Financeiro 115 - Maio/Junho 2019

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EDIÇÃO

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MAIO - JUNHO

“Precisamos de um sistema tributário que estimule o crescimento e a geração de empregos” Luiz Carlos Moraes, novo presidente da Anfavea, defende as reformas para que o índice de confiança aumente, os investidores voltem a injetar recursos e a indústria consiga fechar novos negócios

CADASTRO POSITIVO Impacto equivalente ao da Reforma da Previdência Pág.12

LGPD Os dados da sua empresa já estão protegidos? Pág.15

SEMANA ENEF 2019 Cidadania financeira e uso consciente do crédito Pág.20


Acesse financiamentos.bradesco > Quero Financiar

SAC 0800 727 9977 SAC Deficiência Auditiva ou de Fala 0800 722 0099 Ouvidoria 0800 727 9933 Centrais de Relacionamento Dúvidas e Solicitações sobre Financiamentos de Veículos Capitais ou Regiões Metropolitanas 4004 4433 Demais Localidades 0800 722 4433

Crédito sujeito a aprovação.

Bradesco Financiamentos Pague par-ce-la-do. Receba seu veículo na hora.


EDITORIAL

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HILGO GONÇALVES Presidente da ACREFI

AVANÇOS E DESAFIOS

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Brasil vive um momento com muitos avanços e desafios. É certo que temos um longo caminho pela frente em direção ao desenvolvimento, mas a boa notícia é que nos últimos meses conquistas importantes nos deixam mais otimistas em relação ao futuro, principalmente no setor financeiro. Entre as novidades, merece destaque a sanção presidencial ao novo formato do Cadastro Positivo, que certamente será um divisor de águas no mercado de crédito. Essa inovação, defendida enfaticamente pela ACREFI trará, na estimativa da nossa entidade, um crescimento da relação crédito/PIB dos atuais 47% para algo entre 70% e 80% nos próximos anos. Mais ainda, conforme estimativa do economista-chefe da Serasa, Luiz Rabi, em evento da ACREFI realizado em maio, os benefícios previstos em 10 anos se aproximam de R$ 900 bilhões (ver reportagem nesta edição). O total equivale praticamente a uma Reforma da Previdência. Além disso, temos a Lei Geral de Proteção de Dados, outra iniciativa de fundamental importância, pois assegura uma integridade ainda maior no uso das informações dos cidadãos. A LGPD entra em vigor no próximo ano e pelo seu impacto e complexidade tem sido objeto de eventos, entre os quais o seminário promovido pela ACREFI para manter o setor informado dos detalhes da legislação. O Banco Central também divulgou a Agenda BC#, que alia a inovação tecnológica à agenda microeconômica da instituição com quatro dimensões: inclusão; competitividade; transparência; e educação financeira – trazendo no escopo a novidade do open banking e destacando cada vez mais a importância da educação financeira, agora com um foco ainda mais claro nas escolas. O objetivo é aumentar mais ainda a eficiência e a competição do Sistema Financeiro Nacional. A ACREFI sempre apoiou a agenda BC+ e na audiência que tivemos dia 31 de maio com o presi-

dente da instituição, Roberto Campos Neto, reafirmamos o nosso apoio à Agenda BC#. Essa atuação do BC está em linha com o compromisso da ACREFI. Como exemplo, citamos a cidadania financeira. Por isso, nossa entidade apoiou a 6ª Semana ENEF (Semana de Educação Financeira), realizada em maio, que teve mais de 15 mil ações e contou com a participação de milhões de pessoas. Como destacamos nesta edição, além do incentivo aos associados, a ACREFI participou ativamente da Semana ENEF, incluindo a realização do evento “Educação financeira agregada ao negócio” em maio, em São Paulo, em que especialistas debateram sobre o tema. Também em setores que têm relação com nosso segmento há notícias animadoras. A Anfavea prevê fechar o ano com 3,14 milhões de veículos produzidos, um crescimento de 9% a 12% em comparação a 2018. O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, é personagem de capa desta edição. Em sua entrevista, teve a oportunidade de falar sobre as perspectivas desse importante segmento de nossa economia. É nesse ambiente favorável que a ACREFI prevê crescimento de 9% a 12% este ano nas linhas de recursos livres para pessoa física. Mais importante, a tomada de crédito tem se mostrado cada vez mais consciente, o que é fundamental para o nosso setor. O cenário, apesar de desafiador, sinaliza com avanços importantes, que nos fazem acreditar em tempos melhores. Mas, para isso precisaremos continuar buscando o protagonismo em cada área de atuação e não perder de vista a importância das reformas que estão em debate no Congresso e a necessidade de investir ainda mais na educação, ter foco nos colaboradores, na transformação digital, na inovação e na governança corporativa das nossas empresas e, principalmente, sermos resilientes para que consigamos construir um Brasil, a cada dia melhor para nós e para as gerações futuras. f

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CONFIAMOS TANTO NO BRASIL QUE COLOCAMOS ELE NO NOSSO NOME. B3. BRASIL BOLSA BALCÃO. A B3 é a Bolsa do Brasil. Isso significa que estamos sempre prontos para ajudar o mercado a tomar a melhor decisão pensando no futuro. No nosso e do País. Afinal, quando o Brasil cresce, todo mundo cresce junto com ele.

acesse: b3.com.br


SUMÁRIO

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EDIÇÃO # 115

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03 08 12 15 18 20 23 24 26 28 30 31

EDITORIAL

ENT RE VIS TA

Carlos Moraes Presidente da Anfavea

SEMINÁRIO Cadastro Positivo

SEMINÁRIO Proteção de Dados

AR T IG O Marcel Leonardi

SEMINÁR O Educação Financeira

P ONTO DE ENC ONT R O Pedro Coutinho Presidente da Abecs

R ANK ING GPTW

PREMIAÇ ÕE S

Finanças Mais e Cliente S.A.

PAINEL B3

Financiamento de veículos

REUNIÃO DE DIRE TORIA Diversidade

PAL AVR A FINAL Nicola Tingas

Foto/capa: Mercedes-Benz/divulgação

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ASSOCIADAS

• AGORACRED S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • AVISTA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • AYMORÉ CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A.

• CAIXA ECONÔMICA FEDERAL • CARUANA S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • CCB BRASIL S.A. – CRÉDITO, FINANCIAMENTOS E INVESTIMENTOS

• BANCO A.J. RENNER S.A.

• DACASA FINANCEIRA S.A. SOCIEDADE DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

• BANCO BRADESCO FINANCIAMENTOS S.A.

• ESTRELA MINEIRA CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A.

• BANCO CBSS S.A.

• FINAMAX S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

• BANCO CETELEM S.A. • BANCO CNH INDUSTRIAL CAPITAL S.A. • BANCO COOPERATIVO DO BRASIL S.A. BANCOOB • BANCO CSF S.A. • BANCO DAYCOVAL S.A. • BANCO DO BRASIL S.A. • BANCO FIDIS S.A. • BANCO GMAC S.A. • BANCO HONDA S.A. • BANCO INTER S.A. • BANCO ITAUCARD S.A. • BANCO ITAÚ UNIBANCO S.A.

• FINANCEIRA ALFA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS • HS FINANCEIRA S.A CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • GAZINCRED S.A • KREDILIG S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • LECCA CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • MERCANTIL DO BRASIL FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS • MIDWAY S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • NEGRESCO S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOS

• BANCO JOHN DEERE S.A. • BANCO JP MORGAN BRASIL S.A. • BANCO DE LAGE LANDEN BRASIL S.A • BANCO LOSANGO S.A. • BANCO PAN S.A. • BANCO PAULISTA S.A. • BANCO PSA FINANCE BRASIL S.A. • BANCO RCI S.A • BANCO RODOBENS S.A. • BANCO SAFRA S.A. • BANCO SEMEAR S.A. • BANCO TOYOTA DO BRASIL S.A. • BANCO TRIÂNGULO S.A. (TRIBANCO)

• OMNI S.A. CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • PORTOCRED S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • PORTOSEG S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • REALIZE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • SANTANA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SANTINVEST S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SAX S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • SENFF S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

• BANCO VOLKSWAGEN S.A.

• SICREDI VALE DO PIQUIRI ABCD PR/SP

• BANCO YAMAHA MOTOR DO BRASIL S.A.

