Financeiro 86 - Maio 2014

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edição

86 mai

Novos tempos Marco Rossi Presidente da CNseg e da Bradesco Seguros fala sobre o crescimento do setor

Entrevista especial

Fundação OSESP: modelo de administração Belluzzo: o economista que recusou a presidência do BC


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conteúdofinanceiro

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38 8 Páginas Azuis

38 OSESP

42 Tiffany

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Marco Rossi, da CNseg e da Bradesco Seguros, aposta na força da classe C

12 Inovação

As novas ferramentas do setor financeiro

16 Especial

Belluzzo fala da sua influência no governo Lula

23 Rating

Previsões de Mauro Leos, da Moody’s

25 Coletiva de Imprensa 27 9o SIAC 28 Seminário Jurídico

23

30 Compliance

Orquestra nota 10

Sinônimo de bom gosto

44 Doutores da Alegria 48 Educação Financeira 50 Sheraton Curitiba 53 Coffee Lab 56 INEPAD Artigos 22 Amaro Gomes (IASB) 26 Heloísa Bedicks (IBGC) 32 Marcele Lemos (Coface) 33 Nathalia Pompeu (PUC/SP) 66 Nicola Tingas (Acrefi)

34 Painel Cetip 36 Perfil Arval 37 Perfil Losango

Capa: fotos de Régis Filho e Mario Bock maio 2014 financeiro

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expediente ISSN 1809-8843 Publicação da acrefi – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento Rua Libero Badaró, 425 – 28°andar – São Paulo – SP Tel: (11) 3107-7177 fax: (11) 3106-6082 – www.acrefi.org.br Presidente Érico Sodré Quirino Ferreira Vice-presidentes Aquiles Diniz, Décio Carbonari de Almeida, Élcio Azevedo, Felicitas Renner, José Luiz Acar Pedro, Leonardo Marcondes Dadauto, Luís Fernando Staub, Mauro Roberto Vasconcellos Gouvêa e Rubens Buttion Diretor Tesoureiro José Garcia Neto Diretor Secretário Renato Oliva Diretores regionais Carlos Alberto Samogim, Edmar Casalatina, Eliseu Colman, Leonardo Bortolini, Luis Eduardo da Costa Carvalho, Marcos Rosa, Paulo Dalla Nora, Paulo Henrique Pentagna Guimarães e Sebastião Cunha Diretores executivos Alexandre Teixeira, Claudio Messias Ferro, Deo Rozindo Filho, Gabriel José Gama Ferreira, Hilgo Gonçalves, João dos Santos Caritá Júnior e Ronaldo Rondinelli Montadoras Edson Froes, Edson Ueda, Eduardo Varella, Gunnar Murilo, Joelcyr Carmello e Nelson Aguiar Diretores conselheiros José Carlos Alves, Ricardo Janini e Roberto Jabali Conselho consultivo Alkindar de Toledo, Manoel de Oliveira Franco e Ricardo Malcon (membros natos); Décio Carbonari de Almeida, Flávio Antonio Meneghetti, Gilson Finkelsztain, Ilídio Gonçalves dos Santos, Luiz Tavares, Miguel José Ribeiro de Oliveira e Rogério Pinto Coelho Amato (membros) Conselho fiscal Domingos Spina e Sérgio Darcy (efetivos), Geraldo Lima Wandalsen e Marcus André de Oliveira (suplentes) Diretor superintendente Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) Controller Carlos Alberto Marcondes Machado Consultora Jurídica Lívia Esteves Economista-chefe Nicola Tingas Assessoria contábil AG Silveira Contabilidade Assessoria de imprensa Tamer Comunicação Empresarial

Av. Brigadeiro Faria Lima, 1912, cj. 12b - Jardim Paulistano - São Paulo - SP Tel.: (55.11) 3031.2388 - CEP: 01451-000 – www.tamer.com.br Publisher Sergio Tamer Redação/Editores Theo Carnier e Gilberto de Almeida Editor assistente Gustavo Girotto Repórteres Evandro Ribeiro, Geyse Alencar e Liliana Liberato Fotografia Régis Filho, Gabriel Kosman, Mario Bock e Sonia Tamer Arte Moacyr MW e Rafael Pascoal Revisor Vicente dos Anjos Impressão Eskenazi Gráfica

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editorial

Imagine! G

randes desafios têm que ser encarados com

ano inteiro, com turbulências como a que aconteceu também em 2013, quando

medidas ousadas. Sem deixar de lado o bom

se falou em um possível adiamento do prazo de obrigatoriedade de instalação

senso e a experiência acumulada, a ousadia

de airbags e freios ABS em todos os carros novos. A medida acabou não sendo

é primordial para que se consiga vencer os maiores

implantada, mantendo-se o prazo original (este ano), mas, antes da decisão final

obstáculos em situações de incerteza, como a que

aconteceu um vaivém de informações que confundiu o mercado. No “ano do

vivemos atualmente no Brasil. O governo que assu-

‘Imagine’” essa incerteza não aconteceria.

mirá o poder em 2015, seja qual for, terá que buscar

Talvez um exemplo ainda mais claro seja o caso do marco regulatório para a

soluções originais para reforçar a confiança dos

energia elétrica, que mudou em 2013 e trouxe problemas que se refletem até hoje

agentes econômicos e, assim, abrir caminho para a

(e continuarão a impactar) na economia brasileira. Naquela ocasião, anteciparam-

tão sonhada volta do crescimento.

-se contratos, que foram refeitos e que, além de muitas vezes colocarem de lado

Nesse sentido, temos uma proposta ousada, mas, do nosso ponto de vista, que pode ser muito bené-

evitado. Nada disso aconteceria em um “2015 sem mudanças”.

fica para o País. A proposta, que levaria o título de

Vale ressaltar que a estabilidade das regras durante um ano traria benefícios

“Imagine!” é a seguinte: durante todo o ano de 2015

muito além desse período. Talvez seu efeito mais importante seja o claro recado

não se poderá fazer nenhuma mudança em regras do

transmitido a empresários, investidores e para toda a economia que a estabilidade

governo, em todos os níveis.

tornou-se novamente um valor precioso para o País.

Para reforçar, a ideia é que NADA se faça nesse

Não se trata, portanto, de mudanças. Ao contrário, trata-se de não mudar para

sentido: nenhuma lei, decreto, portaria, instrução, reso-

priorizar a estabilidade, dar tempo para a economia brasileira “respirar” e evitar

lução, normativo, mudanças de alíquotas. E esse “nada”

as surpresas que muitas vezes atrapalham o andamento dos negócios.

valeria para os níveis federal, estadual e municipal.

A medida é relativamente simples, embora vá despertar muita polêmica.

A primeira reação a essa sugestão será, quase

Ninguém há de negar que uma das maiores necessidades da economia bra-

certamente, negativa. “Não é possível implantar

sileira é a estabilidade. Então, por que não ousar para que ela volte a trazer

uma ideia dessas”, dirão os incrédulos. É natural

tranquilidade a nós todos? O Brasil, certamente, precisa disso. Não basta que-

que seja assim, mas o ceticismo não deve impe-

rer, mas é importante ter vontade para fazer. Se deixarmos como está para ver

dir que a proposta vá em frente, principalmente

como é que fica, estaremos condenados a nunca achar soluções. O Brasil não

porque vai ao encontro de uma necessidade pre-

parecia condenado a conviver com a hiperinflação até meados dos anos 1990?

mente para todos: a certeza de que as regras não

Mas venceu o dragão, o que parecia impossível. É hora de voltar a ousar e de

mudarão durante o jogo, como tem acontecido

vencer as armadilhas que impedem o País de seguir seu caminho em direção

com frequência na nossa economia.

ao desenvolvimento sustentado.

Como poderia ser colocada em prática essa pro-

Foto: Flávio Roberto Guarnieri

condições técnicas do sistema, criaram um clima de incerteza que poderia ter sido

...IMAGINE como sua vida ficaria mais fácil.

posta, o projeto “Imagine!”? Não se trata de algo com-

...IMAGINE como o Brasil seria mais fácil.

plexo. Ficaria acertado que, nos 365 dias de 2015, não

...IMAGINE!

seriam adotadas novas regras que mudassem o que está estabelecido. Um exemplo: as alíquotas de ICMS não poderiam ser alteradas nesse período. Também ficariam vetadas mudanças, como o aumento da alíquota de IOF nas compras realizadas por brasileiros no exterior com a utilização de cartão de débito, como aconteceu nos últimos dias do ano passado. Dessa forma, deixaríamos de conviver, por um

Érico Sodré Quirino Ferreira, Presidente da Acrefi maio 2014 financeiro

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nossasassociadas ACFI - Aymoré Crédito, Financiamento e Investimento S.A.

Banco Safra S.A.

Kredilig S/A Crédito, Financiamento e Investimento

Banco Santander Brasil S.A. Agiplan Financeira S.A. CFI Banco Semear S.A.

Lecca Crédito, Financiamento e Investimento S.A.

Banco A.J. Renner S.A. Banco Toyota do Brasil S.A. Banco Volkswagen S.A.

Mercantil do Brasil Financeira S.A. - Crédito, Financiamento e Investimentos

Banco Yamaha Motor do Brasil S.A.

Midway S.A. - Crédito, Financiamento e Investimento

Banif Banco Internacional do Funchal (Brasil) S.A.

Múltipla CFI S/A

Banco Carrefour S.A. Banco Cifra S.A.

BMW Financeira S.A. CFI

Negresco S/A Crédito, Financiamento e Investimentos

Banco Citibank S.A.

BV Financeira S.A. - Crédito, Financiamento e Investimento

Omni S.A. - Crédito, Financiamento e Investimento

Caixa Econômica Federal

Parati Crédito Financiamento e Investimento S.A.

Banco Bonsucesso S.A. Banco Bradesco Financiamentos S.A. Banco Cacique S.A.

Banco Citicard S.A. Banco CNH Capital Banco Daycoval S.A.

Caruana S.A. Sociedade de Crédito Financiamento e Investimento

Banco De Lage Landen Financial Services Brasil S.A.

Cetelem Brasil S.A - Crédito, Financiamento e Investimento

Banco do Brasil S.A.

Cred Capixaba S/A Soc. Crédito, Financiamento e Investimento

Banco Ficsa S.A. Credifibra S/A CFI

Pernambucanas Financiadora S.A. - Crédito, Financiamento e Investimento Portocred S.A. - Crédito, Financiamento e Investimento Portoseg S.A. - Crédito, Financiamento e Investimento

Banco Fidis S.A. Banco Gerador S.A.

Dacasa Financeira S.A. - Socied. de Crédito, Financiamento e Investimento

Banco GMAC S.A. Banco Honda S.A. Banco Intermedium S.A.

Finamax S.A. - Crédito, Financiamento e Investimento Financeira Alfa S.A. - Crédito, Financiamento e Investimentos

Banco Itaú S.A. Financeira BRB

Santana S.A. - Crédito, Financiamento e Investimento Sax S.A. Crédito, Financiamento e Investimento Socinal S.A. Crédito, Financiamento e Investimento Sorocred Crédito, Financiamento e Investimento S.A.

Banco Itaucard S.A. Herval Financeira S.A. CFI Banco Panamericano S.A. Banco PSA Finance Brasil S.A. Banco Rodobens S.A.

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HSBC Bank Brasil S.A. Banco Múltiplo

Sul Financeira S.A. - Crédito, Financiamento e Investimento Todescredi S/A - Crédito, Financiamento e Investimento



entrevistadomês

“As pessoas querem mais segurança e proteção e as seguradoras são um braço adicional ao que o governo ainda não consegue oferecer à população” Por Theo Carnier e Gilberto de Almeida Fotos: Régis Filho

Em entrevista à Financeiro, Marco Rossi, presidente da CNseg e da Bradesco Seguros, fala sobre o crescimento do setor de seguros, como conquistar o consumidor de baixa renda, investimento na formação dos atuários e a criação do VGBL Saúde Financeiro: Quais são as metas da sua gestão na CNseg, que vai até maio de 2016, quase chegando às Olimpíadas do Rio? Marco Rossi: O mercado de seguros vem crescendo em ritmo acelerado nos últimos anos, comportamento bem típico daqueles países que conseguem fazer uma alavancagem da economia e uma migração de classes sociais, situação que tem ocorrido no Brasil, e o setor de seguros conseguiu capturar essa

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transformação. Acho que nós temos o desafio de continuar nesse ritmo de crescimento e, se possível, potencializá-lo. O mercado, nos últimos sete anos, cresceu, em média, 18% ao ano. É um crescimento chinês. Portanto, é um desafio continuarmos nessa alavancagem, em termos de resultado. A nossa participação no PIB saltou de 1%, em 1990, para em torno de 6%, em 2013. Isso já revela uma transformação. Esse é um primeiro ponto. Um segundo ponto é que, para imaginar esses avanços de crescimento, nós precisamos continuar popularizando os seguros. Isso se faz de duas maneiras. De um lado, facilitando a comunicação, mostrando para a sociedade que o seguro não é burocratizado. É simples. Ele é feito para todos os brasileiros, não só e tão somente para os mais ricos, como acontecia no passado, quando o seguro tinha sua a imagem ligada às pessoas com mais dinheiro. Outro ponto fundamental para o crescimento desse mercado é buscar não burocratizar o seguro, trabalho que estamos desenvolvendo em conjunto com a própria Susep (Superintendência de Seguros Privados) – o órgão regulador do setor. Temos também outra meta interna, que é aprimorar o nível de capacitação tanto da nossa força comercial, representada pelos corretores de seguros, como dos nossos próprios colaboradores, iniciativa que serve para melhorar o nosso relacionamento com os consumidores.

Financeiro: Quais são as iniciativas que podem ser adotadas para o setor de seguros atingir mais facilmente o consumidor de baixa renda? Marco Rossi: A participação e a penetração do seguro nas classes C e B, principalmente, são ainda extremamente baixas. Quando você olha o lugar em que eu trabalho, o Bradesco, 25% dos nossos clientes possuem o produto seguro conosco.


Quando você olha para o Brasil, terá um número pior do que esse. Nós imaginamos que fica abaixo de 20%. Então, o desafio é como chegar a essa população. O setor já tem investido nos últimos anos na comunicação, fazendo com que ela seja mais simples e bem-humorada. A maioria das companhias usou essa estratégia e ela tem dado resultado. Outro ponto que as seguradoras e a CNseg têm trabalhado é na criação de novos produtos. São produtos mais simples, focados nas faixas de menor renda. Exemplo: seguro auxílio-funeral. É um produto extremamente barato, de fácil aceitação e que tem como principal compradora a classe D. As nossas pesquisas têm mos-

trado que essa é uma das preocupações dessa classe social. As seguradoras começaram a criar produtos na faixa de R$ 3, R$ 4, para gerar um primeiro relacionamento com esse consumidor.

Financeiro: E como podemos ter um produto menos burocrático e com maior facilidade para o consumidor? Marco Rossi: O caminho que a gente tem usado é o do microsseguro. É um produto que tem uma contratação mais simplificada e utilizando meios remotos de venda. Temos investido na aquisição por meio de celular e de varejistas. Eles se mostraram ser um braço importante no contato com esse público e de acesso à comercialização de seguros. E o próprio trabalho feito com a Susep para exigirmos uma quantidade menor de documentos, tanto no momento da contratação como na hora do pagamento do benefício. Financeiro: Diante do cenário econômico do País, como o senhor observa o posicionamento do setor de seguros? Marco Rossi: Um fator importante para o crescimento do setor é o nível de emprego. E hoje estamos vivendo no Brasil uma situação praticamente de emprego pleno. Isso favorece muito o crescimento do seguro. Hoje o desafio para as empresas é oferecer benefícios para a retenção dos seus funcionários. O que observamos, em comparação a 15 anos atrás, quando se oferecia previdência privada, seguro saúde era um privilégio apenas das grandes empresas. Hoje, observamos que o consumo desses produtos chegou à base do mundo corporativo. Isso tem sido um fator importante para alavancar o crescimento dos seguros. Por outro lado, temos fatores de mudança de características da sociedade. Por exemplo, as pessoas estão vivendo mais. Viver mais significa poupar mais para garantir o futuro; particularidade que ajuda a alavancar o setor de seguros. Temos ainda outro fator indiscutível. As pessoas querem mais segurança e mais proteção e as seguradoras são um braço adicional importante ao que o governo não consegue oferecer ainda à população. Ou seja, temos aí um conjunto extremante favorável para o crescimento do setor de seguros.

Financeiro: Quais são os segmentos de seguros que devem merecer destaque em 2014?

Marco Rossi: É difícil identificar segmentos específicos. No ano passado tivemos um crescimenmaio 2014 financeiro

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entrevistadomês to importante na área de automóveis e a nossa expectativa é que ele permaneça este ano. Outro crescimento importante e que deve ter continuidade é o do seguro-saúde. O seguro residencial tem uma baixíssima penetração no Brasil. Ele não chega a 17% das casas e dos apartamentos existentes no País. Esse setor teve forte expansão em 2013 e mantém enorme potencial de evolução. Existem outros segmentos ainda pouco expressivos no Brasil, mas que podem ganhar espaço. O seguro-viagem, que há 10 anos praticamente não existia no País, tem registrado taxas de crescimento chinesas nos últimos três, quatro anos.

Financeiro: Assim como tem ocorrido em outros setores, existe espaço para união ou fusão entre empresas de seguro? Marco Rossi: Eu diria que isso é possível. Pelo que a gente vive hoje no País, todas as empresas internacionais têm planos ou interesse de entrar no Brasil. A dificuldade é encontrar o player para que isso possa acontecer. As empresas do setor atualmente não estão numa posição vendedora. É evidente que, mesmo assim, isso é possível ocorrer. A SulAmérica anunciou recentemente a entrada da Swiss Re no capital da empresa. Existe um movimento, que já se tornou público, segundo o qual o Itaú pode vender sua seguradora de grandes riscos. Tivemos a notícia também de que a Intermédica foi vendida para um fundo de private equity norte-americano. Então, o setor é atrativo, desperta o interesse dos investidores internacionais. Ou seja, isso pode continuar acontecendo.

ção profissional. Há 20 anos, no Brasil, quase 90% dos negócios estavam ligados ao seguro de automóveis. Hoje, nós falamos de seguro de automóvel; náutico; previdência – que tem fator tributário importante; saúde; odontológico; residencial... todos eles com características diferentes. Tivemos mudanças muito grandes no que diz respeito às assistências dos seguros. Os nossos seguros hoje têm uma série de serviços atrelados. Isso requer do vendedor de seguros – o nosso principal canal de distribuição – uma melhor formação e qualificação do que ele não tinha no passado. Nesse aspecto, a Escola Nacional de Seguros tem um papel importantíssimo no desenvolvimento do setor.

