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Associação dos Docentes da UFF

ADUFF SSind

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Categoria vota contra indicativo de greve

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Seção Sindical do ANDES-SN Filiado à CSP/CONLUTAS

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Ele i nov ção p a a g da A es ra t D aco UFF ão n no tece i n ício de ma io

Precarização: Prédio em Rio das Ostras é inaugurado sem esgoto


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Editorial

Mobilização docente N

os dias 13, 14 e 15 de maio, três processos importantíssimos para o movimento docente da UFF acontecerão simultaneamente. A eleição para a nova direção do ANDES-SN, para o Conselho de Representantes e para a nova gestão da ADUFF. Por isso, trazemos, nesta edição do jornal,uma entrevista com Renata Vereza, candidata à presidência da ADUFF. A ideia do bate-papo é fazer com que os professore conheçam melhor as propostas da chapa que se propõe a gerir o sindicato dos docentes da Universidade Federal Fluminense no biênio 2014-2016. Como pode ser lido na peça jornalística, além de novas propostas e vontade política, o novo grupo terá que, apoiado na mobilização da categoria, empenhar-se para responder às demandas da atual conjuntura, marcada pela ascensão das lutas sociais expressa nas jornadas de lutas iniciadas a partir de junho de 2013. Apostando também no caráter mobilizatório de 2014, ano de Copa do Mundo e eleições presidenciais que poderá resultar em uma conjuntura favorável à luta dos docentes por uma educação pública, gratuita e de qualidade -, os professores da UFF, reunidos em assembleia geral no dia 24 de abril, votaram pela pela manutenção das atividades de mobilização e contra o indicativo de greve. A matéria completa que fala sobre as deliberações

das AG’s realizadas no mês de abril e sobre o aprofundamento dos debates da pauta nacional e local pode ser lida na página 3. Motivos para a intensificação da mobilização não faltam. Além da precarização das condições de trabalho e estudo, expressas na matéria “Em Rio das Ostras, prédio é construído e inaugurado sem rede de esgoto”, uma pauta que ganha destaque neste ano

das Instituições Federais de Ensino segue com a remuneração corroída pela inflação e que o reajuste, tão alardeado pelo governo federal em 2012 e parcelado em três anos, não recompõe o poder aquisitivo da categoria, muito menos reflete-se em ganho real para os professores.As projeções tomam por base os índices inflacionários ICV/Dieese e IPCA/IBGE foram realizadas tanto para os docentes do

As perdas salariais são uma realidade na carreira docente

em que o Golpe Empresarial Militar de 1964 completa 50 anos é a falta de democracia interna nas Universidades Federais. Um pouco dessa história e a importância de problematizarmos o passado para construirmos um novo presente é contada na matéria da página 7. Vale ressaltar também que o novo levantamento do Dieese, feito a pedido do Sindicato Nacional, aponta que grande parte dos docentes

Magistério Superior quanto para os do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (Ebtt). Nos dois casos as variações são semelhantes: as perdas salariais são uma realidade na carreira docente, cada vez mais desestruturada e achatada pelo governo. É isso que aponta a pauta nacional do ANDES-SN, que reivindica valorização salarial com piso do Dieese (R$ 2.748,22); reestruturação da carreira,

Agenda da diretoria com paridade entre ativos e aposentados, estepes constantes e revogação imediata do F UNPRESP; autonomia universitária, com revogação da EBSERH e condições de trabalho e ensino. A pauta interna dos docentes da UFF, atualizada nas reuniões descentralizadas, promovidas pelo sindicato no mês de abril, aponta para o mesmo sentido. Os docentes reivindicam democracia interna na UFF com a imediata revisão do estatuto da Universidade; cronograma para finalização das obras na sede e no interior; levantamento das necessidades para espaço de ensino- pesquisa – extensão; agilidade nos processos administrativos (progressão e promoção, redistribuição, aposentadoria); necessidade de regulamentação da progressão para professor titular a partir do debate com a comunidade acadêmica sem empecilhos à progressão do professor associado e definição de critérios sobre a distribuição interna das vagas docentes, com transparência, e levantamento imediato de demandas de docentes junto às unidades e departamentos, entre outros. Por fim, apontando para o projeto de Universidade que queremos e devemos construir, a conquista de um assentamento no estado do Rio de Janeiro após oito anos de morosidade do governo federal mostra que só a luta dos trabalhadores muda a vida. Boa leitura!

