1. Indicação bibliográfica Mcluhan, Marshall – Os meios de comunicação com extensões do homem. São Paulo: Cultrix, 15ª reimpressão da edição de 1969. Páginas 21 a 37, Primeira parte – 1 - O meio é a mensagem
2. Resumo O meio é a mensagem O autor propõe a discussão sobre a introdução e influência de novas tecnologias na sociedade humana. A afirmativa “o meio é a mensagem” significa que as consequências sociais e pessoais de qualquer meio são o resultado do novo padrão introduzido em nossas vidas – por uma nova tecnologia ou extensão de nós mesmos. Tópicos principais Nossa cultura está acostumada a dividir e estilhaçar todas as coisas como forma de controlá-las. Ao mesmo tempo em que a automação elimina empregos, ela cria a sensação de participação nas atividades das pessoas, oferecendo um sentido aquilo que realizam (o padrão mecânico instituído anteriormente não lhes proporcionava isso). A automação é integral e descentralizadora, enquanto a máquina era fragmentária, centralizadora e superficial na estrutura das relações humanas. O conteúdo de qualquer meio ou veículo é sempre outro meio ou veículo. A automação, também chamada de progresso, não introduziu funções na sociedade humana, mas acelerou e ampliou a escala das atividades existentes, criando novos tipos de cidades, trabalho e lazer. É o meio que confirma e controla a proporção e a forma das ações e associações humanas. Não percebemos algo que não ofereça conteúdo. A luz elétrica, por exemplo, só é percebida como meio de comunicação quando utilizada no registro do nome de algum produto. Não notamos a luz em si, mas o seu conteúdo. A tecnologia pode fazer tudo, menos somar-se ao que já somos. O paradoxo da mecanização está no fato de ser, ela mesma, a causa do desenvolvimento e das mudanças, enquanto seu princípio exclui a possibilidade de crescimento ou entendimento das transformações. A natureza fragmentada ou sequencial da mecanização se revelou mais claramente com a invenção do cinema. O cinema, por meio da aceleração mecânica, pura e simples, nos transporta do mundo das sequências e encadeamentos para o mundo das estruturas e configurações criativas. A mensagem do cinema enquanto meio é a mensagem da sucessão linear para a configuração. Tratava-se de um universo de ilusões triunfantes e de sonhos que o dinheiro podia comprar. Foi nesta fase do cinema que surgiu o cubismo – que era a substituição de um ‘ponto de vista’ por todas as facetas do objeto apresentadas simultaneamente (planos contraditórios, conflito de estruturas, luzes e texturas). O cubismo exibe o dentro e o fora, o acima e o abaixo, a frente e as costas, em duas dimensões, desfazendo a ilusão perspectiva para que seja apreendido o todo simultaneamente. Na França, a saturação cultural da palavra impressa homogeneizou a nação, tornando os franceses ‘iguais’ ao norte e ao sul. A Inglaterra rejeitou este princípio, permanecendo fiel à tradição oral, o que resultou na quantidade descontínua e imprevisível da cultura inglesa. Os meios têm o poder de impor seus pressupostos e sua própria adoção aos desprevenidos. Por meio da tecnologia ocidental, a velocidade elétrica revela suas linhas de força, operando até mesmo em áreas remotas. Um exemplo disso é o beduíno que carrega em seu camelo o rádio transistor. Essa é uma ação natural da tecnologia: inundar os nativos com conceitos para os quais não foram preparados.