Financeiro: Quais são os investimentos que devem ser feitos na qualificação dos profissionais para que o setor feche ainda mais negócios? Marco Rossi: Nós temos uma carência muito grande na formação de atuários. São profissionais especializados em calcular e administrar riscos. Nessa questão, nós temos que trabalhar em duas frentes. Primeiro, é melhor qualificar os nossos técnicos e nesse aspecto nós temos um centro de formação e qualificação dos profissionais, a Escola Nacional de Seguros. Essa é uma vantagem competitiva importante. O outro ponto está na linha de frente da área comercial. Desde o momento que nós tivemos, nos últimos anos, a entrada no Brasil de produtos mais sofisticados, com características diferenciadas. Isso faz com que o vendedor de seguros passe a atuar como um consultor de seguros em proteção, exigindo uma melhor qualifica-

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Financeiro: O senhor tem alguma expectativa de apoio do governo para incrementar os negócios do setor? Marco Rossi: Existem dois pontos importantes no diz respeito às regras no setor de seguros. Primeiro: seguro não casa com inflação muito alta, principalmente nos produtos direcionados à pessoa física. A inflação com índices altos sempre acaba impactando o setor de seguro. Por que? Porque as pessoas devem ter uma visão de longo prazo. Se tivermos uma inflação muito alta, o cliente deixa de ter essa visão e acaba comprometendo o setor. Então, é importante manter essa inflação em percentuais confortáveis. Outro fator é a previsibilidade. Seguro não casa com mudanças de


regras frequentes. Não só no setor de seguros, as pessoas gostam de regras claras, definidas e sem alterações. Felizmente, nós temos tido no Brasil esse cenário nos últimos anos, com maior previsibilidade e regras muito claras.

Financeiro: Quais são as novidades que o setor de seguros estuda viabilizar em breve? Marco Rossi: Existe um produto, que temos discutido muito no setor, que se chama VGBL Saúde. Como as pessoas estão vivendo muito mais, a poupança necessária para a área de saúde é muito grande. E esse produto atenderia perfeitamente a essa demanda.

“Como as pessoas estão vivendo muito mais, ... o VGBL Saúde seria um produto que atenderia perfeitamente a essa demanda.” Financeiro: Em que pé está a proposta? Marco Rossi: Já entregamos uma proposta do produto para o governo. Seria muito interessante para o País, para o desenvolvimento do setor, além de preparar o Brasil para o futuro. Só para você ter uma ideia: hoje, quando uma pessoa se aposenta, um dos fatores que ela leva em conta é o lugar em que vai morar. A maioria busca cidades que oferecem uma boa estrutura em saúde. Se o País não se preparar para ter uma população mais envelhecida, experiente, nós teremos dificuldade, em breve, para sustentar essa mudança da estrutura social brasileira.

Financeiro: Quando esse produto deve chegar ao mercado?

Marco Rossi: Esse é um desafio. Se o governo desse um sinal verde, nós teríamos condições de implantar esse produto em 60 dias. A gente tem trabalhado, discutido... Você sabe, quando se vem com algo novo, é preciso quebrar barreiras, discutir o tema. E é isso que temos feito com o governo.

Financeiro: Em entrevista recente, o senhor declarou que o setor deve crescer este ano 15,6%. Com a atual maré da economia, é possível atingir essa meta? Marco Rossi: Nós estamos trabalhando para a manutenção desse número. Nós acreditamos que é um índice factível.

Financeiro: Em relação ao preço do seguro, o senhor falou sobre a necessidade de a mão de obra ter um pouco mais de informação. Porque quem compra seguro, normalmente, não sabe se o preço é caro ou barato. Eles não têm um parâmetro. Existe alguma ação voltada para esclarecer melhor isso para o consumidor? Marco Rossi: Nós sempre temos trabalhado para esclarecer o consumidor. O seguro não é caro nem barato. O seguro tem um componente atuarial. Se você tem um controle de sinistralidade, se você tem uma atuação com a sociedade para reduzir o risco, isso de imediato acaba influenciando no custo do seguro. Vou dar um exemplo: cada vez que o governo estabelece um novo grau de cobertura na área de saúde, que gera mais atendimentos, evidentemente gera um acréscimo no preço. Isso devido ao critério do mutualismo: o grupo paga por aqueles que vão utilizar esse tipo de cobertura. Já nos produtos de capitalização, como é o caso da previdência, tem havido uma redução nas taxas cobradas. Por quê? A partir do momento em que o mercado aumenta de tamanho, os custos acabam sendo reduzidos. Há 25 anos, era comum trabalharmos com taxas de 10%. Hoje, o setor aplica porcentagens semelhantes às administradas nos Estados Unidos e na Europa, que são economias que têm carteiras enormes de previdência privada. Outra coisa que gostaria de destacar: as seguradoras gostam de trabalhar com produtos de preços menores por uma vantagem competitiva. Quando ela trabalha com uma sinistralidade menor, com controle maior, é possível oferecer produtos que alcançam as camadas da população de menor poder aquisitivo. f maio 2014 financeiro

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O futuro é No evento Inovação – O Futuro dos Negócios, a Acrefi mostrou novidades do setor financeiro que têm facilitado a vida das pessoas e trazido mais segurança e transparência ao sistema

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odos os dias a mídia abre mais espaço para assuntos relacionados às inovações, mas quais são os usos práticos delas? Quais são os benefícios que geram na vida das pessoas? Para tentar mostrar os avanços alcançados por essas novas ferramentas no sistema financeiro, a Acrefi organizou no dia 24 de abril, no Renaissance São Paulo Hotel, o evento Inovação – O Futuro dos Negócios. E reuniu três craques para falar sobre o tema: Tiago Zequi Oliveira, gerente da Cetip; Luca Cavalcanti, diretor de canais digitais do Bradesco, e Marcelo Theodoro, diretor de convergência digi-

Fotos: Sonia Tamer

Tiago Zequi Oliveira, gerente da Cetip

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tal e e-commerce da MasterCard. Em sua saudação aos convidados, Antonio Augusto de Almeida Leite, o Pancho, diretor-superintendente da Acrefi, lembrou que a entidade é protagonista em iniciativas voltadas à inovação, sendo a primeira associação a criar, em 2005, um canal exclusivo para veiculação de seus programas e entrevistas, a TV Acrefi. Ele destacou ainda que a Acrefi implantou depois, em 2006, a Rádio Acrefi, além de se comunicar com seus associados por meio de SMS e realizar coletivas de imprensa on-line. Luca Cavalcanti, diretor de canais digitais do Bradesco

Logo na abertura da sua apresentação, Tiago Zequi Oliveira, da Cetip, enfatizou um ponto-chave na questão da inovação, principalmente quando estamos falando do arsenal de subsídios armazenados no Big Data. “De que adianta ter um balde de informações se não se sabe o que fazer com elas?”, avaliou ele. O setor financeiro é dos que melhor souberam transformar as informações e os avanços tecnológicos em benefícios para seus clientes: liquidação real time, internet banking, autenticação digital, identificação biométrica são algumas dessas evoluções. Para a Cetip, o desafio foi agilizar, de maneira segura, o fluxo das informações durante o processo de aprovação de financiamentos, interligando a área comercial, o back office e as revendedoras de carros.


hoje Agora, com apenas um aplicativo no celular, a Cetip integra eletronicamente processos, sistemas e informações. A ferramenta permite criar um dossiê digital que inclui imagens da placa do carro, fotos das condições internas e externas do veículo, os documentos exigidos na transação, além de consultar os órgãos de trânsito sobre pendências com multas, impostos e taxas. Segundo Oliveira, essa solução da Cetip foi muito bem recebida e ganha cada vez mais espaço nas negociações de compra e venda de automóveis, pois agiliza o pro-

diretor de canais digitais do Bradesco, no início da sua apresentação no evento Acrefi. Ele mostrou números que justificam essa busca permanente por novas tecnologias para atendimento dos clientes. O Bradesco registra diariamente 5,7 milhões de transações (22,4%) nos seus terminais de autoatendimento, 12,1 milhões (47,6%) por meio do internet banking, 3,7 milhões (13,1%) usando o telefone celular, além de 11,6% que acontecem na boca do caixa das agências, 5% via contact center e 0,1% nas redes sociais.

Fonte Bradesco

CANAIS DIGITAIS BRADESCO

cesso de forma segura e assertiva. Como o progresso deve ser permanente, a Cetip se prepara agora para adicionar dados sobre o comportamento do motorista no trânsito, informações que interessam tanto às seguradoras como a outros agentes financeiros. Com mais de 27 milhões de correntistas, o Bradesco também pensa em inovação 24 horas por dia. Afinal de contas, 88% das suas transações são realizadas em canais digitais, seja num caixa eletrônico embarcado em uma agência flutuante do banco no Rio Solimões, na região Amazônica, ou por meio de um SmartPhone. “A inovação acontece todos os dias, por isso é preciso conhecer o futuro hoje”, afirmou Luca Cavalcanti,

Cavalcanti lembra que “a tecnologia não substitui as pessoas; a tecnologia se adapta às necessidades dos clientes. Ela serve para simplificar e agilizar o atendimento dos correntistas”. No entanto, apesar dos avanços conquistados – a identificação biométrica, que substitui o cartão eletrônico, o mobile token, o leitor de código de barras via celular, entre outras inovações –, o grande desafio ainda é fazer com que esses benefícios sejam conhecidos e usados pelos clientes. Um exemplo disso é o serviço DDA (débito direto autorizado), que permite que o cliente consulte, agende e pague seus boletos sem usar os impressos de papel. “O benefício foi criado, mas ainda precisa ser mais divulgado entre os correntistas”, admitiu Cavalcanti.

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mações do cartão em suas compras on-line. “Além de eliminar a fase da inserção de dados, momento em que muita gente desiste de fazer a compra, estamos oferecendo mais segurança para a transação”, explicou Theodoro. A MasterCard está negociando a carteira digital da plataforma MasterPass com os bancos, que poderão identificá-la com a sua marca. A Caixa Econômica Federal foi o primeiro banco a aderir à inovação, mas outras quatro instituições bancárias estão prestes a fechar parceria. Marcelo Theodoro, diretor de convergência digital e e-commerce da MasterCard

Foto: Sonia Tamer

Outra inovação também pouco difundida é a possibilidade de fazer depósito em cheque usando o SmartPhone. Para isso, basta o cliente fotografar os dois lados do cheque, confirmar o valor e enviar o arquivo com os dados. Depois, o banco, por enquanto, manda buscar o cheque na casa ou no escritório do cliente, mas a previsão é de que no futuro isso não seja mais necessário. Antes de terminar a sua apresentação, Cavalcanti falou sobre o Bradesco Next, espaço conceito do banco instalado no Shopping JK Iguatemi, na capital paulista, em que é possível fazer saque, transferência, consulta de saldo e extrato usando telas sensíveis ao toque – serviço oferecido em três idiomas: português, inglês e espanhol. Além disso, há ainda uma “mesa lounge”, que se transforma em uma superfície tátil. Com um toque, o cliente pode pedir água, ver revistas e se informar sobre opções culturais. Empresa de tecnologia especializada em meios de pagamento, a MasterCard também trabalha com um programa robusto de inovação. Segundo Marcelo Theodoro, diretor de convergência digital e e-commerce, acredita que o celular é a principal ferramenta para que pessoas deixem de fazer compra usando dinheiro. Sua crença se baseia em alguns números que revelam o espaço conquistado pelos SmartPhones no cotidiano dos usuários: consultar a internet é a última coisa que 54% dos norte-americanos fazem antes de dormir, 24% acessam a rede enquanto dirigem e 39% usam o celular durante o tempo que estão no banheiro. Em contrapartida, a MasterCard trabalha com um contingente em que 70% de pessoas ainda têm algum tipo de receio de fazer compra pela internet. Dentro desse contexto, a MasterCard criou a plataforma MasterPass, uma carteira digital que elimina a necessidade de o cliente digitar as infor-

Além desses benefícios, Theodoro apresentou aos convidados do evento da Acrefi outros serviços agregados do MasterPass. Em um deles, os clientes podem armazenar informações, livro de endereços, cartões da bandeira MasterCard e das demais bandeiras, nas funções crédito, débito e pré-pago. Isso facilita a transação a partir de qualquer dispositivo conectado, principalmente aqueles com telas menores. Já os lojistas, conseguem interagir com os consumidores antes, durante e após a compra, por meio de programas de fidelidade e de anúncio de ofertas. “O mais importante de tudo isso é que estamos criando nas pessoas a cultura do pagamento digital”, concluiu o diretor de convergência digital e e-commerce da MasteCard. f



entrevistaespecial

“Eu disse não à presidência do Banco Central” Em clima descontraído, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo fala sobre a conjuntura nacional, da sua fase de cartola no Palmeiras e sua amizade com Lula Por Theo Carnier e Gustavo Girotto Fotos: Mário Bock

L

uiz Gonzaga Belluzzo é um dos primeiros nomes que vêm à mente quando se fala de economista “heterodoxo”, classificação largamente utilizada (embora seu significado não seja preciso). Considerado também “de esquerda”, ele rechaça rótulos e prefere se definir como um observador atento e participante de vários episódios importantes da economia brasileira nos últimos 30 anos. Professor conceituado, participou de governos estaduais em São Paulo e do governo federal e conheceu diretamente figuras importantes da política e da economia, além de ser colunista de jornais de primeira linha. Sua larga experiência inclui ainda um mandato como presidente do Palmeiras, do qual não guarda boas recordações, embora continue a ser torcedor fervoroso do clube. Apesar de considerado “governista” por muitos, é crítico da atual gestão petista, à qual faz muitas restrições. Mesmo assim, mantém-se otimista em relação ao futuro da economia brasileira, desde que se façam ajustes (alguns deles urgentes). Leitor voraz aos 72 anos, Belluzzo “decorou” seu apartamento em São Paulo predominantemente com livros e apaixonou-se pelo tablet e pelo kindle, antes de tudo pela facilidade que esses

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equipamentos proporcionam para suas leituras: “São grandes invenções do homem, que ajudam absurdamente na leitura e no armazenamento dos livros”. Em entrevista à revista Financeiro, ele falou muito sobre economia brasileira e mundial e contou, pela primeira vez, detalhes de sua recusa ao convite feito pelo presidente Lula para presidir o Banco Central, em 2009: “Eu neguei o convite ao Lula naquele momento, pois entendi que era tecnicamente o melhor a se fazer. Essa é a verdade dos fatos, que nunca ninguém me questionou”. A seguir, alguns trechos da entrevista com Belluzzo.

Financeiro: Olhando em perspectiva a economia, a impressão que se tem é que o País vai mal. O que o senhor acha que precisa ser feito para uma reversão?

Belluzzo: Às vezes esses adjetivos distraem a gente, mais feio ou menos feio, mais otimista ou menos otimista. Eu acho que a economia brasileira está tendo um desempenho ruim! Não se pode apartar esse desempenho ruim, nem da crise internacional nem do desempenho do comércio, que é um crescimento ridículo de 3 a 4% ao ano. Não se pode apartar das decisões que foram tomadas em relação ao sucesso que foi adotado perante o enfrentamento da crise. Eu venho batendo nessa tecla faz tempo. Foi bem-sucedida a medida de recompor os mecanismos de estímulos ao consumo? Foi! Mas eles tinham prazo de validade. Rapidamente você tinha que ter rearticulado os projetos, que estão aí na nossa frente, de investimentos e concessões, principalmente, na infraestrutura, e a questão da Petrobras – que tem peso enorme na taxa de investimento. E também na difusão dos efeitos desses investimentos por dentro da economia, sobretudo nos setores mecânico, eletroeletrônico e elétrico. E nós tínhamos uma herança ali presente, a valo-


Financeiro: Isso dá para corrigir ou terá efeito na inflação?

Belluzzo: Terá efeito na inflação. Daí é um problema de se respeitar o fato de que terá trade off na economia. Ou se melhora a Petrobras ou se joga a inflação para a meta. Jogar a inflação para a meta, ou melhorar a Petrobras, não será em curto prazo. Aí o sujeito diz o Belluzzo está dizendo isso por que ele diz que inflação é boa para o crescimento? Isso é um argumento desonesto! Estou dizendo que há um trade off ,que se tem que fazer escolhas. Se você tivesse tudo em economia – e pudesse fazer tudo o que quer – poderia colocar o Tiririca como ministro da Fazenda. Ele aceitaria tudo. É como treinador de futebol, pois treinar o Palmeiras nos anos 90, com Edmundo, Evair e Zinho, até eu. Agora, vai treinar com Leandro, com todo respeito (risos...), Juninho..., aí eu quero ver. Financeiro: Essa é uma acusação que se faz mui-

rização cambial, que é um erro mortal, sobretudo em uma circunstância em que você tem competidores que manipulam o câmbio para ganhar market share na economia mundial. Por que a economia chinesa chegou a quase 13% das exportações totais? Porque eles tiveram uma política de exportação – combinada com um tremendo projeto de investimento em infraestrutura – em que construíram mais de 15 mil km de metrô, fora trens de alta velocidade. E o que nós ficamos fazendo aqui? Até, digamos, o fim do regime militar e, sobretudo o período Geisel, que fez isso, mas não só, nós tínhamos avançado na infraestrutura, nas telecomunicações, na estrutura rodoviária – claro que fizemos isso com dívida externa, que foi mais uma catástrofe porque estávamos financiando, e pergunto aos meus alunos de Campinas: vocês vêm pela Rodovia dos Bandeirantes, e como vocês pagam o pedágio? Respondem: pagamos em real, mas essas estradas foram feitas em dólar. Isso foi o grande erro, descasamento de moedas. Dos anos 80 para cá, em matéria de infraestrutura, não fizemos nada. Então, você tem um espaço para se aproveitar das concessões, que muita gente acha que é uma privatização, mas não é. Isso é uma associação entre o setor privado e o público, uma forma mais avançada de impor a coordenação do Estado, assim como tem o projeto do pré-sal, que não caiu do céu. Isso é um trabalho de longo prazo da Petrobras, então precisamos parar com esse complexo de vira-lata. Uma grande empresa brasileira, através de seus laboratórios, conseguiu se transformar em uma das maiores exploradoras em águas profundas do mundo. Aí houve uma série de atrasos, de leis e equívocos de manejo de preço e, portanto, uma empresa que tinha esse projeto de investimento fez isso alavancando cada vez mais o comprometimento do caixa dela...

to ao pensamento heterodoxo. Se não está na cartilha tradicional é a favor da inflação... Belluzzo: Como é que pode ter um pouco de inflação? Eu acho uma temeridade imaginar-se que se pode controlar essas coisas, de maneira absoluta – não pode. Os japoneses estão tentando fazer a inflação com o Abenomics, e eles não conseguem. Os europeus estão com medo da inflação. Estão fazendo o diabo, conseguem? Não conseguem, não é assim! A inflação provoca danos na distribuição de renda, na segurança do investidor em relação ao resultado da sua operação. Ela desorganiza as expectativas. Ninguém pode apostar na inflação, agora você também não se pode comportar como uma espécie de demiurgo – que resolve o problema da inflação do jeito que você quer. Há rigidez institucional, mas, enfim, eu acho que o Brasil está com câmbio valorizado ainda – apesar de a desvalorização ter sido feita com grande habilidade pelo Banco Central. Estamos com essa trava nos projetos de investimentos e com esse problema da Petrobras. Agora cresceu o problema do setor elétrico, por causa da seca. 2014 vai ser um ano difícil. Será preciso sacrificar alguma coisa, mas é como eu digo – o principal é recuperar a capacidade de autofinanciamento da Petrobras e dar curso muito rápido nas concessões.

Financeiro: O senhor, quando presidente do Palmeiras, disse que encontrou no setor futebolístico maio 2014 financeiro 17


entrevistaespecial depois mudou de ideia. O que aconteceu de fato? Belluzzo: Eu e o Delfim somos amigos dele (Lula). Um bom amigo não diz tudo que o outro confessa (risos)...

grandes dificuldades de implementar uma administração melhor, até por causa das implicações políticas. Fazendo um paralelo com a Copa do Mundo no Brasil, o que a população pode esperar de benefício em termos de infraestrutura? Belluzzo: Eu acho que o Brasil não deveria fazer a Copa aqui...

Financeiro: Mas o senhor poderia nos contar essa história? Belluzzo: Posso contar essa história tim-tim por tim-tim. Eu nunca contei porque nunca ninguém me perguntou.

