Valorização do Património Natural das Terras do Sousa

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ACTAS 3º Simpósio sobre Mineração e Metalurgia Históricas no Sudoeste Europeu SEDPGYM

início da década de trinta, subsidiada com os lucros obtidos com o carvão. O mercado inglês absorvia toda a produção não necessária no país, exportando-se o minério por purificar. A mina, bem como as infra-estruturas construídas, com engenho de pisoar e armazém, passariam depois para companhias privadas. Mas o auge da exploração mineira do antimónio seria atingido nas décadas de setenta e oitenta do século XIX, momento de maior expansão das lavras e construção da logística de apoio, com a presença também de grandes companhias estrangeiras, situação plasmada no Catálogo Descritivo da Secção de Minas da Exposição Nacional das Industrias Fabris, publicado em 1889 (Monteiro & Barata 1889), e em outros relatórios técnicos da época. Nos anos noventa, o desinteresse do mercado inglês provocaria uma quebra abrupta da produção, que jamais voltaria a atingir estes níveis, apesar de fugazes picos durante a II Guerra Mundial e na década de sessenta do século XX.

Conclusões

Curiosamente, se sobre as minas romanas não sabemos muito mas se mantém vivo o interesse, esta experiência oitocentista parece menos relevante na memória colectiva, ainda que tenha envolvido mão de obra local, quadros técnicos nacionais e estrangeiros e motivado, simultaneamente, o apoio das populações, pelo sonho de emprego e progresso, e o repúdio, por verem disputada ou desrespeitada a posse e usufruição dos montes, tão necessários ao equilíbrio da pequena economia rural. Todo este património industrial sofreu ainda um maior esquecimento e destruição do que o anterior, sendo significativo que o último equipamento completo que ainda vimos montado, o de Montalto, tenha sido vendido para a sucata exactamente quando, no monte, a florestação industrial causava os estragos denunciados. Embora exista, pelo menos desde 1975, um plano de salvaguarda para toda esta mancha de interesse natural e cultural que vai de Valongo até ao Douro, reforçado com projectos parciais de Reserva Nacional (1981), decreto regulamentar (1984), projectos de estudo das especialidades (1984 entre outros) e um projecto de Parque Regional por três vezes apresentado na Assembleia da República desde 2000, o património que resta do Couto Mineiro do Baixo-Douro, na sua completa extensão e longa diacronia, parece continuar sem um rumo definido, com excepção do abrangido pela área do Parque Paleozóico de Valongo onde o trabalho de parceria entre a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e a Câmara Municipal de Valongo, foi recentemente reconhecido pelo Grupo português da ProGEO, uma associação international que se dedica à Protecção do Património Geológico. O Prémio Geoconservação 2005 foi atribuído por esta associação à Câmara Municipal de Valongo pelo facto do Parque Paleozóico de Valongo corresponder a uma acção concreta já implementada e com provas dadas, constituindo um exemplo de Geoconservação que deve ser seguido e adaptado pelos outros municípios que com ela partilham estas serras. 376


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