


O Itaú Cultural restaura e digitaliza o acervo de artistas e apoia a execução de projetos ainda não realizados.

Referência no campo da pesquisa na internet, com textos, fotos, áudios e vídeos, a Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras reúne dados biográficos e informações sobre a produção de artistas ligados a diversas áreas de expressão (artes visuais, arte e tecnologia, literatura, teatro, cinema, dança e música).

Além de apresentar exposições com a obra completa de artistas fundamentais da cultura brasileira, o Itaú Cultural publica catálogos, realiza debates, palestras, cursos e oficinas e organiza mostras em outros espaços, dentro e fora de São Paulo.

Ao promover cursos de história da arte em cidades brasileiras que estão fora do roteiro das grandes exposições, o instituto insere os habitantes desses locais no circuito das artes.

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Mobilizadora Social Danielle Fiabane dá asas às próprias ideias cada vez que impulsiona um jovem a colocar seu projeto em prática. Ao multiplicar e espalhar boas iniciativas, ela contribui com a mudança do mundo ao nosso redor – o desejo mais digno que um profissional de sucesso pode ter Por Paula Nadal Fotos: Sérgio Zacchi e arquivo pessoal

Chovia no dia em que conversamos, mas a paisagem cinza não inibiu o sorriso leve e o visual executivo impecável. Danielle chegou com a gentileza de quem, há mais de dez anos, sabe criar parcerias e conduzir iniciativas sociais empreendedoras. Sua função é impulsionar sonhos – os dela, evidentemente, e os de jovens transformadores de todo o País.

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“Aprendi com grandes mulheres, daquelas que sabiam lidar com todas as facetas da vida feminina” Ex-aluna Chapel, Danielle Fiabane é, hoje, superintendente do Instituto Asas, organização sem fins lucrativos criada pela Red Bull no Brasil para inspirar, impulsionar e conectar jovens que querem mudar o mundo. Formada em Administração de Empresas e Mestre em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas, ela fez carreira em organizações ligadas ao chamado “terceiro setor”. Começou ainda na faculdade, quando conseguiu uma bolsa da Fundação Estudar, de Jorge Paulo Lemann, e tornou-se estagiária da Junior Achievement – organização internacional de incentivo ao empreendedorismo que, aqui no Brasil, tinha o empresário como um de seus conselheiros. “A Junior estava em reestruturação e acabei sendo uma espécie de ‘estagiária-gerente geral’ por lá. Foi minha primeira escola na profissão.” Algum tempo depois, um almoço com um colega da faculdade a levou para o mundo da cultura. Por indicação desse amigo, em 2002, Danielle passou a fazer parte da equipe do Teatro Alfa, onde aprendeu a encontrar grandes parceiros e incentivadores de espetáculos culturais. E foi este meio que a levou, em 2003, a conhecer Luciano Huck e a dar um novo salto na carreira. Graças aos bons ventos do destino, alguns papéis e lápis, ela ajudou a erguer o Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias, ONG do apresentador. “Fui a uma reunião com a Beth [chefe de Danielle no Teatro Alfa] e lá conheci o Luciano. Eu era a mais nova na reunião,

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a única que carregava lápis e papel. Anotei tudo e, no final, me pediram para transformar as anotações no primeiro projeto sobre o que viria a ser o Instituto Criar. Fui me envolvendo aos poucos e acabei sendo convidada para dirigir a ONG. Fiquei lá por oito anos e essa foi minha grande escola”, conta a executiva. Danielle sempre esteve próxima das discussões políticas e dos temas sociais. Seu pai fez filosofia no Centro Universitário Maria Antônia nos anos 60 – espaço simbólico para os debates sobre a democracia em pleno regime militar – e sua mãe, advogada, trabalhava na Febem (atual Fundação Casa). Entretanto, demorou para que esses temas entrassem na sua vida profissional. Com o universo multicultural que vivia na Chapel, pensava em trabalhar como diplomata ou na área de hotelaria – queria viajar o mundo. Pensou, ainda, em ser fotógrafa, mas descobriu que sua aptidão era criar projetos que gerassem imagens e mudanças reais. Acabou rodando o mundo e aprendendo muito, mas de outro modo, ainda mais apaixonado. Às pessoas que jamais aceitam o “mais ou menos” “Aprendi com grandes mulheres, daquelas que sabiam lidar com todas as facetas da vida feminina – que são mães, esposas e profissionais respeitadas pelo que fazem – e que não topavam o ‘mais


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assumir e sobre como deve se planejar para perseguir cada um deles”, diz. “A maioria dos projetos ligados ao universo social lida com a vida das pessoas, com sonhos, com potenciais. E isso demanda muita seriedade.” Há três anos à frente do Asas, Danielle tem a simples missão de “dar asas para quem quer mudar o mundo”. Ela, a equipe da organização e as ONGs que recebem apoio do Instituto têm como objetivo oferecer oportunidades de formação, visibilidade, networking e acesso a investimentos para jovens transformadores. “Vim para o Asas com o desejo de poder experimentar o lugar do investidor que tem condições de estabelecer parcerias com as ONGs ligadas a determinadas causas, para ajudar a gerar impacto sistêmico nessa área”, explica.

