Valorização do Património Natural das Terras do Sousa

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Valorização do património natural das Terras do Sousa

Flora Começando o percurso no fundo do pequeno vale na extremidade oposta à lagoa, atravessamos um eucaliptal antigo cujas árvores, eucaliptos e alguns pinheiros mansos, têm já vários anos de vida. Por baixo da copa das árvores, desenvolve-se um vasto giestal de giesta das serras, mongoriça e tojo arnal. Chegando à base do vale, onde estão ancorados campos agrícolas, as orlas começam a mostrar árvores como o carvalho alvarinho, o pilriteiro, sebes de silva, plantas herbáceas como a labaça de folhas largas e fetos como o feto pente. Segue-se uma zona muito interessante, com taludes onde goteja a água vinda das encostas. Aqui, o feto pente abunda, juntamente com as briófitas dos géneros

Polytrichum e Sphagnum. Uma das espécies deste género, o Sphagnum cymbilifolium, tem propriedades medicinais muito interessantes, sendo que manifesta: no estado fresco, propriedades anti-sépticas; no estado seco, óptimas capacidades absorventes. Pode ser assim utilizada com muito sucesso no tratamento de feridas. Diz-se que exemplares de Sphagnum cymbilifolium terão salvo a vida de milhares de soldados na Primeira Guerra Mundial, ao serem utilizados como ligadura. As folhas do feto pente são acentuadamente dimórficas: as folhas estéreis são numerosas e radicalmente diferentes em forma das folhas férteis, que são geralmente pouco numerosas e dispostas interiormente no tufo foliar. Este é um feto tipicamente ripícola, muito frequente em lugares húmidos e sombrios, encontrando-se de uma forma geral em carvalhais. Exsitem também taludes mais secos, onde se encontram os umbigos de Vénus, líquenes e a reseda de fruto estrelado. Na beira do caminho observam-se gramíneas do género Agrostis, como o famanco e Agrostis x foulladei. Vai assim surgindo uma galeria ripícola original, muito bem preservada, no meio de um eucaliptal plantado. No troço inicial da linha de água observam-se plantas higrófilas como o junco e o dáctilo dos lameiros. Há registos do uso do dáctilo dos lameiros no tratamento de tumores. Surgem ainda Brachypodium rupestre, a dedaleira, planta de grande toxicidade, mas que possui notável acção cardio-tónica e que é utilizada com benefício no tratamento da hidropisia. No Ponto de Água de Lustosa, uma série de plantas muito interessantes circunda a represa. Surgem arbustos como as silvas, a giesta das serras e o tojo arnal. Além do junco, salgueiros negros e tabúas largas adornam o lençol de água. A tabúa larga manifesta, entre outras, propriedades diuréticas, sendo utilizada no tratamento de cálculos renais.

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