Abril 03 – Reunião descentralizada com docentes do Valonguinho 04 – Reunião descentralizada com docentes da Veterinária e Farmácia 07 - Reunião descentralizada com docentes da Farmácia 08 - Reunião descentralizada com docentes de Rio das Ostras 10 – Reunião descentralizada com docentes do IACS 11 - Reunião descentralizada com docentes do HUAP 14 – Seminário de Condições de Trabalho e Assembleia Geral 15 - Reunião descentralizada com docentes de Volta Redonda 16 - Reunião descentralizada com docentes de Pádua 24 - Seminário de Condições de Trabalho e Assembleia Geral 25, 26 e 27 – Reunião do GTPCEGDS e do GTPE do ANDES-SN, em Brasília 26 e 27 – Reunião do Setor das IFES, em Brasília 29 - Reunião descentralizada com docentes de Macaé

Presidente: Eblin Farage – Serviço Social • 1º Vice-Presidente: Elza Dely – Educação • 2º Vice-Presidente: Wanderson Melo – Serviço Social PURO • Secretário-Geral: Claudia March – Saúde da Comunidade • 1º Secretário: Elizabeth Carla – Enfermagem PURO • 1º Tesoureiro: Francine Helfreich – Serviço Social • 2º Tesoureiro: Angela Siqueira – Aposentada – Educação • Diretoria de Comunicação (Titular): Verônica Fernandez – Saúde da Comunidade • Diretoria de Comunicação (Suplente): Katia Lima – Serviço Social • Diretoria Política Sindical (Titular): Sonia Lucio – Serviço Social • Diretoria Política Sindical (Suplente): Ana Cristina Troncoso – Psicologia PURO • Diretoria Cultural (Titular): Dora Costa – Educação • Diretoria Cultural (Suplente): Sonia Maria – Aposentada – Farmácia • Diretoria Acadêmica (Titular): Renata de Freitas – Matemática • Diretoria Acadêmica (Suplente): Teresinha Monteiro – Aposentada – Serviço Social

Biênio 2012/2014

Gestão Mobilização Docente e Trabalho de Base

Editor Lara Abib

Estagiária de jornalismo Catherine Lira

Imprensa imprensa@aduff.org.br

Sítio eletrônico www.aduff.org.br

Twitter twitter.com/aduff_ssind

Jornalista Lara Abib

Projeto Gráfico e Diagramação Luiz Fernando Nabuco

Secretaria aduff@aduff.org.br

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Impressão Gráfica Lance (3500 exemplares)

Rua Professor Lara Vilela, 110 - São Domingos - Niterói - RJ - CEP 24.210-590 Telefone: (21) 3617.8200


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Em assembleia geral, professores da UFF votam contra o indicativo de greve No mesmo espaço, categoria votou pela manutenção das atividades de mobilização Luiz Fernando Nabuco

Lara Abib

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eunidos em assembleia geral, realizada no dia 24 de abril, os docentes da UFF deliberaram contra o indicativo de greve (79 contrários ao indicativo, 53 a favor e nenhuma abstenção). Depois de ser rejeitado, o indicativo voltou à pauta da AG por deliberação da própria categoria, em assembleia realizada no dia 14. Embora tenham votado contra o indicativo, os docentes presentes na maior instância de deliberação do sindicato votaram pela manutenção das atividades de mobilização dos docentes por meio da continuidade da atualização da pauta interna a partir das reuniões descentralizadas com professores, além da ampliação da comissão de mobilização. A direção da ADUFF levará o posicionamento da assembleia para a reunião do Setor das Instituições Federais de Ensino (IFE) do ANDES-SN, que acontece em Brasília nos dias 26 e 27 de abril. Em pauta, estará a avaliação da necessidade e possibilidade de construção de uma greve nacional.

Outras deliberações Os docentes presentes na assembleia também deliberaram pela participação no ato unificado do dia 30 de abril, contra as violações dos direitos humanos no Rio de Janeiro, que acontece às 16h, na Candelária,em direção à Cinelândia.Votaram também pela participação no ato do dia 1 de maio, no Rio de Janeiro, em razão do Dia do Trabalhador, às 10h, com concen-

Em assembleia, docentes rejeitaram proposta de indicativo de greve

tração na Fiocruz, em direção à Manguinhos. Por fim, os professores deliberaram pela construção do ato da educação no dia 2 de maio, na UFRJ, caso o ministro da educação, José Henrique Paim Fernandes, confirme sua visita à Universidade.

