Financeiro 95 - Dezembro 2015

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Um Brasil melhor

para as futuras gerações

edição

95 Dezembro/ Janeiro 2016

Joaquim Barbosa

10º SIAC expõe as dificuldades do País, mas mostra que ainda há soluções para dias mais seguros Delfim Netto

Eduardo Giannetti da Fonseca

James Conrad

Monica de Bolle “A desordem no Brasil é grande demais para que qualquer agente se anime com ‘ativos baratos’ e com ‘o país em liquidação’ ”



Fotos: luciano Piva

conteúdofinanceiro

13 Pesquisa ACREFI / TNS James Conrad, 5 Editorial 8 10o SIAC Érico Ferreira

presidente da ACREFI “O meu sonho é que acabássemos de vez com a corrupção”

10 Giannetti da Fonseca

economista “Toda crise, enquanto se desenrola, é a pior que o país já passou”

CEO da TNS, mostra o que pensam os empresários sobre o futuro do Brasil

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17 Prêmio Equilibrista (MG) Aquiles Leonardo Diniz, diretor do Banco Intermedium e vice-presidente da ACREFI

18 Entrevista do mês Monica Baumgarten de Bolle,

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pesquisadora do Peterson Institute for International Economic

11 Delfim Netto

12 Joaquim Barbosa

ex-presidente do STF “Os brasileiros vão passar por humilhação quando começarem os julgamentos, nos Estados Unidos, dos envolvidos na corrupção na Petrobras e da Fifa”

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Foto: Divulgação

ex-ministro da Fazenda “O Brasil não tem defeito de nascença. Ele tem defeito de administração”

18 janeiro 2016 financeiro

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conteúdofinanceiro

Foto: Luciano Piva

24 Atendimento ao cidadão Ouvidoria como instrumento de gestão de riscos

30 Justiça

1º Summit Jurídico ACREFI

38 Painel Cetip 40 Literatura

24

Ignácio de Loyola Brandão conquista mais um Jabuti

42 Adega

Carlos Cabral sugere vinhos que combinam com cada momento de celebração

Escreva o seu e-mail, faça seu comentário: acrefi@acrefi.org.br

47 Informe Fractal

Fotos: Divulgação

Artigos 23 Aquiles Leonardo Diniz ACREFI e Banco Intermedium

28 Denise Campos de Toledo Jornalista e comentarista de economia

42 4 financeiro janeiro 2016

Volvo S90

44

Foto: Shutterstock

40

44 Supermáquinas

34 Mauro Melo Credilink

36 Rodrigo Romero G100 Américas

50 Nicola Tingas ACREFI


Estado mínimo

editorial

já!

Foto: Mário Bock

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de verdade, para valer. Sua 015 ficará tristemente abrangência não se limitaria marcado com um dos às estatais “puras”, ou seja, anos mais conturbados as que são 100% controladas da História do Brasil. A prepelo Estado, mas alcançaria visão era de que o período também as que têm particifosse repleto de dificuldades, pação estatal, as de economas ninguém conseguiria mia mista e as autarquias. antever a avalanche de notíDe onde vem essa ideia? cias negativas que dominou Simples: de uma constatao ano, ainda mais tendo em ção prática. Os segmentos e vista que se iniciava um novo empresas em que o Estado mandato presidencial, em está presente são comprovaque costumam se renovar as damente ineficientes e trazem esperanças de mudanças na muitos custos indiretos à ecodireção positiva. Não foi o nomia (e, por extensão, a todos que aconteceu, como sabeÉrico Sodré Quirino Ferreira: os segmentos da população mos, e para piorar as perspresidente da ACREFI brasileira). pectivas também não são Se o Brasil não tiver mais nada animadoras para 2016, estatais teremos um País melhor. A privatização nem no campo político nem no econômico. Claro que nada disso autoriza a adoção de que aconteceu nos anos 1990, ainda que tímida, uma postura conformista. Nós, brasileiros, temos deixou vários exemplos dessa verdade. Veja-se um histórico de conviver com dificuldades e, por o caso da telefonia: os resultados positivos da maiores que elas sejam, sempre encontramos privatização desse setor foram imediatos e persaídas para vencer esses períodos em que obs- sistem até hoje. Na mesma linha, poderíamos privatizar táculos se interpõem à nossa caminhada diária, áreas prioritárias para o desenvolvimento do sempre voltada na direção de um futuro melhor. Não vamos desistir de ter um Brasil melhor País, que permanecem estagnadas sob a pesada para as gerações futuras. É por isso que a ACREFI mão do Estado. Na educação, por exemplo, por adotou, no seu seminário internacional (o 10º que não deixar o setor sob a gerência de grandes SIAC) realizado em novembro, o tema “O Brasil grupos que têm reconhecido expertise sobre o que nós sonhamos”. Por maiores que sejam as assunto? A saúde, outra área tão deficitária até adversidades, nós, brasileiros, não podemos nos aqui, também poderia passar para a batuta de curvar a elas. É preciso ter uma visão acurada companhias de sabida competência, que já mosdo cenário que enfrentamos e buscar saídas para traram na prática sua capacidade de administrar com competência esse setor. que a turbulência não se eternize. Exemplos dos benefícios da privatização, Nesse sentido, insistimos neste ano com a proposta de o Brasil adotar o “Pacto da Alvorada”, enfim, não faltam. E o momento que o Brasil em que representantes dos mais importantes enfrenta exige propostas que tenham como segmentos da sociedade brasileira se disponham marca ousadias desse tipo. Vamos, então, ser a sentar em torno de uma mesa e chegar a con- ousados, com os pés no chão, mas tendo a necessária coragem. Sem isso, estaremos consensos que permitam levar o País para a frente. Da mesma forma, apresentamos também denados a repetir indefinidamente as lamendurante o SIAC, de forma reduzida, uma pro- tações de que o Brasil, apesar de todo seu posta que é de vital importância para o futuro potencial, não consegue sair do lugar ou, pior, do Brasil. Trata-se de adotar como prioridade, começa a regredir – o que é inadmissível para com a máxima rapidez possível, um amplo pro- quem, como nós, sabe que temos tudo para ser grama de privatização. Seria uma privatização uma das nações líderes do planeta. f janeiro 2016 financeiro

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expediente

ISSN 1809-8843 Publicação da acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Líbero Badaró, 425 – 28°andar – São Paulo – SP Tel: (11) 3107-7177 fax: (11) 3106-6082 – www.acrefi.org.br Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-presidentes Aquiles Leonardo Diniz, Décio Carbonari de Almeida, Élcio Antonio Azevedo, Felicitas Renner, José Luiz Acar Pedro, Leonardo Marcondes Dadalto, Mauro Roberto Vasconcellos Gouvêa e Rubens Buttion Diretor Tesoureiro José Garcia Neto Diretores regionais Carlos Alberto Samogim, Edmar Casalatina, Eliseu Colman, Leonardo Bortolini, Luis Eduardo da Costa Carvalho, Marcos Rosa e Paulo Henrique P. Guimarães Diretores executivos Alexandre Teixeira, Gabriel José Gama Ferreira e João dos Santos Caritá Júnior Montadoras Edson Fróes Castilho, Edson Tadashi Ueda, Eduardo Tavares Nobre Varella, Gunnar Alejo Ramos Murillo, Joelcyr Carmello Filho e Nelson Dias de Aguiar Diretores conselheiros José Carlos Alves, Ricardo Janini e Roberto Jabali Conselho consultivo Alkindar de Toledo, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon (membros natos); Alarico Assumpção Júnior, Alencar Burti, Décio Carbonari de Almeida, Gilson Finkelsztain, Ilídio Gonçalves dos Santos, Luiz Tavarez e Miguel José Ribeiro de Oliveira (membros) Conselho fiscal Domingos Spina e Sérgio Darcy (efetivos) e Geraldo Lima Wandalsen (suplente) Diretor superintendente Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Consultora Jurídica Lívia Esteves Economista-chefe Nicola Tingas Assessoria contábil AG Silveira Contabilidade Auditoria Megacont Auditoria e Assessoria Contábil Assessoria de imprensa Tamer Comunicação Empresarial

Av. Brigadeiro Faria Lima, 1912, cj. 12b - Jardim Paulistano - São Paulo - SP - Tel.: (55.11) 3031.2388 - CEP: 01451-000 – www.tamer.com.br Publisher Sergio Tamer Redação Editores Theo Carnier e Gilberto de Almeida Editor assistente Gustavo Girotto Fotografia Mário Bock e Fernando Piva Arte Moacyr Mw Revisor Vicente dos Anjos Impressão Eskenazi Gráfica As matérias e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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Foto: Mário Bock

“O meu sonho é que acabássemos de vez com a corrupção” Érico Ferreira

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o abrir o 10º SIAC, Érico Ferreira, presidente da ACREFI, disse que ainda sustenta, diante da ineficiência do governo, a utopia de que um dia as estatais, as autarquias e as empresas de economia mista sejam privatizadas e afirmou também que o Brasil só será um país de primeiro mundo quando a educação se tornar a nossa verdadeira prioridade. Todo mundo tem um sonho. Diante dessa aspiração natural do ser humano, a ACREFI estabeleceu como proposta do 10º SIAC (Seminário Internacional ACREFI) o tema “O Brasil que nós sonhamos”. Realizado no dia 11 de novembro, no Teatro Cetip, em São Paulo, o evento reuniu este ano um público recorde, com mais de 650 pessoas, que, gratuitamente, acompanharam

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as palestras do economista Eduardo Giannetti da Fonseca, do ex-ministro Antônio Delfim Netto, do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, além da apresentação dos resultados da pesquisa sobre a percepção do brasileiro a respeito de aspectos políticos e econômicos que envolvem o País, conduzida por James Conrad, CEO da TNS Brasil. Apresentado pelo terceiro ano consecutivo pela jornalista Christiane Pelajo, o 10º SIAC foi patrocinado pela Cetip e pelo CNSeg, com apoio do Bradesco e da Credilink e o apoio institucional do Poupa Brasil. Antes de passar a palavra aos convidados, Érico Ferreira tomou a liberdade de compartilhar com a plateia do 10º SIAC a sua aspiração pessoal: “O meu sonho é que acabássemos de vez com a corrupção. Para isso – já que se trata de um sonho –,


sustento a utopia de que privatizássemos tudo, as estatais, as autarquias e as empresas de economia mista”, sugeriu Ferreira. “A iniciativa privada é muito mais eficiente do que o governo. Além disso, acabaria com o emprego estável dos funcionários públicos, pois não são capazes de gerir as necessidades básicas que o governo deveria garantir aos cidadãos: educação, segurança e saúde”, afirmou o presidente da ACREFI. Para finalizar, Érico Ferreira repetiu uma frase que tem manifestado há algum tempo: “O Brasil só será um país de primeiro mundo quando a educação se tornar a nossa verdadeira prioridade nacional”. Convidamos você para assistir às palestras completas do 10º SIAC no link: www.acrefi.org.br/tvacrefi/ videoteca.asp.

