CLASSE #2

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Foto: Naldinho Lourenço/Imagens do Povo

xo da Maré quando ia comprar pão, no dia 4 de dezembro.

(entre elas a de direitos) aos(às) trabalhadores(as), exige o reforço da repressão policial, da criminalização de comportamentos, da jurisdicialização dos conflitos. Criminalização da pobreza é como chamam mais corriqueiramente esse processo. E se esses mesmos trabalhadores ousam ainda se organizar e, eventualmente, mobilizar-se para exigir, a receita não poderia ser outra: criminalização dos movimentos e organizações da Classe. Esse não é um fenômeno brasileiro: Loïc Wacquant, Claudia Koroll e Mike Davis (resenhado por

Maurício Vieira) demonstram a escala planetária (como planetário é o violento avanço expropriativo e exploratório do capital) do fenômeno da implantação de um verdadeiro Estado policial-penal cujo objetivo é controlar as populações trabalhadoras e os territórios que habitam. Todos sabemos, entretanto, pela simples leitura dos relatórios das organizações internacionais envolvidas na questão dos direitos humanos, que o Brasil não é campeão apenas de futebol, mas que a violência de Estado contra os cidadãos assume aqui proporções absurdas. Neste número de Classe, através de três entrevistas, damos voz ao coronel Mário Sérgio Duarte, ex-comandante do BOPE e atual presidente do Instituto de Segurança Pública, de forma a deixar evidente as bases da atual política de “segurança” pública. Ouvimos Cecília Coimbra, professora aposentada da UFF e presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, para entender como a ditadura militar ainda vive na ditadura do mercado. E José Damião Trindade, ex-presidente da Associação de Procuradores do Estado de São Paulo, que nos deu uma aula sobre a história dos direitos humanos. Ao fim da leitura dessas entrevistas assumimos a escolha por Prometeu, que nos apresenta Damião e diante de um capitalismo regressivo em que “não há mais nenhuma esperança de melhoria social significativa” escolhemos lutar pelos direitos humanos da única e necessária forma em que ela pode ser feita hoje, como uma luta de Classe(s), contra a ordem do capital. E com Cecília afirmamos que como “toda identidade é conservadora se não lutar contra o capital”, nossa identidade é anti-capitalista, pela humanidade livre, é identidade de Classe.

CLASSE – Revista da Associação dos Docentes da UFF – OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO/2008

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