Financeiro: O senhor realmente acha isso? – pois foi uma defesa empunhada pelo Lula... Belluzzo: Eu acho que foi uma precipitação, não concordo com ele. Já disse ao Lula que não foi uma boa ideia, e isso, sobretudo, em ano de eleição. Em outros países, os ganhos são marginais, para não dizer mínimos. Ainda tivemos que aguentar essa prepotência da FIFA: estádio tem que ser assim ou assado. E, vamos e venhamos, nós atrasamos tudo. Nem gosto de dizer isso porque o ministro Aldo Rebelo, do Esporte, fica chateado. Mas não é uma boa ideia, assim como as Olimpíadas do Rio.

nhor estava em casa num domingo, o telefone tocou e houve um convite para que o senhor fosse à Brasília no dia seguinte. E chegando lá, algo teria mudado. Isso é verdade? Belluzzo: A história não foi assim. Em 2008, antes de eu me candidatar à presidência do Palmeiras, durante uma das reuniões que fazíamos regularmente em Brasília, ele (Lula) me chamou ao gabinete dele, na presença do Delfim, e disse, de maneira bem informal: “eu gostaria que você aceitasse ser o presidente do Banco Central.”

Financeiro: O senhor acredita que

Financeiro: Isso foi o que ele (Lula)

Financeiro: Contam até que o se-

“Eu gostaria que você aceitasse ser o presidente do Banco Central.”

partiu de uma decisão emocional em vez de técnica? Belluzzo: Na hora que o Brasil ganhou todo mundo festejou, foi um marco. Agora o Lula, independentemente disso, se você viajar para fora do Brasil, qualquer lugar que seja, ele (Lula) é considerado um estadista de primeiro time. Estive agora na França, em um seminário, ele é considerado um homem aberto ao diálogo, capaz de negociar, que entende o que está acontecendo no mundo contemporâneo. Ou seja, com ou sem Copa do Mundo, o Lula se manteria em posição de destaque no ranking dos líderes mundiais.

disse ao senhor?

Belluzzo: Sim. Isso foi em abril ou

maio de 2008, porque ele estava chateado que, no meio da crise de crédito provocada pela quebra do Lehman Brothers, o Henrique Meirelles havia Lula, ex-presidente subido a taxa de juros. O Meirelles tinha uma visão da crise que não se confirmou, digamos assim... Ele achava que era preciso recuperar a confiança, até parecia o chanceler Heinrich Brüning, em 1930 na Alemanha, que para recuperar a confiança dos mercados subiu a taxa de juros (risos...). Eu me dou bem com o Meirelles, tenho boas relações com ele. Isso foi a exposição que ele (Lula) fez para nós, a Dilma estava presente, além do Guido Mantega e do Luciano Coutinho.

Financeiro: Atribuem ao senhor e ao Delfim Netto

Financeiro: Foi nessa reunião que ele (Lula) fez o convite? Belluzzo: Não! Daí ele me chamou isoladamente e fez o convite. Eu disse

a função de estarem entre os principais conselheiros do ex-presidente Lula e também da presidente Dilma. Comenta-se até que o Lula o teria convidado para assumir a presidência do Banco Central, mas

a ele tudo bem, vamos lá. Não é o que eu mais desejo porque já fui secretário de política econômica, morei em Basileia... Ele (Lula) falou: ‘você não precisa ficar muito em Brasília, pode ir para o Rio de Janeiro, São Paulo’. Em seguida, a crise começou a se agravar. Ele me convidou para uma viagem

18 financeiro maio 2014


à Bahia, e eu fui. Lá ficamos para inaugurar um oleoduto da Petrobras, no interior da Bahia, depois, na volta, fizemos um comício, andamos no helicóptero das Forças Armadas. Aliás, eu sempre tenho medo que o helicóptero possa cair. Também participava do grupo o César Borges, que hoje é ministro dos Transportes. Eu sei que, voltando do comício da Bahia, eu encontrei o ex-ministro Waldir Pires, que é meu amigo de longa data, e ele disse “que bom que você vai ser o presidente”. Eu respondi: vamos ver...

Financeiro: Quer dizer, a princípio o senhor aceitou, então? Belluzzo: Sim, aceitei. Quando a crise começou a se agravar, eu achei que não

Financeiro: Parece que tinha sido um convite, seguido de um desconvite. O não ‘aceite’ partiu do senhor? Belluzzo: É a primeira vez que estou contando isso. Não, não é que eu não aceitei. Eu disse melhor não, devido à conjuntura. Não é um problema da pessoa “A” ou “B”. É um problema de interesse público. Você não pode ficar colocando suas pretensões, que eu nem tinha, à frente do que é o interesse público. Logo depois eu disse a ele (Lula) que iria aceitar ser candidato à presidência do Palmeiras. O Lula falou: “você é louco; isso é pior do que ser presidente do Banco Central”. Ainda, toda vez que ele me encontra, diz assim: “pô, por que você foi ser presidente do Palmeiras? Você fez o maior contrato de construção de estádio que foi realizado no Brasil”. Eu respondo: você não me quis presidente do Banco Central? Eu fui lá e fiz (risos). Financeiro: Ele (Lula), enciumado, quis dar um revide com o estádio do Corinthians, então... (risos)? Belluzzo: Ele falou “quanto ficou o estádio do Palmeiras?”. Eu respondi R$ 550 milhões! Ele disse, “o do Corinthians ficaria em R$ 800 milhões e não sei quanto” (risos)... Mas ele é muito meu amigo, gosto muito dele. Financeiro: Agora surge, nesse contexto, uma

seria conveniente mudar o presidente do Banco Central naquela hora. Você poderia introduzir um fator de instabilidade adicional. Vocês sabem muito bem que o mercado me olha meio de esguelha, pelas posições que eu defendo e penso. Então, eu falei para ele: presidente, isso pode causar um dano ao seu governo. Ele respondeu: vamos esperar um pouco. Daí, sobreveio à crise do Lehman Brothers, em setembro. Depois da crise do Lehman, nós fizemos novas reuniões em São Paulo e em Brasília para tratar disso e a coisa ficou bem-encaminhada. Aí, eu disse: deixa assim! Não mexe, porque o importante é que o mercado recuperou o ânimo com a economia. E recuperou mesmo, tanto que ela cresceu 7,5% em 2010. O trabalho foi bem feito e isso foi obra dele. Esse negócio de conselheiro é o seguinte: ele (Lula) é uma pessoa que ouve, faz a seleção daquilo que acha razoável, do ponto de vista político, e tomas as decisões, assim como o Guido implementou muito bem aquilo. Se pensar bem, nós nem sentimos a crise. Em 2009, eu fui falar na Fiesp, achei que estava um clima de desânimo, todo mundo cortando investimento, e a reação à crise foi uma coisa brilhante, eu diria...

Financeiro: Então, naquele momento o senhor fez uma leitura técnica, olhando o mercado, e considerou que não seria o melhor momento para o mercado absorver uma mudança no BC e iria causar um desassossego... Belluzzo: Isso... iria causar um desassossego. Se ele mantivesse o Meirelles, que já tinha concordado em organizar um fundo garantidor de crédito, que era preciso e fez, e baixou os juros, ok...

pergunta inevitável: se a presidente Dilma for reeleita e o convidasse para presidir o BC, o senhor aceitaria? Belluzzo: Eu acho que você tem que renovar os quadros no Brasil. Tem muita gente jovem, com relativa experiência, na idade de 40 ou 45 anos, que tem mais energia. Meu projeto de vida é cuidar das Faculdades de Campinas (FACAMP), onde passo de três a quatro dias por semana. Outro projeto é escrever um livro sobre minha experiência ao longo dos anos, não uma autobiografia, mas o que eu vi desde o golpe militar. Nos anos 70, eu fui assessor do Ulysses Guimarães, e queria contar o que eu vi. Eu fiquei muito contente com a Dilma, quando ela falou que a resistência não foi apenas daqueles que entraram na luta armada, mas sim dos que tentaram uma solução institucional, negociada e etc. Quantos amigos meus foram para a luta armada e morreram. Eu divergi radicalmente, achei que a desproporção de força era muito grande, e não era esse o caminho. Mas fui para a luta política... maio 2014 financeiro 19


entrevistaespecial Financeiro: Luta ideológica? Belluzzo: Ideológica política. Acho que no final das contas, nós tínhamos uma certa razão. Está no jornal que a Lei da Anistia está sendo questionada, acho que isso é um erro. Ela foi uma decisão muito difícil, conquistada a duras penas. Foi feita com concordância das lideranças políticas que se opuseram ao golpe, foi uma coisa conquistada. Em contraposição do meu amigo e velhíssimo companheiro Mino Carta, eu sou a favor de que não se mexa na Lei de Anistia. Eu acho que deveríamos fazer uma discussão sobre isso, independentemente dos horrores que foi aquilo. Eu nunca dei um tiro na vida e tive que sair em 1975, mas precisei escapar por conta do recrudescimento da pressão. Eu sabia que não era contra mim, mas era contra o projeto de abertura do Geisel e do Golbery...

Financeiro: A quem eles odiavam? A “tigrada” como chamava o Elio Gaspari? Belluzzo: Eles odiavam muito mais do que eu. A gente precisa colocar em perspectiva histórica, não pode reduzir ao seu protagonismo. Isso é uma coisa que nada tem a ver com o que realmente aconteceu. É um fenômeno de grupos sociais que se arranjam, se organizam, e que têm uma visão comum.

México é um país dividido ao meio. Ele parece aquele personagem do Homem-Tronco, criado pelo cartunista Jaguar, que só tem uma metade do corpo. O efeito é que se você pegar a participação das exportações chinesas nas importações norte-americanas, elas giram em torno de 20%, e a do México não passa de 11%. Precisamos ter cuidado!

Financeiro: Mas o Brasil não poderia liderar o Mercosul ou melhorar seus acordos? Belluzzo: O Brasil tem dificuldades de fazer, por conta de questões regionais, aquilo que até o Lula queria. Eu não acredito nessa Transpacífica e acho que isso não vai dar em nada. Acho que a estratégia dos chineses não é essa, mas sim o Brasil, porque eles não são bobos. Daqui a alguns anos, o que temos aqui será responsável por 40% da produção das exportações mundiais de comida e produtos. Estou me referindo à soja para o porco, que depois vira proteína. Vamos supor que a China cresça 7%, 6% ou 5%. Quanto é o PIB da China hoje? US$ 5 trilhões. Do Japão é US$ 3 trilhões ou quase US$ 4 trilhões. Quando a China crescia 12%, o PIB era US$ 1 trilhão e qualquer coisa mais. Portanto, o acréscimo de produto, criado por essa expansão da China, era menor do que é hoje – com 6% ou 7% – por causa de US$ 5 trilhões. É uma conta aritmética, mas ninguém faz esse cálculo. Eu até falei para o Murilo Ferreira, presidente da Vale, que o cardápio do chinês está mudando. Hoje eles comem mais carne bovina, além de frango, porco e peixe. Os chineses estão se urbanizando, constroem grandes cidades e, depois, se especializam em algum tipo de produção.

Financeiro: O presidente uruguaio, José Mujica, disse, em entrevista ao Canal Livre, da TV Bandeirantes, que o Lula fez um grande trabalho de divulgação e de fortalecimento institucional do País. O atual governo deixou de olhar para acordos importantes, como a Aliança do Pacífico, insiste no Mercosul e nos três acordos bilaterais com Egito, Autoridade Nacional Palestina e Israel, que trazem pouco efeito prático. O que falta para a nossa inserção em um contexto favorável? Belluzzo: Essa é uma pergunta importante! O Jorge Castañeda, que foi ministro das Relações Exteriores do México durante o governo de Vincent Fox, escreveu um artigo sobre os resultados do NAFTA (North American Free Trade Agreement), que completou agora 20 anos. Ele e outros também escreveram. Precisamos fazer uma análise cuidadosa, pois os resultados do NAFTA foram muito modestos, para não dizer quase inexistentes. O México perdeu posição na agricultura, que foi praticamente desarticulada pela importação norte-americana de milho. Eles destruíram a agricultura mexicana. Você não pode fazer isso sem tomar certas cautelas. Eu digo que o

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Financeiro: Em que contexto de parceria, o Brasil poderia fazer parte desse cenário? Belluzzo: O que os chineses precisam? Um parceiro com potencial, pois com o Deserto de Gobi (o quinto maior deserto do mundo, localizado entre o norte e noroeste da China e ao sul da Mongólia) eles não podem avançar. Podem recorrer à África, mas a coisa por lá está mal, porque politicamente é assim. São as tribos que se relacionam com eles. Ou seja, os chineses vão negociar conosco. O Brasil precisa fazer um acordo certeiro. Se for para fazer com os norte-americanos, então vamos com os norte-americanos.

Financeiro: Mas, parece que a presidente Dilma não olha com tanto entusiasmo para os Estados Unidos?


Belluzzo: Não dá para fazer nas condições que eles querem. Ou seja, eles querem tudo e não oferecem nada. Precisamos procurar outros nichos.

Financeiro: E o fortalecimento ou a liderança do Mercosul, não seria uma boa saída? Belluzzo: Seria, mas precisamos rever a nossa posição no Mercosul. Isso é um acordo de livre comércio, mas você teria que ampliá-lo e estabelecer cláusulas importantes, como de empresas binacionais. Infelizmente, Argentina, Uruguai e Paraguai não têm instrumentos para isso. Quem tem que fazer isso é o Brasil, como líder do bloco.

não aceitava dólar como moeda. Ao contrário da Argentina, o problema venezuelano é que não tem como fazer um plano de desenvolvimento, que significa construir uma economia com divisão de trabalho, e uma economia de mercado. E lá só tinha petróleo. O Brasil vai ter que navegar nessas águas da América do Sul, talvez possa ter um papel importante, pois os norte-americanos em vez de ajudar só atrapalham.

Financeiro: E por que ficamos em um bloco dogmático: de um lado com Brasil, Argentina, Bolívia e Venezuela. No outro, com Chile, Peru, México e Colômbia, que migraram para a Aliança do Pacífico? Belluzzo: Esse negócio da Aliança do Pacífico não vai dar certo. O negócio da Venezuela e da Bolívia é diferente. O caso da Venezuela é mais grave. É uma economia que importa ovo do Brasil, importa galinha. Estou falando de décadas, até quase um século. Se você ler o livro do Celso Furtado sobre a Venezuela, você começa a chorar, por quê? Porque ele foi lá e viu quais são os efeitos de uma economia petroleira. A Bolívia tinha uma economia mineira. Muito bem, era uma economia em que a apropriação do excedente gerado era feita por um grupo muito pequeno. Então por que você iria diversificar a economia, se aquele grupo pequeno que era formado por trabalhadores da PDVSA? Então, o resto do povo dana-se. Daí criaram-se todas as condições para que emergisse um populismo, seja de esquerda ou de direita. Na Venezuela, você teve uma ditadura até 1957, último ano da ditadura de Pérez Jiménez, que foi deposto. Depois disso, a Venezuela era representada como exemplo de democracia. Foi o único país que não teve golpe de 1957 para a frente. Em compensação, a economia da Venezuela tinha um baixíssimo grau de diversificação. Eu me lembro bem do governo do Andrés Pérez, quando eu era secretário estadual de Relações Internacionais (1991 a 1994). Junto com o economista Ricardo Hausmann, eles fizeram uma exposição sobre os avanços da Venezuela e a liberalização. Mas aquilo era puro nonsense, porque a economia não tinha capacidade de resposta.

Financeiro: A Argentina passa por graves problemas, que dificultam sua relação com os demais países do bloco? Belluzzo: A Argentina passa por um longo processo de declínio. Desde a crise de 1929, passando pela década maldita, o peronismo foi uma tentativa de reação. Só que a Argentina tem uma vantagem: 42 milhões de habitantes. Durante anos foi prejudicada pela oscilação entre políticas excessivamente liberais, depois políticas excessivamente nacionalistas, no bom sentido... Fez coisas do ‘arco-da-velha’. A última delas foi a proeza do Cavallo (Domingo Felipe Cavallo, ministro da Fazenda da Argentina, de 1991 e 1995, e em 2001), que mantinha o câmbio a 1 (peso) por 1 (dólar). A economia acabando e ele não saía, até a economia explodir. Lá é assim, eles levam as consequências até o último. Aquilo foi uma tragédia porque destruiu a confiança da moeda nacional. Isso não aconteceu aqui, o que foi uma vantagem. Nós nunca levamos, mesmo em um processo de inflação alta, a destruição monetária. Por causa da indexação, que era um mal. Ou era um bem que causava mal. Toda vez que você levava um choque de preço, a inflação acelerava, desvalorizava o câmbio, a inflação acelerava. Você ia ao jornaleiro e pagava em real. Ele

“Daqui a alguns anos, o que temos aqui será responsável por 40% da produção das exportações mundiais de comida e produtos” Financeiro: Refere-se à questão da Ucrânia? Belluzzo: Isso foi um erro. Acharam que iam mobilizar aquele pessoal contra outro que era um ladrão, assaltante, o presidente. Iam entregar isso de mão beijada a uma fração política ucraniana, os caras ou descendentes que receberam os nazistas com flores. O Vladimir Putin, que é um ex-KGB, não é nenhum santo. Estava jogando o jogo da Rússia. Ali quem jogar, vai perder. A menos que esteja disposto a enfrentá-lo com míssil atômico.