Docentes aprovam participação nas atividades daCaravana da Educação e Marcha a Brasília Os docentes presentes na assembleia também deliberaram pela participação na Caravana da Educação, no dia 6 de maio, e na Marcha a Brasília, no dia 7. Os professores que quiserem participar das

atividades deverão entrar em contato com a ADUFF, que custeará a ida dos docentes. A Caravana está sendo organizada pelas entidades representantes dos três segmentos da educação federal; estudantes, técnicos e docentes (ANDES-SN, Fasubra, Sinasefe, Anel e Oposição de Esquerda da UNE). A atividade culminará em um ato na frente do Ministério da Educação (MEC), às 14h. A intenção dos manifestantes é que se abram negociações efetivas com todos os segmentos. Para tal, será solicitada uma audiência com José Henrique Paim Fernandes, ministro da educação. Um dia depois, no dia 7 de maio,

acontece a Marcha a Brasília.Com concentração às 9h, na frente da Catedral, os manifestantes vão percorrera Esplanada dos Ministérios e se concentrarão em frente ao Bloco K - prédio que abriga o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) - para cobrar negociação em torno da pauta unificada dos Servidores Públicos Federais (SPF), protocolada no início de fevereiro. Pela tarde haverá uma Plenária Nacional dos SPF - em local a definir. O Setor das Instituições Federais de Ensino Superior do ANDES-SN incluiu essa atividade em seu calendário de lutas.

ANDES-SN cobra e MEC formaliza acordo sobre pontos iniciais da carreira E

m reunião com representantes do ANDES-SN no dia 23 de abril, o Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC), Paulo Speller, formalizou acordo em relação aos três primeiros pontos conceituais da reestruturação da carreira docente, que foram propostos pelo Sindicato Nacional. Os itens, constantes da pauta de reivindicações aprovada no

33º Congresso do Sindicato Nacional e já protocolada junto ao MEC, foram indicados pelo Setor das Instituições Federais de Ensino Superior da entidade, por entender que a reestruturação da carreira está diretamente ligada à valorização salarial. A formalização dos pontos aceitos pelo MEC foi uma exigência do ANDES-SN, para que se dê seguimento às discussões acerca da reestruturação da

carreira e demais pontos da pauta. “A categoria tem motivos para cobrar compromissos oficiais do governo, uma vez que a experiência anterior foi de recorrentes reuniões sem quaisquer resultados”, destacou a presidente do Sindicato Nacional, Marinalva Oliveira. Segundo a presidente do ANDES-SN, o documento firmado pelo MEC é uma sinalização de que o Executivo

de certa forma reconhece que a carreira docente foi desestruturada ao longo dos anos. “Há um espaço para avançarmos, mas qualquer possibilidade de efetivação do que foi tratado hoje ou do que viremos a acordar daqui para frente vai depender da força e intensificação da mobilização de nossa categoria”, ressaltou Marinalva. ANDES-SN


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Eleição para a nova direção e par da ADUFF acontece nos dias 13, 1 Processo de eleição da nova gestão do ANDES-SN acontece simultaneamente, nos mesmos dias e locais de votação Lara Abib

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os dias 13, 14 e 15 de maio, acontece a eleição para a nova gestão do sindicato, biênio 2014-2016. No mesmo processo, também será eleito o Conselho de Representantes da ADUFF. A votação será realizada nos dias 13, 14 e 15 de maio nos Campi do Interior/UFF e nos dias 13 e 14 de maio, na Sede Niterói/UFF. Em todas as unidades da UFF serão instaladas urnas de votação. A listagem de votação é por departamento. São considerados eleitores todos os docentes da UFF, filiados à ADUFF até o dia 11 de abril de 2014. A identificação do eleitor será feita mediante qualquer documento de identidade. A apuração do resultado será realizada pela Comissão Eleitoral no dia 16 de maio. A Diretoria e o Conselho de Representantes serão empossados na primeira assembleia geral após a eleição, convocada especificamente para esse fim.