ou menos’. Eram exigentes, sempre buscavam o melhor em tudo o que faziam”, observa Danielle. As qualidades de algumas dessas figuras femininas, facilmente identificáveis na jovem executiva, são as mesmas que ela procura desenvolver nos jovens empreendedores sociais que o Instituto Asas apoia. “Paixão é uma palavra importante quando pensamos em um projeto. Ter um brilho nos olhos diante do que se faz é ótimo, mas é preciso, também, manter os pés no chão, ter clareza de quais são os compromissos que você vai

Um dos principais projetos do Instituto Asas é a Rede Wings for Change, criada em parceria com a Ashoka (organização mundial pioneira no campo da inovação social e do apoio ao empreendedorismo social) para selecionar e impulsionar empreendedores sociais criativos. Um dos jovens da rede é Rubens Oliveira Martins, bailarino e coreógrafo de sucesso que deslanchou quando conheceu, aos 17 anos, Ivaldo Bertazzo – um dos mestres brasileiros da dança. Hoje, Rubens é um dos professores da Companhia Antônio Nóbrega de Dança e, para dar a mesma oportunidade a outros adolescentes do Campo Limpo, comunidade paulistana onde cresceu, ele fundou o Núcleo Pélagos de Dança. Rubens ensina aos adolescentes que a arte e o movimento podem ser caminhos para a formação pessoal, sociocultural e profissional de cada um deles. Outro projeto do Instituto é o Canal Asas de Crowdfunding no site Catarse, que ajuda a financiar até 20% dos projetos de jovens de atitude que estão se mobilizando na rede para viabilizar suas ações. Um bom exemplo é o Pimp My Carroça, projeto do grafiteiro e ativista Mundano.

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Sua missão é tirar os catadores de material reciclável da invisibilidade e, para isso, ele conta com a ajuda de outros grafiteiros para restaurar e pintar carroças que andam pelas ruas de São Paulo. Já foram mais de 175 carroças “pimpadas” com cores e frases de efeito, cujo objetivo é resgatar a dignidade dos catadores. Danielle destaca, ainda, o apoio dado ao projeto Guerreiros sem Armas, que reúne 60 jovens de diversas partes do mundo para uma vivência de 30 dias de trabalho em prol da realização de um sonho coletivo de uma comunidade. “Esses jovens pararam de reclamar e resolveram agir. Não esperam que alguém faça as coisas por eles. Sabem que cada um de nós tem o potencial para realizar as mudanças que quer ver no mundo”, emociona-se a executiva. “Algo muito especial do Guerreiros é que eles trabalham com a lógica da abundância. Chegam na comunidade e mapeiam as suas belezas e os talentos de quem vive lá. Isso é muito inspirador”, observa. “A juventude termina quando o egoísmo prevalece; a maturidade começa quando se vive para os outros” Perguntei a Danielle se empreendedorismo se aprende na escola e ela disse que, quando uma instituição de ensino promove a autonomia do aluno, o desafia a olhar o mundo criticamente e a realizar

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projetos coletivos e transversais, a escola inspira o estudante a ter uma atitude empreendedora. Além disso, vivências de autoconhecimento, que facilitem a construção de projetos de vida, também são inspiradoras. “Na Chapel, tive um professor de Religião, Mr. France. Ele me deu o livro ‘Sidharta’ [de Hermann Hesse, de onde extraímos o subtítulo acima], que volta e meia eu leio de novo e de novo... Eu tinha uns 13 anos e todo um mundo se abriu para mim a partir desta leitura! Hoje, eu percebo que ele era um professor especial, pois organizava retiros que nos permitiam refletir sobre nós mesmos, sobre nossas escolhas e sobre nosso convívio com os colegas da escola. Muitas das amizades que tenho até hoje se fortaleceram ali”, relata. A transformação vivida por Danielle, multiplicada em centenas – e talvez milhares de jovens –, é a transformação de alguém que busca um mundo com maior equidade social. Um mundo de cocriação e corresponsabilidade, em que cada indivíduo sente-se potente para fazer nada menos que o melhor para si e para o outro. Ela escolheu dedicar sua vida profissional ao desenvolvimento de outras pessoas e vem impulsionando jovens que têm este mesmo sonho. Danielle dá asas para que eles voem juntos, mais alto e mais longe!


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A Chapel sempre incentiva seus alunos a mergulharem em atividades extraclasse e a desenvolverem suas habilidades, seja no esporte, nas artes ou na intelectualidade. Confira as histórias de alguns dos alunos talentosos e seus projetos pessoais realizados com muito empenho e dedicação

PAULO RIZZO

‘Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?’