• SOCINAL S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

• BMW FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO • BRB CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. • BV FINANCEIRA S.A. CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO

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• SOROCRED CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A • UNICRED DO BRASIL – CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS COOPERATIVAS CENTRAIS UNICREDS • VIA CERTA FINANCIADORA


EXPEDIENTE

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ISSN 1809-8843

PUBLICAÇÃO DA ACREFI - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS INSTITUIÇÕES DE CRÉDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO Rua Líbero Badaró, 425 - 28°andar São Paulo, SP - Tel. (11) 3107.7177 www.acrefi.org.br DIRETORIA BIÊNIO 2018 / 2020 PRESIDENTE Hilgo Gonçalves VICE-PRESIDENTES André de Carvalho Novaes Celso Luiz Rocha João Vitor Nazareth Menin Teixeira Leandro José Diniz Luis Eduardo da Costa Carvalho Rodnei Bernardino Wanderley Vettore DIRETOR TESOUREIRO João dos Santos Caritá Jr. DIRETORES REGIONAIS Edson Tadashi Ueda Elias de Souza Giorgio Rodrigo Donini Leonardo Lima Bortolini Marcos Teixeira da Rosa Nelson Dias de Aguiar Thiago Rodrigues Urbaneja CONSELHO DELIBERATIVO Érico Sodré Quirino Ferreira Hilgo Gonçalves José de Menezes Berenguer Neto Luiz Francisco M. de Barros Roberto Willians Silva Azevedo Rubens Bution CONSELHO FISCAL (EFETIVOS) Domingos Spina José Tadeu da Silva Ricardo Albuquerque Siga a ACREFI nas redes sociais

SUPLENTES Alexandre Teixeira José Garcia Neto Ricardo Kaoru ADMINISTRAÇÃO/ASSESSORIAS SUPERINTENDENTE Carlos Alberto Marcondes Machado RELAÇÕES INSTITUCIONAIS Antonio Augusto de Almeida Leite (Pancho) CONSULTOR ECONÔMICO Nicola Tingas CONSULTORA JURÍDICA Cintia M. Ramos Falcão CONSULTOR DE REGULAÇÃO E COMPLIANCE Sergio Odilon dos Anjos AUDITORIA Boucinhas, Campos & Conti Auditores Independentes CONTABILIDADE Conaupro Consultoria e Contabilidade Ltda. ASSESSORIA DE IMPRENSA

PUBLISHER Sergio Tamer EDITORES Theo Carnier Gilberto de Almeida EDITOR ASSISTENTE Gustavo Girotto ARTE Mariela Tiradentes Gabriella Rocha REVISOR Vicente dos Anjos * As matérias e artigos aqui publicados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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ENTREVISTA

LUIZ CARLOS MORAES Presidente da Anfavea

Foto: Anfavea/divulgação

DEFENDEMOS AS REFORMAS PARA QUE TENHAMOS UM CRESCIMENTO ROBUSTO À FRENTE DA ANFAVEA HÁ DOIS MESES, LUIZ CARLOS MORAES FALA À FINANCEIRO SOBRE A NECESSIDADE DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA PARA AUMENTAR A CONFIANÇA E ESTIMULAR OS INVESTIMENTOS, DEFENDE A REFORMA TRIBUTÁRIA, A DESBUROCRATIZAÇÃO E A SIMPLIFICAÇÃO DA VIDA DAS EMPRESAS. E, AINDA, A RETOMADA DO BEM, EM CASO DE EVENTUAL INADIMPLÊNCIA

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ENTREVISTA

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QUAIS SÃO AS EXPECTATIVAS DO SETOR DE VEÍCU- AINDA EXISTE ESPAÇO PARA NOVOS AJUSTES NA LOS PARA OS PRÓXIMOS 12 MESES? INDÚSTRIA DE VEÍCULOS? A previsão da Anfavea, feita no início do ano – com base em algumas premissas, entre elas, o crescimento do PIB de 2% a 2,5%, a taxa de juros estável, a inflação sob controle e ainda a expectativa da aprovação da Reforma da Previdência –, foi o que nos levou a uma previsão de crescimento de 11% da indústria automobilística como um todo. O crescimento está acontecendo, confiamos que a Reforma da Previdência será aprovada. E, portanto, teremos um crescimento importante este ano. Para nós, a Reforma da Previdência é fundamental por uma questão social, pois o País tem 13 milhões de desempregados e 12 milhões de pessoas em empregos subutilizados. Então, temos 25 milhões de pessoas fora da economia, que poderiam estar consumindo e gerando negócios. Temos também um segundo aspecto social, essas pessoas que estão sofrendo hoje, deverão aposentar-se nos próximos 10, 20 ou 30 anos... a terceira dimensão é a econômica. Aprovada a Reforma da Previdência, sendo ela robusta, o índice de confiança dos investidores será revertido em novos investimentos. Outros pontos que devemos atacar são Reforma Tributária e investimentos em infraestrutura. Nós defendemos as reformas para que tenhamos um crescimento robusto. Talvez não seja possível resolver tudo este ano. São mudanças estruturais que levam um tempo, mas, pelo menos, a Reforma da Previdência precisa ser atacada e aprovada o mais rápido possível.

EM QUE MEDIDA ESSAS MUDANÇAS DEVEM SE REFLETIR NA INDÚSTRIA? Elas aumentam o índice de confiança também no consumidor. Isso é muito importante no setor de automóveis. Para veículos comerciais, o investidor precisa ter confiança para investir em uma unidade de alto valor. A indústria vai gerar novos negócios. E para isso é preciso ter veículos novos para garantir eficiência dos transportes.

Chegamos a produzir 3,8 milhões de carros, antes da maior crise econômica do País. Atualmente, temos ainda uma ociosidade importante. Nós queremos exportar mais, infelizmente somos um pouco dependentes do mercado argentino, que passa por uma crise muito grande. Por isso, defendemos acordos comerciais com outros países. Isso é fundamental para termos resultados de produção mais relevantes.

O SEGMENTO DE CAMINHÕES E ÔNIBUS DEVE CONTINUAR SUSTENTANDO O RITMO DA PRODUÇÃO? É um segmento que tem um índice de crescimento acima de 40% em veículos comerciais na média. Esse é um crescimento percentualmente alto por conta de uma base muito baixa, o que nos obriga a relativizar um pouco. Mas é um crescimento importante. O setor de caminhões está sendo puxado pelo agronegócio, mas começamos a ver outros segmentos em expansão, não na mesma proporção, como o de veículos pesados. Mas, se a Reforma da Previdência for aprovada, o otimismo e a confiança vão aumentar e outros subsegmentos crescerão também.

A economia brasileira está se recuperando, com inflação sob controle e políticas de ajuste fiscal em discussão

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ENTREVISTA

DE QUE FORMA O GOVERNO PODERIA CONTRIBUIR tônomos. Outra coisa que vem para acontecer é a PARA MELHORAR A COMPETITIVIDADE DOS VEÍCULOS eletrificação de veículos. E finalmente na área de serviços. Por meio do carro, você poderá oferecer NACIONAIS? Nós queremos atacar as distorções que o Brasil tem e que provocam um enorme aumento de custo. Uma questão é a Reforma Tributária, esse é um custo que afeta não só a indústria automobilística, atinge também as grandes indústrias e outros setores. Afeta os consumidores. A nossa carga tributária é muito alta, precisamos eliminar essas distorções. Precisamos de um sistema tributário que estimule o crescimento e provoque a geração de empregos. Depois, temos também que atacar microrreformas que permitam desburocratizar e simplificar a vida das empresas.

QUAL SERIA O PAPEL DAS EXPORTAÇÕES DIANTE DO RECENTE ESTUDO DA ANFAVEA, QUE RELATIVIZA OS CUSTOS NO BRASIL E NO MÉXICO? Uma indústria do porte da nossa não pode ficar dependente apenas do mercado interno. Alguns dizem que devemos entre 40% a 50% de exportação justamente para termos um equilíbrio. Quando um mercado não vai bem, a indústria precisa ter como se manter a partir de outras alternativas. A exportação nos ajuda em termos de volume, ela aumenta a produtividade, aumenta a eficiência. E isso gera redução de custos para todos os envolvidos.

novas opções de serviços. O consumidor não quer comprar apenas o hardware do carro ou do caminhão. Ele quer comprar serviços atrelados a esse veículo, que facilitem a vida, aumentem a mobilidade e redução dos custos dos transportes. Isso veio para ficar e gerar novos negócios.

A TECNOLOGIA TEM INFLUENCIADO NAS CONDIÇÕES DO EMPREGO NO SETOR DE AUTOS? Eu arrisco a dizer que o trabalhador da linha de produção do setor de veículos já está ligado na indústria 4.0, assim como os administrativos. Estamos trabalhando com big data, geração e a análise de dado. Isso vai gerar parceria com outras empresas. Portanto, é um novo mundo que a indústria está vivendo e que ajudará a economia como um todo. Isso impactará também fornecedores, concessionárias, financiamentos, seguros. Estamos diante de um novo mundo.