Foto: luciano Piva

seminário

Érico Ferreira: presidente da ACREFI

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Fotos: Mário Bock

seminário

“Toda crise, enquanto se desenrola, é a pior que o país já passou, pelo fato de que não se sabe até onde ela vai chegar”

Eduardo Giannetti da Fonseca

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estacado para tratar do tema “O Desafio da Produtividade com Inclusão Social” no 10º SIAC, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca disse que a aprovação das medidas do ajuste fiscal não é suficiente para resolver os problemas econômicos enfrentados pelo País. “Se o ministro Joaquim Levy conseguir aprovar o ajuste fiscal teremos, na melhor das hipóteses e por um ano, a dívida parando de crescer”, afirmou Giannetti. O economista destacou também que “há alguma coisa errada nas finanças públicas brasileiras” e esses problemas, especialmente de gestão dos recursos, estão em evidência agora. “E como querem resolver? Jogando para o nosso bolso. A sociedade civil não pode tolerar esse avanço em cima dos nossos recursos”, disse Giannetti, referindo-se às propostas de aumento de impostos, como o retorno da CPMF. Para ele, a saída apresentada pelo governo para aumentar a arrecadação e fechar as contas de 2016 dá apenas uma “sobrevida para um modelo que se esgotou e está falido”. Por isso, Giannetti avalia que é preciso repensar o tamanho e as funções do Estado no Brasil, uma vez que, segundo ele, o modelo em vigor há quase três décadas não atende sequer às necessidades básicas da população, como educação, saneamento, saúde pública e segurança. “O ciclo de expansão fiscal de 1988 chegou ao limite. Vamos

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ter que rever o pacto federativo no Brasil”, aponta o economista, para quem o dinheiro público deve ser gasto o mais perto possível de onde ele é arrecadado. “Cerca de 44% da renda nacional transita pelo setor público e a capacidade de investimento é irrisória”, garantiu Gianetti. A despeito das críticas ao momento atual político e econômico, Giannetti avalia que o Brasil, provavelmente, não está tão ruim quanto os indicadores de confiança detectados pelas pesquisas de opinião apontam. “Toda crise, enquanto se desenrola, é a pior que o país já passou, pelo fato de que não se sabe até onde ela vai chegar”, explicou o economista, lembrando que em outros momentos históricos, como o do impeachment de Fernando Collor e a crise mundial de 2009, quando o pessimismo também era proeminente. Giannetti também criticou a eficácia da interferência do governo na qualidade de vida da população. “Nós temos Estado demais. E não é porque ele está transferindo renda para quem precisa”, avaliou. O economista lembrou ainda que apenas 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto) é direcionado ao Programa Bolsa Família, enquanto o subsídio para empresários que se beneficiam do acesso ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é de 0,6%. “O Bolsa BNDES é maior que o Bolsa Família”, observou o economista, antes de concluir sua exposição no 10º SIAC.


“O Brasil não tem defeito de nascença. Ele tem defeito de administração” Antônio Delfim Netto

Fotos: luciano Piva

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ão há quem não pare para ouvir os comentários afiados do professor Antônio Delfim Netto. Ao participar pela segunda vez do SIAC, o ex-ministro da Fazenda afirmou na 10ª edição do evento organizado pela ACREFI que a atual crise econômica não é culpa do país. “O Brasil não tem nenhum defeito de nascença. Ele tem defeito de administração. Uma das principais causas do desacerto da economia é o completo abandono da produção de bens manufaturados direcionados à exportação. Esse é um problema que enfrentamos há 50 anos, mas que só se tornou mais evidente agora, com a queda progressiva do PIB.” Delfim destacou que um dos principais desafios do País é elevar a sua produtividade. De acordo com o ex-ministro, é preciso, ao mesmo tempo, fortalecer a infraestrutura e qualificar a força de trabalho. “Todo o crescimento deve vir do aumento da produtividade do trabalhador”, disse. Ele defendeu também que o Brasil explore melhor a sua “economia de escala”, aproveitando o grande potencial das exportações. De acordo com o ex-ministro da Fazenda, a despeito da boa performance das exportações gerada pelo agronegócio, um dos maiores desafios do Brasil é aumentar a produção e a exportação de produtos de alta tecnologia, que impactam positivamente a balança comercial porque são comercializados a preços mais elevados. Nesse campo, o país vem perdendo espaço para outros emergentes, como a Índia, por exemplo. A venda para o exterior desses bens, que em 2000 representou 10% do volume exportado, caiu para 5% em 2010. Ao longo dos últimos 20 anos, segundo Delfim, a indústria nacional perdeu cerca de US$ 412 bilhões por causa do câmbio. Segundo ele, a taxa de câmbio valorizada dificultou que a indústria brasileira tivesse competitividade para exportar e provocou, ainda, uma maior entrada de produtos importados no País. “O câmbio não é tudo, mas o câmbio e suas circunstâncias são bastante coisa”, afirmou. Delfim disse que no passado havia um crescimento “mais ou menos uniforme” entre o Produto Interno Bruto (PIB) da indústria, serviços e agricultura, mas que a partir dos anos de 1985 e 1986 começou a ser notado um distanciamento. “A indústria murchou. Com a valorização da moeda a partir de 2006 e 2007, houve uma separação muito grande entre a indústria e o PIB, com a demanda sendo suprida pela importação. Foi um problema de avaliação. O governo achava que faltava demanda, mas o que estava faltando era demanda para a indústria nacional”, afirmou Delfim. Além disso, o poder executivo do Brasil perdeu completamente o protagonismo. “Eles não têm condições de sugerir ao Congresso Nacional as mudanças estruturais necessárias para enfrentar os problemas de curto prazo”, garantiu o ex-ministro. “Precisamos ainda resolver as questões fundamentais, como:

seminário

a adoção de regras para a Previdência compatíveis com a realidade que vive o País; a desindexação do salário mínimo; a livre negociação salarial entre empresários e trabalhadores; as reformas do PIS/Cofins e do ICMS; maior controle do Bolsa Família; e trabalhar com um orçamento de base zero”, finalizou o ex-ministro da Fazenda.

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seminário Fotos: luciano Piva

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Joaquim Barbosa

“O Brasil e os brasileiros vão passar por uma verdadeira humilhação assim que começarem os primeiros julgamentos, nos Estados Unidos, de envolvidos nos esquemas de corrupção na Petrobras e da Fifa” 12 financeiro janeiro 2016

“Ética na Política e nos Negócios” foi o tema abordado pelo ministro Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o 10º SIAC. Por quase uma hora, o jurista reconheceu o excesso de processos trabalhistas, muitos dos quais poderiam ser evitados por meio de acordos entre as partes. “O problema é que, no Brasil, a Justiça é barata”, afirmou Barbosa. “E os advogados escrevem páginas e páginas nos processos.” O ex-presidente do STF lamentou também o fato de o Brasil ainda titubear em práticas de combate à corrupção. “O Brasil e os brasileiros vão passar por uma verdadeira humilhação assim que começarem os primeiros julgamentos, pela Justiça dos Estados Unidos, de envolvidos nos esquemas de corrupção na Petrobras e da Fifa. Barbosa lamentou o fato de o Brasil ser signatário da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em um acordo para evitar corrupção entre empresas e, segundo ele, o governo brasileiro ainda titubear nessas práticas. “A tolerância à corrupção pode causar danos aos investidores. A falta de ética pode ser deletéria na formação de preços, encarecendo-os, desde o mais simples aos supérfluos”, exemplificou o magistrado. Quanto ao Brasil, Barbosa afirmou que ainda há uma preocupação generalizada com a confusão que se faz no País entre o público e o privado. Para ele, a chave para solucionar o problema é ampliar os mecanismos de controle e de transparência.

Urnas seguras Ao responder algumas perguntas da plateia do SIAC, Barbosa classificou como “lenda urbana” as suposições de que houve fraude nas urnas eletrônicas na reeleição da Presidente da República, Dilma Rousseff, em 2014. “Isso não passa de lenda urbana”, afirmou. “A mesma urna que elegeu a senhora Dilma Rousseff também elege o senhor Aécio Neves, Geraldo Alckmin e os demais parlamentares por todo o País”, declarou o ex-ministro do STF, acrescentando que ele próprio serviu à Justiça Eleitoral por três anos e nunca presenciou um ato fraudulento em qualquer urna eletrônica. De acordo com Joaquim Barbosa, os questionamentos feitos às urnas eletrônicas ocorrem mais na internet e são irresponsáveis. Na visão do ex-presidente do STF, a urna eletrônica foi um grande avanço da Justiça Eleitoral e evita manipulação dos resultados. Para ele, o que há no Brasil, no âmbito eleitoral, é uma preocupação generalizada com a forma de financiamento das campanhas eleitorais. Segundo Barbosa, nenhuma empresa contribui com campanhas eleitorais por altruísmo, “há sempre interesse por trás”. Ele elogiou a extinção do financiamento do privado de campanha, decisão tomada pelo STF em setembro.


pesquisa

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m horizonte muito nebuloso e de pouca visibilidade. Essa previsão, típica de dias carrancudos, representa bem os resultados do levantamento realizado pela ACREFI, em parceria com a TNS Brasil, a partir da opinião de mil empresários a respeito da situação econômica do país. De acordo com a pesquisa, divulgada durante o 10º SIAC, a conjuntura do Brasil, para 66% dos entrevistados pelo estudo nacional, deve piorar. Segundo James Conrad, CEO da TNS Brasil, que apresentou os dados à plateia do 10º SIAC, a oferta de crédito, para 68% dos entrevistados, também deve piorar. Ainda, para 72% dos ouvidos, o consumo das famílias deve ser reduzido. “A preocupação em relação ao futuro atingiu 66% dos executivos consultados, sendo que somente 18% veem algum sinal de otimismo”, informou Conrad. A mesma pesquisa revelou ainda que apenas 11% acreditam que a presidente Dilma Rousseff vai obter êxito no combate à inflação. E 6% esperam em que ela irá conseguir promover uma reforma política. Em 2014, o número que marcava a crença de que a presidente conseguiria combater a inflação era 46% e o que marcava a crença no sucesso na reforma política era 43%. A reforma política é a principal prioridade para 27% dos entrevistados. O combate à inflação era prioridade para 24%. Para 22%, a prioridade é a retomada do crescimento.