Como muitos meninos brasileiros, Paulo Rizzo, 18 anos, já pensou na possibilidade de se tornar um jogador de futebol. O interesse começou nos primeiros anos de escola, ainda no Kindergarten, quando um coleguinha o convidou para jogar bola. No Elementary, já participava dos campeonatos entre turmas da escola. “Nessa fase, o futebol deixou de ser apenas um jogo e passou a ser uma competição incrível.” Aos 11 anos, entrou para o time de futsal da escola em que estudava na época. “Foi quando conheci o melhor treinador que já tive, o tio Waltinho. Ele me ensinou tudo que sei sobre futebol”, diz. O aluno já passou por dois clubes da capital, o Sport Club Corinthians e o São Paulo Futebol Clube. Quando contou aos pais que sonhava em ser jogador, imediatamente o apoiaram e tentaram colocá-lo em um time. Pela Chapel, já conquistou todos os campeonatos possíveis, como o Little 8, Little 6, Big 4 e a Liga SP High School.Atualmente cursando o 12º ano, Paulo pensa agora em outras alternativas de carreira e já optou por cursar Direito na FGV (Fundação Getúlio Vargas). “O futebol é uma das únicas atividades extracurriculares que fiz até agora. Já me proporcionou experiências diferentes e por meio dele fiz muitos amigos.” Mesmo agora, prestes a concluir o 2º grau, Paulo pensa em continuar jogando e em entrar no time da faculdade.

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L ui s M am e ri

Luz, câmera, ação

O equatoriano Luis Mameri, 17 anos, é enfático em relação a seu futuro: “Quero fazer filmes”. Começou a produzir com apenas seis anos. “Lembro de estar sentado na cama assistindo a ‘O Homem Aranha’ e ‘Star Wars – The Menace Phantoms’, e pensar comigo mesmo como seria incrível viver naqueles mundos”, comenta. Ainda criança, “roubava” a máquina fotográfica do pai e filmava os brinquedos e os lugares para os quais viajava. “Através dos filmes, posso contar histórias incríveis, que se tornam realidade através da lente.” O rapaz, que está no último ano, possui cerca de seis filmes em seu acervo. Em sua participação no Chapel Short Film Festival, em 2012, venceu quatro categorias. Sua meta agora é participar de festivais internacionais e se graduar em Direção de Filme em uma universidade americana, como o California Institute of The Arts, onde estudaram diversos diretores renomados. Já fez três cursos de férias no exterior, um sobre roteiro e script na UCLA (University of California Los Angeles) e dois outros na Nova York Film Academy, sobre direção e filme digital. Luis morou também em Angola e há cerca de cinco anos vive no Brasil. Passou por diversas experiências e contatos com outras culturas, mantendo sempre sua criatividade e imaginação, o que lhe permitiu escrever e dirigir filmes. “Minha imaginação é meu ponto de refúgio. Podemos imaginar histórias incríveis e podemos expressar essas histórias através do cinema.”

Emoções nas pontas dos dedos

M a t e u s W i n k e lma n n

Mateus Winkelmann começou a tocar piano em 2008, aos 12 anos. Já havia estudado violão e guitarra, mas tinha vontade de tentar algo novo. “Tocar violão era divertido, mas piano realmente se tornou minha paixão”, diz Mateus, que está no 12º ano. Ele sempre gostou de música, especialmente de música clássica, por influência da mãe. O interesse por instrumentos surgiu por acreditar ser importante realizar atividades fora da escola. Logo nas primeiras aulas, teve certeza que o piano seria o instrumento escolhido para toda a vida. Nos primeiros seis meses, começou a ler partituras e a desenvolver as primeiras técnicas. Após essa fase inicial, optou pelo repertório erudito, começando por “Moonlight Sonata”, de Beethoven, e “Alla Turca”, de Mozart. Muito eclético, com o passar do tempo começou a ter aulas duas vezes por semana e a aprender peças mais complexas da música popular, como “Tico-Tico no Fubá”, de Zequinha de Abreu, e “Song for Guy”, de Elton John. Desde 2012, Mateus conta com uma professora de piano particular. A partir daí, passou a estudar temas mais elaborados, como arranjos de composições pop e orquestrais de trilhas sonoras. “Tocar piano tem sido uma experiência incrível. Uma ótima forma de expressar emoção”, conta. Pretende estudar na Columbia University, em Nova Iorque, cidade onde nasceu, mas quer conhecer algumas áreas profissionais antes de se decidir pela carreira que irá seguir. A única certeza que tem é que vai prosseguir com os estudos de piano. “Tenho vontade de tocar com uma orquestra.”

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Kari n a O li v e ira Ela invadiu a área “É o que eu amo fazer e é o que faço melhor!” É dessa forma efusiva que Karina Oliveira, 16 anos, descreve sua aptidão para o futebol. Começou bem cedo a praticar seus primeiros dribles. Com apenas quatro anos, seu irmão mais velho e seu pai ensinaram a ela as primeiras técnicas da modalidade. “Lembro-me de quando ia para escola e levava uma bola para jogar com os meninos”, conta sobre a época da pré-escola. Quando começou a jogar, o futebol já não era apenas um esporte de garotos. A família da aluna, que nunca ligou para convenções, sempre ofereceu todo o suporte necessário para ela seguir em frente. “Até hoje, meu irmão e meu pai ensinam coisas novas. Às vezes, vamos ao clube jogar”, ressalta. Ela acredita que sua paixão é uma combinação da forte influência da família com o fato de a modalidade fazer parte da cultura brasileira. Quando entrou no High School, começou a jogar no time da Chapel como lateral e a participar de torneios. “Nessa época, comecei a treinar duas vezes por semana.” Cursando o 11º ano, quando não está no campo jogando futebol, Karina está lendo sobre ou assistindo aos jogos na televisão. “Espero poder continuar jogando depois de me formar no 2º grau. Um dos meus sonhos é entrar no time da faculdade.” Pretende entrar na USP, mas ainda não decidiu o curso. No futebol, já realizou um sonho. São-paulina roxa, aos 11 anos entrou no campo do estádio do Morumbi com um de seus maiores ídolos do clube, o goleiro Rogério Ceni.