Chapas inscritas Apenas uma chapa se inscreveu para participar do processo eleitoral da nova direção da entidade sindical. Presidida pela professora Renata Vereza, a chapa “ADUFF em Movimento:de Luta e pela Base” conta com Gustavo França Gomes (1º Vice-Presidente), Juarez Torres Duayer (2º Vice- Presidente), Elizabeth Carla Vasconcelos Barbosa (Secretária-Geral), Isabella Vitoria Castilho Pimentel (1º Secretária), Wanderson Fabio de Melo (1º Tesoureiro), Edson Teixeira da Silva Junior (2º Tesoureiro), Paulo Cruz Terra (Diretor de Comunicação Titular), Marcelo Badaró Mattos (Diretor de Comunicação suplente), Sonia Lucio Rodrigues de Lima (Diretora de Política Sindical), Wladimir Tadeu Baptista Soares (Diretor de Política Sindical suplente), Ceila Maria Ferreira Batista (Diretoria Cultural titular), Leonardo Soares dos Santos(Diretor Cultural suplente), Ronaldo Rosas Reis (Diretoria Acadêmica titular) e Ana Livia Adriano (Diretoria Acadê-

mica suplente). A luta por uma educação pública, gratuita, de qualidade e para todos e o respeito às deliberações de base tomadas nas assembleias gerais são alguns dos princípios básicos que norteiam a chapa. Veja ao lado a entrevista da candidata à presidente da ADUFF, Renata Vereza, falando mais sobre as principais propostas da chapa.

Conselho de Representantes De acordo com o regimento da ADUFF, o Conselho de Representantes é um órgão deliberativo, superior à diretoria. A instância é constituída por representantes de cada unidade da UFF, com man-

1- Unidade: Inst. de Macaé Tit.: Daniel Arruda Nascimento Supl.: Izabella M. R. Taveira 2- Unidade: Fac. Economia Tit.: André Guimarães Augusto Supl.: Bianca Imbiriba 3- Unidade: Fac. de Educação Física e Desportos Tit.: Sérgio Ricardo Aboud Dutra Supl.: Martha Lenora Queiroz Copolillo 4- Unidade: COLUNI Tit.: Emerson de Carvalho Guimarães Supl.: Luciana Santos Collier 5- Unidade: Fac. de Educação Tit.: Kênia Aparecida Miranda Supl.: Gelta Terezinha Ramos Xavier 6- Unidade: Fac. de Direito Tit.:Wanise Cabral Silva 7- Unidade: Esc. de Serviço Social Tit.:Eblin Joseph Farage

dato de dois anos. A eleição para o Conselho de Representantes é uma conquista histórica dos professores da UFF e sua existência é fundamental para a articulação do movimento docente na Universidade e para o funcionamento da seção sindical. Os conselheiros são um ponto de ligação e de diálogo entre a base da categoria e a direção da entidade sindical. Eles estabelecem uma ponte direta entre a ADUFF e o local de trabalho. Como para a direção do sindicato, o mandato para o Conselho de Representantes é de 2 anos, permitida a reeleição apenas uma vez para mandato consecutivo. Veja abaixo os candidatos ao

Supl.: Francine Helfreich Coutinho dos Santos 8- Unidade: Inst. de Ciências Humanas e Sociais - Aterrado (Volta Redonda) Tit.: Priscila Pires Alves Supl.: Catharina Marinho Meirelles 9- Unidade: Inst. do Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES) - Pádua Tit.: Adriana Machado Penna Supl.: Lorene Figueiredo de Oliveira 10- Unidade: Instituto Biomédico Tit.: José Antonio Silva Ribas Supl.: Pedro Paulo da Silva Soares 11- Instituto de Ciências Exatas (Volta Redonda) Tit.: Isaque Milton Silva Moura Supl.: Renata Luz Martins 12- Inst. Saúde da Comunidade Tit.: Lenita Barreto Lorena Claro Supl.: Verônica Silva Fernandez

Conselho de Representantes da UFF. Vale ressaltar que a Faculdade de Administração e Ciências Contábeis e a Faculdade de Veterinária inscreveram representantes, mas esses não foram homologados porque ocupavam cargos de gestão dentro da Universidade, o que contraria o artigo 53 do Regimento Interno da Seção Sindical. Diante disso, a Comissão Eleitoral estabeleceu prazo até o dia 30 de abril para que as unidades indiquem novos representantes. No caso da Faculdade de Administração, o nome da Conselheira suplente, Joana D’ Arc Fernandes Ferraz, está homologado. Resta à chapa indicar um nome para ocupar o cargo de titular.