Para mil entrevistados em pesquisa nacional, realizada pela ACREFI/ TNS Brasil, a situação econômica do país deve piorar nos próximos meses

Fotos: luciano Piva

Pensando na situação do Brasil em 2015 como avalia ...

O que pensam os empresários sobre o futuro do Brasil

Sentimento em relação ao futuro

A preocupação em relação ao futuro atingiu também 66%, sendo que somente 18% veem algum sinal de otimismo.

James Conrad, CEO da TNS Brasil janeiro 2016 financeiro 13


pesquisa Em função das últimas medidas econômicas, você acha que o Brasil caminha na direção certa ou errada?

O cenário econômico é outra variável que desperta reflexão: 69% acreditam que o Brasil trafega na direção errada, sendo que somente 14% acredita que o país está no rumo certo. Pensando na situação do Brasil em 2015 como avalia ...

Acha que a Presidente conseguirá resolver essa prioridade?

Quando questionados se a Presidente Dilma Rousseff conseguirá resolver essas prioridades, em comparação com 2014, os indicativos mostraram pessimismo. No atual levantamento, apenas 11% acreditam que ela terá êxito no combate à inflação e 6% em uma reforma política - em 2014 o número marcava que 46% de crença no combate à inflação e 43% em uma possível reforma política. Qual frase melhor descreve seu sentimento para 2015 com relação a dinheiro e gastos?

A reforma política é a principal prioridade para os brasileiros, com 27% das respostas. O combate à inflação, com 24%, além do crescimento econômico apontado por 22% dos ouvidos, também está na lista das maiores preocupações dos brasileiros. Você tem dívidas?

66% dos ouvidos apontaram ter dívidas e, o cartão de crédito, lidera a lista com 73%. Em seguida, os carnês (31%), financiamento de carro (21%), imobiliário (15%), CDC (14), leasing (4%) e outros (17%).

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84% dos ouvidos pretendem economizar mais em 2015 e, 13% dos entrevistados, não pretendem mudar seu padrão de gasto. Você está seguro quanto a manter seu emprego nos próximos meses? Gráfico 1 Quando o tema é emprego, a pesquisa revelou que 36% dos ouvidos não estavam empregados. 28% não se Você acha que o desemprego vai sentem seguros aumentar nos próximos meses? em relação aos Gráfico 2 seus postos de trabalho e, 36%, diz ter segurança (gráfico 1), mas 86% acredita que o desemprego vai aumentar (gráfico 2). f


10 SIAC NA mídia o

Seminário Internacional da Acrefi reúne, em São Paulo, 650 convidados e provoca ampla cobertura da grande imprensa. Mais de 140 matérias nos principais veículos de comunicação do País

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mĂ­dia

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premiação

Especialista

em desafios Concedido anualmente pelo IBEF, o Prêmio O Equilibrista reconhece os executivos de finanças que mais se destacaram. Em 2015, entre os eleitos: Aquiles Leonardo Diniz, diretor executivo do Banco Intermedium e vicepresidente da ACREFI Foto: Divulgação

E

m um período de tantas incertezas econômicas, as decisões dos executivos financeiros tornam-se essenciais para superar os desafios enfrentados pelas empresas. É para homenagear essa importante categoria que o IBEF (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças) criou há 30 anos o Prêmio O Equilibrista, troféu idealizado pelo artista plástico Osni Branco, que simboliza a intuição do profissional em perceber, com nitidez, que caminhos seguir. A premiação é concedida nas onze seccionais regionais do IBEF: Campinas (SP), Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo (capital). Em Minas Gerais, o executivo financeiro eleito este ano para ganhar o Prêmio O Equilibrista foi Aquiles Leonardo Diniz, diretor executivo do Banco Intermedium e vice-presidente da ACREFI. Ao discursar na cerimônia de homenagem dia 24 de novembro, em Belo Horizonte, Diniz ressaltou que o brasileiro vive sempre envolvido por forte emoção. “Nossa vida parece uma montanha-russa, em que o carrinho sobe, sobe e de repente despenca lá do alto. Assim é o Brasil, quando se imagina que tudo pode explodir, o país dá uma reviravolta e continua de pé. Nesse momento, enfrenta-

acontecerá antes de 2018. Até lá, devemos apertar o cinto e fazer o dever de casa. O nosso desafio é chegar ao alto da montanha e lá permanecer”, enfatizou Diniz. “Não se pode negar a enorme conquista social obtida no País, sobretudo nos últimos anos, afetando positivamente milhões de brasileiros. A busca por esses avanços custou muito caro ao País e não podemos nos permitir, de maneira alguma, retroceder nesta conquista”, lembrou o executivo eleito pelo IBEF (MG). “É verdade que tem faltado aos nossos governantes o equilíbrio necessário, em momentos adversos, para conduzir, com parcimônia, os destinos do Brasil. A grande virtude consiste em saber encontrar o meio-termo entre os dois extremos. Temos que

Aquiles Leonardo Diniz, ladeado por Gilson de Oliveira Carvalho e Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, membro e presidente, respectivamente, do Conselho de Administração do IBEF (MG) mos outra forte descida e o nosso carrinho segue, perigosamente, sem freios. Precisamos retomar o controle antes que seja tarde, ou enquadramos o Estado brasileiro, cortando despesas, ou, cada dia mais, a economia nacional será sufocada pelos impostos. Há esperança de que dias melhores virão. Na minha modesta opinião, isso não

compreender que somente por meio de um pacto político-econômico, amplo e suprapartidário, seremos capazes de reverter o atual quadro de desequilíbrio em que nos encontramos, em busca de um projeto eficaz para a nação brasileira”, reforçou o diretor executivo do Banco Intermedium e vice-presidente da ACREFI. f

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entrevistadomês

Fotos: Divulgação

“Há tanto o que fazer para consertar as contas públicas: desvincular despesas e receitas, quebrar regras de indexação, acabar com a nefasta indexação do salário mínimo, que torna os gastos do governo insustentáveis”

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Por Gustavo Girotto e Theo Carnier

M

onica Baumgarten de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics (PIIE), em Washington, desde março de 2015, é uma das economistas brasileiras mais precisas da nova geração. Sempre muito assertivos, seus comentários não transitam na linha do otimismo exagerado ou do pessimismo excessivo. Suas análises trazem doses equilibradas de realismo. Por isso, suas opiniões são acolhidas com muito respeito e credibilidade nos meios financeiros e institucionais. Sobre o atual momento da economia nacional, diz: “a inflação brasileira é, antes de tudo, sintomática no que compete ao desarranjo fiscal e à alta dos juros que hoje pode gerar efeitos perversos, com a péssima dinâmica da dívida pública e um aumento da percepção de risco do País gerando desvalorização cambial e mais pressão inflacionária”. Professora-adjunta da School of Advanced International Studies at Johns Hopkins University e professora licenciada de Macroeconomia da PUC-RJ, Monica diagnostica que estamos presos a uma armadilha inflacionária, com uma economia que se reindexa rapidamente, tornando a inflação ainda mais resistente. A seguir, leia a íntegra de sua entrevista, concedida com exclusividade à Financeiro.

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RF – Em evento recente, o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto disse que o Brasil é atraente não só pelo seu potencial, mas porque é a Disneylândia dos juros. Você acha que o Brasil poderá crescer via investimento por estar depreciado? Monica – Acho que a crise de confiança que se instaurou no País impede que sejamos Disneylândia de qualquer coisa. Agora, com o processo de impeachment e os desdobramentos incertos que isso haverá de provocar, o Brasil ficou ainda mais ‘impalatável’, tanto para os investidores domésticos, quanto para os estrangeiros. Infelizmente, a desordem é grande demais para que qualquer agente se anime com “ativos baratos”, com “o país em liquidação”, ou mesmo com os juros altos apontados, corretamente, pelo ex-ministro Delfim.

Revista Financeiro – A alta dos juros, defendida por alguns economistas para combater a inflação, tem efeito prático? Monica de Bolle – Nas atuais circunstâncias, isto é, com a pior recessão desde 1990 no horizonte, aumentar os juros não parece recomendável, ainda que as expectativas de inflação estejam completamente desancoradas. O problema da inflação no Brasil não é a política monetária supostamente frouxa, que demandaria uma alta dos juros. A inflação brasileira é, antes de tudo, sintomática no que compete ao desarranjo fiscal. Temo inclusive que, diante de um possível quadro de dominância fiscal, a alta dos juros hoje possa gerar efeitos perversos. Com a péssima dinâmica da dívida pública, juros mais elevados poderão provocar um aumento da percepção de risco do País, gerando desvalorização cambial e mais pressão inflacionária – isso é algo que os economistas chamam de “tight money paradox”, ou o “paradoxo da insuficiência de moeda”, traduzido livremente. 20 financeiro janeiro 2016

RF – Acredita que o Brasil vai continuar a ter inflação acima do centro da meta nos próximos anos? Monica – Sem um ajuste fiscal profundo, que conserte nossos problemas estruturais de curto e médio prazos, a única saída que resta é corroer a dívida pela via inflacionária. Portanto, não vejo chances de a inflação voltar para perto da meta antes que medidas fortes de ajuste sejam adotadas – isso só terá chances de ocorrer quando o ambiente político permitir. Portanto, estamos presos a uma armadilha inflacionária, com uma economia que se reindexa rapidamente, tornando a inflação ainda mais resistente. RF – A Copa do Mundo custou R$ 30 bilhões e já gastamos duas Copas do Mundo só para tentar segurar o câmbio, sem sucesso. Essa alta não pressiona mais ainda a inflação? Monica – Como disse anteriormente, o problema inflacionário brasileiro são a política fiscal fora de controle e a dinâmica perversa da dívida pública. Antes que esses problemas sejam enfrentados com seriedade pela classe política, pelo governo, e pela sociedade, caminhamos para o caos.


entrevistadomês RF – A indústria já sinaliza com a possibilidade de repassar o reajuste cambial para o consumidor. Qual é o efeito na economia? Monica – Acho difícil que hoje, com a economia em frangalhos, a indústria consiga repassar parte significativa da desvalorização. Mas, por certo haverá de repassar uma parte, o que acentua os dilemas de política econômica do governo. RF – Qual é a contribuição da política fiscal para a inflação? Monica – A política fiscal é a doença; a inflação, o sintoma.