DE QUE MANEIRA A ÁREA DE CRÉDITO PODE CONTRIBUIR COM OS AVANÇOS DO SETOR DE VEÍCULOS? A área de crédito tem um big data importante, um Cadastro Positivo e outras ferramentas que podem identificar um cliente que pode ser financiado. Acho que isso é um benefício que pode ajudar o setor financeiro e, indiretamente, a indústria de automobilística.

A RÁPIDA RENOVAÇÃO TECNOLÓGICA ESTÁ IMPACTANDO DE FORMA SIGNIFICATIVA A MAIORIA DOS SEGMENTOS DA INDÚSTRIA. COMO O SETOR DE AUTOS COMO O SENHOR AVALIA UMA POSSÍVEL PARCERIA DA TRABALHA ESSA CORRIDA CONTRA O TEMPO? INDÚSTRIA DE AUTOS COM O MERCADO FINANCEIRO? A renovação tecnológica é inevitável, já está ocorrendo lá fora e algumas coisas começam a acontecer no Brasil. Nós estamos atuando na questão da conectividade. Para o automóvel, a conectividade é diferente, envolve entretenimento, facilitação no trânsito. Mas no setor de veículos pesados, a tecnologia ajuda na redução de custo. Isso vale inclusive para o segmento de ônibus. Estamos atuando também na tecnologia em torno dos veículos au-

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Acho que a Fenabrave já está trabalhando com a Febraban a questão da retomada do bem, em caso de eventual inadimplência. No Brasil, ainda existe um recurso burocrático que dificulta a retomada do bem e isso acaba impactando o spread bancário. É uma distorção que o setor de financiamentos e a indústria de veículos devem trabalhar juntos para propor soluções eficientes. f


SEMINÁRIO

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BRASIL Avanços, Desafios e Expectativas O ponto de encontro de quem é comprometido com as futuras gerações Apresentação: Christiane Pelajo

PATROCINADOR DIAMANTE

HILGO GONÇALVES Presidente da ACREFI

JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS Economista

MICHAEL C. BUSH CEO Global do GPTW

EMY SHAIO Estrategista do JP Morgan

FERNANDO SCHULER Cientista político

VALKIRIA GARRÉ CEO da Kantar Brasil

PATROCINADOR OURO

PATROCINADOR PRATA

REALIZAÇÃO

PATROCINADOR BRONZE


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HISTÓRICO DE CRÉDITO

Fotos: Rogério Alexandre

POTENCIAL DO CADASTRO POSITIVO PODE GERAR IMPACTO DE UMA REFORMA DA PREVIDÊNCIA Promovido pela ACREFI e pela Serasa Experian, seminário revela avanços conquistados pela sociedade com a inclusão automática dos dados financeiros do consumidor

A

ACREFI e a Serasa Experian sempre estiveram unidas na luta pela inclusão automática dos consumidores no banco de dados do Cadastro Positivo. Atingido o objetivo, nada mais natural que promovessem juntas um seminário, em São Paulo, sobre os diversos aspectos que envolvem o andamento, as regras e os benefícios que tornam mais barato e mais fácil o acesso ao crédito para consumidores e empresas que horam com pontualidade seus compromissos. Como um dos anfitriões do evento, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, lembrou

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que a inclusão automática dos dados dos consumidores no Cadastro Positivo foi uma vitória social, pois permitirá a democratização das informações. “Essa conquista foi obtida graças a iniciativas das quais a ACREFI participa ativamente há quase 20 anos”, destacou Hilgo. Ressaltou também os benefícios gerados pelo Cadastro Positivo, como o aumento da competitividade no sistema financeiro, as tomadas de decisões de consumos mais conscientes, a redução da taxa de juros e da inadimplência. “São benefícios que levam a economia a girar melhor. Mas isso não será de hoje para amanhã.


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É preciso dar um prazo para sentirmos seus efeitos favoráveis”, enfatizou o presidente da ACREFI. Em seguida, Rodrigo Sanchez, vice-presidente de Data Strategy e Credit Services da Serasa Experian, trouxe aos convidados do seminário outros avanços gerados pela aprovação do Cadastro Positivo, como a redução da assimetria das informações, a inclusão bancária a milhares de brasileiros e o aumento da oportunidade de crédito. “Estamos vivendo um momento de mudança de patamar no mercado financeiro. Atualmente, a Serasa Experian tem em seu banco de dados informações de 12 milhões de pessoas que já haviam aderido espontaneamente ao Cadastro Positivo. Mas, daqui para a frente, trabalharemos com um potencial de dados de 137 milhões de brasileiros”, avaliou Sanchez. Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, chamou a atenção da plateia para os impactos favoráveis provocados pelo Cadastro Positivo. Ele prevê, por exemplo, a expansão do crédito para 66% do PIB. "No total, será algo em torno de R$ 1,3 trilhão em dez anos, o que nos coloca em pé de igualdade com países que já operam o cadastro há muitos anos", sinalizou Rabi. O economista trabalha também com uma expectativa de aumento de R$ 700 bilhões nas operações de crédito para pessoas físicas, além de mais R$ 450 bilhões em impostos federais e R$ 206 bilhões em arrecadação estaduais ao longo dos próximos dez anos. Para as micros, pequenas e médias empresas, a inclusão financeira pode atingir 2,5 milhões de pessoas jurídicas", acrescentou. “Esses números mostram que o potencial do Cadastro Positivo gera impacto de uma Reforma da Previdência", comparou o economista da Serasa Experian. Na sequência, Vanessa Butalla diretora jurídica da Serasa Experian, fez um resumo do que mudou com a inclusão automática dos consumidores no banco de dados do Cadastro Positivo. Entre as principais alterações, antes não existia a necessidade de autorização para consulta, agora os cadastrados devem autorizar cada consulente a acessar o seu histórico de crédito; do mesmo modo que antes não havia obrigatoriedade da publicação da política de tratamento e transparência de uso de dados, conteúdo que agora exige que os gestores de bancos de dados tenham o dever

RODRIGO SANCHEZ VP de Data Strategy e Credit Services da Serasa Experian

LUIZ RABI Economista da Serasa Experian

Aumento do PIB Potencial

Inclusão Financeira

+0,54%

pessoas

Inadimplência Queda de 45%

23 milhões de

Aumento das operações de crédito - PF R$ 700 bilhões Fonte: Serasa Experian

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HISTÓRICO DE CRÉDITO

VANESSA BUTALLA Diretora Jurídida da Serasa Experian

LEILA MARTINS Diretora de Operações de Dados da Serasa Experian

de publicar sua política de tratamento e transparência de uso de dados. “Diante das mudanças, é bom relembrar que o Cadastro Positivo está plenamente em harmonia com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), pois a inclusão automática dos dados fins de proteção de crédito é reconhecida e prevista na nova lei”, tranquilizou Vanessa Butalla. Para completar o time de especialistas convidados para falar sobre os avanços alcançados com a aprovação do Cadastro Positivo, Leila Martins, diretora de Operações de Dados da Serasa Experian, mostrou como vai funcionar o fluxo da comunicação de dados entre as insti-

tuições financeiras e os gestores das informações. Entre os dados de produtos que compõem o Cadastro Positivo estão, por exemplo, cartão de crédito, cheque especial, empréstimos e financiamentos, além de informações relacionados às contas de consumo. “Os dados cadastrais são fundamentais para a comunicação de abertura do Cadastro Positivo. Somente depois dessa comunicação, com o consumidor devidamente informado, se pode dar visibilidade ao seu histórico de crédito”, alertou Leila. A executiva esclareceu ainda que, em caso de alguma informação divergente no seu histórico, a pessoa pode solicitar uma revisão do relatório. f

Antes de finalizar o seminário, a ACREFI e a Serasa Experian promoveram ainda um painel de discussão sobre o tema. O debate reuniu Eduardo Prado, sócio do C6 Bank; João Santana Júnior, sócio da Santana Financeira; Célio Lopes, diretor da Sax Financeira; Bruno Pazzoto, superintendente de Crédito do Banco Pan; e Rodrigo Sanchez, vice-presidente de Data Strategy e Credit Services da Serasa Experian. A mediação foi de Paulo Berner, presidente da Comissão de Crédito e Cobrança da ACREFI.