Z e n a L im

Aluna High Tech

Zena Lim, 19 anos, sempre foi grande apreciadora de propaganda, anúncios, publicidade e de explorar as ferramentas do computador. Foi por isso que a aluna do 12º ano decidiu aplicar sua paixão nas atividades escolares. Tudo começou quando a coreana decidiu produzir um videoclipe com figuras e trilha sonora para seu trabalho de reflexão do CAS (Criatividade, Ação e Serviço). “Eu havia começado a escrever minha reflexão, mas achei que estava monótono, mesmo com ideias interessantes”, diz. Utilizar a tecnologia artisticamente em seus trabalhos tem sido positivo para a aluna. Seus trabalhos bem elaborados se tornaram referência de criatividade para os professores. “Comecei a produzir vídeos e trabalhos bem criativos, utilizando o computador para não ficarem entediantes e cansativos”, conta. Há quase quatro anos na Chapel, desde que chegou ao Brasil, Zena utiliza suas habilidades para colaborar nos projetos da escola. Participou da produção do Yearbook 2011/2012, e já fotografou alguns eventos. “É bom ajudar a manter a memória da escola. Essa contribuição artística para o trabalho me deixa muito feliz e satisfeita.” A aluna pretende estudar relações internacionais nos Estados Unidos, mas ainda não decidiu em qual instituição. “Minha meta ao utilizar tecnologia é dar um pouco de prazer e satisfação para os outros e para mim mesma”, completa.

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M oa S t a h l b e r g

Paixão Equestre

A amazona Moa Stahlberg, 15 anos, nasceu na Suécia e vive há dois anos em São Paulo. Com apenas seis anos e morando na França, começou a praticar hipismo junto com a irmã mais velha. Sua primeira experiência foi com pôneis Shetland, cavalos de baixa estatura. “É incrível como você desenvolve uma relação com o cavalo. No esporte, é fundamental essa conexão antes de qualquer técnica”, explica a aluna do 9º ano. Aos 10 anos, foi selecionada para o campeonato europeu de Mounted Games. Nesse esporte equestre, uma equipe de cinco membros participa de diferentes jogos e velocidade. Também praticou o CCE (Concurso Completo de Equitação), modalidade de três etapas que reúne provas de adestramento com uma série de movimentos, de obstáculos e de saltos. “Sou melhor no Mounted Games”, explica. Aos 12 anos, teve de mudar para cavalos maiores para poder participar das competições. Durante essa transição, chegou a participar de seis campeonatos franceses, conquistando três vezes o primeiro lugar e duas vezes a segunda colocação. Também participou do mundial. “Ficamos a uma posição das semifinais do mundial”, conta. O último campeonato que disputou antes da mudança para o Brasil, foi o francês de hipismo. Na época, conquistou o 7º lugar. “Fiquei feliz, pois fui bem na minha última competição na Europa.” Atualmente, Moa treina na Hípica de Santo Amaro. Almeja estudar moda em alguma universidade europeia ou americana, mas deseja prosseguir com o hipismo.

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A l e x ia L u n d

Jovem Campeã

Alexia Lund começou a praticar volteio por brincadeira na Hípica de Santo Amaro, aos seis anos de idade. “É um esporte raro e pouco conhecido, mas acho que sua raridade o qualifica como incrível”, diz a aluna do 12º ano. O esporte consiste na realização de acrobacias sobre o cavalo. “É preciso respirar com o animal e sentilo, como se fôssemos um só”, explica. “Essa tem sido a minha vida por mais de 11 anos.” Quando seus treinadores mudaram para a Hípica Paulista, convidaram Alexia para integrar uma equipe de cinco meninas. A equipe participou de diversas competições, venceu seis campeonatos regionais e três nacionais. Em 2008, seu técnico a convidou para acompanhar e assistir um grupo de volteadores individuais que participaram do Campeonato Mundial, na República Tcheca. Nessa ocasião, Alexia pôde ficar perto dos seus ídolos. Em 2009, passou a fazer parte da Seleção Brasileira Júnior de volteio, e já em outubro de 2010 participou do Mundial em Kentucky pela seleção sênior. Na ocasião, a equipe conquistou o 6ª lugar, a melhor colocação do Brasil na história do campeonato. Em 2013, interrompeu os treinos para se dedicar ao programa IB (International Baccalaureate). “Chegou a hora de pensar no meu futuro”, diz Alexia, que quer estudar Arquitetura Sustentável na Providence Rhode Island School of Design ou na Savannah College of Art & Design. Mas garante que volta a competir. A conquista de dois mundiais, um campeonato alemão, tricampeonato brasileiro e seis paulistas ainda é pouco para o talento de Alexia.