Financeiro: No mundo atual não é um caso, é? Belluzzo: Não é o caso. Eu disse para os meus alunos que perguntaram: não gosto de falar sobre isso, porque não gosto de politizar minhas aulas. Vocês viram que a chanceler alemã, Angela Merkel, não quis arrumar encrenca, pois tem 45% de dependência energética. Não quis brigar, ficou quieta. O Barack Obama fez o que fez porque está lá longe. Vocês viram os suecos falarem alguma coisa? A dependência deles é 100%. f maio 2014 financeiro 21


critérioscontábeis

Encerrando mais um capítulo da crise financeira Por Amaro Gomes

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cenário econômico global foi alterado significativamente desde 2008, quando eclodiu a crise financeira internacional – resultado, entre outros motivos, do otimismo exacerbado decorrente do contínuo crescimento econômico e do excesso de liquidez. O Comitê de Supervisão Bancária de Basileia desenvolveu novas metodologias de requerimento de capital e vários países introduziram medidas prudenciais e macroprudenciais. No que diz respeito às normas internacionais de contabilidade – International Financial Reporting Standards (IFRS), os critérios de reconhecimento, mensuração e divulgação de instrumentos financeiros, estabelecidos pela International Accounting Standard 39 (IAS 39), foram duramente criticados pela sua complexidade, demandando ações imediatas do International Accounting Standards Amaro Gomes, Board (IASB) para o aprimoramembro do International mento dos critérios contábeis Accounting Standards Board (IASB) aplicáveis aos instrumentos financeiros. No capítulo que trata da classificação e da mensuração dos instrumentos financeiros, o IASB introduziu uma abordagem mais lógica, dependendo agora, em parte, do modelo de negócios da entidade. Um dos aprimoramentos mais notáveis está na contabilidade de hedge. Não obstante a evolução nas práticas de hedge nas últimas déca-

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das, os requisitos da IAS 39 não refletiam a realidade das organizações. As entidades tentavam “encaixar” as transações originadas para gestão de risco aos requisitos da IAS 39, crescentemente divorciados do objetivo das transações. Em resposta, o IASB desenvolveu modelo objetivando o relato das atividades de hedge consistente com a gestão de risco, com melhoria significativa na qualidade e na transparência. Finalmente, o IASB reavaliou os requisitos de provisionamento para perdas com empréstimos, que eram baseados no modelo de perda incorrida, o qual foi criticado duramente por resultar no reconhecimento tardio e insuficiente das perdas. O novo modelo, de perda esperada, assume que ao adquirir um ativo financeiro ou emprestar dinheiro, há sempre algum nível de expectativa de perda e requer a constituição de provisão, considerando o período inicial de 12 meses. A partir desse ponto, quando ocorrer deterioração significativa do risco de crédito, a provisão e constituída, considerando o prazo total da operação. Implementados corretamente os preceitos do IFRS 9, a expectativa é de que surpresas serão menos frequentes, pois ficará mais claro o nível de exposição aos riscos, com o reconhecimento mais tempestivo dos efeitos relevantes. O IASB trabalha para continuamente aprimorar as IFRS, requisito fundamental para manter o nível de qualidade exigido para padrões internacionais. Com a premente conclusão do IFRS 9, encerramos o capítulo da contabilidade na crise financeira aprimorando a qualidade e a transparência das informações, contribuindo para a disciplina de mercado e a estabilidade financeira. f

Artigo enviado em 28/04/2014

o IASB introduziu uma abordagem mais lógica, dependendo agora do modelo de negócios. Um dos aprimoramentos está na contabilidade de hedge


riscobrasil

“O Brasil está bem posicionado para aguentar choques externos” Mauro Leos, vice-presidente para a América Latina da Moody’s, diz que espera que o crescimento da economia do País fique mais próximo dos 3% e que os níveis de investimento cresçam significativamente para um patamar superior a 20% do PIB

Financeiro: Em sua próxima viagem ao Brasil, prevista para depois da Copa do Mundo e às vésperas das eleições, como espera encontrar o País? Mauro Leos: Temos planos de uma visita técnica de rotina no terceiro trimestre. Não espera-

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inanceiro: A Moody’s está mais otimista que outras agências com a economia brasileira. Por que? Mauro Leos: A Moody’s rebaixou a perspectiva do rating de positivo para estável em outubro do ano passado. Três fatores contribuíram para essa decisão. Primeiro, vimos uma significativa piora de tendência para alguns indicadores importantes, como o de dívida em relação ao PIB e o de investimentos. Além disso, a economia também mostra sinais de que entrou numa fase de baixo crescimento, projetando não mais do que 2% ao ano para 2014 e 2015. E, por fim, destacamos também o fato de o Tesouro, por meio de emissões que ultrapassam já 9% do PIB, financiar efetivamente as atividades de crédito de bancos públicos. É importante dizer também que o Brasil ainda apresenta vários fatores que dão suporte ao rating Baa2. Se comparado com outros países com rating similar, o Brasil está bem posicionado para aguentar choques externos, com um nível elevado de reservas internacionais de quase 16% do PIB. Os bancos brasileiros mantêm níveis de capital robustos. Ademais, a estrutura de dívida do governo melhorou bastante nos últimos anos, com alongamento de prazos e grande redução de dívidas atreladas ao dólar.

Mauro Leos, vice-presidente para a América Latina da Moody’s

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riscobrasil mos grandes surpresas, positivas ou negativas, em relação ao cenário que encontramos hoje. Dessa forma, antes de outra avaliação do rating, estamos aguardando não só uma definição das políticas que o novo governo adotará depois das eleições no fim do ano, mas também a implementação desses planos.

Financeiro: Quais são as mudanças que o mercado internacional espera do Brasil nos próximos meses? Mauro Leos: Para a Moody’s será positivo se vermos, antes de tudo, uma reversão de tendência nos índices de dívida, com uma relação dívida/PIB decrescente e uma redução no custo de serviço medida pelos pagamentos de juros em relação às receitas fiscais. Esperamos também que o crescimento da economia fique mais próximo dos 3%, e que os níveis de investimento cresçam significativamente para um patamar superior a 20% do PIB. Daí vem a importância de se esperar a definição e a imple-

mentação das políticas do novo governo antes de uma nova avaliação do rating.

Financeiro: O que o faz crer que o Banco Central está se aproximando do fim do ciclo de aperto monetário? Mauro Leos: Os comunicados do Banco Central após a última reunião do COPOM parecem indicar que as autoridades estão chegando ao fim do ciclo de aperto monetário. Vemos também que a expectativa do mercado em relação à taxa Selic gira em torno de 11%. Ainda que não saibamos qual será a decisão das autoridades, há sinais de que estamos mais próximos do fim das elevações de juros.

Financeiro: O senhor acredita que o governo brasileiro fará os ajustes fiscais desejados pelas autoridades internacionais? Mauro Leos: Estaremos acompanhando com interesse qualquer movimento no sentido de maior contenção fiscal. f


coletivadeimprensa

Entrevista on-line da Acrefi atrai jornalistas de todo o País

Érico Ferreira e Nicola Tingas, respectivamente, presidente e economista-chefe da Acrefi

A Acrefi realizou no dia 14 de abril uma entrevista coletiva on-line, na qual o presidente da entidade, Érico Ferreira, e o economista-chefe, Nicola Tingas, falaram sobre o cenário de crédito no Brasil a jornalistas de todo o Brasil, que em seguida fizeram perguntas sobre o assunto via internet. Além disso, os destaques da coletiva foram transmitidos em tempo real a profissionais selecionados da imprensa

É

rico Ferreira fez, em sua fala inicial, uma breve análise sobre o atual cenário do crédito no Brasil e suas tendências, enquanto Nicola Tingas apresentou dados numéricos do setor. A entrevista on-line gerou 31 inserções espontâneas na mídia impressa e em sites noticiosos. Foi produzido e divulgado também um podcast de rádio, com a colaboração de porta-vozes, disponibilizado gratuitamente, que teve 36 aproveitamentos por emissoras de rádio de várias regiões do País. A ação resultou em notícias divulgadas por veículos, como Agência Estado (Estadão.com), Exame. com, Dinheiro Vivo, CMA, R7.com (Rede Record), além de jornais, como Brasil Econômico, Diário do Nordeste (Ceará) e Diário do Litoral (da região do Litoral Norte de São Paulo). As perguntas dos jornalistas foram principalmente relacionadas ao crédito consignado e ao impacto

da Copa do Mundo para o mercado. Eles destacaram em seus veículos as previsões de Érico Ferreira de que o crédito para consumo deverá crescer 10% este ano, mas o indicador pode oscilar de acordo com variáveis, como o resultado da Copa do Mundo. Também tiveram destaque as declarações do presidente da Acrefi em relação à modernidade do setor. Ele lembrou que uma das alternativas oferecidas aos tomadores é a concessão on-line, que tem crescido no Brasil, mas depende de aperfeiçoamentos. Os jornalistas divulgaram também as informações do economista-chefe da Acrefi, Nicola Tingas, que afirmou durante a entrevista que o crédito tem crescido principalmente com base no consignado. Tingas mostrou que, de dezembro de 2011 a fevereiro de 2014, essa linha disparou 36,8%, em comparação a 22,3% de cartões de crédito e a 7,9% nos empréstimos de veículos. f maio 2014 financeiro 25


Os avanços da Governança Corporativa devem continuar

Foto: Divulgação

boaspráticas

E

m nossa peregrinação para disseminar as melhores práticas de Governança Corporativa (GC), observamos os pontos sensíveis e questionamentos quanto à sua aplicação pelas organizações. Por ser uma ação com resultados no longo prazo, a boa governança precisa estar constantemente no radar de seus administradores, investidores e agentes de mercado. Num cenário em constante modificação e cada vez mais conectado ao mundo, no balanço geral, chegamos a vivenciar no País um aumento no número de companhias que emitem exclusivamente ações ordinárias, surgindo as primeiras empresas com o capital pulverizado. Mesmo que tenha havido uma estabilização no quadro, com redução de empresas abrindo capital e outras fechando, a dispersão do controle societário das empresas no mercado brasileiro trouxe alterações no sistema da governança dentro do ambiente corporativo. Em processos caracterizados pela rápida transição, nem sempre há tempo suficiente para a disseminação e a real implementação das práticas de governança e, em decorrência disso, o poder político pode tornar a gestão muito forte, sem ter havido uma consolidação nas práticas de GC que poderiam equilibrar o sistema. Nesses casos tem se tornado cada vez mais importante o papel e o desempenho do conselho de administração, de forma a balizar o poder dos gestores para que estes não tomem decisões desalinhadas ao interesse da companhia e dos acionistas. Antes visto como quase um órgão acessório, ele tem se fortalecido como polo de decisões estratégicas e fonte de valorização das boas práticas que separam gestão e propriedade. Há um debate em expansão a evidenciar o aumento na responsabilidade dos conselheiros, seu dever de lealdade e de fidúcia, como uma maior conscientização do real papel do conselho e menor ingerência. Os debates sobre a importância das atribuições individuais dos conselheiros no Brasil têm evoluído para a discussão da eficiência do órgão. Há maior conscientização desses profissionais de que não adianta apenas um seguir as recomendações de boas práticas, mas seus pares também, uma vez que as decisões do ór-

26 financeiro maio 2014

gão são colegiadas e as responsabilidades, compartilhadas. Em pesquisas realizadas, temos obtido como resultado uma preocupação maior Heloisa B. Bedicks, superintendente dos conselheiros com geral do IBGC a atuação de seus pares. A condescendência com aquele profissional que falta a reuniões, não se prepara adequadamente para as mesmas nem contribui nas discussões está acabando. Uma boa prática de governança que tem se propagado nos últimos anos e que traz uma “fotografia” do desempenho dos conselheiros é a avaliação, não só do órgão, como individual. Ainda são poucas as empresas no Brasil a adotar essa prática, sendo preferidas as avaliações do órgão como colegiado, quando adotado mecanismo de avaliação. O fortalecimento do órgão e do papel dos conselheiros associa-se à realidade de empresas estruturadas na prática da transparência, além dos princípios de responsabilidade corporativa, prestação de contas e equidade, tendo na governança a criação de valor. As empresas atentas à adoção das melhores práticas de governança tendem a ser mais competitivas, exemplificadas pelo acesso facilitado na captação de recursos no mercado e pela sua longevidade. Essas empresas potencializam sua capacidade de formulação estratégica, de gerir riscos e de prevenir ou mitigar a ocorrência de conflitos relativos a questões sucessórias, de gestão e de capital, ao proporcionar clara separação entre capital, família e gestão. Mesmo diante de alguns exemplos em contrário, estamos avançando para um ambiente mais equilibrado entre os agentes da governança: acionistas/cotistas, conselho, diretoria e partes interessadas (stakeholders). O processo deve ser contínuo e gradual, estando cientes de que na trajetória da boa governança haverá momentos de melhorias e de certa estabilidade – esta a ser superada com incentivos e reforços para elevar os atuais padrões de governança. f

Artigo enviado em 23/04/2014

Por Heloisa B. Bedicks


semináriointernacional

Preparem-se para o 9º SIAC William Rhodes, Barry Naughton, Alexandre Schwartsman e Delfim Netto são presenças confirmadas no Seminário Internacional Acrefi, dia 6 de novembro, em São Paulo

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Fotos: Divulgação

s bons eventos, normalmente, são aqueles organizados com grande antecedência. Isso porque os palestrantes mais requisitados têm maior disponibilidade de agenda e conseguem abrir espaço para atender aos eventos relevantes. O 9º SIAC (Seminário Internacional Acrefi) seguiu à risca essa receita de sucesso e há nove meses organiza a grade dos convidados que participarão do evento, dia 6 de novembro, em São Paulo, no Renaissance Hotel. Faltando ainda cinco meses para esse evento tão esperado pelo setor de crédito, financiamento e investimento, a Acrefi já tem confirmada a presença de dois convidados internacionais: William Rhodes, presidente e CEO da William R. Rhodes Global Advisors, ex-vice-presidente do Citigroup e professor da Brown University; e Barry Naughton, professor da University of California e um dos mais respeitados especialistas em economia chinesa. Após o evento, Rhodes realizará uma sessão de autógrafos do seu livro O Banqueiro do Mundo - Lições de Liderança, publicado pela Editora Globo. Entre os brasileiros, os palestrantes também são referências acadêmicas e fontes que balizam a economia nacional: Alexandre Schwartsman, doutor pela University of California e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central; e Antonio Delfim Netto, economista, professor e ex-ministro da Fazenda, da Secretaria de Planejamento e da Agricultura. A apresentação do evento estará por conta da jornalista Christiane Pelajo e o mediador dos debates será Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi. William Rhodes, ex-vice-presidente do Citigroup

Barry Naughton, especialista em economia chinesa

Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC

Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, Planejamento e Agricultura

O Banqueiro do Mundo - Lições de Liderança Principal renegociador da dívida externa brasileira em 1982 e um dos primeiros a vislumbrar a crise de 2008, William Rhodes explica neste livro como o exemplo do nosso país pode servir de referência para outros mercados. O autor compartilha também detalhes de sua vivência no Citigroup, englobando a negociação de uma ação estratégica em um dos principais bancos na China e a liderança da comunidade bancária internacional na abertura de escritórios na África do Sul, na China, em Israel, na Europa Oriental e na Europa Central. Com prefácio assinado por Armínio Fraga, ex-presidente do BC, a obra provoca uma série de reflexões relevantes sobre os novos tempos. f maio 2014 financeiro 27


semináriojurídico

Quando o País busca melhorias em seus rankings internacionais, a incorporação de uma legislação que combata a corrupção e a lavagem de dinheiro suscita incentivos à ética e às boas práticas empresariais

U

m sinal de atenção: o setor privado deve ficar atento às exigências da nova Lei Anticorrupção (12.846/13), que reforça a importância dos programas de compliance criados pelas empresas para combater desvios. Para auxiliar na compreensão de sua aplicabilidade, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) convocou para um amplo debate, em mais um evento no Hotel Renaissance – São Paulo, os especialistas Pierpaolo Bottini – professor da Universidade de São Paulo (USP) e ex-secretário de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça –, e Jairo Saddi – doutor em Direito Econômico pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutor pela Universidade de Oxford. Em momentos em que o País busca melhorias em seus rankings internacionais, sinalizando parâmetros seguros de investimento, a incorporação rápida de uma legislação que combata a corrupção, a lavagem de dinheiro e o crime organizado suscita incentivos à ética e ao aperfeiçoamento das práticas empresariais. Jairo Saddi, doutor em Direito Bottini deu enfoque ao perfil do legislador Econômico pela USP brasileiro e ao papel do empresariado no combate desse tipo de crime. “Uma forma

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Fotos: Gabriel Kosman

Nova ‘Lei Anticorrupção’ não é uma jabuticaba


de desarticular instituições criminosas, infiltradas por agentes dentro das organizações, é detectar e agir de forma eficiente”, destacou. Segundo ele, uma saída para a empresa envolvida em corrupção é fazer um “acordo de leniência” com a administração pública para abrandar as sanções previstas na Lei. Bottini lembra, porém, que é estabelecida uma série de requisitos, como a colaboração efetiva nas investigações. “É indispensável, para evitar danos, conhecer profundamente o seu setor de atuação. Caso identifique algo, uma vez que na corrupção não há o princípio da insignificância, é importante comunicar à autoridade pública responsável”, enfatiza Bottini. A nova lei prevê a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração. Esse aspecto é considerado uma grande mudança legal, pois penalizará as empresas no próprio bolso. “A Lei Anticorrupção cobra uma conduta ética. Isso não é uma jabuticaba, mas um momento global que visa inibir o mau funcionamento dos mercados em todos os níveis”, afirmou Bottini. Para Saddi, a Lei é uma louvável resposta, especialmente aos movimentos sociais que aconteceram no passado, e visa avançar na penalização jurídica, criando instrumentos para que se evite a corrupção. “A corrupção é um mal que atrasa o desenvolvimento do País”, ressaltou o pós-doutor pela

Universidade de Oxford, explicando que “sua aplicação faz parte de um processo de implementação de uma nova cultura a ser criada no Brasil”. A aplicação jurídica dessa Lei, segundo Saddi, é menos ambiciosa que a Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), lei norte-americana anticorrupção, e a UK Bribery Act (UKBA), lei inglesa “antissuborno” – até pela distinção dos mercados. “Editar uma nova Lei não erradica um problema. O que muda, realmente, no curso de sua implantação, também são boas práticas e exemplos”, frisou. Por fim, Saddi acredita que a Lei tenta melhorar o controle das empresas, especialmente das instituições financeiras, e isso é um avanço. “Entre as sanções previstas está uma multa aplicável às pessoas jurídicas, calculada em percentual variável de 0,1% a 20% com base no faturamento bruto. É uma tentativa de melhorar o ambiente institucional brasileiro”, alerta o professor, ressaltando ainda que “as empresas privadas deverão tomar mais cuidado no trato com as relações governamentais e terão de criar melhores estruturas de controle interno, Pierpaolo Bottini, compliance, conhecer seu cliente, além de professor da Faculdade de evitar relações espúrias com o Estado, isso Direito da USP será a ordem do dia”, finalizou. f maio 2014 financeiro 29


regulaçãoefiscalização

Acrefi debate os desafios do compliance

Fotos: Gabriel Kosman

Sérgio Odilon, do Departamento de Normas do BC, e Antonio Gustavo Rodrigues, presidente do COAF, discutem a aplicação das diretrizes do Conselho Monetário Nacional

30 financeiro maio 2014

Sérgio Odilon, chefe do Departamento de Normas do Banco Central

O

compliance ocupa lugar de destaque entre as prioridades das empresas, mas o assunto ainda gera muitas dúvidas a serem esclarecidas. A constatação é de Sérgio Odilon, chefe do Departamento de Normas do Banco Central, que falou sobre o tema durante o seminário “Compliance em Debate” realizado pela Acrefi no dia 3 de abril, em São Paulo. Os profissionais de instituições financeiras que trabalham com esse tema – lembrou Odilon – nem sempre têm informações sobre a “hierarquia da regulação”, por exemplo: “Esse é um ponto que deve ser ressaltado. As diretrizes para instituições financeiras incluem leis, que são da alçada do Congresso: resoluções, a cargo do Conselho Monetário Nacional; circulares, da Diretoria Colegiada do Banco Central; cartas circulares, de diferentes Departamentos do BC; e as decisões conjuntas”. Odilon recordou que existe o Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização, em que o BC interage com outros órgãos reguladores. O Odilon lembrou que já há algum tempo o foco da regulação, “que passou a ser proativa, prudencial, com ênfase à estabilidade financeira e convergente com padrões internacionais”. Os pilares dessa atuação incluem, entre outros: livre iniciativa e liberdade de contratação; estímulo à concorrência; redução de assimetrias; transparência; suitability; redução de custos; estabilidade; neutralidade e inclusão financeira. Ele citou também que os pilares incluem regulação macroprudencial, atenção a