RF – Qual seria o impacto sobre o Brasil em uma curva de desaceleração mais acentuada da economia da China e a elevação dos juros dos Estados Unidos? Monica – Com a devastação econômica brasileira, qualquer choque externo é amplificado. Veja, nossos problemas foram criados por este governo que aí está, mas isso não significa que não possam se tornar piores com a concretização de quadros externos mais hostis.

RF – Você acredita que a aprovação da CPMF para ajustar contas e sair da recessão é um caminho?

Monica – Não. A CPMF e um tapa-buraco, forma

“Não vejo chances de a inflação voltar para perto da meta antes que medidas fortes de ajuste sejam adotadas – isso só terá chances de ocorrer quando o ambiente político permitir”

de adiar os problemas orçamentários que mais dia, menos dia, teremos de enfrentar. Há tanto o que fazer para consertar as contas públicas: desvincular despesas e receitas, quebrar regras de indexação, acabar com a nefasta indexação do salário mínimo que torna os gastos do governo insustentáveis… Trata-se de uma agenda difícil, tanto do ponto de vista político, quando do ponto de vista de uma sociedade que não parece disposta a encarar a dura realidade: nosso estado de bem-estar social é um modelo falido, o País não aguenta. Mas, quem quer perder benefícios? E qual o político que dirá para a sociedade que é isso o que precisa ser feito?

RF – Caso a situação da economia se agrave ainda mais, poderemos ter um impeachment ou uma troca do ministro da Fazenda? Monica – Estamos prestes a testar essas hipóteses…

RF – Há uma onda de pessimismo no Brasil. O que você acha que detonou isso?

Monica – Só em duas palavras? Incompetência RF – A hipótese da dominância fiscal, que você levantou há pouco tempo, está se concretizando? Monica – Acredito que sim, mas dominância fiscal é difícil de medir e de diagnosticar com precisão, por isso muitos economistas no País estão a debatê-la. Acho esse debate saudável, ainda que muitos discordem do diagnóstico que apresentei. O fato é que, enquanto o ajuste fiscal não sai, a dominância fiscal vai se apresentando cada vez mais claramente, mesmo para os céticos, mesmo para aqueles que preferem chamá-la de “dominância política” – é preciso entender que política e política fiscal são dois lados da mesma moeda. Portanto, aqueles que gostam do “novo” jargão, isto é, a tal da “dominância política” como contraponto à dominância fiscal, não entenderam a natureza do problema.

obstinada.

RF – Caso estivesse no Ministério da Fazenda, o que faria para mudar essa curva negativa de expectativa? Monica – Nada muda sem que haja normalização política no país. Nenhum economista faz milagre na Fazenda com um sistema político que parece prestes a implodir. RF – O impeachment seria bom para a economia nacional?

Monica – Bom? Não entendo essa linha de raciocínio. Bom seria a legitimidade política de um governo, seja ele qual for, com algum senso de coesão da classe política. Como se alcança isso hoje no Brasil? Nem os cientistas políticos sabem responder. Afinal, a Lava-Jato está aí para mostrar como ‘cupinizaram’ nossas instituições. f janeiro 2016 financeiro 21



artigo Aquiles Leonardo Diniz Artigo enviado em 27/11/2015

Quando teremos o Brasil de volta?

I

nfelizmente, a perspectiva por melhores resultados na economia brasileira, em curto prazo, não é das melhores. Com os sequenciais rebaixamentos da nota do Brasil pelas agências internacionais de classificação de risco, com perda do selo de “bom pagador” e, consequentemente a perda do grau de investimento, nota-se que o país caminha rumo ao perigoso nível de grau especulativo, em que a credibilidade é quase zero e os investimentos escassos. Os números não são nada animadores e quanto mais tempo o entendimento demorar, pondo fim à crise política, mais doloroso e amargo será o enfrentamento da crise econômica. O que esperar, quando nem mesmo o Ministério da Fazenda consegue estimar um prazo viável para se concretizar o ajuste fiscal em curso? Se nas palavras do ministro Joaquim Levy, “o Brasil só voltará a crescer quando a questão fiscal for resolvida”, por que então convivemos com tamanha incerteza e lentidão? Simplesmente, porque as contas públicas não fecham devido ao enorme rombo. O corte estimado de bilhões nas despesas para 2016 ainda é considerado pouco para reverter o enorme défice orçamentário do governo federal. O Congresso Nacional legisla em causa própria, adiando a apreciação do ajuste fiscal e estendendo o quanto pode a crise política. Até quando esperar pelo necessário entendimento político, em prol do País, que reverta de fato o conturbado cenário existente entre o Legislativo e o Executivo? O ano está chegando ao fim e, agora, a tentativa dos economistas é tentar salvar 2016, evitando contabilizar prejuízos ainda maiores do que os registrados em 2015. Como o governo jamais concede alguma coisa sem tirar outra é certo que haverá aumento da já insustentável carga tributária. A inflação sem controle, o desem-

Aquiles Leonardo Diniz: diretor executivo do Banco Intermedium e vice-presidente da ACREFI

prego crescente, a diminuição do poder de compra, a alta dos juros, a recessão e o encolhimento acelerado do PIB registrando queda recorde dos últimos vinte anos. Queremos de volta o Brasil que deu certo, senão em todos, pelo menos em muitos segmentos. Um país de crescimento sustentável e economia pujante. Houve uma época, não muito distante, em que a inflação chegou a 5.000% ao ano. Mas, não faz muito tempo, o Brasil adquiriu nível de maturidade suficiente para se fixar de vez no ranking das maiores economias do mundo. Onde está o Brasil de crescimento de 7,5% ao ano? De grau elevado de investimento conquistado por todas as agências em 2008? O que podemos dizer de concreto à nossa juventude, que deveria estar naturalmente ingressando no mercado de trabalho? Um enorme contingente de jovens abandona os estudos e já não consegue mais encontrar ocupação, pois o pleno emprego deixou de existir. Vivenciamos hoje as mesmas incertezas anteriores ao Plano Real, dos governos Sarney e Collor, de descontrole do orçamento doméstico devido com o aumento das despesas mensais. O governo precisa, sobretudo, manter o equilíbrio orçamentário e o controle do endividamento, a fim de dizimar as incertezas, retomando a confiança dos brasileiros e dos investidores. É preciso arrumar a casa para voltar a crescer, adotando posturas que comprovadamente deram certo no passado, abandonando de uma vez por todas o uso de medidas descabidas como a “contabilidade criativa” e a falta de transparência na adoção de políticas públicas, contemplando alguns setores específicos em detrimento de outros que beneficiam a população como um todo. Diante de tantas incertezas, não seria premeditado dizer que 2018 será o ano da nossa redenção. f janeiro 2016 financeiro 23


atendimentoaocidadão

Fotos: Luciano Piva

Sua excelência, o cliente

Seminário sobre ouvidoria, promovido pela ACREFI, revela evolução no relacionamento das pessoas com as instituições financeiras e aponta caminhos para melhorar a qualidade das informações e os pontos de contato com o cidadão

Fotos: Mário Bock

N

ão é de hoje que o sistema financeiro nacional se preocupa com as questões que envolvem a proteção do consumidor de produtos de bancários. Atenta às demandas crescentes que passam pelas áreas de ouvidoria, a ACREFI organizou dia 27 de novembro, em São Paulo, um seminário para discutir em profundidade o tema. Participaram do painel: Sergio Odilon dos Anjos, sócio diretor da consultoria Comportamental; Salete Doniani, ouvidora do Citibank; Denis Muniz da Silva Carvalho, executivo do Departamento de Atendimento Institucional do Banco Central; Vitor Morais de Andrade, presidente da Abrarec (Associação Brasileira das Relações Empresa Cliente); e a comentarista de economia Denise Campos de Toledo, que condensou sua explanação no evento a respeito

24 financeiro janeiro 2016

Sergio Odilon dos Anjos: sócio diretor da consultoria Comportamental

da conjuntura econômica em artigo publicado na página 28. Como ex-executivo do Banco Central, o consultor Sergio Odilon dos Anjos abriu o seminário falando que há 15 anos a regulação envolvendo o consumidor de produtos financeiros é intensamente debatida pelas autoridades monetárias do País. O primeiro passo efetivo aconteceu ainda em 2001, quando o BC estabeleceu a resolução 2.878, que exigia que as instituições financeiras criassem áreas de atendimento ao cliente para que as relações contratuais fossem mais transparentes, pedidos de informações e de dúvidas tivessem soluções rápidas e eficientes. Daí para a frente, as demandas evoluíram por parte dos clientes e os debates se intensificaram no Congresso Nacional. Até que em 2007, o BC estrutura a sua própria


tegração de áreas, sem que as ouvidorias perdessem sua característica essencial de autonomia, independência, imparcialidade para identificar riscos e resolver problemas”, acrescenta o sócio diretor da consultoria Comportamental. Mas o que vem pela frente? Segundo Sergio Odilon, espera-se que as ouvidorias das instituições financeiras se aproximem ainda mais dos órgãos e das entidades que atuam na defesa do consumidor, que os problemas internos sejam resolvidos de maneira mais célere, os programas de capacitação e de certificação ganhem mais espaço, o diálogo com os clientes abra espaço para soluções alcançadas por meio de arbitragem ou de mediação, sem esquecer da uma aproximação desejável do órgão regulador. Por parte das instituições financeiras, Salete Doniani, ouvidora do conglomerado do Citibank, mostrou que, desde 2007 até hoje, a cultura do atendimento ao cliente nos bancos evoluiu, ganhou eficiência e maior assertividade. “Um bom exemplo de progresso foram os prazos estipulados para gerar respostas consistentes às queixas do consumidor. Há oito anos, o período ouvidoria, responsável por atender às solicitações da sociedade relacionadas aos serviços prestados pela autoridade monetária. “Esse movimento provocou uma onda positiva por parte das instituições financeiras, que estabeleceram compliance baseado nos 25 princípios de Basileia, avaliaram risco operacional associado a produtos e serviços, redobraram a atenção direcionada ao foco regulatório, investiram em informações mais consistentes e uniformes, além ampliar a transparência e valorizar, efetivamente, o relacionamento com o cliente”, explica Sergio Odilon. “Em contrapartida, essa mudança de postura levou as instituições financeiras a trabalharem com mais estratégia organizacional, participação ativa e fundamental da alta diretoria, com maior sinergia e in-

