Ensaio sobre a análise fílmica

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1. Indicação bibliográfica Vanoye, Francis e Goliot-Lété, Anne – Ensaio sobre a análise fílmica. S.Paulo, ed. Papirus, 7ª ed., 2011.

2. Resumo Tendo em vista que a análise fílmica não é um fim em si – é uma prática que procede de um pedido, o qual está situado em um contexto (institucional). Porém, esse contexto é variável, e disso resultam demandas igualmente variáveis. A definição do contexto é fundamental para o enquadramento da análise. Dessa forma, a obra pretende transmitir alguns princípios, instrumentos, condutas válidas em todos os contextos, a partir do momento em que se parte de um objeto-filme para analisá-lo, ou seja, para desmontá-lo e reconstruí-lo de acordo com uma ou várias opções a serem precisadas. Está explícito o esforço por compreender exatamente os elementos expostos para o desenvolvimento da análise fílmica. Primeiramente, propõe alguns pontos de reflexão geral relativos à história das formas cinematográficas, as ferramentas da narratologia e os problemas da interpretação. Em seguida, propõe análises do plano isolado ao filme inteiro. Na segunda parte são apresentadas análises práticas – que não são exemplos, visto que se apresentam parciais, incompletas, e poderiam ser reduzidas, prolongadas ou reenquadradas. Apenas servem para completar as reflexões da primeira parte, operando o encontro entre princípios gerais e o material fílmico real. Filmes de Grifith, Hitchcock, Truffaut, Angelopoulos e Jarmush, entre outros, compõem o elenco das obras apresentado pelos autores para estimular o desenvolvimento da capacidade analítica (e crítica) em cinema. Os obstáculos à análise – Obstáculos de ordem material

Foi possível ver algumas análises perseguindo em vão o mito de uma descrição exaustiva do filme. Empreendimento evidentemente fadado ao fracasso. (p.10). Analisar um filme implica que se veja e reveja o filme. Muitos críticos e teóricos cometeram erros baseando-se numa visão única de um filme. (p.11). O analista deverá estabelecer um dispositivo de observação do filme se não quiser se expor a erros ou averiguações incessantes. (...) Deve aprender a anotar, se proporcionar. (...) A partir do início do processo de análise, não se é mais um espectador “comum” (...). (p.11).

Obstáculos de ordem psicológica

A descrição e a análise vêm de um processo de compreensão, de (re)constituição de um outro objeto, o filme acabado passado pelo crivo da análise, da interpretação. (p.12). Analisar um filme não é mais vê-lo, é revê-lo e, mais ainda, examiná-lo tecnicamente. (...) desmontar um filme é estender seu registro perceptivo e, com isso, se o filme for realmente rico, usufruí-lo melhor. (p.12). O trabalho de análise tem dois motivos: a análise trabalha o filme, no sentido em que ela o faz “mover-se”, ou faz se mexerem suas significações, seu impacto. Além disso, a análise trabalha o analista, recolocando em questão suas primeiras percepções e impressões, conduzindo-o a reconsiderar suas hipóteses ou suas opções para consolidá-las ou invalidá-las. (p.12). Estamos cercados por um dilúvio de imagens. Seu número é tão grande, estão presentes tão “naturalmente”, são tão fáceis de consumir que nos esquecemos de que são o produto de múltiplas manipulações, complexas, ás vezes muito elaboradas. O desafio da análise talvez seja reforçar o deslumbramento do espectador, tornando, porém, esse deslumbramento participante. (p.13). Impressões, emoções e intuições nascem da relação do espectador com o filme. A origem de algumas delas pode dizer mais do espectador que do filme (porque o espectador tende a projetar no filme suas próprias preocupações). O filme, no entanto, permanece a base na qual suas projeções se apoiam. (p.13).

O que é analisar um filme?

A análise fílmica significa duas coisas: a atividade de analisar e o resultado dessa atividade. A reflexão que se segue questiona, sobretudo, a atividade. (p.14).

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Ensaio sobre a análise fílmica by Adriana Brumer Lourencini - Issuu