Antonio Gustavo Rodrigues,

Inaê Sales de Oliveira, advogada da

presidente do COAF

Serasa Experian

conduta e comportamento, novos produtos, registros, combate e prevenção à lavagem de dinheiro e correção de distorções. Ao final de sua palestra, o diretor do BC recordou que o modelo brasileiro de supervisão do mercado é referência mundial e que existe aderência aos padrões regulatórios internacionais. “Temos regras robustas de governança”, acrescentou Odilon. “E não podemos esquecer que o País conta com um sistema financeiro nacional disciplinado e majoritariamente infralegal. A regulação de conduta em nosso país ganha cada vez mais importância”. Por sua vez, o presidente do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Antonio Gustavo Rodrigues, disse em sua palestra durante o seminário da Acrefi, que o compliance “é como o cinto de segurança – utilizamos todos os dias, embora sonhemos em nunca precisar dele”. O COAF tem o objetivo de disciplinar, aplicar penas administrativas, receber, examinar e identificar ocorrências suspeitas, incluindo a lavagem de dinheiro. A ampla utilização do compliance, segundo Rodrigues, depende de uma mudança cultural e, como tal, não acontece da noite para o dia. No entanto, tem importância fundamental, o que tem sido percebido pelo sistema financeiro: “A conscientização está acontecendo, embora o processo tome tempo. É preciso ter sempre em conta, por exemplo, que o sistema funciona tendo como base a informação e que essa informação, quando enviada ao COAF, precisa ter a qualidade requerida para evitar demora e impreci-

são”. O presidente do COAF informou que desde 2012 o Conselho recebeu 983 comunicações de sociedades de financiamento e investimento e que 26% foram canceladas. Para ele, esse dado é um “sinal de descaso” que atrapalha o processo, já que a comunicação imprecisa ou equivocada dispara uma série de ações que tomam atenção e tempo desnecessários. Rodrigues disse que o COAF adotou o critério de notas para classificar as comunicações que recebe e que a quase totalidade delas ficou abaixo da nota 3: “O porcentual de informações de baixa qualidade que recebemos é baixo demais. Por isso, estamos trabalhando com as instituições financeiras para melhorar esse quadro”. Já Inaê Sales de Oliveira, advogada da Serasa Experian, falou durante o seminário da Acrefi sobre a importância e as vantagens de programas de compliance para as empresas. Ela lembrou que, entre os ganhos das companhias que adotam essas políticas, estão a prevenção de danos à imagem e a minimização dos riscos. Dados do FMI revelam que em média entre 2,5% e 5% do PIB de um país têm origem ilícita o que, no caso do Brasil, corresponde a um valor entre R$ 37,5 bilhões e R$ 75 bilhões. Os números reforçam as vantagens do compliance. Na parte final do seminário, os três palestrantes juntaram-se a Sérgio Darcy, coordenador do debate, ex-diretor do BC e consultor da Acrefi, e responderam perguntas feitas pela plateia e esclareceram em relação a pontos relevantes do compliance. f maio 2014 financeiro 31


prevenirperdas

Cresce a demanda por seguro de

crédito doméstico A

percepção de risco dos executivos brasileiros vem mudando ao longo dos anos. Atualmente, o grande desafio das empresas é aumentar suas vendas protegendo seus ativos a fim de crescer de forma segura e sustentável. Podemos perceber que essa é a realidade das empresas brasileiras, dotada pelo aumento da demanda do seguro de crédito na ordem de 40% desde o final de 2013. Essa mudança da percepção de risco é uma consequência do cenário econômico que estamos vivendo nos Marcele Lemos, presidente da Coface Brasil últimos anos. Depois da crise internacional de 2008, em que muitos países tiveram suas economias abaladas, agora vivenciamos a fragilidade da economia brasileira. Além de proteção, as empresas buscam uma solução completa, que as auxiliem a avaliar riscos e prevenir perdas. É o caso, por exemplo, dos distribuidores de periféricos de informática, eletroeletrônicos, calçadistas e agronegócios. Nesses segmentos já existe consciência de que o seguro é essencial, não só pela incidência da inadimplência, mas também pelos benefícios que o seguro de crédito pode oferecer. A Coface oferece, através do seguro de crédito, mais do que proteção contra a inadimplência. Trata-se de uma ferramenta que pode ser utilizada para alavancar as vendas, facilitar o acesso às

32 financeiro maio 2014

Além de proteção, as empresas buscam uma solução completa, que as auxiliem a avaliar riscos e prevenir perdas linhas de crédito, reduzir o PDD e também os custos, através da dedutibilidade fiscal. Além disso, oferecemos para as empresas seguradas o monitoramento do portfólio de seus clientes. A Coface supervisiona os limites do portfólio ao longo do período de vigência das apólices. Esse monitoramento é baseado na análise das informações armazenadas em seu banco de dados, com mais de 65 milhões de empresas cadastradas ao redor do mundo, permitindo antecipar aos segurados qualquer vulnerabilidade em seu portfólio de clientes. f

Artigo enviado em 28/04/2014

Foto: Divulgação

Por Marcele Lemos


contratodefinanciamento

Proteção dos contratantes nos negócios bancários Por Nathalia Correia Pompeu

Artigo enviado em 30/04/2014

necido pelo banco, por meio de contrato por ele lido e assinado. Um fato relevante – e que é desprezado pelo contratante – diz respeito à situação econômica do País no momento da assinatura do contrato. O que precisa ser observado é com relação às “taxas médias de mercado”, pois, essas devem ser utilizadas como parâmetro, já que não se resumem a um percentual fixo, admitindo-se uma faixa de variação, dentro dos limites do razoável. As aplicações dessas taxas médias se resumem em um ponto: a atividade praticada pelos bancos é uma ação diferenciada, em virtude da influência que tais atividades têm na economia do País. Jamais adiantaria aplicar índices inferiores aos praticados pelo mercado, que Nathalia Correia Pompeu, doutoranda em Direito resultam em prejuízo às instituições fiComercial pela PUC-SP nanceiras. Tal fato ocorrendo, certamente Foto: Divulgação

E

ste artigo tem o objetivo de tratar dos contratos celebrados com instituições financeiras e dos princípios que se aplicam in casu. A importância desse tema se justifica por evidenciar que todos os princípios envolvidos nos contratos bancários gozam de uma magnitude igualitária, ou seja, não há nenhum princípio que seja hierarquicamente superior ao outro. Todos se encontram no mesmo patamar, seja ele um contrato privado ou comercial. Os negócios jurídicos celebrados com instituições financeiras de maior notoriedade são contratos de empréstimos e financiamentos, e talvez sejam, por esse motivo, também os contratos mais discutidos no judiciário atualmente. Ocorre, como é de praxe na cultura brasileira, assinar contrato de financiamento sem planejar uma forma que permita honrá-lo. Com o passar do tempo, as parcelas começam a não ser pagas. Um dos principais motivos alegados pelos contratantes, para continuar na inadimplência, são os valores exorbitantes cobrados na mora da prestação: taxas e juros aplicados que não estão de acordo com o contratado, e, por fim, que há onerosidade excessiva na cobrança. Não se pode cogitar a inexistência da mora ou a não aplicação dos encargos contratados, na medida em que as partes firmaram um instrumento pelo qual foi concedido ao contratante crédito para aquisição de determinado bem. Ele, em contrapartida, obrigou-se ao pagamento das prestações mensais fixas. Ocorre que nessa fase, o que muitas ações visam, na verdade, é a repactuação das cláusulas contratuais. No entanto, não há como privilegiar a pretensão de um devedor, uma vez que quando da necessidade, se valeu do crédito for-

terá repercussão nacional, pois impacta diretamente na sistemática de concessão de crédito. Se os bancos oferecem crédito, devem praticar taxas que permitam reaver o valor emprestado/financiado. Além de cobrir as despesas geradas na operação e pela desvalorização em razão do período do contrato, bem como obter o lucro inerente ao negócio. Ademais, todo contrato tem como base fundamental diversos princípios: boa-fé objetiva, pacto sunt servanda, contratante mais fraco, onerosidade excessiva e teoria da imprevisão e o princípio da segurança jurídica. A boa-fé objetiva é uma regra de conduta. O contratante dever agir de acordo com as regras sociais estabelecidas, atuando com correção, lisura, honestidade e pacto de confiança. f maio 2014 financeiro 33


painelcetip

1,53 milhão de veículos foram financiados no primeiro trimestre de 2014

A

unidade de financiamento da Cetip apresentou durante o último Painel Cetip, dia 23 de abril, na sede da Acrefi (Associação Nacional de Crédito, Financiamento e Investimento), os dados do setor automotivo do primeiro trimestre de 2014. De acordo com Cristiano Dantas, gerente comercial da Cetip, de janeiro a março foram financiados no Brasil 1,53 milhão de veículos, entre automóveis leves, motocicletas, pesados e outros. No mês de março, as vendas financiadas de veículos atingiram 462 mil unidades, sendo 229 mil zero-quilômetro. As concessões de crédito somaram R$ 11,8 bilhões no período.

Os números foram apresentados pela Cetip, que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG), base integrada de informações que reúne o cadastro das restrições financeiras de veículos, utilizado como garantia em operações de crédito em todo o Brasil. O SNG impede que o processo de financiamento de veículos seja suscetível a fraudes sistêmicas. O levantamento da Cetip contempla veículos comercializados por crédito direto ao consumidor (CDC), leasing e autofinanciamento (consórcio). f

Fonte: Inteligência de Mercado Cetip

34 financeiro maio 2014

Foto: Divulgação

Cristiano Dantas, Gerente Comercial da Cetip


Fonte: Inteligência de Mercado Cetip

Fonte: Inteligência de Mercado Cetip

Fonte: Inteligência de Mercado Cetip

Fonte: Inteligência de Mercado Cetip

Fonte: Inteligência de Mercado Cetip

maio 2014 financeiro 35


perfilcorporativo

Serviço focado nas necessidades das empresas

36 financeiro maio 2014

ciação vantajosa na hora da aquisição das frotas. Outro cuidado é garantir a proximidade com as concessionárias para oferecer um bom serviço de manutenção. “Por isso, o nosso foco constante é com o treinamento das pessoas envolvidas com a prestação de serviços”, revela Falcone. Segundo o executivo, o mercado de gerenciamento de frota no Brasil ainda é relativamente recente, comparado com os demais países onde a Arval tem presença. Falcone destaca que as empresas estão migrando progressivamente para a terceirização de frota de longo prazo (36 meses), em comparação com o que vinha sendo praticado ou oferecido pelos concorrentes até 2008. A Arval atua com a terceirização de longo prazo desde sua chegada ao Brasil. A empresa negocia contratos exclusivamente B2B, o que, de acordo com Falcone, permite oferecer um serviço mais focado nas necessidades das empresas. “Não faz sentido ter loja física para revender nossos carros na troca de uma frota, porque são demandas concentradas em determinados períodos”, conta ele. “O sistema de leilão de carros tem funcionado muito bem: mantemos o MotorTrade, uma plataforma eletrônica que promove a venda de veículos seminovos diretamente para lojistas.” A estratégia da Arval, ao que tudo indica, está atingindo os objetivos programados. Eles têm apresentado crescimento anual de 20% a 25%, nos últimos três anos. “Esperamos crescer 15% em faturamento em 2014. Mas ainda temos um grande mercado para explorar, já que a penetração do serviço é ainda de 2%. Na França, por exemplo, é de 20%, e na Holanda, de 80%, finalizou Falcone. f

Foto: Divulgação

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Arval aposta na redução de custos e nos contratos de longo prazo para atrair parceiros para a opção da terceirização das frotas

ara qualquer empresário com negócios no Brasil, o maior desafio é atuar em uma economia cíclica. No caso da Arval, empresa que faz parte do grupo BNP Paribas e atua no segmento de terceirização de frota de automóveis, momentos de crescimento econômico baixo, como acontece nos últimos anos, são propícios para contratar serviços que possam ser realizados por empresas parceiras. “Esperamos que em 2014, empresas que tradicionalmente investiam na aquisição de carros para uso corporativo partam para a terceirização, o que é muito favorável”, aposta Andrea Falcone, CFO da Arval Brasil. Para convencer os futuros parceiros, o principal argumento da Arval é mostrar que a aquisição de carros para equipar a frota não é um investimento. Por meio da ferramenta TCO, sistema de avaliação de custos e benefícios ligados a investimentos, eles relacionam todos os gastos não aparentes de um carro. Com isso, os clientes começam a se sensibilizar de que a terceirização da frota é um bom negócio. “O TCO revela, por exemplo, que o custo do carro representa apenas 30% a 35%; os gastos restantes são gerados pelo combustível, pela manutenção, pelo seguro, pelas multas, etc.”, explica Falcone. “Além disso, ao terceirizar, o cliente tem ainda a vantagem de concentrar todo o geAndrea Falcone, renciamento da frota em apenas um CFO da Arval fornecedor, sem precisar disponibiliBrasil zar recursos internos.” Mas, quais são as particularidades do mercado de aluguel de carros no Brasil, em comparação à operação da Arval em outros países? Segundo o CFO da Arval, é fundamental manter um bom relacionamento com todas as montadoras para garantir uma nego-


perfilcoorporativo2

A Losango quer estar onde o cliente está Empresa de promoção projeta para este ano um crescimento de 10% e aposta na comunicação digital com os clientes

“Continuaremos investindo nos consumidores de todas as classes sociais”

Foto: Divulgação

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ilgo Gonçalves é aquele tipo de pessoa que irradia gentileza. Executivo-chefe da Losango – empresa especializada em solução financeira, com mais de 40 anos de trajetória e que desde 2003 faz parte do Grupo HSBC –, ele não se aperta diante de qualquer desafio, pois exerceu com muito orgulho e sorriso nos lábios os ofícios de engraxate, vendedor de picolé, entregador de leite, faxineiro, até aportar há 38 anos no mercado financeiro. Sempre assertivo em seus objetivos, Gonçalves projeta para a Losango este ano crescimento de 10%, em relação ao movimento de 2013. Para isso, suas fichas são depositadas principalmente nos segmentos de móveis, material de construção, eletroeletrônicos, móveis planejados e também em cartões de crédito. Nada mal para uma empresa que possui mais de 20 mil lojas parceiras distribuídas por todo o Brasil. “Continuaremos investindo em todos os nossos consumidores, desde o de menor poder aquisitivo até clientes do segmento premium”, garante o executivo, que está sempre atrás de soluções personalizadas que atendam às necessidades dos clientes. “A demanda pelo produto está diretamente relacionada àquilo que o consumidor deseja adquirir, seja um móvel, material de construção, eletroeletrônico e até um valor emergencial para a realização de um sonho”, ensina Gonçalves. Porém, nada disso faria sentido se a Losango não investisse na formação de colaboradores capazes de identificar os desejos dos clientes e orientá-los para uma compra consciente e criteriosa.

Atenta aos novos tempos, a Losango há dois anos apostou na comunicação digital e descobriu mais um eficiente canal de relacionamento, fidelização e ativação de Hilgo Gonçalves, Executivo -chefe da Losango clientes. A partir da criação de páginas nas principais redes sociais, a empresa começou a disseminar informações sobre educação financeira, com dicas a respeito de consumo e do uso consciente do crédito. “Nós entendemos que o consumidor está cada vez mais conectado com os meios digitais e a Losango quer estar onde o cliente está” orgulha-se Gonçalves. “Os canais digitais trouxeram outros benefícios, pois é também possível ouvi-los on-line e gerar melhorias quase que imediatamente”, conta ele. De acordo com a sua experiência pessoal, conquistada ao longo da vida em atuações tão diversificadas, a agilidade nas interações também tende a aumentar a satisfação dos clientes com a empresa, gerando mais fidelidade e resultados sustentáveis. f

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cultura

OSESP S.A.

Em seis décadas de existência, a orquestra dos paulistas, sob a batuta administrativa de Fábio Barbosa, esbanja criatividade, organização e profissionalismo, qualidades que a colocam entre as melhores do mundo Por Gilberto Almeida 38 financeiro maio 2014


Fotos: Divulgação

Fábio Barbosa, presidente do Conselho de Administração da OSESP

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ábio Barbosa não é maestro, mas é capaz de dirigir duas orquestras ao mesmo tempo, com programas completamente diferentes. Uma delas é o Grupo Abril, com 64 anos de história, mais de 50 títulos, 9 mil funcionários e faturamento de R$ 2,98 bilhões em 2012. A outra é a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), que comemora este ano seu 60º aniversário, com 140 concertos realizados em 2013, 476 mil pessoas envolvidas pelos diversos eventos organizados pela Fundação OSESP, 365 funcionários (115 músicos) e receita total acima dos R$ 98 milhões. São dois modelos de gestão totalmente distintos, mas que exigem, igualmente, atenção redobrada das suas diretorias. A atuação de Barbosa como presidente do Grupo Abril é bastante conhecida, porém nem todos sabem do seu trabalho voluntário à fren-

te do Conselho de Administração da Fundação OSESP. Seu papel de mecenas na área da música começou há um ano, quando assumiu a cadeira deixada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou a fazer parte do Conselho de Orientação da OSESP, ao lado do banqueiro Pedro Moreira Salles, do ex-ministro Celso Lafer e dos empresários Horacio Lafer Piva e José Ermírio de Moraes Neto. Além desse quinteto de notáveis, Barbosa conta ainda com a colaboração de um trio de ases para que tudo se mantenha numa afinação perfeita: Marcelo Lopes, diretor executivo; Arthur Nestrovski, diretor artístico; e Marin Alsop, diretora musical e regente titular. Sobre sua dedicação à OSESP e dos integrantes dos Conselhos de Orientação, de Administração, Fiscal e Consultivo – os três últimos também formados por nomes de grande expressão maio 2014 financeiro 39


cultura em milhares contrato de gestão

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

44.263

44.684

46.919

46.385

45.189

46.578

56.003

57.878

recursos próprios

14.003

16.334

27.731

20.064

25.791

28.791

42.011

42.210

receitas totais

58.266

61.018

74.649

66.450

70.307

75.369

98.014

98.088

Contrato de gestão da OSESP com o governo paulista, em 2013, somou 59% da verba total da orquestra, o restante, 41%, vem de patrocínios, venda de ingressos e locações da Sala São Paulo. Em 2007, o contrato público era responsável por 73% dos recursos, enquanto o valor gerado pela fundação correspondia a 27% do total.