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PROTEÇÃO DE DADOS

15 Fotos: Rogério Alexandre

CONTAGEM REGRESSIVA PARA A LGPD Seminário promovido pela ACREFI esclarece os principais aspectos que envolvem a Lei Geral de Proteção de Dados

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té que ponto a sua empresa está preparada para proteger os dados pessoais dos clientes? Foi a partir desse importante questionamento que a ACREFI promoveu dia 24 de abril, em São Paulo, o seminário Proteção de Dados Principais Aspectos da Nova Lei. O evento atraiu mais de 250 convidados e contou com a participação de dois especialistas, que são referências em Direito Digital: Patrícia Peck Pinheiro, sócia do escritório PG Advogados, e Marcel Leonardi, consultor de Tecnologia, Proteção de Dados do escritório Pinheiro Neto Advogados e ex-diretor de Políticas Públicas do Google. À frente do evento, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, ressaltou o foco da entidade em compartilhar conhecimento a respeito de temas relevantes para o mercado de crédito e para a sociedade. Ele destacou em sua fala inicial a necessidade de um esforço coletivo em torno da questão da proteção de dados pessoais. “Lembro que a proteção de dados já estava prevista na Constituição de 1988, dispersa em diversas leis. Agora ela está consolidada, depois de oito anos de dis-

cussão. Já estamos atrasados em relação ao Chile e à Argentina. Precisamos fazer isso acontecer”, afirmou Hilgo. “Não temos o direito de invadir a privacidade, sem estar devidamente autorizados. Recentemente tivemos a aprovação do Cadastro Positivo, mas ninguém vai invadir a privacidade de ninguém, por que tudo está muito bem fundamentado nas leis. Precisamos ouvir especialistas, como a Patrícia e o Marcel, pesquisar e agir. A ACREFI não pensa apenas no mercado financeiro, pensa na sociedade. A floresta só será saudável se as árvores forem saudáveis”, comparou ele. Antes de passar a palavra aos palestrantes, Hilgo fez questão de abrir espaço para algumas considerações de Cintia Ramos Falcão, consultora jurídica da ACREFI. “Desde o fim do ano passado temos desenvolvido algumas ações para trazer o tema da proteção de dados de forma bem-estruturada para os associados. Organizamos um curso em dezembro, estamos promovendo este evento hoje, com os maiores nomes da proteção de dados do País. O assunto também tem sido discutido de maneira intensa em comissões internas

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PROTEÇÃO DE DADOS

Fotos: Rogério Alexandre

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MARCEL LEONARDI Consultor de Tecnologia, Proteção de Dados do escritório Pinheiro Neto Advogados

PATRÍCIA PECK Sócia do escritório PG Advogados

da ACREFI e estamos preparando o lançamento, em breve, de um manual de aplicação da LGPD, com viés para o mercado financeiro. Esperamos que essa publicação seja útil neste período de implantação das regras, até agosto de 2020”, reforçou Cintia. Em seguida, Patrícia Peck Pinheiro iniciou a sua palestra, lembrando que a LGPD levará ao rastreamento dos dados, assim como já acontece com o dinheiro. Para evitar problemas e as duras sanções previstas na lei, as informações pessoais devem ser tratadas de forma transparente, adequada, pertinente e limitada às finalidades para as quais foram coletadas. “Diante desse enorme desafio, as empresas devem investir em três frentes: soluções tecnológicas; revisão de contratos e de procedimentos; e conscientização”, recomendou Patrícia, que estuda o tema há 30 anos, quando foi criado o Código de Defesa do Consumidor. Ela ressaltou que existem princípios comuns entre o Código de Defesa do Consumidor e a LGPD, e essa convergência deve ser usada principalmente se a matéria for judicializada. “No Brasil, isso tem alto potencial de acontecer. Nada impede que o consumidor passe a questionar, por exemplo, a origem da base dos dados que levou a uma abordagem do telemarketing”, lembrou Patrícia. É preciso que tudo esteja também amarrado com os princípios do Código de Defesa do Consumidor. Ou seja, educação, informação, transparência, boa-fé objetiva, segurança, vulnerabilidade e facilitação da defesa do consumidor, enumerou a sócia do escritório PG Advogados.

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HILGO GONÇALVES E CINTIA RAMOS FALCÃO Consultora jurídica da ACREFI

Mais adiante, Patrícia lembrou que até agosto de 2020, a área de inteligência de dados das empresas precisará, por exemplo, mexer com a guarda de logs e com a gestão de backup, entre outras exigências normativas. Ela ressaltou que mercado não quer com isso gerar uma camisa de força. “O objetivo é que as empresas se adaptem às conformidades da lei nos próximos anos. Todas as áreas envolvidas precisam estar atentas. É preciso cobrar com frequência os questionários de atualização. É preciso capacitar a ponta. Não dá para fazer funil dentro da empresa, ainda mais banco. Esse é dever de casa de um comitê.” Por menor que seja a instituição, esse plano de ação leva de 90 a 180 dias. De projetos realizados, de 2016 para cá, relacionados à GDPR ou à LGPD, ela não conhece nenhum que tenha levado menos de 180 dias. “Depois que esse ferramental de gestão estiver estruturado, a empresa precisa pensar em como pretende atuar e responder diante de um incidente, perante às autoridades ou a um titular. Essa é uma legislação que leva em conta aspectos reputacionais”, finalizou Patrícia Peck Pinheiro. Participante ativo durante a elaboração do marco civil da internet e da própria LGPD, Marcel Leonardi contou primeiramente que empresas estrangeiras estão bastante ansiosas para se inteirar das diretrizes de segurança que devem adotar em relação à proteção de dados. “São clientes que buscam o legado da legislação e das regras. Cadê tudo isso? É complicado responder. É que a criação da autoridade nacional nasceu sob a égide da


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LGPD, mas dependia também de uma iniciativa sua empresa não queira ser mais realista do que do poder legislativo”, esclareceu o especialista. a nossa legislação exige. Leonardi fez questão de frisar aos convidados “Eu vejo algumas pessoas apavoradas. Será da ACREFI que a recém-criada Autoridade Na- preciso agora ter consentimento para tudo. Não, cional de Proteção de Dados (ANPD) não é uma ao contrário”, tranquiliza Leonardi. Um levantaagência, como a Anatel ou a Aneel, com um cor- mento feito por alguns escritórios na Europa po gigantesco de funcionários. “Estamos falan- mostra que depois da implantação da GDPR, do de uma estrutura enxuta, mais parecida com contatou-se que 70% dos casos envolvendo traa do Cade, com um corpo de técnico de ape- tamento de dados são baseados no legítimo innas cinco pessoas, que terão o poder de decidir teresse, 20% em execução de contratos e apesobre modelos de negócios, legítimo interes- nas 5% em consentimento. se, normas de segurança, dados anonimizados, Voltando o olhar para a realidade nacional, etc.” Ou seja, a ANPD terá uma enorme respon- a LGPD não teve o cuidado de dizer que nem sabilidade para exercer inúmeras atribuições. todo mundo precisa de DPO (Data Protection Ao abordar as tarefas de ANPD Officer). “Teoricamende fiscalizar, punir, sancionar e te, até o bar da esquiEu vejo algumas educar, Marcel lembro que um dos na precisa de DPO, melhores exemplos vem do Reino tanto quanto a maioria pessoas apavoradas. Unido, por meio do Information dos brasileiros”, ironiCommissioner's Office (ICO). “Lá, zou Leonardi. Aliás, é Será preciso agora ter basta uma visita ao site, para se ter uma obrigação da auconsentimento para tudo. toridade determinar o noção do equilíbrio e da civilidade que transmite, do papel educaciotamanho da empresa Não, ao contrário nal que se espera de uma autorique deve ter um DPO. dade de proteção de dados. Eles Diante dessa e de MARCEL LEONARDI fiscalizam, sancionam e acolhem outras dúvidas, muitos milhares de denúncias”, lembrou o ex-diretor de podem se perguntar: a LGPD vai vingar? Sim, Políticas Públicas do Google. O endereço digi- mesmo sendo implantada ainda a partir dos tal do ICO é essencial, segundo Leonardi, para seus princípios gerais. Um bom exemplo disso quem quer entender como funciona o GDPR e a é a atuação do Ministério do Público do Distrito proteção de dados de maneira geral. Federal, que tem invocado a legislação mesmo Como o Brasil copiou do modelo europeu a em cenários em que ela sequer seria aplicável, sua legislação de proteção de dados, a atuação exigindo documentação que só passa a fazer do European Data Protection Board, entidade sentido quando a lei entrar em vigor. “A auque reúne todas as autoridades envolvidas com toridade deve exercer o seu papel de maneira o tema no velho continente, mostra, como todo consciente, fiscalizando, punindo, educando e espaço associativo, que sempre existem vozes ensinando como a lei deverá ser aplicada. Esse mais rígidas do que se espera. Portanto, o espe- é o caminho para essa lei funcionar corretamencialista sugere que ao tratar do tema dentro da te”, concluiu Leonardi. f

