Revista Bio Saneas 2017

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Em família

Mas a vida desse senhor de cabeça branca e alegres olhos azuis não foi só dedicada ao saneamento. Com dona Carmem, criou três filhos, Waldemar, Ínês e Ione. Sempre foi muito curioso e estudioso. Por isso, pesquisou suas origens, que supunha na Alemanha, mas acabou descobrindo que os Jezler vieram da Suíça. Determinado, levantou a história de seus antepassados desde o século XIII. Foram 25 anos de pesquisas. Finalmente em 2004, Haroldo, já perto dos 80 anos, concluiu um detalhado levantamento de 800 páginas, distribuídas em cinco volumes, que foi entregue à Associação Brasileira de Pesquisadores em História e Genealogia. Entre outras coisas, o engenheiro descobriu que os Jezler chegaram ao Brasil pela Bahia, no início do século XIX. No século XX um braço da família vivia em Lençóis Paulista (SP), onde em 1923 nasceu Haroldo. Entretanto, foi no bairro da Bela Vista, conhecido como “Bexiga”, que o futuro engenheiro e sanitarista se criou. “O bairro era essencialmente residencial, de nível modesto, abrigando também artesãos ou prestadores de serviço, como sapateiros, costureiras, barbeiros, açougues, empórios e que tais”, lembra.

Jezler com seu filho, Waldemar

O episódio foi lembrado pelo engenheiro, em 1999, quando recebeu o Prêmio Azevedo Netto, instituído pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) para homenagear personalidades vivas ou entidades ligadas às áreas de Saneamento, Saúde e Meio Ambiente. Para Jezler, o Prêmio Nobel da Engenharia Sanitária. “A conquista deste prêmio pode ser um objetivo de vida para um sanitarista”, disse. Histórias como essas constam de outros sete volumes escritos pelo engenheiro Haroldo Jezler, depois que se aposentou. São lembranças, fatos interessantes vividos por ele e sua família. “Um legado para seus filhos, parentes e amigos”, diz a filha Ione. Aos 93 anos, vivendo na maior cidade brasileira, o engenheiro que se tornou um historiador e apreciador da vida em família, divertindo-se com o que contam os netos. Hoje, segundo a filha, “tem tempo para assistir a filmes, apreciar um bom livro e, é claro, uma boa comida”. E ainda fica muito feliz em recordar os dias em que contribuiu para melhorar a qualidade de vida de muita gente.

Jezler em almoço de família

Logo após concluir o curso, em 1946, Haroldo Jezler foi contratado como professor assistente da Politécnica da USP. Neste cargo, em 1954, participou de uma importante pesquisa coordenada pelo também engenheiro e sanitarista José Martiniano de Azevedo Netto, a quem atribui grande influência. “Mergulhamos na ponta de Itaipu, onde era lançado o esgoto in natura de Santos e São Vicente, para colher amostras da água do mar. Os resultados desses trabalhos serviram de base para o primeiro projeto brasileiro de lançamento submarino de esgotos e contribuíram para a formulação racional de um índice de balneabilidade” - afirma.

Jezler com suas filhas, Inês e Ione

Revista Oficial | Congresso ABES / Fenasan 2017

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