Respirando música

P ri s c illa P a c h e c o

Muitas pessoas da comunidade escolar provavelmente já prestigiaram as apresentações da aluna do 11º ano, Priscilla Pacheco, nos eventos da Chapel. Começou a cantar e a se apresentar com apenas quatro anos. Atualmente, está dando passos importantes para sua carreira, como a divulgação de seu primeiro CD -“Blue”- e produção de seu videoclipe. Mesmo assim, arranja tempo para o programa IB. Entrou na Chapel em 2009, quando voltou da Venezuela, e foi por meio da música que conseguiu fazer novos amigos. “Ninguém sabia que eu cantava até a minha participação no Festival Internacional. De lá pra cá, me apresentei em diversos eventos da escola”, diz Priscilla, que acredita que não estaria tão segura para seguir seu sonho se não fossem as oportunidades que a escola lhe ofereceu. Priscilla toca vários instrumentos, como piano, violão, flauta e sax. O pai tem sido um grande mentor, além da influência na música, ensinou a filha a produzir os arranjos de suas composições. Seus pais sempre a apoiaram, pois sabem da paixão de Priscilla pela música e pelo palco. Agora, com 17 anos, está num ritmo intenso de ensaios com sua banda, já que tem uma série de shows pela frente em diversos bares e casas de show da cidade. Em paralelo, dá seguimento às aulas de canto mensais com o consagrado diretor musical, contratenor e preparador vocal Marconi Araujo.

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Fotos: Arquivo Chapel

Art Show reúne obras de arte do acervo da Chapel em catálogo O núcleo do Chapel Art Show, sob coordenação da curadora Adriana Rede, está trabalhando em um projeto de catalogação das mais de 150 obras, entre pinturas, esculturas, gravuras e desenhos de importantes nomes da cena das artes visuais brasileira, adquiridas ao longo dos 43 anos de realização do tradicional evento na escola. A compilação resultará na catalogação digital e na publicação do Chapel Art Collection. Ainda em fase inicial de produção, a previsão de lançamento é abril de 2015. O acervo da Chapel tem trabalhos de Victor Brecheret, Tomie Ohtake, Yolanda Mohaly, Claudio Tozzi, Antonio Henrique Amaral, Maria Leontina, Fang, Silvio Oppenheim, Alfredo Volpi, Rubens Matuck, entre muitos outros. A ideia da produção do catálogo surgiu após a realização de um trabalho de restauração em algumas obras e a redistribuição dos trabalhos pelos corredores e instalações da escola em 2012. “Nessa época, percebemos o interesse pelas obras expostas por parte dos alunos e da comunidade”, explica Adriana Rede. Segundo ela, o objetivo da produção do catálogo é preservar a informação e a memória da escola com relação aos trabalhos adquiridos ao longo de todo esse tempo. “É extremamente importante a relação da comunidade escolar com a arte. Buscamos sempre incentivar a apreciação e o conhecimento da arte brasileira”, diz a curadora.

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Adriana Rede, curadora do Chapel Art Show, coordenará também a produção do catálogo de obras do acervo da escola

Esse conteúdo deverá ser utilizado em aulas integradas ao currículo e no Programa “Contatos com a Arte”, projeto futuro do setor educativo do Chapel Art Show, que deverá promover exposições temporárias dentro da escola, com o intuito de estimular a reflexão sobre arte em nossa comunidade.


Os 23 alunos do High School e os professores Benjamin Vaughan e Erica Lukito comemoram os bons resultados da participação no SP – MUN

Alunos do High School viajaram a Campinas para participarem do SP – MUN Nos dias 27 e 28 de setembro, vinte e três alunos do High School, sob coordenação da professora de ciências Erica Lukito e do professor de estudos sociais Benjamin Vaughan, participaram de mais uma edição do SP MUN - Model United Nations, em Campinas. Na ocasião, os alunos Alexia Lund, Rebecca Rocha, Pedro Scomparim, Marina Silveira e Rodrigo Ussier receberam o Prêmio Menção Honrosa. O objetivo do evento é simular uma assembleia das Nações Unidas, por meio da participação de alunos do 9º ao 12º anos de escolas internacionais de todo o País. Nesta edição, os alunos escolheram o Brasil, a Palestina, o Reino Unido, a China, o Afeganistão, os Estados Unidos, a Índia, o Irã, o Líbano e a França como temas de seus estudos e pesquisas. Os comitês prepararam dossiês

sobre tópicos estabelecidos pela organização do evento como Política, Segurança, Economia, Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Guerras Civis e Questões Geográficas. Por meio da participação no evento, os jovens tiveram a oportunidade de se aprofundar nas grandes questões e entraves mundiais, por meio de discussões, debates e elaboração de soluções para as situações complexas que cada país enfrenta. Segundo o coordenador do MUN na Chapel, Benjamin Vaughan, os alunos aprendem a respeitar e aceitar opiniões diferentes, a se expressarem e a se prepararem para desafios futuros no mercado de trabalho. “Todos estavam muito focados. Mesmo nos intervalos, conversavam sobre os debates e seus temas”, conta o professor. Já para a professora Erica Lukito, sua primeira participação no evento foi inspiradora. “Adorei participar. É gratificante ver nossos alunos defendendo seus pontos de vista e alcançarem bons resultados nos debates”, diz.