Salete Doniani: ouvidora do conglomerado Citibank

janeiro 2016 financeiro 25


estipulado era de 30 dias, esse prazo caiu, em 2010, para 15 dias e atualmente está em 10 dias. O serviço também passou a ser melhor divulgado, os problemas e as soluções ganharam domínio público e os relatórios com os resultados alcançados podem ser consultados nos sites das instituições financeiras”, avaliou Salete. Recentemente, o empenho das ouvidorias está concentrado na efetividade do tratamento das causas raízes das demandas. Isso porque ao trabalhar a partir da causa raiz dos problemas e das dúvidas geradas pelos clientes, a ouvidoria tem a chance de transformar uma queixa em uma oportunidade. “Dessa forma, somos capazes de antecipar problemas que podem impactar a experiência do cliente e agilizar soluções”, conta Salete Doniani. Essa dinâmica deve ser trabalhada em três fases: Eficiência, com foco na melhoria contínua dos meios; Eficácia, com ênfase nas metas a serem atingidas; e Efetividade, que avalia os resultados a partir da percepção dos clientes. Esse processo permanente de aprendizado, acrescido da plena transparência das ações, pode

Vitor Morais de Andrade: presidente da Abrarec

26 financeiro janeiro 2016

Fotos: Luciano Piva

atendimentoaocidadão

Denis Muniz da Silva Carvalho: executivo do Departamento de Atendimento Institucional do BC resultar em uma experiência positiva do cliente e, consequentemente, valoriza a imagem da instituição financeira. O papel das ouvidorias ganha ainda mais relevância e peso a partir do exemplo do Banco Central que, nos últimos 15 anos, tem aperfeiçoado seu relacionamento com a sociedade e melhorado a qualidade da informação repassada ao cidadão. Além disso, cabe ao BC supervisionar as entidades e cobrar que o atendimento dedicado aos clientes seja cada vez melhor. De acordo com Denis Muniz da Silva Carvalho, executivo do Departamento de Atendimento Institucional do BC, o banco atua e monitora o mercado por meio de quatro canais de relacionamento (internet, pessoal, carta ou telefone) que reúnem as queixas que, eventualmente, não sejam resolvidas pelas instituições financeiras públicas ou privadas. Esses registros são encaminhados pelo BC ao alvo das reclamações, que tem dez dias para responder ao cidadão. A partir desse fluxo, o BC presta conta à sociedade com a publicação mensal do Ranking de Instituições por Índice de Reclamações. Suas

informações são também compartilhadas com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça; os PROCONs e o Ministério Público. É preciso lembrar ainda que o BC e Conselho Monetário Nacional, assim como nas provas de atletismo, elevou a régua das exigências sobre as instituições financeiras quanto à qualidade na contratação e na prestação do serviço. Isso pode ser traduzido em mais transparência, com informações qualificadas e completas, que esclareçam plenamente as dúvidas e as reclamações dos clientes. No entanto, o BC recomenda que o primeiro canal de contato das pessoas deve ser a ouvidoria das instituições financeiras. Por falar em atingir patamares mais altos, Vitor Morais de Andrade, presidente da Abrarec (Associação Brasileira das Relações Empresa Cliente), lembra que quando os clientes têm um problema desejam resolvê-lo imediatamente. “Eles recorrem a todo mundo, ouvidoria, órgão regulador, PROCON, instituições privadas de defesa do consumidor, redes sociais. Não estão dispostos a esperar os dez dias propostos aos bancos”, pontua Andrade. “Não adianta ter inúmeros canais de relacionamento com os clientes, ouvidoria, redes sociais e call center, se não forem eficientes e se não existir uma intercomunicação adequada. As empresas que estão à frente no atendimento ao cliente são aquelas que aprenderam a usar a tecnologia a seu favor, gerando resultados práticos e eficientes, claramente, perceptíveis às pessoas. “O cliente deve sentir-se seguro ao acionar um dos pontos de contato de uma empresa. A sensação de descaso ou de indefinição contamina a relação e prejudica a imagem corporativa, provocando falta de confiança e credibilidade”, argumenta o presidente da Abrarec. As instituições bancárias já evoluíram muito nos últimos 15 anos, mas ainda há espaço para aperfeiçoar e estreitar o relacionamento com os clientes. f


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artigo Denise Campos de Toledo

Foto: Luciano Piva

A

Denise Campos de Toledo: jornalista, comentarista de economia da Rádio Jovem Pan e do Jornal da Gazeta e editora do site www. economiaemfoco.com.br

28 financeiro janeiro 2016

travessamos 2015 acompanhando um jogo político dos mais pesados e desprezíveis que já tivemos no País. Os confrontos entre Governo e Congresso criaram uma instabilidade muito grande, que afetou demais o andamento da economia. Ninguém imaginava que a correção de rota da política econômica seria fácil. Mas os embates políticos deixaram tudo mais difícil, com alterações de medidas que poderiam ajudar no reequilíbrio das finanças públicas, pautas bomba, atrasos.... E agora temos pela frente a possibilidade de um processo de impeachment. Seja qual for o resultado, poderemos ter, finalmente, um desfecho para a crise política. Se Dilma resistir poderá ter mais espaço para trabalhar, ainda que não se possa esperar muito das estratégias apresentadas até agora. A crise vai prosseguir, mas pode ficar mais amena. Quem sabe o governo não avança com medidas que possam dar algum fôlego à atividade econômica, como a aceleração das concessões das áreas de infraestrutura, principalmente, transportes, e de estímulo às exportações, que já devem ser favorecidas pela alta do dólar registrada em 2015? Se ocorrer mesmo o impeachment, podemos ter um choque de confiança. Não que um novo governo vá fazer mágica – a crise que enfrentamos hoje não será revertida facilmente. Mas a novidade pode ser vista como a oportunidade de um governo de coalizão, que tenha maior apoio político, para implementar as medidas necessárias para recolocar a economia numa rota de crescimento. Enfim, por mais que seja demorado e

difícil, o processo de impeachment pode estabelecer um desfecho para o embate político e permitir que a economia flua dentro da normalidade. Não tem país que consiga funcionar direito sob a ameaça de impeachment de sua presidente e com tantos entraves políticos, como tivemos em 2015. Agora, que ninguém espere uma saída rápida para a crise. A recessão vai continuar. A retração do PIB, que em 2015, deve ficar perto dos 4%, em 2016 pode chegar a 2,6%... 8%. A inflação vai continuar pressionada. As projeções para o fechamento de 2016 já rodam acima do teto da meta, que é de 6,5%. Os vários setores continuam sofrendo queda de atividade. E o desemprego vai avançar mais. Não tem como ser diferente. Com a economia fraca como está, as empresas ainda farão mais ajustes nas despesas com mão de obra. A expectativa, muito negativa, é que a taxa de desemprego possa chegar a 12% nos primeiros meses do ano, o que é péssimo até do ponto de vista social. Fator que pode ter influência inclusive nas discussões referentes ao processo de impeachment. O agravamento da crise econômica pode derrubar ainda mais a popularidade da presidente, como já vem ocorrendo. E um governo menos popular fica mais frágil. Agora é aguardar os próximos lances da batalha. E tomara que haja mesmo um desfecho para a crise política, nos vários aspectos, para que o País possa caminhar com maior tranquilidade, ainda que num ambiente recessivo. Quem sabe não começamos 2016 com alguma luz no fim do túnel? f

Artigo enviado em 9/10/2015 Artigo enviado em 4/12/2015

A agonia pode estar chegando ao fim


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justiça

Data venia No 1o Summit Jurídico da ACREFI, especialistas do Direito abordam questões relacionadas ao IPVA em ações de alienação fiduciária, o novo Código de Processo Civil e os cuidados que devemos adotar para evitar problemas no ambiente digital

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m seus 22 eventos realizados este ano, a ACREFI acrescentou um módulo com uma nova temática: o 1º Summit Jurídico. A edição de estreia, organizada no dia 26 de novembro, em São Paulo, reuniu Marcelo Cavassani e Adriana Serrano Cavassani, do Tesheiner Cavassani e Giacomazi Advogados, que falaram sobre o IPVA em ações de alienação fiduciária; Arnaldo Laudísio, sócio do Arnaldo Laudísio Advogados, que abordou alguns aspectos que envolvem o

30 financeiro janeiro 2016

novo Código de Processo Civil; e Leandro Bissoli, sócio-diretor do Patricia Peck Pinheiro Advogados, que tratou dos cuidados acerca do Direito Digital. Para explicar os diversos aspectos que envolvem a cobrança do IPVA nos casos dos veículos financiados com alienação fiduciária, Marcelo Cavassani mostrou, primeiramente, que o tema carece de uma legislação nacional específica, abrindo espaço para a guerra fiscal entre os Estados, quando estabelece alíquotas diferencia-


Fotos: Lucinao Piva

das, gera incerteza quando define o proprietário como credor fiduciário e ainda deixa dúvida sobre as regras que tratam do domicílio do sujeito passivo, que ultrapassam os limites de seu território. “Os acordos oferecidos pelos Estado acontecem no atacado, sem levar em conta casos específicos, como a depreciação do veículo, e o envolvimento com roubo ou acidente”, exemplificou Marcelo Cavassani. Diante de tantas imprecisões e abusos, que provocam inevitáveis ações no Judiciário, principalmente por parte de bancos prejudicados por falta de uma legislação nacional apropriada, Adriana Serrano Cavassani apresentou aos convidados do 1º Summit Jurídico da ACREFI diversas jurisprudências e pareceres de tributaristas que têm norteado a Justiça nos últimos tempos (informações dispo-