13- ICHF Tit.: Marcelo Santana Ferreira Supl.: Mario Jorge da Mota Bastos 14- Inst. Humanidades e Saúde (Rio das Ostras) Tit.: Marcia do Rocio Santos Supl.: Vânia Noeli Ferreira de Assunção 15- Inst. de Química Tit.: Katia Maria Pinto Guedes de Oliveira 16- COC (Ciências Sociais de Campos) Tit.: Paulo Rodrigues Gajanigo Supl.: Marcio José Melo Malta 17- Fac. de Turismo e Hotelaria - (FTH) Tit.: Lúcia Oliveira da Silveira Santos Supl.: Eduardo A. P. Vilela


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ra o Conselho de Representantes 14 e 15 de maio Professora do curso de História da Universidade Federal Fluminense, a candidata à presidência da ADUFF, Renata Vereza, fala um pouco sobre as propostas da chapa “ADUFF em movimento: de luta e pela base”, que se propõe a assumir a gestão da entidade sindical no biênio 2014-2016

entre os níveis, bem como isonomia e paridade entre ativos e aposentados. Em relação à privatização da universidade, nossa proposta é fortalecer a luta contra a EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), que implementa o modelo privado de gestão nos hospitais universitário, e contra qualquer forma de privatização dentro da Universidade. Por isso, é fundamental fazer valer a decisão do plebiscito contra os cursos pagos na UFF e lutar pela implantação da Estatuinte da UFF. Quando falamos em unidade na luta, nos propomos a lutar contra a criminalização dos movimentos sociais e sindical e pela unificação das lutas do ANDES-SN com os demais trabalhadores, dentre eles os servidores públicos federais. Por fim, no eixo de gestão democrática as propostas da chapa giram em torno da construção da mobilização do conjunto da categoria desde a base nas unidades de ensino, convocando sistematicamente e respeitando integralmente as deliberações das Assembleias Gerais, valorizando o Conselho de Representantes e os canais de comunicação do sindicato (jornal, boletim eletrônico, redes sociais, revista Classe e Cadernos da ADUFF). Também propomos a criação de uma comissão para estudo da viabilidade técnica, jurídica e política de realização de Assembleias Gerais e de implantação de sub-sedes nos campi do interior. Um dos principais problemas atuais da UFF é a expansão precarizada. Como articular a Universidade para enfrentar essa situação?

O que a chapa defende para o movimento docente da UFF? A chapa “ADUFF em Movimento: de Luta e pela Base” tem como princípios norteadores a defesa incondicional da universidade pública, gratuita, de qualidade e para todos e da autonomia universitária, o que implica também na defesa absoluta da presença e da participação da sociedade na universidade e do caráter democrático de nossa instituição e na autonomia da entidade sindical perante a partidos, governos e administração central da Universidade. Quais são as principais bandeiras e

propostas da chapa? Nossas principais propostas giram em torno de quatro eixos. Carreira docente decente, contra a privatização da universidade, pela unidade na luta e gestão democrática. No que tange a carreira docente, defendemos lutar contra a desestruturação e batalhar por uma carreira com critérios universais de progressão, baseados na qualificação e no tempo de serviço e sem clausulas de impedimento. Além disso, defendemos o piso salarial do DIEESE para professor 20h na base da carreira e progressões uniformes

O trabalho de mobilização feito a partir das bases não só é fundamental como é a única maneira de produzir uma efetiva articulação do conjunto da universidade e da categoria docente. A atualização da pauta interna, que está sendo levada a cabo pela atual gestão, com a participação de todas as unidades e com os debates feitos pela categoria em torno dela nas Assembleias Gerais é um fator imprescindível desta mobilização que, ao mesmo tempo, permite aprimorar o conhecimento sobre as reais condições de trabalho e estudo na UFF. A ampliação do debate e da mobilização é fundamental para que tenhamos força para exigir a democratização da gestão universitária e o respeito aos fóruns deliberativos da UFF,

garantindo à comunidade acadêmica o controle sobre o processo de expansão. Consideramos que também é fundamental a unidade na luta e continuidade da relação da ADUFF com as entidades das outras categorias que formam a comunidade universitária, fortalecendo, assim, a representação do movimento docente nos fóruns dos setores combativos do movimento estudantil e dos servidores técnico-administrativos.

Quais são as especificidades do interior e de que forma a nova chapa pretende construir o diálogo com os docentes que trabalham nesses locais? Os diferentes polos e unidades da UFF sofrem graus distintos de precarização e têm demandas específicas. Diversas são as frentes pelas quais pretendemos aprofundar o diálogo. A própria composição da chapa indica a proposta de diálogo, pois conta com representantes dos mais diferentes polos e unidades, possibilitando, assim, que a realidade de uma Universidade multi-campi fosse contemplada. A continuidade da prática do Sindicato Itinerante, efetivada pela atual diretoria, também nos parece uma estratégia acertada para consolidar uma maior integração junto às unidades e polos da Universidade. Por fim, a valorização do Conselho de Representantes, onde todas as unidades estão representadas, como uma forma onde as pautas e demandas específicas possam fazer ainda mais parte dos debates e lutas cotidianos da ADUFF. Quais são os principais pontos de enfrentamento com a reitoria? Nossos principais pontos de enfrentamento com a reitoria referem-se a não conclusão das obras nos campi e efetivação das edificações necessárias, bem como a não divulgação dos projetos e plantas; a não participação da comunidade acadêmica no controle das obras na Universidade, por meio de realização de audiências públicas e consultas públicas com a finalidade de valorizar o trabalho de auditoria das obras. Há a necessidade de acompanhar e intervir nos fóruns deliberativos da UFF, trabalhando sempre pela democratização da gestão universitária.