Fonte: OSESP

Marcelo Lopes, diretor executivo da OSESP

–, Barbosa lembra o ensinamento de uma tia: “Se quer ajuda, peça a alguém bem ocupado. Os desocupados sempre vão encontrar uma desculpa”. Um dos seus interlocutores mais frequentes na OSESP é Marcelo Lopes, diretor executivo. Ele é o que se chama no futebol de prata da casa. Trompetista, economista e advogado, ele está há 30 anos na OSESP e, desde 2005, quando foi criada a fundação, passou a se dedicar exclusivamente às questões administrativas. Que não são poucas. “A OSESP funciona hoje como uma empresa, que trabalha com governança corporativa, tem obrigações previstas em contrato de gestão com o Governo do Estado de São Paulo, suas contas são analisadas por auditoria externa, metas devem ser atingidas, contratos são fechados para locação da Sala São Paulo”, enumera Barbosa. Além disso, temos o dever de atender à expectativa do público que acompanha as audições. Afinal, o lema da OSESP é ‘pode aplaudir que a orquestra é sua’. Nos concertos populares, 67% do público não paga ou o ingresso não ultrapassa os R$ 15,00, com direito a meia-entrada para estudantes. Mas nem sempre foi assim. O projeto de mudança de gestão da OSESP começou ainda em 1996, idealizado pelo então regente titular, Elea-

40 financeiro maio 2014

zar de Carvalho. Com a morte do lendário maestro cearense, depois de pouco tempo o polêmico John Neschling assumiu a batuta e administrou o processo de reorganização da orquestra, que previa, entre outras coisas, uma nova sede – a Sala São Paulo, inaugurada em 1999 – e melhores salários para os músicos. Até que em 2005, a proposta da Fundação OSESP saiu do papel e o ex-presidente FHC aceitou a responsabilidade de gerir o Conselho de Administração. “Embora o ex-presidente Fernando Henrique e o Fábio Barbosa tenham agendas complicadíssimas, nunca estiveram longe o suficiente que não pudessem ser alcançados por ligação de celular”, conta Lopes. Hoje, a Fundação OSESP é uma organização de direito privado, que tem duas fontes de receita: o contrato de gestão com o governo paulista (59%) e os recursos próprios (41%) – patrocínios incentivados pela Lei Rouanet, venda de ingressos, locações da Sala São Paulo, contratos para exploração de serviços, etc. Essa proporção na distribuição das verbas vem mudando progressivamente. Em 2007, por exemplo, o contrato de gestão era responsável por 73% da verba, enquanto o valor gerado pela fundação correspondia a 27% do total. Mesmo diante de resultados positivos, Fábio Barbosa faz questão de enfatizar que todos os esforços da administração são canalizados para dois objetivos: a satisfação do público e dos músicos, que são os protagonistas da OSESP. “São eles


Fluxo dos recursos da Fundação OSESP

Fonte: OSESP

São Paulo, a Banda Sinfônica do Estado, a Sinfônica Heliópolis, entre outras. Pode não parecer, mas ações sociais como essas são colocadas na balança quando uma regente internacional, como Marin Alsop, aceita o convite para assumir a direção musical de uma orquestra, com a responsabilidade de reger 30 concertos anuais. São estímulos semelhantes aos que instigaram a maestrina que levaram Fábio Barbosa a dedicar parte do seu tempo na condução da OSESP. f

Destaques da programação OSESP Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo Regente: Marin Alsop Piano: Olga Kern Dias: 15 a 17 de maio

Marin Alsop, regente titular e diretora musical

Fotos: Divulgação

os responsáveis por manter o padrão de excelência da orquestra”, enfatiza o executivo. Lopes lembra ainda que modelo de gestão da OSESP – entidade autônoma, sem fins lucrativos – permite que os músicos tenham condições ideais de trabalho. “Se não fôssemos uma fundação, não poderíamos, por exemplo, comprar para os nossos instrumentistas as melhores cordas e partituras do mundo. São coisas que não conseguimos fazer por meio de um leilão eletrônico”, pondera Lopes, ao comparar com o sistema usado na administração pública que busca preços mais vantajosos em suas negociações. Mas a Fundação OSESP não se resume às atividades da orquestra, estão também sob seu guarda-chuva o coro, o quarteto, o centro de documentação, a editora, os projetos sociais e o Festival de Inverno de Campo do Jordão. Tudo isso vale a pena. Os comentários sobre a qualidade dos instrumentistas da OSESP já ecoa bem longe da Sala São Paulo. Tanto é assim que ela é considerada a melhor orquestra da América Latina e, em 2015, se prepara para mais uma turnê internacional, como aconteceu no ano passado, quando encantou exigentes plateias na França, Alemanha, Suíça, Áustria, Inglaterra e Irlanda. Não basta, porém, conquistar o reconhecimento aqui e no exterior se não tiver um trabalho social consolidado. Em 2013, os programas educacionais da OSESP atraíram mais de 120 mil crianças e mil professores – a grande maioria de escolas públicas –, em 95 concertos didáticos realizados pela orquestra titular e outras que são parceiras da fundação, como a Jazz Sinfônica de São Paulo, a Sinfônica da Universidade de

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo Regente: Isaac Karabtchevsky Violoncelo: Antonio Meneses Coro Infantil da Osesp Dias: 19 a 21 de junho Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo Regente: Marcelo Lehninger Piano: Kirill Gerstein Dias: 17 a 19 de julho

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estilo

Muito alĂŠm do azul Jessica Biel

Hilary Rhoda

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Kate Bosworth


A Tiffany & Co. mais uma vez encanta as mulheres com o lançamento no Museu Guggenheim, em Nova York, da sua coleção Blue Book 2014. O evento, restrito a 300 convidados, atraiu as estrelas internacionais Jessica Biel, Kate Bosworth, Katie Holmes, Hilary Rhoda e Jessica Soffe

Luciana Marsicano, diretora-geral da Tiffany no Brasil

Fotos: Divulgação

N

ada como preservar as tradições. Como faz há 169 anos, a Tiffany & Co. realizou dia 10 de abril, no Museu Guggenheim, em Nova York, o tão esperado lançamento da sua coleção Blue Book 2014. Restrito a apenas 300 convidados, o evento contou com a presença das estrelas internacionais Jessica Biel, Kate Bosworth, Katie Holmes, Hilary Rhoda e Jessica Soffe. A coleção Blue Book é tão esperada porque reúne o melhor do melhor das joias criadas pela Tiffany. São anéis, pulseiras, colares, brincos e broches, todos feitos a partir dos mais atraentes brilhantes e pedras preciosas. Assim como nos anos anteriores, os convidados que estiveram este ano no Museu Guggenheim ficaram completamente atordoados diante de tantas atrações. Sob o efeito de lâmpadas de led e trilha sonora envolvente, a instalação “The Diamond Sky”, criada pelo artista Leo Kuelbs, destacou as cores, o design e o brilho das peças da coleção 2014, projetadas em 3D nas superfícies sinuosas do museu. Luciana Marsicano, diretora-geral da Tiffany no Brasil, foi uma das convidadas a ter o privilégio de conhecer de perto as criações da Blue Book 2014. O fundador, Charles Lewis Tiffany, idealizou o Blue Book como forma de personalizar sua comunicação com suas clientes pra lá de especiais. Os primeiros Blue Books revelaram diamantes luxuosos, incluindo joias da coroa francesa e espanhola. No fim do século 19 e no início do século 20, a Tiffany foi responsável pela divulgação das grandes pedras preciosas nos Estados Unidos. Na década de 1920, suas coleções destacaram as peças de platina com diamantes. Entre os anos de 1940 e 1950, vieram as joias conhecidas como cocktail-style, que valorizam o estilo Art Déco, concebidas pelos designers Jean Schlumberger e Elsa Peretti. Ao logo do tempo, a Tiffany mantém o glamour que magnetiza as mulheres. f

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terceirosetor

Rir é o melhor remédio A iniciativa da ONG Doutores da Alegria em levar o talento de artistas profissionais e especializados na arte do palhaço aos hospitais é pioneira no Brasil; a ação voluntária já beneficiou milhares de crianças e se mantém, especialmente, com as doações de empresas parceiras

Fotos: Luciana Serra

Por Liliana Liberato

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Era uma vez um ator, de nome Wellington Nogueira, que transformou a sua experiência de vida em uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, hoje com 23 anos de atividade, reconhecida e respeitada internacionalmente: a ONG Doutores da Alegria. O trabalho, que conquistou reputação de profissionalismo e transparência ao propagar a cultura da alegria, consiste em visitas periódicas dos palhaços “besteirologistas” a crianças hospitalizadas, estendendo-se também aos pais e aos profissionais da saúde. A essência dessa ação voluntária está na utilização da paródia do palhaço, um ator profissional e especializado, que brinca de ser médico, tendo como referência a alegria e o lado saudável das crianças, colaborando para a transformação do ambiente em que elas estão inseridas.

meses. “Ele foi o único cara que acreditou em mim quando falei que queria ir para Nova York. Achei que a maneira de pagar era montando um programa semelhante. Foi assim que nasceu a ideia”, relata o ator.

Energia dos palhaços

Wellington Nogueira, fundador dos Doutores da Alegria

Em 2008, em parceria com o Instituto Fonte, a ONG fez um estudo sobre o que permanece com as crianças após a visita dos palhaços, na opinião dos profissionais da saúde. Entre os números apresentados estão: as crianças ficam mais colaborativas com os profissionais de saúde (89,2%); as crianças pedem a volta dos palhaços (87,6%); as crianças aceitam mais os exames e procedimentos médicos (74,3%).

Como tudo começou Wellington conta que em 1988, quando estudava em Nova York, foi apresentado ao trabalho do Big Apple Circus. “Meu queixo caiu. Nunca tinha visto um palhaço com tanta elegância e, ao mesmo tempo, tanta força. Lembro que a dupla que eu seguia entrou no quarto. Pensei: essa criança não vai apresentar reação nem se Jesus Cristo descer à terra. Mas os palhaços começaram, olhando nos olhos, se apresentando. E, de repente, naquele diálogo, uma fileira enorme de salsichas saía da cama. A criança ficou fascinada. Foi tão linda a interação! Queria sentar na cama com a criança e ficar esperando os palhaços”, relembra a emoção no primeiro contato com essa experiência. Apaixonado pela ideia, ele especializou-se. Wellington lembra que trabalhou com um menino que estava todo tracionado da cintura para baixo. Tinha sido atropelado. “Eu falava: vamos ver se a gente consegue botar um pouco de ar nessas pernas, deixar você mais leve. Quando estava indo embora, o moleque falou: ei, doutor! Estou me sentindo muito mais leve. Pensei: já fui aplaudido em pé, mas nunca tinha visto esse impacto de um artista sobre uma plateia de um. O espetáculo era o que acontecia entre eu e a criança e o prazer de sair do hospital todo dia e buscar maneiras de fazer novos truques, melhorar, criar mais mágicas. Foi uma experiência de artista cênico que eu nunca tinha vivido”, revela. Foi então, no final de 1990, quando o pai sofreu um derrame e ficou internado no Incor, em São Paulo, que, de volta ao Brasil, colocou em prática tudo o que tinha aprendido. O pai se recuperou a ponto de sair do hospital e viver ainda nove maio 2014 financeiro 45


terceirosetor Faça parte

Foto: Thiago França

Patrocinar a alegria na adversidade significa associar a sua empresa à marca Doutores da Alegria, ressalta Wellington. Também significa fidelizar e aproximar clientes e colaboradores por meio de suas intervenções. E as formas para ajudar são muitas: a doação pode ser feita via leis de incentivo (Lei Rouanet, Lei Estadual do Rio de Janeiro e ProAC São Paulo) ou via recursos próprios. Também é possível doar pontos por meio de programas de milhagens ou comprando na loja dos Doutores da Alegria. Saiba mais no www.doutoresdaalegria.com.br. No quadro a seguir há o detalhamento de como ser um colaborador da alegria:

Como as empresas parceiras espalham alegria

doação

investimento

apoio

entrega de serviço

sócio da alegria

doação de até R$ 50 mil

parceiro cócega

doação de R$ 50 mil

parceiro narigada

doação de R$ 150 mil

parceiro sorriso

doação de R$ 300 mil

patrocínio patrocinador risada

doação de R$500 mil

Patrocinador gargalhada

doação de R$ 700mil

patrocinador alegria

doação de R$ 900mil

via recursos próprios via leis de incentivo: Lei Rouanet, Lei Estadual do Rio de Janeiro e ICMS (São Paulo e Rio de Janeiro).

Foto: Nina Jacobi

parceria

de saber olhar e escutar para perceber as situações, e criatividade para transformá-las. Uma vez Doutor da Alegria, o ator é orientado a agir não para distrair a criança da realidade na qual ela está inserida, mas para fazer daquele encontro um momento de diversão e cumplicidade. “Fazemos com que a “visita” seja sempre um grande jogo: o palhaço faz de conta que é médico e a criança dá forma ao espetáculo”.

Plantão do sorriso

Conquistas

Para ser um Doutor da Alegria é preciso uma dose grande de desejo e disponibilidade – duas vezes por semana, seis horas a cada dia – para transitar em um ambiente adverso, raciocinando sob outra lógica. A proximidade da plateia em um hospital é grande e a solicitação, intensa. Maturidade e uma boa bagagem artística são fundamentais para esse palhaço, por isso a exigência do ator profissional. Para garantir a continuidade e a expansão do trabalho, cada unidade realiza, quando necessário, processo seletivo. O candidato, além de disponibilidade – para o outro, para o jogo –, tem

Em mais de duas décadas de trajetória, a Doutores da Alegria já realizou mais de um milhão de visitas a leitos hospitalares. Outra importante conquista foi estender suas atividades iniciadas em São Paulo, para o Rio de Janeiro e Recife. Outro feito envolve a criação e a manutenção de um programa que leva variadas formas de arte, como circo, música e poesia, a pacientes de hospitais públicos. E tem mais, oferecer por meio de sua escola referência na pesquisa da linguagem do palhaço e na formação de jovens, artistas profissionais e interessados. Peças teatrais e as rodas “besteirológicas” também são oferecidas ao público em geral. f

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educaçãofinanceira

Seu dinheiro um dia pode acabar.

E aí?

Ilustrações: Rafael Pascoal

Conheça as recomendações do consultor Fernando Meibak para não depender dos amigos e aproveitar a sua aposentadoria Por Evandro Ribeiro

S

e existe alguém que soube aproveitar a vida, essa pessoa foi o playboy Jorginho Guinle. Ele orgulhava-se de nunca ter trabalhado e dizia, sem constrangimento, que isso era perda de tempo. Herdeiro do Hotel Copacabana Palace, o bon vivant fez muitos amigos e conquistou muitas mulheres. Foi bastante próximo – em alguns casos, até íntimo – de figuras ilustres como Marilyn Monroe, Rita Hayworth, Ava Gardner, Veronica Lake e Hedy Lamarr. Entretanto, antes de morrer praticamente na miséria em 2004, aos 88 anos, em decorrência de um aneurisma, ele confessou: “Eu não esperava viver tanto, calculei errado e o dinheiro acabou”. E olha que a família deixou um patrimônio de US$ 80 milhões, fortuna que recebera do pai, Carlos Guinle, constituída a partir da construção e da operação do Porto de Santos, entre o fim do século 19 e meados do século 20. O playboy assumido conseguiu “torrar” tudo. E, nos últimos anos de vida, contou com a ajuda dos amigos para sobreviver e ainda saborear alguns

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luxos. Hoje, a penúria da família pode ser retratada por Gabriel Guinle, filho caçula de Jorginho, que se mantém com o salário de agente penitenciário no presídio de Bangu 3, no Rio de Janeiro. Se Jorginho conseguiu acabar com US$ 80 milhões, será que o dinheiro que você está acumulando – ou pelo menos deveria estar – será suficiente para lhe dar uma aposentadoria com dignidade? Esse tema é tão importante nos dias de hoje que Fernando Meibak, economista e consultor em finanças, escreveu o livro O futuro irá chegar! – você está preparado financeiramente para viver até os 90 ou 100 anos?. Não é à toa que o autor estudou profundamente o assunto. De acordo com uma pesquisa do portal Meu Bolso Feliz, 66% dos brasileiros não se preparam para a aposentadoria. Outro estudo, realizado pelo Banco HSBC, em 2011, revela que metade da população brasileira se sente despreparada financeiramente para a aposentadoria. A mesma pesquisa mostra que mais de um quarto dos pesquisados não sabem qual será sua fonte de renda


e VGBL, oferecidos principalmente pelos bancos, ajudam bastante na hora de programar o amanhã, pois funcionam como um seguro para o futuro. Mas o consultor pensa um pouco diferente da maioria: “Os planos de previdência são instrumentos importantes, mas defendo que as pessoas não se descuidem da sua poupança individual”, diz ele. Meibak recomenda como opção de investimento os títuFernando Meibak, los públicos vendidos por autor do livro O meio do programa Tesoufuturo irá chegar! ro Direto. “Existem bons produtos de previdência, mas não abra mão de gerir seus próprios recursos. Com o mecanismo do Tesouro Direto ficou muito fácil administrar os recursos. É um investimento com baixíssimo risco, baixo custo e taxas de juros bastante altas e atraentes. Os altos juros pagos pelo Brasil são ótimas oportunidades para investirmos na nossa aposentadoria”, recomenda o consultor. E a garantia de não deixar para os herdeiros a fama de ser um pai perdulário, notoriedade da qual Jorginho Guinle não escapou. f

Lado bom da vida Envelhecer e Enriquecer é outro livro, em formato e-book, que tem lançamento previsto para os próximos dias. Os autores Ricardo Humberto Rocha e Luiz Calado, professores de economia e consultores financeiros, abordam, entre outros temas, questões relacionadas à readaptação à nova realidade profissional – como transmitir aos netos ensinamentos absorvidos ao longo da vida a respeito de educação financeira, como preparar a sucessão familiar e como planejar as viagens na terceira idade.

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Foto: Gabriel Kosman

na velhice. O levantamento indica que mesmo entre os brasileiros que ganham mais de R$ 3 mil por mês, menos da metade poupa para a aposentadoria. Para efeito de comparação, na Malásia 84% das pessoas com renda acima de R$ 3 mil poupam para o futuro. Na China e na Índia, esse percentual é de 76%, e em Taiwan, 60%. Meibak afirma que infelizmente as pessoas, mesmo os altos executivos das empresas, deixam para se preocupar com o assunto muito tarde. “O tempo vai passar, a carreira vai passar e vamos viver muito depois disso”, alerta o consultor. “Hoje os executivos estão trabalhando sob intensa pressão, durante muitas horas seguidas. Essas pessoas pretendem se aposentar, em média, com 60 anos ou até antes. Assim, podem viver mais 30 ou, quem sabe, 35 anos após a aposentadoria. A grande maioria, porém, não está preparada financeiramente para todo esse tempo sem trabalhar”, diz autor. Ele lembra que para viver 30 anos sem trabalhar e manter a qualidade de vida que tinha até então, as pessoas precisam ter acumulado muito dinheiro. “Não dá para contar com o valor da aposentadoria do INSS”. Em seu livro, Meibak traz diversas sugestões e cálculos de como, qual o valor mensal e por quanto tempo será necessário poupar para ter determinada renda para sustentar a sua aposentadoria sem precisar apertar o cinto. O livro também toca em outro ponto importante ainda pouco explorado pelos especialistas: o divórcio. “Hoje as pessoas se separam mais que do antigamente e isso acaba, de certa forma, por dilapidar o patrimônio. Isso deve ser levado em consideração na hora de pensar em sua aposentadoria e no quanto se deve poupar”, recomenda Meibak. Evidente que os planos de previdência, conhecidos como PGBL


negócios&lazer

Pausa

merecida

Serviço: Four Points by Sheraton Curitiba Curitiba | PR – Brasil Av. Sete de Setembro, 4211 www.fourpointssheratoncuritiba.com.br - Tel. (41) 3340.4000

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Sheraton Curitiba atrai executivos que buscam tranquilidade para trabalhar e conforto para dormir

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em fazer muito alarde, Curitiba cada vez mais se coloca como alternativa ideal para a realização de eventos. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Turismo do Paraná, a maior parte dos quatro milhões de turistas que visitam a capital, aproximadamente 55% vem em busca de negócios. A cidade atraiu ano passado 21 eventos de grande porte, gerando faturamento de R$ 1,5 milhão em estadias nos mais de 160 hotéis e flats. Esse tipo de movimentação gera para a cidade faturamento de R$ 1 bilhão. Diante de tantas opções para hospedagem, o Four Points by Sheraton Curitiba atrai o executivo que busca tranquilidade para trabalhar e comodidade para dormir. Ele é avaliado como muito confortável pelo Guia 4Rodas. Seus 165 apartamentos são adaptados às necessidades dos executivos que não podem se desconectar das atividades profissionais. Mas, se sobrar um tempinho, ele pode relaxar no spa, na piscina ou até mesmo

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negócios&lazer

gastando energia no fitness center. Na hora de fazer as refeições, embora existam algumas opções nas proximidades do hotel, na região da Av. Sete de Setembro, deixe o passeio para depois e experimente as especialidades da gastronomia italiana preparadas pelo chef Clariosvaldo Santos, do restaurante do Catanzaro. Se quiser, antes de sentar-se à mesa, tome um drinque no piano bar. Tudo sem exagero, pois no dia seguinte você precisará estar em forma para correr atrás de novos negócios.