Marcelo Cavassani e Adriana Serrano Cavassani: diretores do Tesheiner Cavassani e Giacomazi Advogados

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Fotos: Luciano Piva

justiça

Arnaldo Laudísio: sócio do Arnaldo Laudísio Advogados níveis no link www.acrefi.org.br/artigos/ coletanea.asp) e resultado em alento aos que se julgam prejudicados. Terminada a explanação pormenorizada dos advogados Marcelo Cavassani e Adriana Serrano Cavassani, o colega Arnaldo Laudísio começou a abordar um outro tema igualmente importante: as alterações mais expressivas do novo Código de Processo Civil (CPC), que entrará em vigor em 17 de março de 2016, um ano após a sanção da Presidente Dilma. Antes de entrar na pauta, Laudísio lembrou uma pesquisa divulgada, recentemente, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que revela que no ano passado foram protocolados, nos 90 tribunais de primeira instância da Justiça Federal, mais de 29 milhões de novos processos. De cada 100 ações em tramitação nos tribunais brasileiros, apenas 28,6 são julgadas no mesmo exercício. Mesmo que o Judiciário fosse paralisado, sem ingresso de novas demandas, seriam necessários 36 meses para zerar o estoque de processos. Segundo Laudísio, com o novo CPC, essa morosidade da Justiça deve melhorar, mas não resolverá plenamente o problema, pois o funil continuará muito pequeno. “O Judiciário não é a solução mais célere para resolver as questões”, afirmou o advogado. É por isso que o novo CPC prioriza a

32 financeiro janeiro 2016

conciliação e a mediação como requisitos essenciais para resolução de conflitos e determina que o primeiro ato de um processo seja uma audiência de conciliação. No entanto, Laudísio propôs uma reflexão: “Imaginem como ficarão, em muito pouco tempo, as pautas das varas de conciliação? As demandas podem se tornar longas, mesmo com a possibilidade das audiências de conciliação acontecerem por meio eletrônico, obrigando o Judiciário a criar células externas para promover os acordos”, contextualizou o palestrante do 1º Summit Jurídico da ACREFI. Entre os pontos que podem ser considerados positivos do novo CPC, apontados por Laudísio, está o uso efetivo e sistemático dos instrumentos digitais, como o exemplo de sucesso já adotado pelo Fórum

Leandro Bissoli: sócio-diretor do Patricia Peck Pinheiro Advogados

do Rio de Janeiro: um totem que permite ao usuário tirar dúvidas sobre seus processos e até mesmo realizar acordo, evitando assim a propositura de ação judicial. Além disso, o novo CPC exige que as empresas públicas e privadas mantenham cadastros digitais para que recebam on-line eventuais citações e intimações. “São mudanças que precisarão ser testadas na prática, mas certamente criam uma nova cultura nos meios jurídicos”, ponderou Laudísio. Após o coffee break do evento, Antonio

Augusto de Almeida Leite, o Pancho, passou a palavra ao terceiro palestrante da manhã: Leandro Bissoli, especialista em Direito Digital. Ele começou dizendo que não há diferença entre o mundo real e o digital, que não há como desconectar uma coisa da outra. “É preciso estar ciente de que quando estamos conectados a um videogame, uma rede social, usando um home theater, um smartphone ou consultado o trânsito pelo Wise as nossas informações estão sendo compartilhadas. Afinal, é preciso lembrar que essa estrutura é paga por alguém”, lembrou Bissoli. Para chamar a atenção dos convidados da ACREFI, Bissoli lembrou que a internet e os aplicativos estão mudando, sem que nem todos percebam, a nossa forma de nos relacionarmos. “Antigamente, quando um parente morava no exterior, a família se reunia para falar com ele uma vez por semana porque o custo da ligação internacional era estratosférico. Hoje, com o WhatsApp, a gente nem chega a sentir saudades quando alguém viaja”, compara o sócio do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados. De acordo com o especialista em Direito Digital, o bom senso sempre deve prevalecer no ambiente digital, pois mesmo as informações excluídas do seu computador ou celular permanecem, de uma forma ou de outra, armazenadas. Não resolve apagar o arquivo, no caso de uma investigação. “As empresas provedoras de conexões e de aplicativos são responsáveis, cada vez mais, pelo processo de inclusão social e digital, de modo ético e seguro. A jurisprudência brasileira já aponta as responsabilidades dos agentes envolvidos na cadeia da informação. Devemos nos empenhar em garantir procedimentos de autenticação dos usuários, visando proporcionar maior segurança jurídica em toda relação realizada por meio da internet ou de seus milhares de aplicativos”, considerou Bissoli. Ou seja, aproveite os benefícios oferecidos pelos meios digitais, mas não se esqueça de que cada passo traz o registro do seu “DNA”. f



artigo Mauro Melo

S

im, encerramos um ano que não pegou o mercado de surpresa. A economia já demonstrava, em 2014, que teríamos um 2015 difícil. Vários setores da economia foram pressionados pela alta do dólar e pelo impacto de uma recessão. Contudo, devemos lembrar que essa é, e sempre foi, a premissa da nossa Mauro Melo: nação. Nada por aqui, diretor-presidente da Credilink desde a época de Cabral, foi muito fácil. Porém, somos um país muito jovem. Estamos falando de 500 anos, e, com todas as dificuldades apresentadas, sabemos como agir em momentos de dificuldades. Somos modelo em tecnologia e em cadastro bancário. Nossos moldes são vistos como exemplos, pois, convivemos com dificuldades, por isso, nunca somos pegos de surpresa. Se por um lado tivemos que driblar a crise durante o ano todo, por outro fomos favorecidos com as nossas exportações. Essas demonstraram vigor com a alta do dólar. Dizem as escrituras, que só aprendemos com o sofrimento. No entanto, continuo acreditando firmemente, fortemente e fielmente em nossa Nação. Temos um país com dimensões continentais, com mais de duzentos milhões de habitantes que falam um mesmo idioma. São benefícios que favorecem a criação de inúmeras oportunidades, mas que também não nos isentam das dificuldades. Não podemos esquecer ainda que estamos en-

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volvidos por uma onda coletiva de pessimismo. Isso, porém, não nos permite desistir. No caso da Credilink, o nosso banco de dados recebeu o maior volume de consultas, motivadas por crédito ou débitos, em todos esses anos de atuação da empresa. O clima de incerteza não nos pode deixar abater. Afinal, a luz forte que tem incidido nos fatos trouxe à tona até as sujeiras, aparentemente, menos significativas. A cada ano, aprendemos lidar melhor com as intempéries que se nos apresentam e só evoluímos diante das dificuldades. Acabamos, quando se fala em crédito, a filtrar e qualificar aqueles que têm disposição de assumir dívidas, pois a cada dia os nossos cadastros estão mais refinados. Como os Estados são muito grandes, com um perfil populacional bastante diferenciado, não devemos e não podemos trabalhar com um modelo único de cadastro. Temos ciência de que necessitamos ampliar conhecimento sobre o perfil de cada consumidor, por Estado e região. Minha experiência diz, sim, que devemos inovar em todos os setores de prestação de serviços, tanto na hora de oferecer o crédito como no momento de cobrar o débito. Os modelos hoje apresentados ainda se mostram ineficazes e sem novidades. Devemos nos preocupar com as informações obtidas para evitar fraudes e gerar um cadastro confiável, preservando o sigilo, a autenticidade e a segurança do consumidor. Se visamos investir em qualidade na prestação de serviço no setor crédito, com certeza, o caminho se torna mais fácil no futuro, sempre de olho na mitigação da inadimplência. É preciso atualizar o manual de orientação, as regras não podem pender à direita nem à esquerda, mas manterem-se equilibradas ao centro, no fio da navalha. Essa é uma tarefa árdua, que impõe inteligência, somada às ferramentas de inovação. Que venha 2016! f

Artigo enviado em 26/11/2015

O ano é novo, mas os problemas são velhos



artigo Rodrigo Romero

Revisão

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G100, Núcleo de Estudos Internacional – que no Brasil é composto de 100 membros (acionistas, presidentes e CEOs) efetivos e nomeados, mais 20 membros (economistas-chefes e especialistas financeiros) – reforça que a recessão se aprofunda à medida que não se encaminham soluções na área política, que suportem medidas de ajustes econômicos. Não há no horizonte de curto prazo perspectivas de superação dos problemas atuais, postergando, para o próximo ano, as dificuldades atuais, amplificadas pelo imobilismo decisório. O crescimento negativo do PIB, estimado na casa de 3,0%, aponta para uma contração que dificilmente será revertida antes de 2018. As previsões para o próximo ano falam apenas em uma leve redução dessa contração econômica para algo como 2,1%. Resultados positivos, só para 2018. Essa situação não se traduz em perda do grau de investimentos por que na comparação com países da América Latina, o Brasil ainda apresenta relativa estabilidade, embora se reconheça que a capacidade do governo central em atingir um entendimento político mínimo está comprometida até 2017. Conquanto a economia brasileira seja grande e diversificada, ostentando nível confortável de reservas internacionais, a piora é gradual e a dívida ativa deverá alcançar 70% do PIB, já no próximo ano. Para cada dólar de dívida, o Brasil tem 4 dólares em reservas. Considerados países como Paraguai e Turquia, a situação brasileira ainda é favorável. O rebaixamento virá se a degradação do quadro econômico permanecer sem expectativas de reversão futura.