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Em Rio das Ostras, prédio é construído e inaugurado sem rede de esgoto Lara Abib

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Lara Abib

mbora no letreiro do prédio esteja escrito “Multiuso UFF”, a verdade é que a edificação pensada como um espaço conjunto de todos os cursos na UFF, em Rio das Ostras, está sem condições de funcionamento. O motivo? O prédio foi construído e inaugurado sem rede de esgoto. E mais. Ainda que tenha sido projetado para comportar salas de aula, foi erguido sem divisórias estruturais. Não há salas, apenas dois andares completamente vazios que nem de longe apresentam instalações internas adequadas. Vale ressaltar que depois de anos de espera, o prédio foi finalizado neste verão, período em que a cidade de Rio das Ostras recebe inúmeros visitantes. Entretanto, o crescimento efetivo das condições de trabalho e estudo é apenas fachada. Sem rede de esgoto e sem divisórias internas, o prédio está inviabilizado para ser ocupado e possibilitar a realização do trabalho de ensino, pesquisa e extensão. O prédio “Multiuso” da UFF é só mais um no canteiro de obras caótico que virou a Federal Fluminense depois do Reuni, principalmente no interior. Em Rio das Ostras, o projeto original de instalação da Universidade na cidade previa um campus com três blocos, onde estariam contemplados todos

os cursos com seus laboratórios, sala de professores, biblioteca, sala de informática e auditório. O projeto, feito em 2007, tinha como prazo previsto de finalização o ano de 2009. Para comportar os primeiros cursos – seguindo a lógica de expansão do governo federal de abrir as vagas primeiro e construir infraestrutura para o funcionamento dos cursos depois – a UFF se alojou, “temporariamente”, numa escola de ensino fundamental. O prédio seria posteriormente cedido à prefeitura, que o administraria como um colégio, como ele foi pensado para ser. O problema é que a infraestrutura nunca veio. Quase nada foi construído, a UFF se mantém em uma estrutura insuficiente, pensada para o ensino fundamental, e containers foram alugados para funcionarem como salas de aulas, na medida em que o prédio feito para abrigar um colégio esgotou suas alternativas para atender as demandas de uma universidade pública. “As condições de trabalho em Rio das Ostras estão e sempre foram muito ruins. Não existe sinalização de superamos os containers. Um container abriga mais de 20 docentess, que dividem o espaço como sala de professores. Com tantos professores numa única ‘sala’, não há espaço para atendermos os alunos. O prédio

pensado para o ensino fundamental não tem estrutura para comportar uma universidade. Exemplo disso é que livros estão sendo retirados da biblioteca e colocados também em containers, por conta do espaço reduzido”, ressalta o professor do curso de Serviço Social e diretor da ADUFF, Wanderson Melo.

Sem resposta Ao procurarem respostas, os docentes, técnicos e estudantes da UFF em Rio das Ostras ouviram da reitoria que a rede de esgoto já deveria ter sido feita pela prefeitura do município. Das divisórias do prédio, ninguém fala. De acordo com docentes, os técnicos do departamento de engenharia da UFF afirmaram que o projeto do prédio Multiuso não passou por eles. A reitoria não apresenta solução. E tanto professores quanto técnicos e alunos temem que a saída, quando for apresentada, seja, mais uma vez, a gambiarra. Divisórias removíveis, como as de madeirite, são péssimas em termos de acústica. Isto é, existe a possibilidade concreta de alunos e professores ouvirem, de sua sala de aula, a aula que está sen-

Sem rede de esgoto, prédio “Multiuso” na UFF em Rio das Ostras não tem condições de funcionar

do dada por outro professor. Isso quando a rede de esgoto for construída pela Prefeitura de Rio das Ostras.