Polo de investimentos Parque Barigüi, concorrido espaço de exposições de Curitiba

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Não difícil entender o polo de negócios em que Curitiba se transformou. Em 2014, o Estado do Paraná deve atrair R$ 30 bilhões em projetos enquadrados no programa Paraná Competitivo. As negociações preveem entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões em investimentos aplicados pelo setor privado. Entre 2011 e 2013, a iniciativa captou R$ 26 bilhões entre protocolos para novas fábricas e ampliação de plantas industriais. Uma delas é a de uma cimenteira, que deve absorver R$ 700 milhões em projeto a ser construído na região metropolitana de Curitiba. A Sumitomo, fabricante de pneus, pretende investir mais R$ 1 bilhão na sua planta de Fazenda Rio Grande, município que fica próximo da capital. Essa pujança de Curitiba explica também a disputa por datas para realização de eventos no parque Barigüi. f


happyhour

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Que tal um café No Coffee Lab, o premiado refúgio do café em São Paulo, é possível degustar um blend com qualidade única e aprender mais sobre os segredos dessa bebida milenar

Por Geyse Alencar

Fotos: Gabriel Kosman

Foto: Nana Vieira

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ogo ao entrar no Coffee Lab já se percebe a alquimia de aromas e sabores no ar. Mais alguns passos, envolvido em um ambiente tranquilo e agradável, é possível intuir que os atrativos ali vão além de tomar um simples café expresso depois do almoço, pois o local é ideal também para quem quer degustar as delicadas nuances em um blend de grãos premium ou apreciar o cuidadoso processo de torra e moagem. Localizado há seis anos na Rua Fradique Coutinho, Vila Madalena, em São Paulo, a cafeteria da premiada barista Isabela Raposeiras conta com estilo próprio: não há garçons, mas sim, baristas profissionais que fazem da experiência de tomar um café algo único e com atendimento singular, seja na riqueza dos detalhes para explicar elementos, como a qualidade do grão, a safra colhida, a densidade da bebida, a história do café, entre outras dúvidas dos clientes. Tudo começou depois que Isabela conquistou o 1º Campeonato Nacional de Baristas, em 2002. Ela deIsabela Raposeiras, Idealizadora do Coffee Lab fende ideais de alta qualidade para o café brasileiro, como controle de origem, rigor na manipulação dos grãos, temperatura da água e divulgação de novos hábitos de consumo do café de qualidade, que é relativamente nova no País. maio 2014 financeiro 53


happyhour

“O café de alta qualidade é levemente azedo e doce. O amargor é resultado de algum defeito”. dessa bebida milenar, que acompanha os brasileiros diariamente. “O ritual número 1 é o mais vendido porque compara o café consumido no dia a dia com outro de alta qualidade. O tradicional expresso também é um dos mais pedidos, com média de 1.000 xícaras por mês”, explica Juliana. Para reconhecer a bebida premium, Juliana deixa uma dica: “O café de alta qualidade é encorpado, é levemente azedo e doce. Sentir amargor é resultado de algum defeito ”.

Segredos dos melhores grãos Preparar uma bebida de qualidade não é privilégio apenas de experts no assunto e estudar em um dos mais renomados cafés do mundo é uma possibilidade real. No Coffee Lab é possível inscrever-se no curso café caseiro que, de forma didática e divertida, apresenta tudo o que é necessário para preparar a bebida em casa, desde as diferentes espécies de café e suas características até como reconhecer a qualidade e escolher bons cafés nas gôndolas. Métodos de extração, características sensoriais, níveis de moagem e a importância da água são alguns dos temas abordados ao longo de seis horas. Já para aqueles que querem se aprofundar um pouco mais, são oferecidos outros temas, como o curso de barista sênior, o curso prático de torra por perfil, a degustação profissional de café especiais, drinks com café e latte art. A programação completa está disponível em www.raposeiras.com.br f

Coffee Lab Rua Fradique Coutinho, 1340 Pinheiros - SP Tel.: (11) 3375 7400

Fotos: Gabriel Kosman

Essa busca pela qualidade do grão confere à barista o reconhecimento pelo mercado com uma das precursoras do café de alta qualidade no Brasil, além de primeira mestra de torra (roast master) do País. Já a cafeteria é considerada uma das melhores do mundo e recebeu diversos prêmios, como melhor cafeteria de São Paulo pela Veja S. Paulo e pela Veja Comer & Beber 2012. Todo esse cuidado reflete também no contato em toda a cadeia produtiva, a começar com seus parceiros agricultores. “Quando localizamos o plantio que oferece um bom grão, só concluímos a compra depois de conhecer a relação da fazenda com o meio ambiente e a relação com seus profissionais. “Em algumas situações, o produtor entende que faz um bom trabalho, mas não reconhece a complexidade do grão e o seu valor. Com isso, Isabela desenvolve um trabalho para mostrar como fazer uma boa colheita, dicas no manejo e o que pode ser feito para agregar valor ao negócio”, explica Juliana Ghirello, gerente geral da cafeteria. Como resultado desse esforço minucioso nas fazendas brasileiras, o Coffee Lab fornece cafés especiais para grandes restaurantes e cafeterias de São Paulo, que são torrados no laboratório. Com isso, cada cliente recebe um blend, ou seja, mistura de grãos exclusiva que torna o sabor do café único e especial. O cardápio também é repleto de curiosidades. Nele, o cliente pode escolher uma variedade de 13 rituais de degustação e harmonização para que ele possa, de forma lúdica, conhecer um pouco mais


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bancodedadosinepad

Crédito/PIB brasileiro: avanços, comparações e previsões

C

Gráfico 1 - Crédito/PIB e Taxa Selic Inepad e BCB

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Elaborado pelo Centro de Pesquisas do INEPAD - Núcleo CEPEFIN Foto: Divulgação

rédito e crescimento econômico estão diretamente ligados, um é afetado pelo outro. Um sistema financeiro eficiente representa um importante critério para conduzir um país ao crescimento econômico, assim como o crescimento econômico contribui para o desenvolvimento de um sistema financeiro. A reestruturação e o fortalecimento do sistema financeiro brasileiro e a estabilização econômica do Brasil nos últimos anos são alguns dos responsáveis pelo recente aumento das concessões de crédito no País. Um importante indicador desse progresso é o desempenho da relação crédito/PIB do Brasil exposto no gráfico 1. Enquanto, em março de 2007, essa relação estava em 31,22%, em fevereiro de 2014, alcançou 55,77%. Observa-se também que a taxa Selic em março de 2007 era de 12,74%, e chegou à mínima de 7,11%, em janeiro de 2013. A redução da taxa Selic nesse período teve como objetivo impulsionar a economia brasileira por meio da expansão do crédito e, con- Por Prof. Dr. Alberto sequentemente, do consumo. Contudo, esse aumen- Borges Matias, to no consumo não foi acompanhando pelo nível de com colaboração investimentos e de oferta, causando certa elevação de Iago Henrique de preços e levando o Banco Central a aumentar a Rodrigues Monteiro taxa Selic repetidas vezes, após a mínima alcançada em janeiro de 2013. Sendo assim, a Selic alcançou 10,42% em fevereiro de 2014, e a proporção Crédito/ PIB, que tinha um crescimento médio anual de 3,79

Elaboração:

Iago Henrique Rodrigues Monteiro – Pesquisador do Centro de Pesquisas do INEPAD – Núcleo CEPEFIN. Graduando em Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto.

Orientador:

Alberto Borges Matias – Fundador do INEPAD e orientador do CEPEFIN. Professor titular do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo no campus de Ribeirão Preto. Livre docente em Finanças, atuando nos programas de graduação, pós-graduação e MBAs da Universidade.


pontos percentuais (p.p.) até antes do ciclo de aumento da Selic, passou a ter uma média de crescimento de 2,25 p.p. ao ano após a mesma. Entretanto, apesar desse expressivo crescimento recente, a proporção crédito/PIB do Brasil ainda está baixa em comparação com percentuais internacionais. Países desenvolvidos possuem concessões de crédito próximas a 100% do PIB, existindo ainda alguns casos de países com valores próximos a 200%. No gráfico 2, que mostra a evolução do crédito ao setor privado/PIB de 2000 a 2012, Japão, Estados Unidos, Alemanha e China, este último sendo o único representante dos países emergentes, possuem valores maiores que 100%, enquanto que os outros BRICs possuem valores próximos a 50% apenas. Observa-se ainda, que em alguns pontos no gráfico, o crédito ao setor privado norte-americano e o japonês ultrapassaram os 200% do PIB. Em contrapartida, como mostra a tabela 1, todos os países emergentes tiveram um crescimento médio anual do crédito ao setor privado/PIB maior do o que dos países desenvolvidos. É interessante destacar que, dos países estudados, o Brasil teve o maior crescimento médio anual no quesito, com 3,06 pontos percenGráfico 2

País

Crescimento Médio Anual do Crédito ao Setor Privado/PIB (p.p.)

Brasil

3,06

Rússia

2,93

Índia

1,96

China

1,78

Estados Unidos

1,28

Alemanha

-1,53

Japão

-3,55

tuais (p.p.), e que Alemanha e Japão tiveram retração média anual de 1,53 (p.p.) e 3,55 p.p., respectivamente, e ainda foram ultrapassados por China e Estados Unidos, também respectivamente. Ainda no gráfico 2, é interessante observar na curva norte-americana o aumento do crédito ao setor privado de 2002 a 2007. Esse aumento foi causado por uma redução da taxa de juros e uma enorme expansão no crédito bancário nos Estados Unidos. Junto com o aumento de crédito ao setor privado, houve também um boom nas concessões de crédito subprime (crédito de alta remuneração e de alto risco de inadimplência), que, sem fiscalização, levou a inúmeras operações prejudiciais ao sistema, culminando, assim, na crise imobiliária de 2008. Por esse motivo, nota-se uma brusca redução no crédito ao setor privado no mesmo ano, reflexo da desconfiança geral no sistema financeiro norte-americano e falta de liquidez bancária no período da crise. Outro reflexo da crise é uma nova expansão do crédito ao setor privado em 2009, causado pela injeção de liquidez no sistema financeiro, feita pelos Bancos Centrais na tentativa de conter a quebra de instituições financeiras e a recessão da economia mundial. É mais fácil notar essa expansão no crédito na curva dos países desenvolvidos, que foram mais afetados pela crise e precisaram de injeções de crédito maiores, e na curva da China, que tomou atitudes mais rápidas e mais drásticas para não perder o elevado ritmo de crescimento de antes de crise. Evoluções visíveis aconteceram no crédito/PIB brasileiro nos últimos anos, principalmente no crédito ao setor privado, o que mais cresceu entre os países apresentados. Além disso, baseado na solidez demonstrada pela economia brasileira durante a crise de 2008 e pela confiança conquistada pelo sistema financeiro brasileiro no período, avanços podem continuar acontecendo e, mesmo a reversão de um quadro de fraco desempenho da economia nos próximos anos. O País ainda possui um potencial enorme de concessões de crédito para ser explorado, como pode ser observado na comparação com o crédito/PIB de países desenvolvidos, e grande parte dessa evolução depende de avanços burocráticos, institucionais e determinadas decisões de política econômica. f maio 2014 financeiro 57


bancodedadosinepad Taxas Médias: geral DATA

Aplicações

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread

Var. p.p.

fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14

18,7 18,5 18,5 18,1 18,5 19,1 19,3 19,5 19,8 20,0 19,7 20,7 20,9

0,1 -0,2 0,0 -0,4 0,4 0,6 0,2 0,2 0,3 0,2 -0,3 1,0 0,2

6,7 6,8 6,8 6,9 7,6 7,7 8,0 8,2 8,2 8,5 8,6 8,9 8,7

0,3 0,1 0,0 0,1 0,7 0,1 0,3 0,2 0,0 0,3 0,1 0,3 -0,2

12,0 11,7 11,7 11,2 10,9 11,4 11,3 11,3 11,6 11,5 11,1 11,8 12,2

-0,2 -0,3 0,0 -0,5 -0,3 0,5 -0,1 0,0 0,3 -0,1 -0,4 0,7 0,4

Variação fev-fev

2,2

2,0

0,2 Fonte: BC / INEPAD

Taxas Médias: Pessoa física DATA

Aplicações

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread

Var. p.p.

fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 Variação fev-fev

24,9 24,5 24,3 24,0 24,2 25,1 25,2 25,6 26,2 26,1 25,6 26,8 27,2

0,2 -0,4 -0,2 -0,3 0,2 0,9 0,1 0,4 0,6 -0,1 -0,5 1,2 0,4

7,0 7,1 7,0 7,1 8,0 8,2 8,6 8,8 8,8 9,1 9,2 9,5 9,2

0,3 0,1 -0,1 0,1 0,9 0,2 0,4 0,2 0,0 0,3 0,1 0,3 -0,3

17,9 17,4 17,3 16,9 16,2 16,9 16,6 16,8 17,4 17,0 16,4 17,3 18,0

-0,1 -0,5 -0,1 -0,4 -0,7 0,7 -0,3 0,2 0,6 -0,4 -0,6 0,9 0,7

2,3

2,2

0,1 Fonte: BC / INEPAD

Taxas Médias: Pessoa jurídica DATA

Aplicações

Var. p.p.

Captações

Var. p.p.

Spread

Var. p.p.

fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 Variação fev-fev

14,0 14,0 14,0 13,5 14,1 14,4 14,7 14,7 14,8 15,2 15,1 15,9 16,0

0,0 0,0 0,0 -0,5 0,6 0,3 0,3 0,0 0,1 0,4 -0,1 0,8 0,1

7,0 7,1 7,0 7,1 8,0 8,2 8,6 8,8 8,8 9,1 9,2 9,5 9,2

0,2 0,1 0,1 0,1 0,6 0,0 0,2 0,2 0,1 0,3 0,1 0,1 0,6

7,6 7,5 7,4 6,8 6,8 7,1 7,2 7,0 7,0 7,1 6,9 7,6 7,7

-0,2 -0,1 -0,1 -0,6 0,0 0,3 0,1 -0,2 0,0 0,1 -0,2 0,7 0,1

58 financeiro maio 2014

2,0

2,2

0,1 Fonte: BC / INEPAD


Consignados: saldo de operações de crédito crédito consignado (R$ milhões) Crédito pessoal Mês/Ano fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14

Taxa de Juros %a.a.

Consignado Não consignado Servidores Trab. do setor Beneficiários

Fonte: BC / INEPAD

91.627 92.940 94.042 94.904 95.634 95.736 96.486 97.579 98.605 99.423 97.767 98 466 99 313

públicos

privado

do INSS

119.680 121.674 124.091 126.450 128.603 130.421 132.123 133.439 134.936 136.391 137.169 138 420 140 032

16.535 16.811 16.964 17.223 17.401 17.504 17.727 17.860 17.950 18.008 17.953 18 050 18 142

59.219 60.356 61.412 62.706 63.386 64.181 65.102 65.536 65.893 66.356 66.755 67 672 69 312

Total 195.434 198.841 202.467 206.379 209.390 212.106 214.952 216.835 218.779 220.628 221.841 224 142 227 486

Total 287.061 291.781 296.509 301.283 305.024 307.842 311.438 314.414 317.384 320.019 319.455 322 608 326 799

Consignado 24,7 24,6 24,3 24,2 24,2 24,4 24,5 24,3 24,6 24,5 24,4 24,9 25,1

Crédito Diferença Pessoal 37,9 37,2 36,8 36,7 38,0 39,8 39,7 40,3 42,2 41,7 41,3 43,0 43,9

13,2 12,6 12,5 12,5 13,8 15,4 15,2 16,0 17,6 17,2 16,9 18,1 18,8

maio 2014 financeiro 59


bancodedadosinepad Saldo da carteira de crédito - pessoa física

20.800 20.244 21.220 21.118 20.478 20.962 21.086 22.025 22.058 21.247 20.219 21.742 22.006

3,8 -2,7 4,8 -0,5 -3,0 2,4 0,6 4,5 0,1 -3,7 -4,8 7,5 1,2

122.107 122.141 123.598 126.433 125.372 129.369 130.019 131.437 133.682 135.236 144.589 143.914 139.421

CRÉDITO PESSOAL NÃO CONSIGNADO VINCULADO À DÍVIDA

-3,3 0,0 1,2 2,3 -0,8 3,2 0,5 1,1 1,7 1,2 6,9 -0,5 -3,1

21.562 21.609 21.662 21.773 21.764 21.721 21.739 21.558 21.500 21.416 21.195 21.057 20.887

CRÉDITO PESSOAL VARIAÇÃO Crédito Variação Crédito pessoTOTAL EM % pessoal não al consignado Variação em % em % total consignado 0,1 0,2 0,2 0,5 0,0 -0,2 0,1 -0,8 -0,3 -0,4 -1,0 -0,7 -0,8

91.627 92.916 93.944 94.945 95.663 95.736 96.787 97.579 98.605 99.423 97.767 98.466 99.313

0,6 1,4 1,1 1,1 0,8 0,1 1,1 0,8 1,1 0,8 -1,7 0,7 0,9

195.434 198.825 202.469 206.309 209.304 212.106 214.728 216.835 218.779 220.754 221.878 224.143 227.486

1,7 1,7 1,8 1,9 1,5 1,3 1,2 1,0 0,9 0,9 0,5 1,0 1,5

287.061 1,3 291.741 1,6 296.412 1,6 301.254 1,6 304.967 1,2 307.842 0,9 311.515 1,2 314.414 0,9 317.384 0,9 320.177 0,9 319.645 -0,2 322.608 0,9 326.799 1,3

Fonte: BC / INEPAD

fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14

CHEQUE VARIAÇÃO CARTÃO DE VARIAÇÃO CRÉDITO EM % EM % ESPECIAL

VARIAÇÃO EM %

MÊS / ANO

recursos livres - (R$ milhões)

Saldo da carteira de crédito - pessoa física ARRENDAMENTO MERCANTIL

Veículos 192.763 192.795 192.490 192.060 191.979 193.946 194.008 193.106 193.026 193.082 192.797 193.006 191.791

Variação em % -0,4 0,0 -0,2 -0,2 0,0 1,0 0,0 -0,5 0,0 0,0 -0,1 0,1 -0,6

203.185 203.225 202.988 202.717 202.783 204.825 205.078 204.029 204.133 204.273 204.170 204.466 203.086

-0,4 0,0 -0,1 -0,1 0,0 1,0 0,1 -0,5 0,1 0,1 -0,1 0,1 -0,7

15.738 14.746 13.732 12.809 12.040 11.167 10.410 9.724 9.064 8.498 7.906 7.368 6.854

Outros bens Variação em % 10.422 10.430 10.498 10.657 10.804 10.879 11.070 10.923 11.107 11.191 11.373 11.460 11.295

