06 06 13 especial gonzagão

Page 55

Em 1982, já no final da vida, o Rei do Baião voltou definitivamente à sua cidade natal para morar na Fazenda Aza Branca. O lugar, que ele fez questão de construir como um museu de sua própria trajetória, também foi palco, na noite de ontem (13/12), para a festa dos seus 100 anos.

cantarem versões sem que houvesse repetição. Alcymar lembrou que foi seu compadre Gonzaga, padrinho de seu filho, que lhe deu a dica de adotar uma identidade visual. Por isso que, mais uma vez, Alcymar apareceu todo de branco.

Se a obra de Gonzaga tem a cara de sua vida, estar no Parque Aza Branca nesse dia 13/12 foi talvez a forma de estar mais perto de Luiz. É lá onde está intacta sua última casa, com todos os seus móveis e quadros. É lá onde está o seu Juazeiro, em referência àquele que lhe inspirou para canções de amor. É lá ainda onde está o mausoléu com os restos mortais de Gonzagão. Mas, no dia do seu centenário, ele estava vivo. Vivo porque foi cantado e revisitado com tanto carinho por seus parceiros e admiradores. Vivo porque foi dançado por seus conterrâneos e por aqueles que vieram de longe para saudá-lo. Vivo porque foi celebrado, por seus contemporâneos ou não.

Público

Shows A noite de shows começou com um “parabéns” cantado por João Silva, um de seus maiores parceiros musicais, ao lado de Taís Nogueira. Teve até bolo dividido com a plateia e queima de fogos. Depois da primeira apresentação, que contou com a participação de Dominguinhos, João saiu do palco querendo ficar. “Quando estou aqui no Exu, parece que ele está aqui de novo”, disse o compositor, que tem cerca de 130 músicas com Gonzaga, dentre elas “Vou te matar de cheiro”, “Meu Araripe” e “Deixa a tanga voar”, que ele não poderia deixar de cantar. Quando Josildo Sá entrou no palco, já encontrou o terreno quente. E dançava gente de toda idade. Desde os que viveram o apogeu de Gonzaga aos que chegaram depois que o rei já tinha ido. Emocionado, Josildo prestou reverência ao seu ídolo. “Estar aqui hoje é muito emocionante. As minhas palavras de homenagem vão vir em forma de música”, disse, emendando mais forró. Com um repertório generoso, deu ainda para Alcymar Monteiro e Adelmário Coelho, que fecharam a noite,

Na plateia, Sr. Portela e D. Delma dançavam em meio a um sem número de casais. Vieram de Salgueiro (PE), no Sertão Central, com camisa especialmente feita para homenagear o rei. O público era tão repleto que contava ainda com exuenses, recifenses, paulistas, cearenses,… gente de gibão, bota e chapéu de couro, só para festejar. Ao lado da mãe, Hyalu e Hyago, de 6 e 7 anos, cantaram suas músicas preferidas. Para ela, “A Feira de Caruaru”. Para ele, “Respeita Januário”, que eles já sabem de cor. Na noite de quinta (13/12), Gonzaga provou mais uma vez sua universalidade, permitindo que todo mundo se esbaldasse ao som do seu repertório. E ainda teve gente que, 100 anos depois, jura que viu de novo caindo estrela cadente na noite do 13 de dezembro….

De pai pra filho No início desta mesma noite, a exibição do filme “Gonzaga: de pai para filho” lotou o Parque Aza Branca. O longa-metragem do cineasta carioca Breno Silveira teve uma das suas sessões mais especiais no Exu, uma das locações da obra. Na plateia, estavam os moradores da cidade e pessoas que conheceram Seu Lula. “Esse filme é bom mesmo”, sussurrou um espectador. “Esse menino se parece muito com o filho de Gonzagão”, lembrava outro. Observando a reação do público, era impossível não notar que todos, ao seu modo, acompanhavam todas as músicas do filme, seja cantando mais alto ou batendo o pé. Ao que tudo indica, “Gonzaga: de pai para filho” parece ter tido a sua aprovação no berço do sanfoneiro. 55


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.