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Aluna do 11º ano conquista o prêmio Dix mots de la francophonie

A professora Aline Andriaça, a aluna Barbara Missaka e a professora Paula Mouro

Em abril, a aluna Barbara Missaka, 16 anos, conquistou o prêmio do concurso estadual Dix mots de la francophonie 2013, organizado pelo Consulado Geral da França, o Bureau du Québec e pela Aliança Francesa de São Paulo, instituição sem fins lucrativos cujo principal objetivo é a difusão da língua e da cultura francesa fora da França. A iniciativa consiste em premiar, em duas categorias, os melhores trabalhos sobre a francofonia. Na categoria dos adultos, a participação se dá por meio da produção de contos e romances. Até 17 anos, os jovens apresentam produções explicando o porquê de se estudar a língua francesa no Brasil, utilizando 10 palavras estipuladas pelos organizadores. A aluna da Chapel preparou uma animação baseada na canção j’ai deux amours, em que apresentou os seus cinco motivos para aprender o francês no Brasil. Seu objetivo era relacionar a arte com as palavras em francês. Seu trabalho

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contou com a supervisão da professora de francês do High School, Aline Andriaça, que orientou os participantes da escola em relação ao vocabulário. “O trabalho da Barbara ficou incrível. Demonstrou paixão pela língua e a resposta apresentada tinha coerência”, conta a professora. Paula Mouro, professora de francês do 1º ano, acabou se tornando personagem na criação da aluna. “Por meio da professora Paula, tive o primeiro contato com a língua e foi nessa época que me apaixonei pelo francês”, explica Barbara. “Optei por uma produção simples, com uma boa trilha sonora. Queria fazer algo diferente e tudo combinou”, completa. A entrega do prêmio aconteceu na Livraria Francesa, no dia 7 de junho último. Barbara ficou surpresa quando conquistou a primeira colocação. “Foi um sonho, não conseguia acreditar que ganhei o prêmio logo na minha primeira participação no concurso!”


Prêmio Chapel de Literatura chega à 4ª edição O já tradicional concurso da Chapel de estímulo à escrita chega a mais uma edição. O 4º Prêmio Chapel de Literatura é voltado à produção de trabalhos em língua portuguesa nos gêneros literários conto, crônica e poema. Podem participar alunos do High School, funcionários, professores e familiares dos alunos de todos os níveis. Para a edição 2013/2014 as inscrições foram encerradas em dezembro de 2013. As obras inscritas serão julgadas por uma comissão, composta por professores, administradores e pais da Chapel, que escolherão o grande vencedor e duas menções honrosas para cada gênero, dentro de duas categorias: Jovem Escritor, para os alunos do 7º ao 12º ano; e Prêmio Chapel, destinado à comunidade. Segundo a coordenadora do projeto e professora de português das turmas do High School, Liliana Gomes, o objetivo do evento é cultivar o gosto pela literatura e pela escrita. “É importante esse resgate da cultura e da literatura por meio da escrita, principalmente

em um mundo tão tecnológico como esse em que vivemos. Por isso, a administração oferece todo o suporte para o andamento do projeto”, explica. A professora Liliana conta com o auxílio da mãe voluntária Célia Gallo na divulgação do concurso. Ela já foi premiada nas três edições anteriores e acredita que o evento une ainda mais a comunidade. “A literatura é uma forma de arte insubstituível. Poder aproximar-me de pessoas que têm o mesmo gosto pela literatura como eu é formidável”, diz. O resultado do 4º Prêmio Chapel de Literatura será divulgado em maio, e a cerimônia de premiação deverá acontecer no mesmo mês, na própria escola. Na ocasião serão distribuídos os livros do prêmio, com todas as obras. “Neste dia, vamos conhecer os autores das obras, já que os trabalhos são assinados por pseudônimos. Em toda edição, no dia da cerimônia, nos sentimos autor por um dia e trocamos autógrafos em nossos livros”, conta Célia.

Liliana Gomes, coordenadora do projeto e professora de português das turmas do High School, e Célia Gallo, voluntária na divulgação do tradicional prêmio de literatura

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Chapel reúne em livro 125 receitas de pratos saudáveis servidos em seu refeitório No último semestre de 2013, a Chapel lançou o “Chapel Cookbook”. Produzida pela equipe do Serviço de Alimentação da escola, com supervisão das nutricionistas Marcia Berkowitz e Flora Lys Spolidoro, a publicação reúne as 125 receitas dentre as muitas favoritas dos alunos e servidas durante as refeições realizadas no cotidiano escolar. Foram incluídas também receitas de famílias da comunidade, testadas e aprovadas pelas nutricionistas. A publicação inclui tabela nutricional das preparações, além de dicas para alimentação saudável, conceitos básicos de nutrição e técnicas corretas de aquisição e preparação dos alimentos.

as porções de cada receita preparada na cozinha industrial da escola para porções domésticas.“Essas 125 receitas ajudaram a desenvolver nos alunos o prazer pela alimentação saudável e agora poderão ser compartilhadas em casa, por meio de preparo rápido e com ingredientes básicos que estamos acostumados a utilizar no dia a dia”, conta a nutricionista. Flora e Marcia também almejam contribuir não só com as famílias da escola, mas também com outros profissionais da área que são responsáveis pela alimentação de crianças e adolescentes de outras escolas.