Rodrigo Romero: fundador e presidente do G100 Américas – Núcleos de Estudos do Desenvolvimento Empresarial e Econômico

O mau desempenho da economia pode ser explicado pela conjunção de fatores, como: expectativas negativas de empresas e consumidores, pelo acirramento da inflação, pela rápida e forte desvalorização cambial, pelos juros reais elevados e pela incapacidade política de apresentar proposta convincente para levar a cabo um acerto compreensivo e sustentável para o atual desajuste fiscal. Do lado empresarial, continua ruim o desempenho da indústria, sobretudo a de transformação e a da construção. Serviços também apresentam resultados cadentes. As fontes de maior dinamismo estão atreladas à agropecuária, à indústria extrativa mineral e a alguns poucos produtos de exportação. Entre investidores, o País tem ganhado maior conforto, sobretudo por não apresentar riscos de rupturas. Rupturas andam na contramão das decisões de investimentos internacionais. Internamente, o crédito se contraiu junto com a queda da demanda. A concessão do crédito perdeu força, enquanto os esforços nessa área foram dirigidos para a cobrança dos ativos que “estão na rua” e para a renegociação das dívidas em atraso. Todos buscam mitigar suas perdas. Do lado da demanda, a queda no investimento fixo e no consumo das famílias são elementos preocupantes. Remanesce a expectativa de que as exportações líquidas possam aportar algum dinamismo à economia nacional, mesmo que modesto. Para o câmbio, é de se esperar a continuidade do processo de “desvalorização controlada”, sempre acuada pela eventual alta dos juros norte-americanos. Portanto, a Segundo as pesquisas realizadas com os membros Brasil, expectativa de volatiatualmente temos os seguintes indicadores: lidade alta ameaça as empresas com dívidas indexadas ao dólar, com instrumentos de proteção não contratados. f

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Artigo enviado em 16/11/2015

do quadro político e econômico brasileiro



painelcetip

Financiamentos de veículos somam 407 mil unidades em outubro

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s financiamentos de veículos no Brasil somaram 406.594 unidades em outubro, sendo 177.431 novas e 229.163 usadas. O volume representa queda de 29,8% em relação a outubro de 2014. Já considerando o acumulado do ano, as vendas financiadas de veículos atingiram 4.441.283 unidades, recuo de 15,1% na comparação com o ano passado. Os números levam em consideração automóveis de passeio, comerciais leves, motos e pesados. O levantamento é da Unidade de Financiamentos da Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base integrada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil. O SNG impede que o processo de financiamento de veículos seja suscetível a fraudes sistêmicas. Volume de financiamento de veículos (out/2015)

Em outubro, foram financiados 229.163 unidades usadas, queda de 23% ante o mesmo período de 2014. Já as vendas a crédito de novos somaram 177.431 unidades, queda de 37% na mesma base de comparação. No acumulado do ano, o menor recuo dos usados também é percebido. De janeiro a outubro, foram financiados 2.469.389 veículos usados, volume 6,9% inferior na comparação com o mesmo período de 2014, enquanto os novos somaram 1.971.894 unidades, queda de 23,5%.

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Volume de financiamento de veículos por categoria


No ano, vendas financiadas de automóveis leves novos acumulam queda de 26,3% A queda menos acentuada dos usados é verificada em todas as categorias de veículos. Os financiamentos de automóveis leves novos somaram 108.651 unidades em outubro, baixa de 39,9% em relação ao mesmo período de 2014. Já os usados totalizaram 210.088 unidades, queda de 22,8% na mesma base de comparação. No acumulado do ano, os carros novos totalizaram 1.209.963 unidades, recuo de 26,3%, enquanto os usados atingiram 2.265.455 unidades, volume 6,7% inferior. A melhor performance dos autos leves usados, em relação aos novos, está sendo impulsionada pelas vendas financiadas dos carros de 4 a 8 anos de uso. No acumulado do ano, foram negociadas 1,2 milhão de unidades. O volume representa uma queda de 2% na comparação com o mesmo período de 2014 - percentual menor do que o verificado nas outras faixas etárias, como a queda de 12,4% nos financiamentos de carros com até 3 anos.

Modalidades de financiamento de veículos (out/2015)

Financiamento por tempo de uso (jan a out/2015)

Já em relação ao prazo médio de financiamento por tempo de uso, em outubro, o levantamento aponta que ficou praticamente estável, na comparação com o mesmo período de 2014, em todas as categorias. Os automóveis leves novos apresentaram um prazo médio de 37 meses, enquanto o prazo para os de quatro a oito anos de uso ficou em 42,7 meses. f Entre as modalidades de financiamento de veículos, considerando autos leves, motos e pesados, o consórcio apresentou a menor queda no acumulado do ano. Os dados consideram as aquisições de veículos por cotas contempladas, mas não quitadas de consórcio. Foram vendidas 711,5 mil unidades por meio de cotas de consórcio, queda de 2,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse desempenho foi impulsionado principalmente pelos automóveis leves usados, que somaram 215,4 mil unidades comercializadas por meio do consórcio de janeiro a outubro, volume 17,9% maior do que o verificado no mesmo período do ano passado.

Prazo médio de financiamento por tempo de uso ((out/2015)

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literatura

Mais um Jabuti

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á faz tempo que os moradores de Araraquara não comemoram um título importante da Ferroviária, tradicional time de futebol do interior paulista. No entanto, a população extravasa seu orgulho com as premiações de seu principal embaixador: o escritor Ignácio de Loyola Brandão. Seu efeito mais recente foi a conquista do Jabuti 2015, a mais prestigiada premiação nacional na área da literatura, com o livro “Os olhos cegos dos cavalos loucos” (Editora Moderna), na categoria Juvenil. É a segunda vez que o autor araraquarense leva o Jabuti; a primeira foi em 2008, com título “O menino que vendia palavras”, vencedor na categoria Livro do Ano de Ficção. Assim como acontece em boa parte da sua obra literária, em “Os olhos cegos dos cavalos loucos”, Loyola encanta o leitor, mais uma vez, com uma história íntima que envolve seu cotidiano. O livro revive um fato ocorrido quando o autor tinha apenas 9 anos de idade e que o marcou profundamente. De forma simples e delicada, o escritor emociona ao revelar um episódio sobre sua relação com o avô e um carrossel feito por ele artesanalmente. A narrativa valoriza os laços familiares e reações que provocam culpa e arrependimento. “Meu avô era marceneiro em Matão, no interior paulista, e certa vez, resolveu construir um carrossel. Ele trabalhou por meses nesse carrossel, pesquisando, desenhando e quando ficou pronto, percorria as cidades

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Com seu livro “Os olhos cegos dos cavalos loucos”, publicado pela Editora Moderna, o autor Ignácio de Loyola Brandão conquista seu segundo Prêmio Jabuti e emociona os leitores com um relato pessoal com seu avô, que valoriza os laços familiares e aborda reações que envolvem culpa e arrependimento da região com aquilo e era uma festa total, até que um dia, o carrossel pegou fogo e ficou completamente destruído; a única coisa que sobrou foram as bolinhas de gude que eram os olhos dos cavalos”, conta Loyola. De acordo com Loyola, as bolinhas ficaram guardadas por muitos anos


Foto: Divulgação

em uma caixinha, em uma das prateleiras da marcenaria, até que ele as encontrou. Com o mistério de não poder abrir a caixinha e com a fala da avó, que dizia que aquilo eram “os olhos dos cavalos”, Loyola encontrou as bolinhas de gude e perdeu uma delas em jogos com os amigos. “Meu avô, quando viu que as bolinhas não estavam mais na caixa, ficou decepcionadíssimo. Ele entrou em depressão. Minha avó dizia que ele poderia morrer e eu achava que eu era o culpado. Imagina uma criança de 9 anos pensando que pode ser culpado pela possível morte do avô?”, resumiu o autor, em recente bate-papo com os leitores, em Poços de Caldas (MG). “Toda vez que eu conto essa história, eu me emociono. Na medida que eu relato, meu avô está me ouvindo e me perdoando”, confidenciou. Segundo Loyola, “Os olhos cegos dos cavalos loucos” passou por 20 versões até ganhar sua composição definitiva, em 2013. Embora tenha ganhado o Prêmio Jabuti na categoria Juvenil, o autor prefere não segmentar o seu trabalho, sugere tratá-lo apenas como literatura. Ele diz também que a crítica ainda despreza a literatura infanto-juvenil, mas que ela é tão séria quanto a que é direcionada ao público adulto. Assim como seu conterrâneo Dudu, craque que desfilou sua simplicidade e elegância nos gramados da Ferroviária, antes de ingressar na

Academia de Futebol do Palmeiras, nos anos de 1960 e 1970, ao lado de Ademir da Guia, Djalma Santos, Luís Pereira, Leivinha, César Maluco e Leão, Loyola encanta, com a mesma leveza e desenvoltura, como romancista, contista, autor infantil, dramaturgo, jornalista ou roteirista de cinema. “A literatura para mim é uma coisa muito grande, essencial. Um dia perguntei a um professor: “o que é a vida?” E ele: “Vivendo você vai aprender”. Assim, escrevendo, todos esses anos venho tentando descobrir o que é a vida, qual o seu sentido. Como não consigo — como todos escritores fazem a mesma pergunta e escrevem por isso — continuo escrevendo. Um dia descobrirei? Da mesma maneira, leio e vivo. Porque talvez a leitura e a vida me tragam a resposta.” Não se pode deixar de registrar que Araraquara tem um outro filho da terra que também já conquistou o Jabuti, em 2013, na categoria Poesia: Ademir Assunção, com o livro “A voz do ventríloquo”. f

Título: “Os olhos cegos dos cavalos loucos” Autor: Ignácio de Loyola Brandão Editora: Moderna Ilustração: Alexandre Rampazo Páginas: 64 Preço sugerido: R$ 44,00

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adega Carlos Cabral*

Tim-tim

Fotos: Divulgação

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e conselho fosse bom, a gente não dava, vendia! Essa frase popular cabe para algumas situações, mas neste caso julgo importante visto que na grande maioria muitos passam dos limites nesta época de festas e de férias. A regra é comemorar e celebrar. Nesse particular das classes A plus até a Y menos, todos fogem às regras comportamentais e partem para o exagero. Assim sendo, seguem alguns conselhos de ordem prática em que os vinhos estão sempre presentes. À chegada dos convidados, um aperitivo moderno e prático: o Portonic, que consiste em uma dose de vinho do Porto White ou Dry White (o Chip Dry da Taylor’s é uma boa escolha), uma rodela de limão, cubos de gelo, além de completar o copo long drink com a água tônica de sua preferência. Se começar com vinho a sua jornada de degustação, não misture com destilados como uísque, por exemplo. Se preferir outro tipo de vinho para a entrada, vá de champanhe ou espumante – aqui, a escolha é múltipla, mas tiro certo é escolher no caso de champanhe um Veuve Clicquot ou um Moët Chandon. No caso dos espumantes brasileiros, recomendo os elaborados por Mario Geisse, Salton, Miolo, Aurora ou o rosé da linha Club des Sommeliers, agradável aos olhos e na boca. Se a família e os amigos são chegados a espumantes mais leves e doces, a linha desses vinhos elaborados com a uva Moscatel no Vale do Rio