-0,7 0,1 0,7 1,5 1,4 0,7 1,8 -1,3 1,7 0,8 1,6 0,8 -1,4

VARIAÇÃO EM % -6,1 -6,3 -6,9 -6,7 -6,0 -7,3 -6,8 -6,6 -6,8 -6,2 -7,0 -6,8 -7,0

DESCONTO DE CHEQUES 1.650 1.634 1.590 1.583 1.587 1.525 1.553 1.538 1.524 1.578 1.564 1.534 1.558

0,8 -1,0 -2,7 -0,4 0,3 -3,9 1,8 -1,0 -0,9 3,5 -0,9 -1,9 1,6

OUTROS CRÉDITOS LIVRES 24.635 25.032 25.941 25.923 26.250 26.279 26.417 25.700 25.167 25.723 25.930 26.395 26.577

2,4 1,6 3,6 -0,1 1,3 0,9 0,5 -2,7 -2,1 2,2 0,8 1,8 0,7

Fonte: BC / INEPAD

VARIAÇÃO EM %

VARIAÇÃO EM %

fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14

TOTAL

AQUISIÇÃO

VARIAÇÃO EM %

MÊS / ANO

recursos livres - (R$ milhões)

recursos direcionados - (R$ milhões) VARIAÇÃO - FINANC. IMOBILIVARIAÇÃO MÊS / CRÉDITO RURECURSOS LIVRES (R$ Milhões) ANO

fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14

RAL TOTAL

EM %

ÁRIO TOTAL

EM %

FINANC. RECURSOS DO BNDES

VARIAÇÃO EM %

MICROCRÉDITO TOTAL

VARIAÇÃO EM %

OUTROS CRÉDITOS DIRECIONADOS

VARIAÇÃO EM %

90.964 92.705 94.192 97.014 101.736 99.448 103.181 105.950 108.036 110.969 115.287 116.356 118.060

0,5 1,9 1,6 3,0 4,9 -2,2 3,8 2,7 2,0 2,7 3,9 0,9 1,5

266.577 273.917 281.343 289.652 298.396 306.493 314.896 319.441 326.403 333.878 341.465 347.716 354.590

2,0 2,8 2,7 3,0 3,0 2,7 2,7 1,4 2,2 2,3 2,3 1,8 2,0

31.156 32.146 32.991 32.839 33.119 33.527 34.086 34.504 35.026 35.688 37.067 38.608 39.167

3,1 3,2 2,6 -0,5 0,9 1,2 1,7 1,2 1,5 1,9 3,9 4,2 1,4

3.824 3.879 3.936 4.027 4.170 4.116 4.158 4.188 4.423 4.873 5.392 5.480 5.415

0,0 1,4 1,5 2,3 3,6 -1,3 1,0 0,7 5,6 10,2 10,7 1,6 -1,2

4.039 4.454 4.491 4.573 4.755 5.109 5.314 6.074 6.169 6.343 6.745 6.653 6.619

2,6 10,3 0,8 1,8 4,0 7,4 4,0 14,3 1,6 2,8 6,3 -1,4 -0,5

Fonte: BC / INEPAD

60 financeiro maio 2014

Fonte: BC / INEPAD

Saldo da carteira de crédito - pessoa física


Gráfico do crédito pessoal Data jun/07 jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08 jul/08 ago/08 set/08 out/08 nov/08 dez/08 jan/09 fev/09 mar/09 abr/09 mai/09 jun/09 jul/09 ago/09

Saldo 96.426 100.256 102.555 104.222 106.498 107.293 108.041 110.428 112.303 115.578 118.248 120.720 121.211 123.198 125.550 127.281 129.704 130.039 129.741 131.707 130.219 133.330 137.539 139.997 142.569 145.446 148.622

Taxa de Juros 51,06 50,61 49,89 49,43 48,88 46,75 45,80 53,08 52,59 50,48 50,60 48,39 51,39 53,59 54,49 56,31 57,42 59,88 60,44 56,51 54,49 50,84 48,78 46,62 45,64 44,78 44,29

Data set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11

Saldo 151.359 154.386 156.259 159.692 162.446 165.543 170.393 174.442 178.844 181.458 184.359 188.779 191.969 195.497 198.633 201.611 205.727 209.255 210.445 213.685 216.864 220.666 224.603 229.192 232.172 235.202 238.570

Data dez/11 jan/12 fev/12 mar/12 abr/12 mai/12 jun/12 jul/12 ago/12 set/12 out/12 nov/12 dez/12 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14

Taxa de Juros 44,71 45,74 43,64 44,35 44,83 43,81 42,69 42,87 43,04 41,97 42,21 41,96 41,63 43,55 41,99 44,11 48,32 47,96 43,01 44,34 44,56 44,52 45,01 44,52 44,64 45,34 43,64

Saldo 238.854 242.445 246.608 250.527 254.431 259.656 263.702 266.503 270.538 271.628 275.565 278.776 279.104 283.245 287.061 291.741 296.412 301.254 304.967 307.842 311.515 314.414 317.384 320.177 319.645 322.608 326.799

Taxa de Juros 42,40 44,80 45,20 43,90 41,40 39,30 38,20 38,60 38,00 37,70 37,80 37,10 36,90 37,30 37,90 37,17 36,83 36,74 38,02 39,75 39,71 40,34 42,23 41,72 41,32 42,95 43,89

Fonte: BC / INEPAD

Fonte: BC / INEPAD

Saldo da carteira de crédito - pessoa física MÊS / ANO

Saldo (R$ milhões) e percentual (%) da carteira de crédito com recursos livres PF Total e com atraso entre 15 e 90 dias CRÉDITO PESSOAL Saldo total

fev/13 287.061 mar/13 291.741 abr/13 296.412 mai/13 301.254 jun/13 304.967 jul/13 307.842 ago/13 311.515 set/13 314.414 out/13 317.384 nov/13 320.177 dez/13 319.645 jan/14 322.608 fev/14 326.799 Fonte: BC / INEPAD

AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS

Com atraso de % sobre saldo da carteira 15 a 90 dias 12.516 12.691 13.368 12.231 11.985 12.252 12.118 13.048 12.759 12.199 13.265 14.356 14.020

4,36% 4,35% 4,51% 4,06% 3,93% 3,98% 3,89% 4,15% 4,02% 3,81% 4,15% 4,45% 4,29%

Saldo total 192.763 192.795 192.490 192.060 191.979 193.946 194.008 193.106 193.026 193.082 192.797 193.006 191.791

AQUISIÇÃO DE OUTROS BENSSOAL

Com atraso de % sobre saldo da carteira 15 a 90 dias 16.231 17.313 16.650 16.479 15.857 15.826 15.152 15.796 15.693 15.350 14.922 15.016 14.461

8,42% 8,98% 8,65% 8,58% 8,26% 8,16% 7,81% 8,18% 8,13% 7,95% 7,74% 7,78% 7,54%

Saldo total 10.422 10.430 10.498 10.657 10.804 10.879 11.070 10.923 11.107 11.191 11.373 11.460 11.295

Com atraso de % sobre saldo da carteira 15 a 90 dias 822 872 856 828 816 814 794 765 796 789 753 851 851

7,89% 8,36% 8,15% 7,77% 7,55% 7,48% 7,17% 7,00% 7,17% 7,05% 6,62% 7,43% 7,53%

maio 2014 financeiro 61


bancodedadosinepad

Fonte: BC / INEPAD

Juros Taxa média de juros das operações de crédito com recursos livres - Pessoa Física AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS

AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS

MÊS / ANO

CRÉDITO PESSOAL

R$ Milhões

fev/13

287.061

2,71

0,04

37,90

0,60

193.215

1,51

-0,05

19,75

-0,72

10.422

4,49

-0,07

69,30

-1,27

mar/13

291.741

2,67

-0,05

37,17

-0,73

193.474

1,57

0,05

20,53

0,78

10.430

4,45

-0,03

68,63

-0,67

abr/13

296.412

2,65

-0,02

36,83

-0,34

192.763

1,56

0,00

20,46

-0,07

10.498

4,43

-0,02

68,25

-0,38

mai/13

301.254

2,64

-0,01

36,74

-0,09

192.795

1,51

-0,05

19,73

-0,73

10.657

4,32

-0,11

66,20

-2,05

jun/13

304.967

2,72

0,08

38,02

1,28

192.500

1,53

0,01

19,92

0,19

10.804

4,33

0,01

66,40

0,20

jul/13

307.842

2,83

0,11

39,75

1,73

192.060

1,51

-0,01

19,73

-0,19

10.879

4,39

0,06

67,49

1,09

ago/13

311.515

2,83

0,00

39,71

-0,04

191.979

1,49

-0,02

19,47

-0,26

11.070

4,39

0,00

67,55

0,06

set/13

314.414

2,86

0,04

40,34

0,63

193.946

1,55

0,06

20,28

0,81

10.923

4,43

0,03

68,17

0,62

out/13

317.384

2,98

0,11

42,23

1,89

194.008

1,60

0,04

20,92

0,64

11.107

4,58

0,16

71,19

3,02

nov/13

320.177

2,95

-0,03

41,72

-0,51

193.106

1,64

0,05

21,60

0,68

11.191

4,65

0,07

72,57

1,38

dez/13

319.645

2,92

-0,02

41,32

-0,40

193.026

1,59

-0,05

20,83

-0,77

11.373

4,93

0,28

78,13

5,56

jan/14

322.608

3,02

0,10

42,95

1,63

193.078

1,62

0,03

21,28

0,45

11.460

4,73

-0,20

74,09

-4,04

fev/14

326.799

3,08

0,06

43,89

0,94

192.816

1,62

0,00

21,29

0,01

11.295

4,76

0,04

74,79

0,70

Saldo total

Saldo total

Taxa de juros % am

Varição p.p

% aa

Varição p.p

R$ Milhões

Saldo total

Taxa de juros % am

Varição p.p

% aa

Varição p.p

R$ Milhões

Taxa de juros % am

Varição p.p

% aa

Varição p.p

Fonte: BC / INEPAD

Atividade Econômica DATA

"Taxa da Utilização da Capacidade Instalada"

Var. p.p.

DATA

"Índice de Produção Física Média Móvel Trimestral"

Var. %

fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14

82,6 82,3 82,9 82,4 82,4 82,4 82,3 82,2 82,4 82,2 82,0 82,5 82,6

-1,00 -0,30 0,60 -0,50 0,00 0,00 -0,10 -0,10 0,20 -0,20 -0,20 0,5 0,1

fev/13 mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14

127,43 127,70 127,12 127,56 128,24 127,36 127,39 126,86 127,43 127,75 126,17 125,92 126,00

0,24% 0,21% -0,45% 0,35% 0,53% -0,69% 0,02% -0,42% 0,45% 0,25% -1,24% -0,20% 0,06%

0,0

Variação Dez-Dez

Variação Dez-Dez

62 financeiro maio 2014

-1,43


Rendimento Taxa de Desemprego (%) DATA

Brasil

Var. p.p.

SP

Var. p.p.

mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14

5,7% 5,8% 5,8% 6,0% 5,6% 5,3% 5,4% 5,2% 4,6% 4,3% 4,8% 5,10% 5,00%

0,1 0,1 0,0 0,2 -0,4 -0,3 0,1 -0,2 -0,6 -0,3 0,5 0,3 -0,1

6,3% 6,7% 6,3% 6,60% 5,80% 5,40% 5,80% 5,60% 4,70% 4,40% 5,00% 5,50% 5,70%

-0,200 0,400 -0,400 0,300 -0,800 -0,400 0,400 -0,200 -0,900 -0,300 0,600 0,5 0,2

Rendimento Médio Real Habitualmente Recebido (R$) DATA

Brasil

Var. p.p.

SP

Var. p.p.

mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14

1967,5 1964,0 1957,4 1954,4 1937,7 1971,2 1991,5 1988,9 2027,8 2013,3 2018,1 2033,3 2026,6

-4,58 -3,54 -6,59 -2,96 -16,77 33,49 20,35 -2,61 38,92 -14,52 4,74 15,20 -6,66

2111,5 2101,2 2087,4 2075,5 2046,6 2079,9 2101,6 2124,2 2156,5 2132,8 2125,5 2133,7 2133,20

19,08 -10,29 -13,85 -11,85 -28,93 33,32 21,71 22,53 32,31 -23,69 -7,33 8,22 -0,47

Anfavea Produção - Automóveis de Passageiros, Mistos, Veículos Comerciais, Leves e Pesados (em unidades) Data

Produção

Média Trim.

Var. Mensal

Var. Mensal (%)

mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 Variação Mar-Mar

329.093 352.355 344.547 323.880 317.855 342.757 322.350 322.514 293.189 230.892 237.186 281.452 271.217

287.347 307.415 341.998 340.261 328.761 328.164 327.654 329.207 312.684 282.198 253.756 249.843 263.285

88.297 23.262 -7.808 -20.667 -6.025 24.902 -20.407 164 -29.325 -62.297 6.294 44.266 -10.235

36,7% 7,1% -2,2% -6,0% -1,9% 7,8% -6,0% 0,1% -9,1% -21,2% 2,7% 18,7% -3,6% -17,59%

maio 2014 financeiro 63


bancodedadosinepad Exportação de Autoveículos montados (em unidades) Data

Exportações

Média Trim.

Var. Mensal

mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14 Variação Jan-Jan

43.529 52.771 48.620 49.444 54.096 64.071 45.441 51.819 45.234 43.298 22.797 28.844 23.408

36.233 31.743 43.529 52.771 48.620 49.444 54.096 64.071 45.441 51.819 45.234 43.298 22.797

11.786 9.242 -4.151 824 4.652 9.975 -18.630 6.378 -6.585 -1.936 -20.501 6.047 -5.436

Var. Mensal (%) 37,13% 21,23% -7,87% 1,69% 9,41% 18,44% -29,08% 14,04% -12,71% -4,28% -47,35% 26,53% -18,85% -46,26% Fonte: Anfavea / INEPAD

Licenciamento por Categoria Automóveis Fonte: Inepad & Anfavea

Licenciamento de Automóveis Nacionais e180.000 Importados - (em unidades) 160.000 Data

Total

1000cc

% no Total

+1000cc a 2000cc

% no total

mar/13 abr/13 mai/13 jun/13 jul/13 ago/13 set/13 out/13 nov/13 dez/13 jan/14 fev/14 mar/14

209.797 246.379 232.974 233.277 250.685 242.479 222.155 239.590 223.748 259.211 228.670 183.235 171.359

85.683 98.563 93.970 96.715 99.838 94.689 85.937 89.442 88.745 101.512 86.481 67.317 68.926

40,8% 40,0% 40,3% 41,5% 39,8% 39,1% 38,7% 37,3% 39,7% 39,2% 37,8% 36,7% 40,2%

122.993 146.066 137.426 135.298 149.235 146.205 134.794 148.753 133.291 155.889 140.452 114.515 101.211

58,6% 59,3% 59,0% 58,0% 59,5% 60,3% 60,7% 62,1% 59,6% 60,1% 61,4% 62,5% 59,06%

140.000

% no +2000cc 120.000 total

100.000 1.121 1.750 1.578 1.264 1.612 1.585 1.424 1.395 1.712 1.810 1.737 1.403 1.222

0,5% 80.000 0,7%

60.000 0,7% 0,5% 40.000 0,6%

20.000 0,7%

0,6% 0 0,6% 0,8% 0,7% 0,8% 0,8% 0,71%

1000cc

+1000cc a 2000cc

+2000cc

Fonte: Anfavea / INEPAD

Macro

64 financeiro maio 2014


Previsões Econômicas Ano de 2014

"PIB Total % a.a."

"PIB Agropecuário % a.a."

"PIB Indústria % a.a."

"PIB Serviço % a.a."

"Produção Industrial % a.a."

Previsão 11/04/2014 (2014/2014)

1,68

2,93

1,44

1,80

0,99

1 semana antes 04/04

1,72

3,34

1,47

1,84

1,23

1 mês antes 11/04/2014

1,76

3,14

1,71

1,83

1,37

Ano de 2014

"Selic Taxa anual"

"IGP-DI % a.a."

"IPCA % a.a."

"Taxa de Cãmbio R$ / US$"

"Saldo Comercial US$ bilhões"

Previsão 11/04/2014 (2014/2014)

11,32

7,24

6,47

2,45

247,99

1 semana antes 04/04

11,32

7,14

6,33

2,47

248,84

1 mês antes 11/04/2014

11,18

6,5

6,05

2,48

248,52

maio 2014 financeiro 65


palavrafinal

Consumidor retraído, estímulos recorrentes

N Por Nicola Tingas, Economista-chefe da Acrefi nicolatingas@acrefi.org.br

este segundo trimestre de 2014, a economia ruma em direção indesejada. Diversos indicadores de confiança empresarial, industrial, comercial e do consumidor indicam uma rota declinante. Portanto, um cenário oposto daquele de alcançar ambiente econômico progressivamente melhor: famílias consumindo mais e sentimento positivo sobre o futuro; empresas vendendo mais e investindo melhor; governo obtendo progresso na agenda de incentivo ao crescimento econômico e avanços positivos no “clima social”. Nada disso ocorre em escala ou condição próxima daquela antes esperada. Há frustração de expectativas e retração do comportamento dos agentes econômicos. Aparentemente, a economia brasileira entrou em uma fase de “hibernação branda”, aguardando passar o período eleitoral e a posse dos eleitos em 2015. A partir do ano novo, o conjunto de agentes econômicos começará a vislumbrar para onde ruma a direção da política econômica. Poderá identificar como e de que forma a economia poderá ser revitalizada. Poderá avaliar o que deve esperar de reformas, mudanças, ajustes e suas consequências para o ambiente de negócios, investimento, emprego, renda, consumo e crédito. Enfim, configura-se um período de transição. Nesse ambiente, o governo busca identificar ações de curto prazo que possam sustentar as condições de crescimento, emprego e renda na economia. Entre outros, um dos eixos de atenção tem sido o setor automobilístico, que teve importante perda de vigor e queda significativa de vendas no primeiro trimestre de 2014. Segundo o sistema de operações registradas pela Cetip, o volume de financiamento de veículos novos teve uma queda de 5,4% no primeiro trimestre de 2014 em comparação ao mesmo período de 2013, recuando de R$ 492 bilhões em 2013 para R$ 465 bilhões em 2014. A queda no mercado interno acumulada com a redução das exportações, principalmente para a Argentina, provocou uma queda de 8,4% na produção de veículos no primeiro trimestre de 2014 em comparação ao mesmo período do ano anterior. Essa retração sig-

66 financeiro maio 2014

nificativa trouxe riscos ao setor e seus fornecedores, concessionárias e lojas de comércio; inclusive, desde já, trouxe risco para a manutenção do nível de emprego dos trabalhadores em algumas montadoras. Como consequência, o setor tem solicitado apoio do governo para ampliar as vendas. No momento da redação deste artigo, está sendo aguardado para dentro de poucos dias o anúncio pelo governo de algumas medidas de estímulo ao financiamento da compra de veículos. Entre outras medidas em estudo, está um conjunto de propostas operacionais e jurídicas para melhorar a recuperação de veículos em condição de inadimplência de contratos e melhorar o lastro da operação; para que no conjunto possa mitigar parte dos elevados custos oriundos da inadimplência nessa modalidade de financiamento. Com aperfeiçoamento das condições contratuais e processuais do financiamento, espera-se reduzir os riscos potenciais da operação e risco de inadimplência, para estimular a ampliação dos prazos de financiamento, a redução de valor de pagamento de entrada, bem como flexibilizar outras exigências processuais. Portanto, o governo deve anunciar um conjunto de proposições de incentivo para as vendas do setor automobilístico, na direção de mitigar riscos de inadimplência que têm resultado em enormes prejuízos na operação de financiamento em anos recentes; além de buscar uma formatação de oferta diferenciada, que permita dinamizar vendas e fazer financiamento com menor risco e melhor condição de atendimento para as demandas do consumidor. O governo tem em perspectiva que a política econômica tem de buscar melhorar as condições da economia e atender expectativas dos agentes econômicos, de forma a evitar a permanência de um ambiente frágil e de riscos para a atividade econômica, renda e emprego. Assim, devemos acompanhar os próximos passos dos gestores da política governamental para identificar como pretendem fomentar estímulos ao crescimento e fazer a gestão de risco econômico até a posse dos eleitos em 2015. f

Artigo enviado em 28/04/2014

Por Nicola Tingas




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