A iniciativa é resultado do trabalho desenvolvido pela equipe do Serviço de Alimentação da Chapel, que ao longo dos anos conseguiu desenvolver bons hábitos alimentares entre seus alunos. “Os pedidos de receitas vindos das famílias trazem muita satisfação para nosso trabalho. O ‘Cookbook’ é um passo importante para nossa missão na escola”, explica Flora Lys, consultora em nutrição da Chapel e coordenadora dos trabalhos de produção técnica do livro. “Educação alimentar leva tempo. A publicação é resultado de mais de 50 anos de experiência em refeições produzidas na escola. Por meio de anos de experimentação, sabemos o que os alunos mais gostam de comer entre os alimentos saudáveis”, completa. Segundo a nutricionista e responsável pelo Serviço de Alimentação, Marcia Berkowitz, foi preciso adaptar

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Flora Lys Spolidoro e Marcia Berkowitz esperam que o “Cookbook” possa contribuir com o trabalho de outros profissionais da área de alimentação


Da esquerda para a direita: Os alunos que participaram da GIN Conference Fabian Fuxa, Karina Oliveira, Maria Fernanda Moura, Rodrigo Ussier e Renata Matarazzo

Alunos do High School apresentaram seus projetos sociais na GIN Conference, em Quito, Equador Entre os dias 18 a 20 outubro, cinco alunos do High School participaram da Conferência GIN (Global Issues Network), evento anual em que alunos de escolas internacionais da América do Sul buscam debater e propor soluções para os problemas mundiais. Os pontos-chave da conferência são baseados no livro High Noon: Twenty Global Problems and Twenty Years to Solve Them de J.F. Rischard, em que o autor aponta vinte desafios globais que precisam ser resolvidos nos próximos anos. Na edição deste ano, realizada em Quito, no Equador, Renata Matarazzo, Rodrigo Ussier e Maria Fernanda Moura, do 12º ano, apresentaram o projeto Pequena Infância, trabalho social desenvolvido com crianças de escola públicas da cidade de São Paulo. Já Karina Oliveira e Fabian Fuxa, do 11º ano, apresentaram o Projeto Stepping Stones, realizado na Casa dos Velhinhos de Ondina Lobo. Cada grupo apresentou um workshop interativo de 45 minutos para alunos de outras escolas, e também foram responsáveis na produção e exibição de um vídeo de 2 minutos sobre o projeto comunitário. Ambas iniciativas já fazem parte da comunidade Chapel. O projeto Pequena Infância já é desenvolvido há cerca de três anos com crianças de 6 e 7 anos de escolas públicas, tendo como proposta desenvolver

uma série de atividades educativas duas vezes por semana com crianças. O Stepping é um projeto social realizado na Casa dos Velhinhos de Ondina Lobo, que tem por finalidade desenvolver atividades com os idosos moradores da instituição, além de arrecadar fundos e angariar alimentos e roupas. Para um dos acompanhantes das turmas deste ano, o professor de ciências Kley Feitosa, o destaque da conferência foi a exposição de trabalhos que já estão sendo realizados por alunos das escolas em suas comunidades. “Nossos alunos apresentaram propostas maduras que já estão em curso e que já obtiveram bons resultados. O melhor de tudo foi perceber o interesse de alunos de outras escolas em levarem os projetos para sua comunidade”, conta o professor. “A participação dos alunos da escola foi excelente”, diz Kley. “Foi a primeira vez que participei do Conferência GIN. Minha percepção foi que os alunos voltam ainda mais empolgados para ajudar na solução de problemas globais. Os projetos que eles apresentam são inspiradores até para nós professores que os acompanhamos e orientamos no evento, além de observamos alunos de toda a América do Sul preocupados com os problemas da humanidade e que estão trabalhando muito para solucioná-los”, completa.

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CHAPEL GALLERY Nos últimos meses, diversos eventos e projetos ajudaram a estreitar ainda mais os laços de amizade e de colaboração mútua. A Book Fair, que teve como tema o Centenário de Vinicius de Moraes, o trabalho voluntário realizado junto aos projetos Pequena Infância e Stepping Stones e as atividades nas instalações do Centro Comunitário Embura, na área de Preservação Ambiental Capivari-Monos, foram algumas dessas iniciativas. Confira nas próximas páginas os registros desses momentos.