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ARTIGO MARCEL LEONARDI*

E Foto: Divulgação

TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS E MERCADO FINANCEIRO

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ntre os principais deveres impostos pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), está o enquadramento de cada atividade de tratamento em uma base legal específica, conforme a finalidade do tratamento. O artigo 7º da LGPD estabelece dez bases legais distintas, sendo de maior interesse para o setor financeiro cinco delas: a) consentimento; b) cumprimento de obrigação legal ou regulatória; c) execução de contrato; d) legítimo interesse; e e) proteção do crédito. Note-se que não há hierarquia entre bases legais: todas são igualmente relevantes, sem que qualquer delas se sobreponha em relação às demais. O setor financeiro deve avaliar com cautela as vantagens e as desvantagens de cada base legal para definir quais delas utilizar em suas atividades de tratamento. Normalmente o consentimento é utilizado quando há uma relação direta com o titular dos dados pessoais, particularmente por meio de contratos. Nem sempre, porém, o consentimento será a base legal mais apropriada, ante a subjetividade de seus requisitos e a possibilidade de revogação pelo titular. Em relação ao cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador, cada setor deve conhecer a legislação aplicável à sua atividade que exige o tratamento de dados pessoais. Para o setor financeiro, destacam-se normas de sigilo bancário, combate à lavagem de dinheiro, gerenciamento contínuo de riscos, segurança cibernética e cloud computing, além de normas sobre cadastro positivo, entre outras. Em relação a execução de contrato, dados pessoais podem ser tratados para o fornecimento de produtos e serviços quando: (i) a iniciativa de contratação seja do titular; e (ii) o tratamento seja necessário para cumprir com o contrato ou para realizar procedimentos preliminares relacionados ao contrato de que é parte o titular. Essa base legal só é aplicável quando o próprio titular é parte do contrato.


ARTIGO

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O legítimo interesse é, normalmente, a base legal mais flexível, já que não está atrelado a uma finalidade específica. Nem sempre, porém, é a base legal mais apropriada. A utilização do legítimo interesse sempre representa um risco jurídico, pois a avaliação de seus elementos deve ser documentada em relatório de impacto à proteção de dados pessoais e está sujeita à revisão, e possível discordância, por parte da Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Alguns exemplos que justificam a utilização do legítimo interesse: (i) combate a fraudes e prevenção de crimes financeiros; (ii) geração de listas de pessoas politicamente expostas; (iii)

segurança de sistemas internos; (iv) segurança de produtos e serviços; (v) criação de modelos preditivos/comportamentais para planejamento de negócios; (vi) melhoria de produtos e serviços; e (vii) publicidade comportamental, entre diversos outros. Por fim, a proteção do crédito é uma base legal autônoma que autoriza o tratamento de dados pessoais. A lei não definiu esse conceito, porém entendemos que ele deve ser interpretado extensivamente, servindo tanto para atividades inerentes à concessão de crédito quanto para atividades de apoio, incluindo o oferecimento de produtos e serviços de crédito e o gerenciamento de riscos dessas operações. f

*Marcel Leonardi é consultor no Pinheiro Neto Advogados, professor da FGVLaw e ex-diretor de 1 08/05/18 11:22 Brasil. (Artigo enviado em 23.5.2019) relações institucionais do Google

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SEMANA ENEF

EDUCAÇÃO FINANCEIRA: PATRIMÔNIO PARA O FUTURO Dentro da 6ª Semana ENEF, seminário promovido pela ACREFI discute ações institucionais que buscam sensibilizar a sociedade e ainda trazer benefícios para os negócios

A

educação financeira, aos poucos, começa a ganhar corpo, a conquistar novos espaços e a integrar o cotidiano do consumidor. A ACREFI sempre acreditou nessa bandeira e por isso há anos é uma entusiasta da Semana Nacional de Educação Financeira. Em 2019, dentro da programação da ENEF, coordenada pelo Banco Central, a ACREFI organizou dia 23 de maio, em São Paulo, o seminário Educação Financeira Agregada aos Negócios. O encontro contou com a participação de Fábio Moraes, diretor do INFI – Instituto Febraban de Educação; Ricardo Gelbaum, diretor Institucional e de Relações com Investidores do Banco Daycoval e presidente da ABBC (Associação Brasileira de Bancos); Ângelo Ávila, superintendente de Consignados do Santander; Marcos Haddad, head de Marketing da Omni Soluções Financeiras; Rodrigo Rocha, head de Operações de Motos da Omni Soluções Financeiras; e Marcelo Junqueira Angulo, coordenador do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central. Depois de saudar os palestrantes, Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI, reiterou sua convicção sobre a importância da educação finan-

ceira para construirmos um Brasil melhor, baseado em um consumo mais consciente, com maior cidadania financeira. “O princípio educação financeira está em gastar menos do que se ganha. Sem deixar de fazer também a sua poupança e de criar a sua própria previdência. Devemos pensar a educação financeira como um patrimônio para o futuro” destacou o presidente da ACREFI. Hilgo ressaltou o apoio da ACREFI às ações da Semana ENEF e das atividades da Agenda BC+. “É por meio de iniciativas como essas que conseguiremos incluir educação financeira no currículo de todas as escolas, levando o tema para o cotidiano das famílias, tornando cada um de nós um embaixador da educação financeira”, sugeriu o presidente. “Com o objetivo de fazer a sua parte, a ACREFI estabeleceu um programa de cooperação com o CIEE para que palestrantes voluntários compartilhem seu conhecimento de educação financeira com estudantes, estagiários e aprendizes”, reforçou o principal dirigente da ACREFI. Em seguida, Fábio Moraes, diretor de Educação Profissional e Financeira da Febraban, afirmou que a educação financeira deve ser tratada como um negócio para os bancos. E que muitos avanços já

RICARDO GELBAUM Diretor Institucional e de Relações com Investidores do Banco Daycoval e presidente da ABBC

HILGO GONÇALVES Presidente da ACREFI

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Fotos: Rogério Alexandre

Cada um de nós deve ser um embaixador da educação financeira HILGO GONÇALVES

foram conquistados desde 2010, quando foi criado o Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF). “Esse é um tema que traz benefícios que vão muito além de uma imagem institucional positiva. A educação financeira está no centro do nosso negócio”, avaliou Moraes. Para gerar os benefícios esperados, é preciso atender às demandas de crianças e adolescentes; clientes pessoa física, micros e pequenos empreendedores, a partir de produtos personalizados, cercados de informações claras e acessíveis. “É o produto certo para a pessoa certa”. O diretor da Febraban também falou sobre o concurso cultural “Quem Sonha Poupa!”, que proporcionou cinco bolsas de intercâmbio no exterior para jovens entre 18 e 24 anos. “Por meio desse concurso, quisemos disseminar os conceitos da educação financeira entre os jovens e incentivar para que pensem nos seus recursos pessoais hoje, amanhã e também no futuro.” Já Ricardo Gelbaum, da ABBC, trouxe aos convidados da ACREFI a preocupação da sua entidade, que reúne 80 bancos e financeiras, em estimular entre seus associados maior proximidade com os clientes e de promover ações relacionadas à educação financeira. Como é preciso conhecer bem o seu público interno e formá-lo antes de focar em atividades voltadas à educação financeira, Gelbaum compartilhou os resultados de uma pesquisa realizada com 2.061 funcionários do Daycoval (51% mulheres e 49% homens), dos quais 79% têm entre 25 a 45 anos, sendo que 60,3%

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SEMANA ENEF

do total possuem de um a três anos de casa, enquanto 10,3% são colaboradores há mais de 10 anos. “São informações importantes para que possamos direcionar de maneira acertada os investimentos na formação da equipe”, comentou o diretor Institucional e de Relações com Investidores do Daycoval. Para Ângelo Ávila, do Santander, a educação financeira é um instrumento fundamental para que as pessoas e as empresas prosperem. São conhecimentos que ajudam, entre outros benefícios, a melhorar a saúde financeira dos brasileiros, facilitam na hora de planejar o orçamento e na reorganização das dívidas. O Santander tem atingido esses objetivos por meio de um programa de palestras organizadas em diversos pontos do País. Esses encontros já impactaram, em 2018, mais 8,6 mil pessoas e este ano já atingiu 18.183 clientes. “O importante é cada um fazer a sua parte”, reforça Ávila. Além das palestras, o app Santander On procura estimular o consumidor a se colocar realmente como protagonista da sua gestão financeira. “É mais uma maneira de orientarmos os clientes a usar os produtos financeiros de uma forma consciente e saudável”, explicou o superintendente de Consignados do Santander. Marcos Haddad e Rodrigo Rocha, ambos da Omni Soluções Financeiras, apresentaram no seminário organizado da ACREFI como a empresa tem procurado compartilhar informações relevantes sobre a economia e o mercado financeiro de forma

