Manual de História do Brasil

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MANUAL DO CANDIDATO – HISTÓRIA DO BRASIL

maiores laços organizatórios. Dentro destes limites, a liderança é incontestável: a representatividade do comitê não sofre restrições, sua decisão de chegar a um compromisso é acatada por uma ampla massa de trabalhadores. Dois elementos se combinam no comportamento dos líderes anarquistas, em julho de 1917: a incapacidade de assumir um verdadeiro papel dirigente; a dificuldade em encontrar as vias para garantir ao menos o cumprimento das pequenas conquistas. Apesar dos apelos retóricos à organização, o ímpeto da torrente atrai estes homens, ainda ontem embalados em seu pequeno círculo pela vaga fraseologia da obra emancipadora final: de 9 a 21 de julho, A Plebe deixa de funcionar porque seus responsáveis se ocupam em “emprestar sua atividade ao grande movimento”. O Comitê de Defesa Proletária se inclina, por sua vez, à extrema prudência. As reivindicações buscam defender condições mínimas de sobrevivência, a livre organização, expressão dos trabalhadores. Como viu com clareza A Plebe, a proposta do Comitê teria sido feita na Europa pelas classes conservadoras, no seu próprio interesse. Mas aqui, “dadas as condições existentes, o mínimo teve que ser pedido pelos que tem os olhos voltados para o máximo”53. Mesmo este mínimo não foi, entretanto, consolidado. A rápida elevação do custo de vida começou a corroer o aumento salarial, negado aliás por várias empresas. Passada a mobilização, o governo investiu contra os sindicatos cuja atividade florescia sob o impulso da greve, especialmente entre os ferroviários da São Paulo Railway. Em setembro de 1917, a repressão se abateu sobre as lideranças operárias. A Plebe foi invadida e Edgar Leuenroth preso, acusado de ser o mentor intelectual do assalto ao Moinho Santista.

53

A Plebe, 21.7.1917.

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