São Francisco, no Nordeste do Brasil, não podem faltar. Na mesa, saboreando as entradas leves ou os pratos à base de peixes e frutos do mar, nada melhor que um vinho branco das uvas Chardonnay ou Sauvignon Blanc. Aí, também o número de opções vai dos bons rótulos brasileiros, passando pelos vinhos chilenos e neozelandeses. Agora, na hora das carnes, das massas e dos pratos mais elaborados, um bom vinho tinto se impõe. Todos sabem que os aperitivos, os vinhos brancos e os espumantes devem ser bebidos bem gelados, e para estas festas de verão, os tintos também devem ser, obrigatoriamente, refrescados e até gelados em certos casos. Com temperaturas muito altas, degustar vinhos tintos à temperatura ambiente é um risco muito grande. A comida e a bebida não descerão bem e a digestão será sempre prejudicada, além de coibir o vinho de revelar toda sua exuberância. Vinhos tintos jovens são os ideais para os dias quentes. Cabernet Sauvignon com aromas de vegetais pronun-


Foto: Shutterstock

ciados e gosto de frutas vermelhas maduras caem bem, assim como os tintos de Merlot e Malbec. Já se for um Carménère jovem, o ideal é reservá-lo para que seja degustado com carnes gordas, como o tradicional pernil de porco. No caso das massas, a decisão fica por conta do molho com o qual serão servidas. Para os brancos à base de requeijão simples, um vinho branco da uva Pinot Grigio cai bem. Se for um molho de frutos do mar, um bom Chardonnay, com estágio em madeira e com mais de dois anos de idade, sustenta bem o sabor da harmonização. Se o tradicional molho de tomate reina sobre a massa, o velho e bom Chianti da Toscana tem tudo para dar certo. Para as sobremesas geladas, à base de frutas ou massas, um espumante nacional meio doce ou doce é a pedida. Tortas com frutas frescas e cremes, uma colheita tardia, sul-americano, é o reco-

mendado; e para as tortas à base de frutas secas e os tradicionais bolos de Natal com passas e demais frutas, um bom cálice de Porto Tawny, colheita ou com idade de 10 anos, encerra bem toda a refeição. Experimente degustar o hoje famoso chocotone derramando sobre uma fatia um pouco de Porto Ruby, ligeiramente refrescado. Sem exageros, com muita calma à mesa, sem tempo para se levantar, coloque a conversa em ordem e viva bons momentos com sua família sempre brindando a esperança de um 2016 melhor! f *Carlos Cabral: enófilo, estuda o universo dos vinhos desde 1969. Fundou, em 1980, a Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho (Sbav) e atualmente é consultor nacional de vinhos do Grupo Pão de Açúcar janeiro 2016 financeiro 43


Fotos: Divulgação

supermáquinas

Solte o volante e relaxe... Foto: Divulgação

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uem dirige um Volvo tem a sensação de ser abraçado pelo carro, tal é a segurança oferecida pela marca sueca. Essa percepção promete ser ainda maior com o novo S90, que será lançado em janeiro, no Salão de Detroit. Sua principal inovação é o pilot assist, instrumento semiautônomo, que permite ao motorista largar o volante sem que o veículo saia da faixa da estrada, em velocidades de até 130 km/h. Por meio de uma câmera, que monitora a via, o sistema aciona os freios, automaticamente, ao detectar à frente objetos, pedestres, ciclistas ou animais grandes, como cavalos e bois, durante o dia ou à noite.

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Concorrente direto dos premiums BMW Série 7 e Mercedes-Benz Classe S, o S90 é a primeira experiência da Volvo no segmento de carros sedãs de luxo. Seus faróis full-led têm iluminação que forma a letra T deitada e as lanternas lembram a letra C, contorno incomum nos sedãs. No interior, os comandos são acionados a partir de uma tela multimídia console central. A expectativa é que o novo S90 pode chegar ao Brasil no segundo semestre de 2016, ou talvez em 2017. f


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Informefractal

Panorama de crédito e consumo para as classes C e D

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atual cenário de contração macroeconômica que o País atravessa, com o reflexo na diminuição da renda individual e das famílias, demanda ajustes tanto nas despesas dos consumidores quanto na cadeia produtiva e de crédito. Esforços cada vez maiores de planejamento de ambos os lados tornam-se essenciais, dada a incerteza acerca do momento da retomada da atividade econômica e os índices de confiança em persistente declínio. Para contribuir com um planejamento mais assertivo e informado, a Fractal entrevistou 3.118 pessoas com renda individual de até R$ 1.500 mensais, nas principais regiões metropolitanas do País. A pesquisa analisou detalhadamente informações como a forma com a qual os entrevistados utilizam o sistema financeiro nacional, a posse de serviços e produtos financeiros, o comprometimento de renda com as despesas recorrentes e esporádicas, formas de pagamento de contas, contração de produtos, itens de posse e decisões sobre consumo e crédito em cenários de expansão e retração de renda. Ao considerar as despesas mensais em momentos de crise, foi solicitado que cada entrevistado listasse, de forma hierarquizada, os cinco principais itens de corte. A figura 1 representa a

incidência de respostas para o primeiro item de despesa a ser cortado, sem considerar qualquer nível de quebra. As despesas com vestuário, viagens de recreação, restaurante/ bar/cantina, cosméticos e reparos na casa aparecem como maior frequência, ao passo que despesas reRodrigo Neman: lacionadas à educação e saúde são advisor da Fractal aquelas menos citadas. Analytics Modelos preditivos vêm sendo construídos pela Fractal para analisar a relevância dos dados sociodemográficos e psicográficos nos hábitos de consumo e priorização de despesas. Entre as regiões metropolitanas foram encontradas diferenças estatisticamente significativas. No Recife, em Porto Alegre e em Campinas observou-se acentuada redução nos gastos de vestuário. Em Belo Horizonte a priorização de corte foi para as viagens de recreação. Salvador, Curitiba, Rio e São Paulo apresentaram maior diversificação das despesas com prioridade de corte.

Figura 1: Despesas mensais com maior propensão a corte em momentos de crise.

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Informefractal Figura 3: Intenção de investimentos e gastos por faixa de renda individual em caso de melhoria do nível de renda familiar.

A pesquisa, para antecipar os eventuais padrões de consumo em um cenário hipotético de retomada do crescimento econômico e aumento de renda familiar, levantou de forma hierárquica os três principais itens que receberiam os recursos adicionais. A figura 3 mostra as diferenças dos itens de prioridade 1 por faixa de renda. Reforma do imóvel, aplicação financeira, educação e compra de imóvel para sair do aluguel figuram como os principais interesses. À medida que a renda individual aumenta, a aplicação financeira e a compra do imóvel para sair do aluguel ganham relevância, ao passo que a educação perde relevância. Do mesmo jeito que há variações sobre os itens entre as faixas de renda individual, modelos preditivos mostram que o fato de o respondente possuir ou não casa própria muda de forma mais contundente as opções de investimento e gasto. A figura 4

mostra que respondentes com casa própria almejam com maior frequência o acesso à educação própria e dos filhos, a reforma do imóvel, viagens e férias e investir em negócio próprio. Os dados apresentados tratam de um nível introdutório de descobrimento a respeito das primeiras prioridades de cortes de despesas e retomada de gastos e investimentos, para diferentes grupos entrevistados. Os modelos de aferição mais sofisticados demonstram correlações e padrões entre os três primeiros itens de corte e os três primeiros itens de gastos e investimentos. Decisões de planejamento da cadeia produtiva e de crédito têm demandado modelos preditivos com maior número de variáveis acerca do contexto de vida de grupos homogêneos entrevistados e a respectiva estimação do tamanho da população desses grupos nas regiões pesquisadas.

Figura 4: Intenção de investimentos e gastos para os grupos que em que a família possui ou não casa própria em caso de melhoria do nível de renda familiar. Sem casa própria

Com casa própria

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artigopalavrafinal

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economia brasileira ainda está sob impacto da forte retração de seu produto (PIB), da inflação elevada e do desemprego ainda crescente; afora outras deficiências macroeconômicas, políticas e sociais. As expectativas sobre o desempenho econômico em 2016 são ainda sombrias, esperando-se uma queda do PIB entre 3% e 4% (estimativa mínima e máxima de Nicola Tingas: mercado financeiro neste momento), economista-chefe após uma contração estimada próxida ACREFI ma a 3,8% em 2015, e estagnação em 2014 quando o PIB registrou apenas 0,1%. O PIB do 3º trimestre de 2015, divulgado pelo IBGE no início de dezembro, evidenciou que estamos atravessando a mais profunda e prolongada recessão em décadas. Na marcação estatística, o PIB do período contraiu 2,5% em quatro trimestres, sendo que foi de 1,8% a contração do “Consumo das Famílias” e de 11,2% a contração do “Investimento” (Formação Bruta de Capital Fixa).

Um agravante desse quadro é a expectativa da continuidade das demissões no início de 2016, necessária para ajuste do “tamanho” das empresas ao menor mercado e maiores custos, o que deverá gerar um pico de desemprego em 2016 da ordem de 11 a 12% da “taxa de desocupação da força de trabalho”, seguindo a já elevada taxa de 8,9% indicada pela PNAD Contínua do IBGE, relativa ao 3º trimestre de 2015. Afora isso, há perda de poder aquisitivo e aumento de custos na economia decorrentes da elevada inflação, próxima a 10,5% em doze meses. Um cenário ruim para o início do ano de 2016. Assim, os desafios de travessia da conjuntura adversa persistem em 2016. O que pode melhorar ou salvar parte do ano de 2016? Algo poderá ser revertido, se houver resgate de alguma “liderança política” e um “acordo de poder”, a indicação de um “plano de resgate econômico” crível e viável; sendo essas etapas necessárias para restaurar gradativamente a “confiança” dos agentes econômicos e a recuperação da capacidade de crescimento da economia. f

Evolução PIB e componentes selecionados Taxa (%) acumulada em quatro trimestres sobre mesmo período anterior

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Texto escrito em 1/12/2015

Foto: Mário Bock

Desafios persistem em 2016


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