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FÁBIO MORAES Diretor do Instituto Febraban de Educação

MARCELO ANGULO Coordenador do Departamento de Cidadania Financeira do BC

ÂNGELO ÁVILA Superintendente de Consignados do Santander

MARCOS HADDAD E RODRIGO ROCHA Head de Marketing e head de Operações de Motos da Omni Financeira

eficiente e compreensível. Por meio de uma linguagem descomplicada, vídeos postados nas redes sociais tratam de Cadastro Positivo, score de crédito, dicas para financiar seu primeiro carro ou moto, refinanciamentos, poupança, etc. “Para se ter uma ideia da força e do interesse desses assuntos, entre janeiro e maio deste ano, os nossos vídeos já alcançaram 372 mil pessoas, com mais de 13 mil curtidas, comentários e compartilhamentos”, acrescentou Haddad. Para traçar um panorama sobre as ações desenvolvidas também por outras instituições financeiras, Marcelo Junqueira Angulo, do Banco Central, contou que a educação financeira não se restringe apenas às áreas de responsabilidade social, abrindo espaço também para novos produtos e treinamento dos colaboradores internos. “Algumas dessas ações conversam entre si e outras não. O mais importante, porém, é que as intervenções alcancem e interajam com as pessoas no momento certo”, reforçou Junqueira. Por exemplo, o app do banco pode alertar quando o cliente entrou no cheque especial ou que uma determinada despesa será debitada no dia seguinte na sua conta-corrente. A cada ano, a Semana Nacional de Educação Financeira conquista mais espaço. Só em 2019 foram registradas quase 10 mil ações. Esse interesse é justificado, pois, pelo menos, 144 milhões de brasileiros mantêm algum tipo de contato com o setor financeiro. “A educação financeira é uma maneira eficiente de o indivíduo aprender e se relacionar melhor com os produtos financeiros, minimizar eventuais riscos e ainda tornar suas decisões de consumo mais conscientes”, concluiu Junqueira. f


PONTO DE ENCONTRO

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PEDRO COUTINHO

AVANÇOS NO ECOSSISTEMA DE PAGAMENTOS

Foto: Divulgação

Até 2022, Pedro Coutinho, novo presidente da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), prevê que os meios eletrônicos de pagamento poderão representar 60% do consumo das famílias. Ele acredita também que o crédito deverá ser uma alternativa importante para que os brasileiros tenham melhores condições para realizar suas compras. A seguir, acompanhe alguns temas do bate-bola da Financeiro com Coutinho DESAFIOS DA SUA GESTÃO À FRENTE DA ABECS A indústria de meios de pagamento vive um momento de maior crescimento das transações e surgimento de inovações e soluções que ampliam o escopo do setor e podem contribuir para acelerar o processo de digitalização dos pagamentos. Como associação, acreditamos que os meios eletrônicos de pagamento poderão representar 60% do consumo das famílias até 2022 – hoje, responde por 38%. Para isso, a Abecs possui frentes de trabalho, que passam por uma atuação proativa em relação aos aspectos regulatórios, uma visão de multicanalidade do setor, uma preocupação constante com o consumidor – principalmente no que tange à sua educação financeira – e com iniciativas que garantam acesso a serviços de qualidade, com segurança, acessibilidade e eficiência.

CREDIÁRIO NO CARTÃO DE CRÉDITO A Abecs espera que o crediário seja mais uma alternativa de financiamento ao consumo no País, contribuindo para que os brasileiros tenham mais opções e condições de pagamento na hora de realizar suas compras, tudo com praticidade, segurança e transparência. É também uma oportunidade para que os lojistas tenham mais uma ferramenta de parcelamento para oferecer aos seus

clientes, sem comprometer seu capital de giro, uma vez que recebem o valor da venda de forma antecipada em até cinco dias, independentemente da quantidade de parcelas.

PROXIMIDADE COM O ASSOCIADO E COM O CONSUMIDOR Nós acreditamos que as pessoas estão no centro das mudanças e das iniciativas que geram inovação e eficiência para todo o nosso ecossistema de pagamentos. Por isso, buscamos ouvir as pessoas e realizar ações que gerem integração, capacitação e incentivo. Promovemos encontros com os associados, fóruns temáticos e o próprio CMEP, que é o congresso anual do setor. Com o consumidor, temos uma linha de comunicação voltada para o tema da educação financeira, que é uma das principais bandeiras da Abecs, com base principalmente em videoaulas on-line e distribuição de cartilhas educativas em parceria com órgãos de defesa do consumidor.

BENEFÍCIOS GERADOS PELO CADASTRO POSITIVO Acredito que o Cadastro Positivo é mais uma iniciativa que pode, sim, ajudar o sistema financeiro com mais uma fonte de informação, tendo potencial para gerar maior competitividade, ampliar o acesso ao crédito no Brasil e reduzir os custos de financiamento para o consumidor final. f

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CLIMA ORGANIZACIONAL

Foto: Rogério Alexandre

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS ALINHADAS COM OS NOVOS TEMPOS Lançado pela ACREFI e pelo GPTW, o Ranking das Melhores Empresas para Trabalhar do Sistema Financeiro identifica organizações preparadas para as transformações exigidas pela 4ª Revolução Industrial

A

s pessoas são fundamentais em qualquer organização. É por meio delas que a maioria dos resultados são alcançados, estratégias ganham espaço e clientes são conectados. É por isso que a capacitação contínua do colaborador e um bom ambiente de trabalho são essenciais dentro das empresas. Por acreditar firmemente nesses propósitos, a ACREFI lançou dia 10 de maio, em parceria com o Great Place to Work (GPTW), o Ranking das Melhores Empresas para Trabalhar do Sistema Financeiro. O evento aconteceu durante uma reunião da Comissão de Pessoas da ACREFI, presidido por Lilian Carina Urbano Jeremias, e contou com a participação especial dos palestrantes Victor Garcia, diretor do GPTW Brasil, e Cleber Castro, diretor regional do GPTW Brasil, além de

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Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI. Em sua fala inicial, Hilgo lembrou o papel das empresas em cuidar dos clientes externo e interno. É por meio do colaborador que conseguimos encantar o público e atingimos resultados, sem abrir mão da alegria e da felicidade dentro do ambiente corporativo. “Pela minha experiência de vida, sei que o clima organizacional se torna favorável quando o colaborador é tratado com respeito e seus resultados são reconhecidos e valorizados”, ressaltou o presidente da ACREFI. “Por outro lado, o cliente, ao ser bem tratado pelo funcionário, passa a ser fiel à marca ou ao serviço, aumenta os resultados e gera mais lucro para os acionistas. É um círculo virtuoso. A ACREFI pretende com o ranking do GPTW identificar as instituiçõe


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financeiras alinhadas com os novos tempos”, acrescentou Hilgo. Na sequência, Lilian Jeremias disse que o mercado financeiro está sensível à questão das pessoas, mais atento aos cuidados com o colaborador e com a valorização do clima organizacional. “Só por buscar a certificação do GPTW o ambiente interno já muda para melhor. É o início de um processo de transformação, de identificar oportunidades, de implementar ideias”, reconheceu ela. Na Comissão de Pessoas da ACREFI, as pautas são direcionadas basicamente para esse novo olhar que tem motivado as empresas. “Produtividade tem tudo a ver com conectividade. Não existe mais espaço para o assistencialismo. Colaboradores e empresas vivem um momento de transformação”, testemunhou Lilian, que também é gerente de RH na Omni Financeira. Convidado para falar no evento sobre o papel das pessoas na transformação digital do mercado financeiro, Victor Garcia, diretor do GPTW Brasil, afirmou que um bom caminho para construirmos uma sociedade melhor é começarmos transformando cada organização em um great place to work for all. “Isso será positivo para as pessoas, para as empresas e para a sociedade.