Mobilização Com o intuito de defender a educação pública, gratuita e de qualidade, alunos, professores e técnicos se reuniram em plenária no dia 26 de março e constituíram o Comando de Mobilização da UFF de Rio das Ostras. Em documento panfletado em ato no dia 2 de abril, eles dizem se recusar “aceitar que a educação seja utilizada enquanto propaganda governamental no contexto da expansão precarizada”. No documento, exigem melhores condições de trabalho e de estudos e a conclusão imediata das obras de infraestrutura. Na reunião descentralizada, aprovada em assembleia geral, realizada em Rio das Ostras, os docentes incorporaram suas reinvindações específicas à pauta interna dos professores da UFF.


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“Um passado que não passa”

50 anos do Golpe:

Arte sobre foto de Evandro Teixeira

GT de História do Movimento Docente resgata impactos da ditadura na UFF

Catherine Lira

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Golpe Empresarial Militar de 1964 que implementou a ditadura civil-militar no Brasil completa 50 anos em 2014. Fazendo coro a diversas tentativas de relembrar esta parte da história do país e a íntima relação do regime com políticas aplicadas até hoje no Brasil, em especial na educação, o Grupo de Trabalho de Historia do Movimento Docente da ADUFF está realizando um projeto de resgate de memória, investigação, e, sobretudo dos impactos da ditadura na universidade. O projeto se debruça sobre a relação interna e externa do regime com a UFF e as consequências dessa relação na dinâmica da universidade e na sua produção de saberes. O projeto “Memórias da Ditadura Militar na UFF” se divide em duas partes de pesquisa. A primeira, realizada atualmente, considera a história oral dos envolvidos. Para isso, várias entrevistas foram feitas, especialmente com docentes e ex-alunos que lecionaram e estudaram na UFF neste período, além de pesquisadores do assunto. Essa pesquisa dará origem a um vídeo. Posteriormente, o GT divulgará um material escrito a partir de uma pesquisa documental. “Em Jurujuba, existem 25 caixas de documentos das Assessorias de Segurança e Informações (ASI) – um dos órgãos que fiscalizavam e exerciam vigilância sobre os órgãos públicos - que atuavam na UFF. Mas só conseguimos acesso a elas este ano. Dentre os materiais analisados estão fichas de professores, monitoramento de atividades, apreensão de cópias para analise dos órgãos de informação. A ideia é tornar tudo isso público e, em breve, fazer um trabalho de investigação que tenha sequência”, afirma Rafael Vieira, doutorando em Direito na UFF que atuou como professor substituto da Universidade, em 2103, e faz parte do grupo de pesquisa do GT. Ele conta que o trabalho mais difícil é reunir essas informações, porque elas aparecem incompletas e difusas. Existem chances reais de parte desses documentos terem sido destruídos”, avalia. Também participante do GT, o diretor da ADUFF, Wanderson Melo, ressalta que o projeto surge num contexto mais amplo de apuração histórica e destaca a criação da Comissão da Verdade do Andes-SN, em 2013, como um momento importante no movimento docente. Wanderson ressalta que a própria administração central da UFF também

formou uma Comissão da Verdade interna, mas que o GT da ADUFF optou por não participar dela diretamente, na tentativa de fazer um trabalho autônomo, sem excluir as possibilidades de troca e complementação de ambos os processos. “Tentamos resguardar uma perspectiva de autonomia, já que em alguma medida é um trabalho que reconta a historia da própria ADUFF, do processo de formação dela, como se deu o quadro geral que permitiu que as vozes que foram sufocadas e silenciadas na ditadura pudessem, primeiro constituir uma associação de professores, para depois tornarem-se sindicato”, avalia.

“Legados” da ditadura Rafael aponta três consequências da ditadura civil militar na dinâmica atual da universidade. A formação de uma universidade com tendências privatistas; uma universidade cujo ensino é pautado no ensino tecnicista, sem se preocupar com as consequências sociais da produção de um determinado saber e uma universidade submissa à procedimentos antidemocráticos. “Como uma parte dos professores críticos foram cassados, isso gerou uma quebra na construção de uma forma diferente de percepção da universidade. Cabe a nós retomá-la”, aponta. Rafael destaca ainda que aceitou fazer parte do projeto por perceber no presente os impactos da ditadura. “Logo quando o golpe completa 50 anos, o governo federal autoriza a ocupação militar na Maré. Quando os moradores da Maré se insurgem contra os arbítrios da polícia e do Exército, eles, de alguma maneira, recuperam no plano da ação esse conjunto de lutas que foi realizado naquele tempo. As disputas travadas hoje são as disputas sobre a memória do tempo presente, as interpretações dominantes também no ceio da academia, que tentam amenizar o impacto da ditadura no conjunto da sociedade brasileira, que tentaram amenizar, por exemplo, a estreita vinculação da ditadura e os interesses empresariais”, finaliza.