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.03 Na abertura do evento, foi realizado um sarau, onde representantes da comunidade apresentaram canções de Vinicius de Moraes e declamaram poemas do autor .03 For the opening night of the event, teachers, teaching assistants, students and alumni presented songs and recited poems by Vinicius de Moraes

.01/.02 Em setembro, a escola realizou mais uma edição da Feira do livro, que teve como tema o Centenário de Vinicius de Moraes .01/.02 Another annual Book Fair took place in September. This year’s theme was Vinícius de Moraes’100th Anniversary

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.06 As mães voluntárias Sylva El Jamal e Cynthia Ramos colaboraram com a venda de livros do Sebo .06 Volunteer mothers Sylva El Jamal and Cynthia Ramos help sell used books.

.05 A professora Caterina Lombardi participou do evento com suas filhas .05 Teacher Caterina Lombardi and her daughters at the event

.04 A professora Luciana Honda e a autora de livros infantis Luciana Sandrone, convidada pela escola para participar do evento .04 Portuguese teacher Luciana Honda and Luciana Sandrone, children’s book author who was invited by the school to the event

FEIRA DO LIVRO / book fair

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.10 /.11 Os alunos do Elementary da Chapel participaram de atividades do grupo MAD Science

.08 /.09 Os alunos do ECEC tiveram a oportunidade de participar da apresentação da contadora de histórias Andi Rubinstein .08/.09 ECEC students at Andi Rubinstein’s storytelling activity

.07 No dia 11 de outubro, a escola celebrou o Dia das Crianças .07 On October 11th, the school celebrated Children’s Day

Arquivo Chapel/Chapel Archive

.13 O cardápio servido para as crianças incluiu sorvete, batata frita e hambúrguer .13 Ice-cream, french fries and hamburger were part of the Children’s Day menu

.12 A professora Jennifer Miller participou das atividades juntamente com os alunos da sua turma .12 Teacher Jennifer Miller in an activity with her students

.10 /.11 Elementary students at MAD Science activities

DIA DAS CRIANÇAS / CHILDREN’S DAY

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.16 O público visitante também pôde participar dos experimentos .16 Visitors were also able to take part in the experiments

.15 Alunos do 7º ao 9º ano apresentaram cerca de 62 projetos .15 About 62 projects were presented by 7th to 9th grade students

Arquivo Chapel/Chapel Archive

.18 Os trabalhos foram avaliados por um grupo de jurados, entre eles o dr. Ryan White, que entregou o prêmio ao aluno Bruno Kiep .18 Projects were evaluated by a group of judges, including dr. Ryan White, who handed the award to Bruno Kiep

.17 Os alunos realizaram projetos sob a supervisão de professores do Departamento de Ciências .17 Students carried out their projects under the guidance of the Science Department teachers

FEIRA DE CIÊNCIAS / SCIENCE FAIR

.14 Em abril, a Chapel realizou a primeira Feira de Ciências .14 Em abril, a Chapel realizou a primeira Feira de Ciências

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.22 Marina Silveira em uma atividade do Extreme Makeover, projeto que faz parte do programa da educação do caráter e de integração dos alunos

.21A organização da brinquedoteca foi um dos projetos desenvolvidos .21 Another project was organizing the playroom

.19 /.20 Em maio, alunos do 9º ao 11º ano executaram diversos projetos para a melhoria das instalações do Centro Comunitário Embura, no extremo sul da cidade de São Paulo .19 /.20 In May, 9th to 11th grade students worked on several projects to improve the facilities of Embura Community Center in the Environmental Preservation area of CapivariMonos, in the far south of São Paulo city

Extreme Makeover

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.24 Renata Matarazzo liderou o projeto de construção da casa do mascote do Centro Comunitário, a ovelha Dolly .24 Renata Matarazzo led the project to build the home of the Community Center’s mascot, Dolly the sheep

.23 Os alunos atuaram na construção da escada que liga a cozinha à área de atividades .23 The students helped build the stairs to connect the kitchen and the activity area

.22 Marina Silveira in the Extreme Makeover activity, part of the program for character development and student integration

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are offered to stimulate children

.26/.27 Several educational activities

propostas para incentivar as crianças

.26/.27 Várias atividades educativas são

por meio de atividades lúdicas com crianças de escolas públicas .25 The Young Reader initiative carries out play activities with public school children

.25 A iniciativa Pequenos Leitores atua

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por alunos, é um dos destaques que a escola apoia há três anos .28 The project developed and led by students is one of the main ones that the school has supported for three years

.28 O projeto, desenvolvido e liderado

PROJETOS SOCIAIS / SOCIAL PROJECTS

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.26 Arquivo Chapel/Chapel Archive

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.30 Os alunos Vitor Takasu e Marcella Maksoud se envolveram no trabalho na casa, onde são abrigados cerca de 79 idosos .30 Vitor Takasu and Marcella Maksoud took part in the project at the retirement home that shelters about 79 elderly

.29 Outro trabalho de responsabilidade social importante liderado por alunos e apoiado pela Chapel é o Stepping Stones, na Casa dos Velhinhos de Ondina Lobo .29 Another important social responsibility project led and supported by students is Stepping Stones at Ondina Lobo retirement home.

.32 Além das atividades desenvolvidas junto aos idosos da casa, os alunos também arrecadam fundos, comida e roupas .32 Aside from the activities conducted with the elderly of the home, students gather funds, food and clothing

.31 O trabalho começou a ser desenvolvido em 2013 .31 The project started in 2013

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