LISTA ACREFI GPTW

Diante da 4ª Revolução Industrial, o clima de incerteza paira na maioria das organizações. É o medo do desemprego, da robotização, do novo”, exemplificou Garcia. Não devemos ter medo da transformação digital. Ela é apenas a aplicação de recursos digitais em ganhos de eficiência em processos, produtos e serviços, aumentando a entrega de valor para o cliente. Para o GPTW, essa nova forma de enxergar os negócios passa necessariamente pela capacitação das pessoas e do ambiente do trabalho. Além disso, abre-se mais espaço para a criatividade e a inovação. “O erro continua a fazer parte do processo, mas devemos também aprender a reaprender”, pontuou Garcia. Apresentados alguns propósitos que envolvem empresas preparadas para as mudanças impostas pela 4ª Revolução Industrial, coube a Cleber Castro, diretor regional do GPTW, explicar para os integrantes da Comissão de Pessoas da ACREFI como participar do processo de certificação do GPTW e do Ranking das Melhores Empresas para Trabalhar do Sistema Financeiro. O passo a passo, dividido em sete etapas, pode ser visualizado de maneira didática na arte a seguir. f

A JORNADA PARA O RANKING:

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PREMIAÇÕES

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ASSOCIADAS DA ACREFI EM DESTAQUE NO RANKING ESTADÃO FINANÇAS MAIS

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Fotos: Divulgação

A

recente publicação da edição anual do Estadão Finanças Mais, com os 15 rankings das empresas líderes do setor financeiro, trouxe destaque para o desempenho de diversas empresas associadas da ACREFI, principalmente nas categorias Financeiras, Bancos-Middle Market, Montadoras & Grupos e BancosFinanciamento. “É um grande orgulho ver as nossas associadas conquistando reconhecimento no mercado. São exemplos como esses que nos fazem enxergar com maior nitidez a parte cheia do copo da economia nacional”, manifestou Hilgo Gonçalves, presidente da ACREFI. No ranking das Financeiras, a Kredilig, braço financeiro das Lojas Koerich, obteve a terceira colocação. Para Marcos Rosa, diretor de Crédito, Financiamento e Investimento da Kredilig, o cenário nacional não é uma barreira para o crescimento da empresa. “Sempre acreditamos que dá para fazer mais. Nossa estratégia é poder atender aos desejos de consumo, seja por produtos, seja por recursos financeiros por meio do cartão de crédito. Isso sempre levando em conta o nosso princípio de crédito consciente”, afirmou Marcos Rosa ao Finanças Mais. Ainda no ranking das Financeiras, outras associadas da ACREFI mereceram destaque: a Portocred (quinta posição); a Realize (sexta); a Omni (sétima); a Negresco (nona); e a Senff (décima). O principal destaque na categoria BancoMiddle ficou com o Banco Daycoval, que conquistou a primeira posição do ranking. De acordo com Ricardo Gelbaum, diretor de Relações com Investidores e de Sustentabilidade do Daycoval, a principal estratégia do banco foi a de não aderir aos modismos e avaliar operação por operação, analisar setor por setor, definir garantias, preços e o rumo dos negócios.

MARCOS ROSA, diretor a Kredilig, ao lado de RONALDO KOERICH, diretor da Kredilig e das Lojas Koerich

“Somos um banco generalista. Temos quase R$ 3,5 bilhões em patrimônio e R$ 20 bilhões de carteira de crédito”, declarou Gelbaum ao Estadão Finanças Mais. Entre as instituições financeiras classificadas no Estadão Finanças Mais como Montadoras & Grupos, oito das dez selecionadas no ranking são associadas da ACREFI: Volkswagen (segunda); CSF – Carrefour (terceira); John Deere (quinta); Honda, Yamaha (sétima); Fidis (oitava); Toyota (nona); e GMAC (décima). Segundo declaração de Eduardo Portas, superintendente de Vendas da Volkswagen Financial Services, ao Estadão, a criatividade foi a grande marca do banco no ano passado. Ele cita, por exemplo, uma modalidade de crédito em que o cliente pagava durante um ano apenas R$ 99 de parcela. “Após esse período, o cliente conseguia um fôlego para pagar as parcelas com os valores regulares”, lembrou Portas.


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RICARDO GELBAUM (à dir.), diretor do Daycoval, ao lado de ERIVELTO RODRIGUES, presidente da Austin Rating

LUIZ FRANCISCO MONTEIRO (à dir.), CEO do Banco Pan, ao lado de GUSTAVO PORTELA,

Já na categoria Bancos-Financiamento, o Bancoob manteve-se líder do seu segmento pelo terceiro ano. “Nós temos por objetivo agregar valor e competitividade às cooperativas, com grande variedade de produtos financeiros e com taxas mais atraentes”, declarou ao Estadão Marco Aurélio Borges de Almada Abreu, diretor-presidente do Bancoob. Já o Banco Pan ficou com a segunda posição, a partir da análise das demonstrações contábeis publicadas nos balanços das instituições em 2018. Segundo Luiz Francisco Monteiro, CEO do Banco Pan, contribuíram com os resultados do Pan a digitalização e a melhora na análise de crédito, colaborando para que alcançassem lucro líquido de R$ 222 milhões em 2018. “Considerando o lucro antes do IR, em 2018 foram R$ 457 milhões contra R$ 256 milhões em 2017”, explicou Monteiro ao Finanças Mais, para demonstrar o crescimento entre um ano e outro. No mesmo ranking, outras associadas estiveram entre as dez primeiras colocadas: Banco Inter (terceira); A. J. Renner (oitava); Cetelem (nona); e CBSS (décima). Independentemente da categoria ou da posição conquistada, a ACREFI parabeniza todas as associadas que mereceram destaque nos 15 rankings publicados pelo suplemento Estadão Finanças Mais. f

superintendente-executivo do Pan

Vice-presidente da ACREFI conquista Prêmio Personalidade Cliente S.A. Celso Luiz Rocha, vice-presidente da ACREFI e diretor de Distribuição de Varejo do Banco Votorantim, foi anunciado dia 26 de junho o Executivo do Ano pelo Prêmio Personalidade Cliente S.A. 2019. A premiação, criada há mais de 15 anos, é referência entre os profissionais que atuam no mercado em gestão de clientes. Com a conquista do Troféu Ouro, Rocha representará o Brasil no Prêmio Latam 2020, que acontecerá na Cidade do México. “A BV oferece soluções financeiras para diferentes momentos da vida das pessoas e faz parte do cotidiano de milhões de brasileiros. O nosso papel é justamente atender os clientes da melhor forma, atuando como parceiros das suas conquistas. É gratificante ser reconhecido pelo trabalho realizado com o apoio de um time comprometido”, afirma Celso Rocha.

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painelb3

PAINEL B3

FINANCIAMENTOS DE VEÍCULOS SOMAM 450 MIL UNIDADES EM MAIO Vendas a crédito de autos leves novos crescem 8% na comparação com mesmo mês do ano passado

O

s financiamentos de veículos novos e usados avançaram 1,8% em maio de 2018 na comparação com o mesmo mês do ano passado encerrando o período com um total de 450.357 unidades financiadas, entre autos leves, motos e pesados Desse total, foram vendidos a crédito 167.696 veículos novos alta de 4,7% em relação ao mesmo período de 2017. Já os usados atingiram 282.661 vendas a crédito em maio deste ano, no ficando praticamente estáveis, com crescimento de 0,2%

1

na mesma base de comparação. O levantamento é da B3, empresa resultante da combinação de atividades da BM&FBOVESPA, uma das maiores bolsas do mundo em valor de mercado, e a Cetip, maior depositária de títulos privados da América Latina. A B3 opera o Sistema Nacional de Gravames (base integrada de informações que reúne o cadastro de veículos dados como garantia em operações de crédito em todo Brasil).

VOLUME DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS (MAIO DE 2018) 442.387 unidades

450.357

160.244

282.143

174.328

mai/17

unidades Novos: 167.696

461.014 unidades

286.686

abr/18 VARIAÇÕES

Usados: 282.661

Novos + usados

Novos

Usados

Mai/18 x Mai/17 = 1,8% Mai/18 x Abr /18 = -2,3%

Mai/18 x Mai/17 = 4,7% Mai/18 x Abr/18 = -3,8%

Mai/18 x Mai/17 = 0,2% Mai/18 x Abr/18 = -1,4%

Entre os automóveis leves, as unidades novas avançaram 8% em maio de 2018 , em relação ao mesmo período de 2017 , ao somarem 104.880 carros financiados . Já os autos leves usados permaneceram com financiamentos estáveis na mesma base de comparação, e totalizaram 259.706 unidades financiadas em maio deste ano contra 259.601 em maio do ano passado Os percentuais indicam uma retomada no ritmo de financiamento de veículos novos, sobretudo ao considerarmos a mesma quantidade de dias úteis em maio de 2017 e maio de 2018.