Reuniões dos GTs As reuniões de todos os grupos de trabalho da ADUFF, entre eles o de História do Movimento Docente, acontecem periodicamente e são divulgadas no site da entidade.

Participe!


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Depois de 8 anos, Justiça concede assentamento ao MST no Rio de Janeiro

Ramiro Dulch

Famílias do acampamento Osvaldo de Oliveira em reunião de formação Lara Abib

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epois de três anos e meio de muita luta, as 78 famílias do acampamento Osvaldo de Oliveira, em Macaé (RJ), finalmente poderão dormir mais tranquilas. No dia 27 de fevereiro, o Juiz Eduardo Aidê Bueno de Camargo assinou a emissão da posse da Fazenda Bom Jardim, possibilitando o início do processo de assentamento das famílias que, desde meados de 2010, se organizavam na luta pela reforma agrária. Vale ressaltar que o último assentamento no estado do Rio de Janeiro, em áreas do MST, aconteceu em 2007, há 8 longos anos. O acampamento passou por 4 despejos, sendo um deles muito violento. Policiais deram 30 minutos para que as famílias saíssem, e em seguida queimaram todos os barracos, ainda com pertences dentro. Todos os Sem Terra, incluindo mulheres e crianças, dormiram ao relento até serem acolhidos pela igreja local. Depois de diversas mobilizações, as famílias conseguiram a desapropriação da terra, provando que a reforma agrária no Brasil

só é realizada através de muita luta. O papel da Universidade Desde a sua fundação, os professores da UFF em Rio das Ostras, Ramiro Dulch e Kátia Marro, acompanham o acampamento Osvaldo de Oliveira. Além de desenvolverem projetos de extensão dentro da Universidade, com participação majoritária de alunos do curso de Serviço Social e Enfermagem, os docentes elaboraram, em parceria com o MST, um programa de assessoria de questões de saúde e direitos para os acampados, visando a ocupação da Fazenda Bom Jardim e sua posterior desapropriação. De acordo com a professora do curso de Serviço Social, Kátia Marro, no início do projeto o principal trabalho era tentar construir uma convivência harmoniosa entre as famílias, ajudando na administração dos conflitos internos junto à coordenação estadual do MST. Entretanto, com o passar do tempo e com a iminência da desapropriação – desde 2012 o Incra havia determinando que a fazendo seria, de fato, desapropriada – os

docentes começaram a investir no objetivo primário do projeto: formação política. “Aprofundamos o debate com as famílias porque sabíamos que elas deveriam estar preparadas. Afinal, o projeto de assentamento era de uma modalidade diferenciada, o PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável), que pressupõe uma dinâmica de preservação do território ocupado. Intensificamos, portanto, discussões que foram desde a origem da luta pela terra até a formação em agroecologia. Esse foi um diferencial e uma experiência vital no diálogo com o Ministério Público. Foi a presença da Universidade que permitiu ao Ministério Público bancar o projeto. E eu não estou dizendo isso para falar que o mérito é nosso, mas para ressaltar qual é o papel da Universidade Pública e o diferencial que ela faz quando ela se coloca ao lado de seus verdadeiros detentores: a classe trabalhadora”, afirma Kátia Marro. A professora ressalta ainda que o trabalho no acampamento serviu para desmistificar preconceito dos estudantes com o MST, apresentando o que, de fato,

é o movimento e possibilitando a troca de experiência. “Ao mesmo tempo que a gente vai lá, procuramos construir uma agenda acadêmica que traga os trabalhadores sem terra até aqui, para que eles entendam que esse lugar é deles. Quem ganha com esse intercâmbio é a própria Universidade Pública”, finaliza.

PDS O PDS, projeto de desenvolvimento sustentável, tem características bem diferentes dos assentamentos convencionais. Por se tratar de um projeto de sustentabilidade ambiental, como o próprio nome diz, é amparado por um conjunto de atores e é gerido por um comitê formado pelo poder público, instituições de pesquisa nas áreas e organizações da sociedade civil. Na verdade, trata-se de uma área destinada a ser reserva ambiental, onde residirá uma comunidade (no caso, do MST) que se dedicará a reflorestar e recompor aquele ambiente, além de produzir alimentos de forma agroecológica.


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