2 VOLUME DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS POR CATEGORIA Novos

Usados

Maio/18

Maio/18

104.880 259.706

PESADOS

MOTOS

AUTOS LEVES

54.423

Maio/18

11.567

7.599

10.572

Novos + usados 364.586

Novos + usados 65.990

Novos + usados 18.171

Maio/17

Maio/17

Maio/17

97.154

259.601

57.232

11.667

5.157

10.079

Novos + usados 356.755

Novos + usados 68.899

Novos + usados 15.236

Abril/18

Abril/18

Abril/18

109.541

263.087

Novos + usados 372.628

VARIAÇÕES

55.635

11.875

Novos + usados 67.551

VARIAÇÕES

8.161

10.873

Novos + usados 19.034

VARIAÇÕES

Novos Mai/18 x Mai/17 = 8% Mai/18 x Abr/18 = -4,3%

Novos Mai/18 x Mai/17 = -4,9% Mai/18 x Abr/18 = -2,2%

Novos Mai/18 x Mai/17 = 47,4% Mai/18 x Abr/18 = -6,9%

Usados Mai/18 x Mai/17 = 0% Mai/18 x Abr/18 = -1,3%

Usados Mai/18 x Mai/17 = -0,9% Mai/18 x Abr/18 = -2,6%

Usados Mai/18 x Mai/17 = 4,9% Mai/18 x Abr/18 = -2,8%

Novos + Usados Mai/18 x Mai/17 = 2,2% Mai/18 x Abr/18 = -2,2%

Novos + Usados Mai/18 x Mai/17 = -4,2% Mai/18 x Abr/18 = -2,3%

Novos + Usados Mai/18 x Mai/17 = 19,3% Mai/18 x Abr/18 = -4,5%

financeiro#115 maio - junho 2019


PAINEL B3

29

3 MODALIDADES DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULOS (MAIO/2018) 14,2

1

0,6

Período

CDC

Consórcio

Leasing

Outros

Total

Maio/2018

379.283

63.852

2.684

4.538

450.357

Maio/2017

361.392

70.051

5.318

5.626

442.387

Abril/2018

389.403

63.915

3.032

4.664

461.014

*Os dados referem-se a todas as categorias de veículos (autos leves, motos e pesados)

CDC

VARIAÇÕES

CONSÓRCIO

CDC Consórcio Leasing Mai/18 X Mai /1 7 = 5 % Mai/18 X Mai/17 = -8,8% Mai/18 X Mai/17 = -49,5% Mai/18 X Abr /18 = -2,6 % Mai/18 X Abr /18 = -0,1% Mai/18 X Abr /18 = -11,5 %

LEASING OUTROS

84,2

Considerando as modalidades de financiamento, o CDC continua sendo a categoria mais utilizada pelos consumidores, com 84,2% de participação O Consórcio, que mostrava sinais de recuperação, teve queda de 8,8% na preferência dos consumidores em abril, na comparação com abril A participação dos Consórcios no universo de financiamentos representa 14,2% do total.

4 FINANCIAMENTO POR TEMPO DE USO (AUTOS LEVES) Total Geral mil unidades

372,6

364,6

Abr/2018

Mai/2018

até 3 anos Seminovos

Novos

109,5

149,7 104,9

Mai/18

Abr/18

de 9 a 11 anos Usados Maduros

Mai/18

Abr/18

+12 anos Velhinhos

146,6

50,3

48,8 Abr/18

de 4 a 8 anos Usados Jovens

Mai/18

49,7

48,5

Abr/18

Mai/18

14,9

14,4

Abr/18

Mai/18

5 PRAZO MÉDIO DE FINANCIAMENTO POR TEMPO DE USO* (MESES) Novos

até 3 anos

seminovos

até 4 a 8 anos

usados jovens

até 9 a 12 anos

usados maduros +12 anos

velhinhos

Novos

38,5

43,7

43,7

42,3

37,1

até 3 anos

seminovos

Total Geral

41,7

41,9

Abril/18

Maio/18

até 4 a 8 anos

usados jovens

até 9 a 12 anos

usados maduros +12 anos

velhinhos

38,8

43,7

43,8

42,5

37,1

*Os dados referem-se às unidades de automóveis leves

financeiro#115 maio - junho 2019


DIVERSIDADE

Foto: Divulgação

30

OPORTUNIDADES IGUAIS PARA TODOS Ao receber o Professor José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, a ACREFI abre espaço para a reflexão sobre a igualdade racial nas escolas, nas universidades, nas empresas, em todos os lugares

A

s pautas das reuniões de diretoria da ACREFI abrem espaço também para novas conexões institucionais. No encontro de 8 de maio, alguns dias antes da data em que se lembra a abolição da escravatura (13 de maio), o convidado foi o Professor José Vicente, advogado e reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares. Em sua breve palestra, o acadêmico lembrou que a transição da escravidão para a sociedade de homens livres gerou para os negros distorções importantes. Algumas delas ainda persistem, como o acesso à educação de qualidade. Como o maior contingente de negros está inserido entre as classes de menor poder aquisitivo, poucos conseguem finalizar o curso superior. “O fato é que são poucos os universitários negros que conseguem alcançar seus diplomas. E menos ainda os que conseguem seguir sua carreira profissional de formação”, enfatizou o reitor.

financeiro#115 maio - junho 2019

José Vicente tratou também da questão das cotas nas universidades. O reitor considera essa uma forma oportuna e indispensável para tentarmos um reequilíbrio social, pois é praticamente a única possibilidade de garantir aos negros acesso ao ensino superior público. “Em grande medida, é uma maneira de democratizar o nosso ingresso em universidades públicas. É uma chance de igualização de oportunidades entre desiguais”, reforçou ele. Ao agradecer a visita do Professor José Vicente, Hilgo Gonçalves citou a legislação estadual que pune qualquer tipo de discriminação por raça ou cor. Além de vetar ações violentas, constrangedoras ou intimidatórias, em qualquer ambiente público ou privado, assim como nas redes sociais e nos meios de comunicação. “Sem educação não há liberdade. Não podemos mais repetir os erros do passado”, concluiu o presidente da ACREFI. f


ARTIGO

31

NICOLA TINGAS

ESPERANÇA COM AS REFORMAS E COM A AGENDA ECONÔMICA Foto: Divulgação

O

s primeiros meses do governo Bolsonaro foram de incertezas e conflitos entre o Executivo e o Legislativo, além de inserções ruidosas de outros atores políticos. Esse ambiente foi oposto à expectativa inicial de rápida aprovação da reforma da Previdência e de medidas complementares para atração de investimento para acelerar a recuperação econômica. Foram "frustradas" as expectativas de aceleração do ritmo de recuperação econômica, ocasionando perda de confiança. As estimativas iniciais de PIB crescendo 2,5% em 2019 foram rapidamente reduzidas para próximo de 1,1%, mesmo patamar dos anos 2017 e 2018. Contribuíram para essa queda a forte contração nas exportações para a Argentina e o terrível "desastre de Mariana" com perdas de vidas humanas e seu efeito no resultado da extração mineral. As previsões para o primeiro trimestre de 2019 indicavam menor atividade econômica. Dois importantes componentes da "demanda agregada" do PIB – investimentos (formação bruta de capital fixo) e o consumo das famílias – indicam desaceleração no ritmo de recuperação (vide gráfico). No segundo trimestre, os indicadores antecedentes conhecidos até o momento apontam continuidade do fraco desempenho econômico no primeiro semestre de 2019. Nesse ambiente, os agentes econômicos passaram a adotar cautela. Contudo, mantêm "esperança" de melhoria do ambiente político e

econômico – como indica a precificação de ativos financeiros de risco que incorporam cenário mais favorável no segundo semestre.

Taxa (%) acumulada nos quatro trimestres sobre o mesmo período anterior. Primeiro trimestre de 2019 projetado.

O Congresso sinaliza "agenda própria" para aprovar a Reforma da Previdência e deu início ao trâmite de Reforma Tributária existente na "casa"; antecipando-se à equivalente futura proposta do governo. Embora esse ativismo crie polarização com o Executivo, há receptividade pelo mercado financeiro por significar avanço na agenda de resgate fiscal e melhora do ambiente de negócios. Por sua vez, a equipe econômica divulga que irá anunciar medidas para ampliar a oferta de crédito, buscando ampliar liquidez para estimular a recuperação do ciclo econômico. f

Nicola Tingas é consultor econômico da ACREFI. Artigo enviado em 24.5.2019

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